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Artigo - Gravidez Ectopica

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Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri 
IV Encontro Universitário da UFC no Cariri
Juazeiro do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 2012
1. Monitora da disciplina de obstetrícia, acadêmica da Universidade Federal do Ceará, Campus 
Cariri, Barbalha, CE, patricia_bacurau@hotmail.com 
2. Monitora da disciplina de obstetrícia, acadêmica da Universidade Federal do Ceará, Campus 
Cariri, Barbalha, CE, natanytuck@hotmail.com 
3. Docente da disciplina de ginecologia e obstetrícia da Universidade Federal do Ceará, Campus Cariri, 
Barbalha, CE, nilenebarros@hotmail.com 
PREVALÊNCIA DE GESTAÇÃO ECTÓPICA DE TRATAMENTO 
CIRURGICO EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA NO MUNICÍPIO DE 
BARBALHA/CE, NO PERÍODO DE 2006 A 2012 
Patrycia Aparecida Moreira Bacurau 
1 
Natania Tuanny Damasceno Inácio 
2 
Nilene Clemente Barros
3 
 
1. Introdução/ Desenvolvimento 
Gravidez ectópica (GE) é a implantação e o desenvolvimento do ovo fora da grande 
cavidade uterina. É uma hemorragia do primeiro trimestre da gestação, podendo se manifestar 
com quadro abdominal agudo, que impõe diagnóstico precoce e assistência de urgência. 
(ZUCCHI, 2004) Mais de 95% de todas as gravidezes ectópicas são localizadas na trompa de 
Falópio. As mulheres com gravidez ectópica de localização tubária (GET), não só 
apresentam um aumento da taxa de infertilidade, como também têm um risco aumentado para 
GET em gestações futuras. (SHAO, 2009) 
Nos países desenvolvidos, entre 1% e 2% de todas as gravidezes relatadas são 
gestações ectópicas (comparável à incidência de gravidez gemelar espontânea). A incidência 
é prevista para ser maior nos países em desenvolvimento, mas os números específicos são 
desconhecidos. (SIVALINGAM, 2011) 
No Brasil não existem medidas de prevalência nacionais ou mesmo regionais de GE, 
entretanto, devido ao grande número de mulheres em idade reprodutiva, ao comportamento 
sexual facilitador de infecções de trato reprodutivo, à maior frequência de uso do DIU e à 
facilidade diagnóstica proporcionada pelo radioimunoensaio da gonadotrofina coriônica e 
pelos novos aparelhos de ecografia, é possível que possa existir variação na frequência de GE 
nos últimos anos. (FERNANDEZ, 2007). 
A gravidez ectópica é uma causa importante de morbidade e mortalidade. Dados do 
Reino Unido a partir da investigação confidencial sobre as mortes maternas demonstra um 
número estático de mortes por gravidez ectópica nos últimos vinte anos, com a taxa de 
gravidez ectópica permanecendo inalterada em cerca de 1,5% gestações, ou mesmo 
aumentando ligeiramente. (WEDDERBURN, 2010) No entanto, no mundo em 
desenvolvimento tem sido estimado que 10% das mulheres que chegam ao hospital com um 
diagnóstico de gravidez ectópica por fim morrem por esta condição (SIVALINGAM, 2011). 
A prevalência de GE está diretamente relacionada às infecções do trato reprodutivo 
(ITR), especialmente a causada pela chlamydia trachomatis. Em estudo caso-controle 
associado a dados populacionais europeus, entre os mais importantes fatores de risco para GE 
esteve o antecedente de doença inflamatória pélvica (DIP) e o hábito de fumar; outros fatores 
foram infertilidade, abortos espontâneos e uso do dispositivo intrauterino, DIU. A utilização 
do DIU pode estar relacionada à GE devido à falha do método contraceptivo, por outro lado, 
seu uso pode constituir-se em fator de risco para DIP. (FERNANDEZ, 2007) 
A presença de dor abdominal e sangramento vaginal em uma mulher conhecida ou 
Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri 
IV Encontro Universitário da UFC no Cariri
Juazeiro do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 2012
suspeita de ser grávida deve ser avaliada urgentemente, a fim de investigar a possibilidade de 
uma GE ou aborto espontâneo (BARNHART, 2008). Os sintomas clássicos da gravidez 
ectópica são amenorreia secundária, dor abdominal e hemorragia vaginal, com um quadro 
clínico de diferente intensidade. Na maioria dos casos (95%) a gravidez é tubária, mas outros 
locais são possíveis (cervical, do ovário, da córnea, peritoneal). (STUCKI, 2008) 
Apesar dos avanços médicos, o diagnóstico de gravidez ectópica em mulheres 
apresentando no início de gravidez continua a ser difícil. A maioria apresenta-se com dor e 
sangramento, sintomas comuns que também podem ser acidentais, ou devido a aborto (uma 
em cada cinco gestações) (WEDDERBURN, 2010). 
Há limitações nas estratégias atualmente empregadas para o diagnóstico GE. Mesmo 
com a utilização de algoritmos de diagnóstico que avaliar sistematicamente todas as mulheres 
em situação de risco para uma GE, apenas 50% de mulheres com uma GE pode ser 
diagnosticada com a apresentação. Diagnóstico em 50% restantes representa um dilema 
clínico e pode demorar até 6 semanas. Assim, uma combinação de ultrassonografias de série e 
os níveis de hCG é o mais eficiente método de vigilância e diagnóstico final de mulheres em 
situação de risco. No entanto, esta estratégia de diagnóstico é cara e exige um alto índice de 
suspeita clínica (BARNHART, 2008). 
A opção terapêutica depende muito do estado hemodinâmico da paciente e também da 
localização e da idade da gravidez extrauterina, respectivamente. (STUCKI, 2008) No caso de 
uma gravidez tubária, a cirurgia é a conduta padrão no tratamento. A laparotomia deve ser 
realizada nos casos de ruptura tubária com instabilidade hemodinâmica; nas outras situações, 
a via preferencial é a laparoscópica, por inúmeras vantagens - entre elas, menor tempo de 
internação, recuperação mais rápida e menores custos. A grande controvérsia atual no 
tratamento cirúrgico, nas pacientes desejosas de preservar o futuro reprodutivo, é entre a 
cirurgia radical (salpingectomia) e a cirurgia conservadora (salpingostomia). (JUNOR, 2008) 
Outra alternativa é o tratamento medicamentoso com metotrexato, o qual pode ser 
realizado como intenção primeira que é reservada aos estáveis, pacientes assintomáticos, 
sem evidência de hemoperitônio no ultrassom ou suspeita de ruptura tubária. Como segunda 
intenção, é utilizado na persistência da porcentagem de ß-hCG no soro após tratamento 
cirúrgico por salpingotomia. Vários estudos têm mostrado que a taxa de sucesso da terapia 
primária com metotrexato atinge entre 74-100% (STUCKI, 2008). 
A gestação ectópica é uma patologia frequente nos serviços de ginecologia e 
representa um grave problema para a saúde das mulheres durante a vida reprodutiva, devido 
sua alta taxa de morbimortalidade. 
Diante deste quadro, é de grande importância a realização de um estudo que busque 
reconhecer a prevalência dessa patologia e procure identificar o perfil das pacientes que a 
apresentam, a fim de servir como material de orientação para os profissionais da área de 
saúde que trabalham em serviços de referência no atendimento dessas mulheres. Pois, 
profissionais bem orientados conseguem estabelecer um diagnóstico precoce da patologia e 
adotar uma conduta terapêutica adequada, trabalhando assim de maneira a reduzir os altos 
índices de morbimortalidade. 
Os objetivos deste estudo foram determinar a prevalência de mulheres com gestações 
ectópicas submetidas a tratamento por laparotomia no Hospital Maternidade São Vicente de 
Paulo no município de Barbalha/ CE, no período de setembro de 2006 a setembro de 2012 e 
avaliar o perfil dessas gestantes. 
Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri 
IV Encontro Universitário da UFC no Cariri
Juazeiro do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 2012
2. Metodologia/ Resultados 
Foi um estudo transversal descritivo- exploratório retrospectivo. O número de 
mulheres submetidas à laparotomia devido gestação ectópica no período de 01/09/2006 a 
01/09/2012 e seus prontuários foram localizados e posteriormente revisados. As variáveis 
estudadas foramidade, estado civil e procedência da mulher, trabalho fora ou no lar, número 
de gestações anteriores e diagnóstico de gravidez ectópica íntegra ou rôta. A análise de dados 
foi inicialmente descritiva, mediu-se a frequência anual da patologia e o número total de 
laparotomias em mulheres no período no mesmo serviço, estabelecendo- se a percentagem 
anual segundo cada denominador. Posteriormente, realizou- se regressão logística utilizando o 
Excel. 
Foram submetidas à laparotomia 52 mulheres com GE, todas de localização tubária. 
Do total, 33 delas residiam na cidade e 19 procediam de cidades da região metropolitana. A 
maior parte das mulheres tinha entre 20 e 30 anos de idade e quatro eram adolescentes (Tabela 
1), 57,7% das mulheres eram casadas ou amasiadas. Um quarto das mulheres referiu ser 
estudante, do restante 17 referiram ser do lar e 22 referiram trabalhar fora do lar. Quanto aos 
antecedentes obstétricos, 25 mulheres (48%) tinham pelo menos um filho vivo e 27(52%) 
eram nulíparas. O diagnóstico intra-operatório em 47 mulheres (90,3%) foi de gestação 
ectópica rôta. A prevalência de GE submetidas à laparotomia no serviço manteve-se estável 
durante os sete anos levantados, e correspondeu a 24,5% do total de laparotomias realizadas 
em mulheres no período estudado (Tabela 2). 
Tabela 1- Perfil das mulheres internadas por GE 
Características das mulheres Frequência (%) 
Faixas de idade 
< 19 anos 4 (7,6) 
20 – 24 13 (25) 
25 – 29 14 (26,9) 
30 – 34 11 (21,1) 
> 35 anos 10 (19,2) 
Estado marital 
Casada/amasiada 30 (57,6) 
Solteira 22 (42,3) 
Ocupação 
Estudante 13 (25) 
Do lar 17 (32,6) 
Trabalho fora do lar 22 (42,3) 
Procedência 
Barbalha 33 (63,4) 
Outras cidades da região metropolitana 19 (36,5) 
Paridade 
Nulipara 27 (51,9) 
Pelo menos 1 filho 25 (48,0) 
 
Total 52 (100,0) 
 
Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri 
IV Encontro Universitário da UFC no Cariri
Juazeiro do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 2012
Tabela 2- Número de GE submetidas à laparotomia no período de 2006-2012 
Ano Número de GE Número de laparotomias em mulheres (% GE) 
2006 3 8(37,5) 
2007 8 22(36,3) 
2008 15 33(45,4) 
2009 7 47(14,8) 
2010 9 47(19,1) 
2011 4 26(15,3) 
2012 6 29(20,6) 
Total 52 212(24,5) 
 
3. Considerações Finais 
A gestação ectópica constitui patologia grave, cursa com alta morbidade e segue sendo 
desafio constante dentro dos nossos serviços de obstetrícia. É necessário realizar um trabalho 
para diminuir o número de mulheres com sequelas tubárias. Tal atitude se faz através da 
instituição de diagnóstico e tratamento precoce para os casos de infecção do trato reprodutivo 
e também por meio da implementação do diagnóstico precoce em mulheres com GE em fase 
inicial, apresentando poucos sintomas, para se realizar um tratamento menos agressivo A 
aquisição de dados próprios da prevalência de casos de evolução avançada é de extrema 
importância para nortear medidas médicas locais de apoio ao diagnóstico precoce. Entretanto, 
também é necessário realizar estudos sobre a incidência e prevalência em áreas regionais, com 
dados recolhidos nos demais serviços. A contribuição de estudos mais abrangentes na 
população é importante para que a sensibilização dos profissionais de saúde e maior atenção 
ao diagnóstico e tratamento precoces da patologia sejam implementados. 
4. Referências 
Barnhart, K.T. et al. Prediction of Location of a Symptomatic Early Gestation Based 
Solely on Clinical Presentation. NIH Public Acess, Philadelphia, p. 1319-1326 dez. 
2008. 
Fernandez A.M.S.; Moretti; T.B.C.; Olivotti, B.R. Aspectos epidemiológicos e 
clínicos das gestações ectópicas em serviço universitário no período de 2000 a 2004. 
Rev. Associação Médica Brasileira, São Paulo, p. 213-216 2007. 
Junor, J.E. et al. Gravidez ectópica não rota – diagnóstico e tratamento. Situação 
atual. Rev. Brasileira de ginecologia e obstetrícia, São Paulo, p. 149-159 mar. 
2008. 
Shao, R. Understanding the mechanisms of human tubal ectopic pregnancies: new 
evidence from knockout mouse models. Human reproduction, Gothenburg, v.25, 
n.3, p. 584-587 dez 2009. 
Sivalingam, V.N. et al. Diagnosis and management of ectopic pregnancy. UKPMC 
Funders Group, Edinburgh, p. 231-240 out. 2011. 
Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri 
IV Encontro Universitário da UFC no Cariri
Juazeiro do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 2012
Stucki, D.; Buss, J. The ectopic pregnancy, a diagnostic and therapeutic challenge. 
Journal of Medicine and Life, Fribourg, v. 1, n. 1. jan-mar. 2008. 
Wedderburn, C.J. et al. Economic evaluation of diagnosing and excluding adtopic 
pregnancy. UKPMC Funders Group, Edinburgh, p. 328-333 fev. 2010. 
Zucchi, R. M. ET al. Gravidez ectópica após contracepção de emergência: Relato de 
Caso. Rev. Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, São Paulo, v. 6, n.9, 2004.

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