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Revisão AP 1 2016.2

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Revisão
Literatura Portuguesa I
1- Em que momento podemos verificar em “Os Lusíadas” um contra-discurso ao projeto expansionista das navegações?
Podemos verificar em “Os Lusíadas” um contra-discuso ao projeto expansionista das navegações no momento em que no porto de Belém, um ancião, o Velho do Restelo, eleva sua voz, manifesta sua oposição às viagens às Índias. Sua fala focaliza a sobrevivência da mentalidade feudal, agrária, oposta ao expansionismo e às navegações, que no caso configuravam os interesses da burguesia e da monarquia.
2- Em que medida as crônicas de Fernão Lopes se tornam importantes na construção de uma identidade portuguesa?
Fernão Lopes se tornou um importante cronista de Portugal, apresentando diversos fatos históricos importantes, desde a origem do português até o reinado de D. João I. Fernão Lopes utiliza em suas crônicas um pacto com a verdade, sendo caracterizado como “aquele que deu voz ao povo.”. Descreveu acontecimentos como a formação da dinastia de Avis, onde em 1383, morre D. Fernando I, sem deixar herdeiros. Com a ausência de descentes reais, Portugal entra em uma séria crise monárquica, instaurou-se dois grupos rivais na disputa pelo trono: de um lado, Dona Leonor Teles (viúva de D. Fernando) que comandava o grupo apoiado pela nobreza tradicional, defendia a união de Portugal ao reino de Castela, de outro lado D. João (Mestre de Avis e irmão ilegítimo de D. Fernando), que encabeçava o grupo apoiado pela burguesia, pela nobreza militar e pelas plebes urbanas e rurais. Uma eventual união de Portugal com Castela seria desastrosa para a burguesia portuguesa. E então, em 1385, as tropas de D. João esmagaram os castelhanos. Iniciava a dinastia de Avis em Portugal, que seria marcada pela consolidação da aliança real com a burguesia. D. João sob a pena de Fernão Lopes aparece para o povo como uma espécie de Imperador dos Últimos Tempos, capaz de estabelecer em Portugal um novo período de felicidade. Este ficou conhecido e se tornou símbolo de identidade portuguesa. Além da Batalha de Ourique, descrita na Crônica de 1419, onde o autor atribui um sentido sagrado a existência e ação dos portugueses ao longo da formação como povo português. 
3- De que forma o “Auto da Índia” de Gil Vicente se relaciona ao texto camoniano “Os Lusíadas”? No texto do autor prevalece um tom distópico ou utópico sobre as grandes navegações?
O “Auto da Índia” é uma peça de teatro, passada a altura em que Portugal sofria grandes transformações socioeconômicas, num ponto em que portos estavam constantemente cheio de embarcações que chegavam e partiam, em que os cais eram inundados com mercadorias nunca antes vistas e estrangeiros que vinham de todos os cantos da Europa para as compras. Sendo assim, em um tom distópico, Gil Vicente cria uma ironia no uso do título da peça, pois ela não fala sobre a expansão ultramarina na Índia e muito menos glorifica-a como outras obras da altura. Como autor satírico, preferiu explorar as consequências nas relações matrimoniais, expondo, aquilo que ocorria entre casais em que o marido passava longos meses em alto mar e a mulher sozinha em casa. A peça se relaciona com “Os Lusíadas”, pelo fato de curiosamente Camões expressar a mesma ideia no episódio conhecido como “Velho do Restelo” levantando a dúvida se teria ou não visto uma representação desta peça de Gil Vicente.
4- Como a obra “Viagens na minha terra” de Almeida Garret tematiza as relações entre território e deslocamento?
Garret subverte o deslocamento sempre marítimo para apresentar um realizado para o interior do país, Santarém. A obra busca transparecer viagens, onde, desde do século XIV, os navegadores portugueses registravam, com suas histórias de navegação. Nesse caso, em específico temos a viagem de Lisboa a Santarém. Tematiza o deslocamento de um local a outra e as descrições do território e os homens que encontravam. A obra não se resume a navegação do desejo de conquistar novos territórios, mas, através do contato com outros povos e culturas, pensar uma nova maneira para o seu próprio eu. 
5- Em que momento da obra de Garret temos evidenciado o eixo escrita? E de que forma?
Garret utiliza da dupla narrativa evidenciando a uma construção de mise em abyme, um eixo de escrita bem distinto, onde o narrador conta suas impressões de viagens, intercalando citações literárias, filosóficas e históricas das mais diversas, com um tom subjetivo e repleto de digressões e intertextualidade, juntamente com o drama amoroso de Carlos e Joaninha. Os personagens funcionam como uma visão simbólica de Portugal, buscando-se através disso as causas da decadência do Império Português. O final do drama, que culmina na morte de Joaninha e na fuga de Carlos para tornar-se barão, representa a própria crise de valores em que o apego a materialidade e ao imediatismo acaba por fechar um ciclo de mutações de caráter duvidoso e instável.
6- De que modo a história dos Ramires abordada pelo protagonista Gonçalo Mendes em “A Ilustre casa de Ramires” de Eça de Queirós articula uma relação da escrita com o presente e o passado português?
O caráter paradoxal do protagonista, volúvel e persistente; desleixado e escrupuloso; sonhador e pragmático; vaidoso e despojado; melancólico e falador; medroso e afoito; covarde e heroico; apegado ao passado, mas que, num arroubo visionário, arremete-se à aventura africana; bom e mau; todo esse jogo de contradições impõe a antítese como o elemento estrutural do romance, a partir da engenhosa solução de embutir no romance realista do século XIX uma novela histórica, ambientada no século XIII, e de entrelaça-las com um jogo de antíteses, em torno do eixo fundamental: presente (a decadência) x passado (o heroísmo, a glória).
O livro faz uma analogia com o que estava acontecendo em Portugal política e culturalmente, e com o passado histórico do país. Através de Ramires, Eça de Queirós tenta mostrar os valores do passado com os valores atuais considerados falidos.
7- Em “Sentimento dum Ocidental” como é caracterizado o espaço urbano? Que relações essa descrição propicia para compreensão do território português naquele momento?
O “Sentimento dum Ocidental” se constrói como uma observação da cidade de Lisboa e uma reflexão spbre ela. Portugal, antes celebrado por seus feitos e conquistas, por sua grandiosidade e poder, agora é apresentado através de uma cidade suja e malcuidada, sofrendo ameaças da Peste e do Cólera e da Inglaterra. Cesário Verde, como um flâneur que passeia pela cidade, descreve-a com detalhe do mesmo tempo em que reflete sobre o que está sendo visto e sofre com isso, construindo assim um panorama do Portugal Contemporâneo. O olhar do eu-lírico é para dentro (território) e não para o mar, este aparece no seu poema como fuga da rrealidade opressora da cidade.

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