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AIDS na Terceira Idade: Revisão Bibliográfica

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE 
ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE 
CURSO DE ENFERMAGEM 
 
 
 
 
Ádrea Alvarenga da Silva 
Mariana Raimunda de Souza 
Marianne Ferraz Silva Flores 
Natália Barcelos de Lima 
 
 
 
 
 
AIDS NA TERCEIRA IDADE: 
uma revisão da literatura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Governador Valadares 
2009 
 1 
ÁDREA ALVARENGA DA SILVA 
MARIANA RAIMUNDA DE SOUZA 
MARIANNE FERRAZ SILVA FLORES 
NATÁLIA BARCELOS DE LIMA 
 
 
 
 
 
 
AIDS NA TERCEIRA IDADE: 
uma revisão bibliográfica 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso para 
obtenção do grau de bacharel em 
Enfermagem apresentada à Área de 
Ciências Biológicas e da Saúde da 
Universidade Vale do Rio Doce. 
 
 Orientadora: Profª. Ms. Ana Carolina de O. 
Martins Moura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Governador Valadares 
2009 
 
 2 
ÁDREA ALVARENGA DA SILVA 
MARIANA RAIMUNDA DE SOUZA 
MARIANNE FERRAZ SILVA FLORES 
NATÁLIA BARCELOS DE LIMA 
 
 
AIDS NA TERCEIRA IDADE: 
uma revisão da literatura 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso para 
obtenção do grau de bacharel em 
Enfermagem apresentada à Área de 
Ciências Biológicas e da Saúde da 
Universidade Vale do Rio Doce. 
 
 
Governador Valadares, 23 de novembro de 2009. 
 
 
Banca Examinadora: 
 
 
___________________________________________________________ 
Profª. Ms. Ana Carolina de Oliveira Martins Moura – Orientadora 
Universidade Vale do Rio Doce 
 
 
___________________________________________________________ 
Profª. Andréia Eliane Silva Barbosa 
Universidade Vale do Rio Doce 
 
 
___________________________________________________________ 
Profª. Patrícia Carvalho do Canto 
Universidade Vale do Rio Doce 
 
 
___________________________________________________________ 
Profª. Patrícia Malta Pinto 
Universidade Vale do Rio Doce 
 
 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este trabalho é dedicado aos nossos familiares, amigos e 
professores que contribuíram para o nosso crescimento 
intelectual, a todos os profissionais que se dedicam ao cuidar. 
 
 
 
 4 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradecimentos serão, nesse momento, nossa pequena contribuição àqueles que 
de forma direta ou indireta nos ajudaram a construir este trabalho; pequena pelo fato 
de que este trabalho é, para nós, mais que um trabalho de conclusão de curso a que 
os estudantes são submetidos. É o resultado de uma formação acadêmica intensa e 
gratificante. 
 
Agradecemos a Deus pela oportunidade e pelo privilégio que nos foi dado, o de 
concluir este trabalho, por ter nos ajudado nesta conquista, ter estado conosco em 
todos os momentos, e não ter deixado as dificuldades nos abalar. 
 
Às nossas famílias, pela fé e confiança demonstrada; pelo incentivo e colaboração, 
principalmente nos momentos de dificuldade. 
 
Aos professores do curso que exigiram de nós a dedicação aos estudos e que nos 
fizeram compreender o real valor do conhecimento não só para a realização 
profissional mas também para a vida. 
À nossa Orientadora Prof. Ana Carolina pelo incentivo, simpatia e presteza no 
auxílio às atividades e discussões sobre o andamento e normatização deste trabalho 
de Conclusão de Curso, pelo seu espírito inovador e empreendedor na tarefa de 
multiplicar seus conhecimentos, 
Aos nossos colegas pelas palavras amigas nas horas difíceis, pelo auxílio nos 
trabalhos e dificuldades e, principalmente, por estarem conosco nesta caminhada 
tornando-a mais fácil e agradável, pelos momentos de aprendizagem constante e 
pela amizade solidificada, que, certamente, se eternizará. 
 
A vocês o nosso “muito obrigado!” 
 
 
 
 
 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 “Envelheço quando me fecho para as novas idéias e me 
torno radical... 
quando o novo me assusta e minha mente insiste em não 
aceitar... 
quando me torno impaciente, intransigente e não consigo 
dialogar... 
quando meu pensamento abandona sua casa e retorna sem 
nada acrescentar... 
quando muito me preocupo e depois me culpo por não ter tido 
motivos para me preocupar... 
quando penso demasiadamente em mim mesmo e 
consequentemente, dos outros, completamente me esqueço... 
quando tenho a chance de amar e daí o coração se põe a 
pensar: 
“Será que vale a pena correr o risco de me dar? Será que vai 
compensar?" 
quando permito que o cansaço e o desalento tomem conta de 
minha alma e ponho a me lamentar... 
quando penso em ousar e já antevejo o preço que terei que 
pagar pelo ato, mesmo que os fatos insistam em me 
contrariar!” 
(Autor Desconhecido) 
 
 6 
RESUMO 
 
 
Este trabalho tem como objetivo estudar a vulnerabilidade dos idosos ao HIV/AIDS, 
conhecer o perfil epidemiológico e a incidência do HIV/AIDS na terceira idade no 
Brasil desde o ano de 1985 a 2008; com intuito de contribuir nas elaborações futuras 
de medidas de prevenção ao HIV. Apesar da epidemia do HIV/AIDS estar inserida 
em todas as camadas sociais, observa-se que tem havido aumento no número de 
casos em idosos. Os idosos são o grupo populacional que mais cresce fazendo com 
que hoje o envelhecimento seja considerado um proeminente fenômeno mundial. 
Com o crescente aumento da expectativa de vida, das oportunidades sociais, da 
disponibilização de medicamentos para disfunção erétil, tem impulsionado a vida 
sexual do idoso, tornando estes vulneráveis a adquirir HIV/AIDS. Outro fator 
importante que expõem esta população ao HIV/AIDS é a carência de informações 
sobre a doença, o preconceito contra o uso de preservativos, diagnósticos tardios e 
falta de ações preventivas voltadas para esse grupo como também falta de 
capacitação profissional. O aumento no número de pessoas contaminadas por 
HIV/AIDS em mais de 60 anos emerge como um grande desafio para o Brasil 
exigindo o estabelecimento de políticas públicas e estratégias que possam garantir 
qualidade de vida a essas pessoas. As estratégias para a prevenção do HIV/AIDS 
são caracterizadas pela identificação dos comportamentos envolvidos na 
transmissão destas doenças, análise das determinantes dos comportamentos nos 
diferentes grupos sociais e intervenções comportamentais para induzir e manter as 
alterações do comportamento. Os enormes progressos do conhecimento e da 
técnica não esvaziaram os desafios da prevenção, uma vez que tais avanços não 
chegaram a alterar substantivamente os determinantes da vulnerabilidade ao 
HIV/AIDS da população da terceira idade. Faz-se necessário que a Enfermagem 
desenvolva seu senso crítico, sistemático, holístico, reflexivo e humanizado. Dito de 
outra forma há necessidade de se associar a teoria à prática, para transformar a 
atividade em práxis, que vai validar o conhecimento. A metodologia utilizada foi uma 
revisão sistemática da literatura, tendo como ferramenta norteadora, material já 
publicado sobre o tema; livros, artigos científicos, publicações periódicas e materiais 
na Internet disponíveis nos seguintes bancos de dados: DATA SUS, SCIELO, 
MINISTÉRIO DA SAÚDE, BIREME. Conclui-se que o estudo identificou algumas das 
evidências que levam os idosos a tornarem-se susceptíveis e vulneráveis ao 
HIV/AIDS, tais como: carência de informações, preconceito ao uso de preservativos, 
diagnósticos tardios, políticas de prevenção e capacitação profissional; podendo 
este ser uma ferramenta útil para os profissionais de saúde repensarem a sua 
prática e direcionarem investimentos nesta área do conhecimento. 
 
Palavras Chave: HIV. AIDS. Terceira idade. 
 
 
 
 
 7 
ABSTRACT 
 
 
 
This work aims to studythe vulnerability of the elderly to HIV / AIDS, knowing the 
epidemiological profile and the incidence of HIV / AIDS in the elderly in Brazil since 
1985 to 2008, in order to contribute in future elaborations of preventive measures to 
HIV. Despite the epidemic of HIV / AIDS be included in all social strata, it is observed 
that there has been increase in the number of cases in the elderly. The elderly are 
the group's fastest growing population causing aging today is considered a 
preeminent worldwide phenomenon. With increasing life expectancy, social 
opportunities, provision of drugs for erectile dysfunction, has driven the sex life of the 
elderly, making them vulnerable to acquiring HIV / AIDS. Another important factor 
that expose this population to HIV / AIDS is the lack of information about the disease, 
the bias against the use of condoms, delayed diagnosis and lack of preventive 
actions aimed at this group as well as lack of professional training. The increase in 
the number of people infected by HIV / AIDS in more than 60 years emerged as a 
major challenge for Brazil demanding the establishment of public policies and 
strategies that can guarantee quality of life for these people. Strategies for prevention 
of HIV / AIDS are characterized by identifying the behaviors involved in the 
transmission of these diseases, analysis of the determinants of behavior in various 
social and behavioral interventions to induce and maintain behavioral changes. The 
enormous advances in knowledge and technology are not emptied the challenges of 
prevention, since such advances not to significantly alter the determinants of 
vulnerability to HIV / AIDS population of seniors. It is necessary that nursing develop 
their critical thinking, systematic, holistic, reflective and humane. In other words there 
is need to link theory with practice, to transform the activity in practice, which will 
validate the knowledge. The methodology used was a systematic review, with the 
guiding tool, material already published on the subject, books, papers, periodicals 
and materials on the Internet available in the following databases: DATA SUS 
SCIELO, MINISTRY OF HEALTH, BIREME. We conclude that the study identified 
some of the evidence that lead the elderly to become susceptible and vulnerable to 
HIV / AIDS, such as lack of information, bias towards condom use, delayed 
diagnosis, prevention policies and professional training, may this is a useful tool for 
health professionals to rethink their practice and directing investments in this area of 
knowledge. 
 
 
Keywords: HIV. AIDS. Elderly. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8 
SUMÁRIO 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 9 
2 REVISÃO DA LITERATURA........................................................................... 11 
2.1 AIDS NA ATUALIDADE................................................................................. 11 
2.2 TERCEIRA IDADE......................................................................................... 15 
2.3 SEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE............................................................... 18 
2.4 VULNERABILIDADE À AIDS NA TERCEIRA IDADE................................... 21 
2.5 EVOLUÇÃO DA AIDS NA TERCEIRA IDADE.............................................. 24 
2.6 MEDIDAS PREVENTIVAS............................................................................ 29 
2.7 CONTRIBUIÇÃO DA PESQUISA PARA ENFERMAGEM............................ 32 
3 METODOLOGIA.............................................................................................. 36 
3.1 TIPO DE ESTUDO........................................................................................ 36 
4 CONCLUSÃO.................................................................................................. 38 
REFERÊNCIAS................................................................................................... 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
 O crescimento da população idosa no Brasil e no mundo é algo presente 
nas estatísticas demográficas, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE) apontam que até 2025, o Brasil será o sexto país do mundo em 
número de idosos, o que corresponderá a 15% da população brasileira 
(aproximadamente 30 milhões de pessoas). Um número significativo que representa 
um crescimento três vezes maior que a adulta (BRASIL, 2006). 
O envelhecimento da população é um dos maiores triunfos da 
humanidade, mas também é um dos nossos grandes desafios. O envelhecimento 
global causará um aumento das demandas sociais e econômicas em todo o mundo, 
no entanto, as pessoas da terceira idade, que de acordo com a Organização Mundial 
da Saúde (OMS) pessoas acima de 60 anos de idade, são geralmente ignoradas 
como recurso, quando, na verdade constituem recurso importante para a estrutura 
das nossas sociedades (CASSIANO et al., 2005). 
Neste contexto emerge a AIDS, cuja tendência sugere que o número de 
idosos contaminados pelo HIV será ampliado (ARAÚJO; SALDANHA, 2006). 
Segundo Brasil (2005), a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) 
é uma doença caracterizada por disfunção grave do sistema imunológico do 
indivíduo infectado pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), sendo este 
transmitido por contato direto e/ou troca de sangue bem como fluidos corporais de 
uma pessoa já infectada. 
A epidemia pelo HIV/AIDS é hoje, no Brasil, um fenômeno de grande 
magnitude e extensão. Entre os homens, a expansão foi de 98% na última década. 
Sobre a parcela feminina idosa, a epidemia avança como um rolo compressor; 
houve um crescimento de 567% entre 1991 e 2001. A doença avança sobre uma 
parcela da população fisicamente fragilizada e de abordagem mais complexa: os 
idosos. O número de casos confirmados de AIDS, na terceira idade, cresce no Brasil 
como em nenhuma outra faixa etária, de acordo com dado do Ministério da Saúde 
(2007), o número de casos entre os idosos já supera o índice da doença entre os 
adolescentes de 15 a 19 anos (CALDAS; GESSOLO, 2007). 
 A associação do aumento da longevidade, melhoria na qualidade de vida 
das pessoas idosas, juntamente com as descobertas científicas para aumentarem a 
 10 
atividade sexual e a resistência dos mesmos ao uso do preservativo, tornam esta 
população susceptíveis/vulneráveis em adquirir o HIV/AIDS (ARONSON; BRITO; 
SOUSA, 2006). 
A AIDS vem se confirmando como uma ameaça à saúde pública e a 
tendência sugere que, em pouco tempo, o número de idosos contaminados pelo HIV 
será ampliado significativamente, principalmente devido à vulnerabilidade física e 
psicológica, pouco acesso a serviços de saúde, além da invisibilidade com que é 
tratada sua exposição ao risco, seja por via sexual ou uso de drogas ilícitas. Além 
disso, a falta de campanhas destinadas aos idosos faz com que esta população 
esteja geralmente menos informada sobre o HIV e menos consciente de como se 
proteger (ARAÚJO; SALDANHA, 2006). 
Essa ampliação da AIDS entre os idosos pode estar diretamente ligada a 
uma falha nos esforços de prevenção com este grupo de idade, a prevenção é algo 
muito complexo, representando um desafio para as atuais políticas de saúde 
pública, já que as campanhas de prevenção concentram-se sua atenção na 
população jovem. Desta forma, objetivar campanhas para a faixa etária idosa é 
fundamental. Contudo, somente o conhecimento não é suficiente para mudar o 
comportamento, de maneira que o indivíduo seja capaz de adotar práticas seguras, 
a fim de evitar a infecção, mas é necessário enfocar aspectos sócio-culturais para se 
reduzirem os riscos e as vulnerabilidades, já que na visão da sociedade a 
concepção arraigada de que sexo é prerrogativada juventude contribui para manter 
desassistida essa parcela da população da terceira idade (ARONSON; BRITO; 
SOUSA, 2006). 
A elevada incidência da infecção por HIV/AIDS na população idosa nos 
despertou o interesse em elaborar o trabalho. Baseado nessas evidências, surgiu a 
pergunta que norteou a construção do mesmo: “O que leva os idosos a se tornarem 
vulneráveis à infecção pelo HIV?”. 
Diante do exposto, temos como objetivo conhecer a evolução da AIDS na 
terceira idade. A busca desse conhecimento permitiu visualizar em que contexto 
esta população se torna vulnerável, oferecendo assim, subsídios aos profissionais 
enfermeiros para o planejamento de suas ações de prevenção e promoção à saúde 
considerando o cenário atual. 
 
 
 11 
2 REVISÃO DA LITERATURA 
 
 
2.1 AIDS NA ATUALIDADE 
 
 
A AIDS não é só uma doença, mas um fenômeno social de grandes 
proporções que causam impacto nos princípios morais, religiosos e éticos, 
procedimentos de saúde pública e de comportamento privado, nas questões 
relativas à sexualidade, ao uso de drogas e moralidade conjugal (FONTES et al., 
2008). 
Identificada em 1981, a síndrome da imunodeficiência adquirida, 
habitualmente conhecida como AIDS, tornou-se um marco na história da 
humanidade. A epidemia da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e 
da AIDS representa um fenômeno global, dinâmico e instável, cuja forma de 
ocorrência nas diferentes regiões do mundo depende, entre outros determinantes, 
do comportamento humano individual e coletivo (GOMES; SILVA, 2008). 
Por seu caráter pandêmico e sua gravidade, a AIDS representa um dos 
maiores problemas de saúde pública da atualidade. Estima-se atualmente no 
mundo, 33,2 milhões de pessoas infectadas pelo HIV/AIDS, com alto índice de 
letalidade, matando desde o seu surgimento em 1981, 25 milhões de pessoas. A 
África Subsaarina é a região mais afetada no mundo, concentrando 68% do total 
mundial – 22,5 milhões de pessoas vivendo com o vírus - a maioria (61%) de 
mulheres. De todos os países do mundo a África do Sul é o país que tem o maior 
número de infecções por HIV (ZORNITTA, 2008). 
De acordo com Brasil (2009), o país acumulou cerca de 205 mil mortes por 
AIDS até junho de 2007. Até meados da década de 1990, os coeficientes de 
mortalidade eram crescentes. Hoje, o índice se mantém estável com cerca de 11 mil 
óbitos anuais desde 1998. Após a introdução da política de acesso universal ao 
tratamento antirretroviral, a mortalidade caiu e a sobrevida aumentou. 
Dourado et al. (2006) relata que na América Latina, o Brasil, é o país mais 
afetado pela epidemia de AIDS em números absolutos. Estima-se que 1,8 milhões 
de pessoas vivem com HIV nessa Região, e um terço delas encontra-se no Brasil. 
 12 
Segundo Brasil (2009), no país, desde a identificação do primeiro caso em 
1980 até junho de 2008, já foram identificados, aproximadamente, 506 mil casos da 
doença. Do total de notificações, cerca de 80% estão concentrados nas regiões 
Sudeste e Sul. Nesses estados, atualmente, observa-se um lento processo de 
estabilização desde 1998, acompanhado mais recentemente pelo Centro-Oeste. As 
regiões Norte e Nordeste mantêm a tendência de crescimento do número de casos. 
A atual situação da epidemia no Brasil é resultado das desigualdades da 
sociedade brasileira, revelando uma epidemia de múltiplas dimensões que vem, ao 
longo do tempo, sofrendo transformações em seu perfil epidemiológico (GOMES; 
SILVA, 2008). 
Um dos aspectos mais atuais da epidemia é o surgimento de uma nova 
população vulnerável: os idosos. Segundo Brasil (2006), o número de casos de 
AIDS, em pessoas idosas, notificados ao Ministério da Saúde, na década de 80, 
eram apenas 240 em homens e 47 em mulheres. Na década de 90, verifica-se um 
total de 2.681 homens e 945 mulheres. Do primeiro caso, nessa população até junho 
de 2005, o total de casos passou para 4.446 em homens e 2.489 em mulheres, 
caracterizando uma mudança no perfil epidemiológico da AIDS, já que o número de 
casos confirmados de AIDS na terceira idade no Brasil cresce como em nenhuma 
outra faixa etária, superando a ascensão do número de casos da doença entre os 
adolescentes de 15 a 19 anos. 
Segundo Aronso; Brito; Sousa et al. (2006), o número de casos entre os 
idosos já supera o índice da doença entre os adolescentes de 13 a 19 anos (gráfico 
1). 
Casos de AIDS no Brasil (faixa etária de 13 a 19 
anos e > de 60 anos) - 1985 a 30/06/2008
10400
10600
10800
11000
11200
11400
11600
11800
12000
12200
12400
fr
e
qu
ên
c
ia
> 60 anos de idade
13 a 19 anos de idade
 
Gráfico 1 - Casos de AIDS no Brasil (faixa etária de 13 a 19 anos e 
maiores que 60 anos de idade) período de 1985 a 30/06/2008. 
Fonte: Brasil (2009). 
 13 
Apesar da epidemia estar inserida em todas as camadas sociais, observa-
se que tem havido aumento no número de casos em idosos. O aumento expressivo 
no número de pessoas com mais de 60 anos emerge como um grande desafio para 
o Brasil exigindo o estabelecimento de políticas públicas e estratégias que possam 
garantir qualidade de vida a essas pessoas. A AIDS é uma doença emergente, que 
representa um dos maiores problemas de saúde da atualidade em virtude de seu 
caráter pandêmico e gravidade (BRASIL, 2005). 
A AIDS caracteriza-se pela destruição progressiva e gradativa das células 
CD4+ pelo vírus HIV, a imunodeficiência resultante predispõe o cliente às infecções 
oportunistas, aos cânceres incomuns e a outras anormalidades distintas (BOUNDY 
et al., 2004). 
Segundo Brasil (2005), sua evolução é marcada por três fases: infecção 
aguda, infecção assintomática e infecção evolutiva; sendo que, a infecção aguda 
pode surgir semanas após a infecção inicial, com manifestações variadas, que 
podem se assemelhar a um quadro gripal ou mesmo a uma mononuclease. Nessa 
fase, os sintomas são autolimitadas e quase sempre a doença não é diagnosticada, 
devido à semelhança com outras doenças virais; infecção assintomática: de duração 
variável por alguns anos; e, fase evolutiva: é a doença sintomática, da qual a AIDS 
se manifesta sob a forma mais grave. É definida por diversos sinais e sintomas, tais 
como: febre prolongada, diarréia crônica, perda de peso importante superior a 10% 
do peso anterior do indivíduo, sudorese noturna, astenia, adenomegalia, 
tuberculose, toxoplasmose cerebral, candidíase e meningite por criptococos. 
O vírus da AIDS é transmitido através de contato direto e/ou troca de 
sangue bem como de fluidos corporais de uma pessoa já infectada, ou seja, através 
da atividade sexual sem proteção, do compartilhamento de agulhas, da transfusão 
de sangue contaminado e de mãe para filho, por meio de quatro vias: via 
placentária, durante o primeiro trimestre de gravidez; no momento do parto e durante 
a amamentação. Sendo o diagnóstico de HIV/AIDS pautado no exame físico, na 
história clínica do paciente, na confirmação dos fatores de risco, nos sintomas e, por 
fim, na identificação laboratorial (BARE; SMELTZER, 2002). 
Segundo Brasil (2007), os dois testes mais utilizados para o diagnóstico 
da AIDS são Elisa e o Western Blot. O teste Elisa é utilizado inicialmente. Ele 
procura no sangue do indivíduo os anticorpos que, de forma natural, são 
desenvolvidos pelo corpo em resposta à infecção pelo HIV. O resultado deste teste é 
 14 
rápido, mas, ocasionalmente, pode surgir um falso positivo. Por isso, caso o 
resultado seja positivo, aconselha-se repetir o Elisa e, em seguida fazer o teste 
Western Blot para que não restem quaisquer dúvidas. Por ser custoso e trabalhoso 
esse último método só é utilizado como confirmatório dos resultados obtidos em 
testes imunoenzimático (ELISA). Além disso, é mais sensível e define, com mais 
precisão, a presença de anticorpos anti-HIV no sangue. Para sua realização utiliza 
antígenos doHIV, obtidos em cultura de linhagem celular, separados 
eletroforeticamente em bandas distintas, posteriormente transferida para membrana 
de nitrocelulose. A reação ocorre entre antígenos em contato com os anticorpos, 
presentes no soro ou no plasma de indivíduos infectados. 
 De acordo com Boundy et al. (2004) até o momento não existe cura para 
a AIDS. Entretanto o tratamento inclui agentes retrovirais. Esses fármacos são 
usados em diversas combinações e tem como função inibir a replicação viral do HIV. 
Os agentes imunomoduladores reforçam o sistema imune, enquanto os fármacos 
antiinfecciosos e antineoplásicos combatem as infecções oportunistas e cânceres 
associados. 
A utilização dos medicamentos geram para o paciente um elevado gasto, 
o que contribuiu para a dificuldade a aderência ao tratamento. Sendo assim, no 
Brasil, em novembro de 1996, foi promulgada a lei Federal nº. 9.313, de 13/11/96, 
pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, que dispõe sobre a 
obrigatoriedade do acesso universal e gratuito aos medicamentos antiretrovirais no 
sistema público de saúde (BRASIL, 2003). 
Diante de uma doença com alta taxa de letalidade, no ano de 2003 foi 
iniciado um estudo realizado pelo Exército Americano com o governo da Tailândia, 
participaram voluntários de ambos os sexos: homens e mulheres, num total de 16 
mil participantes não portadores de HIV, com faixa etária de 18 a 30 anos de idade, 
que viviam em regiões de altas taxas de infecção pelo HIV. Todos, antes de 
participarem, receberam aconselhamento sobre a prevenção do vírus HIV. Metade 
dos voluntários recebeu a vacina e a outra metade recebeu um placebo. Entre os 
voluntários que receberam a vacina, o risco de infecção pela AIDS foi 31,2% menor 
do que entre os que tomaram o placebo. Ao todo, 125 pessoas foram contaminadas 
durante os testes, 74 no grupo dos que tomaram placebo, e 51 no grupo dos que 
tomaram vacinas (BRASIL, 2009). 
 15 
Essa pesquisa representa uma conquista muito importante para a 
comunidade científica e para a humanidade, depois de muitos anos de pesquisa, 
com repetidos insucessos, uma vacina, ou melhor, uma combinação de duas 
vacinas, se mostrou eficaz contra a AIDS. A vacinação experimental, testada na 
Tailândia, reduziu o risco de infecção da AIDS em 31,2%. Embora pareça ser um 
índice relativamente baixo de proteção contra a doença que atinge 33 milhões de 
pessoas no mundo, a experiência abre uma nova perspectiva para os pesquisadores 
e traz esperanças de que um produto mais eficaz seja desenvolvido mais 
rapidamente. A vacina é uma combinação da vacina Alvac, do laboratório Sanofi-
Pasteur, e Aidsvax, desenvolvida por uma empresa de San Francisco chamada 
VaxGen (GIGLIOTTI, 2009). 
 
 
2.2 TERCEIRA IDADE 
 
 
 
O critério mais utilizado para definir o “idoso” é o limite etário. A 
Organização Mundial da Saúde (OMS) considera 60 anos para os que vivem em 
países em desenvolvimento; e 65 anos para quem vive em países desenvolvidos. 
No Brasil a Política Nacional do Idoso (Lei 8.842, de 4 de janeiro de 1994) e o 
Estatuto do Idoso (Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003) consideram como idosos 
todos os que compõem a população de 60 anos e mais (CURIONI; PEREIRA; 
VERAS, 2003). 
Brasil (2006) define envelhecimento como um processo sequencial, 
individual, acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de deterioração de um 
organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o 
tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio-ambiente e, 
portanto, aumente sua possibilidade de morte. 
A grande problemática do envelhecimento, no entanto, encontra-se 
situada justamente no avanço de tecnologias da sociedade capitalista que, centrada 
no aumento de produção e na exacerbada competitividade, acaba por excluir 
pessoas com idade avançada das relações de trabalho e, perifericamente, das 
relações sociais de maneira geral (VALENTINI; RIBAS, 2003). 
 16 
Os idosos são o grupo populacional que mais cresce fazendo com que 
hoje o envelhecimento seja considerado um proeminente fenômeno mundial. Para o 
ano 2050, estima-se que haverá cerca de dois bilhões de pessoas com sessenta 
anos e mais no mundo; a maioria delas vivendo em países em desenvolvimento 
(ZORNITTA, 2008). 
Valentini e Ribas (2003) relatam que o aumento da população idosa vem 
acompanhado de evolução científica que, de certa forma, garante longevidade e 
melhores condições para uma velhice saudável. 
Segundo Barbosa e Soler (2000), o envelhecimento é um processo natural 
da vida humana, trazendo consigo uma série de modificações biopsicossociais, que 
alteram a relação do homem com o meio no qual está inserido, que juntamente com 
o desgaste progressivo de tecidos, órgãos e da capacidade física e cognitiva, tende 
a buscar o isolamento, quer por vontade própria, quer por indução social, 
acentuando o processo de perdas que desencadeia turbulências emocionais e 
psíquicas que ocasionam profunda infelicidade e diminuem a qualidade de vida de 
maneira agressiva. 
Essas mudanças biopsicossociais mais visíveis com o avanço da idade 
são: dificuldade de adaptação a novos papéis; desmotivação e dificuldade de 
planejar o futuro; necessidade de trabalhar perdas e adaptar-se a mudanças; 
alterações psíquicas, depressão, hipocondria, somatização, paranóia, suicídios e, 
por fim, baixa auto-estima e auto-imagem. Esse estágio da velhice vem 
acompanhado de associações a sentimentos destrutivos de inutilidade e perda, 
situação essa que agrava ainda mais a condição existencial do idoso, pois acirra 
conflitos internos relacionados a tais conceitos. Com o declínio gradual das aptidões 
físicas, quer dizer, com o impacto do envelhecimento, o idoso tende a ir trocando 
seus hábitos de vida e rotinas diárias por atividades e formas de ocupação pouco 
ativas (VALENTINI; RIBAS, 2003). 
O envelhecimento populacional vem ocorrendo nos países em 
desenvolvimento num espaço de tempo mais curto do que no de países 
desenvolvidos. Esse descompasso se dá devido à redução da mortalidade, redução 
da fecundidade e migração. Este crescimento será bem mais evidenciado no 
Terceiro Mundo, onde, possivelmente no ano 2025, as maiores populações de 
idosos pertencerão aos países em desenvolvimento, sendo que o Brasil será o sexto 
país com maior numero de idosos, isto é, com mais de 30 milhões de idosos. O 
 17 
Brasil era uma nação de jovens, agora, caminha para tornar-se um país de idosos 
(BARBOSA; SOLER, 2000). 
 De acordo com o último censo demográfico realizado no Brasil, a 
população idosa cresceu 35% nos últimos 10 anos e representava, no ano 2000, 
8,56% da população do país (BRASIL, 2007). 
 Mattos e Nakamura (2007) expõe que ainda há uma grande 
desvalorização e preconceito em relação à terceira idade, o idoso geralmente é 
atribuído pela sociedade como inválido e incapaz crônico. 
 Zornitta (2008) aponta que nos dicionários emocionais da população, 
velhice é sinônimo de decadência, de decrepitude, de perda, de dignidade e que 
enquanto o idoso se deixar considerar um problema social e não parte de uma 
solução política cultural, não haverá reconhecimento e a velhice será tida apenas 
como fim da existência. 
 Envelhecer é um processo geralmente considerado de maneira 
extremamente desagradável pela sociedade, pois o indivíduo começa a sentir que, 
em muitas habilidades biológicas e sociais, não consegue se desenvolver como 
costumava ser, devido a isso, chega-se a pensar na velhice como sinônimo de 
doença, fraqueza e improdutividade, invalidez. O envelhecimento deve ser tratado 
como um processo natural do desenvolvimento humano, numa perspectiva de que 
cada fase da vida implica transformações, adaptações, aceitação e construção 
(VALENTINI; RIBAS, 2003). 
 No caso dos idosos, é necessário fazê-los perceber, aceitar e aprender a 
conviver com a manifestaçãode suas emoções, convivendo com seus limites e 
reciclando seus hábitos para poderem criar novos projetos e perspectivas de vida. O 
ser idoso deve estar ativo e adaptar-se com as novas limitações reais, continuando a 
perseguir finalidades, que dêem sentido a vida, não havendo a necessidade de 
tornar esse período razão de angústia (MATTOS; NAKAMURA, 2007). 
Envelhecer não significa enfraquecer, ficar triste ou assexuado. 
Entretanto, em nossa cultura, diversos mitos e atitudes sociais são atribuídos às 
pessoas com idade avançada, principalmente os relacionados à sexualidade, 
dificultando a manifestação desta área em suas vidas (CAETANO, 2008). 
 Há poucos anos, envelhecer acarretava, na maioria dos casos, em uma 
diminuição da velocidade do pensamento e articulação motora, acompanhado de 
doenças típicas e comuns a essa parcela da população, como no caso das diabetes, 
 18 
hipertensão arterial, etc. recentemente, uma das patologias que vem se 
apresentando, de forma cada vez mais frequente nessa população, é a Síndrome da 
Imunodeficiência Adquirida ou AIDS (WENDT, 2009). 
A sexualidade dos idosos tem sido negada, historicamente, ao longo das 
construções de estereótipos negativos. Entretanto, o registro crescente do número 
de pessoas contaminadas pelo HIV, nas faixas etárias mais velhas, traz à tona a 
sexualidade dos idosos (ZORNITTA, 2008). 
 
 
2.3 SEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE 
 
 
O termo sexualidade é muito amplo e refere-se à integração dos impulsos 
biológicos e da fisiologia com o auto conceito e a expressão sexual. Pode 
ser afetada por fatores sociais, culturais e religiosos, além da estrutura 
física, do funcionamento e da aparência (CAETANO, 2008, p.8). 
 
 
 Rodrigues et al. (2008) define sexualidade como uma energia que nos 
motiva a procurar amor, contato, ternura, intimidade; que se integra no modo como 
nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; é ser sensual e ao mesmo 
tempo sexual; ela influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, por 
isso, influencia também a nossa saúde física e mental. 
 A sexualidade é uma necessidade fundamental do ser humano, cuja 
dinâmica e riqueza deve ser vivida plenamente. Esta nasce, cresce e evolui com o 
ser humano, sendo por isso necessária para a realização plena, como pessoa, de 
todo o indivíduo. O amor e prazer que daí se retira não terminam com o 
envelhecimento (VALLESCAR, 2006). 
 Para compreender a sexualidade do idoso, é preciso levar em conta que o 
comportamento sexual é definido por vários princípios: cultura, religião e educação, 
estes valores influenciam intensamente o desenvolvimento sexual, determinando 
como se irá vivenciá-lo e lidar com ele por toda a vida. Dessa forma, o bem estar do 
idoso é resultado do equilíbrio entre as diversas dimensões da sua capacidade 
funcional e social. Assim, quanto mais ativo o idoso, maior sua satisfação, 
consequentemente melhor a sua qualidade de vida (CAETANO, 2008). 
 19 
 Até bem pouco tempo parecia impossível uma pessoa acima de 60 anos 
ser sexualmente ativo, pois era considerada velha para tal. Hoje, com os avanços da 
medicina, e o aumento da expectativa de vida, a realidade é outra. Acredita-se cada 
vez mais, que a sexualidade não esteja vinculada à idade cronológica e pode ser 
exercida pelo chamado idoso sem necessidade de abstinência (SOUZA, 2009). 
 Para Mattos e Nakamura (2007) a atividade sexual em qualquer idade é 
demonstração de um estado de boa saúde, tanto física, como mental, estes são uns 
dos aspectos da sexualidade mais importante no processo de envelhecimento. 
De acordo com Barbosa e Soler (2000) encarar a sexualidade idosa como 
saudável e natural está longe de ser compreendido e aceito pela sociedade. O sexo 
na terceira idade está envolto em preconceitos, delírios de grandeza, complexos e 
frustrações, mas a terceira idade não é necessariamente uma barreira para uma 
vida sexual ativa. 
 Questões que envolvem sexualidade são consideradas, muitas vezes, 
como tabus pela sociedade. Esta postura faz com que os indivíduos encontrem 
grandes dificuldades em expor suas dúvidas e angústias. 
 Ao nos referirmos a sexualidade na terceira idade, nos defrontamos com 
uma série de preconceitos e tabus ainda existentes, a sexualidade nem sempre é 
tratada com abertura; fazendo com que a idéia de que os idosos são seres 
assexuados influenciando de forma negativa a vida do idoso (MATTOS; 
NAKAMURA, 2007). 
 Sabe-se que as questões sexuais sofrem influências marcantes em cada 
cultura, essas influências podem forçar o indivíduo a ficar à margem de informações 
importantes para o desenvolvimento de sua sexualidade. Apesar da abertura social 
que há para discussão de assuntos desse âmbito, a maioria da população ainda 
apresenta-se constrangida para discutir tais assuntos, principalmente quando 
questões relacionadas à sexualidade na terceira idade (BARBOSA; SOLER, 2000). 
 Até os profissionais de saúde, e em especial os médicos, do clínico geral 
ao geriatra, não valorizam as queixas sexuais do paciente idoso. Evitam tocar nesse 
assunto, seja por medo de não saberem lidar com ele, seja por não saberem o que 
fazer com as respostas que as pessoas podem dar. As pessoas idosas, nas quais 
ainda é intenso o desejo sexual, experimentam por essa razão, um sentimento de 
culpa e de vergonha (BRASIL, 2006). 
 20 
 De acordo com Caetano (2008), na terceira idade a freqüência das 
atividades sexuais é menor e menos intensa, mas mais sensível. Passa-se do 
domínio essencialmente físico para um domínio mais afetivo. E ao contrário do 
senso comum os idosos mantêm uma vida sexual ativa. 
 Segundo Brasil (2006), estudos mostram que 74% dos homens e 56% das 
mulheres casadas mantêm vida sexual ativa após os 60 anos. A identificação de 
disfunção nessa área pode ser indicativa de problemas psicológicos, fisiológicos ou 
ambos. Muitas das alterações sexuais que ocorrem com o avançar da idade podem 
ser resolvidas com orientação e educação. 
 Atualmente, são muitos os fatores que estimulam o prolongamento da 
atividade sexual desse grupo populacional: maior expectativa de vida saudável, 
incremento da vida social e, conseqüentemente, da vida sexual, em decorrência de 
novas drogas para a disfunção erétil, medicamentos que minimizam os efeitos da 
menopausa, lubrificantes vaginais, próteses, correção e prolongamento peniano, 
cirurgias plásticas estéticas, os exames preventivos de câncer de próstata e câncer 
de colo uterino, fazendo com que os homens e mulheres frequentem mais os 
serviços de saúde. A crescente difusão da prática de exercícios físicos (musculação, 
hidroginástica, yoga etc.), turismo direcionado para esse segmento, dentre outros 
recursos, vem permitindo que os homens e as mulheres idosos prolonguem ainda 
mais o exercício de sua sexualidade (BRASIL, 2006). 
 A sexualidade é um importante componente da vida das pessoas mais 
idosas. Ao longo da velhice, a sexualidade abrange mais do que ter a capacidade 
física para ter uma relação sexual. É um sentimento, atratividade e desejabilidade ao 
sexo oposto e por parte deste, podendo ser a vida sexual do idoso mais satisfatória 
se houver informações e compreensão de que algumas mudanças podem ocorrer, 
nenhum momento da vida é igual ao outro, há de se redescobrir a sexualidade e dar 
novo sentido a ela, pois é isto que muda; não o desejo, mesmo que o idoso tenha 
suas limitações, a sexualidade não pode ser esquecida e levada a um segundo 
plano em sua existência, pois como dizem os teóricos, tanto o homem ou a mulher, 
tem prazeres sexuais até a idade avançada (MATTOS; NAKAMURA, 2007). 
O preconceito aliado à falta de informação reforça o esteriótipo da velhice 
assexuada, determinando atitudes e propensões comportamentais que exacerbam a 
vulnerabilidade do idoso, que os expõem a riscos, dentre eles de contrair uma DST, 
entre elas a AIDS.Apesar da AIDS ser considerada uma enfermidade que pode 
 21 
acometer indivíduos de uma sociedade como um todo, segundo Figueiredo; 
Provinciali (2006), um grupo específico da população vem sendo negligenciado, 
tanto em termos de acesso à informação quanto ao suporte social e serviços de 
referência especializados no tratamento de HIV/AIDS – os idosos. Neste contexto, 
emerge a vulnerabilidade dos idosos em contrair HIV/AIDS. 
 
 
2.4 VULNERABILIDADE À AIDS NA TERCEIRA IDADE 
 
 
A vulnerabilidade pode ser entendida como diferentes graus e naturezas 
de suscetibilidade de indivíduos e coletividades à infecção, adoecimento e morte 
pelo HIV, segundo particularidades formadas pelo conjunto dos aspectos sociais, 
programáticas e individuais (FONTES et al., 2008). 
A vulnerabilidade individual propõe que todos os indivíduos que não são 
portadores do vírus apresentam um grau potencial de vulnerabilidade ao HIV/AIDS, 
que pode variar em função dos valores pessoais e das formas de dispor ou não de 
medidas de proteção (SALDANHA; VASCONCELOS, 2008). 
Para Saldanha e Vasconcelos (2008) a vulnerabilidade social sugere que 
esta deve ser calculada tomando por base indicadores das condições 
socioeconômicos e culturais dos diferentes países, como: acesso à informação; 
despesas com saúde; acesso ao tratamento; índice de liberdade humana; índice de 
desenvolvimento humano, dentre outros. A vulnerabilidade programática, por sua 
vez, diz respeito à elaboração de programas nacionais destinados à prevenção, com 
a finalidade de educar e proporcionar informações de forma abrangente, sustentada 
e coerente. 
 Fontes et al. (2008) acrescentam ainda, que o indivíduo vulnerável não 
tem meios para se proteger, nem acesso aos cuidados com sua saúde, acesso à 
educação, nem ao trabalho, à fonte de renda ou à moradia, além de não ser alguém 
livre para escolher ou propor. Nesse sentido, a noção de vulnerabilidade 
compreenderia a inter-relação entre as práxis sociais, político-institucionais e 
comportamentais, as quais estariam associadas às diferentes suscetibilidades de 
indivíduos e grupos populacionais, bem como às consequências do HIV/AIDS. 
 22 
A possibilidade de uma pessoa idosa ser infectada pelo HIV parece ser 
invisível aos olhos da sociedade e dos próprios idosos, visto que a sexualidade, 
nesta faixa etária, ainda é tratada como tabu tanto pelos idosos quanto pela 
sociedade em geral (FONTES; SILVA, 2004). 
Saldanha e Vasconcelos (2008) ressalta que os idosos estão vulneráveis 
a adquirir HIV/AIDS devido a algumas questões culturais que ainda permanecem 
como a infidelidade e multiplicidade de parceiras adquiridas na trajetória da vida dos 
homens que hoje tem mais de 60 anos, e não praticam sexo seguro porque isso 
nunca fez parte da vida deles. 
Seguindo esta linha de raciocínio Prilip (2004) destaca que os próprios 
idosos se consideram imunes ao vírus. Pouco ou quase nada se fala a respeito de 
uma possível disseminação da epidemia entre esse grupo de pessoas. Para muitos, 
a idéia de contrair HIV/AIDS em uma idade avançada não existe, porque a 
informação sobre prevenção é direcionada quase exclusivamente aos jovens e a 
consciência sobre fatores de risco para idosos é baixa. 
A percepção de que os amigos são mais vulneráveis a contrair HIV/AIDS 
apresenta-se como fator de vulnerabilidade para os idosos, principalmente quando 
tal percepção é associada ao preconceito com relação a AIDS, fato que é 
potencializado pelo baixo nível de escolaridade e pouca informação adequada. Além 
disso, a percepção de vulnerabilidade e o preconceito, decorrentes de crenças 
equivocadas, apontam para as esferas sociais, político-institucionais e 
comportamentais associadas às diferentes suscetibilidades dos indivíduos, 
demandando a necessidade de ações em saúde pública específicas para essa 
categoria social (FONTES et al., 2008). 
 Com o crescente aumento da expectativa de vida, das oportunidades 
sociais, da disponibilização de medicamentos para disfunção erétil, tem 
impulsionado a vida sexual do idoso, tornando estes vulneráveis a adquirir HIV/AIDS 
(FONTES; SILVA, 2004). 
 Prilip (2004) ressalta que aliado aos tratamentos hormonais, às próteses e 
aos avanços da indústria farmacêutica, que estão ampliando a vida sexual da 
população idosa, outro fator importante que expõem esta população ao HIV/AIDS, é 
a carência de informações sobre a doença, o preconceito contra o uso de 
preservativos, e falta de ações preventivas voltadas para esse grupo. 
 Segundo Brasil (2006), do ponto de vista da AIDS, não é a sexualidade 
 23 
que torna os vulneráveis ao HIV/AIDS, mas as práticas sexuais que são realizadas 
de forma desprotegida, e este é um pressuposto válido para todas as idades. 
Quanto à prevenção, a falta de campanhas direcionadas à AIDS na 
terceira idade, faz com que esta população esteja geralmente menos informada 
sobre HIV e menos consciente da vulnerabilidade (FONTES; SILVA, 2004). 
Fonseca; Castilho e Scwarcwald (2000) relata que os idosos tendem a ver 
as camisinhas primeiramente como uma medida contraceptiva, não preventiva, de 
modo que as mulheres que já não temem uma gravidez não-desejada podem não 
insistir em seu uso. Estas também sofrem as mudanças físicas da idade, que afetam 
sua vulnerabilidade ao HIV. 
 Um dos desafios da prevenção do HIV/AIDS entre os idosos é a crença 
errônea de que estes não estão em risco de contrair HIV ou outras doenças 
sexualmente transmissíveis. Também a falta de consciência dos profissionais de 
saúde é uma barreira à educação dos idosos sobre os riscos do HIV (GOMES; 
SILVA, 2008). 
Mesmo em programas voltados à terceira idade a dificuldade de 
organizadores e de participantes em abordar o tema sexualidade impede que as 
informações sobre a prevenção atinjam essa população (ZORNITTA, 2008). 
Menezes (2005) aponta que existe uma precariedade em programas de 
orientação de DST's e AIDS na terceira idade. E por preconceito e constrangimento 
em usar e adquirir os seus preservativos, a terceira idade é o grupo de maior risco 
para doenças sexualmente transmissíveis. 
Quanto ao governo, percebe-se certa falta de prioridade e ausência de 
políticas públicas. A proposição de políticas demanda conhecimento de causa e há 
muito pouca preocupação com questões da terceira idade. Há, sim, políticas 
públicas emergenciais, assistenciais, localizadas, e nada de caráter preventivo 
(VALENTINI; RIBAS, 2003). 
Segundo Fontes e Silva (2004), várias são as causas responsáveis pelo 
aumento de casos de AIDS entre os idosos, como por exemplo: as notificações 
tardias; o número de pesquisas insuficientes na área; dificuldades no diagnóstico e 
resistência para aderir ao tratamento. 
Com o surgimento dos medicamentos antiretrovirais, a AIDS passa para o 
grupo das doenças crônicas, contribuindo para o envelhecimento das pessoas 
 24 
soropositivas que contraíram o vírus na fase adulta, e passam, dessa forma a fazer 
parte do quadro epidemiológico da AIDS na velhice (ZORNITTA, 2009). 
Outro fator contribuiu para o aumento do número de casos de idosos 
infectados pelo HIV/AIDS: transfusão sanguínea. Prilip (2004) relata que até meados 
dos anos 80, quando os métodos para seleção de doadores e controle de sangue 
não eram tão rigorosos, a transfusão sanguínea representava o principal fator de 
risco para a aquisição do vírus HIV entre os idosos, chegando a ser apontada como 
responsável pela maioria das contaminações ocorridas em pessoas com 60 anos ou 
mais. Atualmente, observa-se que a maioria dos casos de AIDS nos pacientes nesta 
faixa etária pode ser atribuída ao contato sexual ou ao uso de drogas injetáveis. 
Até o diagnóstico da doença é um tanto complexo entre os idosos. 
Primeiramente pelo fato de que muitos profissionais raramente consideram doenças 
sexualmente transmissíveis - HIV/AIDS- na velhice, seja por julgamentos próprios, 
ou por concepções errôneas, em função de crenças sobre a sexualidade e a 
vulnerabilidade ao HIV nesta faixa etária (FIGUEIREDO; PROVINCIALI, 2006). 
O crescimento da população idosa e a vulnerabilidade a que esta 
população está exposta a contrair o HIV/AIDS, a invisibilidade que são tratados 
pelos profissionais de saúde e a ausência de políticas públicas voltadas à 
prevenção, impulsiona o aumento dos números de casos confirmados de AIDS na 
terceira idade, alterando o perfil epidemiológico da AIDS na terceira idade na 
população brasileira na atualidade. 
 
 
2.5 EVOLUÇÃO DA AIDS NA TERCEIRA IDADE 
 
 
No Brasil, o ano de 1980 foi marcado pela identificação do primeiro caso 
de AIDS no país, à epidemia atingiu diversas classes sociais, apresentando até os 
dias atuais oscilações no seu perfil epidemiológico. Na década de 80, a epidemia 
atingiu principalmente os usuários de drogas injetáveis, homossexuais, assim como 
os indivíduos que receberam transfusão de sangue e hemoderivados. Já nos últimos 
anos da década de 1980 e início dos anos 1990, a epidemia assumiu outro perfil. A 
transmissão heterossexual passou a ser a principal via de transmissão do HIV, a 
qual vem apresentando maior tendência de crescimento em anos recentes, 
 25 
acompanhada de uma expressiva participação das mulheres na dinâmica da 
epidemia. Nos últimos anos, a epidemia passou dos estratos sociais de maior 
escolaridade para os menos escolarizados. Um dos aspectos mais atuais da 
epidemia é o surgimento de uma nova população vulnerável: os idosos, já que, o 
número de casos confirmados de AIDS na terceira idade no Brasil cresce como em 
nenhuma outra faixa etária, superando a ascensão do número de casos da doença 
entre os adolescentes de 15 a 19 anos (BRASIL, 2009). 
Segundo dados do Ministério da Saúde (2009), de 1985 à 30/06/2008 
foram diagnosticados 505.760 casos de AIDS no Brasil, sendo 12.141 casos na 
população de idosos, representando 2,4 % (Gráfico 2). 
 
Casos de AIDS identificados no Brasil - 
população total/maiores que 60 anos de idade 
(ano 1985 á 30/06/2008)
505760 (97,6%)
12141 (2,4%)
0
100000
200000
300000
400000
500000
600000
fr
e
qu
ên
c
ia
população total
idosos
 
Gráfico 2 - Número de casos de AIDS identificados no Brasil da 
população total e entre idosos no período de 1985 a 30/06/2008. 
Fonte: Brasil (2009). 
 
 
Essa ampliação da AIDS entre os idosos pode estar diretamente ligada a 
uma falha nos esforços de prevenção com este grupo de idade, a prevenção é algo 
muito complexo, representando um desafio para as atuais políticas de saúde 
pública, já que as campanhas de prevenção concentram-se sua atenção na 
população jovem (GODOY et al., 2008). 
Dentre os casos de AIDS diagnosticado na terceira idade, a maioria 
concentra-se no sexo masculino, representando 8.035 casos (66%) e 4.106 no sexo 
feminino (34%) (Gráfico 3). 
 
 26 
Casos de AIDS no Brasil segundo sexo ( > que 60 
anos de idade) de 1985 a 30/06/08
8035
4106
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
fr
eq
u
ên
ci
a
sexo masculino
sexo feminino
 
Gráfico 3 - Número de casos de AIDS na terceira idade segundo 
o sexo, no período de 1985 a 30/06/2008. 
Fonte: Brasil (2009). 
 
O fato do número de AIDS em maiores de 60 anos de idade se concentrar 
em maior quantidade no sexo masculino pode ser justificado pela fala dos autores 
Fontes; Saldanha; Araújo (2008, p.5) “os homens recorrem com maior frequência 
aos serviços de profissionais do sexo e utilizam recursos farmacológicos para 
aumentar a atividade sexual”. 
Quanto à distribuição dos casos notificados entre os idosos, segundo as 
regiões do país (Tabela 1), houve predomínio dos casos na região Sudeste com 
7.491casos (61,7%), seguido pelas regiões Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte 
(Tabela 1). 
 
Tabela 1– Distribuição do número de casos de AIDS diagnosticados no Brasil em indivíduos com 
idade > 60 anos, segundo a região. (1985 a 30/06/2008). 
Região Nº % 
Sudeste 7491 61,7 
Sul 2407 19,8 
Nordeste 1248 10,2 
Centro Oeste 649 5,3 
Norte 346 3 
 
Total 
 
12141 
 
100 
Fonte: Brasil 2009 
 
A AIDS tem prevalecido nas regiões mais desenvolvidas do país. No 
período de 1985 a 30/06/2008 foi encontrado maior número de casos diagnosticados 
nas regiões Sudeste e Sul, estas duas regiões totalizaram 9.898 (81,5%) casos 
diagnosticados. 
 27 
Segundo Saldanha e Vasconcelos (2008), a tendência mais recente de 
estabilização da incidência da AIDS em todas as faixas etárias no Brasil não foi 
confirmada na população com 60 anos ou mais. Além disso, algumas questões 
merecem maior discussão, como, por exemplo, as diferenças entre a disponibilidade 
de serviços de saúde em cada região e também o preparo das pessoas que 
realizam a notificação, uma vez que o sistema é o mesmo. 
Os dados apontam que a população branca representa a maior parte dos 
registros 32%, seguida da população parda 12%, negra 5,5%. A porcentagem de 
casos entre amarelos e índios são os menores representando 0,4 e 0,2% do total 
respectivamente (Tabela 2). 
 
Tabela 2 – Distribuição do número de casos de AIDS diagnosticados no Brasil em indivíduos com 
idade > 60 anos, segundo Raça e cor (1985 a 30/06/08). 
Raça/cor Nº % 
Branca 3893 32 
Negra 670 5,5 
Amarela 45 0,4 
Parda 1447 12 
Indígena 17 0,2 
Ignorado 6069 49,9 
 
Total 
 
12141 
 
100 
Fonte: Brasil (2009). 
 
A escolaridade tem sido utilizada como uma variável auxiliar, na tentativa 
de se traçar o perfil socioeconômico dos casos notificados, embora ainda seja 
elevado o percentual de casos com escolaridade ignorada. Entre os casos com 
escolaridade reconhecida, observou-se que 18,5% dos casos possuíam de 1 a 3 
anos de estudo, 7,5% são analfabetos e apenas 6,7% têm mais de 12 anos de 
estudo (Tabela 3). 
 
Tabela 3 – Distribuição do número de casos de AIDS diagnosticados no Brasil em indivíduos com 
idade> 60 anos, segundo escolaridade. (1985 a 30/06/2008) 
Escolaridade Nº % 
Nenhum 903 7,5 
1 a 3 anos 2251 18,5 
4 a 7 anos 2111 17,4 
8 a 11 anos 1069 8,8 
12 ou mais 819 6,7 
Ignorado 4998 41,1 
 
Total 
 
12141 
 
100 
Fonte: Brasil (2009). 
 28 
A constatação de que o número de casos aumentou nos estratos de 
menor escolaridade remetem à condição de pior cobertura dos sistemas de 
vigilância e de assistência médica entre os menos favorecidos economicamente 
(GOMES; SILVA, 2008). 
A exposição é uma das variáveis de detecção dos riscos para 
contaminação da população ao HIV/AIDS (Tabela 4). 
 
Tabela 4 – Distribuição do número de casos de AIDS diagnosticados no Brasil em indivíduos com 
idade > 60 anos, segundo a categoria de exposição. (1985 a 30/06/08) 
Categoria de exposição Nº % 
Homossexual 828 6,8 
Bissexual 836 6,9 
Heterossexual 5888 48,4 
Usuário de drogas 
injetáveis 
141 1,2 
Hemofílico 13 0,1 
Transfusão 137 1,2 
Ignorado 4298 35,4 
 
TOTAL 
 
12141 
 
100 
Fonte: Brasil (2009). 
 
O grupo dos heterossexuais representa 48,4% dos casos. Observou-se 
um elevado número de casos de exposição ignorados representando 35,4%. Outro 
grupo que apresenta um crescimento significativo é o dos homossexuais e 
bissexuais com 6,8 e 6,9% respectivamente; o presidente da ONG Ações Cidadãs 
em Orientação Sexual (ACO), Jacques Jesus (2008), afirma que o número de casos 
de AIDS em heterossexuais está diretamente relacionado à homofobia, apontando-o 
como principal fator de infecção, porque leva a pessoa não apenas a ter práticas 
arriscadas, mas também a negar sua identidade, vivendo um comportamento 
heterossexual. 
De acordo com os dados encontrados na pesquisa, a transmissão do HIV 
em hemofílicos e em indivíduos quereceberam transfusão sanguínea vem 
diminuindo ao longo dos anos, representando 0,1 e 1,2% respectivamente, essa 
queda é conseqüência do rigoroso controle do sangue e hemoderivados, adotado 
principalmente a partir da disponibilidade dos testes laboratoriais para detecção de 
anticorpos anti-HIV. Por outro lado, observa-se uma ascensão importante no grupo 
dos usuários de drogas injetáveis no total de 1,2% dos casos, atribuindo a estes 
casos o compartilhamento de agulhas e seringas para uso de drogas injetáveis. 
 29 
Frente à evolução da epidemia da AIDS na população da terceira idade, 
se faz necessário a realização de medidas preventivas a fim de reduzir o número de 
casos de HIV/AIDS entre os idosos. 
 
 
2.6 MEDIDAS PREVENTIVAS 
 
 
A detecção e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e 
AIDS, passaram ser objetivo de preocupação dos serviços de saúde, as ações na 
área da prevenção a tais doenças caminham lentamente, implicando em vários 
desafios para a promoção de atitudes preventivas para população em geral 
(BARBOZA; PACCA, 1999). 
As estratégias para a prevenção do HIV/AIDS são caracterizadas assim, 
pela identificação dos comportamentos envolvidos na transmissão destas doenças, 
análise das determinantes dos comportamentos nos diferentes grupos sociais e 
intervenções comportamentais para induzir e manter as alterações do 
comportamento. O objetivo principal da prevenção do HIV/AIDS não é mudar o 
comportamento de todos, mas modificar os comportamentos dos que contraem e 
disseminam o HIV/AIDS (CARDOSO, 2000). 
Brasil (2008) atenta que as medidas preventivas em HIV/AIDS têm como 
prioridade reduzir a transmissão do vírus e a vulnerabilidade dos indivíduos aos 
fatores de risco associados. Para isso, devem ser promovidas políticas e estratégias 
dirigidas tanto para a população geral como para as especificidades de segmentos 
populacionais, considerando seu grau de maior ou menor vulnerabilidade e risco de 
infecção pelo HIV. No entanto, as medidas preventivas não podem ser vistas como 
um conjunto de regras. A epidemia da AIDS potencializou a reflexão sobre o modelo 
de atenção à saúde e a definição de ações de prevenção nos diferentes níveis de 
gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), considerando o contexto de desigualdade 
social e de acesso aos serviços de saúde. 
Para Barboza e Pacca (1999), por ser a AIDS uma doença transmissível e, 
até o momento, incurável, cujos índices vêm aumentando no mundo inteiro, deve-se 
considerar que os componentes efetivos para o seu controle e prevenção são a 
informação e a educação. Dessa forma, torna-se imprescindível pensar na AIDS 
 30 
como uma doença cada vez mais presente nas instituições de saúde, sendo 
indispensável aos profissionais de saúde, particularmente aos enfermeiros dispor de 
conhecimentos e habilidades pedagógicas em atividades com vistas à educação, ao 
controle e à prevenção da transmissão do HIV. Assim, as alternativas educacionais 
com vistas à sua prevenção devem estar pautadas em orientações cuja essência 
seja a valorização da vida e a construção das alternativas de prevenção num clima 
de liberdade, responsabilidade e solidariedade humana. 
Brasil (2008) relata que o desenvolvimento das ações de prevenção junto 
aos idosos deve privilegiar a construção coletiva das estratégias, valorizando a 
participação dos idosos nesse processo, de forma que eles se reconheçam como 
responsáveis pela promoção da saúde. A discussão de temas como cidadania, 
relação de gênero, sexualidade, uso de drogas, etnia e direitos humanos favorecem 
a construção de valores e atitudes saudáveis, promovendo o desenvolvimento da 
autonomia e do senso de responsabilidade individual e coletivo. 
A prevenção às DST/AIDS entre os maiores de 60 anos é algo muito 
complexo e representa um desafio para as atuais políticas de saúde pública que 
concentra sua atenção na população jovem (entre os 20 a 34 anos). Os programas 
de prevenção do HIV devem considerar também aspectos psicológicos, 
socioeconômicos e culturais que interferem na vulnerabilidade deste grupo etário, 
antes e depois da infecção. Para haver maior alcance de suas ações, os programas 
devem desenvolver-se nos locais frequentados por estes (centros de dia, centros 
recreativos, etc.) e utilizar uma linguagem especifica para este grupo (CALDAS; 
GESSOLO, 2007). 
 Campanhas de prevenção contra a AIDS em idosos devem ser 
organizadas, para cumprimento do Artigo 10 do capítulo IV da Política Nacional do 
Idoso instituída através da Lei n.º 8.842, de 04/11/94, que tem como objetivo 
proteger esse segmento da população, garantir ao idoso a assistência à saúde, nos 
diversos níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde, além de prevenir, 
promover, proteger e recuperar a saúde do idoso, mediante programas e medidas 
profiláticas (BRASIL, 2003). 
Não é fácil mudar as concepções das pessoas idosas, principalmente no 
tocante as suas crenças e suas atitudes. Mas através de políticas públicas de saúde 
claras e eficientes, e que compreendam a magnitude e a transcendência do 
problema, direcionando a prevenção especialmente aos idosos com relação à 
 31 
contaminação pelo HIV/AIDS, voltados principalmente à vivência saudável e plena 
na sexualidade na terceira idade, eliminando mitos e preconceitos com relação ao 
idoso (MIGUEL, 2009). 
 Deve-se enfatizar que o idoso deve ser acolhido sem discriminação, 
independente de sua condição, atividade profissional, orientação sexual ou estilo de 
vida. Partindo destes pressupostos, seria importante a constante ampliação e 
atualização da estrutura de apoio clínico e psicológico para portadores da infecção 
pelo HIV/AIDS. O atendimento desses enfermos é sempre complexo e exige uma 
estrutura integrada, ampla e multidisciplinar (GOMES; SILVA, 2008). 
 Machado et al. (1999) ressalta que a educação ao público é considerada 
uma das medidas mais efetivas para reduzir a disseminação da AIDS, favorecida 
principalmente por relações sexuais com pessoas infectadas ou por exposição a 
sangue e seus derivados contaminados pelo HIV. 
Ação educativa é um processo de capacitação de indivíduos e de grupos 
para assumir a solução de problemas de saúde, processo este, que inclui o 
crescimento dos profissionais de saúde, através de reflexão conjunta sobre o 
trabalho que desenvolvem e suas relações com a melhoria das condições de saúde 
da população (CALDAS; GESSOLO, 2007). 
Machado et al. (1999) afirma que não basta simplesmente oferecer 
informações, pois "estar informado não significa necessariamente conhecer; estar 
ciente não significa necessariamente tomar medidas, decidir a tomar medidas não 
significa necessariamente fazer". Portanto, é necessário desenvolver o senso de 
responsabilidade individual e grupal; só esse compromisso pode conduzir às mais 
efetivas e aceitas mudanças de comportamento, uma vez que se baseia em 
aceitação e não em obrigação. 
As campanhas educativas, além da habitual conscientização sobre a 
epidemia, formas de transmissão do HIV e da evolução para a AIDS, devem abordar 
também aspectos como comunicação com o parceiro, sexualidade saudável em 
casais sorodiscordantes, luta contra o preconceito e encorajamento à aceitação do 
soropositivo pela família e sociedade. Além das campanhas que abordam uma 
ampla faixa etária, é interessante realizar campanhas educativas específicas para os 
adultos maiores de 50 anos e idosos, visto que o direcionamento das ações pode 
levar a uma maior conscientização (KULKAMP; BERTONCINI; MORAES, 2008). 
 32 
A falta de consciência dos profissionais de saúde também é uma barreira 
para a educação dos idosos sobre os riscos da doença. Seria importante a 
realização de ações de prevenção e capacitação dos profissionais de saúde, o que 
possibilitaria que um maior número de pessoas idosas fosse orientado sobre o 
assunto,diminuindo assim a crescente disseminação desta doença nessa faixa 
etária (SALDANHA; VASCONCELOS, 2008). 
 Outras medidas são incorporadas como estratégias de prevenção do 
HIV/AIDS como a redução de danos aos usuários de drogas injetáveis ilícitas tais 
como, orientação individual e coletiva; evitar o compartilhamento de seringa entre os 
usuários de drogas; a utilização do preservativo consistentemente, masculino ou 
feminino nas relações sexuais são medidas que impedem o contágio do HIV/AIDS e 
de outras DST’s (DUARTE, 2007). 
De acordo com Gomes e Silva (2008), outra estratégia importante para 
prevenir o HIV está em aumentar o número de pessoas que realizam o teste anti-
HIV, pois é importante ressaltar que mais da metade das infecções são transmitidas 
por indivíduos que não sabem que estão infectados. Além disso, quando as pessoas 
se tornam conscientes de sua infecção, normalmente querem tomar medidas para 
proteger os seus parceiros. 
 
 
2.7 CONTRIBUIÇÃO DA PESQUISA PARA ENFERMAGEM 
 
 
Na atualidade estamos vivenciando um novo cenário do crescimento 
populacional. Nas últimas décadas, vemos um crescimento notável da população 
acima dos 60 anos de idade, está em curso um novo e revolucionário capítulo da 
ciência da longevidade. 
O envelhecer, nos dias atuais, não significa adoecer e morrer, essa nova 
geração, ao contrário das anteriores, tem vivido mais e com qualidade de vida. Essa 
melhoria da qualidade de vida é resultante dos progressos tecnológicos, como a 
descoberta das vacinas, condições sanitárias, a invenção dos antibióticos e dos 
recursos para combater doenças como o diabetes, os males cardíacos e alguns 
tipos de câncer. Todos esses avanços resultaram na adição de anos na expectativa 
de vida da população. 
 33 
O que se procura é proporcionar qualidade de vida e uma existência feliz a 
população que está vivendo mais. 
E é nessa busca da qualidade de vida dessa população que 
desenvolvemos essa pesquisa, para contribuir com o processo de uma longevidade 
sadia e da capacitação do profissional Enfermeiro e das demais categorias de 
assistência à saúde. 
A Enfermagem é a profissão que se dedica ao cuidado integral do ser 
humano, a fim de atender as necessidades humanas básicas, uma ciência em 
constante processo evolutivo que vêm há algum tempo reelaborando seu 
conhecimento no intuito de aprimorar o cuidado e contemplar as mais diversas 
dimensões do ser humano. Dentro desse contexto, este estudo constitui um 
elemento importante, para um aprimoramento da assistência de enfermagem, uma 
vez que possui influência marcante sobre o comportamento humano. A AIDS na 
terceira idade surge como um desafio do cuidar de enfermagem, sendo necessário 
aos profissionais enfermeiros repensarem estratégias e direcionar as ações, 
objetivando formas mais eficientes de desenvolver o cuidado. 
É de fundamental importância que ainda nas universidades os acadêmicos 
elaborem um conhecimento amplo que vai além do aspecto biológico da doença e 
no tratamento da parte afetada. É indispensável que se ampliem o olhar de forma 
que visualizem o ser humano como um todo contextualizado social e historicamente. 
Xavier et al. (1997) afirmam que, na enfermagem brasileira, o saber 
acadêmico deriva de teorias que não contemplam a realidade social do país, 
acentuando com isso o distanciamento entre a academia e o serviço. Dessa 
maneira, continuam o saber produzido na academia, tomando-se impossível sua 
operacionalização. 
Devido a esse pensamento, as universidades, em sua formação 
acadêmica, têm que lançar profissionais ao mercado de trabalho que estejam 
capacitados, preparados, reflexivos e críticos para acolher essa nova clientela, 
compreendendo esses idosos soropositivos dentro de sua totalidade, psicobiológico, 
psicossocial e psicoespiritual. 
É necessário aos profissionais e acadêmicos de enfermagem repensarem 
suas condutas, quanto formadores de opinião, que estes se sensibilizem em acolher 
os pacientes da terceira idade portadores de HIV/AIDS de forma mais humanizada e 
desenvolva políticas de saúde voltadas para prevenção e conscientização da 
 34 
disseminação do vírus, para que essa nova clientela que a cada dia mais se expõem 
ao risco de contrair um HIV/AIDS, por serem tão vulneráveis, criem um vínculo com 
os profissionais, esclarecendo acerca do assunto, conhecendo cada vez melhor a 
sua realidade, as formas de contaminação e de prevenção, conferindo certo poder e 
respeito que permitem conduzir o paciente ao exercício de sua autonomia. 
Este estudo propõe uma nova atuação dos profissionais da enfermagem 
para esse problema grave e urgente que é a AIDS na terceira idade, doença 
epidêmica desencadeada não somente pelo vírus da imunodeficiência humana, mas 
também pelos preconceitos, discriminações e injustiça social. Espera-se modificação 
no comportamento dos profissionais. O medo de assistir o paciente soropositivo, 
preconceito de uma velhice assexuada, precisam ser dissipados dessa categoria. 
Destacamos quão imprescindível é a conscientização e mudança no 
comportamento, não só da equipe de enfermagem, mas de todas as pessoas 
envolvidas na área da saúde, que trabalham com o portador de HIV/AIDS. 
O profissional enfermeiro deve perceber o mundo como uma totalidade 
complexa, e caracterizar o conhecimento também como realidade complexa. Como 
totalidades, mundo, conhecimento, saber e paradigma podem relacionar-se 
interdisciplinarmente. Porém, é fundamental gritar bem alto que o combate eficiente 
à difusão da AIDS nessa, faixa etária, começa com a preocupação com a vida e com 
os ideais de justiça. Acima de tudo, depende da nossa capacidade de construir uma 
política de solidariedade dentro de uma sociedade democrática. 
Por isso, é preciso que a Enfermagem desenvolva seu senso crítico, 
sistemático, holístico, reflexivo e humanizado, sendo necessário associar a teoria à 
prática, para transformar a atividade em práxis, validando assim o conhecimento. 
Os enfermeiros são considerados fontes confiáveis de informação sobre 
saúde e, comumente, as pessoas se sentem bastante à vontade com eles para 
discutir questões íntimas de sua pessoa, desfrutando de uma posição privilegiada, 
dentre outros profissionais, para educar as pessoas sobre as formas de reduzir o 
risco de transmissão do HIV. 
Por isso, os espaços de tratamento também precisam ser pensados 
simultaneamente como espaços de prevenção. Talvez a estratégia mais sensível 
para detectar contextos vulnerabilizadores e possibilidades de construção de 
respostas sociais. 
 35 
É interessante destacar a importância de se considerar ainda a presença 
conhecida de pessoas vivendo com AIDS, é extremamente relevante ao profissional 
enfermeiro o trabalho de conscientização dessas pessoas de não estarem 
disseminando o vírus. Já que os soropositivos não vivem em outro mundo, seus 
contextos de interação intersubjetiva permanecem muito pouco alterados em relação 
à situação em que se infectou; especialmente se recebem uma atenção à saúde que 
se limita ao tratamento medicamentoso, deixando de lado o cuidado com a 
qualidade de vida, de forma mais ampla. 
São inúmeros os desafios encontrados. A epidemia evolui rapidamente 
com suas interfaces, sendo necessário a atualização constante para a assistência 
de enfermagem e a prática profissional, que constitui a aplicação de ações e de 
informações científicas com objetivo da prevenção e tratamento, em equipe 
multidisciplinar de assistência, um processo que envolve o aprendizado individual e 
coletivo, motivador da compreensão e da consciência para o estabelecimento de 
estratégias fundamentadas no conhecimento. 
 Portanto, esperamos que este trabalho alcance os profissionais e 
acadêmicos de enfermagem, sensibilizando-os a tomarem iniciativas de prevenção e 
promoção de informações de forma que atingemesta população tão vulnerável que 
são os idosos, trabalhando sua reinserção social, compreensão dos seus valores e o 
seu papel na sociedade, direcionando campanhas e movimentos destinados a eles. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 36 
3 METODOLOGIA 
 
 
 O estudo foi realizado através de uma pesquisa bibliográfica, 
considerando a relevância do tema, buscando conhecer sob o olhar de alguns 
autores, a vulnerabilidade da população da terceira idade em contrair o HIV/AIDS, 
identificando perfil epidemiológico desta população no Brasil desde o ano de 1985 a 
2008, levantamento realizado no bando de dados do DATASUS, intervenções 
educativas de enfermagem, contribuição da pesquisa ao profissional enfermeiro, e 
assim atender aos objetivos propostos. 
 A revisão bibliográfica, segundo Fogliatto (2007), é aquela que reuni idéias 
oriundas de diferentes fontes, visando construir uma nova teoria ou uma nova forma 
de apresentação para um assunto já conhecido. 
 Para o desenvolvimento da pesquisa e melhor compreensão do tema, este 
Trabalho de Conclusão de Curso foi elaborado a partir dos registros, análise e 
organização dos dados bibliográficos, instrumentos que permite uma maior 
compreensão e interpretação crítica das fontes obtidas, foram realizadas coletas de 
dados no banco de dados do DATASUS, que norteou na classificação do perfil 
epidemiológico da população da terceira idade no Brasil no período de 1985 a 2008. 
 A elaboração da pesquisa teve como ferramenta embasadora, material já 
publicado sobre o tema; livros, artigos científicos, publicações periódicas e materiais 
na Internet disponíveis nos seguintes bancos de dados: DATASUS, SCIELO, 
MINISTÉRIO DA SAÚDE, BIREME. 
 Para a organização do material, foram realizadas as etapas e 
procedimentos do Trabalho de Conclusão de Curso onde se busca a identificação 
preliminar bibliográfica, fichamento de resumo, análise e interpretação do material, 
bibliografia, revisão e relatório final. 
 
 
3.1 TIPO DE ESTUDO 
 
 
 Trata-se de um estudo de revisão sistemática de literatura científica, na 
modalidade denominada revisão integrativa. A escolha desse método foi por 
 37 
oportunizar um embasamento científico que permitisse através de pesquisas já 
realizadas, compreender o universo da vulnerabilidade dos idosos ao HIV/AIDS, 
tendo como benefício, permitir a síntese de estudos publicados; possibilitar 
conclusões gerais a respeito de uma área de estudo; proporcionar uma 
compreensão mais completa do tema de interesse, produzindo assim, um saber 
fundamentado e uniforme para a realização do cuidado de enfermagem 
diferenciado. 
 Segundo Cooper (1989), esse tipo de revisão é caracterizado como um 
método que agrega os resultados obtidos de pesquisas primárias sobre o mesmo 
assunto, com o objetivo de sintetizar e analisar esses dados para desenvolver uma 
explicação mais abrangente de um fenômeno específico. Ainda segundo o autor, a 
revisão integrativa é a mais ampla modalidade de pesquisa de revisão, devido à 
inclusão simultânea de estudos experimentais e não-experimentais, questões 
teóricas ou empíricas. Diante disso, permite maior entendimento acerca de um 
fenômeno ou problema de saúde. 
Justifica-se a revisão sistemática através de sua definição como sendo 
uma aplicação de estratégias científicas que limitam o viés da seleção de artigos, 
onde se avalia com espírito crítico os artigos e se sintetizam todos os estudos 
relevantes em um tópico específico (PERISSÉ, 2001). Em relação à sua importância, 
estudiosos afirmam que esse recurso pode criar uma forte base de conhecimentos, 
capaz de guiar a prática profissional e identificar a necessidade de novas pesquisas 
(MANCINI, 2007) e, segundo Hek (2000), constitui-se em um método moderno para 
a avaliação simultânea de um conjunto de dados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 38 
4 CONCLUSÃO 
 
 
 Juntamente com o crescimento da população de idosos no Brasil e no 
mundo devido ao aumento da expectativa de vida, cresce também o número de 
infecções pelo HIV/AIDS em pessoas com 60 anos ou mais, resultando na mais 
nova característica da epidemia. 
 Em decorrência do progressivo aumento do número de casos de HIV/AIDS 
nessa faixa etária, observa-se a necessidade de estudar este novo contexto, com 
intuito de fornecer subsídios para avaliação do desempenho profissional no 
atendimento prestado e para a elaboração de medidas efetivas visando promover 
melhor atendimento a essa população e seus familiares. Apesar das mudanças 
culturais ocorridas nas últimas décadas e do advento de novas tecnologias para 
prolongar a vida sexual, o esteriótipo do idoso assexuado permanece arraigado na 
sociedade, influenciando não só as representações dos próprios idosos, como 
também as políticas públicas e programas de investigação. A AIDS é uma doença 
que envolve não somente aspectos fisiológicos, mas também relações com as 
pessoas, afetos e valores nas ações do cotidiano. Por este fato deve estar mais 
associado à vida. Apesar da significância deste aspecto, esse tem sido 
sistematicamente negligenciado. 
 O estigma e o preconceito representam obstáculo na luta pela prevenção 
e combate ao HIV/AIDS, colocando as pessoas HIV+ em difícil posição frente à vida. 
Na velhice, a AIDS apresenta-se através de visões estigmatizadas e equivocadas e 
o impacto da doença nesse grupo etário não está apenas no diagnóstico, mas 
também, no fato de desvelar os hábitos até então não revelados, como a 
sexualidade, na qual a manifestação do desejo sexual é traduzido, muitas vezes, 
pelo preconceito. 
 Sexo e DST/AIDS na terceira idade ainda representam um tabu para a 
população em geral e também para os profissionais de saúde, que apresentam 
dificuldades em abordar essas questões em seus atendimentos, ou mesmo supor 
que essas doenças não possam acometer as pessoas desta faixa etária. 
 Viver mais e melhor, com qualidade de vida, somado à resistência ao uso 
do preservativo e às questões culturais, tornou o indivíduo idoso mais vulnerável ao 
 39 
HIV/AIDS e a vulnerabilidade biológica e social, torna o gênero outro fator que 
ratifica a disseminação do vírus HIV nesta população. 
 Para conhecer a vulnerabilidade e a exposição do idoso ao HIV/AIDS é 
preciso compreender o contexto em que ele vive e os fatores que os deixam 
susceptíveis a adoecer. 
 O estudo identificou algumas das evidências que levam os idosos a 
tornarem-se susceptíveis e vulneráveis ao HIV/AIDS, assim como, a falta de 
percepção desses sobre sua vulnerabilidade. Tais evidências têm a intenção em 
auxiliar no planejamento futuro de medidas eficazes para o controle, tornando-se 
necessário a criação de políticas públicas voltadas para a promoção de saúde dos 
idosos e campanhas de prevenção a DST/AIDS, visto as limitações encontradas 
pelos mesmos quanto ao uso do preservativo, e com isto, proporcionar melhor 
qualidade de vida para essa população. 
Diante da confirmação das atividades sexuais nos idosos, torna-se 
imprescindível que as políticas de prevenção às DST/AIDS contemplem esse grupo 
etário, considerando suas particularidades, para que os objetivos sejam alcançados 
com eficiência. Todo o desenvolvimento da indústria farmacêutica, medicamentos, 
injeções e até próteses foram criados para resolver problemas de disfunção erétil 
nos homens. Aliadas a isso, as terapias de reposição hormonal, também para 
mulheres, visam oferecer uma vida sexual mais cheia de estímulos, com muito 
prazer e liberdade pelo maior período de vida possível. Porém, em propagandas 
desses produtos não se tem uma campanha que alerte os idosos sobre os riscos de 
contrair AIDS pela via sexual. 
 Ficou evidente que os recursos utilizados para realização do trabalho 
forneceram um panorama epidemiológico

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