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O Código Civil Brasileiro_4

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Direito Civil I
Prof. Lucy Figueiredo
SEMANA 7
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PLANO DE ENSINO
SEMANA 7
1 –   OS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS 
1.1 Bens principais  e bens acessórios.
1.2 Dos frutos, produtos, rendimentos, acessões e pertenças.
1.3 Das benfeitorias: úteis, necessárias e voluptuárias.
 
 2 - BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO SUJEITO
2.1 Bens públicos.
2.1.1 Bens de uso comum do povo.
2.1.2 Bens especiais
2.1.3 Bens dominicais
2.2 Bens particulares.
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Identificar os objetos das relações jurídicas apresentadas.
Compreender a noção jurídica de patrimônio
Perceber a distinção entre bens e coisas.
Reconhecer a classificação dos bens considerados em si mesmos.
Compreender a noção jurídica de fungibilidade dos bens.
Perceber a distinção entre bens móveis e imóveis.
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Classificação dos Bens.
Pertencente a uma expressiva coleção particular mineira - de onde nunca saíra antes a não ser para retrospectivas e salões de arte - a tela Casamento na roça, de Inimá de Paula, vai ao mercado. O leilão será no dia 16, na Vitor Braga Rugendas Galeria de Arte, em Belo Horizonte. A obra datada de 1947 traz no verso o carimbo do Salão Nacional de Belas Artes de 1949, onde obteve a medalha de prata. Lance inicial: R$ 230 mil. 
Além dessa obra também serão leiloados: 137 calças blue jeans da grife Live Strond, um automóvel Lancia Astura, exemplar único, fabricado especialmente para o ditador italiano Benito Mussolini, em 1939, com desenho do ateliê Pininfarina, cinco anéis de brilhante, duas pulseiras de esmeraldas, os dois últimos lotes de vinho tinto da marca Merci Borreau, safra 1977, confiscados pela Receita Federal e um terreno de 2.000 m² localizado na Av. Paulista/SP.
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a) Levando em consideração a classificação dos bens, estabeleça a natureza jurídica dos bens objeto do leilão ? JUSTIFIQUE sua resposta.
b) As roupas referidas no caso acima são consideradas bens consumíveis ou inconsumíveis?
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Classificação dos bens
Situada na aprazível cidade de Castro, região da zona rural do Paraná, a fazenda adquirida por Leonor Sigfrid Pandorf possui uma plantação de pinheiros que cobre a maior parte da área de 40.000 m², utilizada para a produção de celulose. Ocorre que Leonor resolve mudar de ramo e recebe autorização especial do IBAMA para transformar tudo em lenha.
a) Com base na classificação dos bens em móveis e imóveis, estabeleça a natureza jurídica das árvores da fazenda e da lenha conseguida pelo seu corte:
b) Qual a importância desta distinção?
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Bens principais e bens acessórios
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.
Principal é o bem que tem existência própria 
Ex. o solo é bem principal porque existe sobre si.
Acessório é o bem cuja existência depende do principal.
Ex, a árvore é acessório, porque sua existência supõe a do solo, onde foi plantada.
O caráter da superioridade que indica a principalidade identifica-se na importância do bem no contexto da relação material ou jurídica de que faça parte, a qual se projeta em múltiplos sentidos. 
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Princípio da Gravitação Jurídica
O Acessório segue a existência do Principal, ou seja, um bem atrai um outro para sua órbita, comunicando-lhe seu próprio regime jurídico. 
O art. 92, CC, traz essa regra implicitamente (no CC/16 ela era 
expressa). 
Conseqüências do Princípio da Gravitação Jurídica 
1) a natureza do bem acessório é idêntica à do bem principal. Se o solo é imóvel, a árvore a ele anexada também o é. 
2) o acessório seguirá o mesmo destino do principal, ou seja, se o bem principal se perder, o acessório também se perderá. 
3) o proprietário do principal também será o proprietário do acessório.
Obs.: esse Princípio não tem força absoluta, podendo ser relativizado pela autonomia privada (regra geral que pode ser derrogada pela vontade das partes). Ex.: contrato que institui o direito de superfície (vide art. 1.369, CC). 
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Os bens acessórios, pelas suas características, recebem a seguinte classificação: 
1) os frutos; 
2) os produtos; 
3) os rendimentos; 
4) as acessões;
5) as benfeitorias; 
6) as pertenças. 
Natural (aluvião e avulsão)
b) artificial 
a) naturais, 
b) civis 
c) industriais
pendentes percebidos percipiendo,existentes e consumidos
a) voluptuárias 
b) úteis
c) necessárias
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DOS FRUTOS 
São as utilidades produzidas com periodicidade pela coisa principal, cuja percepção mantém intacta a substância do bem. Suas características são: periodicidade inalterabilidade da substância e separabilidade da coisa principal. 
Ex.frutos das árvores, aluguéis, produção de uma fábrica
Habituou-se a doutrina a dividir os frutos , segundo: 
a) a origem (natural, industrial e civil); 
b) a natureza (vegetal, animal e artificial); 
c) o estado (pendentes, percipiendos, percebidos - ou colhidos -, existentes e consumidos). 
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FRUTOS NATURAIS- os frutos naturais ou animais derivam dos bens gerados pela própria natureza , mesmo que com o induzimento do homem. São os que se desenvolvem e se renovam periodicamente, em virtude da força orgânica da própria natureza e são adquiridos com a simples separação da coisa. 
Ex frutos das árvores, vegetais, crias de animais, etc.
FRUTOS CIVIS- São os rendimentos produzidos pela coisa, em virtude de sua utilização por outrem que não o proprietário. Ex, aluguéis, juros.
Também reputados artificiais, decorrem de uma relação jurídica, em decorrência da qual se auferem resultados econômicos e/ou financeiros, traduzidos em renda. 
Reputam-se colhidos e percebidos dia-a-dia com o seu vencimento, sem necessidade da prática de qualquer ato material
FRUTOS INDUSTRIAIS- resultam do trabalho ou engenhosidade do homem que, ao manejar recursos econômica e financeiramente mensuráveis, produz rendimentos extraídos do bem principal. Ex, produção de uma fábrica. 
Assim como os naturais são adquiridos com a simples separação da coisa
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frutos pendentes são aqueles ainda argolados ou presos ao bem principal, haja vista que se lhe desaconselha a colheita ou recolhimento precoce. Ex. crias de animais.
frutos percebidos - aqueles que foram colhidos, com resultado útil; Ex. colheita
frutos percipiendos - aptos a serem colhidos, não foram; 
frutos existentes - os que, apartados do principal, aguardam sejam consumidos; 
frutos consumidos - os que desapareceram pelo uso ou consumo
Tal distinção é importante no que concerne à posse.
Ex.: o possuidor de boa-fé, tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos, não aos pendentes nem aos colhidos por antecipação. O possuidor de má-fé não tem direito aos frutos, devendo restituir os colhidos e os percebidos
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PRODUTOS- São as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente, como as pedras e os metais, que se extraem das pedreiras e das minas, o petróleo de um poço. 
Como os frutos, os produtos são bens acessórios, cuja existência supõe a do principal, numa relação de dependência.
Distinguem-se o produto e o fruto, haja vista que o primeiro afeta, temporária ou definitivamente, o bem principal, causando-lhe perdas; o segundo, não. 
Tal distinção entre fruto e produto repercute no enquadramento do exercício de direitos de gozo, com o alcance com que cada um se apresenta na ordem jurídica. 
Ex. no usufruto que só dá direito à percepção dos frutos.
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Art. 95, CC. - A efetividade do negócio não se subordina ao fato de que o fruto ou produto venha a ser separado do bem principal, mas é preciso que o implemento do contrato ocorra mediante a transformação do bem pendente em bem percebido. 
Ex. Posso contratar a alienação de um fruto ou produto ainda pendente
ATENÇÃO: O bem pendente (frutos e produtos), pode ser objeto de negócio jurídico,
que se exaure com o bem percebido, pela transformação do bem pendente. 
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DOS RENDIMENTOS - Como bens acessórios, os rendimentos , apropriadamente chamados de frutos civis consistem no resultado da apropriação das rendas ou receitas geradas pelos bens corpóreos ou incorpóreos, as quais se traduzem em valores aferíveis monetariamente. 
O rendimento significa o resultado decorrente do capital empregado econômica ou financeiramente, capaz de gerar juros, rendas, aluguéis e lucros, em propriedades mobiliárias ou propriedade imobiliárias. 
O bem principal é que gera o rendimento, em decorrência da exploração econômica ou financeira, na forma de concessão do uso ou gozo. 
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DAS ACESSÕES - Considera-se acessão o fenômeno, natural ou artificial, em decorrência do qual se processa um acréscimo sobre o bem principal, que, assim, o incorpora, com os atributos que lhe são próprios, formando um todo jurídico. 
Diz-se, pois, que a acessão decorre de fenômeno: 
a) natural; ou 
b) artificial, chamada, também, de industrial ou intelectual. 
Entre as acessões provocadas por fenômeno natural, destacam-se: 
a) ALUVIÃO - fenômeno causado pelas águas, mediante o qual, gradual e evolutivamente, se acresce ao terreno porção nova de terra, ampliando-se, em conseqüência, a propriedade imobiliária, que se desenha em novos perímetros 
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b) DA AVULSÃO - fenômeno por força do qual se dá deslocamento de uma certa porção de terra que se descola de um terreno juntando-se a outro. 
Na acessão provocada por fenômeno estimulado por artifício do engenho humano, inserem-se as construções e as plantações, que, também, geram a acessão, que se credencia à aquisição da propriedade imobiliária. 
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DAS PERTENÇAS Art. 93 e 94, CC- Na categoria de bem acessório, pertenças significam os bens que se empregam num imóvel ou móvel (bem principal), sem o objetivo de lhe alterar a substância nem o de se lhe incorporar. São coisas que não formam partes integrantes e também não são fundamentais para a utilização do bem.
Caracterizam-se as pertenças como bens que não constituem parte integrante do bem principal, mas se lhe destinam, de modo duradouro: 
a) ao uso;
b) ao serviço; e
c) ao aformoseamento. 
Na verdade, emprega-se a pertença num bem, com interesse utilitário, capaz de gerar um resultado, com múltipla natureza, que se diversifica conforme o caso. Ex. um lustre de cristal, um ar-condicionado numa sala de aula.
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As pertenças concorrem para oferecer ao bem principal o papel agregador de uma serventia, meramente utilitária ou estética. 
Particularidade relevante é a de que o negócio jurídico, ao envolver o bem principal, não abrange as pertenças, salvo se o contrário resultar: (art 94,CC)
a) da lei; 
b) da manifestação de vontade; ou 
c) das circunstâncias do caso.
Portanto, no geral, não seguem as pertenças a sorte do principal (princípio da gravitação jurídica), no caso de alienação do bem em que fora empregado, salvo se houver ressalva expressa. 
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DAS BENFEITORIAS Art. 96 e 97, CC.- Considera-se benfeitoria tudo o que se emprega num bem imóvel ou móvel, com a finalidade de salvaguardá-lo ou de embelezá-lo.
Com a benfeitoria, independentemente da natureza, se lhe acresce uma utilidade, que se apresenta capaz de facilitar o uso do bem, conservar o bem ou gerar uma volúpia no seu titular. 
Portanto, com base na causa finalística, caracterizam-se ou definem-se as benfeitorias: 
a) voluptuárias; 
b) úteis; e
c) necessárias.
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Não se confunde Pertença com Benfeitoria
A Benfeitoria é empregada no bem por um locador, ou seja, por um sujeito que não é proprietário do bem, que terá ou não o direito à indenização pela melhoria realizada.
A Pertença é empregada no bem pelo proprietário e sua importância se dá no momento da alienação.
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BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO SUJEITO
Bens Considerados em relação ao sujeito
A) Bens Públicos
B) Bens Particulares
a) de uso comum ou do povo
b) de uso especial
c) dominical
a) todos os outros
b) bem de família
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O artigo 99 do Código Civil utilizou o critério da destinação do bem para classificar os bens públicos.
a) Bens de uso comum: São aqueles destinados ao uso indistinto de toda a população. Ex: Mar, rio, rua, praça, estradas, parques (art. 99, I do CC).
 O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou oneroso, conforme for estabelecido por meio da lei da pessoa jurídica a qual o bem pertencer (art. 103 CC). Ex: Zona azul nas ruas e zoológico. O uso desses bens públicos é oneroso.
b) Bens de uso especial: São aqueles destinados a uma finalidade específica. Ex: Bibliotecas, teatros, escolas, fóruns, quartel, museu, repartições publicas em geral (art. 99, II do CC).
c) dominicais: Não estão destinados nem a uma finalidade comum e nem a uma especial. “Constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal ou real, de cada uma dessas entidades” (art. 99, III do CC), representam o patrimônio disponível do Estado, pois não estão destinados e em razão disso o Estado figura como proprietário desses bens. Ex: Terras devolutas e imóveis desocupados.
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AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO
Afetação consiste em conferir ao bem público uma destinação. Desafetação (desconsagração) consiste em retirar do bem aquela destinação anteriormente conferida a ele.
Os bens dominicais não apresentam nenhuma destinação pública, ou seja, não estão afetados. Assim, são os únicos que não precisam ser desafetados para que ocorra sua alienação.
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DESAFETAÇÃO DOS BENS DE USO COMUM E DE USO ESPECIAL 
Os bens de uso comum e de uso especial são inalienáveis enquanto estiverem afetados. - “Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar” (art. 100 do CC).
 
Os bens dominicais não precisam de desafetação para que sejam alienados. - “Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei” (art. 101 do CC).
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REGIME JURÍDICO DOS BENS PÚBLICOS 
Os bens públicos sujeitam-se a regime jurídico especial, que visa proteger o conjunto de bens que pertencem à União, Estados, Distrito Federal e Municípios e sob cujos princípios acomodam-se regras jurídicas que lhes impõem rígida disciplina legal que os diferencia dos bens particulares. 
Como pertencem à Nação, diz-se que os bens públicos compõem o domínio público, tutorado pelo princípio da indisponibilidade, que se expressa nos predicativos da: 
inalienabilidade; 
imprescritibilidade; e 
Impenhorabilidade  
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Inalienabilidade
 
Regra geral: A inalienabilidade consiste no predicativo que persegue o bem, impedindo-lhe a alienação ou a transferência de domínio, haja vista que, como se lhe veda o alheamento, não pode ser adquirido.
Os bens públicos não podem ser alienados (vendidos, permutados ou doados).
 
A regra da inalienabilidade não se aplica, indiferentemente, a todos os bens públicos, porquanto se fraciona em: 
a) vedação absoluta; 
b) vedação relativa. 
Há vedação absoluta à alienação quanto aos: 
a) bens públicos de uso comum ; 
b) bens públicos de uso especial.  
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Há vedação relativa à alienação quanto aos bens dominicais, haja vista que podem ser alienados, observadas as exigência da lei.
A alienação dos bens públicos dominicais, bens desafetados, sujeitam-se a regime especial de alienação, haja vista que a transferência de domínio depende de licitação. 
Os bens de uso comum e os bens de uso especial, enquanto conservarem a sua natureza jurídica, são inalienáveis.
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Imprescritibilidade:
É a característica dos bens públicos que impedem que sejam adquiridos por usucapião. Os imóveis públicos, urbanos ou rurais, não podem ser adquiridos por usucapião.
“Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião” (art. 183 e 191, parágrafo único da CF). “Os bens públicos
não estão sujeitos a usucapião” (art. 101 do CC).
“Desde a vigência do Código Civil (CC/16), os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião” (súmula 340 do STF).
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Impenhorabilidade:
É a característica dos bens públicos que impedem que sejam eles oferecidos em garantia para cumprimento das obrigações contraídas pela Administração junto a terceiros.
 
Compete realçar que, de regra, um bem inalienável é um bem impenhorável. 
Outorga-se ao bem público - de uso comum do povo, de uso especial ou dominical - a qualidade jurídica que o protege de penhora, razão por que não pode ser apreendido nem dado em garantia. 
Veda-se, também, sejam os bens públicos gravados com ônus, motivo pelo qual não podem ser penhorados nem hipotecados .  
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O USO COMUM DOS BENS PÚBLICOS 
Art. 103, CC - O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
 
Regra Geral: o uso comum dos bens público dá-se de forma: 
a) gratuita; ou 
b) retribuída. 
Não importa a natureza do bem público - de uso comum do povo, de uso especial ou dominical -, de tal sorte que a regra da gratuidade, em situação extraordinária ou excepcional, devidamente arrazoada, pode se transmudar, mediante a exigência de retribuição da entidade a cuja administração pertencer o bem, obedecendo aos princípios da Adm. Públ.
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Natureza Jurídica: Forma de afetação de bens a um destino especial.
Finalidade: assegurar a dignidade humana dos componentes do núcleo familiar.
Dupla Proteção: 
Código Civil - Bem de Família convencional ou voluntário (Art. 1.711 a 1.722, CC.)
Lei 8009/90 – Bem de família legal ou involuntário
Efeitos: 
impenhorabilidade (Bem de família legal)
Impenhorabilidade e inalienabilidade (Bem de família convencional).
O BEM DE FAMÍLIA
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Art. 1.711, CC - "Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial“
Art. 1, Lei no. 8.009/90 - "o imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta Lei.
Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.”
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OS REQUISITOS ESSENCIAIS PARA A CARACTERIZAÇÃO
Dois os supostos de direito material para que a residência da família não seja apreendida judicialmente:
a) o prédio deve ser residencial e, além, 
b) o grupo deverá estar residindo nele efetivamente.
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Impossibilidade de ter o prédio destino diferente, nem mesmo podendo ser alienado sem consentimento de todos os interessados, (inclusive filhos);
Instituição mediante escritura pública ou testamento levados a registro no Cartório de Imóveis – art. 1.714,CC
Não pode ultrapassar o montante de 1/3(um terço) do patrimônio líquido do instituidor, existente ao tempo da instituição. 
O BEM DE FAMÍLIA CONVENCIONAL
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BEM DE FAMÍLIA CONVENCIONAL
EXCEÇÕES À REGRA DA IMPENHORABILIDADE 
Somente é possível a penhora do bem de família, exclusivamente, em caso de tributos devido em razão do próprio bem (obrigações propter rem - IPTU, ITR) ou dívida de condomínio.
Existindo dívidas anteriores à instituição, contra elas não poderá ser objetada a impenhorabilidade.
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EXTENSÃO DA PROTEÇÃO AO BEM DE FAMÍLIA CONVENCIONAL
Além da proteção ao imóvel rural ou urbano, que serve de residência, mas , por igual, suas pertenças e acessórios (art. 1.712,CC)
Possibilidade de inserir, na sua constituição, cláusula pela qual venha abranger, também valores mobiliários (ações, debêntures, obrigações, títulos negociáveis), cuja renda venha a ser aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família, como forma do instituidor destinar à entidade familiar meios de prover a própria subsistência.
O bem de família voluntário não pode ter valor superior a 1/3 do patrimônio líquido do instituidor.
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 EXTINÇÃO DO BEM DE FAMÍLIA CONVENCIONAL
Não se extingue com a dissolução da entidade familiar.
Extingue-se com a morte de ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos.
Quando os interessados pretenderem extinguir o Bem de Família instituído (prédios ou valores mobiliários), deverão levar o pleito ao juiz de Família que, apreciando a justificação apresentada, poderá determinar a alienação do bem, após ouvir o M.P.
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 O BEM DE FAMÍLIA LEGAL LEI 8.99/90
O imóvel residencial próprio do casal ou entidade familiar, é impenhorável por qualquer tipo de dívida, salvo previsão específica de lei. 
Se o proprietário possuir mais de um imóvel, será considerado bem de família, o de menor valor.
A proteção atinge não somente o imóvel mas também suas construções, plantações, benfeitorias de qualquer natureza e os equipamentos (inclusive profissionais), além de acobertar os móveis que guarnecem o lar, desde que quitados ( a televisão, a geladeira, a máquina de lavar roupa, eletrodomésticos, microondas, exaustor de fogão, freezer, computador...)
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Não estão alcançados pelo regime de impenhorabilidade legal, os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos.
É possível promover a penhora dos utensílios que guarnecem o lar de elevado valor ou que ultrapassem o que é necessário para manter um padrão médio de vida.
Poderá ser penhorado uma TV de plasma de alto valor pecuniário.
A bicicleta NÃO é bem de família
ATENÇÂO! O objetivo maior do legislador é proteger a família
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BEM DE FAMÍLIA LEGAL
EXCEÇÕES À REGRA DA IMPENHORABILIDADE
Art. 3 e incisos Lei 8.0009/90 A impenhorabilidade não poderá ser oposta quando se tratar de cobrança de
Créditos de natureza trabalhista ou previdenciária de trabalhadores da própria residência;
Créditos financeiros destinados à construção ou aquisição do próprio imóvel;
Pensão alimentícia;
Obrigações propter rem, impostos , taxas e contribuições devidas em função do imóvel;
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Execução de hipoteca que recaia sobre o próprio bem;
Valores decorrentes da aquisição do imóvel com o produto de crime ou para execução de sentença criminal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens;
Dívida de fiança em contrato de locação.
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