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Disciplina: Fenômenos de Transporte (FT) Aula 1 – Propriedades dos Fluidos Curso: Engenharia/Básico prof. Gilberto F. de Lima Estados Físicos ou Fases da Matéria Obs.: As características dos fluidos são diferentes na ausência da força da gravidade. Fluidos: têm forma mutável. Podem se deformar (escoar) para se ajustarem ao recipiente. Sólido Líquido Gasoso Forma constante, própria, fixa, definida, independente do formato do recipiente Forma variável, indefinida. Pode ajustar-se ao formato do recipiente. Mantém sempre uma fronteira nítida e estável com outro meio. Forma variável, indefinida. Assume o formato do recipiente. Não tem fronteira estável com outro meio. Volume constante, fixo, próprio. Volume constante, fixo, próprio. Volume variável. Ocupa todo o espaço que lhe é disponibilizado. Assume o volume do recipiente. Capilaridade Propriedades Moleculares da Matéria 1) Coesão Tensão Superficial Viscosidade 2) Adesão ou Aderência ⟹ ⟸ Absorção ⟹ Adsorção 1) Coesão A intensidade dessas forças varia de um material para outro, mas é o seu estado físico o principal determinante do seu grau de coesão ou de agregação. Coesão É a capacidade que as substâncias ou objetos têm de se manterem íntegros resistindo a esforços mecânicos e térmicos. Esta propriedade deve-se às forças de atração entre as moléculas que compõe o material ou o objeto, as chamadas forças de coesão. Já repararam como na Natureza uma dada substância sempre aparece agrupada? Nunca uma molécula de uma dada substância é encontrada solitária, isolada; sempre nos deparamos com uma aglomeração delas. Quando lidamos com água, ar, ferro, sal, granito, etc., sempre é em quantidades que envolvem incontáveis moléculas. Isto revela a importância das forças de coesão que mantêm as moléculas de cada substância reunidas. Coesão ou Agregação Molecular Sólido Líquido Gasoso Moléculas ficam presas em posições fixas por intensas forças intermoleculares formando uma estrutura ordenada (retículo cristalino) ou desordenada (amorfo). As forças intermoleculares são intensas, mas as moléculas apresentam alguma mobilidade e deslizam lentamente umas sobre as outras, em camadas. As forças intermoleculares são tênues, exceto quando as moléculas colidem. As moléculas têm movimento livre, contínuo , desordenado, e com grandes velocidades. Densidades altas Ex.: ρFe = 7700 kg/m 3 Densidades médias Ex.: ρágua = 1000 kg/m 3 Densidades baixas Ex.: ρar = 1,2 kg/m 3 (nível do mar) Extraído de https://www.youtube.com/watch?v=0j2X6HZrfdE (acessado em 10/08/2016) Coesão do Mercúrio https://www.youtube.com/watch?v=Noqd5fvY0i0 (acessado em 10/08/2016) Coesão do Mercúrio Esta gradação das forças de coesão em função do estado em que se apresenta a matéria pode ser confirmada nos processos de mudança de fase de uma substância por variação de pressão ou por troca de calor. Um gás pode se liquefazer ao ser comprimido devido à aproximação forçada entre suas moléculas e, consequentemente, ao aumento da intensidade das forças de atração moleculares. Já o fornecimento de calor liquefaz um sólido porque o aumento da energia térmica corresponde a um incremento na agitação das moléculas que começam a se afastar enfraquecendo as ligações entre elas. Mantendo o ingresso de calor, as moléculas se afastam ainda mais, as ligações ficam mais fracas e a substância gaseifica. Obviamente, esfriar uma substância reduz a agitação térmica e fortalece as ligações moleculares produzindo as mudanças de estado no sentido inverso. Da mesma forma, alguns líquidos podem se solidificar por compressão (veja mais detalhes em https://www.eecis.udel.edu/~portnoi/academic/academic- files/liquids.html). Lema da Coesão: “A união faz a força.” Exemplos: – é fácil rasgar uma folha de papel, mas é muito difícil rasgar um caderno ou um livro com várias folhas; – é fácil quebrar um espaguete, mas quebrar um pacote inteiro deles não é; – um fio de aço tem alguma resistência, mas um cabo de aço, formado por um conjunto de fios entrelaçados, é sabidamente extremamente resistente; – etc. Devido às forças de coesão manifestam-se dois importantes efeitos nos fluidos: a Tensão Superficial e a Viscosidade Tensão Superficial Este fenômeno surge na superfície de separação (interface) entre dois fluidos imiscíveis. A resultante de forças sobre qualquer molécula interna do fluido é nula, uma vez que cada molécula atrai e é atraída em todas as direções por forças de igual intensidade devidas às moléculas vizinhas. Tensão Superficial resultante das forças que atuam sobre as moléculas da superfície do fluido não é nula Mas as moléculas da superfície do fluido são atraídas apenas pelas moléculas do interior, além de se atraírem mutuamente, não havendo forças compensatórias atuando sobre elas no lado externo, isto faz com que a sua ligação com as demais moléculas do fluido seja ainda mais firme do que a das moléculas internas entre si. resultante das forças que atuam sobre as moléculas internas é nula No caso da água, a tensão superficial permite até que insetos, aracnídeos e alguns répteis leves consigam caminhar sobre ela. Tensão superficial da água. Foto: John Griffiths / Shutterstock.com Esta composição de forças leva a superfície do fluido a se comportar como uma membrana flexível, uma película tensionada a revestir e isolar o fluido. Quando é que a prefeitura dará jeito nesses alagamentos? Tensão Superficial Pausa para botar uns ovos. Tensão Superficial Isso vai dar Zika! Tensão Superficial Socorro!!! Elas também chegam pela água!!! Peguem aqueles Aedes ali, por favor! Tensão Superficial O lagarto Basilisco ou lagarto “Jesus Cristo”. Pegue aquelas aranhas, please! Tensão Superficial Lagarto Basilisco ou lagarto “Jesus Cristo” https://www.youtube.com/watch?v=JF-UMgdkph4 (em 02/08/2016) https://www.youtube.com/watch?v=PgSvN70lJ6w (em 01/08/2016) Veja outros vídeos do lagarto Basilisco https://www.youtube.com/watch?v=45yabrnryXk (em 01/08/2016) A tensão superficial possibilita ainda que objetos leves não afundem de imediato num fluido, mesmo sendo mais densos do que este. Exemplos na água: clipes de papel, agulhas e alfinetes de costura, lâminas de barbear, palitos de dente e de fósforo, moedas pequenas, etc. https://www.youtube.com/watch?v=oA5Zc7frHbI (em 07/08/2016) Tensão Superficial Extraído de https://www.youtube.com/watch?v=nQwjsFvBMqY (em 02/08/2016) Tensão Superficial Dependendo do ângulo em que atiramos uma pedra na água ela pode sair quicando e só mergulhar após uma sequência de saltos. Esse efeito também se deve à tensão superficial. https://www.youtube.com/watch?v=C0_hEvNOqGM (acessado em 07/08/2016) Essa brincadeira, chamada em inglês de ‘Stone Skipping’ (algo como “Pedra Saltitante” ou “Pula Pedra”, em tradução livre), tem até um campeonato concorrido nos EUA. Acompanhe o recorde mundial da “modalidade” estabelecido em 2013. A pedra saltou nada mais nada menos do que 88 vezes antes de afundar. https://www.youtube.com/watch?v=S1KfuErAcj0 (acessado em 10/08/2016) Abrindo contagem Tensão Superficial Ângulo de reentrada É sabido que para espaçonaves voltarem à Terra há um ângulo corretode reentrada para elas não serem ricocheteadas de volta para o espaço. Isto significa que o próprio ar, a nossa atmosfera, tem uma tensão superficial na sua interface com o espaço sideral. É a força da gravidade da Terra que atua como força de coesão da atmosfera. A tensão superficial é a responsável pela formação de gotas. Apenas quando as forças que promovem o escoamento (gravidade ou outra) são suficientemente intensas para superarem as a tensão superficial é que o líquido escoa num fluxo contínuo. O fluido ao tentar escoar pode não conseguir romper a barreira produzida por sua própria tensão superficial, forma-se então a típica bolsa que retém uma fração do líquido em seu interior e que se separa pouco a pouco do restante. Numa gota, as forças intermoleculares produzem uma força resultante radial apontando para o centro (força centrípeta), o que dá às gotas o seu formato arredondado tradicional e característico. A esfera é a figura geométrica que tem a menor área superficial para um dado volume (por exemplo, um cubo de mesmo volume tem uma área superficial maior do que a esfera), portanto ela tem um formato otimizado, o formato de maior coesão. O efeito da força peso em gotas massivas, ou a ação de outras forças, como a resistência do ar em gotas de chuva, podem levá-las a assumirem outros formatos que não apenas o arredondado. Forças intermoleculares numa gota. Foto: Jaroslava V / Shutterstock.com A resultante de forças é centrípeta. Uma bolha de sabão consiste de duas películas dessa substância que encapsulam uma camada de água. A tensão superficial da água procura sempre formar uma superfície arredondada o que determina o formato típico das bolhas. Saiba mais em http://www.moderna.com.br/boletins/files/ciencias/2010/023.pdf. A formação de gotas mostra como é difícil até para o próprio fluido romper a sua tensão superficial. A pergunta então é: Até quando a tensão superficial suporta? https://www.youtube.com/watch?v=KefKVPAs58M (em 07/08/2016) Tensão Superficial Até quando ela suporta? https://www.youtube.com/watch?v=f0xsJ31NAvY (em 10/08/2016) Veja mais sobre gotas numa moeda em: É mais um vídeo do Iberê Tenório, criador do site “Manual do Mundo”. Até quando ela suporta? https://www.youtube.com/watch?v=mRLHpKvUFwQ (acessado em 06/08/2016) Tensão Superficial O experimento anterior pode ser repetido adicionando-se algum material sólido ao recipiente com líquido, ao invés de acrescentar mais líquido. https://www.youtube.com/watch?v=NwYb1ieKpOs (em 31/07/2016) A deposição continuada do material formará uma bolha que resistirá bastante ao acúmulo antes de se romper. No vídeo apresentado no link abaixo, foram depositadas moedas num copo com água até o limite de transbordamento. https://www.youtube.com/watch?v=6wgNAqqAmP0 (acessado em 07/08/2016) Também é difícil para um objeto sólido romper a tensão superficial para sair de um fluido como mostra o vídeo abaixo. Nesse fato baseia-se um método usado para medir a intensidade da tensão superficial de fluidos. Tensão Superficial Além de tudo ela também propicia imagens impressionantes. Tensão Superficial Tensão Superficial Tensão Superficial Tensão Superficial Aprontou, hein! Que vergonha! Tensão Superficial Embalado a vácuo??? A intensidade da tensão superficial varia de fluido para fluido, mas também é uma função da temperatura como se vê no gráfico abaixo para a água. Esse comportamento explica porque é mais eficiente usar água quente para remover gordura. Água e gordura naturalmente não se misturam, mas a água quente, com menor tensão superficial, consegue envolver as gotas de gordura e arrastá-las. A tensão superficial da água reduz-se com o aumento da temperatura. Saiba mais em http://www.omundodaquimica.com.br/curiosidade/sabao Este efeito se deve às diferenças entre os tipos de ligações químicas de cada substância. Substâncias TENSOATIVAS, também chamadas de SURFACTANTES, modificam a tensão superficial de outras. No caso da água quem exerce esse papel é o sabão ou o detergente. Eles se ligam às moléculas de água da superfície interferindo na atração mútua entre elas e reduzindo a tensão superficial. É por isso que se utiliza detergente com água para remover gorduras. A quebra da tensão superficial da água permite que ela englobe gotas de gordura para arrastá-las. Se combinar com água quente então, facilita ainda mais. Tensão Superficial Rompendo a tensão superficial com sabão Extraído de https://www.youtube.com/watch?v=yiz_NRO0lP0 (em 01/08/2016) Rompendo a tensão superficial: Fuga da Pimenta https://www.youtube.com/watch?v=pVevJ4WvXG8 (em 11/08/2016) Tensão Superficial Viscosidade É outro efeito derivado da coesão num fluido. Viscosidade Estudaremos esta propriedade em mais detalhes na próxima aula. Portanto, quanto mais viscoso é um fluido, menor é a sua deformação e mais lento é o seu escoamento, ou, pode-se dizer também, mais difícil é o deslocamento de um objeto sólido através dele. Essencialmente consiste na resistência do fluido em se deformar, ou seja, a resistência em escoar. 2) Adesão ou Aderência Corresponde à afinidade entre substâncias distintas. Esta propriedade da matéria possibilita que uma superfície sólida e um fluido, ou duas superfícies sólidas, de substâncias diferentes se mantenham unidos depois que entram em contato. O grau de aderência também é chamado de adesividade. A adesão é distinta da coesão. Esta é uma força de atração entre moléculas adjacentes dentro de um mesmo corpo e/ou material, enquanto a adesão é devida às forças de atração entre moléculas distintas. (Fonte: Adaptado da Wikipédia, consultada em 28/07/2016) Adesão ou Aderência Coesão Adesão Água aderida a uma teia Adesão ou Aderência Adesão entre argamassa e tijolos Adesão ou Aderência https://www.youtube.com/watch?v=yPIn95HLyGs (em 01/08/2016) Ação combinada: adesão e coesão Adesão ou Aderência Extraído de http://www.feiradeciencias.com.br/sala07/07_T01_05.asp Para conseguir descolar a lâmina de vidro é preciso vencer as forças de coesão da água e, portanto, a tensão superficial, mas a força de adesão não é superada pois a base da lâmina estará molhada após se separar da água, ou seja, uma camada de água ainda fica ligada ao vidro. Um experimento simples permite constatar a diferença de intensidade das forças de coesão e de aderência, conforme mostra a figura. Pela experiência observa-se que uma pequena quantidade de água quando colocada sobre a superfície de um vidro se espalha e adere a ele. No entanto, se na mesma experiência trocarmos a pequena quantidade de água por uma porção equivalente de mercúrio, o resultado não será o mesmo: o mercúrio não adere ao vidro. Se a água e o mercúrio são ambos líquidos, por que a água molha o vidro mas o mercúrio não? Para responder a esse questionamento devemos entender e analisar a diferença entre as forças moleculares de coesão e de aderência. A pequena quantidade de água adere à superfície do vidro porque, nessa situação, as forças de aderência superam as forças de coesão e, assim, a água molha o vidro. No caso do mercúrio, ocorre o contrário, ou seja, as forças de coesão entre as moléculas do líquido superam as forças de aderência e, consequentemente, o mercúrio não adere/molhao vidro. Extraído de http://brasilescola.uol.com.br/fisica/forcas-coesao-aderencia.htm As gotas de água aderem ao vidro do para-brisa dos automóveis. É preciso usar o limpador para removê-las ou adotar o artifício abaixo. As patas das lagartixas têm pelos microscópicos que incrementam sua aderência às superfícies. Incrível aderência Adesão ou Aderência Incrível aderência Adesão ou Aderência Pelos microscópicos das patas das lagartixas. Sua função é aumentar a quantidade de pontos de contato com a superfície. Teflon: a substância sintética com a menor aderência. Lagarto vs. Teflon Extraído de https://www.youtube.com/watch?v=9GQN8DLbpHU (acessado em 10/08/2015) Adesão ou Aderência Capilaridade A capilaridade é um fenômeno físico resultante da ação combinada das forças de adesão e coesão das moléculas de um fluido em estruturas ocas (tubos, poros, etc.). O fluido pode aderir às paredes internas da estrutura e escalá-la, ou, se as forças de coesão do fluido forem mais intensas, o fluido pode evadir-se da estrutura. É graças à capilaridade que a água desliza através das paredes de tubos ou desliza por entre poros de alguns materiais, como o algodão ou madeira, por exemplo. Quando se coloca um tubo de fino calibre em contato com água, o líquido tende a subir pelas paredes desse tubo, graças às forças de adesão e coesão. A adesão entre a água e o tubo faz com que as moléculas do líquido escalem as paredes internas; já graças à coesão entre as moléculas de água umas acabam arrastando as outras pela coluna, elevando o nível de água. Este fenômeno é utilizado pelas plantas no transporte de seiva bruta da raiz até as folhas através de uma estrutura chamada xilema. Capilaridade https://www.youtube.com/watch?v=w_tc8tlEoBs (em 02/08/2016) Transporte por capilaridade (em exibição acelerada). Capilaridade https://www.youtube.com/watch?v=ss8Xbx-FYBo (em 07/08/2016) Veja também a montagem de um “arco-íris” com este processo em https://www.youtube.com/watch?v=Ncv8Fm5HuX8 (em 07/08/2016) Colorindo Capilaridade https://www.youtube.com/watch?v=4aMj9249FAs (em 01/08/2016) Estrela com palitos de dente Capilaridade Veja outra estrela com palitos https://www.youtube.com/watch?v=43QGfOEweIs (em 01/08/2016) https://www.youtube.com/watch?v=_JoQyBg1BPc (em 11/08/2016) Capilaridade Desabrochando Em paredes a umidade infiltra-se por capilaridade o que exige muitas vezes a impermeabilização das mesmas. A porosidade de um material propicia a ocorrência de capilaridade. A fita veda-rosca é feita de teflon (o nome comercial do politretrafluoretileno ou PTFE) porque esse material não tem aderência e, portanto, também não propicia a infiltração por capilaridade pois ele repele a água, e assim não há possibilidade de haver vazamentos, obviamente se a quantidade de fita for a adequada. Meramente com fins ilustrativos. Não é propaganda do produto. Para os fluidos cuja adesão à superfície sólida é maior do que as forças de coesão, ocorre a capilaridade atrativa e verifica-se uma ascensão capilar do fluido. Neste caso verifica-se que quanto mais estreito for o tubo maior é altura que o fluido alcança. Isto ocorre devido à competição entre as forças de adesão e o peso do fluido que é menor em tubos mais estreitos. Isto é o que acontece com a água, por exemplo. https://www.youtube.com/watch?v=kNUnlnbdgMU (em 01/08/2016) Repare que a água sobe até pelo prego. Ascensão capilar Capilaridade No entanto, quando as forças de coesão são maiores do que as forças de adesão o fluido tem um comportamento distinto. Ocorre uma capilaridade repulsiva e verifica-se a depressão capilar. Isto ocorre com o mercúrio, por exemplo. Nestes casos, quanto menor o diâmetro do tubo menor também é a altura atingida pelo fluido. Compare os comportamentos da água e do mercúrio em tubos capilares idênticos. Ascensão capilar Depressão capilar Ascensão capilar Depressão capilar Note o comportamento dos fluidos nos lados externos dos capilares. Ele é condizente com o observado no interior dos tubos. A disputa entre as forças de adesão e de coesão num fluido afeta também a sua tensão superficial e faz surgir nos capilares os chamados meniscos que são as concavidades características de cada fluido nos tubos. Em fluidos nos quais as forças de coesão superam as de adesão serão formados meniscos convexos, como no mercúrio. Em fluidos nos quais as forças de adesão são mais intensas do que as de coesão os meniscos serão côncavos, como na água. Coesão > Adesão Menisco convexo Adesão > Coesão Menisco côncavo Menisco da água comparado com o menisco do mercúrio Água Mercúrio Observe um capilar de um termômetro. Se ele for de mercúrio aparecerá um menisco convexo, se ele for de álcool o menisco será côncavo. De qualquer forma deve-se sempre ter o cuidado de realizar a leituras do instrumento baseando-se no ponto extremo do menisco, como a figura abaixo indica. Alguns manômetros e barômetros também utilizam mercúrio para efetuar as suas medidas de pressões e neles também aparecerá um menisco convexo. Saiba mais detalhes em https://www.youtube.com/watch?v=H7YaGtQ4E7s (em 31/07/2016) Uma lamparina funciona segundo o mesmo princípio. O combustível (álcool, óleo, querosene, etc.) sobe pelo pavio até a chama por capilaridade, vaporiza e é queimado, enquanto o pavio permanece intacto. Veja mais em: https://www.youtube.com/watch?v=a-4LaPrhAW4 (em 31/07/2016) Uma vela também funciona graças à capilaridade. Ao acender-se a vela o calor gerado passa a derreter a parafina, esta então sobe pelo pavio por capilaridade e é vaporizada ao chegar perto da chama. O gás de parafina passa então a alimentar o fogo. Não é a parafina líquida que é queimada, tanto é assim que se virarmos a vela de ponta-cabeça para criar um fluxo de parafina sobre a chama esta apaga. Outro fenômeno que ocorre na vela acesa é a sua refrigeração por convecção. O ar aquecido pela chama sobe e o ar mais frio das redondezas movimenta-se em direção à vela mantendo-a refrigerada de forma a derreter lentamente. Adsorção e Absorção Adsorção e Absorção ADSORÇÃO é a incorporação de substâncias gasosas, ou dissolvidas, sobre a superfície de corpos sólidos ou de líquidos. A separação, em geral, não é complicada. Quando ficamos próximos a uma fogueira constatamos que nossas roupas ficam com o cheiro de fumaça. A fumaça é adsorvida pela roupa. A adsorção é um fenômeno superficial. Está relacionada com a adesão. É importante não confundir ADSORÇÃO com ABSORÇÃO. Esta última corresponde a uma incorporação, por dissolução ou por capilaridade, de uma substância em outra, e não apenas superficialmente. É o que comumente chamamos de impregnação. A separação, em geral, é difícil. Os corpos porosos são de um modo geral capazes de promover com grande eficiência tanto a adsorção como a absorção. O carvão vegetal adsorve grandes quantidades de gases e de impurezas dissolvidas, sendo usado na purificação da água, na clarificação de vinhos ou para eliminar odores de ambientes. Absorção Adsorção Extraído de https://www.youtube.com/watch?v=djIzXvwIz5U&list=PLeBilA8djZ0QFIoY03b6IGb0xwLxlUtIM (em 18/08/2016) Um exemplo simples pode esclarecer a diferença entre os doisefeitos. Se você derramar algum líquido sobre uma mesa e tentar usar uma folha de papel sulfite para limpar, espalhará o líquido mais do que o secará. O papel sulfite ADSORVE o líquido e não o absorve com facilidade. Para secar o líquido você deverá usar um papel toalha, ou um papel higiênico, ou um lenço de papel, ou ainda um pedaço de pano; estes sim conseguem ABSORVER o líquido. Mesmo assim tome cuidado, pois alguns tecidos têm fibras sintéticas e também não absorvem muito bem. Absorção Incrível: mercúrio dissolvendo o ouro Extraído de https://www.youtube.com/watch?v=gKxCw889qck (em 11/08/2016) Absorção Concreto permeável https://www.youtube.com/watch?v=ac8oz1lr7Vo (em 17/08/2016) Plasma: o quarto estado da matéria Plasma: o quarto estado da matéria O plasma é um gás ionizado. Para produzi-lo, aquece-se um gás a temperaturas altíssimas de tal forma que os elétrons passam a se separar dos átomos criando-se uma sopa de íons positivos (átomos sem elétrons, cátions) e de elétrons livres. No interior das estrelas, como o nosso Sol, a matéria encontra-se nesse estado. O Sol Em razão das enormes temperaturas, a matéria nas estrelas não forma átomos, pois elétrons e núcleos atômicos não conseguem se juntar, e, obviamente, tampouco se formam moléculas. A coesão e a integridade das estrelas são mantidas pelo equilíbrio entre duas tendências opostas: a de expansão, devida às altíssimas temperaturas, e a de contração, devida à sua imensa atração gravitacional. Plasma: o quarto estado da matéria O Sol está continuamente ejetando um jato de plasma que atinge a Terra e os demais planetas. É o vento solar. Ele se torna ainda mais intenso quando ocorrem as tempestades solares. O campo magnético de nosso planeta nos protege do vento solar, embora ele não seja tão efetivo nas mais intensas tempestades. Concepção artística de uma explosão solar. O vento solar é desviado pelo campo magnético da Terra em direção aos polos gerando o espetacular fenômeno das auroras polares: a boreal (norte) e a austral (sul). O plasma solar ioniza o ar em grandes altitudes produzindo essas cortinas brilhantes e esvoaçantes Trata-se de um plasma gerando outro plasma. Aurora vista do espaço. https://www.youtube.com/watch?v=Dxx0VAtNSZ8 (em 21/08/2016) Auroras polares Plasma: o quarto estado da matéria Em junho de 2016, a NASA divulgou fotos do planeta Júpiter mostrando a ocorrência de uma aurora boreal naquele astro. É um fenômeno esperado já que Júpiter tem um campo magnético imenso. O plasma surge também durante descargas elétricas atmosféricas. As intensas correntes elétricas dos raios (cerca de 28 kA) ionizam o ar produzindo o seu brilho característico, o relâmpago. Na verdade, o brilho é produzido quando os elétrons arrancados de seus átomos são recapturados e devolvem, na forma de luz, a energia cinética extra que haviam recebido. Descargas elétricas no espaço não produziriam relâmpagos pois não há ar para ser ionizado, nem qualquer matéria em densidade apreciável. Obviamente não gerariam trovões também. Por essa mesma razão o vento solar não é visível, apenas detectamos sua presença através dos efeitos que provoca sobre satélites e também quando ele adentra a atmosfera. Na formação de arcos elétricos (arcos voltaicos), em eletrodos de solda e entre circuitos elétricos, há ionização do ar e o surgimento de plasma. No interior de lâmpadas fluorescentes também é formado um plasma através da ionização do gás presente em seu interior. Pode-se dizer que tais lâmpadas geram “relâmpagos controlados”. Sabemos como esses “relâmpagos” podem incomodar se saem do controle. https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/30/Fluorescent_beat_effect.ogv/220px-- Fluorescent_beat_effect.ogv.jpg (em 21/08/2016) O plasma também pode ser usado como objeto de decoração e como um brinquedo curioso. Globo de Plasma O plasma também surge no atrito de objetos sólidos com o ar em altíssimas velocidades (hipersônicas); o ar é aquecido a ponto de ionizar-se. Tal situação ocorre quando asteroides ou lixo espacial (restos de veículos lançadores e satélites desativados) adentram a nossa atmosfera; o plasma gerado na fricção desses bólidos com o ar os consomem, e, em geral, os desintegram após percorrerem alguns quilômetros, evitando assim que atinjam o solo (felizmente!). O plasma também aparece sob espaçonaves durante o seu retorno ao planeta que se dá em incríveis velocidades; esta é uma manobra delicada e perigosa porque se a blindagem térmica falhar custará a vida dos astronautas, como já ocorreu com o ônibus espacial Columbia da NASA em 2003. Os novíssimos aviões hipersônicos em projeto enfrentarão o mesmo problema. https://www.youtube.com/watch?v=sMktaiW9_1M (em 03/08/2016) Reentrada de satélite europeu GOCE na atmosfera da Terra em novembro/2013 Plasma: o quarto estado da matéria Você pode assistir uma manobra de reentrada de dentro da cabine do ônibus espacial no link https://www.youtube.com/watch?v=j1vmVJKqUFE (em 03/08/2016) Estresse de temperatura sob o escudo térmico do ônibus espacial Plasma: o quarto estado da matéria Reingresso de cápsula espacial na atmosfera da Terra. Plasma: o quarto estado da matéria Para estudar os efeitos de plasma sobre materiais desenvolveram-se os TÚNEIS DE VENTO HIPERSÔNICOS que aceleram o ar a velocidades tais que o quarto estado da matéria surge no atrito com um protótipo ou amostra. No Brasil temos um Túnel de Vento Hipersônico instalado no Centro Técnico Aeroespacial (CTA) de São José dos Campos/SP, e aqui representado. https://www.youtube.com/watch?v=yevf3lsFIns (em 11/08/2016) https://www.youtube.com/watch?v=rGcd7Vh-J5A (em 11/08/2016) Veja mais detalhes em: https://www.youtube.com/watch?v=2nUEI5KogDE (em 08/08/2016) Túnel de Vento Hipersônico da Agência Espacial Europeia (ESA) Plasma: o quarto estado da matéria https://www.youtube.com/watch?v=5dovW51PXlI (em 10/08/2016) Na área industrial utiliza-se o plasma para usinagem devido às suas altíssimas temperaturas que permitem realizar cortes consideravelmente limpos e precisos. Plasma: o quarto estado da matéria “terra” “água” “ar” “fogo” Olhando para a figura anterior dos quatro estados da matéria não há como não se lembrar da antiga concepção dos “quatro elementos da natureza”: Já se sabe há muito tempo que essa associação simplista é incompleta e incorreta, mas devido a algumas confusões é preciso afirmar que: Fogo NÃO É Plasma Fogo não é Matéria, portanto, Fogo não é Plasma. Fogo pode produzir Plasma. O fogo é a manifestação perceptível de uma violento processo de conversão de energia química em energia térmica e em energia luminosa. Uma reação química exoérgica e exotérmica. Não ocorre qualquer ionização mas sim uma rápida e continuada reação de oxirredução (troca de elétrons) entre as moléculas do comburente e do combustível, resultando em moléculas de substâncias diferentes (CO, CO2, H2O, etc.). Essa troca acelerada de elétrons produz emissão de radiação: a luz visível característica do fogo e também a invisível emanação em infravermelho. Esse mesmotipo de reação acontece no interior das células para fornecer a energia necessária às atividades dos seres vivos. Há uma “queima controlada” na qual a glicose (açúcar), obtida dos alimentos, é combinada com o gás oxigênio, obtido na respiração, liberando a energia que é captada por outras moléculas, através de um engenhoso e complicado processo (o ciclo de Krebbs). Essa energia é depois empregada nas várias funções desempenhadas pelas células e pelos tecidos. Também ocorre a liberação de CO2 e H2O como resíduos dessas reações. Essa é a nossa verdadeira “chama interior”. Bibliografia http://www.infoescola.com/fisica/coesao-e-adesao-da-agua/ (em 23/05/2016) http://brasilescola.uol.com.br/fisica/forcas-coesao-aderencia.htm (em 31/07/2016) http://www.alfaconnection.pro.br/fisica/fisicoquimica/tensao-superficial/conceitos- basicos/ (em 11/08/2016) http://www.alfaconnection.pro.br/fisica/fisicoquimica/tensao-superficial/tensoativos/ (em 11/08/2016) http://www.infoescola.com/fisica/capilaridade/ (em 11/08/2016) http://www.feiradeciencias.com.br/sala07/07_T01_05.asp (em 11/08/2016)
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