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Escola Neoclássica – Aula 1 Prof. Bruno Aidar História do Pensamento Econômico BI Ciência e Economia – 3º Período Onde estudar? DEANE, Phyllis. A evolução das ideias econômicas. Rio de Janeiro: Zahar, 1980. • Cap. 7: “A revolução marginal e o triunfo neoclássico”. p. 128-153. Contexto • Década de 1850/60: consenso no pensamento econômico britânico, predomínio das ideias de Smith e Ricardo, defesa do comércio internacional e orientação do livre mercado. • Rachaduras na economia política clássica: • Noção de utilidade (Nassau Senior, déc. 1840) • Uso da explicação matemática em economia (Jevons, 1862) • Ideia de utilidade decrescente e de maximização das satisfações humanas em termos geométricos e algébricos (Gossen). • Surgimento de novo paradigma de teoria econômica de forma independente e simultânea. . • Transformação profunda dos critérios, padrões e regras dos procedimentos dos economistas. • Novas maneiras de formular, classificar e abordar problemas críticos da economia (valor, produção e distribuição). • No entanto: • Ausência de homogeneidade entre os principais teóricos quanto a crenças, valores e técnicas. • Influência direta foi claramente bastante limitada. • Inovações metodológicas do marginalismo seriam sentidas pela ortodoxia econômica apenas ao final do século XIX. . • Segundo Phyllis Deane, a principal razão para o triunfo da teoria economia neoclássica são as implicações ideológicas do desenvolvimento heterodoxo da economia política clássica (especialmente ricardianos socialistas e marxismo) que revelava os conflitos entre classes e as fontes de renda. • Pressões internas e externas sobre liberalismo inglês nas décadas de 1870 e 1880 conduziram à adesão aos princípios da teoria neoclássica. Principais teóricos • Inglaterra – Stanley Jevons (1871): teoria matemática da economia, cálculo da felicidade inspirado em Bentham. Alfred Marshall (1870s): insere análise da utilidade marginal no sistema ricardiano. • Áustria – Karl Menger (1871): teoria subjetiva do valor, dependente da utilidade marginal para a determinação da troca de bens. • Suíça – Léon Walras (1874): análise da utilidade marginal em termos matemáticos, conjunto de oferta e demanda com equilíbrio determinado, teoria da produção com técnicas de equilíbrio geral para a formação dos preços dos fatores de produção. Economia pura e abstrata • Busca da neutralidade ideológica e política na economia. Era diferente da posição da economia política clássica, com sua defesa declarada do laissez-faire. • Ideal de verdade científica, livre dos interesses políticos. • Busca impulsionada pela crescente profissionalização e institucionalização acadêmica da teoria econômica. • No entanto, implicitamente, teoria neoclássica manteve intacta a aceitação da filosofia da economia política clássica baseada no laissez-faire, no individualismo e na harmonia social dos interesses. Novo método • Transformação profunda da metodologia da economia. • Analogia da economia com física (mecânica estática, leis de equilíbrio) e com a biologia (Marshall). • Emprego das técnicas analíticas da mecânica estática (Jevons). • Conceito central de equilíbrio para a nova teoria econômica. • Teoria geral e atemporal, aplicável a todos os mercados, sem considerar o papel da história e das instituições. • Modelos dedutivos predominam sobre realismo do mundo concreto. • Maior generalidade, eficiência e simplicidade da teoria neoclássica sobre o método da economia política clássica. . • Generalização do uso da matemática para estudo da economia. • Economia pura como ciência físico-matemática, distinta da economia política clássica. • Abandono completo das preocupações filosóficas da economia política clássica. • Aplicação do cálculo diferencial à economia para estudo das mudanças marginais. • Demonstração matemática das condições de equilíbrio do mercado: sistema de equações mutuamente dependentes, relacionando preços e quantidades. Novo objeto • Economia como estudo da alocação mais eficiente de recursos concorrentes de meios escassos com fins alternativos. • Mercado em sentido restrito torna-se o foco principal da análise econômica, restringindo escopo da economia política clássica. • Nova orientação dos problemas da teoria econômica. • Questões relacionadas ao valor (trabalho) e à distribuição deixam de ser a problemática central da teoria econômica. • Problemas de alocação de recursos escassos tornam-se as questões fundamentais da teoria econômica em detrimento de outras questões (bem-estar, distribuição de renda, crescimento e desenvolvimento econômico etc.). Tradição clássica e marxista • Análise dos grupos econômicos. • Distribuição de renda entre as classes sociais. • Primazia da teoria do valor. • Dinâmica de longo prazo. • Maior realismo. • Teoria situada historicamente (marxismo). Escola neoclássica • Análise individualista (consumidores e firmas). • Primazia da teoria do preço. • Abordagem de curto prazo. • Longo prazo fica em segundo plano. • Maior rigor lógico. • Teoria atemporal e universal. Novos pressupostos • Consumidores e produtores buscam maximizar sua satisfação ou lucros em um mercado competitivo. • Concorrência perfeita. • Comportamento atomístico dos agentes. • Racionalidade dos agentes. • Conclusão implícita: concorrência perfeita leva à alocação ótima de recursos. Nova integração • Integração de todo o sistema econômico sob a ideia de oferta e demanda. Mercado como instrumento de integração. • Questões antes separadas foram unificadas e tratadas com apenas um único método. • Essa interdependência total era obtida pela utilização intensiva do método matemático, revelando novas regularidades e interconexões. • Sistema de forças opostas baseado nas variações dos preços e quantidades na demanda e na oferta. • Teoria integrada do valor de uso e do valor de troca. Preço de mercado era determinado matematicamente pela intersecção das curvas de oferta e demanda (invenção de Marshall). Análise diversa à visão fragmentada, vaga e filosófica da economia política clássica. • Resultado: precisão quantitativa superior à teoria econômica clássica.
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