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TRABALHO DE HERMENÊUTICA JURÍDICA Estudo de Caso: Islamismo em escolas públicas francesas Bibiana Daronco Cabreira – 3º Semestre – Direito - Unicruz 1. O caso A lei francesa 228/2004 que dizia: “O uso de símbolos ou vestimentas que manifestam de forma conspícua as afiliações religiosas dos (as) estudantes é proibida. Procedimentos disciplinares para implementação dessa regra serão precedidos por uma conversa com o (a) estudante. ” foi alvo de discussão em todo o mundo, colocando em pauta a liberdade religiosa e o princípio da laicidade do Estado. Em um caso mais específico sobre este assunto, aconteceu com uma menina muçulmana, Zaíra, de 15 anos, que diante desta lei, foi ameaçada pelo pai em ser retirada da escola, pois tal lei feriria à sua crença e sua identidade cultural. Mas, em contraponto, a mãe comemorou em silêncio, sonhando para a filha um futuro diferente do dela. Em meio de tanta discussão e pontos de vistas, desconsertada, Zaíra resolveu pesquisar posições contra e posições a favor à proibição do uso do véu e de qualquer símbolo religioso em escolas. 2. Posições a favor da lei da França A lei 228/2004, não se referia somente à proibição de símbolos religiosos dos muçulmanos, e sim, de qualquer religião. O Conselho Superior de Educação explicou que o uso de símbolos religiosos nas escolas poderia estimular à segregação das religiões. E com base na laicidade do Estado, o mesmo deveria banir tal discriminação, tornando a escola em um local de aprendizagem e não de conflito. O comitê estatal Stasi, criado em 2003 no governo Jacques Chirac para estudar a aplicação do princípio da laicidade, ouviu especialistas e emitiu parecer em relação ao véu islâmico. Para o comitê e para as feministas, o uso do véu islâmico traduz ou a busca da teocracia, ou a submissão da mulher perante o homem, e ambos arrostam os valores democráticos ocidentais, principalmente a igualdade como valor constitucional da república francesa. Além do mais, Stasi e também a Corte Europeia de Direitos Humanos apontaram correlação entre o aumento no uso do véu e o radicalismo político islâmico, o que serviu como referência para a referida proibição de 2004. De acordo com a Corte, tal proibição era necessária para assegurar a separação entre Igreja e Estado. Podemos citar também, que provavelmente ficará mais rigorosa esta questão, após refugiados sírios (muçulmanos) migrarem para a França (em setembro de 2016), e logo depois os ataques terroristas em Paris (um em janeiro contra a revista Charlie Hebdo, e outro em novembro de 2016, em toda cidade). Isto gerará diversas opiniões e certo medo à população da França. 3. Posições contra à lei da França Muitas famílias muçulmanas migraram para a França em meados dos anos de 1954. No passar dos anos, acabaram sendo um dos maiores alvos do Estado para serem limitados e deixarem seus princípios religiosos para seguir o que o Estado manda. No caso citado acima, vê-se que está sendo limitada a cultura mulçumana e de outras religiões na França, tanto em 2004 (proibição de símbolos religiosos nas escolas públicas) como atualmente (proibição de símbolos religiosos em qualquer local público). O Partido de Justiça e Desenvolvimento Islâmico vê o ato do Estado como perseguição religiosa, desde o 11 de setembro de 2001 (Ataques conta os EUA). Eles defendem a identidade cultural e o direito à liberdade religiosa, pois eles veem que o uso do véu representa uma cultura milenar, e não uma forma de submissão. E usaram como referência as freiras da igreja católica, que usam um vestido que cobre o corpo inteiro, e não são incomodadas pela sociedade. Assim como o Partido de Justiça e Desenvolvimento Islâmico, o Partido pela liberdade religiosa defende que a liberdade de escolha religiosa é um princípio basilar de qualquer sociedade democrática, bem como a liberdade de expressão. No entanto, esta proibição feriria este princípio. E para eles, isso se resume em imposição e autoritarismo do Estado e a violação do Estado democrático de Direito. 4. Como seria se isto acontecesse no Brasil? No Brasil, há muitas questões que envolvem a liberdade religiosa. Entre elas estão: I. O Ensino religioso nas escolas; II. Feriados religiosos; III. Casamento perante autoridades religiosas; IV. Transfusão de sangue nas Testemunhas de Jeová; V. Curandeirismo; VI. Fixação de crucifixos em repartições públicas; VII. Imunidade religiosa; VIII. Guarda sabática; IX. A expressão “Deus seja louvado” nas cédulas de real. No art.5º, VI a VIII da CF/88, assegura a inviolabilidade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre-exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias. Na questão de muçulmanos, ficaria divida esta posição pois, como diz no art. 5º, IV “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”, então, seria nula a utilização do véu que cobre totalmente a identidade da pessoa. Um direito fundamental vai até onde começa outro e, diante de eventual colisão, ponderando interesses, um deverá prevalecer em face do outro, se não for possível harmonizá-los. Está na nossa Constituição, e com um entendimento pessoal, analisa-se que é liberado qualquer tipo de cultos, de qualquer religião, mas não de anonimato ou de algo que seja ilícito. Pois certa religião pode ter como princípio algo que é ilícito (ALCORÃO 9:5 - Mas quanto os meses sagrados tiverem transcorrido, matai os idólatras, onde quer que os acheis; capturai-os, acossai-os e espreitai-os.) para a nossa Constituição, e isso não quer dizer que a lei vai deixar que aconteça, apenas por ser um rito religioso. Então poderiam ser feitos seus cultos, mas o uso do véu, onde haveria um anonimato, haveria de ser proibido tanto nas escolas, quanto em lugares públicos. 5. Ponto de vista pessoal Pessoalmente, acredito que o uso do véu, não deve esconder a identidade da pessoa, pois, evita que em qualquer prática ilícita, seja reconhecido. E o argumento do Partido de Justiça e Desenvolvimento Islâmico que o uso do véu é uma cultura milenar, vejo que, onde o Islamismo nasceu, sim, é milenar, mas para a França, não. Então deveria ser usada a cultura milenar muçulmana, onde foi ela criada. Um exemplo sobre religiosidade e a lei, é o curandeirismo, que é proibido no Brasil (Art. 284 do Código Penal Brasileiro), e é um rito religioso, mas como incita a práticas ilícitas, tem suas limitações, e os muçulmanos por seu histórico terrorista (não estou generalizando) e analisando o Alcorão (que muitas vezes incita a matar) deveria ser proibido que os muçulmanos radicais, se instaurassem no mundo. 6. Conclusão Em base no que foi dito, há tantos pontos a favor quanto contra à lei Francesa. A lei é clara, não quer símbolos religiosos em escolas públicas (em 2014 entrou em vigor uma lei que proíbe em locais públicos), mas não proíbe o culto e reuniões muçulmanas. Os muçulmanos dizem: “Queremos a liberdade da nossa cultura!”, mas infelizmente muitos muçulmanos para o mundo já mostraram diversas vezes que estão prestes a seguir à risca o que diz o Alcorão. Mas o que devemos analisar é qual é o mais importante? Laicidade do Estado ou a liberdade religiosa? Não se sabe a resposta, pois cada um tem o seu ponto de vista, tem seu histórico de vida e com base nisso que concretiza seus pensamentos e ideias. Não podemos dizer que isso é certo e aquilo é errado com tanta certeza pois tudo tem dois lados.
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