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OÁSIS Ufologia é coisa Séria

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22
Ed
iç
ão Oásis
AstronAutA EdgAr MitchEll diz quE 
visitAs dE ExtrAtErrEstrEs são rEAis
UFO É COISA SÉRIA
VERA, 
O QUE ESTÁ 
ACONTECENDO 
NO BRASIL?
OLÍMPIA 
ÁguAs quEntEs 
AquEcEM o invErno 
dE turistAs 
A MORTE 
DA INOVAÇÃO,
O FIM DO 
CRESCIMENTO 
Economia 
norte-americana na 
curva decrescente
2/55
OÁSIS . Editorial
por
Editor
PEllEgrini
Luis
“O astrOnauta Edgar MitchEll afirMa 
para quEM quisEr Ouvir quE EstaMOs 
sEndO pErManEntEMEntE ObsErvadOs pOr 
intEligências ExtratErrEstrEs, E quE a 
tErra dEsdE sEMprE é visitada pOr Elas”
O astronauta Edgar Mitchell, sexto homem a pisar na lua, é o tema da nossa matéria de capa. Hoje com 83 anos de idade, fundador do noetic institute, nos Estados 
Unidos, ele permanece um ativo investigador em várias áreas da 
ciência pura, das ciências comportamentais e das assim chama-
das ciências do novo paradigma holístico.
Conheci Edgar Mitchell em São Paulo, em meados da década de 
1980, durante um jantar em petit comitê na residência do in-
dustrial luiz Villares e sua esposa Maria raquel. Foi uma chance 
única de estar perto e poder conversar com um dos raríssimos 
membros do clube daqueles que puderam visitar nosso satélite 
e caminhar sobre o seu solo poeirento e pedregoso.
na ocasião, o astronauta não se fez de rogado e, entre uma 
baforada e outra dos seus cigarros – sim, naquele tempo ele 
fumava – respondeu com atenção a todas as nossas perguntas. 
lembro-me que dois aspectos da sua experiência interessavam
OÁSIS . Editorial
por
Editor
PEllEgrini
Luis
3/55
muito a todos os presentes. 
o primeiro dizia respeito à importante “mudança de estado 
de consciência” que ele afirma ter vivido durante e logo após a 
viagem à lua, quando “percebeu que não apenas a terra, mas 
também a lua, o Sistema Solar, a galáxia e todo o universo 
constituíam um imenso ser vivo”. Um ser vivo, inteligente, sen-
sível e em permanente estado de evolução.
o segundo era sobre a possibilidade de ele ter visto algum sinal 
da presença de alienígenas ou, pelo menos, da existência de 
vida fora da terra. E, sim, Mitchell foi peremptório: afirmou que 
existe vida fora da terra e, mais que isso, vida inteligente. Mas 
informou que não podia tecer maiores comentários a respeito 
por causa dos compromissos assumidos com as autoridades do 
seu país.
o tempo passou e o astronauta, hoje, vai muito mais além. 
afirma para quem quiser ouvir que estamos sendo permanente-
mente observados por inteligências extraterrestres, que a terra 
desde sempre é visitada por elas, e que inclusive já ocorreu 
pelo menos um acidente com naves alienígenas, com a morte 
de tripulantes. no final da matéria sobre ele escolhemos dois ví-
deos, com legendas em português, onde Edgar Mitchell desen-
volve o assunto sem nenhum pudor ou constrangimento. 
não perca.
UFO 
É COISA SÉRIA
Astronauta Edgar 
Mitchell diz que visitas de 
extraterrestres são reais
OÁSIS . UFologia
U
FO
LO
g
IA
5/55OÁSIS . UFologia
lienígenas existem e suas naves 
são verdadeiras. Pelo menos, 
uma já se acidentou na Terra 
e foi resgatada por militares 
norte-americanos, que a des-
montaram para conhecer seu 
funcionamento. É possível tam-
bém que sofisticados aviões de 
espionagem e outros aparatos 
de alta tecnologia estejam fun-
cionando graças a princípios obtidos por 
cientistas nos destroços de naves alieníge-
nas acidentadas”. Essas palavras não parti-
ram de um ufólogo apaixonado, como seria 
de se esperar, mas do astronauta Edgar 
Mitchell, o sexto homem a pisar na Lua. Ele 
tem proferido polêmicas palestras em vá-
rias partes do mundo, defendendo a reali-
dade do fenômeno UFO e sua origem não 
terrestre. “Sabemos que os UFOs são re-
ais. São naves que vêm de fora e os gover-
nos sabem disso”, declarou recentemente, 
numa entrevista ao repórter Eliot Klein-
berg, do Palm Beach Post, de Miami.
Vários astronautas se rebelaram
Esta e outras recentes entrevistas do au-
tor confirmam aquilo que já se sabia: vá-
rios astronautas norte-americanos não 
querem mais atender às determinações 
da NASA para se calarem diante do que 
sabem sobre discos voadores e seres ex-
traterrestres. Quase todos eles, tendo ope-
rado nas mais variadas missões espaciais, 
tanto orbitais terrestres como de vôo à 
Lua, fizeram observações de UFOs – e al-
guns tiveram contatos até mais próximos 
com o fenômeno. O mesmo aconteceu com 
os cosmonautas russos, que começaram a 
revelar o que sabem há bem mais tempo 
que seus colegas norte-americanos.
A transformação de Mitchell não é recen-
te. Desde seu retorno do espaço, quando 
fez parte da missão Apollo 14, em feverei-
ro de 1971, o astronauta já demonstrava 
ter adquirido o que ele próprio chama, 
hoje, de “uma maior consciência”. Mi
A
O astronauta Edgar Mitchell, o 
sexto homem na lua, atesta a visita 
extraterrestre e acobertamento 
militar. Ele afirma que pelo menos 
um ufO já se acidentou na terra 
e foi resgatado por militares norte-
americanos, que o desmontaram 
para conhecer seu funcionamento. 
veja os vídeos
Por: EquiPE rEvista uFo
tchell pisou na Lua no dia 05 daquele mês, sendo pi-
loto do módulo lunar ao lado do comandante da mis-
são, Alan Sheppard Júnior, e de Stuart Roosa. 
Durante o vôo espacial, segundo fontes, ele teria feito 
diversos experimentos de telepatia, tentando manter 
um diálogo mental com pesquisadores do tema, na 
Terra. “Temos que expandir nossos horizontes, embo-
ra tal processo nos apresente mais perguntas do que 
respostas”, declarou ao voltar do espaço. De fato!
O recente livro de Edgar Mitchell, The Way of the 
Explorer: An Apollo Astronaut’s Journey Through the 
Material and Mystical Worlds [O Caminho do Explo-
rador: A Jornada de um Astronauta da Apollo Através 
de Mundos Materiais e Místicos, ainda sem tradução 
no Brasil], despertou imensa polêmica quando foi 
publicado, em 1996. A obra foi conjunta com o autor 
Dwight Williams. Nela, Mitchell declara textualmente 
sua crença na multiplicidade da vida no universo. O 
livro contém a base da filosofia de trabalho do Ins-
tituto de Ciências Noéticas (ICN), que o astronauta 
fundou nos Estados Unidos. Segundo ele, a inspira-
ção para criar o ICN surgiu-lhe quando viu a Terra a 
partir de uma órbita elevada. Isso o teria conduzido 
no sentido de buscar respostas espirituais para os fa-
tos materiais da vida.
O bom, o ruim e o feio 
Ativíssimo no movimento ufológico mundial, Mitchell 
é uma voz que não se cala quando está em jogo a cre-
dibilidade da ufologia. Em ocasião recente, ao ter seu 
nome usado inapropriadamente pelo ufólogo 
7/55oáSiS . UFologia
norte-americano Steven Greer, fundador do polêmico 
e combatido Disclosure Project [Projeto Abertura], 
fez duras críticas aos integrantes da Ufologia daque-
le país que buscam respostas fáceis e notoriedade na 
imprensa às custas do trabalho alheio. O recado para 
Greer foi contundente. Mitchell, que já havia feito 
parte do projeto, viu seu desenvolvimento divergir da 
proposta inicial e não concorda que o Disclosure hoje 
beneficie seu fundador, em detrimento de uma con-
duta lícita na ufologia. Por causa dessa atitude, o as-
tronauta foi recentemente incluído na lista O Bom, o 
Ruim e o Feio da Ufologia Norte-Americana, que está 
publicada no site AQUI.
A lista – uma paródia de um filme de faroeste dos 
anos 60, que tinha Clint Eastwood e Lee Van Cleef no 
elenco – é uma iniciativa dos ufólogos dos EUA que 
policiam constantemente o meio, sempre denuncian-
do a atuação pouco recomendável de ufólogos sem 
credibilidade. Apenas a título de curiosidade, entre os 
classificados como “bons ufólogos” estão, ao lado de 
Mitchell, o expert em círculos ingleses Colin Andrews, 
o piloto comercial James Courant, o presidente do 
NationalUFO Reporting Center (NUFOC) Peter Da-
venport e o professor de psiquiatria da Universidade 
de Harvard John Mack. Entre os “maus” estão lista-
dos Walter Andrus, ex-diretor da Mutual UFO Ne-
twork (MUFON), e Derrel Sims, que alega (sem nunca 
ter provado) ter sido agente da CIA e especialista em 
implantes alienígenas. E entre os “feios” estão Mi-
chael Hesemann, ex-editor da revista alemã Magazin 
2000, e Bob Oechsler, conferencista.
9/55OÁSIS . UFologia
Despertar cósmico
Mesmo que possa ser considerada como uma forma 
de reconhecimento por sua atuação, a lista não en-
vaideceu Edgar Mitchell. Pelo contrário, o astronauta 
acha que iniciativas como essa acabam por distrair 
a opinião pública do verdadeiro âmago da questão 
ufológica. E tal distração é altamente prejudicial. O 
fato é que Mitchell, em algum lugar do espaço side-
ral, experimentou um despertar cósmico que mudou 
sua vida. “Passei horas olhando para fora da janela 
da Apollo 14”, declarou a Kleinberg, do Post. “Isso 
ampliou meus horizontes”. Desde então, fundou o 
ICN para estudar o inexplicado, escreveu seu livro e 
se mantém ocupado num intenso circuito de confe-
rências. “Há muitas pessoas como eu, questionando, 
desafiando, mantendo uma mente aberta acerca do 
inexplicado”.
Deserto Cósmico — Edgar Mitchell fez doutorado em 
aeronáutica e astronáutica no Massachusetts Institu-
te of Technology (MIT), em 1964. Foi capitão da Ma-
rinha dos EUA durante 20 anos e teve papel decisivo 
na operação que resultou no salvamento da Apollo 
13, avariada em órbita da Terra, em 1970. Enquanto 
muitos de seus companheiros dos anos 1960 perma-
necem quietos quanto às experiências ufológicas que 
tiveram, Mitchell, hoje com 83 anos, não economiza 
palavras para descrever o quão importante conside-
ra, para toda a humanidade, descobrir-se apenas um 
grão de areia num incomensurável deserto cósmico, 
repleto de outros grãos semelhantes, cada um uma 
civilização alienígena ainda por ser contatada.
10/55oáSiS . UFologia
Morando numa fazenda, cuja casa, enorme, é abar-
rotada de livros, esculturas, pinturas e fotografias, 
Mitchell tem tempo para dedicar-se a escrever mais 
um livro, que espera lançar no ano que vem. Seu inte-
resse vai além da astronáutica e da ufologia. Em sua 
residência, o item que mais chama atenção, ao lado 
de placas e memórias da sua carreira na NASA, é uma 
tapeçaria curda que comprou na Turquia, em 1982, 
durante uma missão científica para encontrar docu-
mentos e artefatos dos nestorianos, uma seita antiga 
cristã. O astronauta tem fascínio por história e extin-
tas civilizações, e devora toda obra literária que traga 
informações sobre a origem do ser humano terrestre 
e sua trajetória cósmica. “Nossa vida não se resume 
a essa breve passagem pela Terra. Há mais, muito 
mais”, garante.
Que aconteceu em Roswell?
Nascido na época da depressão econômica dos EUA, 
no oeste do Texas, Mitchell cresceu numa fazenda 
em Artesia, Novo México. Um dia, indo para a esco-
la, perto de Roswell, viu Robert Goddard lançando 
foguetes experimentais que ele mesmo fabricava. Go-
ddard é hoje considerado o precursor dos modernos 
foguetes. Desde aquele tempo, Mitchell já era curioso 
para saber ao certo o que teria acontecido em Roswell, 
a modesta cidade desértica que ficou mundialmen-
te conhecida, quase 20 anos depois, como o local da 
queda de uma nave alienígena, em junho de 1947. Ele 
estava num navio da Marinha dos EUA no Oceano 
Pacífico, em 1957, quando os soviéticos chocaram o 
mundo lançando o Sputnik e começando a corrida 
11/55OÁSIS . UFologia
espacial. Decidiu então, com apenas 27 anos, engajar-
-se no incipiente programa espacial da NASA. “Desde 
aquele momento eu soube que os humanos não pode-
riam estar tão atrasados que não pudessem se aven-
turar pelo espaço”. E foi seguir seus instintos.
Começou a voar com 13 anos e obteve sua licença de 
piloto aos 16. Depois da faculdade, alistou-se na Ma-
rinha e atuou em missões de combate na Guerra da 
Coréia. Conquistou duas graduações com louvor, an-
tes de entrar para o MIT, onde defendeu como tese 
um trabalho que simulava uma missão para Marte – 
em 1964. Mitchell juntou-se ao corpo de astronautas 
na NASA dois anos mais tarde, em 1966. Menos de 
10 meses depois, três de seus colegas foram vapori-
zados por uma bola de fogo que surgiu da explosão 
da Apollo 1, durante seu trágico lançamento. “O pro-
grama espacial era um negócio arriscado e sabíamos 
disso. Uma pessoa não pode perder seus amigos e não 
ser afetado”, declarou. Mas mesmo assim não desis-
tiu.
Viagem à Lua foi complicada
Apesar do acidente, o programa espacial continuou e 
Mitchell especializou-se na operação do módulo lu-
nar, a parte mais complexa de uma viagem à Lua. Seu 
papel na missão consistia em desatracar o módulo do 
foguete, ainda em órbita de nosso satélite, e pousá-lo 
suavemente em sua superfície. E depois, coisa mais 
complicada ainda, decolar da Lua e reatracar-se no 
foguete, quando então volta à Terra. Mitchell estava 
escalado para a desastrada missão Apollo 13, mas foi 
preterido para a seguinte. Assim, juntou-se à equipe 
12/55oáSiS . UFologia
da Apollo 14 na missão que durou vários dias entre a 
ida à Lua, pouso e retorno, descendo no Oceano Pací-
fico em 09 de fevereiro de 1971.
Como ocorreu nos dias negros após os desastres dos 
ônibus espaciais Columbia e Challenger, as missões à 
Lua da década de 70 também estavam atrasadas por 
causa da crise da Apollo 13. Mitchell sabia que sua 
responsabilidade seria tremenda, na Apollo seguinte. 
“Se o resultado da missão fosse qualquer coisa que 
não um sucesso total, a NASA teria dificuldades em 
readquirir a confiança do público e do governo em fa-
vor do programa espacial”.
33 Horas e Meia
Ele estava certo. Mesmo com atraso, finalmente, a 
Apollo 14 subiu e foi exemplarmente bem sucedida. 
Pouco tempo depois, cortes no orçamento da agência 
espacial determinariam o cancelamento das missões 
Apollo 18, 19 e 20 – a Apollo 17 foi a última. Mitchell 
e Alan Sheppard passaram 33 horas e meia na Lua. 
Foi Sheppard quem deu uma tacada de golfe no plane-
ta – a primeira jogada cósmica do esporte. Mitchell, 
sem que os demais tripulantes da Apollo 14 soubes-
sem e seus superiores na NASA autorizassem, realizou 
diversos experimentos secretos de emissão e recepção 
telepática e outros testes de percepção extra-senso-
rial.
“Estava ciente de que poderia ter problemas, mas 
achei que devia arriscar, pelo bem da ciência”, disse. 
Assim, por quatro vezes, a bordo, focalizou sua mente 
em números, que tentou transmitir telepaticamente. 
13/55OÁSIS . UFologia
Descobriu posteriormente que os testes deram positi-
vo em 35 de 400 vezes, o que realmente não constitui 
uma façanha. Depois do retorno da Apollo 14, um dos 
participantes vazou os testes para a imprensa, mas 
Mitchell não sofreu represálias, pois a NASA achou 
um meio de capitalizar isso em seu favor.
Mas foi outra experiência que ele teve durante sua 
navegação de retorno à Terra que mudaria sua vida. 
Finalmente, em 1996, Mitchell revelou que experiên-
cia foi em suas memórias, The Way of the Explorer. 
“O que vivenciei durante aqueles dias de viagem de 
volta para casa não era nada menos do que um sen-
so de conectismo universal”, referindo-se ao que ele 
descreveu como uma religação sua com o Cosmos. 
“Na verdade, senti um êxtase de unidade com o espa-
ço”. Mitchell escreveu que nossa ação como viajantes 
espaciais e a existência do próprio universo não era 
acidental, mas que havia uma lógica inteligente por 
trás disso. “Percebi que o universo é, de algum modo, 
consciente”. Um ano e meio depois, em 1972, Mitchell 
deixou a NASA e a Marinha. O programa da Apollo 
havia terminado, o Space Shuttle o substituiria dali 
uma década e ele decidiu que mudaria radicalmentesua vida, colocando em prática aquilo que o impulsio-
nava.
Vivências Extra-Sensoriais
Começou a pesquisar literatura mística, incluindo re-
ligiões hindus e budistas, e acabou conseguindo vívi-
das experiências transcendentais. Entre elas, a sama-
dhi, palavra que em sânscrito descreve uma espé
14/55oáSiS . UFologia
cie de estado de consciência e unidade total. Mitchell 
garante que todas as formas de religiões tradicionais 
têm fortes conteúdos que podem levar o indivíduo a 
ter vivências extra-sensoriais, como a clarividência, 
por exemplo, e outros feitos supostamente sobrenatu-
rais. “Mas eles não têm nada de extraordinário e estão 
dentro da capacidade de todas as pessoas. A maioria 
das experiências denominadas místicas e espirituais 
são parte das propriedades de todo organismo vivo”. 
Assim, em janeiro de 1973, vendo a necessidade de 
ampliar a difusão que já vinha fazendo de tais concei-
tos, fundou o Instituto de Ciências Noéticas [Mente 
em grego].
A entidade não tem fins lucrativos e elenca cientis-
tas, filósofos e estudantes religiosos. O ICN investiga 
os eventos psíquicos e espirituais com fundamenta-
ção científica avançada. Mitchell atua na organização 
como consultor e preside seu conselho de adminis-
tração. Sua meta é levar os conceitos que expõe para 
fora do reino da ficção ou da aberração e trazê-los 
para a perspectiva científica. Ele também atua como 
consultor da entidade baseada em Las Vegas National 
Institute for the Discovery of Science [Instituto Na-
cional para a Descoberta da Ciência, NIDS], fundado 
pelo milionário do ramo hoteleiro Bob Bigelow, um 
aficcionado por Ufologia e astronáutica que pretende 
lançar o primeiro hotel especial [O NIDS é a entida-
de que adquiriu a fazenda no Estado de Utah onde os 
fenômenos descritos em artigo dessa edição são inves-
tigados. Veja o texto de George Knapp].
Até mesmo quando Edgar Mitchell busca paz interior, 
15/55OÁSIS . UFologia
sua vida pessoal nem sempre é tão calma quanto gos-
taria. Enfrentou divórcios e processos de paternidade 
impetrados por suas ex-namoradas. Mas nada disso o 
afastou de seu caminho. Mudando-se para Palm Be-
ach, na Flórida, ainda em 1972, Mitchell fez amizade 
com G. Pope, então editor do The National Enquirer, 
e fundou jornais tablóides em Lantana, no mesmo Es-
tado. O trabalho de Mitchell no Enquirer era coorde-
nar, com suas conexões no mundo psíquico, trabalhos 
que pudessem trazer esclarecimento sobre a paranor-
malidade. Ufologia viria em seguida. Hoje, Mitchell 
vive de sua aposentadoria da Marinha, dos royalties 
do seu livro e de suas conferências. Ele diz que o que 
o incomoda é que, durante os últimos 3.000 anos, 
temos nos perguntado quem somos, como chegamos 
aqui e para onde vamos? “E se não agirmos rápido 
numa tentativa de conhecer nossos visitantes, conti-
nuaremos com as mesmas indagações por muito mais 
tempo”.
O que Edgar Mitchell fala sobre...
A Challenger e o Colúmbia
 
“Durante os últimos 20 anos, a NASA estabeleceu 
dias de trabalho para as missões espaciais. Isso é im-
portante, mas não excitante. Levou à construção ace-
lerada da Estação Espacial Internacional, mas tirou o 
brilho que havia na conquista do espaço. Entretanto, 
agora, está recuperando isso com novas missões a 
Marte e projetos de futuras missões tripuladas para 
explorar a Lua e o Planeta Vermelho”.
16/55oáSiS . UFologia
Nasa antes e agora
 
“Quando trabalhei na agência, do começo dos anos 
1960 até meados da década seguinte, havia mais ex-
citação, mais sensação de aventura. Nossas equipes 
eram mais dedicadas, unidas e motivadas. Tal moti-
vação durou até o programa Apollo e hoje já não é tão 
intensa. De qualquer forma, não estávamos cientifica-
mente prontos, naquela época, para ir mais fundo no 
espaço”.
Missão tripulada a Marte
“A recente proposta do presidente George W. Bush, de 
enviar uma missão a Marte, me surpreendeu imensa-
mente. Pode ser apenas um golpe de marketing dele, 
mas estou seguro de que um dia teremos mesmo que 
ir até lá. Isso acontecerá no devido tempo, é claro. 
Sem atropelo. Pessoalmente, acho que é apenas um 
blefe de Bush em ano de eleição, mas não quero dimi-
nuir a importância de se ir para a Lua e a Marte. Isso 
será algo muito sério e o faremos, cedo ou tarde. Mas 
duas coisas são fundamentais para tanto: um bom 
orçamento e muita cooperação internacional. E não 
estamos próximos de nenhuma delas”.
Vida em outros planetas
“É uma irracionalidade acreditar que a Terra seja o 
único lugar no Universo a abrigar vida inteligente. 
Não creio que haja vida em qualquer ponto do Siste-
ma Solar, pelo menos no presente momento. Sabemos 
bastante sobre esses planetas para dizermos isso. Po
17/55OÁSIS . UFologia
rém, não sabemos se eles tiveram algum tipo de vida 
no passado. De qualquer forma, noutros sistemas es-
telares, a vida inteligente é óbvia”.
Aliens que visitam a Terra
“Não tive nenhum contato frente-a-frente com ETs, 
mas estou convencido de que muita gente em nosso 
mundo tem tido. E essas pessoas não estão mentin-
do. Não creio que nossos visitantes sejam hostis e 
o fantástico número de pessoas que alegam ter sido 
seqüestradas por alienígenas confirma isso. Mas o 
grande público ainda ignora o que está acontecendo, 
o que é da maior gravidade. Não se pode negar que 
alienígenas estejam nos visitando e coletando amos-
tras terrestres para pesquisa”.
Acobertamento ufológico
“Nós estamos sendo enganados e a verdade está sen-
do encoberta. Mas isso mudará rapidamente. Há 50 
anos essa política de sigilo aos UFOs tinha uma razão 
militar e estratégica. Agora, não. Tal jogo governa-
mental é pantanoso, sujo e burocrático. Isso tem que 
ser acabado e será. Os ufólogos não se calam e têm 
a seu favor o fato de que o Fenômeno UFO está em 
constante evolução, inquieto, aumentando a cada dia. 
Não se pode mais tapar o Sol com a peneira. No en-
tanto, a revelação da verdade deve ser gradativa, se-
não sacudirá e abalará nossos alicerces.
oáSiS . UFologia
Quedas de UFOs
“Elas já aconteceram mais de uma vez. As naves aci-
dentadas foram levadas para a Área 51, uma base mi-
litar secreta no Deserto do Nevada. Lá os cientistas 
estudam os discos voadores resgatados e, em ocasiões 
em que havia tripulações vivas, estas foram tratadas. 
Quando foram encontradas mortas, seus corpos foram 
examinados por especialistas. Isso tudo me foi dito 
por gente “de dentro”, de confiança, mas não posso 
revelar seus nomes. Um caso notório é a queda de 
Roswell, em 1947. Fui informado de que alguns aliení-
genas foram encontrados ainda com vida”.
Origem da vida na Terra
“Há muitas contradições e teorias confusas no meio, 
sobre esse assunto. Desde Erich Von Daniken temos 
visto autores defenderem que temos ligação com ci-
vilizações extraterrestres. Muitos livros descrevem 
passagens bíblicas e histórias de povos ancestrais que 
teriam recebido visitas de alienígenas. Seria uma lou-
cura? Creio que não. Há algo de verdadeiro nisso. O 
gênero humano teria sido criado geneticamente por 
outras civilizações ou por visitantes de outros plane-
tas? Pode ser, mas ainda não vi validação para essa 
teoria. Pelo menos até agora”.
Vídeo: O Destino da Terra / Out of the blue
Video: Entrevista de Edgar Mitchell: Traduzida 
em português pelo portal Mundo Invisível, é uma das 
entrevistas mais bombásticas dos últimos tempos
19/55OÁSIS . UFologia
VERA, O QUE ESTÁ 
ACONTECENDO 
NO BRASIL?
OÁSIS . análiSE 20/55
A
N
Á
LI
S
E
21/55OÁSIS . análiSE
pergunta foi feita pelo italia-
no Giuliano Ubaldi a sua ami-
ga paulistana, a despachante 
Vera Boni. Ambos pertencem 
à classe média de seus respec-
tivos países. A pergunta de 
Giuliano sinaliza a curiosida-
de e o interesse que as recen-
tes manifestaçõesde protesto 
massivo no Brasil despertam 
nos estrangeiros. A resposta 
que lhe foi enviada por Vera 
é bom exemplo da visão e dos 
sentimentos que boa parte da nossa po-
pulação tem de certos aspectos difíceis da 
nossa realidade atual. 
Para completar, Vera anexou em sua 
mensagem para Giuliano o texto com-
pleto de um artigo do pensador portu-
guês Boaventura de Sousa Santos (*), 
um dos mais importantes sociólogos e 
catedráticos de economia contempo-
râneos, sobre a guinada histórica que 
ocorre no Brasil nos dias de hoje.
Em meio à enxurrada de comentaristas 
brasileiros que escrevem na tentativa de 
entender e explicar os fatos, vale a pena 
nos debruçarmos sobre os pontos de vis-
ta de uma brasileira filha do povo e de 
um português membro da mais alta elite 
intelectual europeia.
Giuliano quer saber das coisas
“Bom dia, Vera. O que está acontecen-
do no Brasil? Aqui em Roma só chegam 
notícias fragmentárias e distorcidas. 
Passaram na TV o discurso de Dilma, no 
qual ela procura tranquilizar o público e 
a opinião pública mundial dizendo que 
o dinheiro para a Copa não sairá do bol-
so do povo, mas sim das multinacionais 
patrocinadoras do evento. Será verdade? 
Na Itália, hoje, uma declaração do gêne-
ro, feita por qualquer político, seria con-
siderada uma mentira e ninguém acredi-
taria nela... Pode me explicar melhor 
A
propomos uma pergunta, uma 
resposta, os comentários de um 
grande cientista social português. 
todos eles são textos autênticos 
formulados por pessoas reais. Os 
três juntos desenham um painel 
multifacetado do que acontece no 
novo brasil do povo nas ruas e das 
manifestações nacionais de protesto
PErgunta dE: giuliano ubaldi
rEsPosta dE: vEra boni
artigo dE: boavEntura dE sousa santos
o que vocês estão vivendo? Tentei entender algo a 
partir do noticiário da mídia brasileira, mas tudo 
me parece contraditório e distorcido pelos interes-
ses grupais e partidários dos diferentes órgãos da 
imprensa... Um grande abraço aqui de Roma, Giu-
liano.”
Vera responde:
“Caro Giuliano: essas manifestações que paralisa-
ram o Brasil nas últimas duas semanas constituem 
uma surpresa para todos. Os políticos não as es-
peravam, e nós, brasileiros, também não. O povo 
brasileiro sempre foi considerado um povo pacífico, 
que aceita tudo sem se lamentar de nada. 
Não existe um único fato específico como justifi-
cativa, mas sim um somatório de fatos diversos: a 
corrupção do governo, serviços públicos de baixa 
qualidade, falta de segurança, impunidade de cri-
minosos e políticos, hospitais públicos abarrotados, 
sem médicos nem equipamentos, ensino de baixa 
qualidade, professores com salários baixíssimos, 
escolas públicas abandonadas, um verdadeiro caos, 
políticos ignorantes e absolutamente desprepara-
dos investidos de altos cargos, como é o caso de um 
tal deputado Feliciano que assumiu a presidência 
da Comissão de Direitos Humanos e resolveu lançar 
uma campanha a favor, veja só, da “cura gay”. 
Como se não tivéssemos centenas de problemas re-
ais para resolver... Sem falar nas despesas absurdas 
para a Copa do Mundo, naturalmente com sobre-
preços em todas as faturas. Tudo isso estava acon-
tecendo simultaneamente, e todo o povo permane-
cia em silêncio. Mas agora, por sorte, o Brasil 
23/55OÁSIS . análiSE
tomou consciência e começou a gritar. 
Na minha opinião, tudo começou no ano passado, 
no mês de agosto, quando a Suprema Corte, máxima 
entidade jurídica do Brasil, deu início ao processo 
de 38 réus que ficou conhecido como “Escândalo do 
Mensalão”. Por esse nome entende-se o regime mais 
audacioso e escandaloso de apropriação indébita do 
erário público da história do Brasil. 
O Mensalão notabilizou-se não apenas pela compra 
de votos de parlamentares, mas também pela va-
riedade das pessoas envolvidas, políticos dos mais 
diversos partidos e colorações ideológicas, empre-
sas brasileiras, bancos, multinacionais, empresas 
estrangeiras. Esse julgamento galvanizou as aten-
ções da nação e se prolongou de agosto a dezembro 
de 2012. A população o acompanhou passo a passo, 
todos os dias, ao vivo e em cores pela televisão e a 
mídia em geral. Finalmente saiu a sentença, com a 
condenação de 25 dos envolvidos: do ex-ministro 
da Casa Civil, do ex-presidente e do ex-tesoureiro 
do Partido dos Trabalhadores, deputados de vários 
partidos, homens de negócio, banqueiros, etc, pre-
sos por formação de quadrilha, corrupção e evasão 
fiscal. Alguns foram condenados à prisão em regime 
fechado, outros à prisão em regime aberto. A popu-
lação festejou o êxito do processo.
Mas o tempo passou, e até agora nenhum dos con-
denados foi preso. Seus advogados, alguns dos me-
lhores do cenário brasileiro, inclusive um ex-mi-
nistro da Justiça, apresentam recursos, pedem um 
novo processo, falam de embargos e violações. 
24/55OÁSIS . análiSE
Utilizam manobras e termos legais que a população 
não conhece e não compreende. Dois dos conde-
nados assumiram cargos de deputado na Câmera, 
outros fazem parte da própria Comissão de Justiça 
e Cidadania dessa mesma Câmera! O cinismo dessa 
gente é um deboche e uma ofensa a todos os cida-
dãos.
Por outro lado, sobretudo a partir de janeiro 2013, 
uma onda de violência criminal sem precedentes 
começou a se manifestar, principalmente nas prin-
cipais cidades brasileiras. O Brasil nunca foi um 
país seguro para o cidadão comum, há décadas con-
vivemos com roubos, agressões, sequestros de pes-
soas, etc. Mas nos últimos meses o número de cri-
mes começou a crescer de modo exponencial.
Até então, os bandidos praticavam tipos mais “le-
ves” de crimes. Mas agora, tudo pode acontecer. Os 
crimes passaram de simples furtos para o furto com 
assassinato violento e cruel das vítimas. Qualquer 
um agora pode ser morto por ter no bolso apenas 
R$ 10,00; uma dentista foi queimada viva por ter 
pouco dinheiro na conta bancária; um outro den-
tista também foi queimado vivo porque tinha pouco 
dinheiro no bolso. 
Bandos armados invadem casas e apartamentos, 
num processo conhecido como “arrastão”. Dezenas 
de restaurantes foram assaltados, seus clientes en-
tregam todo o dinheiro que têm, entregam seus ce-
lulares e relógios, não reagem ao assalto, e mesmo 
assim ao final ganham uma bala no meio da cabe
OÁSIS . análiSE
ça. E não são bibocas de periferia, e sim alguns dos 
melhores restaurantes de São Paulo, os mais caros, 
no bairro dos Jardins, Pinheiros, Itaim, Higienópo-
lis. Mulheres são estupradas no interior de ônibus 
e outros meios de transporte público, e até mesmo 
nas ruas. Algumas, depois do estupro, são brutal-
mente assassinadas. E ninguém vai para a cadeira, 
a sensação que se tem é que a polícia deixa que tudo 
aconteça livremente. A população está entrando em 
pânico.
Não se pode sair à noite, não mais existe lugar ou 
hora para que essas coisas aconteçam. Em Higienó-
polis, você conhece bem aquela zona, mataram um 
homem que era faxineiro de uma escola, obrigando-
-o a permanecer ajoelhado no meio da rua e depois 
atirando na cabeça dele. No mesmo bairro, semanas 
antes, uma jovem estudante de ascendência japone-
sa foi morta na rua porque hesitou em dar sua mo-
chila ao assaltante.
No início deste mês de junho, eu estava no Consula-
do Italiano, pela manhã, na Alameda Santos, que é 
a primeira paralela da Avenida Paulista, quando co-
meçou um tiroteio e as pessoas apavoradas procu-
raram se esconder. Era um homem de negócios que, 
mesmo protegido pela sua escolta de seguranças, 
foi assaltado na saída do banco onde fora buscar 
dinheiro. São tantos os casos que eu teria de passar 
horas e horas para descrevê-los.
O que mais revolta é a impunidade: a exemplo do 
que acontece com os criminosos de colarinho bran
28/55OÁSIS . análiSE
co, agora também os criminosos comuns não sãopresos e podem agir a seu bel prazer. Mas que es-
tímulo têm os policiais de São Paulo para arriscar 
suas vidas no combate efetivo ao crime? Seus salá-
rios estão entre os mais baixos do país... Os oficiais 
da polícia que recebem os salários mais altos são 
os de Brasília. O terceiro melhor lugar em termos 
de salários para os policiais é o do Estado do Acre. 
Você sabe onde está o Acre? Fica na Amazônia, nos 
confins do Brasil com o Peru!
O último fato de violência que revoltou o país foi 
o assassinato, durante um assalto, de uma criança 
boliviana de apenas cinco anos. Assustado, o meni-
no chorava no colo da mãe. O ladrão, irritado com o 
choro, meteu-lhe uma bala na cabeça. 
A verdade é que estamos todos traumatizados com 
essa situação de crescente insegurança. Os únicos 
que parecem não se dar conta disso são os nossos 
governantes, sobretudo o pessoal daquela Ilha da 
Fantasia chamada Brasília. Tenho viajado quase 
todo fim de semana para o interior, pois não supor-
to mais ter de viver trancada dentro de casa. Tenho 
medo até de ir ao supermercado, que está a 200 
metros da minha casa. Não vou mais a bancos. Sair 
e caminhar pelas ruas, só em caso de extrema ne-
cessidade.
Com um aumento de 102,82% do número de pesso-
as que sofrem ataques seguidos de morte, o atual 
governador de São Paulo ainda insiste em brandir 
estatísticas para provar que o índice de criminalida-
de nesta cidade é o menor de todo o país. Mas ele 
OÁSIS . análiSE
não consegue explicar as razões de tanta violência. 
Fico a me perguntar se, a partir dos índices oficiais, 
a situação em outros estados como a Bahia, Alago-
as, Pernambuco, Rio de Janeiro, são ainda piores.
Nesse clima de violência urbana, as pessoas mor-
rem nos hospitais públicos por causa da falta de 
médicos. O governo agora quer importar centenas, 
milhares de médicos de Cuba, mas vários médicos 
brasileiros afirmam que esses seus colegas prove-
nientes de Cuba não têm formação suficiente nem 
para atuar como auxiliares de enfermagem. Além 
disso, mesmo que fossem bons médicos, nada po-
dem fazer, pois no Brasil profundo não existem 
equipamentos, hospitais, nem medicamentos para 
sustentar uma ação médica. Mas o Brasil precisa 
ajudar Cuba...
A presidente Dilma perdoou os débitos dos países 
africanos. Mas esses países africanos são governa-
dos por ditadores sanguinários... O governo finan-
cia, com juros de 3% ao ano, os magnatas que dese-
jam trocar seus jatos privados...
As despesas para a Copa do Mundo no Brasil já es-
tão na casa dos 30 bilhões de dólares. Só para dar 
uma ideia do excesso, a África do Sul gastou 7,7 bi-
lhões para fazer a sua Copa, o Japão 10,1 bilhões, a 
Alemanha 10,7 bilhões.
Há poucas semanas, o prefeito e o governador de 
São Paulo decidiram aumentar de 0,20 centavos de 
real as passagens do transporte público. Essa foi a 
gota d’água, o estopim que desencadeou as atuais 
manifestações de protesto. A polícia, totalmente 
29/55OÁSIS . SaúdE
despreparada para enfrentar situações do gênero, 
reagiu com truculência em várias ocasiões, repri-
mindo com gases de efeito moral e balas de borra-
cha uma manifestação que era, no geral, pacífica e 
legítima. Foi o que bastou para que o protesto in-
cendiasse o país inteiro. Os manifestantes tomaram 
as ruas, cercaram o Congresso, vandalizaram edi-
fícios do governo. Foi uma verdadeira guerra civil 
urbana.
Nas últimas semanas os manifestantes fecharam vá-
rias estradas e vias de acesso a São Paulo. Eu estava 
viajando para Ilhabela, mas tive de regressar, pois 
as estradas estavam fechadas. Fecharam também 
o acesso aos aeroportos, tentaram invadir nosso 
maior aeroporto, Guarulhos.
A quase totalidade da população brasileira é a favor 
das manifestações. Infelizmente, no meio dos mani-
festantes pacíficos, surge uma minoria não superior 
a 1% que depreda edifícios públicos e privados, põe 
fogo em autos, saqueiam lojas. O que ou quem esta-
rá por trás deles? A quem interessa que esse mega 
movimento nacional de protesto seja visto e inter-
pretado como uma iniciativa de vândalos e bandi-
dos? Esta é uma pergunta que ainda não encontrou 
resposta.
Após a primeira semana de manifestações, prefeito 
e governador voltaram atrás e anularam o aumento 
das tarifas do transporte público. Tarde demais. As 
pessoas agora saem às ruas, nas pequenas, médias e 
grandes cidades, protestando contra outras mazelas 
OÁSIS . análiSE
e desmandos: os gastos absurdos da Copa do Mun-
do, da Copa das Confederações, etc.
A presidente e os demais governantes não sabem 
exatamente o que dizer ou que fazer, e agora ten-
tam absorver os protestos como sendo coisa de sua 
própria iniciativa... Parecem aterrorizados. Vêem 
um povo que não conhecem... capaz de paralisar o 
país por tempo indeterminado. A melhor resposta 
que conseguiram dar ao clamor das ruas foi propor 
um plebiscito nacional para uma reforma política – 
uma reivindicação que não estava na pauta dos que 
manifestaram em protesto. Mas... um plebiscito po-
lítico para um povo que no geral não tem quase ne-
nhuma educação política? Isso está me cheirando a 
golpe.
Veremos o que acontecerá... Speriamo bene...
Beijos, Vera
P.S. – Aproveito para anexar cópia de um excelente 
artigo do sociólogo português Boaventura de Sou-
sa Santos sobre a situação brasileira, escrito para 
o jornal inglês The Guardian. É muito elucidativo e 
sei que foi traduzido para muitas outras línguas e 
publicado em vários países. 
32/55OÁSIS . SaúdE
O preço do progresso
Enquanto perante as recentes manifestações na 
Turquia foi imediata a leitura sobre as “duas Tur-
quias”, no caso do Brasil foi mais difícil reconhecer 
a existência de “dois Brasis”. Mas ela aí está aos 
olhos de todos. A dificuldade em reconhecê-la resi-
de na própria natureza do “outro Brasil”, um Bra-
sil furtivo a análises simplistas
Por: Boaventura de Sousa Santos (*)
Com a eleição da Presidente Dilma Rousseff, o Bra-
sil quis acelerar o passo para se tornar uma po-
tência global. Muitas das iniciativas nesse sentido 
vinham de trás mas tiveram um novo impulso: Con-
ferência da ONU sobre o Meio Ambiente, Rio +20, 
em 2012, Campeonato do Mundo de Futebol em 
2014, Jogos Olímpicos em 2016, luta por lugar per-
manente no Conselho de Segurança da ONU, papel 
ativo no crescente protagonismo das “economias 
emergentes”, os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, Chi-
na e África do Sul), nomeação de José Graziano da 
Silva para Diretor-Geral da Organização da Nações 
Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em 
2012, e de Roberto Azevedo para Diretor-Geral Or-
ganização Mundial de Comércio, a partir de 2013, 
uma política agressiva de exploração dos recursos 
naturais, tanto no Brasil como em África, nomea-
damente em Moçambique, favorecimento da grande 
agricultura industrial sobretudo para a produção de 
soja, agro-combustíveis e a criação de gado. 
OÁSIS . análiSE
Beneficiando-se de uma boa imagem pública inter-
nacional granjeada pelo Presidente Lula e as suas 
políticas de inclusão social, este Brasil desenvolvi-
mentista impôs-se ao mundo como uma potência 
de tipo novo, benévola e inclusiva. Não podia, pois, 
ser maior a surpresa internacional perante as ma-
nifestações que na última semana levaram para a 
rua centenas de milhares de pessoas nas principais 
cidades do país. Enquanto perante as recentes ma-
nifestações na Turquia foi imediata a leitura sobre 
as “duas Turquias”, no caso do Brasil foi mais difícil 
reconhecer a existência de “dois Brasis”. Mas ela aí 
está aos olhos de todos. A dificuldade em reconhe-
cê-la reside na própria natureza do “outro Brasil”, 
um Brasil furtivo a análises simplistas. Esse Brasil é 
feito de três narrativas e temporalidades. 
A primeira é a narrativa da exclusão social (um dos 
países mais desiguais do mundo),das oligarquias 
latifundiárias, do caciquismo violento, de elites 
políticas restritas e racistas, uma narrativa que re-
monta à colônia e se tem reproduzido sobre formas 
sempre mutantes até hoje. A segunda narrativa é a 
da reivindicação da democracia participativa que 
remonta aos últimos 25 anos e teve os seus pontos 
mais altos no processo constituinte que conduziu 
à Constituição de 1988, nos orçamentos participa-
tivos sobre políticas urbanas em centenas de mu-
nicípios, no impeachment do Presidente Collor de 
Mello em 1992, na criação de conselhos de cidadãos 
nas principais áreas de políticas públicas especial-
mente na saúde e educação aos diferentes níveis da 
34/55OÁSIS . SaúdE
ação estatal (municipal, estadual e federal). 
A terceira narrativa tem apenas dez anos de idade 
e diz respeito às vastas políticas de inclusão social 
adotadas pelo Presidente Lula da Silva a partir de 
2003 e que levaram a uma significativa redução da 
pobreza, à criação de uma classe média com elevado 
pendor consumista, ao reconhecimento da discri-
minação racial contra a população afrodescendente 
e indígena e às políticas de ação afirmativa e à am-
pliação do reconhecimento de territórios de qui-
lombolas e indígenas.
O que aconteceu desde que a Presidente Dilma as-
sumiu funções foi a desaceleração ou mesmo estan-
camento das duas últimas narrativas. E como em 
política não há vazio, o espaço que elas foram dei-
xando de baldio foi sendo aproveitado pela primeira 
e mais antiga narrativa que ganhou novo vigor sob 
as novas roupagens do desenvolvimento capitalista 
a todo o custo, e as novas (e velhas) formas de cor-
rupção. As formas de democracia participativa fo-
ram cooptadas, neutralizadas no domínio das gran-
des infraestruturas e megaprojetos e deixaram de 
motivar as gerações mais novas, órfãs de vida fami-
liar e comunitária integradora, deslumbradas pelo 
novo consumismo ou obcecadas pelo desejo dele. 
As políticas de inclusão social esgotaram-se e dei-
xaram de corresponder às expectativas de quem se 
sentia merecedor de mais e melhor. A qualidade de 
vida urbana piorou em nome dos eventos de prestí-
gio internacional que absorveram os investimen-
OÁSIS . análiSE
tos que deviam melhorar transportes, educação e 
serviços públicos em geral. O racismo mostrou a 
sua persistência no tecido social e nas forças poli-
ciais. Aumentou o assassinato de líderes indígenas 
e camponeses, demonizados pelo poder político 
como “obstáculos ao desenvolvimento” apenas por 
lutarem pelas suas terras e modos de vida, contra o 
agronegócio e os megaprojetos de mineração e hi-
drelétricos (como a barragem de Belo Monte, desti-
nada a fornecer energia barata à indústria extrati-
va).
A Presidente Dilma foi o termômetro dessa mudan-
ça insidiosa. Assumiu uma atitude de indisfarçável 
hostilidade aos movimentos sociais e aos povos in-
dígenas, uma mudança drástica em relação ao seu 
antecessor. Lutou contra a corrupção mas deixou 
para os parceiros políticos mais conservadores as 
agendas que considerou menos importantes. Foi 
assim que a Comissão de Direitos Humanos, histo-
ricamente comprometida com os direitos das mino-
rias, foi entregue a um pastor evangélico homofó-
bico e promove uma proposta legislativa conhecida 
como “cura gay”. As manifestações revelam que, 
longe de ter sido o país que acordou, foi a Presiden-
te quem acordou. 
Com os olhos postos na experiência internacional e 
também nas eleições presidenciais de 2014, a Presi-
dente Dilma tornou claro que as respostas repressi-
vas só tornam mais agudos os conflitos e isolam os 
governos. No mesmo sentido, os presidentes de câ-
mara de nove cidades capitais já decidiram baixar 
37/55OÁSIS . SaúdE
o preço dos transportes. É apenas um começo. Para 
ele ser consistente é necessário que as duas narrati-
vas (democracia participativa e inclusão social in-
tercultural) retomem o dinamismo que já tiveram. 
Se assim for, o Brasil estará a mostrar ao mundo 
que só merece a pena pagar o preço do progresso, 
aprofundando a democracia, redistribuindo a rique-
za criada e reconhecendo a diferença cultural e po-
lítica daqueles para quem progresso sem dignidade 
é retrocesso.
(*) Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e pro-
fessor catedrático da Faculdade de Economia da 
Universidade de Coimbra (Portugal). É Professor 
Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia 
da Universidade de Coimbra e Distinguished Legal 
Scholar da Faculdade de Direito da Universidade 
de Wisconsin-Madison e Global Legal Scholar da 
Universidade de Warwick. É igualmente Diretor 
do Centro de Estudos Sociais da Universidade de 
Coimbra; Coordenador Científico do Observatório 
Permanente da Justiça Portuguesa.
Dirige atualmente o projeto de investigação ALICE 
- Espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo 
para a Europa um novo modo de partilhar as ex-
periências do mundo, um projeto financiado pelo 
Conselho Europeu de Investigação (ERC), um dos 
mais prestigiados e competitivos financiamentos in-
ternacionais para a investigação científica de exce-
lência em espaço europeu.
OÁSIS . análiSE
V
IA
g
EM
OLÍMPIA
Águas quentes aquecem 
o inverno de turistas 
OÁSIS . ViagEM
2/6OÁSIS . ViagEM
s férias do meio do ano chega-
ram e é tempo de aproveitar os 
merecidos dias de descanso. As 
agências de viagens disponibi-
lizam aos turistas dezenas de 
roteiros, mas um deles ainda é 
pouco conhecido: Olímpia, na 
região noroeste de São Paulo. 
Distante 450 quilômetros da 
capital paulista, o município 
atrai em apenas um fim de se-
mana de cinco mil a oito mil 
pessoas, recebendo 1,5 milhão 
de turistas por ano. O principal responsável 
por essa façanha chama-se Parque Thermas 
dos Laranjais. É graças a este que é um dos 
maiores complexos aquáticos do Brasil que 
A
praias do nordeste? serras regadas 
a vinho e calóricas refeições? 
nada disso! fuja dos clássicos 
roteiros oferecidos pelas agências 
de viagens nas férias de julho e 
vá conhecer Olímpia. com clima 
quente, mesmo nesta época do 
ano, o município paulista abriga o 
thermas dos laranjais, um parque 
aquático com dezenas de atrações 
de águas minerais quentinhas. 
Por: Fabíola Musarra
a cidade hoje é um dos principais polos turísticos do Es-
tado de São Paulo.
Como Olímpia, o Thermas dos Laranjais foi erguido so-
bre o Aquífero Guarani, um dos maiores mananciais de 
água termal do mundo. De fonte mineral, naturalmente 
aquecida pelas rochas submersas a mais de mil metros, 
o parque vem ganhando fama pela diversão que ofe-
rece: pelos seus 260 mil m2 estão espalhadas 54 atra-
ções, desde as mais de 30 diferentes piscinas com águas 
quentinhas, como a de ressurgência (não afunda), a de 
surfe e as com ondas, até os toboáguas e o rio com cor-
renteza, passando ainda por um clube infantil. Todas as 
atrações têm água com temperatura entre 26°C e 38ºC. 
Com caprichado projeto paisagístico, o espaço abriga 
ainda uma área de descanso com areia branquinha, pal-
meiras e redes, além de lanchonetes, restaurantes e es-
tacionamento gratuito.
Criado em 1987, o parque foi idealizado e é presidido 
por Benito Benatti. Aos 81 anos, o dinâmico empresá-
rio não mede esforços para trazer inovações ao Ther-
mas dos Laranjais. Em agosto, visitará o Japão, de onde 
trará ideias para a criação de novas patentes – leia-se 
diversões aquáticas. “Hoje, temos mais de 40 patentes, 
atrações exclusivas que só existem aqui”, diz o presi-
dente. Em médio prazo, o objetivo do empreendimento 
é ter 80 patentes e integrar o ranking do quinto maior 
parque aquático do mundo.
Alguns passos para atingir essa meta já estão sendo da-
dos: a atual direção anuncia a inauguração do Rio Bra-
vo e de uma montanha-russa aquática até agosto deste 
ano. No local também está sendo construídoum centro 
de eventos. Estão sendo investidos R$ 18 milhões na 
obra para a construção do rio. Outros R$ 280 milhões 
se destinam ao lançamento de um resort hotel em 2014. 
Situado ao lado do parque, terá 900 apartamentos, pis-
cinas e playground aquático.
Os investimentos se justificam: o número de visitan-
tes ao Thermas dos Laranjais tem crescido em torno 
de 25% por ano. “Este ano, a expectativa é que o par-
que receba 1,8 milhões de turistas”, afirma Benatti. O 
segredo do sucesso? Não está só nas atrações, mas nas 
vantagens oferecidas ao turista: o ingresso dá direito a 
todas as atrações por um dia (nada ali é cobrado indivi-
dualmente ou pelas horas de permanência). Por sua vez, 
o preço dos serviços, bebidas e refeições não é alto se 
comparado aos principais empreendimentos do gênero 
42/55oáSiS . ViagEM
do país, além de o parque oferecer armários e estacio-
namento gratuitos. 
“Queremos explorar o turismo, não o turista”, resu-
me Benatti. O resultado é que, mesmo no inverno, o 
parque é um dos mais concorridos do país. Com clima 
quente, mesmo nesta estação do ano, Olímpia é uma 
boa opção para quem quer escapar do frio, não tem 
muito tempo, dinheiro ou mesmo não quer viajar para 
os tradicionais roteiros disponibilizados pelas agên-
cias de viagem no inverno. 
Para quem mora na região centro-oeste, sudeste e sul 
do país, a cidade paulista que abriga o Thermas dos 
Laranjais apresenta ainda a vantagem de não ser tão 
distante como Aquiraz (perto de Fortaleza, no Ceará) 
e Rio Quente (Goiás), onde estão outros grandes par-
ques aquáticos nacionais. Se optar por não viajar de 
carro ou de ônibus, o turista tem ainda a possibilida-
de de ir de avião, desembarcando no Aeroporto de São 
José do Rio Preto, um município vizinho que fica a 50 
km de Olímpia.
Capital nacional do folclore
Olímpia também é conhecida como Capital Nacional 
do Folclore, pois, desde 1965, promove todos os anos 
festivais de folclore. Realizado geralmente em julho, o 
festival é palco de apresentações de grupos brasileiros 
de danças típicas, desde as de tradição gaúcha até o 
maracatu e as amazônicas. Na cidade funciona ainda 
o Museu de História e do Folclore, um dos pioneiros 
do gênero a ser criado no Estado de São Paulo. Seu 
43/55OÁSIS . SaúdE
acervo é integrado por cerca de três mil itens, entre 
indumentárias e vestimentas de festas populares (Fo-
lias de Reis e Moçambique são algumas delas), pintu-
ras e peças de barro, bambu, palha e madeira. 
Do lado de fora do museu, o destaque é uma antiga 
locomotiva. Nos anos de 1940 a 1950, ela ligava Olím-
pia ao resto do Brasil. 
Se a intenção é conhecer melhor a cidade, a dica é 
fazer uma visita às igrejas Matriz de São João Batista 
e Nossa Senhora Aparecida. A primeira abriga obras 
em madeira do escultor espanhol Luiz Noguer e afres-
cos de José Perez. Já a segunda foi restaurada e hoje 
exibe em suas paredes internas pinturas a óleo retra-
tando cenas bíblicas. Outro ponto alto de Olímpia é o 
artesanato, sobretudo, o trançado-estrela, uma técni-
ca resgatada dos indígenas, quando eles transforma-
vam a palha do milho em estrelas que eram usadas 
na confecção de cestos. A técnica foi recuperada pela 
artesã Geralda das Neves Singha, a dona Lalá, e hoje 
é apreciada em bordados em almofadas, jogos ameri-
canos, porta-guardanapos, caminhos de mesa, entre 
outras peças. 
Calor em pleno inverno, clima de praia no interior e 
tantos outros atrativos... Impossível resistir e não ir 
correndo conhecer. Boa viagem!
Crescimento socioeconômico
Olímpia tem uma população estimada de 55 mil ha-
bitantes e uma alta taxa de alfabetização (94,4%, se-
gundo o censo IBGE/2010). Com boa infraestrutura 
de serviços, sua economia baseia-se na agroindústria, 
44/55oáSiS . ViagEM
além da prestação de serviços. Em apenas dez anos – 
de 2000 a 2010 – o PIB de Olímpia triplicou, chegan-
do a R$ 1 bilhão, de acordo com dados da Fundação 
Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). Situ-
ada na região administrativa de Barretos, integrada 
por 19 municípios, Olímpia tem o terceiro maior PIB 
da região. Em outras palavras, o equivalente a 0,1% 
da soma de todas as riquezas produzidas pelo Estado 
de São Paulo.
SERVIÇO
Thermas dos Laranjais – Com capacidade para rece-
ber 15 mil turistas por dia, o parque funciona das 9h 
às 20h, às segundas-feiras; e de terça a domingo, das 
8h às 20h. Os ingressos podem ser adquiridos na bi-
lheteria do parque e em agências de turismo. Custam 
R$ 46 (adultos, de segunda a sexta-feira) e R$ 60, 
nos fins de semana e feriados. Av. do Folclore, 1.543. 
Ligações gratuitas pelo (17) 3279-3500, site www.ter-
mas.com.br.
O que fazer
Museu do Folclore – Rua David de Oliveira, 420, cen-
tro.
Festival do Folclore – Recinto do Folclore, Av. Meni-
na Moça, site: www.folcloreolimpia.com.br.
Igreja Matriz de São João Batista – Praça da Matriz, 
centro.
45/55OÁSIS . ViagEM
Igreja Nossa Senhora Aparecida – Praça Nossa Se-
nhora Aparecida, 183, centro.
Onde ficar
Tuti Resort – Olímpia oferece inúmeras opções de 
hospedagem, desde pousadas, hotéis e até hotéis fa-
zendas. O Tuti Resort, porém, é o único que tem aces-
so exclusivo ao Parque Thermas dos Laranjais. Seus 
488 apartamentos estão equipados com tevê a cabo, 
wireless, frigobar e ar-condicionado. Possui piscinas 
aquecidas, SPA, academia de ginástica, lojas, restau-
rantes e quiosques de bebidas.
*A jornalista Fabíola Musarra visitou o Parque Ther-
mas dos Laranjais a convite da Assimptur – Assesso-
ria de Imprensa.
47/55oáSiS . ViagEM
OÁSIS . EConoMia
A MORTE DA INOVAÇÃO,
O FIM DO CRESCIMENTO
Economia norte-americana 
na curva decrescente
EC
O
N
O
M
IA
49/55OÁSIS . EConoMia
obert J. Gordon é um dos mais 
influentes macroeconomistas do 
mundo. Tem escrito muito so-
bre os problemas do crescimento 
econômico contemporâneo, apre-
sentando suas sérias dúvidas 
quanto à capacidade das atuais 
inovações (que ele chama de “ter-
ceira revolução industrial”) con-
seguirem alavancar a economia.
R
a economia dos Estados unidos tem 
se expandido freneticamente por 
dois séculos. Estamos assistindo ao 
fim do crescimento? O economista 
robert gordon estabelece quatro 
razões que explicam por que o 
crescimento dos Eua pode estar 
diminuindo
vídEo: tEd – idEas Worth sPrEading
tradução Para o Português: gustavo rocha. 
rEvisão: gislEnE KucKEr arantEs
Tradução integral da palestra recentemente 
proferida por Robert Gordon
50/55OÁSIS . EConoMia
“É assim que viajávamos no ano de 1900. Essa é uma 
charrete aberta. Não tem aquecimento. Não tem ar con-
dicionado. Esse cavalo está puxando-a a um por cento 
da velocidade do som, e a estrada de terra esburacada 
transforma-se em lamaçal toda vez que chove. Esse é um 
Boeing 707. Apenas 60 anos depois, ele viaja a 80 por 
cento da velocidade do som, e não viajamos mais rápido 
hoje porque viagens aéreas supersônicas comerciais tor-
naram-se um fracasso.
Então, comecei a imaginar e a ponderar, seria possível 
que os melhores anos do crescimento econômico america-
no tivessem ficado para trás? E isso leva à sugestão: talvez 
o crescimento econômico esteja quase acabando. Algumas 
das razões para isso não são realmente muito controver-
sas. Há quatro correntes de vento que estão batendo na 
face da economia americana. São: demografia, educação, 
dívida e desigualdade. Eles são poderosos o bastante para 
cortar o crescimento pela metade. Assim, precisamos de 
muita inovação para equilibrar esse declínio. E aqui está o 
meu tema: por causa das correntes de vento, se a inovação 
continuar a ser tão poderosa como tem sido nos últimos 
150 anos, o crescimento é cortado pela metade. Se a ino-
vação for menos poderosa, as invenções menos importan-
tes, coisasmaravilhosas, então o crescimento será ainda 
mais baixo que metade da história.
Bem, aqui estão oito séculos de crescimento econômico. O 
eixo vertical é o percentual por ano de crescimento, zero 
por cento ao ano, um por cento ao ano, dois por cento 
ao ano. A linha branca é para o Reino Unido, a seguir, os 
EUA. assumem como a nação líder, no ano de 1900, quan-
do a linha torna-se vermelha. Vocês notarão que, nos pri-
meiros quatro séculos, quase não há crescimento, apenas 
0,2 por cento. Então, o crescimento fica cada vez melhor. 
Atinge o pico nas décadas de 1930, 1940 e 1950 e, 
então, começa a desacelerar, e aqui está uma obser-
vação cautelosa. O último pico para baixo na linha 
vermelha não é de dados reais. Essa é uma previsão 
que fiz seis anos atrás de que o crescimento diminui-
ria para 1,3 por cento. Mas, sabem quais são os fatos 
reais? Sabem qual tem sido o crescimento da ren-
da por pessoa nos Estados Unidos, nos últimos seis 
anos? Negativo.
Isso conduz a uma fantasia. E se eu tentasse ajus-
tar uma linha curva a esse registro histórico? Posso 
fazer com que a linha curva termine em qualquer 
ponto que eu queira, mas decidi que a encerraria em 
0,2, exatamente como o crescimento do Reino Uni-
do para os primeiros quatro séculos. Bom, a história 
que atingimos é que crescemos a 2,0 por cento ao 
ano por todo o período, 1891 a 2007, e, lembrem-se, 
tem sido um pouquinho negativo desde 2007. 
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Tradução integral da palestra recentemente 
proferida por Robert Gordon
Mas, se o crescimento desacelera, em vez de dobrar nosso 
padrão de vida a cada geração, os americanos no futuro 
não podem esperar ficar duas vezes melhor que seus pais, 
ou mesmo um quarto melhor que seus pais. Agora vamos 
mudar e observar o nível de renda per capita. O eixo ver-
tical agora é milhares de dólares aos preços de hoje. Vocês 
notarão que em 1891, acima à esquerda, estávamos mais 
ou menos em 5.000 dólares. Hoje estamos aproximada-
mente a 44.000 dólares de produção total por indivíduo 
da população. Bem, e se pudéssemos atingir esse cresci-
mento histórico de dois por cento nos próximos 70 anos? 
Bem, é uma questão de contas. Crescimento de dois por 
cento quadruplica seu padrão de vida em 70 anos. Isso 
significa que iríamos de 44.000 para 180.000. Bem, não 
vamos fazer isso, e o motivo são as correntes de vento.
A primeira corrente de vento é a demografia. É corriquei-
ro que seu padrão de vida aumente mais rápido que 
a produtividade, aumente mais rápido que a produ-
ção por hora, se as horas por pessoa aumentarem. 
E tivemos esse presente lá atrás nos anos 70 e 80 
quando as mulheres entraram na força de trabalho. 
Mas, agora é o contrário. Agora, as horas por pessoa 
estão encolhendo, primeiro por causa da aposenta-
doria da geração ‘baby boomer’,e segundo, porque 
tem havido um abandono muito significativo da for-
ça de trabalho de adultos do sexo masculino, que 
estão na metade da distribuição educacional.
A próxima corrente de vento é a educação. Temos 
problemas por todo nosso sistema educacional, ape-
sar da Corrida para o Topo. Na faculdade, temos in-
flação de custo na educação superior que achata a 
inflação de custos em assistência médica. Temos, na 
educação superior, uma dívida de estudantes de um 
trilhão de dólares e nossa taxa de conclusão da fa-
culdade é de 15 pontos, 15 pontos percentuais abaixo 
do Canadá. Temos muitas dívidas. Nossa economia 
cresceu de 2000 a 2007 nas costas de consumidores 
que emprestavam maciçamente. Consumidores pa-
gando aquela dívida é uma das principais razões por 
que nossa recuperação econômica é tão lenta hoje. 
E, claro, todos sabem que a dívida do governo fede-
ral está crescendo como uma quota do GDP, a uma 
taxa muito rápida, e a única maneira de parar é uma 
combinação de crescimento mais rápido nos impos-
tos ou crescimento mais lento em direitos, também 
chamados de pagamentos de transferência. E isso 
nos leva para menos de 1,5, que atingimos em edu-
cação, para 1.3.
Então temos desigualdade. Nos 15 anos antes da cri
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proferida por Robert Gordon
se financeira, a taxa de crescimento de 99 por cento da 
base da distribuição de renda estava meio ponto mais len-
ta que as médias de que falávamos antes. Todo o restante 
foi para o topo de um por cento. Portanto isso nos traz de 
volta a 0,8. E esse 0,8 é o grande desafio. Vamos crescer 
a 0,8? Se sim, isso vai exigir que nossas invenções sejam 
tão importantes quanto aquelas que ocorreram nos últi-
mos 150 anos. Assim, vamos ver quais foram algumas des-
sas invenções.
Se você quisesse ler em 1875, à noite, você precisaria ter 
uma lamparina a óleo ou gasolina. Elas geravam poluição, 
tinham cheiro forte, eram difíceis de controlar, a luz era 
fraca e eram uma ameaça de incêndio. Em 1929, a luz elé-
trica estava em todos os lugares.Tivemos a cidade verti-
cal, a invenção do elevador. A Manhattan central tornou-
-se possível. E, além disso, ao mesmo tempo, ferramentas 
manuais foram substituídas por ferramentas elétricas e 
ferramentas elétricas manuais, todas movidas pela eletri-
cidade.
A eletricidade também foi muito útil na liberação das 
mulheres. As mulheres, lá pelo final do século 19, passa-
vam dois dias por semana lavando roupa. Elas faziam isso 
numa tábua de esfregar. Então tinham que pendurar as 
roupas fora para secar. Tinham que trazê-las para dentro. 
A coisa toda levava dois dos sete dias da semana. Então 
tivemos a máquina de lavar elétrica. E, em 1950, elas es-
tavam em todos os lugares. Mas as mulheres ainda tinham 
que fazer compras todos os dias, mas, não, porque a ele-
tricidade trouxe-nos a geladeira elétrica.
Lá pelo final do século 19, a única fonte de calor na maio-
ria das casas era uma grande lareira na cozinha, que era 
usada para cozinhar e para aquecer. Os quartos eram 
frios. Eles não eram aquecidos. Mas, em 1929, com certe
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proferida por Robert Gordon
za em 1950, tínhamos aquecimento central por todos os 
lugares.
E o motor de combustão interna, que foi inventado em 
1879? Na América, antes do veículo a motor, o transporte 
dependia inteiramente do cavalo urbano, que despejava, 
sem restrições, de 11 a 22 quilos de esterco nas ruas todos 
os dias junto com quase quatro litros de urina. Isso se tor-
nava de 5 a 10 toneladas diárias por milha quadrada, nas 
cidades. Esses cavalos também utilizavam um quarto das 
terras agricultáveis americanas. Essa era a porcentagem 
de terra agricultável americana necessária para alimen-
tar os cavalos. Claro, quando o veículo motorizado foi in-
ventado, e ele se tornou quase onipresente em 1929, essa 
terra agricultável pôde ser usada para consumo humano e 
para exportação. E aqui temos uma proporção interessan-
te: começando do zero, em 1900, apenas 30 anos depois, 
a proporção de veículos motorizados para o número 
de casas, nos Estados Unidos, alcançou 90 por cen-
to, em apenas 30 anos.
Antes da virada do século, as mulheres tinham um 
outro problema. Toda a água para cozimento, lim-
peza e banho tinha que ser carregada em baldes e 
tinas de fora para dentro.É um fato histórico que, 
em 1885, em média, uma dona de casa da Carolina 
do Norte caminhava 238 quilômetros por ano carre-
gando 35 toneladas de água. Mas, em 1929, as cida-
des tinham instalado encanamentos subterrâneos. 
Tinham instalado redes de esgoto subterrâneas, e, 
como consequência, um dos grandes flagelos do fi-
nal do século 19,doenças relacionadas à água, como 
o cólera, começaram a desaparecer. E um fato sur-
preendente para os otimistas da tecnologia é que, na 
primeira metade do século 20, a taxa de melhora da 
expectativa de vida foi três vezes mais rápida do que 
na segunda metade do século 19.
Portanto, ébanal que coisas não possam ser mais 
que 100 por cento delas mesmas. E vou apenas 
dar-lhe alguns exemplos. Fomos de um por cento 
para 90 por cento da velocidade do som. Eletrifica-
ção, aquecimento central, propriedade de veículos 
motores,todos eles foram de zero a 100 por cento. 
Ambientes urbanos tornam as pessoas mais produ-
tivas do que na fazenda. Fomos de 25 por cento de 
urbanização para 75 por cento nos primeiros anos 
do pós-guerra.
E a revolução eletrônica? Aqui está um dos primei-
ros computadores. É impressionante. O computador 
de grande porte foi inventado em 1942. Em 1960, 
tínhamos contas de telefone, extratos bancários sen
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Tradução integral da palestra recentemente 
proferida por Robert Gordon
do emitidos por computadores. Os primeiros celulares, 
os primeiros computadores pessoais foram inventados na 
década de 1970. A década de 1980 nos trouxe Bill Gates, 
DOS, terminais de saque para substituir caixas de banco, 
o escaneamento de códigos de barra diminuiu o trabalho 
no setor de varejo. Avançando rápido pelos anos 90, ti-
vemos a revolução ‘dotcom’ e um aumento temporário no 
crescimento da produtividade.
Mas, agora vou dar-lhes um experimento. Vocês têm que 
escolher a opção A ou a opção B. (Risadas) A opção A é 
que você fica com tudo inventado até 10 anos atrás. En-
tão você tem Google, tem Amazon, tem Wikipedia, e tem 
água corrente e banheiros. Ou você fica com tudo inventa-
do até ontem, incluindo Facebook e seu iPhone, mas tem 
que abrir mão, sair de casa, e carregar a água. O furacão 
Sandy fez com que muitas pessoas perdessem o século 20, 
talvez por uns dois dias, em alguns casos por mais de uma 
semana, eletricidade, água corrente, aquecimento, gasoli-
na para os carros, e carga para os iPhones.
O problema que enfrentamos é que todas essas grandes 
invenções, nós temos que equipará-las no futuro, e minha 
previsão de que não vamos equipará-las nos traz do cres-
cimento original de dois por cento para 0,2, a curva capri-
chosa que desenhei no início.
Então aqui estamos, de volta ao cavalo e à charrete. Gos-
taria de premiar com um Oscar os inventores do século 
20, pessoas como Alexander Graham Bell, Thomas Edi-
son, os irmãos Wright, gostaria de chamá-los todos aqui, 
e eles acenariam para vocês. Seu desafio é: podem igualar 
o que atingimos? Obrigado.”
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