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O ENSINO DE GRADUAÇÃO DE ZOOLOGIA

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1 
 
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE 
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE 
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 
 
 
 
 
 
 
Débora Raysa Aguiar Penha 
Luiza Ximenes Capel 
 
 
 
 
O ENSINO DE GRADUAÇÃO DE ZOOLOGIA: UTILIZAR OU NÃO RECURSOS 
AUDIOVISUAIS TRADICIONAIS? 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2011 
 
2 
 
Débora Raysa Aguiar Penha 
Luiza Ximenes Capel 
 
 
 
 
 
O ENSINO DE GRADUAÇÃO DE ZOOLOGIA: UTILIZAR OU NÃO RECURSOS 
AUDIOVISUAIS TRADICIONAIS? 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da 
Universidade Presbiteriana Mackenzie, como 
exigência parcial para a obtenção do grau de 
Licenciatura em Ciências Biológicas. 
 
 
 
Orientadora: Profª Drª Mônica Ponz Louro 
 
 
 
 
São Paulo 
2011 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“As pessoas têm medo das mudanças. 
Eu tenho medo que as coisas nunca 
mudem.” 
(Chico Buarque) 
 
4 
 
AGRADECIMENTOS 
 A realização deste trabalho não seria possível sem algumas peças fundamentais 
que nos auxiliaram nessa importante etapa da nossa vida. 
 A primeira e fundamental peça é Deus que nos possibilitou chegar até aqui 
através de seu sustento e cuidado. 
 Agradecemos a professora Mônica Ponz Louro pela sua dedicação, atenção e 
empenho a nos orientar em todas as etapas desse trabalho de modo a nos 
proporcionar um bom rendimento e desempenho em nossas atividades e gerar uma 
boa expectativa a respeito de sua conclusão. 
 Agradecemos a todos os professores que participaram do processo de nossa 
formação docente, em especial a Magda Medhat Pechliye que, além de tudo que nos 
proporcionou, também esteve mais próxima do nosso processo de elaboração desse 
trabalho, nos auxiliando em pequenos, porém essenciais detalhes, e se dedicando 
sempre que precisávamos de seu apoio. 
 Agradecemos também aos nossos familiares e amigos, em especial Gregory 
Duca Giovanelli, Marcello Silviano Brandão, Manaira Tobias e Gabriela Polster que 
deram a sua contribuição para a realização de diferentes etapas deste trabalho. 
 Enfatizamos, finalmente, o companheirismo apresentado por ambas as autoras 
do trabalho em questão, pois a ajuda mútua foi essencial para elaboração e 
concretização desse Trabalho de Conclusão de Curso. 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
RESUMO 
O presente trabalho tem o objetivo de analisar a utilização dos recursos audiovisuais 
como complemento ao ensino de Zoologia em nível de graduação e foi realizado 
mediante levantamento bibliográfico. Os recursos audiovisuais se apresentam como 
vantajosos e sua utilização apresenta-se em sala de aula integrada a diversos fatores. 
Assim com relação ao ensino de Zoologia esses recursos podem complementar os 
processos de ensino da matéria tornando-se eficazes mecanismos de apoio. Em 
integração à análise bibliográfica, dois vídeos de diferentes anos e fontes que tratavam 
de assuntos referentes aos animais invertebrados e vertebrados foram analisados e 
descritos quanto à natureza e estrutura de seus conteúdos. Foram analisados aspectos 
do vídeo que se relacionavam com os princípios da utilização dos audiovisuais; com 
ensino a nível superior; ensino de Zoologia; sua relação com as abordagens tanto 
tradicional como construtivista e as desvantagens dos audiovisuais incluindo aspectos 
negativos dos dois vídeos. As frequências relativas dos diferentes aspectos tratados 
nos conteúdos dos dois vídeos foram analisadas e serviram como base de comparação 
entre ambos. Estes aspectos foram também relacionados aos fundamentos 
encontrados na literatura consultada e exposta no referencial bibliográfico. Conclui-se 
que a utilização de audiovisuais é uma importante ferramenta de apoio ao ensino de 
Zoologia em nível superior, ressaltando-se que devam ser empregados critérios e 
formas corretas para essa utilização, de maneira cautelosa que não causem 
interferências, contradições e erros conceituais no processo de ensino. 
 
Palavras-chave: audiovisuais, ensino, Zoologia, tecnologia educacional. 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
ABSTRACT 
This research’s goal is to analyze the use of audiovisual resources as a complement of 
zoology teaching at graduation levels and was developed with bibliographic background. 
The audiovisual resources are considered advantages and their usage presents itself 
integrated with several factors at the classroom. Relating to the teaching of zoology 
these resources can complement the process of teaching the subject matter, thus 
becoming an efficient support mechanism. Integrating the biological analysis, two videos 
of two different years and sources regarding invertebrate and vertebrate animals wore 
analyzed and briefly described as to their nature and their contents’ structure. The video 
aspects that related to the principle of the audiovisuals’ use, teaching superior level, 
zoology teaching, their relation with the traditional and constructive approaches and the 
disadvantages of the audiovisuals including the negative aspects of both videos wore 
analyzed. The relative frequencies of different aspects regarding the contents of both 
videos wore analyzed and wore used as comparison base between the two videos. This 
aspects also wore related with the found fundaments of the consulted literature and 
exposed at the bibliographic referential. Based on the videos’ analysis and the 
referenced works, it’s concluded that audiovisuals are important support tools for 
zoology teaching at superior levels, highlighting that certain criteria and correct forms of 
use must be employed, so it doesn’t interfere, contradict or make conceptual mistakes at 
the teaching process. 
Keywords: audiovisuals, teaching, Zoology, educational technology. 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................... Error! Bookmark not defined. 
2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................... Error! Bookmark not defined. 
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................... Error! Bookmark not defined. 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................... Error! Bookmark not defined. 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................... Error! Bookmark not defined. 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................ Error! Bookmark not defined. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
1. INTRODUÇÃO 
O ensino superior é caracterizado, principalmente, pelo verbalismo, no qual o 
professor é o detentor do conhecimento transmitindo suas informações e experiências 
ao aluno. Frente a esse tipo de ensino, denominado tradicional, existem algumas 
propostas de recursos que podem ser utilizados como complemento ao trabalho do 
professor. 
Atualmente o computador e a internet estão sendo tão utilizados, que os 
audiovisuais acabam sendo ignorados como se já estivessem ultrapassados ou como 
se não fossem mais tão importantes, porém, esses meios ainda desempenham um 
papel educacional relevante, passando continuamente informações, privilegiando 
alguns fatores em detrimento de outros. 
Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo analisar a utilização 
complementar do recurso audiovisual com ênfase no ensino de Zoologia em nível 
superior com base em levantamento bibliográfico. Dentre os audiovisuais existentes, éenfatizado aqui o audiovisual denominado de tradicional. 
O trabalho encontra-se dividido em três partes sendo estas: referencial teórico, 
metodologia e resultados e discussão. 
No referencial teórico são abordadas informações encontradas na literatura a 
fim de conceituar aspectos fundamentais como: as diferentes abordagens de ensino e 
aprendizagem, o ensino de Zoologia, a utilização dos audiovisuais e a educação não-
formal. 
Na metodologia são esclarecidos os procedimentos técnicos escolhidos para a 
realização do trabalho em si, evidenciando, sobretudo, como foi o processo de escolha 
e análise dos vídeos selecionados, no sentido de complementar o levantamento 
bibliográfico. 
Em seguida são apresentados os resultados da análise dos vídeos juntamente 
com a discussão de interpretações sobre as imagens e os textos referentes a estas, 
9 
 
relacionando assim, os aspectos encontrados com o referencial teórico, já previamente 
abordado. 
Por fim, são apresentadas algumas considerações finais a respeito do trabalho 
concluindo assim, a realização deste. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
2. REFERENCIAL TEÓRICO 
A palavra “ensino” pode ser definida como sendo uma atividade que visa 
produzir aprendizagem para quem a recebe, prevalecendo um relacionamento entre o 
aluno e o mestre, no fim de proporcionar conhecimentos. A aprendizagem, por sua vez, 
pode ser tida como um conjunto de atividades ou ações que conduz uma pessoa a 
transformar-se, adquirindo novos hábitos, atitudes e habilidades resultantes da 
construção do conhecimento. É uma mudança relativamente duradoura do 
conhecimento, comportamento ou compreensão que resulta da experiência, sendo 
assim, existem diferentes modelos de aprendizagem que são determinados pela 
experiência de ensino (ANTUNES, 2001). 
Dentre os modelos de ensino e aprendizagem existentes, serão aqui 
explicitados alguns como a abordagem tradicional e a abordagem construtivista, 
abordagens estas que vem sendo confrontadas nessas últimas décadas. 
A abordagem tradicional se fundamenta em uma prática educativa e em sua 
transmissão através dos anos, incluindo assim, tendências e manifestações diversas. 
Nesse tipo de abordagem, o adulto é considerado um homem “pronto” e o aluno um 
“adulto em miniatura” que precisa ser atualizado. O ensino é centrado no professor e o 
aluno apenas executa prescrições que lhe são passadas por autoridades exteriores 
(MIZUKAMI, 1986). 
Mizukami (1986) afirma que, nessa abordagem, o homem é considerado um 
receptor passivo de informações, repetindo-as a outros que não as possuem. Ele é tido 
como uma tábula rasa na qual, ao decorrer de sua vida, vão sendo impressas imagens 
e informações fornecidas pelo ambiente. A realidade é algo que será transmitido, ou 
seja, o mundo é algo externo do qual o indivíduo irá se apossar aos poucos, tendo uma 
compreensão mais sofisticada na medida em que modelos, ideais, raciocínios, 
aquisições científicas vão se confrontando. A respeito disso, Freire (2007) trata em seu 
livro “Pedagogia do Oprimido” sobre o conceito de educação bancária. Ele a define 
voltando-se mais ao educador e seu modo mecânico de atuar. Faz uma analogia 
utilizando termos específicos para melhor entendimento, tratando os alunos como 
11 
 
recipientes que aos poucos vão sendo cheios pelo educador. Dessa maneira, quanto 
mais permitirem serem cheios, melhores alunos serão; passa então a associar 
educação como ato de deposição; aos alunos cabe a função de depositar, de arquivar o 
conhecimento e o ao professor, o de transmitir esse conhecimento ao encher os alunos, 
daí a expressão: educação bancária (FREIRE, 2007). 
A intervenção do professor é necessária, e a aprendizagem consiste na 
aquisição de informações e demonstrações transmitidas. O ensino é caracterizado pelo 
verbalismo do mestre e pela memorização por parte do aluno. As tarefas, em sua 
maioria, são padronizadas recorrendo à rotina para ocasionar a memorização do aluno. 
O professor detém os meios coletivos de expressão e está intimamente ligado à 
transmissão do conteúdo exercendo um papel de mediador entre o aluno e os modelos 
culturais (MIZUKAMI, 1986). 
Contrariando as ideias apresentadas anteriormente pela abordagem tradicional, 
temos o que Solé e Coll (2006) afirmam não ser uma teoria, mas sim um referencial 
explicativo que integra contribuições diversas, é a chamada abordagem, ou concepção 
construtivista. 
 Para essa concepção, a aprendizagem contribui para o desenvolvimento do 
indivíduo na medida em que aprender não é copiar ou reproduzir a realidade, é ser 
capaz de elaborar uma representação pessoal sobre o objeto ou conteúdo que 
queremos aprender. Essa representação pessoal é realizada a partir de experiências, 
interesses e conhecimentos prévios que, possam assim, dar conta da novidade (SOLÉ 
e COLL, 2006). 
Mauri (2006) afirma que a aprendizagem é entendida como construção de 
conhecimento, porém ela não pode ser realizada de maneira solitária, o aluno precisa 
de auxílio de outros, que possam ajudá-lo no processo de representação ou atribuição 
de significados. É aonde entra o papel do professor. 
Nessa concepção, o professor tem o papel de ajudar os alunos durante o 
processo de elaboração pessoal do conhecimento e garantir que as relações entre o 
próprio conhecimento e o conteúdo a ser aprendido sejam relevantes (MAURI, 2006). É 
importante que os professores percebam os conhecimentos prévios dos alunos a 
12 
 
respeito do tema que será estudado, pois eles serão utilizados para a construção do 
conhecimento e a realização de novas aprendizagens. 
Nesse tipo de abordagem, o professor tem o papel de mediador do processo de 
ensino e aprendizagem, no qual deve: intervir para ativar, rever e explicitar as ideias 
prévias dos alunos; possibilitar que estes consigam orientar sua atividade e esforço 
durante o processo e, por fim, apresentar a informação ou o conceito já elaborado, 
ajudando-os a atribuição de significado à nova informação que pode chegar até eles por 
diferentes meios (MAURI, 2006). 
Ao transpormos as práticas educativas em sala de aula em nível superior, 
observamos semelhanças e disparidades quanto à prática do professor em sala. 
A grande preocupação gira em torno do próprio ensino. O professor entra em 
aula para transmitir aos alunos informações e experiências adquiridas por ele através 
de seus estudos e atividades profissionais, esperando que o aluno as retenha, absorva 
e reproduza por ocasião dos exames e provas avaliativas (MASETTO, 2003). Essa 
preocupação está fundamentada no que Masetto (2003) diz ser três pilares, sendo 
estes: a organização curricular que privilegia as disciplinas conteudísticas e técnicas, 
transmitindo conhecimentos próprios de sua área, que nem sempre se relaciona 
perfeitamente com as exigências do profissional que se pretende formar naquele curso; 
na constituição de um corpo docente altamente capacitado profissionalmente, 
possuindo pós-graduação em sua área de conhecimento, mas nem sempre com 
competência pedagógica, pois no caso, a importância para ser professor está 
associada com a profundidade e atualização dos conteúdos que deverão ser 
transmitidos; em uma metodologia que, primeiramente, deve dar conta de um programa 
que deve ser cumprido, em determinado tempo, com toda a turma de alunos. 
Nesse contexto, o sujeito do processo é o professor, uma vez que ele ocupa o 
centro das atividades e ações, pois é ele quem transmite, comunica, orienta, instrui, 
mostra, avalia e dá a última palavra (MASETTO, 2003). 
Alguns aspectos sobre a aprendizagem também são ressaltados para que haja,por parte do aluno, entendimento sobre os conteúdos no ensino universitário, tais como: 
aquisição e domínio de um conjunto de conhecimentos, métodos e técnicas científicas 
de forma crítica; integração do processo de ensino-aprendizagem com a pesquisa tanto 
13 
 
do aluno como a do professor, de forma que o aluno passe a ter responsabilidades para 
a busca de informações, aprender a localizá-las, analisá-las, relacionar novos 
conhecimentos com conhecimentos anteriores; a aprendizagem deve ser significativa 
de modo a criar um envolvimento ao aprendiz em relação às idéias, sentimentos, 
cultura, dentre outros (MASETTO, 2003). 
Outro fator importante que destaca Masetto (2003) é a sala de aula; 
constituindo um espaço físico e um tempo determinado para que o professor transmita 
seus conhecimentos a seus alunos, é um espaço privilegiado. Além da sala de aula, na 
qual o teórico é explorado, o autor fala das aulas práticas na qual o professor assume o 
papel de mostrar ao aluno fenômenos, aplicar a teoria na prática em laboratório ou 
estágio. Sobre a aula prática ou também chamada atividade experimental, Gaspar 
(2003) fala da importância de buscar um embasamento teórico que dê respostas e 
fundamente as aulas práticas. Para isso, aborda a teoria sociocultural de Vigotski e sua 
relação com a atividade experimental. Vigotski aborda que, dependendo de seu objetivo 
específico, não há diferença entre a atividade teórica, como um problema a ser 
resolvido, e uma atividade experimental, pois ambas contribuem para a construção de 
estruturas de pensamento. Como a aprendizagem não resulta em si da atividade, mas 
sim das interações sociais desencadeadas, o objetivo, tanto das atividades teóricas ou 
experimentais, é então promover interações sócias que permitam o ensino do conteúdo, 
sendo que a atividade teórica deve recorrer a enunciados verbais cuja compreensão 
não seja óbvia mesmo para os professores. 
Retornando as ideias de Masetto (2003), o autor aborda que a sala de aula 
reflete uma série de ações e interações protagonizadas por professor e aluno. Tais 
práticas não se restringem à universidade; qualquer lugar que possa haver uma 
aprendizagem significativa e que alcance objetivos definidos pode se encontrar a 
chamada “aula universitária”. Um exemplo é o local o qual o aluno se insere em seu 
cotidiano. Locais tais como: bibliotecas, escritórios, empresas, hospitais, fóruns são 
exemplos. Estes “novos” espaços são tidos como grandes motivadores, pois envolvem 
a realidade profissional e passam a facilitar a teoria e a prática na universidade pelo 
fato da necessidade de se desenvolver habilidades profissionais e competências. 
14 
 
De modo cauteloso a teoria é transposta à prática pedagógica através de 
etapas as quais devem ser meticulosamente trabalhadas e algumas delas segundo 
afirma Masetto (2003), serão discutidas. 
A primeira delas é a apresentação do plano de trabalho de um curso e a forma 
como este pode envolver o aluno. Não deve ser simplesmente exposta, mas dirigida de 
forma a levar o indivíduo a compreender que o sucesso na disciplina depende dele não 
só individualmente, mas em conjunto com o professor e demais alunos; uma atividade 
pode ser proposta nesta etapa, com objetivo de saber dos alunos quais as expectativas 
e o que ele já possui de conhecimento sobre a disciplina a ser trabalhada, bem como 
comentários e percepções que deverão ser levadas à sala e discutidas através de 
espaços a fim de gerar interesse dos alunos pelos conteúdos a serem trabalhados 
(MASETTO, 2003). A outra etapa se relaciona com a organização da sequência de uma 
aula. Esta, segundo Zabala, (1998, p.58, apud MASETTO, 2003) deve ser organizada a 
partir da apresentação de uma problemática pelo professor; da participação dos alunos 
em relação a esta problemática; da busca e indicação de fontes de informação pelos 
alunos; da resposta para a problemática e da generalização das conclusões e sínteses. 
As leituras em casa constituem a próxima etapa e devem ser propostas pelo 
professor não como uma mera atividade, mas juntamente com uma complementação 
orientada pelo docente para motivação à leitura, vista como importante para a 
abordagem de conteúdos em sala. Seja através de discussões, questões sobre o texto 
ou resumos, esta complementação deve estimular no aluno o interesse pela leitura. A 
outra etapa trata da aula expositiva, que deve se valer de recursos adicionais, 
adequada aos objetivos que se deseja abordar em aula. São indicados especificamente 
para a introdução de conteúdos ou para a síntese de estudos feitos ao final de 
trabalhos. Os exemplos de recursos adicionais são: slides, filmes, retroprojetor, 
apresentação de notícias recentes que tem relação com o conteúdo a ser abordado. 
Porém, o autor frisa que a transmissão das informações por meio da aula expositiva 
não é aconselhável, uma vez que buscar informações e trabalhar com as mesmas é 
muito mais importante que simplesmente ouvi-las já organizadas, absorvê-las e 
reproduzi-las (MASETTO, 2003). 
15 
 
Técnicas de dinâmica em grupo também favorecem a interação grupal e a 
aprendizagem por parte do aluno, como a realização de seminários, painéis integrados, 
grupos para formular questões sobre o conteúdo em pauta e projetos. A mídia 
eletrônica, envolvendo o computador, a internet, o bate papo on-line, o envio de e-
mails, pode colaborar de forma significativa no desenvolvimento das atividades em sala 
de aula. Por fim, a avaliação; que é uma prática pedagógica fundamental e ampla, e 
constitui uma grande etapa no desenvolvimento do plano de trabalho, pois a partir dela 
é que se dão as reflexões sobre o processo de ensino e a partir destas mesmas 
reflexões é que se dão as modificações universitárias que visam à otimização das 
práticas do professor em sala de aula (MASETTO, 2003). 
Atualmente a Zoologia se encaixa dentro de uma grade das Ciências Biológicas 
como uma disciplina de caráter básico. Ela é a primeira ferramenta para o aluno 
entender o animal dentro do contexto biológico. Nesse sentido, vários enfoques são 
dados de forma bastante ampla como uma visão geral quanto à origem, relação 
evolutiva, filogenia, adaptação morfológica aos diferentes ambientes ou hábitats e o 
contexto profissional ao aluno da área. 
Tratando de invertebrados, Brusca e Brusca (2007) no livro “Invertebrados”, 
afirma que os modos de vida e a relações evolutivas dos diferentes grupos de 
protozoários e animais devem ser apresentados em uma maior diversificação para uma 
melhor didática. Brusca (2008) acredita que uma revisão histórica breve da 
classificação de cada grupo principal é interessante para que os alunos desenvolvam 
uma percepção de sua natureza dinâmica e para que seja desenvolvida uma ampla 
compreensão de cada grupo pelo estudante. 
Sobre vertebrados, Hildebrand e Goslow (2006) no livro “Análise da estrutura 
dos vertebrados” abordam diferentes aspectos da biologia dos cordados, com ênfase 
nos vertebrados. Souza (2006) afirma que esses aspectos possibilitam a facilitação do 
processo de ensino e aprendizagem dos estudantes de Ciências biológicas. O livro 
encontra-se dividido em partes que agregam capítulos. As partes apresentam os temas: 
estudo dos vertebrados: principais padrões estruturais; a filogenia e a ontogenia da 
estrutura: evolução em relação ao tempo e táxons principais; adaptação estrutural: a 
evolução em relação ao hábito e ao habitat. Souza (2006) também afirma que é 
16 
 
importante os estudantes saberem a descrição das estruturas, pois o conhecimento é 
precedido da interpretação. 
A respeito disso, Orr (1986) também destaca a utilização de ilustrações no 
aprendizado, pois acreditaque a relação entre a imagem e o acompanhamento com o 
texto torna o estudo mais compreensível ao aluno. 
“A vida dos vertebrados”, Pough et al. (2008) aborda diferentes aspectos da 
biologia, morfologia e fisiologia dos cordados com ênfase nos vertebrados tanto na 
perspectiva filogenética quanto na conservação das espécies viventes. Souza (2008) 
afirma que a obra literária apresenta uma linguagem fluente e aprofundada dos temas, 
sendo estes integrados nos diferentes grupos de vertebrados. 
Englobando invertebrados e vertebrados, Hickman et. al. (2004) no livro 
“Princípios integrados da Zoologia” enfatiza, ao longo dos capítulos, ilustrações e 
questões de revisão. Em relação às edições anteriores, a obra atual foi revisada com a 
finalidade de enriquecer os fatores mencionados, que, para os autores, enfatizam o 
pensamento e reduzem a memorização. Além disso, ao final de cada capítulo são 
adicionadas sugestões de assuntos existentes na internet referentes ao tema abordado. 
A obra atual também possui preocupação com a linguagem científica, destacando 
termos e fornecendo as derivações destes, para que assim, os estudantes 
desenvolvam um vocabulário e se familiarizem com as raízes mais comuns dos termos. 
Há a presença de prólogo capitular que trata de algum tema ao fato relacionado com o 
conteúdo que será abordado no capítulo, para assim, também facilitar o aprendizado do 
estudante, despertar interesse e curiosidade. 
Quanto ao ensino de Zoologia, existem alguns aspectos que devem ser 
evidenciados. Para Zupanc (2008) trata-se de uma disciplina científica desde o tempo 
de Aristóteles e apesar de sua longa história, nunca foi desafiada tanto quanto nos 
últimos anos, isso pelo seu caráter de ser fracionada em muitas áreas. 
Para Boyd (2007 apud ZUPANC, 2008) ainda assim, continua sendo uma 
matéria com sua própria gama de áreas de investigação e que tenta estabelecer 
ligações entre as tais. A disciplina também pode oferecer muito à nova geração de 
cientistas. É importante, portanto, se atentar à forma como se ensina a Zoologia, 
considerar novas abordagens e avaliar como a pesquisa atual pode ser usada para ser 
17 
 
apoiar o ensino da disciplina. Como zoólogos formados, os indivíduos precisam ter a 
capacidade de resolver problemas biológicos de um ponto de vista de integração, isso 
permite relações com diferentes níveis da biologia, como molecular, celular, referente 
ao organismo, ao ecossistema, funções fisiológicas, comportamento do animal e 
história evolutiva da espécie. Essa integração permite à Zoologia um papel diferente, 
mas crítico em comparação a outros que se limitam a poucas observações e modelos 
para associação e resolução de problemas. E é importante que os currículos de 
graduação e pós-graduação promovam essa integração. 
Outra característica abordada é que o ensino de Zoologia, envolvendo 
capacidades de assimilação e síntese de diversas informações fornece uma boa 
formação que permite aos graduandos prosseguirem para carreiras que não estão 
necessariamente ligadas com a Zoologia em si. Foi o que demonstrou uma pesquisa 
feita a partir da análise de perspectiva de empregos de indivíduos formados em 
Zoologia no Reino Unido. Seis meses após a formação, 25% deles continuaram os 
estudos, enquanto 59% estavam empregados, porém, desta última, apenas 5% 
trabalhavam com investigação científica, análise ou desenvolvimento; os demais 
trabalhavam em áreas em que o conhecimento específico de Zoologia era dificilmente 
requerido (ZUPANC, 2008). 
Zupanc (2008) enfatiza também a construção dos currículos de Zoologia, quais 
aspectos devem ser priorizados e ele elege cinco principais questões-chave, como em 
primeiro lugar, uma base em elementos da matemática, física e química. Depois, uma 
introdução amplamente definida de princípios biológicos mediante conceitos que não 
estejam isolados e demais aspectos que contribuem para a boa formulação de um 
currículo. 
Para que o ensino de Zoologia seja trabalhado em sala de aula, em nível 
superior, uma forma de comunicação docente entra em cena, quando o verbalismo 
empregado, que se constitui na transmissão de conhecimentos e habilidades através do 
emprego exagerado de palavras, apresenta-se vazio, sem significado; ou limitações das 
explicações verbais se fazem frequentes. São os recursos audiovisuais. Estes, que vão 
desde os mais simples até os mais sofisticados é essa outra comunicação, que tem por 
objetivo tornar as informações mais claras e precisas, trata-se de uma ferramenta 
18 
 
importante colocada à disposição de professores para facilitar a comunicação em sala 
de aula (GIL, 1997). 
Segundo Moran (2005), os meios de comunicação audiovisuais desempenham, 
indiretamente, um papel educacional relevante. Através deles, informações são 
continuamente passadas, modelos comportamentais são mostrados e linguagens, 
coloquiais e multimídia, são ensinadas. Esses meios partem do concreto, do visível, do 
imediato, tocando todos os sentidos por meio dos recortes visuais e sonoridade. O 
autor afirma que isso nos dá pistas para começar na sala de aula pelo sensorial e 
afetivo, tocando o aluno antes de falar de ideias, conceitos e teorias, partindo do 
imediato para o mediato, do concreto para o abstrato, da produção para a teorização. 
Gil (1997) afirma quanto à utilização dos audiovisuais que assim como para o 
Ensino Fundamental e Ensino Médio, o destaque é visto também em nível superior. 
Porém, para uso destes recursos deve haver, por parte do professor, consciência das 
vantagens e limitações que estes apresentam, bem como cuidados que devem ser 
tomados em sua utilização. As vantagens do uso são divididas em relação à atenção; à 
compreensão e à aplicação de conhecimentos; e à retenção. 
Relacionando os recursos com a atenção, a exposição tradicional das aulas é 
apresentada como fator que prejudica a atenção dos alunos. Vista como uma 
verbalização exagerada, esta forma de apresentação dos conceitos pode provocar 
dispersões. Recursos audiovisuais e tecnológicos, assim como mensagens veiculadas 
pela televisão, cinema, jornais, revistas, cartazes publicitários constituem fontes de 
atração para estudantes universitários, estimulados através de meios de comunicação 
em massa e para tal, o professor pode se valer desses meios de forma a alcançar de 
maneira eficaz a atenção de seus alunos, muitas vezes de forma mais eficiente que a 
mera exposição oral (GIL, 1997). 
Moran (2005) afirma que a força da linguagem audiovisual está em conseguir 
dizer mais do que captamos, através das imagens, fazendo com que tenha uma 
repercussão com a qual nos identificamos e nos relacionamos de alguma forma. A 
respeito das imagens, o autor também afirma que o mundo contemporâneo está 
submerso em um universo em que o aspecto visual é preponderante e diante disso, não 
podemos nos restringir ao texto verbal escrito, embora este seja imprescindível. 
19 
 
Segundo o autor acima mencionado, quando a aula se atém a uma transmissão 
de conhecimentos, estas são apenas bem expostas. Quando se deseja que os alunos 
evoluam a outros níveis, como para a compreensão e aplicação, apenas uma boa 
exposição da aula não é o suficiente; os professores precisam se valer de outros 
recursos, e os audiovisuais se mostram muito eficazes e adequados para tal nível que 
se deseja alcançar. Além dos audiovisuais, a realização de experiências práticas 
também é adequada para o alcance dos níveis mencionados, porém, estas nem 
sempre podem ser trazidas para a sala de aula, ou não podem ser realizadas por serem 
muito lentas ou muito rápidas, interferindo no tempo. 
Os audiovisuais apresentam-se como recursos importantes, pois possibilitamsuperar barreiras que se apresentam para a realização dessas experiências. Assim, 
elas podem ser trazidas à sala de aula mediante fotografias, desenhos, diapositivos, 
filmes e outros, permitindo que o aluno tenha uma aprendizagem próxima à realidade. 
Pode ser questionado que os audiovisuais não substituem a realidade, “[...] ocorre, 
porém, que a realidade nem sempre está didaticamente organizada e, 
consequentemente, o contato direto do estudante com ela não constitui garantia de 
aprendizagem” (GIL, 1997, p. 97). 
Quanto à retenção, os fatores que mais contribuem para tal são o interesse do 
aluno, a concretude da experiência e organização da matéria e sua repetição. Os 
recursos audiovisuais tornam-se úteis para uma aprendizagem que seja mais que algo 
passageiro, desinteressante e desorganizado, ela torna-se permanente, desperta a 
atenção do aluno e favorece a organização da exposição da matéria numa seqüencia, 
além de poder repetir a matéria sem monotonia, por conta da diversidade que os 
recursos audiovisuais oferecem (GIL, 1997). 
Gil (1997) destaca que os audiovisuais são vistos como mecanismos de apoio 
nas aulas e em diversos processos relacionados à aula, ao entendimento da matéria a 
forma como esse entendimento se dá; eles emprestam um caráter moderno ao ensino. 
Porém ele apresenta determinados aspectos negativos. Os recursos audiovisuais são 
materiais que agradam aos alunos e há a tendência, por parte dos professores, de 
utilizá-los voltados apenas para tornar suas aulas mais atraentes. Se o professor 
deseja, de fato, favorecer a aprendizagem do aluno e não tornar a aula agradável deve 
20 
 
considerar cuidadosamente a utilização dos recursos. Outro aspecto negativo é que a 
utilização exaustiva dos recursos pode desestimular atitudes mais ativas por parte do 
aluno. Se o professor, à medida que utiliza vídeos, por exemplo, não favorece a 
participação dos alunos mediante perguntas, comentários, discussões, 
questionamentos, reflexões, certamente não estará fazendo um bom uso deste rico 
recurso. Há também o erro da elaboração de aulas pelo professor, quando estas são 
inteiramente dependentes de determinada fonte de recurso audiovisual. O docente que 
assim procede se sente a vontade e dispensa outros meios também importantes, como 
o quadro-de-giz; essa atitude não facilita a aprendizagem. Deve-se compreender que 
as fontes de recursos audiovisuais são tidas como auxiliares no processo de ensino e 
não como direcionadoras do processo didático. 
Assim como para a leitura do texto verbal, que exige um longo e complexo 
processo de aquisição e desenvolvimento para que o leitor possa utilizar as diversas 
habilidades para a compreensão, o contato com o mundo visual exige novas 
competências. Durante a leitura do texto escrito, o leitor aciona outras estruturas 
cognitivas para criar imagens mentais provenientes de sua própria imaginação, sendo 
essa construção mental importantíssima para o desenvolvimento das funções 
superiores da mente. Aparentemente o texto visual já oferece esse aspecto de forma 
mais completa, entretanto, sob essa camada de significados imediatamente 
perceptíveis, há muitas outras ligadas ao mundo das ideias, comportamento, conceitos, 
ideologias que são necessárias serem compreendidas, criticadas, interpretadas, 
respondidas e questionadas. Isso também exige diversas habilidades que podem ser 
desenvolvidas. Essas habilidades relacionam-se com a observação, atenção, memória, 
associação, síntese, orientação espacial, pensamento lógico e criativo. Elas nos 
permitem perceber como os elementos da linguagem visual, como as formas, linhas, 
cores, luzes, cenário entre outros, foram organizados e como esses elementos estão 
associados a outros como a música, história, realidade (MORAN, 2005). 
Moran (2005) ainda destaca que para que a percepção esteja bem afinada, não 
basta um olhar ingênuo, passivo, submisso e desatento, é necessário responder, ser 
participativo e ativo. Nesse processo colocamos as capacidades de nossa mente e de 
nossa sensibilidade em intensa atividade. 
21 
 
Em suma, o professor que opta pela utilização de recursos audiovisuais deve 
considerar que apesar da riqueza e do suporte que estes proporcionam às aulas e ao 
processo de ensino eles estão presentes para estimular o interesse e atenção pela 
matéria e não sobre si mesmos. “A realização dos objetivos da disciplina seria prejudicada 
se os recursos não fossem utilizados? Se a resposta for ‘não’, o recurso poderá ser 
reconsiderado, a fim de justificar sua utilização” (GIL, 1997). 
Ainda segundo Gil (1997), a diversidade com que os recursos se apresentam 
gera a necessidade de classificá-los. E assim eles se apresentem em auditivos, 
audiovisuais tradicionais e audiovisuais integrados ao computador. Cada uma dessas 
classes apresenta fontes que podem ser exploradas para exposição de conteúdos em 
sala de aula tanto no ensino regular como no ensino superior. 
Os recursos se apresentam muito ricos e amplos no apoio ao aluno no seu 
processo de aprendizagem; mas não somente se apresentam como auxiliares 
fundamentais, mas de igual modo, como ferramentas de fácil acesso. Assim, é um 
material que não se limita à sala de aula, ao processo de ensino do professor, mas ela 
é aberta e de livre acesso para que se explore e se construa novos conhecimentos. Por 
ser algo não exclusivo às relações em sala de aula, os audiovisuais podem estar 
relacionados ao conceito de educação não-formal. Por ser esta uma atividade 
educacional organizada, mas levada a efeito fora do sistema formal, é também 
chamada impropriamente de educação informal. A educação não-formal pode ser 
definida como uma educação mais difusa, menos hierárquica e menos burocrática, 
podendo ou não conceder certificados de aprendizagem, a educação é ao longo de 
toda a vida, e há consequente aprendizagem ao longo desta (GADOTTI, 2005). 
Gohn (2006) afirma que a educação não-formal é aquela que se aprende 
através de processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços 
de ações coletivas podendo ser na mídia, em especial a eletrônica. Nesse tipo de 
educação, os espaços educativos localizam-se nos territórios, fora das escolas, que 
acompanham a vida dos indivíduos e grupos, nos quais há processos de interação, 
sendo este um elemento muito importante. A educação não-formal ocorre em 
ambientes construídos coletivamente, seguindo as diretrizes de determinados grupos, 
22 
 
no quais pode ou não ter a participação dos indivíduos. Há na educação não-formal 
uma intencionalidade na ação, podendo ter a troca de saberes. 
Para Gohn (2006) a educação não-formal atua sobre aspectos subjetivos do 
grupo, trabalhando sua forma e cultura política, desenvolvendo, também, laços de 
pertencimento e ajudando na construção de identidade coletiva do grupo. 
A educação formal, aquela que se contrapõe em alguns aspectos à educação 
não-formal, pode estar relacionada com os audiovisuais como componentes auxiliares 
do processo de ensino do professor, pois tem objetivos claros e específicos e é 
apresentado nas escolas e universidades (GADOTTI, 2005). 
Segundo Gadotti (2005), ambas necessitam de um espaço para acontecerem, e 
o cenário de cada uma delas se difere; na educação formal o espaço é da escola, 
marcado pela formalidade, regularidade, sequencialidade; já na educação não-formal, o 
autor define o espaço sendo da cidade, termo apenas para definir um cenário da 
educação não-formal já que são múltiplos os espaços, caracterizado pela 
descontinuidade, informalidade, eventualidade. 
Ainda prosseguindo nas ideias de Gadotti (2005) assim como espaço, o tempo 
de aprendizagem na educação não-formal é bastanteflexível, respeitando diferenças e 
capacidades de cada indivíduo e está bastante associada ao conceito de cultura. Além 
disso, as novas tecnologias da informação criaram novos espaços do conhecimento, 
assim além da escola, a empresa, o espaço domiciliar e o social tornaram-se 
educativos. O espaço auxiliar pode ser relacionado com os recursos audiovisuais 
tradicionais, ou seja, a televisão, e o social com o cinema, por exemplo. Desde cedo, 
essa educação não-formal já pode estar presente, nas crianças que assistem à 
televisão através de animações que se relacionam com a biologia e Zoologia; e no 
cinema, com animações e longas que enfatizam aspectos e conceitos também da 
biologia e Zoologia. 
 
 
 
 
 
23 
 
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
O presente estudo foi realizado através de análise documental. 
Primeiramente, foi realizado um levantamento bibliográfico, com base em 
diferentes bancos eletrônicos acessados. Para tal levantamento foram utilizados bancos 
eletrônicos, acessados via Periódicos CAPES, e disponibilizados à Universidade 
Presbiteriana Mackenzie. Para tanto foram selecionados artigos utilizando palavras-
chave como: Zoologia e ensino, para a procura de artigo científico. Além dos periódicos, 
também foram utilizados referencias teóricos estudados durante todo o curso de 
licenciatura e livros disponíveis no acervo da biblioteca da instituição. 
Esse levantamento bibliográfico fez referências às abordagens de ensino e 
aprendizagem existentes, assim como o ensino em nível superior. Abordou também o 
ensino de Zoologia e a utilização de mídias audiovisuais para tal e a sua relação com a 
educação não formal. 
Como forma de complementar o trabalho, foram realizadas, também, análises 
de documentários. Foram escolhidos dois documentários: um disponível no setor de 
áudio visual da Universidade Presbiteriana Mackenzie e outro selecionado em um canal 
virtual, o Youtube. A escolha do vídeo disponível na Universidade ocorreu a partir da 
leitura das sinopses dos exemplares disponíveis, sendo selecionado aquele que mais 
se adequava ao trabalho, ou seja, que mais abordava aspectos da Zoologia, intitulado: 
“A vida animal” sendo uma produção Encyclopaedea Britannica films, Barsa vídeos. Foi 
escolhido um vídeo da instituição de ensino devido à facilidade de acesso que os 
alunos podem ter, sendo assim, objetivou-se analisar os conteúdos dos quais os alunos 
podem ter acesso a partir da retirada dos vídeos. Em relação ao vídeo do canal virtual, 
foi escolhido aquele que, aparentemente, mostrava-se mais completo, em relação ao 
tempo de duração, e que possuía mais credibilidade, em relação à sua produção. A 
escolha também teve relação com o acesso do vídeo a qualquer indivíduo com acesso 
à internet que deseja assisti-lo, por estar num canal virtual; associando isto, então, com 
o conceito de educação não-formal outrora explicitado. Este foi intitulado “Pequenos 
monstros”, por David Attenborough com publicação no site em 2009, produção da BBC. 
24 
 
Durante a análise dos vídeos foram destacados os aspectos que mais são 
abordados nas disciplinas de graduação de Zoologia como: origem dos grupos animais, 
evolução e adaptações destes ao ambiente onde se encontram, entre outros. Foram 
observadas a coerência, a relevância dos assuntos tratados e a adequação da 
linguagem abordada. 
Os dois vídeos foram assistidos e analisados quanto ao teor de seu conteúdo 
identificando-se o número de vezes em que os diferentes aspectos da Zoologia eram 
tratados. Estes dados foram então organizados, calculando-se a frequência numérica 
em porcentagem, ou seja, o número de vezes em que os diferentes assuntos da 
Zoologia eram tratados em relação ao número total de assuntos dos vídeos, em 
porcentagem. Estes resultados foram ilustrados em dois gráficos que foram analisados 
comparativamente entre si e relacionados aos com os fundamentos encontrados em 
literatura consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
O presente estudo foi realizado através de análise documental. Segundo 
Caulley (1981 apud LÜDKE e ANDRÉ, 2008) a análise documental busca identificar 
informações em documentos a partir de questões ou hipóteses de interesse. Guba e 
Lincoln (1981 apud LÜDKE e ANDRÉ, 2008) apresentam algumas vantagens para o 
uso de tal recurso afirmando que os documentos compõem uma fonte rica e estável, na 
qual persiste ao longo do tempo podendo ser consultada diversas vezes servindo, 
inclusive, de base para outros estudos. Os autores afirmam ainda que os documentos 
constituem uma fonte poderosa da qual podem ser retiradas evidências que 
fundamentem afirmações do pesquisador, representando uma fonte “natural” de 
informação. 
A seguir, é apresentada uma síntese dos conteúdos dos vídeos analisados e a 
sequência dos fatos relatados, bem como a linguagem utilizada, que é baseada nos 
vídeos selecionados. 
O documentário “A vida animal” possui duração total de, aproximadamente, 51 
minutos, sendo dividido em quatro partes diferentes: “O que é um mamífero?”; “O que é 
um anfíbio?”; “O que é um réptil?” e “O que é uma ave?”. 
Na parte “O que é um mamífero?”, como o próprio título demonstra, são 
abordadas características morfológicas desse tipo de animal. São levantados aspectos 
a respeito da evolução proveniente dos répteis, assim como as adaptações para o meio 
terrestre. São feitas comparações entre os répteis e os mamíferos quanto à 
especialização do metabolismo e os membros do corpo. Comparam-se também 
aspectos morfológicos e fisiológicos como os órgãos dos sentidos, a dentição 
especializada, a regulação térmica, o coração e o crânio desses dois grupos, havendo, 
também a descrição destes. 
Em seguida, são abordados aspectos do desenvolvimento embrionário e 
cuidado parental, mostrando os diferentes tipos de estratégias de reprodução entre os 
mamíferos “primitivos”, marsupiais e os mamíferos “modernos”, como são referidos 
estes animais no vídeo. 
26 
 
Na parte “o que é um réptil?” são abordados aspectos da origem e evolução do 
grupo assim como suas adaptações para invadir o ambiente terrestre. São mostrados 
os grupos de répteis atuais, comparando suas características e apontando quais são 
comuns aos grupos. São abordadas, também, características gerais a respeito da 
alimentação e reprodução das tartarugas e a respeito da locomoção, fosseta loreal, 
veneno, elasticidade da mandíbula, reprodução e cuidado parental em cobras. 
A respeito dos anfíbios, em “O que é um anfíbio?” também são abordados 
aspectos da evolução e adaptações do sistema circulatório. Retrata-se também o 
desenvolvimento embrionário e o ovo dos anfíbios, mostrando alguns animais que 
nunca saem do ambiente aquático. Nesse momento evidencia-se a ação do hormônio 
tireoidiano no desenvolvimento e amadurecimento do animal mostrando também alguns 
animais que são encontrados em ambiente deserto. 
Sobre as aves, também são mostrados aspectos evolutivos e adaptações para 
o vôo como: osso oco, quilha, sacos aéreos, coração com quatro câmaras, cerebelo e a 
asa no centro de gravidade. A regulação da temperatura também é abordada, 
relacionando a plumagem com o ambiente em que a ave vive (camuflagem) e as penas 
com as escamas dos répteis. O cuidado parental, construção de ninhos e incubação de 
ovos também são evidenciadas. Algumas adaptações também são retratadas como as 
adaptações ao tipo de ambiente em que a ave vive, ou a relação do formato do bico 
com o tipo de alimentação. A migração e os hábitos sazonais também são abordados. 
O vídeo intitulado “Pequenos Monstros”, produzido pela BBC, de início 
apresenta estruturade um molusco. O comportamento deste pode ser evidenciado de 
maneira bastante clara através do uso de minúsculas lentes e câmera eletrônica, que 
revelam aspectos não visualizados normalmente. Em seguida, são dados enfoques 
para comportamentos de diversos grupos que podem ser registrados através dessa 
câmera, como o comportamento parental de um inseto, a comunicação entre formigas, 
a exibição de cores de asas em libélulas, sinais de flerte entre aranhas, a alimentação 
de uma formiga através do líquido açucarado que extrai de afídeos, o comportamento 
de formigas operárias, a construção de um casulo a partir de barro por uma vespa para 
27 
 
a colocação de ovos, e o uso de barro também por cupins, na construção de estruturas, 
denominadas torres. 
Neste vídeo é comentado que se os vertebrados sumissem repentinamente, o 
resto do mundo continuaria bem, mas se os invertebrados sumissem, os ecossistemas 
terrestres entrariam em colapso, pois estes animais foram pioneiros a colonizar o solo 
da Terra. A partir disto, o vídeo mostra fatos históricos ocorridos na natureza, resumidos 
a seguir. Há milhões de anos atrás o planeta era desprovido de vida, porém na 
estabilidade dos ambientes aquáticos a vida começou por volta de dois bilhões de anos. 
Alguns dos organismos começam a se alimentar e há 400 milhões de anos, alguns 
começam a depositar seus ovos fora do mar, como os límulus que apesar de viverem 
no mar, conseguem sobreviver por dias no ambiente terrestre, pois apresentam 
esqueleto externo e suas pernas são rígidas e articuladas. Há também estruturas 
chamadas pulmões foliáceos, os quais absorvem o oxigênio da água do mar ou do ar 
se estiverem em locais úmidos. 
É mostrada a transição dos organismos do mar para a terra: musgos, hepáticas, 
plantas avançaram sobre lodo e rochas, cobriram a terra e em meio a estas, vieram 
animais em busca de alimento. Destes, alguns possuíam carapaça para proteção 
contra inimigos e contra a perda de água. Identificados como ancestrais de centopéias 
atuais, possuíam orifícios na parte inferior do corpo para captar oxigênio e demais 
modificações estruturais que lhes permitiam a captura de alimentos. A partir deles, 
foram se modificando, passando a mais segmentações pelo corpo com pares de 
pernas, reforçaram a carapaça e alguns não se enrolavam mais. Crustáceos também 
apareceram, foram os ancestrais da barata-da-praia. Hoje existem seres vivendo na 
terra com corpos pouco diferentes de seus ancestrais. Alguns são os mais numerosos, 
mas não os vemos; como é o exemplo do rabo-de-mola, um inseto extremidade 
pequeno onde em um metro quadrado de solo, pode haver mais de 10 mil deles. E 
assim foram construídos alicerces para os ecossistemas e de que nós precisamos e 
muitas vezes os encaramos mais como inimigos que amigos. 
Após esta síntese, os resultados sobre as freqüências dos diferentes aspectos 
avaliados nos conteúdos dos vídeos, são apresentados nas figuras 1 e 2. 
28 
 
 
Figura 1. Frequência relativa (%) dos assuntos tratados no vídeo “A Vida Animal”. 
Na figura 1 são evidenciados os valores das frequências relativas de cada um 
dos assuntos abordados no vídeo “Vida animal”. 
Os aspectos que se apresentaram com maior frequência foram: habitat e 
reprodução; e em seguida, em ordem decrescente foram: aspectos morfológicos, 
alimentação, defesa, locomoção, cuidado parental, evolução e comportamento. 
Com relação a cada aspecto considerado na figura, as características que 
envolvem cada um destes foram descritas. Assim, quanto aos aspectos morfológicos, 
nos mamíferos, foram observadas no vídeo características como: a estrutura do crânio, 
dentes, coração; répteis, estrutura dos ovos, estrutura da carapaça de tartarugas; nas 
aves, estão incluídas as estruturas do crânio, vértebras, cauda em comparação com 
seu ancestral. 
No habitat, foram considerados os meios em que os animais se desenvolvem, 
compreendendo os processos de transição do meio aquático para o meio terrestre. Na 
alimentação, foram considerados, por exemplo, os animais carnívoros e algumas 
adaptações que alguns tinham para a alimentação, como a forma do bico de algumas 
aves adaptado ao tipo de alimento. Sobre reprodução foram apresentados os animais 
17%
19%
10%19%
5%
10%
7%
9% 4%
aspectos morfológicos
habitat
alimentação
reprodução
evolução
defesa
cuidado parental
locomoção
comportamento 
29 
 
placentários, marsupiais e ovíparos. No caso das aves, aspectos como a postura dos 
ovos, os locais priorizados para tal postura e o cuidado com o ninho foram evidenciados 
repetidas vezes. Sobre evolução, apenas a de répteis, anfíbios e aves foi destacada. 
No aspecto da defesa, o vídeo frisa frequentemente sobre o veneno que alguns dos 
grupos dotam. O cuidado parental apresenta-se relacionado aos répteis e aves, 
principalmente; quanto à locomoção, a forma de locomoção de cada grupo foi dada 
com destaque para modificações que alguns grupos sofreram, a forma de locomoção 
relacionada ao meio em que o animal vive e a estrutura para o voo de aves. Por fim, 
foram considerados comportamento de corte e migração em aves. 
 
Figura 2. Frequência relativa (%) dos assuntos tratados no vídeo “Pequenos monstros”. 
Os aspectos que se apresentaram com maior frequência foi o comportamento, 
e em seguida, em ordem decrescente foram: defesa, evolução, reprodução, habitat, 
cuidado parental e alimentação. 
Com relação a cada aspecto considerado na figura, as características que 
envolvem cada um destes foram descritas. Assim, quanto aos aspectos morfológicos, o 
vídeo apresentou a estrutura de um límulus, características de sua carapaça e de seu 
pulmão foliáceo. A carapaça apresenta-se como uma estrutura relacionada à defesa, 
11%
12%
6%
12%
12%
12%
6%
29%
0%
aspectos morflógicos
habitat
alimentação
reprodução
evolução
defesa
cuidado parental
comportamento 
30 
 
bem como também foram mencionados os aspectos de mecanismo de defesa de 
insetos de pequeno porte. 
Quanto ao habitat, o vídeo mostra esse aspecto relacionando-o com o processo 
evolutivo dos animais sobre a inexistência de vida até o surgimento desta, destacando 
que o meio aquático era o mais estável para essa condição. Quanto à alimentação foi 
explicitado o comportamento alimentar de uma formiga em particular. 
O comportamento, que foi o que mais teve destaque, houve vários 
comportamentos de diversos insetos sendo evidenciados. No cuidado parental, foi 
mostrada a preparação de uma vespa de um casulo para a colocação de seus ovos. 
Na conclusão dos aspectos evidenciados a partir da figura, entre os dois vídeos 
selecionados, os aspectos foram iguais, com exceção do aspecto “locomoção”, 
presente no vídeo “A vida animal” e ausente em “Pequenos monstros”. As frequências 
se estabeleceram de modo diferenciado, havendo maior frequência em um aspecto que 
em outro quando comparados, isso pode ter ocorrido devido ao tempo diferente de 
duração que ambos apresentam e quanto à estrutura em que foram organizados, pois 
“A vida animal” encontra-se dividido em quatro partes e “Pequenos monstros” não se 
estrutura em divisões. 
Os assuntos abordados com maior ênfase foram similares em os ambos os 
vídeos, podendo haver a conclusão de que estes foram priorizados. 
O vídeo da BBC foi encontrado em um canal do Youtube. Trata-se de uma rede 
na qual os vídeos de diversas áreas do conhecimento, entretenimento e humor fazem 
parte; há conexão e troca de informações, comentários e opiniões a partir de vídeos; 
assim, pode-se estabelecer relação com a educação não-formal no qual afirma Gohn 
(2006) ser num local fora das escolas,que acompanha a vida de grupos e indivíduos e 
ocorre processo de interação, principalmente em espaços de ações coletivas podendo 
ser na mídia, em especial a eletrônica. Há na educação não-formal uma 
intencionalidade na ação, podendo ter a troca de saberes. Esse tipo de educação pode 
ser considerado não-formal, já que reúne tais características e para aqueles que se 
interessam, existe a troca de saberes. 
31 
 
Dentre os enfoques dados no ensino de graduação de Zoologia, os que mais 
apareceram nos documentários analisados foram: origem do animal, evolução, 
adaptações morfológicas aos diferentes hábitats e ambientes e comportamento animal. 
Esses assuntos também são encontrados na bibliografia utilizada em nível superior 
como consta no livro de Hildebrand e Goslow (2006) no qual aborda aspectos da 
biologia dos cordados, com ênfase nos vertebrados. Souza (2006), ainda neste livro, 
afirma sobre a importância da descrição das estruturas no momento da apresentação 
de um grupo, alegando que o conhecimento é precedido de interpretação. No filme “A 
vida animal” tais aspectos puderam ser observados no momento da descrição do 
coração e crânio dos mamíferos, contribuindo assim, para um processo importante no 
aprendizado do aluno, como afirma a autora. 
Em relação aos invertebrados, Brusca e Brusca (2007) também dá foco para as 
relações evolutivas dos diferentes grupos de invertebrados, mostrando que se deve ter 
uma maior diversificação dentre os tais para uma assim haver uma melhor didática. No 
vídeo da BBC, foi verificada essa diversidade citada pelos autores, na qual mostrou 
diferentes grupos de animais e seus respectivos comportamentos assim como o 
processo evolutivo de alguns. 
Nos vídeos analisados foi identificada uma integração dos diferentes níveis da 
biologia, compreendendo os aspectos evolutivos, a fisiologia e comportamento animal e 
o ecossistema. A respeito disso, Zupanc (2008) mostra que essa integração permite à 
Zoologia um papel diferente e crítico em comparação a outras matérias que se limitam a 
poucas observações e modelos no momento de resolução de problemas. 
Gil (1997) evidencia vantagens e desvantagens da utilização desse tipo de 
recurso em aula de ensino superior e assim como ele, Moran (2005) destaca a 
importância e relevância da comunicação visual no papel educacional. Em relação às 
imagens, os vídeos analisados apresentavam-nas muito detalhadas nas quais, por 
exemplo, mostravam a relação da morfologia dos bicos das aves com os hábitos 
alimentares do animal em questão ou então, como no vídeo da BBC, cujas imagens 
mostravam comportamentos que não são possíveis de se observar sem equipamentos 
oculares, como por exemplo, o inseto “rabo de mola” o qual é invisível a olho nu, mas 
32 
 
que em um metro quadrado pode conter mais de 10 000 indivíduos, ou seja, a partir do 
detalhamento das imagens, é dada uma percepção ampla. Essa utilização de imagens, 
em sala de aula, pode ter relevância dependendo do assunto que se pretende trabalhar. 
A respeito das imagens, Moran (2005) ainda afirma que o mundo 
contemporâneo está submerso em um universo em que o aspecto visual é 
preponderante e diante disso, não podemos nos restringir ao texto verbal escrito, 
embora este seja imprescindível. Hickman et. al. (2004) destaca sobre a relevância do 
texto escrito, mostrando uma preocupação com a linguagem científica, pois afirma que 
é importante o aluno desenvolver um vocabulário e se familiarizar com os termos 
utilizados. 
Durante a análise dos vídeos, em particular do “A vida animal” foi observada 
uma linguagem inapropriada, na qual muitas vezes o narrador utilizava termos pouco 
técnicos e errôneos como, por exemplo, ao retratar a reprodução dos mamíferos, 
utilizou a nomenclatura de mamíferos “primitivos” e “modernos”, porém não evidenciou 
qual foi o pré-requisito utilizado para caracterizar os animais dentro desses termos. 
Outro erro encontrado também foi a respeito das serpentes. Durante toda a narração 
referente a este tipo de animal, foi utilizada a nomenclatura “cobras” não considerando 
que essa denominação é referente à família Cobridae e não a subordem Ophidea, 
sendo o termo serpentes o correto para designar esse grupo. Retomando as ideias de 
Hickman et. al. (2004) a respeito da linguagem científica, evidencia-se que o vídeo em 
questão analisado não teve a devida preocupação com os termos técnicos, podendo 
prejudicar a aprendizagem, já que os alunos não se familiarizarão com a forma correta 
do vocabulário. 
Algumas expressões também foram utilizadas, por exemplo, ao expor que a 
baleia era semelhante a um peixe, ou então ao dizer que os anfíbios parecem com 
peixes fora d’água comparando, inclusive, a locomoção destes alegando que a do 
anfíbio em terra, parece com o peixe nadando. 
Em relação às expressões, algumas foram identificadas como não adequadas 
com o contexto apresentado como as seguintes frases: “a tartaruga verde apresenta 
33 
 
uma forma aerodinâmica para a natação”; “as asas dos pinguins permitem, literalmente, 
voar embaixo d’água”; “as gaivotas sentem-se em casa tanto no ar, quanto no solo e 
água e os mamíferos são os animais mais disseminados na Terra”. 
Outros conceitos explorados ao longo da narração apresentaram contradições 
quanto aos grupos em que eram abordados, por exemplo, ao retratar os répteis, o 
narrador mencionou que eles eram os primeiros vertebrados terrestres, porém ao falar 
dos anfíbios, também evidenciou que estes eram os mais primitivos dos animais 
terrestres. 
Os erros apresentados com relação às contradições e expressões mal 
elaboradas podem decorrer, possivelmente, de um erro no momento da tradução, já 
que o vídeo é norte-americano e apresenta um idioma diferente que pode ocasionar 
disparidades ao ser traduzido. 
Esses erros, em uma concepção de ensino tradicional, tendem a ser passados 
aos alunos sem que ocorra um questionamento a respeito, pois de acordo com 
Mizukami (1986), o ensino é centrado no professor sendo o aluno um receptor passivo 
das informações que recebe, executando aquilo que o professor transmite, portanto os 
alunos tendem a receber o conhecimento da forma em que é passado sem ter a 
autonomia de questioná-lo. Tais erros também podem provocar, da maneira como são 
passados os vídeos, uma memorização dos conceitos errôneos trabalhados, pois esta é 
característica de um ensino tradicional assim como também aborda a autora. 
No tipo de ensino descrito acima, o professor é colocado como mero 
transmissor das informações, e não mediador. Na abordagem construtivista, assim 
como afirma Mauri (2006), o professor tem o papel de ajudar os alunos durante seu 
processo de elaboração pessoal de conhecimento, garantindo que as relações entre o 
próprio conhecimento e o conteúdo a ser aprendido sejam relevantes. Transpondo para 
uma aula, os vídeos poderiam ser melhores discutidos quanto aos erros que 
apresentam, havendo, pelo professor, o papel de mediador, identificando erros e 
trabalhando com os mesmos para a otimização do processo de ensino e aprendizagem; 
ou até mesmo, numa proposta alternativa, o professor agir como mediador no sentido 
34 
 
de fazer com que os próprios alguns identifiquem os erros e façam análises e 
discussões a partir destes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 O trabalho apresentou a utilização dos recursos audiovisuais tradicionais como 
complemento ou como uma possível ferramenta de trabalho a qual pode ser utilizada 
pelo docente. 
 Através do referencial teórico estudado, foi aqui evidenciada a riqueza queos 
recursos acima mencionados oferecem ao processo de ensinamento, tendendo a 
enriquecer a compreensão, aplicação e retenção do conhecimento, por parte do aluno 
por demonstrar detalhes em imagens que tornam a aprendizagem algo mais que 
passageira, desinteressante e desorganizada (GIL, 1997). 
 O texto verbal escrito também é de suma importância, pois contribui para o 
desenvolvimento de estruturas cognitivas (MORAN, 2005), sendo assim, não deve ser 
substituído por completo, mas pode ser complementado e retratado através dos 
recursos audiovisuais tradicionais. 
 Com a análise dos vídeos, comportamentos, aspectos morfológicos, reprodução, 
cuidado parental, evolução, defesa e outros aspectos já aqui discutidos foram 
abordados e evidenciados detalhadamente, sendo que muitas das imagens oferecidas 
pelos documentários seriam improváveis, e algumas, até impossíveis de serem 
visualizadas a olho nu; trazendo uma evidente riqueza de detalhes. Porém, também foi 
percebido um descaso e falta de cuidado com a linguagem utilizada, a qual não era 
abordada cientificamente, explanando até erros conceituais, escassez do uso de termos 
técnicos e analogias errôneas. 
 Sendo assim, concluiu-se que, quando utilizados devidamente, e havendo 
cautela, os recursos audiovisuais - aqui enfatizados, tradicionais - podem ser uma rica 
ferramenta de ensino como complementação as demais metodologias e instrumentos 
do ensino de Zoologia. 
 
 
 
36 
 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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2011. 
 
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<www.youtube.com/watch?v=kpah7x0WNjc&feature=related>. Acesso em: 10 out. 
2011. 
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Acesso em: 18 out. 2011. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Estou ciente do conteúdo da Monografia “O ensino de graduação de zoologia: utilizar 
ou não recursos audiovisuais tradicionais?”. 
 
 
 
 
Profª. Dra. Mônica Ponz Louro 
(Orientador de TCC – Universidade Presbiteriana Mackenzie) 
 
 
Débora Raysa Aguiar Penha 
(Aluno – Código de Matrícula 309.0290-8) 
 
 
Luiza Ximenes Capel 
(Aluno – Código de Matrícula 309.7795-9) 
 
 
 
 
Trabalho a ser apresentado em: novembro/2011

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