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A costa oeste africana e o litoral brasileiro já estiveram conectados

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África: das primeiras civilizações ao contato com os Europeus
Evidências arqueológicas indicam que foi na África que surgiram os antepassados da espécie humana, há pelo menos 7 milhões anos. Milênios de pois, milhares de seres humanos saíram de lá para povoar todo o planeta. Portanto, todos nós somos descendentes de povos oriundos do continente africano.
A partir do século XVI, foi também da África que saiu grande parte de pessoas trazidas à força para trabalhar como escravizados no Brasil e em todas a partes do Novo Mundo. Esse destino foi imposto a aproximadamente 11 milhões de pessoas.
Os afrodescendentes formam hoje, uma grande parcela da população brasileira, sendo o Brasil o país com a maior população negra fora da África.
A África é o terceiro maior continente do planeta, contando com 30,2 milhões de quilômetros quadrados.
Relação entre a História do Brasil e a História da África	
O Brasil e o continente africano possuem diversos aspectos em comum, como o passado colonial e alguns traços culturais herdados do período da escravidão.
A maioria dos países que compõem o continente africano apresenta muitas similaridades com o Brasil. Primeiramente, os aspectos naturais de ambos têm em comum a presença de extensas áreas florestadas, como a Amazônia brasileira e a Floresta Equatorial do Congo. Em seus territórios estão localizados os dois maiores rios em volume de água do mundo, o rio Amazonas e o rio Congo, respectivamente. Outro ponto em comum são as enormes faixas de clima tropical recobertas por vegetação esparsas, conhecida como Savanas, na África, e Cerrado, no Brasil. Na literatura de língua inglesa, o Cerrado é conhecido como Brazilian Savanna, ou seja, a Savana Brasileira.
Com relação aos aspectos humanos em comum, podemos destacar o processo de ocupação realizado pelos europeus, fundamentado na exploração e pilhagem de recursos naturais, período conhecido como Colonialismo. A ocupação europeia privilegiou a produção de matérias-primas e introduziu o caráter predatório de diversas atividades ligadas ao setor primário, como a extração de madeira e as monoculturas de produtos tropicais, também conhecidas como plantations. A colonização de exploração adiou a industrialização dos países ocupados e contribuiu para o subdesenvolvimento econômico e social, características que são compartilhadas entre o Brasil e todos os países africanos.
Ainda durante o processo de colonização, outro elemento começou a aproximar a África do Brasil: o escravismo da população negra. A migração compulsória de pessoas de etnias negras africanas para o Brasil trouxe ao país cerca de 4 milhões de trabalhadores escravos, que foram empregados principalmente nas atividades ligadas aos ciclos econômicos, como o da cana-de-açúcar no Nordeste e a mineração e o café no Sudeste. Atualmente, é notória a influência africana em nossa sociedade na cultural em geral, como nos elementos incorporados pela língua portuguesa, toponímia, hábitos alimentares e crenças religiosas.
A África também atravessou um processo chamado de neocolonialismo, quando os interesses europeus se concentraram na produção de matérias-primas com ênfase nas demandas da Revolução Industrial, que obrigava os países em processo de industrialização a buscar maiores suprimentos de minérios e fontes de energia, como o minério de ferro e o carvão mineral. Tais interesses tornaram os países africanos uma espécie de balcão de negócios das potências europeias, o que acabou formalizado a partir da Conferência de Berlim, entre os anos de 1884 e 1885, acordo que definiu os limites das possessões europeias na África.
Enquanto a África iniciava o neocolonialismo, o Brasil já estava experimentando a independência política. Ainda assim, a economia brasileira manteve a base primária, como a africana, tendo na produção cafeeira – produto tropical originário do continente africano – a principal atividade econômica e de atração de imigrantes para o Brasil até o período correspondente às duas grandes guerras, no início do século XX. Nos dias atuais, as atividades primárias como a agropecuária e os extrativismos vegetal e mineral continuam representando o sustentáculo da economia dos países subdesenvolvidos africanos. Mesmo o Brasil sendo um país industrializado, as produções da soja e de minério de ferro correspondem aos principais produtos da pauta de exportação brasileira.
Período de Implantação do Sistema Colonial
A Colonização das Américas baseou-se fundamentalmente na força de trabalho proporcionada pelos africanos. Na mineração ou na agricultura, os portugueses, espanhóis, ingleses ou holandeses, sem exceção, com maior ou menor intensidade, exploram a mão-de-obra de escravos africanos.
Os primeiros trabalhadores brasileiros foram os indígenas do litoral, que no início do século XVI, em troca de espelhos e contas coloridas, ajudaram a extrair o pau-brasil e a erguer as primeiras vilas. Mas eles se rebelaram quando os colonos tentaram escravizá-los. Muitos grupos quase foram exterminados e os sobreviventes fugiram para o interior; outros se abrigaram nas aldeias de catequeses dos jesuítas, que sempre foram contra a escravidão indígena.
Apesar dos esforços dos padres, a escravidão dos índios continuou, sobretudo em São Paulo. Paralelamente, nas regiões açucareiras, os senhores de engenho passaram a trazer escravos da África. A presença negra teve início por volta de 1550e, em menos de três séculos, no fim do período colonial, de cada três brasileiros, uma era africano ou tinha origem africana.
A expansão da atividade açucareira no Brasil favoreceu o comércio triangular, entre América, Europa e África. Barcos portugueses seguiam para a África obtinham escravos; atravessavam o atlântico, vendiam os escravos no Brasil. Calcula-se que tenham trazidos 3 milhões de africanos para o Brasil; e que outros tantos tenham morrido nas viagens dos navios negreiros. 
A expansão comercial, a busca de riquezas, a descoberta de novas terras, todos esses fatores foram estruturando um novo conjunto de ideias e práticas econômicas, o mercantilismo. Trata-se da doutrina segundo a qual o comércio seria a atividade fundamental da economia, ao contrário do que ocorria até fins da Idade Média, quando o mais importante era a exploração da terra.	
O mercantilismo, que uniu as Monarquias Nacionais e a burguesia em torno dos mesmos interesses, apresentou três características básicas:
-Balança comercial favorável- Existiria, na medida em que a exportação fosse maior que a importação.
-Protecionismo- Proibia-se a importação de mercadorias que concorressem com os produtos nacionais e impedia-se a exportação de matérias-primas que pudessem ajudar a indústria estrangeira.
- Monopólio- Concedido pelo rei, mediante pagamento, a certas companhias privilegiadas. Era válido para o comércio de alguns produtos, em determinadas regiões e por tempo limitado. Rebaixou o preço das matérias-primas e alimentos, bem como os salários urbanos e rurais, de forma a aumentar a capacidade de competição internacional. Estimulou-se a natalidade, pois barateava a mão de obra e aumentava a força militar do país. 
Estimulou-se a emigração para as colônias, para dinamizar nelas a produção e o consumo. Praticou-se a importação de artesãos para aperfeiçoar o nível da produção nacional.
Condição do escravos recém libertos- Após a Lei Áurea, os negros libertos foram buscar moradia em regiões precárias e afastadas dos bairros centrais das cidades. Uma grande reforma urbana no Rio de Janeiro, em 1904, expulsou as populações pobres para os morros. A campanha que culminou com a abolição da escravidão, em 13 de maio de 1888, foi a primeira manifestação coletiva a mobilizar pessoas e a encontrar adeptos em todas as camadas sociais brasileiras. No entanto, após a assinatura da Lei Áurea, não houve uma orientação destinada a integrar os negros às novas regras de uma sociedade baseada no trabalho assalariado.
Esta é uma história de tragédias, descaso, preconceitos, injustiças e dor. Uma chaga que o Brasil carrega atéos dias de hoje.
“A desagregação do regime escravocrata e senhorial se operou, no Brasil, sem que se cercasse a destituição dos antigos agentes de trabalho escravo de assistência e garantias que os protegessem na transição para o sistema de trabalho livre. Os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o Estado, a Igreja ou qualquer outra instituição assumisse encargos especiais, que tivessem por objeto prepará-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho. (...) Essas facetas da situação (...) imprimiram à Abolição o caráter de uma espoliação extrema e cruel”.
As razões desse descaso ligam-se diretamente à maneira como foi realizada a libertação.
Várias causas podem ser arroladas como decisivas para a Abolição, algumas episódicas e outras definidoras. É possível concentrar todas numa ideia-mestra: o que inviabilizou o escravismo brasileiro foi o avanço do capitalismo no País. Longe de ser um simplismo mecânico, a frase expressa uma série de contradições que tornaram o trabalho servil não apenas anacrônico e antieconômico, mas sobretudo ineficiente para o desenvolvimento do País. Com isso, sua legitimidade passou a ser paulatinamente questionada.
ACELERADA TRANSFORMAÇÃO O Brasil das últimas três décadas do século XIX era uma sociedade em acelerada transformação. A atividade cafeeira vinha ganhando o centro da cena desde pelo menos 1840. O setor exportador torna-se o polo dinâmico da economia, constituindo-se no principal elo do País com o mercado mundial. Havia outras atividades de monta ligadas à exportação, como a borracha e a cana. Mas, a essa altura, a supremacia do café era incontestável.
A partir de 1870, com o fim da Guerra do Paraguai (1864-1870), a agricultura de exportação vive uma prosperidade acentuada. Um expressivo fluxo de capitais, notadamente inglês, foi atraído para as áreas de infraestrutura de transportes – ferrovias, companhias de bonde e construção de estradas – e atividades ligadas à exportação, como bancos, armazéns e beneficiamento, todos garantidos pelo Estado.
ESCRAVIDÃO E MODERNIDADE A escravidão concentrava-se nas partes mais modernas da economia e tornara-se menos relevante nos setores atrasados ou decadentes. Em 1887, o Ministério da Agricultura, em seu relatório anual, contabilizava a existência de 723.419 escravos no País. Desse total, a Região Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo), produtora de café, abarcava uma população cativa de 482.571 pessoas. Todas as demais regiões respondiam por um número total de 240.848.
Ao mesmo tempo, o País passara a incentivar, desde 1870, a entrada de trabalhadores imigrantes – principalmente europeus – para as lavouras do Sudeste. É um período em que convivem, lado a lado, escravos e assalariados. Os números da entrada de estrangeiros são eloquentes. Segundo o IBGE, entre 1871 e 1880, chegam ao Brasil 219 mil imigrantes. Na década seguinte, o número salta para 525 mil. E, no último decênio do século XIX, após a Abolição, o total soma 1,13 milhão.
A implantação de uma dinâmica capitalista – materializada nos negócios ligados à exportação de café, como casas bancárias, estradas de ferro, bolsa de valores etc. – vai se irradiando pela base produtiva. Isso faz com que parte da oligarquia agrária se transforme numa florescente burguesia, estabelecendo novas relações sociais e mudando desde as características do mercado de trabalho até o funcionamento do Estado.
O fim do regime de cativeiro em São Paulo, em fevereiro de 1888, por exemplo, é ilustrativo. Às rebeliões de escravos ao longo da década de 1880 vieram se somar o formidável fluxo de mão-de-obra imigrante que chegava para a lavoura e para a incipiente indústria, inaugurando o regime de trabalho livre. A província já iniciara uma arrancada econômica – com a construção de ferrovias, instalação de casas bancárias e aumento das exportações – que a colocaria, na segunda década do século XX, na dianteira do desenvolvimento nacional. A libertação não representou nenhum abalo de monta para a economia regional.
A situação era diversa na província do Rio de Janeiro. A região enfrentava uma crise, com vários produtores rurais endividados em bancos. A libertação poderia representar um sério abalo. Com isso, os fazendeiros fluminenses ficaram contra a libertação.
Diversidade cultural do Continente Africano - A África é um continente de grande diversidade cultural que se vê fortemente ligada à cultura brasileira. Os africanos prezam muito a moral e acreditam até que esta é bem semelhante à religião. Acreditam também que o homem precisa respeitar a natureza, a vida e os outros homens para que não sejam punidos pelos espíritos com secas, enchentes, doenças, pestes, morte etc. Não utilizavam textos e nem imagens para se basearem, mas fazem seus ritos a partir do conhecimento repassado através de gerações antigas.
Seus ritos são realizados em locais determinados com orações comunitárias, danças e cantos que podem ser divididos em: momentos importantes da vida, integração dos seres vivos e para a passagem da vida para a morte.
Sua influência na formação do povo brasileiro é vista até os dias atuais. Apesar do primeiro contato africano com os brasileiros não ter sido satisfatório, esses transmitiram vários costumes como:
- A capoeira, que foi criada logo após a chegada ao Brasil na época da escravização como luta defensiva, já que não tinham acesso a armas de fogo;
- O candomblé, que também marca sua presença no Brasil, principalmente no território baiano onde os escravos antigamente eram desembarcados;
- A culinária recebeu grandes novidades africanas, como o leite de coco, óleo de palmeira, azeite de dendê.
Concepções Históricas (Positivismo, Escola de Annales e Marxismo)
HISTÓRIA POSITIVISTA
A história pode ser concebida como uma narrativa de fatos passados. Conhecer o passado dos homens é, por princípio, uma definição de história, e aos historiadores cabe recolher, por intermédio de uma variedade de documentos, os fatos mais importantes, ordená-los cronologicamente e narrá-los. Essa tendência passou a ser dominada de historicismo, cuja metodologia foi conhecida como positivista, por basear-se nos princípios da objetividade e da neutralidade no trabalho do historiador. Conhecer o passado da humanidade tal como ocorreu constitui uma definição de história característica da ciência positivista do século XIX. 
Os historiadores dessa corrente de pensamento baseavam suas análises em perspectivas deterministas, isto é, ressaltavam, por intermédio de uma variedade de documentos oficiais escritos, os fatos mais importantes; ordenavam-nos seguindo uma ordem cronológica e linear de apreensão do tempo e descreviam-nos com a perspectiva de reviver o passado real da humanidade. Por isso, receberam o estigma de “metódicos” ou “historiadores narrativos”, pelos historiadores do século XX. A intenção dos historiadores positivistas era ressaltar a importância dos grandes heróis nacionais, assim como, evidenciar no Estado Nacional em consolidação, o verdadeiro sujeito das transformações em curso. Além disso, enaltecer o auge da civilização européia em ritmo acelerado de desenvolvimento após as novas tecnologias advindas da Segunda Revolução Industrial.
Nota-se uma preocupação com assuntos de ordem política e social, porém resgatando uma sociedade “abstrata”, pois se centralizava na figura dos grandes líderes nacionais, estes sim, responsáveis pelas transformações estruturais de sua Nação. Os diversos grupos sociais estavam esquecidos, ou “à margem” do desenrolar histórico. 
O historiador alemão, Leopold Von Ranke (1795-1886) “pode ser considerado um dos fundadores da história científica na Alemanha e um dos fundadores do cientificismo” (BURGUIÉRE, 1993, p. 645). Ranke exerceu um papel importante na configuração dos aportes teóricos que possibilitaram fornecer um caráter científico à História. O historicismo ou História Narrativa é o nome dado à Teoria que pretende apresentar “os fatos históricostal qual realmente se passaram”. Sua metodologia (o positivismo) tem como princípio a objetividade e neutralidade por parte dos historiadores ao “reviver” a História.
 
  
 De uma história econômica a uma história social 
No decorrer do século XX, a produção historiográfica passou a disputar espaço com as novas ciências sociais que se constituíam na busca da compreensão da sociedade, especialmente a Sociologia, a Antropologia e a Economia. Como consequência dessa disputa houve uma renovação na produção historiográfica com paradigmas que visavam ultrapassar o historicismo. 
A HISTÓRIA MARXISTA
A Filosofia marxista configurou, de fato, um novo enfoque teórico de análise da História. Enquanto os historiadores positivistas baseavam seus estudos na “genealogia da Nação Moderna”, por intermédio dos documentos oficiais escritos, compondo uma história das elites políticas, “reacionária” do ponto de vista teórico, Marx afirmava ser a Luta de classes o verdadeiro fundamento de uma História em movimento. Para Marx, o “trabalho” (categoria fundante de sua filosofia), entendido como as múltiplas relações entre os homens e a natureza, relação esta que ocorre como condição material da vida em sociedade, representa o estágio ou modelo de produção de organização social e econômica de um determinado espaço e período histórico.
O “acontecimento” e “as ações individuais” (fundamentais para os historiadores positivistas) provocadores de transformações e mudanças, são para os historiadores marxistas, consequências naturais do estágio do modo-de-produção em curso.
 
Entra em cena a Escola de Annales
Essa corrente do pensamento historiográfico surgiu com a inauguração da revista: “Analles de História Econômica e Social”, fundada em 1929 pelos historiadores Marc Bloch (1886-1944) e Lucién Febvre (1878-1956) (ambos professores da Universidade de Estrasburgo). A intenção era promover estudos relativos às estruturas econômicas e sociais, favorecendo possíveis contatos interdisciplinares no seio das Ciências Sociais. Os horizontes de ação do historiador ampliavam-se e possibilitavam recuperar o passado por intermédio de questões colocadas pelo tempo presente, assim como a ampliação da noção de fonte. A História deixa de ser “narrativa” para ser “problema”: Na história-problema, o historiador escolhe seus objetos no passado e os interroga a partir do presente. Ele explicita a sua elaboração conceitual, pois reconhece a sua presença na pesquisa: escolhe, seleciona, interroga, conceitua. 
A noção de tempo é encarada da seguinte forma: A divisão entre “tempo do acontecimento, da conjuntura e da longa duração ou estrutura” (BITTENCOURT, 2004, p. 146) possibilitou uma ampliação da noção de tempo à História e definiu novos aportes metodológicos para apreensão da memória histórica.
 
A costa oeste africana e o litoral brasileiro já estiveram conectados. Há 200 milhões de anos, os dois territórios começaram a se separar e assumiram as atuais posições, afastados milhares de quilômetros pelo Oceano Atlântico. O mar que os separa é também o responsável pela ligação entre eles nos tempos modernos: 4,4 milhões de africanos o cruzaram contra a vontade entre os séculos 16 e 19 em direção ao Brasil. Essas pessoas tiveram um papel importante na construção do nosso país. “A África está em nós, em nossa cultura, em nossa vida, independentemente de nossa origem. Por isso, as tradições, a cultura e a trajetória dos descendentes dos africanos escravizados compõem um objeto de estudo importante para todas as crianças e os jovens, negros ou não.
O tráfico negreiro e a escravidão determinaram o presente do nosso país. A população vinda do continente africano criou aqui raízes, família, cultura, história. Hoje, 53% dos brasileiros se declaram negros ou pardos, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2013. Esse grupo é grandemente desfavorecido. Dados tabulados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) comprovam: eles são a maioria dos analfabetos, com a maior taxa de distorção idade-série, e o trabalho infantil é mais comum entre eles do que entre brancos (veja gráficos abaixo).
Desigualdades entre brancos e negros no Brasil
Reconhecer que existem desigualdades raciais e combatê-las é lutar contra o racismo. A lei 10.639, em vigor desde 2003, determina que isso também aconteça dentro das escolas, que passaram a ter de incluir o tema em seus currículos. “É assumindo os valores criativos e positivos dessas culturas que a escola pode contribuir para a superação do racismo e da discriminação que ainda organizam fortemente a desigualdade brasileira”, defende André Lázaro, que esteve à frente da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (Secadi/MEC) entre 2004 e 2011. Entre as ações estabelecidas devem estar a Educação para o combate ao racismo, a reflexão sobre o papel do negro na história do Brasil e a valorização da história, cultura africana e afro-brasileira e o conhecimento científico construído por pesquisadores e pensadores negros.
Apesar de a legislação valer há mais de dez anos, ainda são poucos os casos em que ela é bem incorporada ao cotidiano das escolas. Uma pesquisa realizada por diversos órgãos (leia o artigo com os resultados aqui) aponta os principais entraves para a efetivação dela: há escassa formação sobre o assunto, poucos docentes conhecem a norma e muitos não a consideram legítima. “O processo de implementação enfrenta resistências e obstáculos pelos mesmos motivos que justificam a existência da lei: no Brasil, há um racismo silencioso que desqualifica o debate sobre a discriminação”, explica André Lázaro, pesquisador da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso).
Mudar esse cenário requer trabalho em diversas frentes, das políticas públicas ao cotidiano da sala de aula. As redes precisam oferecer formações e debater o tema para que os administradores das escolas incentivem a incorporação dele em diversos âmbitos e os professores incluam conteúdos relacionados à história e à cultura africana e afro-brasileira em suas aulas. “A prática nas instituições também deve estar articulada aos projetos de formação”, afirma Rodrigo Ednilson de Jesus, docente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e um dos envolvidos na pesquisa sobre a implantação da lei. Para repensar as próprias práticas e posições, os docentes devem observar suas atitudes e expectativas em relação aos alunos com diferentes cores de pele. Será que há tratamentos distintos para alunos negros e brancos? Todos recebem atenção, carinho e elogios? O primeiro passo para superar o racismo silencioso é justamente combater o discurso de que não há racismo. Em entrevista a NOVA ESCOLA, o historiador francês Pap Ndiaye afirma: “É necessário que as práticas sejam coerentes com a fala. Os educadores, por exemplo, podem ter comportamentos discriminatórios ao orientar os estudantes sobre as possibilidades de carreira. Para as de ensino técnico, muitos encaminham os alunos que não são brancos. Para os demais, por sua vez, é recomendado um curso universitário. A escola não está imune à discriminação".
Na sala de aula, não basta só problematizar atitudes racistas vindas dos alunos ou da comunidade escolar mas também rever o conteúdo ministrado. O objetivo deve ser desconstruir visões estereotipadas sobre africanos e afro-brasileiros e mostrar a importância deles na construção das sociedades contemporâneas. Para isso, é fundamental tratar do protagonismo desses grupos em diversos momentos da história, representando-os como seres humanos que criaram laços familiares, produtos culturais e que têm trajetórias próprias na história.
Neste especial digital, apresentamos os principais eixos de conteúdo que o professor pode abordar com as turmas de Ensino Fundamental: Identidade Negra, História da África, A luta dos negros no Brasil,Cultura afro-brasileira, e Recursos Pedagógicos, uma seleção de materiais de referência para apoiar a sua formação e para trabalhar em sala. (Use o menu superior para navegação entre as seções).
A incorporação do tema ao projeto político-pedagógico, a influência do contexto local em uma escola baiana e um projeto bem elaborado por um professor são contados na reportagem de capa da revista NOVA ESCOLA de novembro, que estará nas bancas a partir do dia 12 de novembro.

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