Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
NB002 – CÁLCULO 2 2016 2 1ª PARTE: CÁLCULO DE FUNÇÕES COM VÁRIAS VARIÁVEIS 1 INTRODUÇÃO Esta nota de aula tem como objetivo familiarizar o aluno no entendimento das funções reais de variáveis reais. Tais funções são importantes, pois aprecem em muitos problemas práticos como os listados a seguir. a) Um cilindro circular reto, fechado nas extremidades, com base de raio r a altura h, tem a área da superfície S dada por: 222 rrhS pipi += Cada par de valores (r,h), corresponde um valor finito para a área S. Deste modo, é possível afirmar que a variável S, conhecida como variável dependente, é uma função de duas variáveis r e h, estas conhecidas como variáveis independentes. A simbologia utilizada para representar esta função é dada por ),( hrfS = . b) O volume V de um paralelepípedo retângulo de dimensões x, y, z é dado por xyzV = , onde V é função das três variáveis independentes x, y, z e representada simbolicamente por ),,( zyxfV = . c) A potência elétrica instantânea P de um sinal é dado por 2RiP = , onde, R é a resistência elétrica e i a corrente elétrica. Logo, a potência P é função das variáveis R e i sendo representada simbolicamente por ),( iRfP = d) Considere a expressão tx tzv u ++ ++ = 1 222 , 3 onde, u, é a variável dependente e as demais variáveis são independentes. Assim, pode-se considerar que a variável dependente, u, é função das variáveis x, t, v, z, sendo representada simbolicamente por ),,,( zvtxfu = e) Quando um corpo é lançado verticalmente, no vácuo, de cima para baixo com velocidade inicial vo, o espaço x percorrido após t segundos de queda é dado pela fórmula conhecida e dada por 2 0 2 1 gttvx += , onde g é a aceleração da gravidade. Admitindo g constante, observa-se que o espaço x é função das duas variáveis t e vo. f) Uma locadora de automóveis que aluga carros cobra R$ 40,00 por dia e 15 centavos por quilômetro rodado. a) Obtenha uma fórmula para o custo C do aluguel em função do número d de dias e do número q de quilômetros. b) Se ( )qdfC ,= , calcule ( )300,5fC = e interprete o resultado. Solução para o item (a): O custo total em reais do aluguel de um carro é igual a 40 vezes o número de dias mais 0,15 multiplicado pelo número de quilômetros rodados. Então: qdC 15,040 += Solução para o item (b): Segue que ( ) 245300,5 == fC . Isto significa que se alugar um carro por 5 dias e dirigir 300 quilômetros, o custo será de R$ 245,00. g) Ao injetar um medicamento em um tecido muscular, ele se espalha na corrente sanguínea. A concentração do medicamento no sangue aumenta até atingir um máximo e depois decresce. A concentração C(em mg por litro) do medicamento no sangue é uma função de duas variáveis: a quantidade x(em mg) do medicamento injetado e o número de horas t desde que a injeção foi administrada. A concentração pode ser modelada por: ( ) ( )xtettxfC −−== 5, para 40 ≤≤ x e 0≥t . 4 Explique o significado das seções retas a seguir em termos de concentração de medicamentos no sangue: a) ( )tf ,4 b) ( )1,xf Solução para o item (a): Mantendo x fixo e igual a 4, significa que estamos considerando uma injeção de 4 mg do medicamento; permitir que t varie significa investigar o efeito desta dose ao longo do tempo. Portanto, a função ( )tf ,4 descreve a concentração do medicamento no sangue devido a uma injeção de 4 mg em função do tempo. A Figura 1 ilustra o gráfico ( ) tettf −=,4 . Observe que a concentração dessa dosagem é máxima uma hora depois da injeção e que a concentração finalmente tende a zero. 0 1 2 3 4 5 0 0.1 0.2 0.3 0.4 t (horas) C (m g po r lit ro ) C = f(4,t) Figura 1 – A função f (4,t) mostra a concentração de um medicamento no sangue devido a uma injeção de 4 mg. Solução para o item (b): Fixar t = 1 significa focalizar a concentração no sangue uma hora depois da injeção; deixar x variar significa considerar o efeito de diferentes doses no mesmo instante. Logo, a função f (x,1) fornece a concentração de medicamento no sangue uma hora após a injeção em função da quantidade injetada. A Figura 2 apresenta o gráfico de ( ) ( ) 551, −−− == xx eexf . Note que ( )1,xf é uma função crescente de x. Isso faz sentido. Se administrar doses maiores, a concentração na corrente sanguínea é maior. 5 0 1 2 3 4 50 0.2 0.4 0.6 0.8 1 x(mg) C (m g po r lit ro ) C = f(x,1) Figura 2 – A função f (x,1) mostra a concentração de um medicamento no sangue uma hora após a injeção. 2 ESPAÇOS CARTESIANOS 2.1 - ESPAÇO CARTESIANO R1 O espaço cartesiano R1 é o conjunto dos números reais, onde cada número x é um ponto de R1. Existe uma correspondência biunívoca entre os pontos de R1 e os pontos de uma reta orientada. A imagem geométrica de R1 é a reta euclidiana. _________________________________________________________________________ 2.2 - ESPAÇO CARTESIANO R2 O espaço cartesiano R2 é o nome dado ao conjunto de todos os pares ordenados de números reais, onde cada para (x,y) é um ponto de R2. ( ){ }RyeRxyxR ∈∈= ,2 . A imagem geométrica de R2 é o plano cartesiano. _________________________________________________________________________ 2.3 - ESPAÇO CARTESIANO R3 O espaço cartesiano R3 é o nome dado ao conjunto de todos os ternos ordenados (x,y,z) de números reais, onde cada termo (x,y,z) é um ponto de R3. ( ){ }RzeRyRxzyxR ∈∈∈= ,,,3 . 6 A imagem geométrica de R3 é o espaço cartesiano. _________________________________________________________________________ 2.4 - OS HIPERESPAÇOS Para 3>n , as ênuplas (x1,x2,x3,.........,xn) formam o hiperespaço Rn, que não tem representação geométrica. Como exemplo tem-se ( ){ }RxxxxxR i ∈= 43214 ,,, ou ( ){ }RwRzRyRxwzyxR ∈∈∈∈= ,,,,,,4 . 3 - FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS 3.1 - DOMÍNIO E IMAGEM Recordando que uma regra ou função yxf →: , considerada de modo mais geral, é uma correspondência que a cada elemento Xx ∈ associa um elemento Yy ∈ . O conjunto X diz-se domínio da função, e o conjunto Y diz-se contradomínio. O elemento Yy ∈ correspondente do elemento Xx ∈ chama-se imagem de x pela função f, ou também, valor de f no ponto x, e costuma-se escrever )(xfy = Toda função real de uma variável real é do tipo )RemcontidoAselê(,: −⊂→ RARAf . Pode-se deste modo, especificar no modelo geral as funções reais de várias variáveis. Para começar, considere uma função real f de duas variáveis reais x e y. A cada par (x,y) de valores admissíveis dessas variáveis, a função associa um número real z, que também é designado por f(x,y). O conjunto de todos os pares ordenados (x,y) de números reais é o produto cartesiano 2RRR =× , o qual se identifica com o plano real. Pode-se admitir que a função f é definida em certos pontos (x,y) do plano real, em cada um dos quais assume um valor real f(x,y) = z. Os pontos (x,y) e 2R nos quais a função f é definida, constituem o domínio de f. Conclui-se que toda função real f de duas variáveis reais é do tipo 7 2,: RARAf ⊂→ A Figura 3 ilustra este conceito. y x 0 (x,y) (a,b) A f z = f(x,y) f(a,b) w 0 DOMÍNIO (A) CONTRA-DOMÍNIO (CD) Figura 3 – Domínio e contra domínio da função ( )yxfz ,= . _________________________________________________________________________ Exemplos: 1) Considere RRf →2: tal que 1),( 22 ++= yxyxf , tem-se então uma função real no plano, qualquer que seja (x,y) e R2. O valor da função 1),( 22 ++= yxyxf é um número real perfeitamente definido. Pode-se deste modo, verificar facilmenteque a função f somente assume valores pertencentes ao intervalo [ )+∞,1 . Eis alguns valores particulares da função f: f(0,0) = 1, f(0,2) = 5, f(-1,1) = 3, 6)3,2( =−f , f(-1,-1) = 3, 2),1( += pipif . Utilizando o programa Matlab substitua os valores da função f(x,y) e construa o gráfico no plano de todos os pontos da função. 2) Seja RBh →: definida por yx yx yxh −+−= 21),( , sendo 8 ( ){ }2010, 2 ≤<≤<= yexRyxD ε . Para todo par (x,y) em D, h(x,y) é um número real bem definido. Tem-se, por exemplo, 3 )53(2) 4 3 , 4 1(,0)2,1(,1)1,1( +=== hhh . Observação: Frequentemente, uma função f de duas variáveis é dada pela expressão de f(x,y), sem especificação do seu domínio. Pode-se então considerar como domínio da função o mais amplo subconjunto 2RA ⊂ em cujos pontos a função assume valores reais bem definidos. 3) Seja a função 1),( 2 +−= xyxyxf . Pode-se considerar como domínio de f o plano R2. 4) Consideremos a seguinte função definida por: yx yxyxg − + =),( , observa-se que quociente só não é definido quando yx − , quando yx = . O domínio de g é o conjunto { }yxRyxD ≠= 2),( ε . Geometricamente, D é o conjunto dos pontos do plano que não pertencem à reta xy = . 5) Considere a função: 221 72),( yx yxyxh −− −+ = . O numerador é um polinômio do 1o grau nas variáveis x e y, e, como tal, é definido em R2. Para que o denominador seja real e não nulo, devemos ter: 101 2222 <+>−− yxouyx Segue-se que o domínio da função h é: { }1),( 222 <+= yxRyxD ε Sabe-se da Geometria Analítica que D é o disco aberto de centro na origem e raio 1. 9 6) Considere agora a função )326ln(),( yxyxF −−= , onde ln indica o logaritmo natural. Para que exista o número real F(x,y), deve-se ter 0632,0326 <−+>−− yxouyx Sabemos que esta desigualdade tem por solução os pontos (x,y) do plano situado abaixo da reta r da equação 0632 =−+ yx . A Figura 4 ilustra o gráfico. 2 r x y 0 3 Figura 4 – Gráfico da função 2x+3y-6=0. Tais pontos constituem o semi plano que aparece marcado na Figura 2. O domínio da função F é, um semi plano aberto (a reta r está excluída desse domínio). 7) Examine a função a seguir e encontre o domínio D da função G, o gráfico e os valores de x e y. 34107),( 22 −+−+−+−= yyxxyxG Para que G(x,y) seja real, deve-se ter 034y- e 0107 22 ≥−+≥−+− yxx . Resolvendo essas inequações, encontram-se 3y1 e 5x2 ≤≤≤≤ . Os pontos (x,y) ∈ R2 que verificam a primeira desigualdade estão situados na faixa 10 do plano limitada pelas duas retas verticais x = 2 e x = 5. Os pontos (x,y) ∈ R2, que satisfazem à segunda desigualdade estão na faixa do plano limitada pelas duas retas horizontais y = 1 e y = 3. O domínio D da função G é, a interseção das duas faixas do plano. Esse domínio é o retângulo ilustrado na Figura 5. D y x 2 5 1 3 0 Figura 5 – Gráfico da função. Considere, a seguir, uma função f de três variáveis x, y, z. A cada conjunto de valores admissíveis dessas variáveis, corresponde um valor real w = f (x,y,z) da função. Ora, o conjunto de todos os termos ordenados (x,y,z) de números reais é o espaço tridimensional real RRRR ××=3 . Portanto, toda função real de três variáveis reais é definida em um subconjunto do espaço considerado. Trata-se de uma função do tipo 3: RARAf ⊂→ . Podem-se ilustrar tais funções por meio da Figura 6. (x,y,z) z y x 0 w w=f(x,y,z) 0 f Figura 6 – Gráfico da função w = f(x,y,z). 11 8) Seja RRf →3: assim definida como 1053),,( 22 −++= zyxzyxf . Tal função é um polinômio do 2o grau com três variáveis. Eis os valores de f em alguns pontos do domínio R3. 0)5/2,3,1(16)1,3,2( 6)0,1,1(10)0,0,0( =−−= −=−−= ff ff 9) Considere a função de cinco variáveis 2 5 2 4 2 3 2 2 2 1 5421 54321 16 2),,,,( xxxxx xxxx xxxxxhy −−−−− −+− == . Para que y seja um número real bem definido, devemos ter 016 25 2 4 2 3 2 2 2 1 >−−−−− xxxxx , ou seja 162524232221 >++++ xxxxx . O domínio da função h é o conjunto 5RD ⊂ cujos pontos verificam esta última desigualdade. Temos, por exemplo: 5 6)1,1,2,1,2( −=−−h . _________________________________________________________________________ 3.2 - DEFINIÇÃO: FUNÇÃO DE DUAS VARIÁVEIS Uma função real f a duas variáveis reais é uma relação que transforma em um único real z a cada para ordenado (x,y) de números reais de um certo conjunto D, chamado domínio da função. Se a relação f transforma no número real z o par ordenado (x,y) em D, então simbolicamente escreve-se z = f (x,y). Na equação z = f (x,y), chama-se z de variável dependente e nos referimos a x e y como variáveis independentes. O conjunto de todos os valores possíveis de z, que pode ser obtido aplicando a relação f aos pares ordenados (x,y) em D., é denominado imagem da função f. Definimos o gráfico de uma função f a duas variáveis como sendo o conjunto de todos os pontos (x,y,z) no espaço cartesiano tridimensional, tal que (x,y) pertence ao domínio D 12 de f e z = f (x,y). O domínio D pode ser representado através de um conjunto de pontos no plano xy e o gráfico de f como superfície cuja projeção perpendicular ao plano xy é D, conforme ilustra a Figura 7, o ponto indicado como (x,y) é na verdade (x,y,0); contudo a terceira coordenada foi propositadamente omitida. Observe que o ponto (x,y) varia em D, o ponto correspondente (x,y,z) = (x, y, f (x,y)) varia sobre a superfície. z=f(x,y) (x,y,z) z y x 0 (x,y) Domínio D Figura 7 – Gráfico de z = f(x,y). _________________________________________________________________________ 3.3 - DEFINIÇÃO : FUNÇÃO DE VÁRIAS VARIÁVEIS Uma função real f a n variáveis reais é uma relação que transforma em número real w cada n-upla ordenada (x1,x2,x3,....xn) de números reais de um certo conjunto D, chamado de domínio da função f. Se a relação f transforma no número w a n-upla ordenada (x1,x2,x3,.....xn) então escrevemos w = f(x1,x2,x3,........xn). _________________________________________________________________________ 3.4 - VALOR NUMÉRICO Chama-se de valor numérico de uma função ( )nxxxxfw ,,,, 321 K= , o valor que é obtido quando substitui as variáveis independentes por valores dados e efetuam-se as operações algébricas indicadas. 13 Exemplos: 1) Se f está definida por yxyxf += 2),( para todos valores de x e y, calcular. a) )2,1( −f b) ), 2 1( y xf Solução a) 0)2(12)2,1( =−+×=−f b) y yx y x y x y xf +=+=+×= 1 2 12), 2 1( 2) Se zyx yx zyxg −+ = 22),,( para todos os valores de x, y e z exceto aqueles que anulam o denominador, calcular. a) )2,1,2( −g b) ),,( 2aaag − Solução a) 7 2 )2(12 12)2,1,2( 22 = −−+ × =−g b) 3 1 3)(),,( 2 2 222 2 == −−+ × =− a a aaa aa aaag _________________________________________________________________________ 3.5 - GRÁFICO DE UMA FUNÇÃO A noção gráfica estende-se às funções reais de mais de uma variável, como já observado na definição prévia inserida na seção 3.2. Seja RAF →: , onde 2RA ⊂ uma função real qualquer de duas variáveis. O gráfico de F é, por definição, o conjunto { }),(),(),,( 3 yxFzeAyxRzyx =εε . Trata-se como se vê, um conjunto do espaço tridimensional R3. A esse gráfico costuma- se chamar superfície representativa da função. Na Figura 8 ilustra o gráfico de uma função F com duas variáveis. 14 P M S y x X Z A z=F(x,y) 0 Figura 8 – Gráfico de uma função. O gráficoé o conjunto S dos pontos M(x,y,z) do espaço R3. A projeção ortogonal da superfície S sobre o plano xy é precisamente o domínio A da função. _________________________________________________________________________ Exemplos: 1) Seja z = 2x – 3y + 5. Esta função é definida no plano R2. O seu gráfico é um conjunto dos pontos M = (x, y, 2x – 3y + 5) do espaço R3. Sabemos que tal conjunto é um plano do espaço. Observe que a equação z = 2x – 3y +5 é equivalente à equação 2x – 3y +5 = 0, a qual, como ensina a geometria analítica, representa um plano do espaço. De modo geral, toda função do 1o grau nas variáveis x e y, tem por gráfico um plano do espaço R3. cbyaxz ++= 2) Considere a função 221),( yxyxfz −−== , onde o domínio é o disco fechado de centro na origem e raio 1. { }1),( 222 ≤+ yxRyx ε O gráfico de f é o conjunto dos pontos )1,,( 22 yxyxM −−= de R3 tais que (x,y) ε D. É fácil mostrar que esse gráfico é hemisférico de centro na origem e raio 1 situado acima do plano xy. De fato a distância da origem ao ponto genérico M do gráfico de f é: 15 1)1( 2222 =−−++= yxyxOM Portanto, M pertence à esfera de centro 0 e raio 1. Considerando que a cota de M é ≥ 0, segue-se que M está no hemisfério referido. Introduzimos a seguir, os gráficos de funções de mais de duas variáveis. Seja RAF →: , onde 3RA ⊂ , uma função de três variáveis. O seu gráfico é, por definição, o conjunto { }),,(),,(),,,( 321432144321 xxxFxeAxxxRxxxx =εε . Tal gráfico e, como se vê, um subconjunto do espaço de quatro dimensões e, como tal, não temos possibilidade de representá-lo em um desenho. Dizemos que se trata de uma hiper superfície de R4. De modo geral, o gráfico de uma função RAf →: , onde nRA ⊂ é uma hiper superfície do espaço Rn+1. Os conceitos básicos relativos às funções de várias variáveis decorrem de maneira natural e suave dos mesmos conceitos referentes às funções de duas variáveis, e o estado destes últimos é amenizado pela possibilidade de sua interpretação no gráfico da função, que é uma superfície do espaço tridimensional. _________________________________________________________________________ 3.6 - REPRESENTAÇÃO POR LINHAS DE CONTORNO OU CURVAS DE NÍVEL Dá-se o nome de curva de nível de uma função z =f (x,y), a curva ou linha no plano xy expressa por: f(x,y)=C, para cujos pontos a função z tem o mesmo valor, ou seja z = c(constante). Seja a função z = f(x,y) ilustrada na Figura 9. 16 Figura 9 – Curva de nível. Considere: = = = nzz zz zz M M 1 0 de modo geral, Cyxf =),( onde )(xy φ= , que representa uma curva no plano xy, chamada linha de contorno, curva de contorno, curva de nível ou linha de nível. _________________________________________________________________________ 3.7 - REPRESENTAÇÃO POR SUPERFÍCIE DE CONTORNO OU SUPERFÍCIE DE NÍVEL Dá - se o nome de superfície de contorno ou superfície de nível de uma função u=f (x,y,z), a superfície expressa por: f(x,y,z)=c, para cujos pontos a função u tem o mesmo valor u=c (constante). Seja a função u=f(x,y,z) ilustrada na Figura 10. 17 Z ˆ X 1 u2 u0 Figura 10 – Representação da função u=f(x,y,z). Considere: = = = nuu uu uu M M 1 0 de um modo geral: ),(,),,( yxzondeCzyxf φ== . Portanto, podemos dizer que ),( yxz φ= , representa uma superfície, chamada superfície de contorno, superfície de nível, mapa de contorno ou mapa de nível. _________________________________________________________________________ Exemplos: 1) Achar as linhas de contorno das funções: a) yxz 2= Façamos z = constante 2 2 x CyyxC =∴= (equação das linhas de contorno). *Como exercício adicional, esboce esta função utilizando o recurso gráfico do Matlab. b) )arcsen(xyz = Façamos: )arcsen(Cz = , logo: xyCxyC =∴= )arcsen()arcsen( x Cy = , família de hipérboles equiláteras. Sendo czc ,sen= admitirá valores no campo de existência .11 ≤≤− C 18 *Como exercício adicional, esboce esta função utilizando o recurso gráfico do Matlab. a) Achar a superfície de nível da função 222 zyxu ++= , considerando: 222222222222 yxczyxczzyxccu −−=∴−−=∴++=∴= . Desta forma tem-se uma família de esferas concêntricas de centro na origem e raio igual a C. Como exercício adicional, esboce esta função utilizando o recurso gráfico do Matlab. _________________________________________________________________________ 3.8 - DOMÍNIO OU REGIÃO DE DEFINIÇÃO 3.8.1 - DEFINIÇÃO: Por domínio ou região de definição de uma função ),( yxfz = , se entende um conjunto de pontos (x,y) do plano xoy, para o qual a função é definida. _________________________________________________________________________ Exemplo: Seja uma superfície esférica ilustrada na Figura 11. z x y L R(D) Figura 11 – Região de domínio Notemos no gráfico que a região ou domínio é uma circunferência. Observações: 1. A linha que limita a região de definição é chamada fronteira L. 2. Um domínio que possui somente interiores é chamado domínio aberto. 3. Um domínio cujos pontos sobre a fronteira são incluídos é denominado domínio fechado. 19 4 - LIMITE DE UMA FUNÇÃO COM DUAS OU MAIS VARIÁVEIS O conceito de limite de uma função para funções de uma variável estende-se para funções de duas ou mais variáveis. Consideremos uma função: 2,: RABAf ⊂→ de duas variáveis, e um ponto (a;b) do plano, tal que f seja definida em pontos (x,y) arbitrariamente próximos de (a,b). Não é necessário que f seja definida no ponto (a,b). Intuitivamente, diremos que o limite da função f, quando o ponto variável (x,y) ∈ A tende para o ponto (a,b), é um número real L, se e somente se, o valor f(x,y) da função está próximo de L quando (x,y) está próximo de (a,b). Para exprimir essa situação, escreveremos: ( ) ( ) LyxfouLyxf by axbayx == → →→ ,lim,,lim ),(),( Para dar precisão a esse conceito, é necessário definir a idéia de proximidade, e para isso, podemos usar a noção de distância, já introduzida no plano. É natural dizer que o ponto (x,y) está próximo do ponto (a,b) quando a distância entre esses pontos é pequena. Assim todos os pontos (x,y) ∈ R2 cuja distância ao ponto (a,b) é menor que um número 0>δ verificam a desigualdade. ( ) ( ) 222 δ<−+− byax O conjunto de todos esses pontos constitui, o disco aberto de centro (a,b) e raio δ . Esse disco aberto é uma vizinhança do ponto (a,b) no plano; precisamente, é a vizinhança do ponto (a,b) de raio δ . Designando tal vizinhança por V, podemos escrever. ( ) ( ) ( ){ }2222, δ<−+−∈= byaxRyxV A vizinhança V está ilustrada na Figura 12. Cada ponto (a,b) ∈ R2 tem uma infinidade de vizinhanças, e podemos imaginar tais vizinhanças arbitrariamente pequenas, bastando para isso o raio δ suficientemente pequeno. 20 0 Y X (a,b) δ(x,y) V Figura 12 – Disco aberto de centro (a,b) e raio δ . Utilizando o conceito de vizinhança, podemos dar uma definição satisfatória do limite de uma função de duas variáveis. Seja 2,: RARAf ⊂→ , uma função real de duas variáveis, e seja (a,b) ∈ R2 um ponto tal que em qualquer de suas vizinhanças exista algum ponto do domínio A da função. A função f tem por limite o número real L quando (x,y) tende para (a,b), e escreveremos: ( ) Lyxf bayx = → ),(),( ,lim , se e somente se, para cada vizinhança ( )εε +−= LLU , , do ponto L em R, existe uma vizinhança V do ponto (a,b) em R2 tal que ( ) ( ) ( ) UyxfbayxVAyx ∈⇒≠∩∈ ,),(,,, . O conteúdo dessa definição é ilustrado na Figura 13. Y X Z R 0 0 ε+L ε−L LU A (x,y) f(x,y) fV (a,b) Figura 13 – Representação gráfica de limite 21 Na definição anterior temos um modo rigoroso para afirmar que o valor f(x,y) da função pode estar arbitrariamente próximo de L, desde que (x,y) ∈ A esteja suficientemente próximo de (a,b). Observe que a definição não exige que a função f esteja definida no ponto (a,b); exige apenas que f seja definida em pontos próximos de (a,b). Em muitos casos, pode ser que não exista o limite de uma função de duas variáveis , e mesmo quando existe, pode ser um problema difícil determiná-lo. A definição que demos não nos indica nenhum caminho a seguir para obter o limite. O comportamento de uma função f(x,y) para (x,y) próximo de (a,b) pode depender do modo como o ponto variável (x,y) se aproxima do ponto (a,b). Para esclarecer o assunto consideremos os seguintes exemplos: _________________________________________________________________________ Exemplos: 1) Seja ( ) 22, yx xyyxf + = , esta função só não é definida no ponto (0,0). Suponhamos que (x,y) se aproxime da origem sobre a reta r que forma com 0X o ângulo α . Temos então axtgxy == α. , onde αtga = . Portanto: ( ) ( ) ( ) ( ) 222 2 22 11 . ,, a a ax ax axx axx axxfyxf + = + = + == Verificamos que sobre a reta r considerada, o valor de f se conserva constante. Segue-se que: ( ) ( ) 20 1,lim,lim a a axxfyxf x + == → . Desse modo, o limite de f(x,y) depende da reta r, isto é, depende do ângulo α . Concluímos que não existe um número L do qual f(x,y) se aproxime quando (x,y) tende para (0,0) de qualquer modo, neste caso, não existe ( ) ( ) ( )yxfyx ,lim 0,0, → . 22 X Y 0 α r (x,y) 2) Seja ( ) 22 2 33 2 , yx yxyxf + = . Esta função só não é definida no ponto (0,0). Tentaremos encontrar seu limite quando (x,y) tender para (0,0) ao longo dos seguintes caminhos: (i) eixo dos x, (ii) eixo dos y, (iii) a reta y = x, (iv) a parábola y = x2. (i) Sobre o eixo x, y = 0 e ( ) 0)0(33 )0(2 , 22 2 = + = x xyxf para .0≠x Assim: ( ) 00lim0,lim 00 == →→ xx xf . (ii) Sobre o eixo dos y, x=0 e ( ) ( ) 0 3)0(3 )0(2 ,0, 22 2 = + == y yyfyxf para .0≠y Assim: ( ) 00lim,0lim 00 == →→ yy yf . (iii) Sobre a reta y = x, ( ) ( ) 36 2 33 2 ,, 2 3 22 2 x x x xx xx xxfyxf == + == para .0≠x Assim: ( ) 0 3 lim,lim 0 0 == → → x x x xxf . (iv) Sobre a parábola y = x2, ( ) ( ) 2 2 42 22 2 33 2 33 2 ,, x x xx xx xxfyxf + = + == para .0≠x Assim: ( ) 0,lim 0 2 = →x xxf . 23 Verificamos, assim que ao longo de todos os caminhos o valor de f se conserva constante. Deste modo, ( ) 0 33 2lim,lim 22 2 0 0 0 0 = + = → → → → yx yxyxf y x y x . Observação: No estudo do limite de uma função f de uma variável, observamos que o ( ) ax xf → lim existe, se e somente se, os limites laterais ( ) +→ax xflim e ( ) −→ax xflim , existem e são iguais. Tratando com limite de uma função f a duas variáveis, isto é, ( ) by ax yxf → → ,lim , devemos supor que o ponto (x,y) se aproxime do ponto (a,b) não apenas pela direita ou pela esquerda, mas também por qualquer outra direção. Podemos ainda supor que (x,y) se aproxima de (a,b) ao longo de uma curva. A Figura 14 ilustra esta aproximação. (x,y) (a,b) X Y Y 0 0 X (x,y) (a,b) Figura 14 – Curvas de aproximação de (x,y) em relação a (a,b). Dizer que: ( ) Lyxf by ax = → → ,lim Significa que quando (x,y) tende a (a,b) por qualquer direção f(x,y) tende ao mesmo limite L. Portanto, um meio conveniente de mostrar que um particular limite ( ) by ax yxf → → ,lim não existe é mostrar que f(x,y) tende a dois limites diferentes quando (x,y) tende a (a,b) por duas direções diferentes. 24 5 CONTINUIDADE DE UMA FUNÇÃO COM DUAS OU MAIS VARIÁVEIS Seja ,,: 2RARAf ⊂→ uma função de duas variáveis, e seja (a,b) ∈ A Diremos que f é contínua no ponto (a,b), quando forem verificadas as seguintes condições: (i) Exista f(a,b), isto é exista o valor numérico da função para x = a e y = b. (ii) ( ) ( ) finito seja lim exista , ,lim by ax by ax ,x,y f yxf → → → → (iii) e: ( ) ( )a,bfyxf by ax ,lim = → → Observação: Quando uma destas condições não for satisfeita a função é descontínua no ponto. Uma função é contínua em uma região, quando for contínua em todos os pontos da região. _________________________________________________________________________ Exemplos: 1) Seja a função f(x,y) = x2 +y2 que é contínua no ponto (a,b). (i) f(a,b) = a2 + b2 (ii) ( ) 2222lim bayxf by ax +=+ → → (iii) ( ) ( )bafyxf by ax ,lim 22 =+ → → 2) Seja a função ( ) xy yxyxf − + =, descontínua no ponto (0,0). Tomando ( ) nado)(indetermi 0 0 00 000,0 = − + =f Vemos que uma das condições não é satisfeita, portanto, função descontínua em (0,0). 25 3) Seja a função ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) = ≠ += 0,0yx,se0 0,0,4 , 22 yxseyx xy yxf descontínua no ponto (0,0). (i) Estudando o limite ao longo do eixo x, temos: ( ) ( ) = ≠ == 0se0 0se0 0,, x x xfyxf ( ) 00,lim 0 = → xf x (ii) Estudando o limite ao longo da reta y = x. ( ) ( ) = ≠ == 0se0 0se2 ,, x x xxfyxf ( ) 2,lim 0 = → xxf x Assim deste modo, ( )xf y x 0 0 lim → → não existe e, por conseguinte, f não é contínua em (0,0). 6 - ALGUNS LIMITES FUNDAMENTAIS 1 )sen(lim 0 = → x x x e 11 lim x = += ∞→ xx k x e 1 lim = += ∞→ x k x ( ) e 1 lim x1 =+= ∞→ x x 26 6.1 - FORMAS INDETERMINADAS Quando, no cálculo do eventual limite de uma função, obtivermos uma das sete formas: ∞ ∞ ∞ ∞ ∞×∞−∞ 1,,0,, 0 0 ,0, 00 Nada poderá se concluir de imediato sem um estudo mais aprofundado de cada caso, feito geralmente com o auxílio da noção de equivalência entre funções. _________________________________________________________________________ 6.2 - PROPRIEDADES DA CONTINUIDADE PARA FUNÇÕES A DUAS VARIÁVEIS Consideremos que (a,b) seja um ponto interior aos domínios das funções f e g a duas variáveis e suponha ainda f e g contínuas em (a,b). Então: 1) h(x,y) = f(x,y) + g(x,y) é contínua em (a,b). 2) k(x,y) = f(x,y) - g(x,y) é contínua em (a,b). 3 p(x,y) = f(x,y) . g(x,y) é contínua em (a,b). 4) Se g(a,b) ≠ 0, então ( ) ( )( )yxg yxfyxq , , , = é contínua em (a,b). 5) Se w é uma função a duas variáveis que é contínua e está definida no ponto f(a,b) e se (a,b) é o ponto interior ao domínio de v(x,y) = w[f(x,y)], então v é contínua em (a,b). 27 7 - DERIVADAS PARCIAIS 7.1 - INTRODUÇÃO As técnicas, regras e fórmulas que dispomos para diferenciar funções a uma variável podem ser generalizadas para funções a duas ou mais variáveis, considerando-se que uma das variáveis deve ser mantida constante e as outras diferenciadas em relação à variável remanescente. Como exemplo considere a função ( ) 22 43, yxyxyxf −+= . Consideraremos temporariamente à variável y como constante e diferenciaremos em relação à variável x. Por conseguinte, visto que y é constante, ( ) ( ) ( ) 04333 2 =−== y dx d eyx dx dyxy dx d ,daí ( ) ( ) ( ) ( ) yxyxy dx d xy dx d x dx dyxf dx d 3203243, 22 +=++=−++= . No sentido de enfatizar que apenas a variável x pode variar, ou seja, que a variável y deve ser mantida constante quando a derivada é calculada, é usual substituir-se o símbolo x por dx d ∂ ∂ . O símbolo ∂ é lido como “d round”. Portanto, da expressão anterior teremos ( ) ( ) yxyxyx x yxf x 3243, 22 +=−+ ∂ ∂ = ∂ ∂ . A derivada calculada em relação à variável x enquanto y é mantida temporariamente constante é denominada derivada parcial em relação à variável x, e x∂∂ é chamado de operador derivada parcial em relação à variável x. Analogamente realizamos as mesmas considerações para y∂∂ . Desse modo, para a função f definida por ( ) 22 43, yxyxyxf −+= , tem-se 28 ( ) ( ) ( ) ( ) ( )2222 4343, y y xy y x y yxyx y yxf y − ∂ ∂ + ∂ ∂ + ∂ ∂ =−+ ∂ ∂ = ∂ ∂ ( ) yxyxyxf y 83830, −=−+= ∂ ∂ . _________________________________________________________________________ 7.2 - DERIVADAS PARCIAIS DE FUNÇÕES A DUAS VARIÁVEIS Se f é uma função a duas variáveis e (x,y) é um ponto no domínio de f, então as derivadas parciais ( ) ( ) y yxf x yxf ∂ ∂ ∂ ∂ , e , de f em (x,y) em relação à primeira e à segunda variável são definidas por ( ) ( ) ( ) x yxfyxxf x yxf x ∆ −∆+ = ∂ ∂ →∆ ,,lim, 0 , ( ) ( ) ( ) y yxfyyxf y yxf y ∆ −∆+ = ∂ ∂ →∆ ,,lim, 0 . Contanto que os limites existam. O procedimento para encontrar as derivadas parciais é denominado diferenciação parcial. 7.2.1 - NOTAÇÃO É conveniente se ter uma notação para derivadas parciais que seja análoga à notação f’(x) para funções de uma variável. Assim, a derivada de ( )yxfz ,= frequentemente se escreve ( ) ( )yxfouyxf x ,,1 , ao invés de ( ) x yxf ou x z ∂ ∂ ∂ ∂ , . Para a derivada parcial de f em relação à variável x. O índice 1(respectivamente o índice x) representa a diferenciação parcial em relação à primeira variável ou, em relação à 29 variável x. A notação do operador ( )[ ]xfD para derivadas ordinárias pode ser adaptada para derivadas parciais obtendo-se ( ) ( ) ( ) ( ) ( )yxfDyxfDyxfyxfyxf xx z xx ,,,,, 11 ====∂ ∂ = ∂ ∂ . Analogamente, para a derivada parcial em relação à variável y obtém-se ( ) ( ) ( ) ( ) ( )yxfDyxfDyxfyxfyxf yy z yy ,,,,, 22 ====∂ ∂ = ∂ ∂ . _________________________________________________________________________ Exemplo: 1) Use a definição para encontrar y z e x z ∂ ∂ ∂ ∂ se ( ) 22 275, yxyxyxfz +−== . ( ) ( ) x yxfyxxf x z x ∆ −∆+ = ∂ ∂ →∆ ,,lim 0 ( ) ( )[ ] ( ) x yxyxyyxxxx x z x ∆ +−−+∆+−∆+ = ∂ ∂ →∆ 2222 0 2752.7.5lim ( )[ ] x yxyxyxyxyxxxx x z x ∆ −+−+∆−−∆+∆+ = ∂ ∂ →∆ 22222 0 27527725lim ( ) ( )xyx x xyxxx x z xx ∆+−= ∆ ∆−∆+∆ = ∂ ∂ →∆→∆ 5710lim7510lim 0 2 0 .710 yx x z −= ∂ ∂ ( ) ( ) y yxfyyxf y z y ∆ −∆+ = ∂ ∂ →∆ ,,lim 0 ( ) ( )[ ] ( ) y yxyxyyyyxx y z y ∆ +−−∆++∆+− = ∂ ∂ →∆ 2222 0 275275lim ( )[ ] y yxyxyyyyyxxyx y z y ∆ −+−∆+∆++∆−− = ∂ ∂ →∆ 22222 0 27522775lim ( ) ( )yyx y yyyyx y z yy ∆++−= ∆ ∆+∆+∆− = ∂ ∂ →∆→∆ 247lim247lim 0 2 0 .47 yx x z +−= ∂ ∂ _________________________________________________________________________ 30 7.3 - DERIVADAS PARCIAIS DE FUNÇÕES A N VARIÁVEIS Seja f uma função a n variáveis e suponha que (x1, x2,....., xk,......., xn) pertença ao domínio de f. Se nk ≤≤1 , então a derivada parcial de f em relação à k-ésima variável xk é representada por fk e definida por ( )nkk xxxxf ,.......,,,........., 21 ( ) ( ) k nknkk x x xxxxfxxxxxf k ∆ −∆+ = →∆ ,......,.....,,....,.....,,lim 2121 0 Contanto que o limite exista. Se ( )nk xxxxfw .,,.........,.......,, 21= , então pode se utilizar também as seguintes notações para derivada parcial de f em relação à k-ésima variável xk. ( ) ( ) ( ) ( )nkxnkk nkxnk kk xxxxfDxxxxfD xxxxfxxxxf xx w k k ,.......,,,.........,,.......,,,........., ,.......,,,.........,,.......,,,........., 2121 2121 == = ∂ ∂ = ∂ ∂ _________________________________________________________________________ Exemplo: 1) No caso onde n = 3, as variáveis x1, x2 e x3 da definição acima são substituídos por x, y, z, respectivamente, e obtém-se as expressões. ( ) ( ) ( ) ( ) x zyxfzyxxf zyxfzyxf x x ∆ −∆+ == →∆ ,,,,lim,,,, 01 ( ) ( ) ( ) ( ) y zyxfzyyxf zyxfzyxf yy ∆ −∆+ == →∆ ,,,,lim,,,, 02 ( ) ( ) ( ) ( ) z zyxfzzyxf zyxfzyxf z z ∆ −∆+ == →∆ ,,,,lim,,,, 03 _________________________________________________________________________ 7.4 - TÉCNICAS PARA O CÁLCULO DE DERIVADAS PARCIAIS As derivadas parciais podem ser calculadas pelo uso das mesmas técnicas que eram válidas para funções ordinárias, exceto que todas as variáveis independentes, que não 31 aquelas em relação a qual efetuamos a derivação parcial, são tomadas temporariamente como constantes. _________________________________________________________________________ Exemplo: 1) Se w = x.y2.z3 , encontre xw ∂∂ e yw ∂∂ Considerando x e z com constantes e diferenciando em relação a y obtém-se ( ) ( ) ( ) 332332 22 xyzyxzy y xzzxy yy w == ∂ ∂ = ∂ ∂ = ∂ ∂ ( ) ( ) ( ) 32323232 1 zyzyx y zyzxy xx w == ∂ ∂ = ∂ ∂ = ∂ ∂ _________________________________________________________________________ 7.5 - CONCEITO SOBRE A REGRA DA CADEIA Recordando o caso com uma variável, se considerarmos duas funções diferenciáveis f e g, onde ( ) ( )xgueufy == . Se g(x) está no domínio de f, pode-se escrever ( ) ( )( )xgfufy == . Isto é, y é função de x. O teorema a seguir dá uma fórmula que especifica a derivada Dxy da função composta em termos das derivadas de f e g. No enunciado do teorema supõe-se que as variáveis sejam escolhidas de modo que a função composta f o g seja definida, e que, se g tem derivada em x, então f tem derivada em g(x). Portanto, se y = f(u), u = g(x) e as derivadas Duy e Dxu existem, a função composta definida por y = f(g(x)) tem derivada dada por ( ) ( ) ( )xgufuDyDyD xux '')( == ou dx du du dy dx dy .= . Considere agora g uma função a mais de uma variável, por exemplo, a duas variáveis por facilidade de compreensão. Se w = f(v) e v = g(x,y), ou seja w = f[g(x,y)], então mantendo y constante e utilizando a regra da cadeia conhecida, tem-se 32 ( )[ ] ( ) ( ) x v vfyxgyxgf x w x ∂ ∂ == ∂ ∂ '' ,, , x v dv dw x w ∂ ∂ = ∂ ∂ . . Contanto que as derivadas xvedvdw ∂∂ existam. Analogamente, mantendo-se x constante e utilizando a regra da cadeia conhecida, teremos: ( )[ ] ( ) ( ) y v vfyxgyxgf y w y ∂ ∂ == ∂ ∂ '' ,, y v dv dw y w ∂ ∂ = ∂ ∂ . _________________________________________________________________________ 7.6 - INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DAS DERIVADAS PARCIAIS Suponha que f seja uma função a duas variáveis e que f tenha derivadas parciais f1 e f2. O gráfico de f é uma superfície com equação ),( yxfz = , ilustrado na Figura 15. Seja ),( ooo yxfz = , tal que ),,( ooo zyxP = sejaum ponto desta superfície. O plano y = yo intercepta a superfície na seção APB, enquanto que o plano x = xo intercepta a mesma superfície na seção CPD. Quando um ponto se move ao longo da curva AP, suas coordenadas x e y variam de acordo com a equação ),( oyxfz = , enquanto sua coordenada y permanece constante com y = yo. A inclinação da reta tangente à APB em um ponto qualquer é a taxa de variação da coordenada z em relação à coordenada x, daí a inclinação é dada por ),(1 oyxfxz =∂∂ . Em particular, f1(xo,yo) representa o coeficiente angular da reta tangente à APB no ponto P. Analogamente, f2(xo,yo) representa o coeficiente da reta tangente à CPD no ponto P. Assim tem-se ( ) ( ) ( )0000001 ,x em calculado,,tan y x zyxfyxf x ∂ ∂ ===α e ( ) ( ) ( )0000002 ,x em calculado,,tan yy zyxfyxf y ∂ ∂ ===β . 33 C xo yo0 D β α B reta tangenteà APB X Y Z P=(xo,yo,zo) A reta tangenteà CPD z=f(x,y) Figura 15 – Interpretação Geométrica da derivada parcial. _________________________________________________________________________ Exemplo: 1) Encontre o coeficiente angular da reta tangente à curva de interseção da superfície 324 xyyxz −= com plano y =2 no ponto P = (3,2,48). Mantendo y constante e encontrando x z ∂ ∂ , tem-se ( ) ( ) 332 y8xy4x −= ∂ ∂ − ∂ ∂ = ∂ ∂ xy x y xx z , ou seja, quando x = 3 e y = 2, 40(2))2)(3(8 3 =−== ∂ ∂ x z . _________________________________________________________________________ 7.7 - APROXIMAÇÃO LINEAR Como pode ser observado nas seções anteriores, as derivadas parciais ( ) ( )oooo yxfeyxf ,, 21 se relacionam com as seções obtidas numa superfície z = f(x,y) por dois planos perpendiculares, y = yo e x = xo; assim estas duas derivadas parciais pouco dizem quanto ao aspecto da superfície além dessas seções. Assim, não é apropriado chamar uma função a duas (ou mais) variáveis de “diferenciáveis” apenas pela existência de suas 34 derivadas parciais. A chave para a definição própria de “diferenciabilidade” para funções a mais de uma variável está no conceito de aproximação linear. Suponha que ( )oo yx , seja um ponto interior do domínio f e que as duas derivadas parciais ( ) ( )oooo yxfeyxf ,, 21 existam. Assim, se o ponto (x,y) está próximo do ponto (xo,yo), então, por analogia ao procedimento utilizado no uso de derivadas para valores aproximados de funções a uma variável, tem-se ( ) ( ) ( )( ) ( )( )oooooooo yyyxfxxyxfyxfyxf −+−+≈ ,,,, 21 Naturalmente, o erro resultante dessa aproximação linear é dado por ( ) ( ) ( ) ( )( ) ( )( )oooooooo yyyxfxxyxfyxfyxfyxE −−−−−= ,,,,, 21 Para a maioria das funções encontradas nas aplicações práticas de cálculo, a aproximação linear dispõe de boa precisão isto é, o valor absoluto do erro, ( )yxE , , é pequeno – quando o ponto (x,y) está próximo de (xo,yo). Definindo oo yyyexxx −=∆−=∆ , a aproximação linear pode ser representada através da relação ( ) ( ) ( ) ( ) yyxfxyxfyxfyyxxf oooooooo ∆+∆+≈∆+∆+ ,,,, 21 . A condição de que o ponto (x,y) esteja próximo ao ponto (xo,yo) é equivalente, à condição de que yex ∆∆ sejam pequenos. _________________________________________________________________________ 7.8 - FUNÇÕES DIFERENCIÁVEIS A DUAS VARIÁVEIS Uma função a duas variáveis é diferenciável se o erro resultante da aproximação linear é pequeno em valor absoluto. Suponha que (xo,yo) seja um ponto interior ao domínio de f e que as duas derivadas parciais ( ) ( )oooo yxfeyxf ,, 21 existam. Então, é possível estabelecer a seguinte definição. 7.8.1 - FUNÇÃO DIFERENCIÁVEL A DUAS VARIÁVEIS É possível dizer que f é diferenciável no ponto (xo,yo) se o erro resultante da aproximação linear tem a forma ( ) ( ) ( ) ( ) ( )yxyyyxxxyxE oo ,,, 21 εε −+−= . 35 Se o domínio de f é um conjunto aberto, então f é denominada função diferenciável, ressaltando-se que é diferenciável em todo ponto de seu domínio. Fazendo oo yyxxxx −=∆−=∆ e e abreviando ( )yxE , ( ) ( )yxyx ,,, 21 εε por 21, εε eE , respectivamente tem-se 0lim0lim 2 0 01 0 0,21 ==∆+∆= →∆ →∆ →∆ →∆ εεεε y x y x eondeyxE . Portanto, para uma função diferenciável, o erro E resultante de uma aproximação linear tende a zero rapidamente quando yex ∆∆ tendem a zero. Isto é análogo à condição de erro da aproximação linear de uma função a uma única variável, estudado no cálculo fundamental. Infelizmente, a mera existência das derivadas parciais ( ) ( )oooo yxfyxf ,e, 21 não garante que f seja diferenciável em (xo,yo). Uma condição que assegura a diferenciabilidade de f é dada na próxima seção. 7.8.2 - DIFERENCIABILIDADE CONTÍNUA Considere f uma função a duas variáveis e U um conjunto aberto de pontos contidos no domínio de f. Pode-se dizer que f é continuamente diferenciável em U se as derivadas parciais ( ) ( )yxfeyxf ,, 21 existam para todo ponto (x,y) de U e as funções f1 e f2 são contínuas em U. Se o domínio de f é um conjunto aberto e se f é continuamente diferenciável em D, então f é continuamente diferenciável. Propriedades: 1 – Se f é diferenciável em (xo,yo), então f é contínua em (xo,yo). 2 – Se f é continuamente diferenciável em um conjunto aberto U, então f é diferenciável em cada ponto (xo,yo) em U. Assim, pode-se estabelecer que se uma função com derivadas parciais contínuas é continuamente diferenciável, então uma função continuamente diferenciável é diferenciável. Logo, uma função diferenciável é continua. Finalmente, a aproximação linear aplicada a uma função diferenciável da margem a um pequeno erro. _________________________________________________________________________ 36 7.9 - DIFERENCIAL TOTAL Suponha que f é uma função a duas variáveis e seja ( )yxfz ,= . Se x e y sofrem pequenas variações, respectivamente, então z varia de uma quantidade de z∆ , dada por ( ) ( )yxfyyxxfz ,, −∆+∆+=∆ . Considerando que f seja diferenciável em (x,y), será de conhecimento que o erro resultante da aproximação linear ( ) ( ) ( ) ( ) yyxfxyxfyxfyyxxf ∆+∆+≈∆+∆+ ,,,, 21 , será pequeno, e segue que pode-se aproximar z∆ como ( ) ( ) yyxfxyxfz ∆+∆≈∆ ,, 21 . Usando a notação alternativa yzexz ∂∂∂∂ para as derivadas parciais ( ) ( )yxfeyxf ,, 21 pode-se escrever a aproximação como y y z x x z z ∆ ∂ ∂ +∆ ∂ ∂ ≈∆ . Por analogia, com a notação utilizada para funções a uma variável, as variações yex ∆∆ são às vezes chamadas de diferenciais destas variáveis e escritas como dyedx , respectivamente. Desse modo, se dyedx são pequenos, então a variação z∆ do valor de z causada pela mudança de x para x+dx e de dy para y+dy é aproximada por dy y zdx x z z ∂ ∂ + ∂ ∂ ≈∆ Realizando uma analogia com funções a uma variável, definimos a diferencial total dz da variável dependente z por dy y zdx x zdz ∂ ∂ + ∂ ∂ = . Portanto, se dx e dy são pequenos, então dzz ≈∆ . Visto que z = f(x,y), pode-se escrever também dz como df, ou seja ( ) ( )dyyxfdxyxfdf ,, 21 += . _________________________________________________________________________ 37 7.10 - FUNÇÕES A TRÊS OU MAIS VARIÁVEIS Se w = f (x,y,z), onde f é diferenciável em um ponto interior (x,y,z) de seu domínio, definimos a diferencial total dw, ou df, em (x,y,z) por ( ) ( ) ( )dzzyxfdyzyxfdxzyxfdz z wdy y wdx x wdfdw ,,,,,, 321 ++=∂ ∂ + ∂ ∂ + ∂ ∂ == . Onde dx, dy e dz as diferenciais de suas variáveis independentes, podem ter valores arbitrários. A diferencial total dw fornece uma aproximação da variação w∆ da variação dependente w causada pelo incremento de x, y e z das quantidades dx, dy e dz, respectivamente._________________________________________________________________________ 7.11 - AS REGRAS DA CADEIA A mais simples regra da cadeia é sugerida pela notação de diferencial total, já introduzida. Suponha que z seja uma função a duas variáveis x e y, de modo que z = f(x,y), enquanto que x e y sejam funções a uma outra variável t, ou seja x=g(t) e y=h(t). Então z torna-se uma função a uma única variável t, isto é z = f(g(t),h(t)). Desde que dy y zdx x zdz ∂ ∂ + ∂ ∂ = . Portanto, pode-se esperar que dt dy y z dt dx x z dt dz ∂ ∂ + ∂ ∂ = . Esta regra da cadeia está correta a partir do momento que f, g, h sejam funções diferenciáveis. Seja t∆ uma variação pequena em t e sejam x∆ , y∆ , z∆ as variações resultantes nas variáveis x, y e z respectivamente. Visto que f é diferenciável, tem-se yxy y z x x z z ∆+∆+∆ ∂ ∂ +∆ ∂ ∂ =∆ 21 εε . Onde yx ∆+∆ 21 εε é o erro resultante da aproximação linear, y y z x x z z ∆ ∂ ∂ +∆ ∂ ∂ ≈∆ , e 38 0limlim 2 0 01 0 0 == →∆ →∆ →∆ →∆ εε y x y x . Dividindo por t∆ , tem-se t y t x t y y z t x x z t z ∆ ∆ + ∆ ∆ + ∆ ∆ ∂ ∂ + ∆ ∆ ∂ ∂ = ∆ ∆ 21 εε . Tomando o limite em ambos os lados quando 0→∆t e notando que 0→∆x e 0→∆y , ou seja, 01 →ε e 02 →ε quando 0→∆t , obtém-se ( ) ( ) dt dy y z dt dx x z dt dy dt dx o dt dy y z dt dx x z dt dz ∂ ∂ + ∂ ∂ =++ ∂ ∂ + ∂ ∂ = 0 , como era esperado 7.11.1 - PRIMEIRA REGRA DA CADEIA Considere f uma função a duas variáveis e as funções g e h com uma única variável. Considere que (xo,yo) seja um ponto interior ao domínio de f e que f seja diferenciável em (xo,yo). Suponha que xo = g(to) e que yo = h(to) e que ambas, g e h, sejam diferenciáveis em to. Definindo a função ( ) ( ) ( )( )thtgftF ,= . Então, se F é diferenciável em to, tem-se ( ) ( ) ( ) ( ) ( )0'0020'001' ,, thyxftgyxftF o += . Esta regra da cadeia pode ser generalizada para funções a mais de duas variáveis. De fato, se w é uma função de n variáveis x1, x2, x3,......, xn e cada uma dessas n variáveis são por sua vez, função de uma variável t, então dt dx x w dt dx x w dt dx x w dt dw n n∂ ∂ ++ ∂ ∂ + ∂ ∂ = ........... 2 2 1 1 . Ressaltando que a função w dada em termos de x1, x2, x3,......, xn seja diferenciável e que as derivadas t x t x t x n ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ,.....,, 21 existam. 7.11.2 - SEGUNDA REGRA DA CADEIA Agora considere o caso em que a variável dependente z seja função de duas variáveis x e y, de modo que ( )yxfz ,= . Considerando que x e y são funções a duas variáveis, u e v, ou seja, 39 ( ) ( )vuhyvugx ,,, == , então z torna-se uma função de u e v, dada por ( ) ( )( )vuhvugfz ,,,= . Considerando temporariamente que a variável v seja constante, então a derivada parcial de z em relação a u é enunciada pela primeira regra da cadeia como u y y z u x x z u z ∂ ∂ ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ . Notando que f é diferenciável e que as derivadas parciais uyeux ∂∂∂∂ existem. De modo semelhante, se f é diferenciável e as derivadas parciais vyevx ∂∂∂∂ existem, então v y y z v x x z v z ∂ ∂ ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ . Em um modelo mais formalizado considere f, g e h funções a duas variáveis, seja (xo,yo) um ponto interior ao domínio de f e suponha f diferenciável em (xo,yo). Seja xo = g(uo,vo), yo = h(uo,vo), e suponha que as derivadas parciais g1(uo,vo), g2(uo,vo), h1(uo,vo) e h2(uo,vo) existam. Define-se a função F por ( ) ( ) ( )( )vuhvugfvuF ,,,, = . Então F tem derivadas parciais ( )001 ,vuF e ( )002 ,vuF sendo dado por ( ) ( ) ( ) ( ) ( )001002001001001 ,,,,, vuhyxfvugyxfvuF += , ( ) ( ) ( ) ( ) ( )002002002001002 ,,,,, vuhyxfvugyxfvuF += . A generalização da segunda regra da cadeia para mais de duas variáveis é explicada a seguir. Se w é uma função a m variáveis y1, y2, y3,......, ym e se cada uma dessas variáveis é por sua vez uma função a n variáveis x1, x2, x3,......, xn então j m mjjj x y y w x y y w x y y w x w ∂ ∂ ∂ ∂ ++ ∂ ∂ ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ ...... 2 2 1 1 . É válido para cada j = 1, 2,...., n, alertando que as derivadas parciais j m jj x y x y x y ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ,.....,, 21 existam. A equação anterior pode ser escrita mais compacta, ou seja, na forma 40 ∑ = = ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ m k j k kj njpara x y y w x w 1 ,,.........2,1, . _________________________________________________________________________ Exemplo: Se w = f(x,y,z), x = g(s,t,u), y = h(s,t,u) e z = p(s,t,u), e se f é diferenciável, então s z z w s y y w s x x w s w ∂ ∂ ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ , t z z w t y y w t x x w t w ∂ ∂ ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ , u z z w u y y w u x x w u w ∂ ∂ ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ . Desde que todas as derivadas parciais de x, y e z em relação à s, t e u existam. _________________________________________________________________________ 7.12 - DIFERENCIAÇÃO IMPLÍCITA Dada uma equação na qual figurem as variáveis x e y, pode-se transpor os termos para a esquerda do sinal de igualdade e a equação toma a forma ( ) 0, =yxf , onde f é uma função a duas variáveis. Esta equação define y implicitamente como uma função g de x se ( )( ) 0, =xgxf , sendo válida para todo valor de x no domínio de g. Considerando que f e g sejam diferenciáveis, então pelo teorema da primeira regra da cadeia podemos diferenciar ambos os lados da equação ( )( ) 0, =xgxf em relação a x e obter ( )( ) ( )( ) ( ) 0,, 21 =+ xgdx d xgxf dx dx xgxf , ou ( ) ( ) 0,, 21 =+ dx dyyxfyxf . Onde y = g(x). Se ( ) 0,2 ≠yxf , pode-se resolver a última equação em dy/dx, obtendo portanto, 41 ( ) ( )yxf yxf dx dy , , 2 1 −= . Em geral, dada uma equação na forma ( ) 0,, =zyxf , onde figurem três variáveis, ela pode ser resolvida para uma das variáveis digamos y, em temos das outras duas variáveis x e z. Esta solução tem a forma ( )zxgy ,= , então ( )( ) 0,,, =zzxgxf . Válida para todos os pontos (x,z) do domínio da função g. Além disso, a equação ( ) 0,, =zyxf define y implicitamente como uma função g de x e z. Assumindo que as funções f e g sejam diferenciáveis, tomam-se as derivadas em relação a x e também em relação a z em ambos os lados da equação ( ) 0,, =zyxf para obter ( ) ( ) ( ) 0,,,,,, 321 =∂ ∂ + ∂ ∂ + ∂ ∂ x z zyxf x y zyxf x x zyxf , ( ) ( ) ( ) 0,,,,,, 321 =∂ ∂ + ∂ ∂ + ∂ ∂ z z zyxf z y zyxf z x zyxf . Visto que x e z são variáveis independentes, tem-se 1,1,0,0 = ∂ ∂ = ∂ ∂ = ∂ ∂ = ∂ ∂ z z x x z x x z . Portanto, podemos representar a equação precedente sob a forma: ( ) ( ) ( ) ( )zyxf z y zyxfezyxf x y zyxf ,,,,,,,, 3212 −=∂ ∂ −= ∂ ∂ . Daí, se ( ) 0,,2 ≠zyxf , pode-se resolver z y e x y ∂ ∂ ∂ ∂ obtendo ( ) ( ) ( ) ( )zyxf zyxf z y e zyxf zyxf x y ,, ,, ,, ,, 2 3 2 1 −= ∂ ∂ −= ∂ ∂ ._________________________________________________________________________ 42 Exemplo: 1) Suponha que y seja função de x e z dada implicitamente pela equação 01447 23233 =−−+− zzyxxyzyx . Encontre z y e x y ∂ ∂ ∂ ∂ quando x=1, z=0 e y=2. A equação tem a forma f(x,y,z) = 0, onde ( ) 1447,, 23233 −−+−= zzyxxyzyxzyxf . Calculando as derivadas ( ) 23321 2421,, zyxyzyxzyxf +−= , ( ) 222332 347,, zyxxzxzyxf +−= , ( ) 1212,, 3223 −+−= zyxxyzzyxf . Assim, 22233 322 22233 2332 347 1212 347 2421 zyxxzx zyxxyz z y e zyxxzx zyxyzyx x y +− −+− −= ∂ ∂ +− +− −= ∂ ∂ . fazendo x = 1, z = 0 e y = 2, obtém-se 7 1 7 16 7 42 = − −= ∂ ∂ −=−= ∂ ∂ z y e x y . _________________________________________________________________________ 7.13 - DERIVADA DIRECIONAL E GRADIENTE Nesta seção é analisada a derivada direcional e o conceito de gradiente de um campo escalar. 7.13.1 - DERIVADA DIRECIONAL E GRADIENTE NO PLANO Considere um campo escalar no plano xy descrito por uma função diferenciável a duas variáveis. Desse modo, se ( )yxfz ,= , então z é o valor do campo escalar no ponto P=(x,y). Seja L uma reta no plano xy. Quando P se move ao longo de L, z pode variar e faz sentido perguntar pela taxa de variação dz/ds de z em relação à distância s medida ao longo de L, conforme ilustra a Figura 7.2. A fim de encontrar dz/ds, é introduzido um vetor unitário jbiau += paralelo a L e na direção do movimento de P ao longo de L, conforme ilustra a Figura 16. Se P = (x,y) está a s unidades de um ponto fixado Po = (xo,yo) em L, então usPPo = ______ ; isto é, 43 ( ) ( ) bsjasijyyixx +=−+− 00 . Igualando os componentes temos bsyyeasxx =−=− 00 ; isto é, bsyyeasxx +=+= 00 . Assim, b s y ea s x = ∂ ∂ = ∂ ∂ . Pela regra da cadeia, tem-se b y z a x z ds dy y z ds dx x z s z ∂ ∂ + ∂ ∂ = ∂ ∂ + ∂ ∂ = ∂ ∂ . P = (x,y) x y z z = f(x,y) P = (x,y) x y z Po = (xo,yo) − i − j 0 LL −−− += jbiau Figura 16 - Taxa de variação dz/ds de z em relação à distância s medida ao longo de L. A derivada dz/ds, que é a taxa de variação do campo escalar z em relação à distância medida na direção do vetor unitário u , é denominada derivada direcional de z (ou derivada direcional da função f) na direção de u , sendo escrita como fDouzD uu −− . Assim tem-se ( ) ( ) ( )byxfayxfyxfDoub y z a x z zD uu ,,, 21 +=∂ ∂ + ∂ ∂ = −− . onde, bjaiu += . Em particular se u é o vetor unitário que faz um ângulo θ com o eixo positivo de x, então ( ) ( ) jseniu θθ += cos , e 44 ( ) ( ) ( ) θθθθ sen,cos,,sencos 21 yxfyxfyxfDouy z x z zD uu += ∂ ∂ + ∂ ∂ = −− . Portanto, as derivadas direcionais de z nas direções dos eixos positivos de x e y são as derivadas parciais de z com respeito à x e y, respectivamente. A derivada direcional fDouzD uu −− pode ser expressa na forma de produto escalar. ( ) ∂ ∂ + ∂ ∂ = ∂ ∂ + ∂ ∂ += ∂ ∂ + ∂ ∂ = ∂ ∂ + ∂ ∂ = − j y zi x z uj y zi x zjbia y zb x z ab y z a x z zD u .. . O vetor j y zi x z ∂ ∂ + ∂ ∂ cujos componentes escalares são derivadas parciais de z com respeito à x e a y é denominado gradiente do campo escalar z(ou da função f), sendo escrito como ) comoou ( fz ∇∇ . O símbolo ∇ , um delta grego invertido, é denominado de “Nabla”. Assim, ( ) ( ) ( ) jyxfiyxfyxfouj y zi x z z ,,, 21 +=∇∂ ∂ + ∂ ∂ =∇ . Assim, pode-se escrever a derivada direcional como ( ) ( )yxfuyxfDouzuzD uu ,.,. ∇=∇= −− . Em palavras, a derivada direcional de um campo escalar numa dada direção é o produto escalar desta direção pelo gradiente do campo escalar. Algumas observações importantes: 1) A derivada direcional é nula na direção perpendicular ao gradiente. 2) A derivada direcional assume seu valor máximo na direção do gradiente e esse máximo valor é ( )00 , yxf∇ . Em outras palavras o gradiente de um campo escalar, calculado num ponto P, é um vetor cuja direção indica a direção na qual o campo escalar aumenta mais rapidamente, enquanto o módulo do vetor gradiente é numericamente igual a taxa instantânea de aumento do campo por unidade de distância nesta direção no ponto P. Por exemplo, se uma partícula estiver num dado ponto de um campo de temperatura e for necessário seguir para onde a temperatura aumenta mais rapidamente, basta tomar a direção do gradiente neste ponto. Por outro lado, se o movimento for perpendicular ao vetor gradiente, a taxa instantânea de variação é nula, pois estará sobre a isoterma (pontos de 45 mesma temperatura) que passa por esse ponto. Movendo-se na direção oposta ao gradiente (isto é, na direção do gradiente negativo) a temperatura diminuirá mais rapidamente. _________________________________________________________________________ 7.13.2 – DERIVADA DIRECIONAL E GRADIENTE NO ESPAÇO Assim, como uma função a duas variáveis pode ser considerada como um campo escalar no plano, uma função f a três variáveis pode ser considerado como um campo escalar no espaço xyz; isto é, pode-se pensar em f relacionando-a com o escalar w, dado por ( )zyxfw ,,= . Como exemplo tem-se os campos de temperatura, pressão, densidade, potencial elétrico. Todas as técnicas introduzidas para campos escalares no plano xy estendem-se para campos escalares no espaço xyz. Por exemplo, se w = f(x,y,z), onde f é uma função diferencial, o gradiente de w (ou de f ) é definido por ( ) ( ) ( ) ( ) −−−−−− ++=∇ ∂ ∂ + ∂ ∂ + ∂ ∂ =∇ .,,,,,,,, 321 kzyxfjzyxfizyxfzyxfouk z wj y wi x w w Se u é um vetor unitário no espaço xyz, é fácil mostrar que a taxa de variação do campo escalar w em relação à distância medida na direção de u é dada pela derivada direcional. ( ) ( )zyxfuzyxfDouwuwD uu ,,.,,. ∇=∇= −− . Assim, como para campos escalares no plano xy, o gradiente de um campo escalar no espaço xyz indica a direção para qual a derivada direcional atinge seu máximo e o seu módulo é numericamente igual a essa derivada direcional máxima. _________________________________________________________________________ Exercícios: 1) Encontre as direções nas quais a função ( ) ( ) ( )22, 22 yxyxf += a) Cresce mais rapidamente no ponto (1,1); b) Decresce mais rapidamente no ponto (1,1); c) Quais as direções de variação zero da função em (1,1)? 2) Qual é a taxa de variação da função ( ) zxyxzyxf −−= 23,, em Po(1,1,0) na direção do vetor kjiv 632 +−= . 46 3) Encontre a derivada da função ( ) ( )xycxosxeyxf y +=, no ponto (2,0) na direção do vetor jiv 43 −= . 0 1 2 3 4 5-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 7.14 – DERIVADAS PARCIAIS DE ORDEM SUPERIOR Quando se estuda as funções de uma variável, observa-se que é útil considerar não apenas a primeira derivada, mas também as derivadas de ordem superior. Analogamente, no estudo de funções a várias variáveis é útil considerar as derivadas parciais de ordem superior. Considere a função f a duas variáveis tendo derivadas parciais 1f e 2f , ou seja, ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )yxf y yxfyxfeyxf x yxfyxf yx ,,,,,, 21 ∂ ∂ == ∂ ∂ == . As funções 1f e 2f são funções a duas variáveis e podem então ter derivadas parciais. Por exemplo, se ( ) 232 63, xyyxyxf += , então: ( ) ( ) ( ) 232321 6663,, yxyxyyx x yxfyxf x +=+∂ ∂ == ( ) ( ) ( ) xyyxxyyx xyxfyxf x 12963,, 222321 +=+∂ ∂ == Portanto, 47 ( ) ( ) ( ) 3231 666,, yyxy x yxf xx yxf x =+ ∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ ( ) ( ) ( ) yxyyxy x yxf xy yxf y 121866,, 2231 +=+∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ ( ) ( ) ( ) yxyxyyx x yxf yx yxf x 1218129,, 2222 +=+∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ ( ) ( ) ( ) xyxxyyx y yxf yy yxf y 1218129,, 2222 +=+∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ As quatro derivadas parciais das derivadas parciais encontradas acima são chamadas de derivadas parciais de segunda ordem da função original f. Naturalmente podem-se expressar as derivadas da função 1f em relação á primeira e a segunda variável como ( ) 11f e ( ) 21f , respectivamente, contudo por simplicidade, omiti-se os parênteses e representa-se essa derivada parcial de segunda ordem por 11f , 12f , respectivamente. Da mesma forma pode se representar como xxf , xyf . Por exemplo ∂ ∂ ∂ ∂ == x f y ff xy12 . O simbolismo ∂ ∂ ∂ ∂ x f y é também abreviado para yx f ∂∂ ∂ 2 , do mesmo modo que 2 2 dx fd é usada como abreviação para a derivada segunda ordinária. Analogamente, escrevemos 2 2 x f ∂ ∂ para a derivada parcial de segunda ordem ∂ ∂ ∂ ∂ x f x , e assim por diante. Resumindo, as quatro derivadas parciais de segunda ordem de f podem ser representadas como se segue ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ == x f xx fff xx 2 2 11 , ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂∂ ∂ == x f yxy fff xy 2 12 , ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂∂ ∂ == y f xyx fff yx 2 21 , 48 ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ == y f yy fff yy 2 2 22 . Na notação subscrita xyff =12 indica uma diferenciação parcial em relação á primeira variável x seguida por uma diferenciação parcial em relação à segunda variável y. Por conseguinte, o simbolismo ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂∂ ∂ y f xyx f2 indica uma diferenciação parcial inicial em relação à y seguida de uma diferenciação parcial em relação à x. Na notação inicial, a ordem dos índices da esquerda para a direita indica a ordem da diferenciação parcial, enquanto que na notação yx f ∂∂ ∂ 2 , a ordem está indicada da direita para a esquerda. 8 – INTEGRAIS REPETIDAS 8.1 – INTRODUÇÃO O capítulo 7 tratou das derivadas parciais para funções de várias variáveis, considerando uma das variáveis independentes como sendo constante e diferenciando em relação às variáveis restantes. Do mesmo modo, é possível considerar uma integral indefinida como uma função em relação a uma dessas variáveis, enquanto consideramos temporariamente as variáveis restantes como sendo constantes. Por exemplo ∫ ∫ +== C xydxxydxyx 3 3 32332 , e ∫ ∫ +== K y xdyyxdyyx 4 4 23232 . Observe que a variável de integração é claramente indicada pela diferencial dx ou dy sob o traço da integral. No cálculo da integral dxyx∫ 32 , tomamos temporariamente y constante, contudo, valores fixos diferentes de y poderiam requerer diferentes valores da constante da integração C. A possível dependência de C por y pode ser indicada escrevendo-se C(y) ao invés de C; isto é, podemos considerar a constante de integração como uma função de y e escrever: ( )∫ += yC yxdxyx 3 33 32 Igualmente, integrando em relação à y, escreveríamos: ( )∫ += xK yxdyyx 4 22 32 50 As integrais acima são justamente os análogos para a integração indefinida das derivadas parciais por diferenciação, e elas poderiam ser chamadas “integrais parciais”. Porém, serão denominadas de integrais em relação à x ou a y. _________________________________________________________________________ Exemplo: 1) Se ( ) ( )yxyxf cos., = , encontre ( ) ( )∫ ∫ dyyxfedxyxf ,, Solução ( ) ( ) ( ) ( ) ( )yCyxdxxydxyxdxyxf +=== ∫∫∫ cos2coscos., 2 ( ) ( ) ( ) ( ) ( )xKyxdxyxdyyxdyyxf +=== ∫∫∫ sencoscos., Agora suponha que f é uma função de duas variáveis tais que, para cada valor fixo de y, f(x,y) é uma função integrável de x. Logo, para cada valor fixo de y, podemos formar a integral definida. ( )∫ b a dxyxf , Para diferentes valores fixos de y, podemos utilizar diferentes limites de integração a e b; isto é, a e b podem depender de y. Tal dependência pode ser indicada pela notação usual de função, e a integral torna-se: ( ) ( ) ( ) ∫ yb ya dxyxf , _________________________________________________________________________ 51 Exemplo: 1) Calcule ∫ 2 ln . y y yx dxey : Solução Fazendo “y” temporariamente constante e integrando em relação à “x”, obtém-se: ( ) ( )yCeyC y eydxey xy yx yx +=+=∫ . Portanto, ( ) ( ) ( ) ( ) +− += +=∫ yCeyCeyCedxey yyyy y y yx y y yx ln2 2 ln 2 ln . ( ) ( ) ( ) yyyyy y y yx yeyCyCeedxey −=−+−=∫ 3ln3 2 ln . No exemplo, note que a “constante” de integração C(y) cancela-se normalmente durante a integração definida. Portanto quando lidamos com integrais definidas, não há necessidade de escrever a constante de integração. Observe também que a integração no exemplo anterior se dá em relação à x; logo, os limites de integração devem ser substituídos por x depois de realizada a integral indefinida. Para enfatizar isto, pode-se escrever ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ∫ ∫ = = = = = ybx yax ybx yax dxyxfdxyxf ,, , 52 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ∫ ∫ = = = = = xhy xgy xhy xgy dyyxfdyyxf ,, . Note que a quantidade ( ) ( ) ( ) ∫ = = xhy xgy dyyxf , depende somente de “x”, enquanto a quantidade ( ) ( ) ( ) ∫ = = ybx yax dxyxf , depende somente de y. Conseqüentemente, podemos definir F e G das únicas vaiáveis x e y, respectivamente pelas equações ( ) ( ) ( ) ( ) ∫ = = = xhy xgy dyyxfxF , , ( ) ( ) ( ) ( ) ∫ = = = ybx yax dxyxfyG , . Em muitos casos, as funções F e G são por si próprias integráveis, e podemos escrever: ( ) ( ) ( ) ( ) ∫ ∫ ∫ = = = = = = = dx cx dx cx xhy xgy dxdyyxfdxxF , ( ) ( ) ( ) ( ) ∫ ∫ ∫ = = = = = = = dy cy dy cy xbx yax dydxyxfdyyG , As integrais anteriores são denominadas integrais repetidas, e são comumente escritas sem colchetes e com a mais simples notação para os limites de integração, logo 53 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ∫ ∫∫∫ = = = = = xh xg xhy xgy dx cx d c dxdyyxfdydxyxf ,, , ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ∫ ∫∫∫ = = = = = yb ya ybx yax dy cy d c dydxyxfdxdyyxf ,, . O procedimento de cálculo da integral que representado por ( ) ( ) ( ) ∫∫ xh xg d c dydxyxf , é o seguinte: 1) Integra-se ( )yxf , em relação à “y” mantendo “x” fixo. Os limitesde integração ( ) ( )xhxg e dependem deste valor fixo de “x”, e assim resulta a quantidade. ( ) ( ) ( ) ∫ xh xg dyyxf , 2) Integra-se a quantidade posterior em relação à “x” (considerando “x” agora uma variável) entre os limites constantes de integração “c” e “d”. Por outro lado a integral repetida, ( ) ( ) ( ) ∫∫ yb ya d c dxdyyxf , , envolve a integração de ( )yxf , em relação à “x”, mantendo “y” fixo, entre os limites de integração a(y) e b(y) seguindo por uma integração da quantidade resultante em relação à y entre os limites constantes de integração c e d. As duas sucessivas integrações requeridas para calcular uma integral repetida são executadas na ordem em que as diferenciais (dx e dy 54 nas integrais acima) aparecem, lendo da esquerda para a direita. Contudo, os correspondentes limites de integração são associados com as trações de integrais lendo o “avesso”, isto é da direita para a esquerda. _________________________________________________________________________ Exercícios: 1) ∫∫ − 2 0 32 2 1 dydxyx 2) ∫∫ − 2/3 0 2 4 0 16 x dxdyx 3) ∫∫ 2 00 sen y dxdy y x pi 4) ∫∫ 2 0 24 1 0 dydxyx 5) ∫∫ 1 0 3 0 dydxex xy 6) ∫∫ y dxdyx 0 3 2 0 7) ∫∫ + u u vu dvdue 6 4 1 0 8) ( ) ( ) ∫∫ θpi θφθφ cos2 0 2 0 cos dd _________________________________________________________________________ 8.2 – A INTEGRAL DUPLA Considerando f uma função de duas variáveis e “R” uma região no plano xy, que está contida no domínio de f, podemos formular um problema no espaço tridimensional pela consideração do volume V ilustrado na Figura 17. Assim, se ( ) 0, ≥yxf em R, podemos obter o volume do sólido que é limitado acima pelo gráfico de f, abaixo pela região R, e lateralmente pelo cilindro sobre o limite de R cujas geratrizes são paralelas ao eixo Z. Falamos deste sólido como o sólido abaixo do gráfico de f e acima da região R. 55 z y x 0 R z=f(x,y) Figura 17 – Volume do Sólido. A proposta é obter uma boa aproximação do cálculo do volume utilizando a integral dupla. Sendo a integral dupla de f sobre a região R escrita como ( )∫∫ R dxdyyxf , . A Figura 18 ilustra a projeção da função ( )yxfz ,= na superfície R. R }y∆ } x∆ ba c d y x 0 Figura 18 – Projeção do Sólido na superfície R. 56 8.2.1 – PROPRIEDADES BÁSICAS DA INTEGRAL DUPLA 1) ( ) ( )∫∫ ∫∫= R R dxdyyxfKdxdyyxfK ,, 2) ( ) ( )[ ] ( ) ( )∫∫∫∫∫∫ +=+ RRR dxdyyxgdxdyyxfdxdyyxgyxf ,,,, 3) ( ) ( )[ ] ( ) ( )∫∫∫∫∫∫ ±=± RRR dxdyyxgBdxdyyxfAdxdyyxgByxfA ,,,, 4) ( ) 0, ≥yxf , para todos os pontos (x,y) em R então: ( )∫∫ ≥ R dxdyyxf 0, 5) ( ) ( )yxgyxf ,, ≤ , então: ( ) ( )∫∫∫∫ ≤ RR dxdyyxgdxdyyxf ,, 6) Se R é uma região que possa ser decomposta em duas regiões não superpostas R1 e R2 (As regiões podem dividir pontos comuns de limites) então: ( ) ( ) ( )∫∫∫∫∫∫ += 21 ,,, RRR dxdyyxfdxdyyxfdxdyyxf _________________________________________________________________________ Exercícios: 1) Seja “R” o retângulo 10 ≤≤ x , 10 ≤≤ y , seja R1 a parte “R” acima, isto é, sobre a diagonal y = x, e seja R2 a parte de “R” abaixo, sob a diagonal y = x. Suponha que: ( )∫∫ = 1 3, R dxdyyxf ( )∫∫ −= 1 2, R dxdyyxg ( )∫∫ = 2 5, R dxdyyxf ( )∫∫ = 2 1, R dxdyyxg 57 Exercícios: a) ( )∫∫ R dxdyyxf , b) ( )∫∫ R dxdyyxg , c) ( ) ( )[ ]∫∫ − R dxdyyxgyxf ,.3,.4 _________________________________________________________________________ 8.3 – CÁLCULO DA INTEGRAL DUPLA POR ITERAÇÃO Nas seções anteriores foi considerada a integral iterada dada por ( ) ( ) ( ) ∫∫ yh yg b a dydxyxf , , de uma função f de duas variáveis, e a integral dupla, dada por ( )∫∫ R dxdyyxf , , de uma função f de duas variáveis sobre uma região no plano XY. Algumas vezes é possível converter uma integral dupla em uma integral iterada equivalente e vice-versa. Através de uma análise pelo método da divisão em fatias, é possível provar que ( ) ( ) ( ) ( ) ∫∫∫∫ = yh yg b aR dxdyyxfdxdyyxf ,, . _________________________________________________________________________ Exemplo: 1) Seja R a região interior do trapezóide cujos vértices são (2,2), (4,2), (5,4) e (1,4) dada pela Figura a seguir. Calcule ∫∫ R dxdyxy8 . 58 4 2 x y R 1 52 4 _________________________________________________________________________ 8.3.1 – MÉTODO DA ITERAÇÃO 8.3.1.1 – TIPO I A Figura 19 ilustra a região R, com a leitura da integral dupla pelo o método de iteração Tipo I. y x R a b0 ( )xhy = ( )xgy = ( )∫∫ R dxdyyxf , Figura 19 – Iteração Tipo I. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) dxdyyxfdxdyyxfdxdyyxf xh xg b a xhy xgy bx axR ∫∫∫∫∫∫ = = = = = = ,,, 59 8.3.1.2 – TIPO II A Figura 20 ilustra a região R, com a leitura da integral dupla pelo o método de iteração Tipo II. x R a b 0 ( )yhx =( )ygx = ( )∫∫ R dxdyyxf , y Figura 20 - Iteração Tipo II. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) dydxyxfdydxyxfdxdyyxf yh yg b a yhx ygx by ayR ∫∫∫∫∫∫ = = = = = = ,,, _________________________________________________________________________ Exercícios: 1) Calcule ( ) x yxRdxdyxyx R pipi 2 2 ,21:cos. ≤≤≤∴∫∫ 2) Calcule ( )∫∫ + R dxdyyx onde R é a região no 1º quadrante acima da curva 2xy = e abaixo da curva xy = . 3) Reverter à ordem de integração e calcule a integral resultante: 60 a) ( )∫∫ 1 3 1 0 . x dydxysenx b) ∫∫ − 93 0 2 2 . y x dxdyey 4) Calcule ( )∫∫ − R dxdyyx2 sobre a região R mostrada na figura: 1 2 4 1 2 3 y x R2 R1 5) Nos exercícios a seguir: a) Desenhe a região R b) Calcule a integral dupla pelo método de iteração 5.1) ≤≤ ≤≤ ∴∫∫ 10 0 ,)( y x Rdxdyxysenx R pi 5.2) ≤≤ ≤≤ ∴∫∫ xy x Rdxdyysenx R 0 0 ,)( pi 5.3) ( ) 3, 3 ,porlimitadaQuadrante1,27 o2 ===∴−∫∫ x xyxyRdxdyyxy R 5.4) xyexyRdxdy R ==∴∫∫ 2, _________________________________________________________________________ 61 8.4 – INTEGRAIS DUPLAS EM COORDENADAS POLARES Normalmente em algumas aplicações a região R sobre a qual uma integral dupla está sendo calculada é mais facilmente descrita por coordenadas polares que por coordenadas cartesianas. Por exemplo, a região R ilustrada na Figura 21 é facilmente descrita por coordenadas polares pelas condições 10 rrr ≤≤ e 10 θθθ ≤≤ , entretanto sua descrição em coordenadas cartesianas é consideravelmente mais complicada. R 0r 1r0θ 1θ0 x y Figura 21 – Coordenadas Polares. 8.4.1 – MUDANÇA PARA COORDENADAS POLARES EM UMA INTEGRAL DUPLA Suponha que a função f é contínua na região R do plano XY, constituída por todos os pontos da forma ( ) ( )θθ senrryx ,cos, = , onde 100 rrr ≤≤≤ e 10 θθθ ≤≤ com piθθ 20 01 ≤−< , então ( ) ( ) θθθ θθ θθ drdrrsenrfdxdyyxf rr rrR = ∫∫∫ ∫ = = = = 1 0 1 0 ,cos, e ( ) ( ) θθθ θ θ drdrrsenrfdxdyyxf r rR ∫∫∫ ∫= 1 0 1 0 ,cos, . 62 8.4.2 –
Compartilhar