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MÉTODOS E TÉCNICA S D E CONS ERVA ÇÃO D E ALIMEN TOS - PR OF. PA ULO HE NRIQUE MA CHAD O D E SOUSA CELSO MACHADO DOS SANTOS - UFC - ICA - GASTRONOMIA - 2º SEMESTRE - 2016 1 celso35@uol.com.br FATORES DE DETERIORAÇÃO DOS ALIMENTOS E SEU CONTROLE: ALTERAÇÕES MICROBIOLÓGICAS, QUÍMICAS E FÍSICAS 1. REAÇÕES QUE LEVAM A DETERIORAÇÃO DOS ALIMENTOS Alterações físicas Alterações químicas Alterações enzimáticas Alterações microbiológicas “Degradação dos alimentos são todas as mudanças que tornam o alimento indesejável ou inadequado à sua ingestão” 2. CLASSES DE ALIMENTOS Alimentos perecíveis Alteram-se rapidamente, a menos que processados Requerem baixas temperaturas de estocagem Primeiras alterações: microbiológicas Vida de prateleira: alguns dias (refrigerados) Ex: leite, carnes frescas, frutas e hortaliças in natura. Alimentos Semiperecíveis Estabilidade aumentada pelo processamento para alguns meses (refrigeração). Ex: produtos cárneos defumados, queijos curados. Alimentos não perecíveis Podem ser estocados a temperatura ambiente por um longo período de tempo. Mesmo após longa estocagem, as alterações geralmente são físicas e/ou químicas. Ex: cereais, grãos, produtos desidratados e enlatados. MÉTODOS E TÉCNICA S D E CONS ERVA ÇÃO D E ALIMEN TOS - PR OF. PA ULO HE NRIQUE MA CHAD O D E SOUSA CELSO MACHADO DOS SANTOS - UFC - ICA - GASTRONOMIA - 2º SEMESTRE - 2016 2 celso35@uol.com.br 3. ALTERAÇÕES DOS ALIMENTOS DURANTE A ESTOCAGEM As alterações levam a mudanças: Características sensoriais Composição química Estado físico Estado de sanidade Valor nutritivo do alimento Fatores responsáveis por tais alterações Crescimento e atividade de microrganismos. Atividade de enzimas endógenas. Reações químicas não enzimáticas. Alterações promovidas por insetos e roedores. Reações com agentes ambientais. Estresse físico. Combinação de um ou mais fatores. 4. FATORES QUE AFETAM A VELOCIDADE DE ALTERAÇÕES MICROBIOLÓGICAS Características dos próprios alimentos (fatores intrínsecos); Associados ao ambiente (fatores extrínsecos). 5. FATORES INTRÍNSECOS Atividade de água; pH; Composição química; Potencial redox. MÉTODOS E TÉCNICA S D E CONS ERVA ÇÃO D E ALIMEN TOS - PR OF. PA ULO HE NRIQUE MA CHAD O D E SOUSA CELSO MACHADO DOS SANTOS - UFC - ICA - GASTRONOMIA - 2º SEMESTRE - 2016 3 celso35@uol.com.br 6. ATIVIDADE DE ÁGUA (AW) Relação entre pressão parcial de vapor da água no alimento (P) e pressão de vapor da água pura (Po), a uma certa temperatura: Mais importante do ponto de vista da estabilidade do que o teor de umidade. Associada à disponibilidade de água para crescimento microbiano e reações químicas. Aw e alterações Aw necessária para o desenvolvimento de microrganismos MÉTODOS E TÉCNICA S D E CONS ERVA ÇÃO D E ALIMEN TOS - PR OF. PA ULO HE NRIQUE MA CHAD O D E SOUSA CELSO MACHADO DOS SANTOS - UFC - ICA - GASTRONOMIA - 2º SEMESTRE - 2016 4 celso35@uol.com.br 7. CLASSIFICAÇÃO DE PRODUTOS SEGUNDO A Aw Alta umidade (Aw > 0,85): Muito propensos a deterioração. Ex: sucos. Umidade intermediária (0,60 < Aw <0,85): Deterioração por microrganismos xerofílicos e osmofílicos. Ex: geléias, doces em massa. Baixa umidade (Aw < 0,60): Não há crescimento de microrganismos, embora eles possam sobreviver. Ex: frutas secas. Aw x crescimento microbiano 8. pH Definição: pH de crescimento da maioria dos microrganismos associados a alimentos: 5-8. Bactérias: só crescem a pH > 4. Fungos: Mais tolerantes a ambientes de baixo pH Frequentemente associados à deterioração de produtos de alta acidez (sucos, bebidas carbonatadas). MÉTODOS E TÉCNICA S D E CONS ERVA ÇÃO D E ALIMEN TOS - PR OF. PA ULO HE NRIQUE MA CHAD O D E SOUSA CELSO MACHADO DOS SANTOS - UFC - ICA - GASTRONOMIA - 2º SEMESTRE - 2016 5 celso35@uol.com.br 9. CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS QUANTO AO Ph Muito ácidos (pH < 4,0) Não permitem crescimento de bactérias Ex: muitos sucos de frutas, geléias. Ácidos (4,0 < pH < 4,5): Permitem crescimento de bactérias, mas não de Clostridium botulinum. Ex: suco de caju. Pouco ácidos (pH > 4,5): carne, leite, ovos. 10. FATORES RELACIONADOS AO Ph A maioria dos microorganismos. associados a alimentos cresce na faixa de pH de 5 a 8. Fungos: mais tolerantes a baixo pH que bactérias (associados à deterioração de produtos de alta acidez). MÉTODOS E TÉCNICA S D E CONS ERVA ÇÃO D E ALIMEN TOS - PR OF. PA ULO HE NRIQUE MA CHAD O D E SOUSA CELSO MACHADO DOS SANTOS - UFC - ICA - GASTRONOMIA - 2º SEMESTRE - 2016 6 celso35@uol.com.br 11. POTENCIAL REDOX Potencial redox é a tendência de um meio em receber ou ceder elétrons A transferência de elétrons ocorre por diferença de potencial. Se o equilíbrio favorece oxidação a amostra recebe e- do eletrodo potencial (+): (meio oxidante). Se o equilíbrio favorece a redução a amostra cede e- ao eletrodo potencial (-): (meio redutor). Potencial redox resulta de: pares redox presentes, proporção oxidantes/redutores, pH, níveis de O2, atividade microbiana. O potencial redox seleciona a microflora: Aeróbios: presença de O2 e alto potencial redox (> +350 mV). Ex: Bacillus cereus. Anaeróbios: baixo potencial redox (< –150 mV). Ex: Clostridium botulinum. Microaerófilos: aeróbios que crescem melhor em meio levemente reduzido. Ex: gêneros Lactobacillus, Streptococcus. Anaeróbios facultativos: crescem bem em aerobiose ou anaerobiose. Ex: bactérias da família Enterobacteriaceae. Fungos filamentosos: geralmente aeróbios Leveduras: aeróbias ou anaeróbias facultativas. Fatores antimicrobianos Nutrientes Substâncias inibidoras Fatores extrínsecos Temperatura; Umidade relativa (UR); Composição gasosa do ambiente. MÉTODOS E TÉCNICA S D E CONS ERVA ÇÃO D E ALIMEN TOS - PR OF. PA ULO HE NRIQUE MA CHAD O D E SOUSA CELSO MACHADO DOS SANTOS - UFC - ICA - GASTRONOMIA - 2º SEMESTRE - 2016 7 celso35@uol.com.br 12. TEMPERATURA Fator extrínseco mais importante Afeta as taxas de todas as alterações 13. UMIDADE RELATIVA UR ambiente < Aw alimento: perda de umidade UR do ambiente = Aw alimento: equilíbrio UR ambiente > Aw alimento: absorção de umidade MÉTODOS E TÉCNICA S D E CONS ERVA ÇÃO D E ALIMEN TOS - PR OF. PA ULO HE NRIQUE MA CHAD O D E SOUSA CELSO MACHADO DOS SANTOS - UFC - ICA - GASTRONOMIA - 2º SEMESTRE - 2016 8 celso35@uol.com.br 14. COMPOSIÇÃO GASOSA DO AMBIENTE Altas concentrações de O2 aeróbios Baixas concentrações de O2 anaeróbios CO2: inibe o crescimento microbiano Aplicação: acondicionamento a vácuo acondicionamento sob atmosfera modificada 15. CLASSES DE MICRORGANISMOS Deterioradores: Alterações sensoriais resultantes da atividade metabólica dos microrganismos, que utilizam compostos do alimento como fonte de energia. Patogênicos: Desenvolvimento de infecções ou intoxicações Fermentadores: Reações químicas específicas que produzem alterações desejáveis em alimentos Alterações em carboidratos 16. ALTERAÇÕES EM CARBOIDRATOS Carboidratos são fonte de energia. Açúcares mais simples são os mais utilizados. Poucas espécies hidrolisam polissacarídeos. Metabolismo de carboidratos aeróbio anaeróbio MÉTODOS E TÉCNICA S D E CONS ERVA ÇÃO D E ALIMEN TOS - PR OF. PA ULO HE NRIQUE MA CHAD O D E SOUSA CELSO MACHADO DOS SANTOS - UFC - ICA - GASTRONOMIA - 2º SEMESTRE - 2016 9 celso35@uol.com.br Anaerobiose 17. ALTERAÇÕES EM PROTEÍNAS As proteínas não atravessam a membrana celular 18. ALTERAÇÕES EM LIPÍDIOS MÉTODOS E TÉCNICA S D E CONS ERVA ÇÃO D E ALIMEN TOS - PR OF. PA ULO HE NRIQUE MA CHAD O D E SOUSA CELSO MACHADO DOS SANTOS - UFC - ICA - GASTRONOMIA - 2º SEMESTRE - 2016 10 celso35@uol.com.br 19. OXIDAÇÃO DE LIPÍDIOS Autoxidação envolve radicais livres inibida por antioxidantes primários Fotoxidação não envolve radicais livres inibida por inativadores de O2, mas não por antioxidantes primários 20. FATORES Grau de instauração Óleos vegetais ( insaturação): mais oxidáveis que gorduras animais ( insaturação). Duplas conjugadas: mais reativas que não conjugadas Metais Metais de transição com dois ou mais números de oxidação Aumentam geração de radicais livres Promovem oxidação de produtos secundários Álcoois primários aldeídos Álcoois secundários cetonas Aldeídos ácidos MÉTODOS E TÉCNICA S D E CONS ERVA ÇÃO D E ALIMEN TOS - PR OF. PA ULO HE NRIQUE MA CHAD O D E SOUSA CELSO MACHADO DOS SANTOS - UFC - ICA - GASTRONOMIA - 2º SEMESTRE - 2016 11 celso35@uol.com.br Aw - Atividade de água Níveis de O2 MÉTODOS E TÉCNICA S D E CONS ERVA ÇÃO D E ALIMEN TOS - PR OF. PA ULO HE NRIQUE MA CHAD O D E SOUSA CELSO MACHADO DOS SANTOS - UFC - ICA - GASTRONOMIA - 2º SEMESTRE - 2016 12 celso35@uol.com.br Luz Fase de indução: acelerada com exposição à luz. Energia luminosa: inversamente proporcional ao comprimento de onda Temperatura 21. CONTROLE DA OXIDAÇÃO Antioxidantes Não evitam a oxidação, mas reduzem suas taxas. Não revertem a oxidação. Tipos: Antioxidantes primários Antioxidantes secundários (ou preventivos) quelantes de metais inativadores de O2 Tocoferóis antioxidantes naturais presentes em óleos vegetais inativadores de O2 / antioxidantes primários MÉTODOS E TÉCNICA S D E CONS ERVA ÇÃO D E ALIMEN TOS - PR OF. PA ULO HE NRIQUE MA CHAD O D E SOUSA CELSO MACHADO DOS SANTOS - UFC - ICA - GASTRONOMIA - 2º SEMESTRE - 2016 13 celso35@uol.com.br Embalagens Alta barreira a O2 e luz Embalagens mais adequadas: metálicas. As latas têm sido crescentemente substituídas por embalagens plásticas (apelo mercadológico). Acondicionamento a vácuo: só se a embalagem não for colapsável. Alternativa ao vácuo: inertização reduz taxas de oxidação aumenta resistência mecânica da embalagem, evitando a colapsagem decorrente do consumo do O2 do espaço livre. 22. ESCURECIMENTO ENZIMÁTICO Reação responsável pelo escurecimento de muitos produtos vegetais (banana, maçã, batata) e alguns crustáceos (camarão, lagosta). Fatores que afetam a reação concentração da PPO disponibilidade de O2 concentração de substratos (compostos fenólicos) pH faixa ótima para ação da PPO: 5 - 7 pH < 3: inativação temperatura (inativação da PPO) Atividade de água – Aw MÉTODOS E TÉCNICA S D E CONS ERVA ÇÃO D E ALIMEN TOS - PR OF. PA ULO HE NRIQUE MA CHAD O D E SOUSA CELSO MACHADO DOS SANTOS - UFC - ICA - GASTRONOMIA - 2º SEMESTRE - 2016 14 celso35@uol.com.br Controle da reação Prevenção de injúrias mecânicas (acesso do O2) Inativação térmica da PPO (T > 50°C). Provoca alterações de cor, sabor e textura. Complexação de polifenóis (ex: ciclodextrinas). Membranas?? Adição de ácidos orgânicos até pH 4 (inibição da atividade da PPO). Controle do O2 (embalagens de alta barreira, acondicionamento a vácuo). Compostos redutores: reduzem as quinonas Sulfitos: compostos mais efetivos para o controle da reação. 23. ESCURECIMENTO NÃO-ENZIMÁTICO - REAÇÃO DE MAILLARD Ocorre principalmente durante tratamento térmico de alimentos que tenham aa e açúcares redutores melanoidinas. Fatores pH Formas reativas (forma aberta da cadeia do açúcar e forma não protonada do grupo amino): favorecidas por alto pH. Taxas de reação aumentam com o pH Reação inibida a pH < 5,0 Temperatura Atividade de água – Aw MÉTODOS E TÉCNICA S D E CONS ERVA ÇÃO D E ALIMEN TOS - PR OF. PA ULO HE NRIQUE MA CHAD O D E SOUSA CELSO MACHADO DOS SANTOS - UFC - ICA - GASTRONOMIA - 2º SEMESTRE - 2016 15 celso35@uol.com.br Controle da reação controle da Aw em produtos desidratados tratamento com glicose-oxidase para redução do teor de glicose acondicionamento em embalagens com absorvedores de O2 refrigeração adição de sulfitos REAÇÃO DE MAILLARD - desejável ou não? Formação de cor muitas vezes é desejável, como na torrefação de café e cacau e na formação de crostas em produtos de panificação, além da formação de melanoidinas, há a formação de voláteis que contribuem para a formação do aroma de muitos alimentos. Formação de compostos amargos não é desejável. Redução do valor nutricional (perdas de certos aa, como a lisina) CARAMELIZAÇÃO Degradação térmica de açúcares Formação de voláteis (aroma caramelo) Formação de compostos de coloração marrom. 24. DEGRADAÇÃO DE PIGMENTOS Pigmentos naturais x sintéticos Cor: importante papel mercadológico Processamento e estocagem: resultam frequentemente em degradação e mudanças de coloração dos pigmentos. Corantes sintéticos são mais baratos e mais estáveis quimicamente O consumidor não quer consumir compostos “artificiais” Necessidade crescente da substituição de corantes sintéticos por naturais. Obstáculos alto custo falta de fontes abundantes alta suscetibilidade à degradação química Carotenóides Colorações que vão do amarelo ao vermelho (ex: manga, maracujá, tomate). Alguns carotenóides (ex: -caroteno) são precursores de vitamina A. Degradação: temperatura, O2, luz. MÉTODOS E TÉCNICA S D E CONS ERVA ÇÃO D E ALIMEN TOS - PR OF. PA ULO HE NRIQUE MA CHAD O D E SOUSA CELSO MACHADO DOS SANTOS - UFC - ICA - GASTRONOMIA - 2º SEMESTRE - 2016 16 celso35@uol.com.br Antocianinas Colorações vermelhas e arroxeadas (ex: uva, açaí, amora) Muito instáveis após extraídos de suas fontes. Muito sensíveis a alta temperatura. Estabilidade dependente do pH Aumento do pH: perda de cor pH ~ 4-5: quase incolores. Degradação em presença de SO2 Clorofilas Mioglobina Degradação de nutrientes Consumidor cada vez mais preocupado com a qualidade nutricional dos alimentos. O impacto do processamento e estocagem de alimentos sobre os nutrientes tem sido muito estudado. Vitaminas hidrossolúveis: perdas por lixiviação degradação química durante processamento e estocagem Vitaminas lipossolúveis: interações com peróxidos ação de radicais livres provenientes da oxidação de lipídios
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