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Karl Marx – Aula 3 Prof. Bruno Aidar História do Pensamento Econômico BI Ciência e economia – 3º Período 1. Acumulação de capital • Aulas anteriores: criação de valor e criação de mais-valia. • Já sabemos como o capital é criado, mas como ocorre o crescimento do modo de produção capitalista? • Por que ocorre? Busca contínua de mais-valia (D-M-D’) é o objetivo do capitalismo. • Circulação de dinheiro serve ao propósito da valorização do capital. • Tio Patinhas é anti-capitalista? Sim, pois ele não emprega seus recursos monetários na criação de nova mais-valia. • Acumulação de capital como emprego e reconversão da mais-valia como capital. • Dois processos gerais de acumulação de capital: • Concentração de capital: mostra a relação capital-trabalho. • Centralização de capital: mostra a relação entre os capitalistas. Concentração do capital • Pertence à esfera da relação entre capital e trabalho. • Aumento contínuo da produtividade do trabalho devido à: • Busca pelo crescimento da mais-valia relativa. • Próprio processo de concorrência entre as empresas capitalistas. • Resultado: • Mudança da composição técnica do capital. • Aumento da proporção do capital constante (máquinas) em relação ao capital variável (salários). • Valorização do capital passa a depender cada vez mais do trabalho morto (máquinas) em oposição ao trabalho vivo criado pelos trabalhadores. • Consequência geral: • Maior poder do capital sobre o trabalho: “concentração crescente dos meios de produção e do comando sobre o trabalho”. Centralização do capital • Pertence à esfera das relações entre os capitais, ou seja, depende das relações inter-capitalistas. • Aumento da produtividade exigia uma maior escala de operação das empresas, logo há necessidade de maiores investimentos e capital. • Incorporação das pequenas empresas pelas grandes empresas. • Processo de fusão entre grandes empresas. • Desenvolvimento do sistema de crédito (bancos e bolsas de valores) permite estimular ainda mais a centralização do controle do capital. • Contradição do capitalismo: processo de concorrência entre as empresas conduz ao seu oposto, o monopólio. 2. Limites à acumulação de capital 1. Aumento do exército industrial de reserva pela substituição do trabalho humano pelas máquinas. • Crítica de Marx à adoção da lei de população de Malthus conforme desenvolvida por Ricardo. Para Marx, o capitalismo criava movimentos populacionais próprios, que não dependiam da natureza como em Malthus e Ricardo. • Criação de exército industrial de reserva refreava a tendência da elevação dos salários acima da taxa observada na acumulação de capital. • Evolução da taxa dos salários depende do volume de investimentos (caso 1) e da expansão e contração do exército industrial de reserva (caso 2). • Caso 1: • Aumento dos investimentos aumento do emprego aumentos dos salários com relação aos lucros. • Redução dos lucros aumento do desemprego redução dos salários com relação aos lucros. • Caso 2: • Aumento do progresso tecnológico Aumento da proporção de capital constante/capital variável Maior exército maior oferta de mão-de- obra menor salário. • Menor exército menor oferta de mão-de-obra maior salário. 2. Lei da queda tendencial da taxa de lucro • Lembrar da discussão de Ricardo sobre a queda da taxa de lucro devido aos rendimentos decrescentes das terras. • Discussão sobre o prazo dessa lei (curto x longo prazo) e a irreversibilidade dessa lei (lei absoluta x probabilidade). • Com aumento do progresso técnico, aumento da composição orgânica do capital: capital constante será muito maior do que o capital variável. Resultado: menor taxa de mais-valia, e logo, menor taxa de lucro. Demonstração • c : capital constante • v : capital variável • s : mais-valia • Taxa de mais-valia = s / v • Taxa de lucro = s / (c + v) • Composição orgânica do capital [COK] = c / v • Dividindo a taxa de lucro pelo capital variável temos: s/v / (c/v + v/v) taxa de mais-valia / (COK + 1) • Se aumentar COK, reduz a taxa de lucro. • Contratendências à queda da taxa de lucro • Redução do valor das mercadorias que compunham os salários. • Redução do capital constante devido, por exemplo, à diminuição do custo das máquinas. • As contratendências seriam mais atenuantes à queda geral da taxa de lucro do que barreiras capazes de estancar e inverter o processo de longo prazo. 3. Miséria crescente (pauperização) da classe operária. • Segundo Dobb, não se deve interpretar essa tese em termos puramente econômicos e salariais. • Para Marx, era a massa flutuante dos desempregados situados às margens do sistema industrial, sujeita à degradação social e à insegurança. • Tese marxista mais criticada. No entanto, era bastante realista na época em que Marx escreveu O Capital, na fase inicial da industrialização. Bibliografia • DOBB, Maurice. A crítica da economia política. In: HOBSBAWM, Eric et alii. História do Marxismo. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. v. 1, p. 127-155. Seção 3: O processo de acumulação do capital.
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