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Fisiocracia Aula 1 Prof. Bruno Aidar História do Pensamento Econômico Onde estudar? COUTINHO, Maurício. Lições de economia política clássica. São Paulo: Hucitec, 1995. • Cap. 2: “Fisiocracia: um ramo francês nos primórdios da economia política”. p. 49-96 • Não precisa ler seção 2 (sequência Petty-Cantillon-Quesnay) A reflexão sistemática sobre a economia • Antes c.1750: • Existência de reflexões sobre problemas econômicos, mas sem caráter sistemática. • Escritos econômicos na forma de artigos, panfletos e pequenas obras • Tese de Lars Magnusson: mercantilismo possibilitou o surgimento de uma linguagem econômica. • Economia não era objeto autônomo de reflexão • Abordagem pouco específica sobre temas econômicos • Abordagens muito presas às questões nacionais das políticas mercantilistas e a determinadas instituições econômicas (companhias de comércio, bancos, montes de piedade etc.). • c.1750-c.1780 • Coincidência das obras econômicas de David Hume (1752), Richard Cantillon (1755), François Quesnay (1756/1758) e James Steuart (1757)? • Formação de um pensamento específico e sistemático sobre economia • Campo delimitado de investigação com unidade de pensamento • Utilização de procedimentos intelectuais mais científicos, oriundos da filosofia (Smith) e das ciências da natureza (Quesnay). • Atenção sistemática de filósofos e cientistas para a questão da reprodução da vida material nas sociedades mercantis. • Constituição de um sistema de pensamento econômico, como conjunto articulado de conceitos, campo delimitado de investigação e com metodologia própria. Raízes da economia política clássica • Economia política como resposta às questões da vida material (agricultura, manufaturas e comércio) • Economia política como parte da tradição da filosofia do direito natural • Busca de leis universais e regulares de conduta humana • Direito natural procura construir uma ciência da moral • Ações humanas são sujeitos à relações de regularidade e causalidade • Ideia de natureza humana universal • Ideal de harmonia • Sociedade humana como sistema regido por leis • Inspiração da filosofia moral racionalismo • Inspiração das ciências físicas e biológicas ideal empirista • Economia política como formação da ideologia liberal • Para Coutinho, liberalismo como face econômica do Iluminismo. Tese difícil de aceitar pois desconsidera as políticas mercantilistas inspiradas no iluminismo. • Existência de leis econômicas naturais que devem ser observadas pelo soberano. • Existência de uma “sociedade econômica” com regras próprias de interação, “naturais” e privadas. E situada além do Estado. • Veremos na aula sobre Smith, que antes do final do século XVIII sociedade civil e Estado eram sinônimos, não havia a ideia de uma sociedade civil fora do Estado e ainda por cima de caráter econômico. Pré- clássicos (até 1776) Antiguidade e Idade Média Mercantilistas (séc. XVI) Fisiocratas (séc. XVIII) Contexto histórico • Por que primeira escola de pensamento econômico surge na França e não na Inglaterra? • Superioridade econômica, militar e fiscal da Inglaterra com relação à França. Situação evidente em meados do século XVIII. • Estado ineficiente e endividado para cobrir gastos crescentes com despesas militares e administrativas. • Sistema tributário profundamente desigual (protegia a nobreza e sobretaxava os camponeses). • Crescimento econômico beneficiou apenas os grandes proprietários e a nobreza rentista em detrimento dos pequenos proprietários e dos assalariados. • Economia francesa era predominantemente agrícola. • Propriedade da terra era senhorial, mas com administração capitalista. • Existência de classe de arrendatários capitalistas (alugam terras) nas regiões do norte da França. X Agricultura camponesa no sul da França. • Confronto agrícola entre norte (mais produtivo) x sul (menos produtivo). • Fisiocratas desejavam generalizar a agricultura capitalista e extinguir formas camponeses e não-capitalistas de produção no campo. • Manufaturas e comércio com processos ainda artesanais. • Fisiocratas não percebem a necessidade de gestão capitalista também nas atividades urbanas. • Napoleoni: capitalismo dos fisiocratas é uma ordem própria à agricultura, é onde o excedente é gerado e onde deve ser conduzido o progresso econômico. • Economia francesa era predominantemente agrícola. • Propriedade da terra era senhorial, mas com administração capitalista. • Existência de classe de arrendatários capitalistas (alugam terras) nas regiões do norte da França. X Agricultura camponesa no sul da França. • Confronto agrícola entre norte (mais produtivo) x sul (menos produtivo). • Fisiocratas desejavam generalizar a agricultura capitalista e extinguir formas camponeses e não-capitalistas de produção no campo. • Manufaturas e comércio com processos ainda artesanais. • Fisiocratas não percebem a necessidade de gestão capitalista também nas atividades urbanas. • Napoleoni: capitalismo dos fisiocratas é uma ordem própria à agricultura, é onde o excedente é gerado e onde deve ser conduzido o progresso econômico. O grupo dos fisiocratas • Fisio + cracia = governo (-cracia) da natureza (fisio-) • Grupo de pensadores franceses surgido entre 1755 e 1770 na França. • Marx: fisiocratas como os verdadeiros fundadores da economia moderna. Eram chamados de économistes na França. • Coutinho: primeira escola de pensamento econômico, ou seja, um conjunto de pensadores que defendiam princípios comuns com corpo teórico coerente e compartilhado. • Aceitação da propriedade da terra e da renda fundiária, pois fazem parte da ordem natural. François Quesnay (1694-1774) • Era médico da corte de Luís XV. Líder dos fisiocratas. • Obra principal: Tableau Économique (1758) - Quadro econômico • Influência do experimentalismo e das descobertas científicas da medicina. • Propõe analogia entre a economia e a fisiologia: fluxos mercantis são comparados ao sistema sanguíneo. • Economia é vista como um sistema regido por leis naturais (influência do direito natural). • Ideia de máquina econômica. • Se não governar de acordos com as leis naturais, ocorrerão desacertos econômicos e será irracional. “Os únicos cuidados do governo, serão então os de facilitar as vias, de arrumar as pedras no leito da estrada, e de deixar os concorrentes moverem-se livremente; porque são eles que asseguram as riquezas de uma nação.” Quesnay, Filosofia Natural Contribuições dos fisiocratas • Entendimento do sistema econômico como conjunto de grupos sociais e setores produtivos, interligados por fluxos mercantis. • Construção analítica rigorosa. • Noção de excedente econômico e de produtividade do trabalho. • Compreensão do conceito de capital e da subordinação do desenvolvimento econômico à acumulação de capital. • Base futura para concepção de acumulação de capital e da categoria central de taxa de lucro. • Crença na existência de ordem econômica natural e racional como raiz de todo o pensamento liberal. Ideia de política econômica • Tradições protecionistas do Antigo Regime e do mercantilismo X Medidas liberalizantes de política econômica propostas pelos fisiocratas. Obs.: ambas são centralizadoras e autoritárias. • Governo deve liberar a “máquina econômica” dos impedimentos e resquícios feudais e protecionistas (crítica às políticas mercantilistas). • Caráter transformador, prescritivo e acelerador do liberalismo proposto pelos fisiocratas. • Governo deve adotar condutas ativas para o melhor desenvolvimento da riqueza. Algumas propostas fisiocratas para o crescimento econômico da França • Defesa do livre comércio de cereais(tomavam o exemplo inglês). • Conflito entre visão de política cerealífera para subsistência x perdas das rendas dos proprietários de terras e do Estado (redução das receitas fiscais). • Defesa do imposto único sobre a propriedade fundiária. • Não reduziria a renda de subsistência, nem a capacidade de investimento dos proprietários agrícolas. • Defesa da realização de obras de infra-estrutura (estradas, canais, pontes, sistemas de drenagem etc.). • Viés “agrícola” das políticas econômicas dos fisiocratas, poucas propostas para as manufaturas (identificadas com a política protecionista e mercantilista de Colbert ao final do séc. XVII).
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