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Síntese do filme A Missão (The Mission) - Decupagem do filme A Missão por Nathan Rocha

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THE MISSION (A MISSÃO PT/BR). Direção Roland Joffé. Produção Fernando Ghia, David Puttnam. Reino Unido. Warner Bros. 1986. 126min. Son, Color, Formato: 16 mm.
Escrito por Nathan Rocha.
O universo cinematográfico utilizado pelo Diretor Rolando Joffé é algo que encanta até quem não é admirador ferrenho de obras históricas. Começamos com as belas paisagens utilizadas que se passam nas divisas dos países Sul Americanos (Brasil, Argentina e Paraguai). 
 Captando essa bela paisagem é aonde que a trama se desenvolve e ganha seu desenrolar cativando o espectador. A história se passa ao longo do século XVI com a chegada de espanhóis e portugueses em território indígena, onde a Missão Jesuítica estava sendo posta em prática, na tentativa de evangelização das tribos afim de não serem vistas com o olhar buliçoso do colonizador. A missão dos Jesuítas era com o escopo pacifico em assimilar a cultura nativa e transmitir os conhecimentos primários da educação, onde que com o passar do tempo criaram comunidades vivendo harmoniosamente com os povos nativos. 
 O Sr. Roland Joffé consegue encaixar naturalmente as questões politicas, sociais e econômicas com a história dos personagens, porém no roteiro de Robert Bolt o mesmo não consegue manter a neutralidade histórica da situação. Sua obra ocasiona a confusão do espectador leigo historicamente, onde o mesmo retrata todos os colonizadores como os maldosos e impiedosos e os povos nativos como os mocinhos e bondosos, observamos tal visão que podemos nomear que seja uma visão maniqueísta. 
Não é difícil imaginar a dificuldade grandiosa que os primeiros europeus sofreram nessas recentes terras descobertas e o imenso choque cultural que os nativos tiveram em presenciar outros homens com a cultura tão diferente da sua. 
 O Filme “A Missão” conta a história do personagem Gabriel (Jeremy Irons), um padre chefe jesuíta que é encarregado pela igreja a liderar uma missão jesuítica além de todos os territórios conhecidos, o personagem principal tem a ajuda de Fielding (Liam Nesson) nessa empreitada. Logo no começo do filme, nos deparamos com a cena de um padre amarrado a uma cruz sendo descartado em uma corrente de agua por um grupo indígena, onde vemos a forma de afronta a aculturação imposta. 
Passado tal cena vemos o padre Gabriel recebendo as ordens da igreja para liderar a missão, e a sua jornada enfrentando diversos perigos para subir os cumes ate a localização das tribos. Logo que chega ao pico de sua escalada é fascinante analisar a sua perspicácia em cativar a atenção dos nativos. Joffé consegue transmitir com sutileza na cena em que Gabriel começa a tocar uma flauta doce e chama a atenção de todos os nativos, os quais se encantam com o soar das notas e recebem calorosamente o Padre, mostrando o poder da música como linguagem universal, obliterando qualquer idioma e permitindo a comunicação entre povos de culturas diferentes. 
Após essas imagens retratando os mecanismos cativantes dos jesuítas conhecemos um personagem complexo e extremamente importante para o desenrolar da trama. Capitão Rodrigo Mendonza (Robert deNiro) é um mercenário que explora as regiões nativas a fim de capturar indígenas, procurar espólios e explorar o território que até então é desconhecido. A cena da chegada de Rodrigo na comunidade indígena onde está o Padre Gabriel possuiu diálogos calmos e calculados. Essa cena torna-se interessante pelo stress que gera na tribo, aonde o espectador sente o medo transmitido pelo Capitão Mendonza aos indígenas. 
 Rodrigo é um personagem cativante, pois o Diretor consegue retrata-lo de uma forma sutil e bruta ao mesmo, me refiro forma sutil quando Rodrigo mata o seu irmão Felipe (Aidan Quinn) em um duelo travado pelo amor da jovem Carlotta (Cherie Lunghi), e a forma bruta quando o mesmo fica em estado estarrecido com a sua consciência o bombardeando com pensamentos de culpa e arrependimentos. 
 Após todos esses acontecimentos Rodrigo entra em um estado deplorável e Gabriel se compadece de tal situação oferecendo a chance de redenção divina ao Cap. Mendonza, o qual se junta à companhia de Gabriel como um monge jesuíta. 
 O roteiro por mais que não tenha uma visão neutra manifesta de forma convincente como o jogo de interesses políticos determinou as ações em relação ao território, aos jesuítas e os outros envolvidos, sem isentar a culpa do governo português, espanhol e da igreja. Para o espectador fica completamente claro que a igreja trabalhou juntamente com os governos com fins políticos, esquecendo infelizmente da sua missão em defender o próximo e pregar a palavra de amor e paz. 
 A reviravolta é o ápice da trama, onde o roteirista conseguiu desenvolver dois personagens cativantes que trilham caminhos diferentes, porém com o mesmo interesse defensor no final, e é claro que estamos falando de Rodrigo e Gabriel. 
 Outra cena que não podemos deixar passar despercebida é a cena do “Fóro”, onde os jesuítas apresentam os seus feitos nas comunidades indígenas, enaltecendo os nativos letrados, culturalmente modificados e espiritualmente convertidos (deixo claro que está é a visão colonizadora e cristã da situação como um todo) para o representante da Igreja, representantes do governo espanhol e português. As desavenças começam nessa cena com o governo e os jesuítas, o governo alega direito nas terras e solicita para a igreja o cancelamento das missões jesuíticas no local. Infelizmente vemos o colonizador com a falta de empatia pelo indígena, não podemos esquecer que os nativos não eram considerados como próximos, temos que lembrar fatos históricos para não nos confundirmos e deixarmos levar pelas emoções. Os interesses dos nativos foram defendidos em 1511 pelo discurso promissor de Las Casas, onde o mesmo mostra total empatia pela cultura ameríndia e consegue acalmar ânimos exaltados, fazendo os povos Europeus aceitarem com menos resistência à cultura do “outro”. 
A cena final do “Fóro” é o dialogo exaltado de Rodrigo com os representantes do governo, o qual utilizam tal afronta para denegrir a imagem dos monges e manipular a todos a seu favor garantindo mais chance aos seus reais objetivos. 
Todavia, o destino das missões já estava traçado antes da corte ser iniciada: os jesuítas deveriam retirar-se do território ou serem massacrados por um exército. Todas as tentativas de persuadir os índios de se retirarem das missões são malogradas, e na missão de São Carlos, Mendonza abdica de seu voto de obediência jesuítica para liderar uma resistência. Irmão Gabriel se opõe, e decide ficar na missão sem lutar. 
No final, todos são dizimados: tanto o valente Mendonza – que recebe o primeiro tiro tentando salvar a vida de algumas crianças –, quanto o pacato irmão Gabriel – que é morto com o corpo de Cristo em suas mãos. E assim se faz a vontade dos homens, que se julgam seres os porta-vozes da vontade de Deus.

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