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THIAGO MARTINS DA COSTA MAGALHÃES CRIAÇÃO DE UMA METODOLOGIA PARA PLANEJAMENTO E CONDUÇÃO DAS AQUISIÇÕES: UM ESTUDO DE CASO NA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE OBRAS CIVIS E MONTAGEM ELETROMECÂNICA EM UMA EMPRESA DE MINERAÇÃO Trabalho apresentado ao curso MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Projetos, Pós- Graduação lato sensu, Nível de Especialização, do Programa FGV Management da Fundação Getúlio Vargas, como pré-requisito para a obtenção do Titulo de Especialista. Prof. Edmarson Bacelar Mota Coordenador Acadêmico Executivo Prof. Carlos Eugênio Friedrich Barreto Orientador SÃO PAULO/SP 2014 FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS PROGRAMA FGV MANAGEMENT MBA EM GESTÃO ESTRATÉGICA E ECONÔMICA DE PROJETOS O Trabalho de Conclusão de Curso, Criação de uma metodologia para planejamento e condução das aquisições: Um estudo de caso na contratação de serviços de obras civis e montagem eletromecânica em uma empresa de mineração, elaborado por Thiago Martins da Costa Magalhães e aprovado pela Coordenação Acadêmica, foi aceito como pré-requisito para a obtenção do certificado do Curso de Pós-Graduação lato sensu MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Projetos, Nível de Especialização, do Programa FGV Management. São Paulo, 18/11/2014 Edmarson Bacelar Mota Coordenador Acadêmico Executivo Carlos Eugênio Friedrich Barreto Professor Orientador TERMO DE COMPROMISSO O aluno Thiago Martins da Costa Magalhães, abaixo assinado, do curso de MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Projetos, Turma 13 do Programa FGV Management, realizado nas dependências da Unidade Berrini, da Fundação Getúlio Vargas, à Avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini, 1376, anexo I, São Paulo, no período de 15/04/13 a 30/09/14, declara que o conteúdo do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado “Criação de uma metodologia para planejamento e condução das aquisições: um estudo de caso na contratação de serviços de obras civis e montagem eletromecânica em uma empresa de mineração” é autêntico e original. São Paulo, 18/11/2014 Thiago Martins da Costa Magalhães AGRADECIMENTOS À Fundação Getúlio Vargas pelo apoio e incentivo; À empresa pela oportunidade do aprimoramento do conhecimento e crescimento profissional; A todos os colegas e professores, que, ao longo do curso, têm contribuído para a concretização desta obra; A todos os amigos e familiares que sempre me acompanharam nesta caminhada; E à minha companheira Daniela pela dedicação, paciência e apoio na finalização do trabalho. RESUMO O presente trabalho consiste em um estudo a respeito do tema de Gerenciamento das Aquisições em projetos e apresenta como objetivo a criação de uma metodologia para planejamento e condução das aquisições para mitigar ocorrência de pleitos na execução de contratos. Para isso, utiliza-se de uma revisão bibliográfica sobre o tema e apresenta um estudo de caso sobre a aquisição de contrato de obras civis e montagem eletromecânica em uma empresa de mineração para exemplificar o tema estudado. Como resultado, este trabalho apresenta 10 passos para serem seguidos, compondo desta forma uma metodologia para planejar e conduzir as aquisições de um projeto. Por fim são apresentadas algumas propostas para complementação deste trabalho. Palavras Chave: Gerenciamento de Projetos. Gerenciamento das Aquisições. Pleito. Metodologia. ABSTRACT The present work is a study about the Project Procurement Management and has as objective the creation of a methodology for planning and conducting the acquisitions to mitigate the occurrence of claims in contract execution. For this, it uses a literature review on the subject and presents a case study on the acquisition of civil works and electromechanical assembly contracts for a mining company to exemplify the theme. As a result, this work presents 10 steps to be followed, thus composing a methodology to plan and conduct the project procurement process. Finally some proposals for completion of this work are presented. Key Words: Project Management. Procurement Management. Claims. Methodology. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – CICLO DE VIDA DE PROJETO ..................................................................... 22 FIGURA 2 – ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL ..................................................................... 24 FIGURA 3 – ORGANIZAÇÃO MATRICIAL FRACA ........................................................ 25 FIGURA 4 – ORGANIZAÇÃO MATRICIAL FORTE ......................................................... 25 FIGURA 5 – ORGANIZAÇÃO MATRICIAL BALANCEADA .......................................... 26 FIGURA 6 – ORGANIZAÇÃO PROJETIZADA .................................................................. 26 FIGURA 7 – GRUPOS DE PROCESSOS DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS ......... 27 FIGURA 8 – PROCESSOS DO GERENCIAMENTO DAS AQUISIÇÕES ........................ 29 FIGURA 9 – ENTRADAS, FERRAMENTAS E SAÍDAS DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO DAS AQUISIÇÕES ............................................................................... 30 FIGURA 10 – TIPOS DE CONTRATOS X RISCOS ........................................................... 33 FIGURA 11 – ENTRADAS, FERRAMENTAS E SAÍDAS DO PROCESSO DE CONDUZIR AS AQUISIÇÕES ............................................................................................. 37 FIGURA 12 – DIAGRAMA DE PROCESSOS DE BENEFICIAMENTO DE MINÉRIO DO PROJETO A ............................................................................................................................ 41 FIGURA 13 – FLUXOGRAMA DE PROCESSOS PARA PLANEJAMENTO DAS AQUISIÇÕES ......................................................................................................................... 54 FIGURA 14 – FLUXOGRAMA PARA APROVAÇÃO DO VENDOR LIST ..................... 55 FIGURA 15 – DIAGRAMA RISCO X CONTRATO ........................................................... 56 FIGURA 16 – FLUXO GRAMA DA METODOLOGIA PARA PLANEJAMENTO E CONDUÇÃO DAS AQUISIÇÕES ........................................................................................ 59 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – MAPA DE AQUISIÇÕES ............................................................................... 34 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 – ASPECTOS CONSIDERADOS NA METODOLOGIA DE GERENCIAMENTOS DE PROJETOS ................................................................................. 14 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 12 1.1. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA .......................................................................................... 12 1.2. IMPORTÂNCIA DO TRABALHO .......................................................................................... 15 1.3. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 16 1.3.1. OBJETIVO GERAL .......................................................................................................... 16 1.3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................... 16 1.4. LIMITAÇÕES DO TRABALHO ............................................................................................. 16 1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................................. 17 2. METODOLOGIA ..............................................................................................................18 2.1. NATUREZA DA PESQUISA ................................................................................................. 18 2.2. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ......................................................................................... 18 2.2.1. TIPOS DE PESQUISA ....................................................................................................... 19 2.3. ÁREA DA PESQUISA.......................................................................................................... 19 2.4. INSTRUMENTOS DE COLETA ............................................................................................. 20 2.5. TABULAÇÕES E ANÁLISE DOS DADOS .............................................................................. 20 3. DESENVOLVIMENTO .................................................................................................... 21 3.1. PROJETOS E O GERENCIAMENTO DE PROJETOS ................................................................. 21 3.2. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E O GERENCIAMENTO DE PROJETOS ............................... 23 3.2.1. ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL .......................................................................................... 24 3.2.2. ORGANIZAÇÃO MATRICIAL........................................................................................... 24 3.2.3. ORGANIZAÇÃO PROJETIZADA ....................................................................................... 26 3.3. O PADRÃO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS ................................................................ 27 3.3.1. GERENCIAMENTO DAS AQUISIÇÕES DO PROJETO .......................................................... 28 3.3.1.1. PLANEJAR O GERENCIAMENTO DAS AQUISIÇÕES ....................................................... 29 3.3.1.1.1. ENTRADAS – FATORES AMBIENTAIS E ATIVOS DE PROCESSOS ORGANIZACIONAIS. 30 3.3.1.1.2. FERRAMENTAS E TÉCNICAS – ANÁLISE MAKE OR BUY ............................................ 33 3.3.1.1.3. SAÍDAS .................................................................................................................... 34 3.3.1.2. CONDUZIR AS AQUISIÇÕES......................................................................................... 36 3.3.1.2.1. ENTRADAS .............................................................................................................. 37 3.3.1.2.2. FERRAMENTAS E TÉCNICAS .................................................................................... 37 3.3.1.2.3. SAÍDAS .................................................................................................................... 38 4. ESTUDO DE CASO E ANÁLISE DE RESULTADOS ................................................... 39 4.1. APRESENTAÇÃO DA EMPRESA .......................................................................................... 39 4.2. INVESTIMENTOS EM PROJETOS ......................................................................................... 39 4.3. O CASO DA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO A E SEUS CONTRATOS DE OBRAS CIVIS E MONTAGEM ELETROMECÂNICA ................................................................................................ 40 4.3.1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO A .................................................................................... 40 4.3.2. O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DOS SERVIÇOS DE OBRAS CIVIS E MONTAGEM ELETROMECÂNICA ..................................................................................................................... 42 4.3.3. A EXECUÇÃO DOS CONTRATOS ..................................................................................... 44 4.3.3.1. O CONTRATO DE OBRAS CIVIS .................................................................................. 44 4.3.3.2. O CONTRATO DE MONTAGEM ELETROMECÂNICA ..................................................... 45 4.3.4. ANÁLISE DO CASO ........................................................................................................ 46 4.3.4.1. ANÁLISE DO PLANEJAMENTO DA AQUISIÇÃO ............................................................. 47 4.3.4.1.1. ANÁLISE DAS ENTRADAS ........................................................................................ 47 4.3.4.1.2. ANÁLISE DAS FERRAMENTAS .................................................................................. 50 4.3.4.1.3. ANÁLISE DAS SAÍDAS.............................................................................................. 51 4.3.4.2. ANÁLISE DA CONDUÇÃO DA AQUISIÇÃO ................................................................... 52 4.3.4.2.1. ANÁLISE DAS ENTRADAS......................................................................................... 52 4.3.4.2.2. ANÁLISE DAS FERRAMENTAS .................................................................................. 52 4.3.4.2.3. ANÁLISE DAS SAÍDAS.............................................................................................. 53 4.3.5. RECOMENDAÇÕES ......................................................................................................... 54 5. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 60 6. POSSÍVEIS DESDOBRAMENTOS ................................................................................. 61 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 62 8. APÊNDICES ..................................................................................................................... 64 12 1. INTRODUÇÃO 1.1. Formulação do Problema Em uma notícia publicada recentemente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em seu site na data de 26/05/2014, foi informado através de um estudo realizado pela própria CNI, que o custo do atraso de seis obras de infraestrutura no Brasil, iniciadas há pelo menos 4 anos, chega a R$ 28 bilhões. As obras analisadas são o aeroporto de Vitória (ES); o projeto de esgotamento sanitário da bacia do Cocó, em Fortaleza; o projeto de transposição do rio São Francisco; a ferrovia de integração Oeste-Leste, na Bahia; o trecho da BR-101 no sul de Santa Catarina; e as linhas de transmissão ligando as hidrelétricas do rio Madeira ao sistema interligado nacional. Somente o atraso da obra de transposição do rio São Francisco causa um prejuízo de R$ 16,7 bilhões. Os gastos provocados pela demora na conclusão dessas seis obras, todas incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), seriam suficientes para a construção de 466 mil casas populares. (FLORES, Mariana. 2014) Em complemento, no estudo a CNI aponta como origem dos atrasos a: [...] má qualidade dos projetos básicos, utilizados para a realização do orçamento e posterior licitação das obras; a demora na obtenção de licenças ambientais e na realização de desapropriações; a má gestão dos projetos durante as obras, com superestimativa de benefícios e subestimativa de prazos e custos; a falta de qualificação técnica e experiência das equipes que preparam, gerem e acompanham os projetos; o viés da decisão política em detrimento dos critérios técnicos que levam a má fixação de prioridades e prazos, entre outros. (FLORES, Mariana. 2014). Dentre as propostas apresentadas para aceleração das obras supracitadas, a indústria sugere ainda a adoção de instrumento de contratação integrada em que a administração pública contrata uma empresa privada para fazer o projeto e implementá-lo. Como podem ser observados, os prejuízos causados pela má gestão de projetos podem custar bilhões. Neste sentido, é possível afirmar que a aplicação das melhores práticas para o gerenciamento de projetos torna-se imprescindível para garantir o sucesso do mesmo. Na prática, ao termo projeto são atribuídos diferentes significados como: um conjunto de desenhos de engenharia,um texto de lei a ser a provado, um plano para criação de um BI para usuários de um banco, etc. 13 Projeto pode ser definido como sendo um empreendimento com começo e fim definidos, dirigido por pessoas, para cumprir metas estabelecidas dentro de parâmetros de custo, tempo e qualidade (DINSMORE, 1992). Projeto é um conjunto de atividades interdisciplinares, finitas e não repetitivas, com cronograma e orçamento preestabelecidos que visam um objetivo (CASAROTTO ET AL, 1999). Porém, neste trabalho, o termo projeto será utilizado para designar um empreendimento não repetitivo, definido por um conjunto de tarefas inter-relacionadas por uma sequência de execução, com início e fim. Após definido o conceito, pode-se afirmar que para que um projeto possa ser iniciado, desenvolvido e finalizado de maneira satisfatória, é necessário aplicar algumas técnicas de gerenciamento para mantermos o seu controle. O Project Management Institute – PMI® apresenta uma definição relacionada com a aplicação prática de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas nas atividades a serem realizadas para atender às necessidades e expectativas do projeto. Esse objetivo é atingido buscando o equilíbrio entre as diversas áreas de conhecimento tais como escopo, prazo, custo, riscos, qualidade dentre outras. É importante ressaltar que a gestão de projetos também está baseada em muitos dos princípios da administração geral, envolvendo, assim, negociação, solução de problemas, política, comunicação, liderança e estudos de estrutura organizacional. O PMI subdivide as boas práticas do Gerenciamento de Projetos em 10 áreas de conhecimento. São elas: Integração; Escopo; Tempo; Custo; Qualidade; Recursos Humanos; Comunicação; Riscos; Aquisições e Stakeholders. Na maioria das pesquisas feitas atualmente, os aspectos com maiores destaques na metodologia de Gerenciamento de Projetos pelas empresas são: prazo, escopo e custo. No gráfico abaixo extraído do relatório desenvolvido pelo PMSurvey, edição 2013, se observa esta tendência do mercado: 14 Observando o gráfico acima é possível notar que a área de Aquisições possui uma das posições de menor destaque entre as empresas. Embora sejam mais evidentes os problemas oriundos das áreas de escopo, custo e tempo, não se podem menosprezar os problemas causados por um mau planejamento das aquisições, que na sua grande maioria, afetam diretamente as áreas mais lembradas. De acordo com o PMBOK 5ª edição, p. 355, o Gerenciamento das Aquisições engloba os processos necessários para compra de produtos, serviços ou resultados de fora da equipe do projeto para realizar o trabalho. Cabe esclarecer aqui que quando da referência a certos produtos ou serviços como sendo de "fora da equipe do projeto", estão sendo relacionados aqueles que, no desenvolvimento da WBS1, decidiu-se por bem contratar de um fornecedor. Os objetivos desta área de conhecimento são otimizar as aquisições do projeto, reduzir os riscos das aquisições e contribuir com o cumprimento das metas definidas no planejamento para que no fim, todo o projeto atinja o objetivo esperado. A correta aplicação das boas práticas do Gerenciamento das Aquisições vai depender da maturidade da empresa quanto ao conhecimento dos processos de Gestão de Projetos. Na prática, empresas que possuem uma estrutura funcional, geralmente atribuem a responsabilidade da aquisição para o departamento de compras, onde são definidas metas, na maioria dos casos, financeiras, para fechamento dos contratos. Em muitos casos, o fator 1 WBS: Work Breakdown Structure ou Estrutura Analítica de Projeto 30,1% 41,2% 56,5% 57,7% 60,8% 62,5% 66,2% 78,7% 94,0% 98,0% GOVERNANÇA AQUISIÇÕES RECURSOS HUMANOS INTEGRAÇÃO QUALIDADE RISCOS COMUNICAÇÃO CUSTO ESCOPO PRAZO Aspectos considerados na Metodologia de Gerenciamento de Projetos % de Organizações que citaram o item Gráfico 1: Aspectos considerados na Metodologia de Gerenciamento de Projetos Fonte: Adaptado de PMSURVEY.ORG, edição 2013 15 técnico para seleção do fornecedor é deixado de lado e com ele a garantia de cumprimento do contrato. No fim, fica sempre a cargo da cobrança do contrato em si. Contrato aqui referenciado como o próprio documento físico onde estão escritos e assinados o acordo entre as partes. Aquilo que conceitualmente visava à solução do problema para os dois lados, se torna instrumento de guerra, onde uma das partes sempre se considera lesada, buscando por intermédios legais, a indenização do mesmo. Em decorrência disso é comum aparecerem os Claims durante a realização dos projetos. Claims são reivindicações, pleitos, solicitações de revisão de escopo contratado, disputas ou recursos administrativos. São as mudanças que ocorrem durante a realização do projeto no qual cliente e fornecedor não chegam a um acordo do valor e de quem deve arcar com esta despesa. Sabendo-se que, na prática, o planejamento das aquisições não recebe a devida atenção dos Gerentes de Projeto como deveria e, somado à importância da gestão de contratos para cumprimento do orçamento do projeto, este trabalho busca responder a seguinte questão- problema: Como desenvolver o Planejamento e a Condução das Aquisições para mitigar a ocorrência de Pleitos para reequilíbrio contratual durante a execução do contrato? 1.2. Importância do Trabalho Em tempos no qual a aprovação de novos projetos com baixos custos podem definir a sobrevivência das empresas no mercado, garantir que os investimentos inicialmente previstos se realizem sem grandes variações, pode definir o sucesso ou não de sua implantação. Este trabalho irá apresentar uma boa prática de Gestão das Aquisições para mitigar a ocorrência de pleitos que historicamente elevam os investimentos inicialmente previstos. O presente trabalho possui a preocupação de mostrar os principais conceitos para um bom planejamento das Aquisições de maneira que possa ser aplicada principalmente para contratação de Serviços de Construção Civil e Montagem Eletromecânica para empresas de mineração. Apresentando para isso um estudo de caso e propondo uma metodologia para aquisições futuras. 16 O interesse em aprofundar os conhecimentos no assunto foi outro fator que culminou neste trabalho, além da importância de ampliar o acervo bibliográfico no que se refere a materiais relacionados ao Gerenciamento das Aquisições de Projetos. 1.3. Objetivos 1.3.1. Objetivo Geral Apresentar uma metodologia para planejamento e condução da aquisição de contratos para realização de serviços de obras civis e montagem eletromecânica. 1.3.2. Objetivos Específicos • Fazer uma revisão bibliográfica acerca dos assuntos abordados como melhores práticas para Gerenciamento das Aquisições; • Mostrar a importância do Gerenciamento das Aquisições para o sucesso do projeto; • Apresentar um modelo para Planejamento e Condução da Aquisição de contratos de obras civis e montagem eletromecânica para mitigar a ocorrência de Pleitos; • Apresentar os possíveis ganhos com a aplicação do Plano de Aquisições; • Apresentar um estudo de caso evidenciando o efeito da má gestão das Aquisições para o projeto; • Apresentar as conclusões a respeito do estudo aqui exposto. 1.4. Limitações do Trabalho Para não se estender demais, este trabalho focará apenas em contratos por empreitada para projetos de construção civil e montagem eletromecânica para implantação de uma usina para extração e beneficiamento2 de minério. Além disso, ela deverá ser usada apenas como um manual teórico para uma possível aplicação prática, pois os assuntos aqui abordados podem assumir diferentes características de acordo comcada empresa. Recomenda-se ao interessado que aprofunde os conhecimentos de acordo com suas próprias necessidades. 2 Para efeito das NRM (Normas Reguladoras de Mineração) entende-se por beneficiamento de minérios ao tratamento visando preparar granulometricamente, concentrar ou purificar minérios por métodos físicos ou químicos sem alteração da constituição química dos minerais. 17 1.5. Estrutura do Trabalho O presente Trabalho de Conclusão de Curso está estruturado em 9 capítulos. O Capítulo 1 apresenta a formulação da questão-problema, os objetivos, geral e específico deste trabalho, as limitações do trabalho e sua estrutura. O Capítulo 2 apresenta a metodologia utilizada para desenvolvimento do trabalho. São mostradas algumas formas de classificação de uma pesquisa científica e em qual delas o presente trabalho se enquadra. O Capítulo 3 apresenta a base teórica de estudo onde são apresentados vários autores e suas ideias a fim de dar uma visão geral do tema a ser tratado. No Capítulo 4 é apresentado um estudo de caso em uma empresa de mineração com a contratação e execução de serviços de obras civis e montagem eletromecânica em um projeto de implantação de uma usina de beneficiamento. Também é mostrado o resultado da análise do caso, bem como a proposição de uma metodologia para aquisição destes tipos de contratos. Os Capítulos 5 e 6 apresentam respectivamente as conclusões do trabalho e os possíveis desdobramentos para continuidade da pesquisa. Fechando o trabalho têm-se os capítulos 7, 8 e 9 com as referencias bibliográficas, apêndices e anexos respectivamente. 18 2. METODOLOGIA 2.1. Natureza da Pesquisa “A pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas, através do emprego de processos científicos” (Cervo, 1983, p. 50). A pesquisa científica deve caracterizar-se através da efetivação de um processo que, mediante a aplicação da Metodologia Científica e de técnicas adequadas, procura obter dados fieis, objetivos e relevantes para conhecer e compreender um dado fenômeno (BARROS, 1986). Podemos classificar a natura da pesquisa de duas maneiras: Trabalho Original ou Resumo (CERVO, 1983). Entende-se por trabalho científico original aquela pesquisa, cujos resultados venham apresentar novas conquistas para a ciência respectiva. Ou seja, é uma pesquisa que está sendo feita pela primeira vez. Já o resumo é aquele texto que reúne, analisa e discute conhecimentos e informações já publicadas (CERVO, 1983). Sendo assim, pode-se caracterizar este trabalho como sendo um resumo de trabalhos de outros autores relacionados ao Gerenciamento de Aquisições no Gerenciamento de Projetos. 2.2. Classificação da Pesquisa Inúmeros autores descrevem uma maneira de classificar as pesquisas segundo suas características. Quanto à forma de abordagem, podemos classifica-la como sendo quantitativa ou qualitativa. Na abordagem qualitativa, a pesquisa tem o ambiente como fonte direta dos dados. [...]. Neste caso, as questões são estudadas no ambiente em que eles se apresentam sem qualquer manipulação intencional do pesquisador. A utilização deste tipo de abordagem difere da abordagem quantitativa pelo fato de não utilizar dados estatísticos como o centro do processo de análise de um problema, não tendo, portanto, a prioridade de numerar ou medir unidades. Os dados coletados nessas pesquisas são descritivos, retratando o maior número possível de elementos existentes na realidade estudada. Preocupa-se muito mais com o processo do que com o produto. (SOARES, p. 1) 19 Já a abordagem quantitativa está relacionada ao emprego de recursos e técnicas estatísticas que visam quantificar os dados coletados. No desenvolvimento da pesquisa de natureza quantitativa devem-se formular hipóteses e classificar a relação entre as variáveis para garantir a precisão dos resultados, evitando contradições no processo de análise e interpretação. (SOARES, p. 1). Tendo em vista estas duas formas de classificação quanto a sua abordagem, este estudo adota a abordagem qualitativa já que se utilizam conceitos de autores diversos para criar uma metodologia para planejamento das aquisições para contratos de obras civis e de montagem eletromecânica em qualquer que seja a empresa que essa ferramenta possa ser utilizada. A preocupação com este trabalho é com o processo de criação do planejamento e não necessariamente com o congelamento do produto final proveniente dele já que este pode tomar rumos variados dependendo da estratégia da empresa. 2.2.1. Tipos de Pesquisa Qualquer espécie de pesquisa, independente da área, supõe e exige uma pesquisa bibliográfica prévia, quer para o levantamento da situação da questão, quer para a fundamentação teórica ou ainda para justificar os limites e contribuições da própria pesquisa (CERVO, 1983). Sabe-se que existem inúmeros tipos de pesquisa e este trabalho não tem por objetivo detalhar cada um. Sendo assim, este parágrafo expõe diretamente o tipo de pesquisa aqui utilizado como sendo um estudo de caso. O estudo de caso refere-se ao estudo minucioso e profundo de um ou mais objetos. O estudo de caso pode permitir novas descobertas de aspectos que não foram previstos inicialmente. Restringe-se o estudo a um objeto que pode ser um indivíduo, família ou grupo. (SOARES, p. 4). 2.3. Área da Pesquisa Esta pesquisa está focada no Planejamento e Condução das Aquisições para contratos de obras civis e de montagem eletromecânica em empresas de mineração com objetivo de mitigar problemas relacionados à solicitação de pleitos durante a execução destes contratos. 20 O motivo da escolha deste tema foi em função da pouca importância dada pelas empresas sobre o assunto dentro dos fatores mais considerados no gerenciamento de projetos. Muito se fala sobre tempo, custo e qualidade, mas para empresas cujo foco é operar e não desenvolver projetos, a contratação de um empreiteiro para execução de um projeto deve ser um assunto amplamente estudado e trabalhado. Um contrato mal feito ou uma empresa mal escolhida pode ser a razão do não cumprimento dos objetivos traçados nas áreas de conhecimento mais lembradas. 2.4. Instrumentos de Coleta A pesquisa bibliográfica fundamenta-se em fontes escritas, portanto, a uma modalidade especifica de documentos, que são obras escritas, impressas em editoras, comercializadas em livrarias e classificadas em bibliotecas. Uma pesquisa bibliográfica reúne diversas publicações isoladas e lhe atribui uma nova leitura. O material abrange todo o referencial já tornado público em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, enciclopédias, pesquisas, monografias, dissertações, teses entre outros. Este trabalho contou com a leitura e análise de livros do acervo da biblioteca da Fundação Getúlio Vargas incluindo a 5ª edição do PMBOK. Para o estudo de caso, o material utilizado foi cedido pelo departamento de construções da Empresa X (nome fictício) que inclui arquivos eletrônicos como planilhas e textos, experiência do autor durante a execução dos contratos estudados, e também entrevista informal aos responsáveis pela coordenadoria. 2.5. Tabulações e Análise dos Dados O objetivo desta fase do projeto é sumarizar, classificar e codificar as observações feitas e os dados obtidos. Para simplificar sua execução, o autor utilizou ferramentas Microsoft Word e Microsoft Excel para armazenar e tabular as informações. 21 3. DESENVOLVIMENTO 3.1. Projetos e o Gerenciamento de Projetos Apesar dos inúmeros conceitos dados a palavra projeto, este trabalho seguirá a linha de raciocínio defendida pelo Project Management Institute (PMI) apresentadano PMBOK 5ª edição. Segundo o PMI (2013), p. 03, “projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo”. Sendo assim, um projeto é tecnicamente definido como um esforço temporário (possui data de inicio e de término - tal qual os diferem das operações contínuas) que tem por finalidade produzir um bem (produto ou serviço) com características próprias que o diferenciam de outros que, eventualmente, já tenham sido produzidos. Essa temporalidade sugere a adoção de um ciclo de vida que consiste em fases que geralmente são sequenciais e que às vezes se sobrepõem. Os nomes e números das fases são determinados pelas necessidades de gerenciamento e controle da organização (ões) envolvida (s), bem como a natureza do projeto em si e sua área de aplicação (PMI, 2013). O ciclo de vida de um projeto pode ser definido como um espaço de tempo finito onde todas as atividades correspondentes a esse projeto estão inscritas, passando desde o início das atividades, para sua evolução, sua maturidade, seu declínio e seu fim. As fases do ciclo de vida possuem as seguintes características gerais, de acordo com o PMI: • Início do Projeto; • Organização e preparação; • Execução do trabalho do projeto e • Encerramento do Projeto. 22 Por se tratar de um ciclo generalizado, este pode ser moldado de acordo com o os aspectos exclusivos da organização, indústria ou tecnologia empregada. (PMBOK, 5ª ed.). Apesar de um início e fim bem definidos nos projetos, as atividades existentes entre estes pontos podem sofrer muitas variações. Para garantir a execução dessas atividades conforme os requisitos pré-estabelecidos vê-se a necessidade da aplicação de uma metodologia de gerenciamento de projetos. “O gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto fim de atender aos seus requisitos”. (PMBOK, 5ª ed. p. 05). Para isso deve-se aplicar de maneira apropriada 47 processos agrupados em 5 grupos de processos: • Iniciação; • Planejamento; • Execução; • Monitoramento e controle e • Encerramento. Segundo o PMBOK 5ª ed, p. 06, gerenciar projeto inclui: Início do Projeto Execução do trabalho Encerramento do Projeto N ív el de cu st o s e pe ss o a l Tempo Figura 1: Ciclo de vida Fonte: Adaptado do PMBOK, 2013, p. 39 Organização e preparação Termo de abertura do projeto Plano de Gerenciamento do projeto Entregas aceitas Arquivamento dos documentos do projeto Saídas do gerenciamento do projeto 23 • Identificação dos requisitos; • Adaptação às diferentes necessidades, preocupações e expectativas das partes interessadas à medida que o projeto é planejado e realizado; • Balanceamento das restrições conflitantes do projeto que incluem, mas não se limitam a: Escopo; cronograma; orçamento; recursos e riscos. Com isso, o gerenciamento de projetos pode ser entendido como todas as ações que permitem o correto andamento do projeto. O gerenciamento de projeto permite focalizar os objetivos, monitorar os acontecimentos e fazer correções quando necessário para o cumprimento do cronograma e custo estabelecido. Apesar de existirem outras metodologias para gestão de projetos como a metodologia britânica Price2 (Projects in Controlled invironment), o modelo da APM (Association of Project Managers) e o de Harold Kerzner, este trabalho focará na metodologia desenvolvida pelo PMI e descrita no guia PMBOK, uma vez que esta é a metodologia mais empregada pelas empresas em todo o mundo. Por fim, antes de adentrar na metodologia criada pelo PMI, faz-se necessário expor brevemente a relação entre a estrutura organizacional e o gerenciamento de projetos. Esta relação será importante para a análise do estudo de caso mais adiante neste trabalho. Tal relação será apresentada no tópico a seguir. 3.2. Estrutura Organizacional e o Gerenciamento de Projetos “A cultura, o estilo e a estrutura organizacional influenciam a maneira como os projetos são executados”. (PMBOK, 5ª ed. p. 20). O sucesso do projeto dependerá de como a cultura organizacional afetará a execução do mesmo. De maneira geral a cultura e o estilo da empresa podem ser conhecidos através de normas, procedimentos, políticas, valores, visão, dentre outros, por ela definidos. Caberá ao Gerente de Projeto compreender essa cultura e fazê-la trabalhar a seu favor. O PMBOK 5ª ed. p. 21, apresenta 3 tipos de organizações comumente encontradas em projetos: as organizações funcionais, matriciais e projetizadas. 24 3.2.1. Organização Funcional Uma organização com estrutura funcional é composta por uma hierarquia onde cada funcionário possui um superior bem definido. Nesta estrutura, os funcionários estão agrupados em departamentos que trabalham de maneira independente e de maneira geral esses departamentos são definidos por especialidade como suprimentos, engenharia, fiscal etc. A Figura 2 demonstra um exemplo de uma estrutura funcional. 3.2.2. Organização Matricial As organizações matriciais são uma combinação entre organizações funcionais e projetizadas. (PMBOK, 5ª ed.). Nas organizações matriciais, o poder do gerente de projeto varia entre elas. Numa estrutura matricial fraca, a maior parte das características provém de uma estrutura funcional. O papel do gerente de projetos é mais parecido com a de um coordenador ou facilitador que não pode tomar decisões por conta própria, tendo apenas certa autoridade. Esta estrutura está representada pela Figura 3. Executivo- chefe Figura 2: Organização Funcional Fonte: Adaptado do PMBOK, 2013, p. 22 Gerente Funcional Equipe Gerente Funcional Gerente Funcional Equipe Equipe Equipe Equipe Equipe Equipe Equipe Equipe Coordenação do projeto (As caixas cinza representam equipes envolvidas em atividades do projeto) 25 Já em uma estrutura matricial forte, o projeto possui um gerente de projeto com grande autonomia e autoridade e pessoal administrativo trabalhando em tempo integral para o projeto. A maioria de suas características provém da estrutura projetizada. A Figura 4 a seguir demonstra um modelo deste tipo de organização. Por fim, tem-se a estrutura matricial balanceada no qual o projeto possui um gerente de projeto, mas este não possui autoridade total sobre o projeto e sobre seu financiamento. Executivo- chefe Figura 3: Organização Matricial Fraca Fonte: Adaptado do PMBOK, 2013, p. 23 Gerente Funcional Equipe Gerente Funcional Gerente Funcional Equipe Equipe Equipe Equipe Equipe Equipe Equipe Equipe Coordenação do projeto (As caixas cinza representam equipes envolvidas em atividades do projeto) Executivo- chefe Figura 4: Organização Matricial Forte Fonte: Adaptado do PMBOK, 2013, p. 24 Chefe de gerentes de Projetos Gerente do Projeto Gerente Funcional Gerente Funcional Equipe Gerente do Projeto Gerente do Projeto Equipe Equipe Equipe Equipe Equipe Coordenação do projeto (As caixas cinza representam equipes envolvidas em atividades do projeto) 26 Esta organização está representada pela Figura 5. 3.2.3. Organização Projetizada A Organização projetizada, representada pela Figura 6, possui equipe de projeto dedicada ao projeto e todos alocados juntos. Suas atividades são específicas para o projeto em que estão alocados e respondem diretamente ao gerente do projeto em questão que possui grande independência e autonomia para executar as atividades do projeto. Executivo-chefe Figura 5: Organização Matricial Balanceada Fonte: Adaptado do PMBOK, 2013, p. 24 Gerente Funcional Equipe Gerente Funcional Gerente Funcional Equipe Equipe Equipe Equipe Equipe Equipe Equipe Gerente do Projeto Coordenação do projeto (As caixas cinza representam equipes envolvidas em atividades do projeto) Executivo- chefe Figura 6: Organização Projetizada Fonte: Adaptado do PMBOK, 2013, p. 25 Gerente do Projeto Equipe Gerente do Projeto Gerente do Projeto Equipe Equipe Equipe Equipe Equipe Equipe Equipe Equipe Coordenação do projeto (As caixas cinza representam equipes envolvidas em atividades do projeto) 27 3.3. O Padrão de Gerenciamento de Projetos Como já mencionado no tópico 3.1 deste trabalho, o PMI®, p. 49, define como padrão 47 processos agrupados em 5 categorias conhecidas como grupos de processos de gerenciamento de projetos ou apenas grupos de processos: • Grupo de processos de iniciação: são os processos realizados para definir um novo projeto ou uma nova fase de um projeto existente através de uma autorização. (PMBOK, 5ª ed.). • Grupo de processos de planejamento: são os processos realizados para definir o escopo do projeto, refinar os objetivos e desenvolver o curso de ação necessário para alcançar seus objetivos. (PMBOK, 5ª ed.). • Grupo de processos de execução: São os processos realizados para executar o trabalho definido no plano de gerenciamento do projeto. (PMBOK, 5ª ed.). • Grupo de processos de monitoramento e controle: são os processos necessários para acompanhar, revisar e regular o progresso e o desempenho do projeto. (PMBOK, 5ª ed.). A identificação e execução das mudanças ocorrem nessa fase. • Grupo de processos de encerramento: são os processos executados para finalizar formalmente todas as atividades do projeto. (PMBOK, 5ª ed.). Estes grupos de processos possuem uma natureza integradora o que requer uma interação entre eles conforme demostrado na Figura 7. Figura 7: Grupos de Processos de Gerenciamento de Projetos Fonte: Adaptado do PMBOK, 2013, p. 50 Processos de iniciação Entrar em fase/ iniciar projeto Processos de encerramento Sair de fase/ encerrar projeto Processos de execução Processos de planejamento Processos de monitoramento e controle 28 Além disso, estes 47 processos estão separados em 10 áreas de conhecimento sendo elas: • Gerenciamento da Integração do Projeto; • Gerenciamento do Escopo do Projeto; • Gerenciamento do Tempo no Projeto; • Gerenciamento dos Custos do Projeto; • Gerenciamento da Qualidade do Projeto; • Gerenciamento dos Recursos Humanos do Projeto; • Gerenciamento das Comunicações do Projeto; • Gerenciamento dos Riscos do Projeto; • Gerenciamento das Aquisições do Projeto e • Gerenciamento dos Stakeholders em Projeto. Apesar de ser bem vindo, este trabalho não possui a intenção de comentar todos os processos existentes no padrão. Devido a isso, este trabalho está direcionado para a área de conhecimento chamada Gerenciamento das Aquisições, área esta na qual estão inseridos os processos que serão trabalhados mais a frente. 3.3.1. Gerenciamento das Aquisições do Projeto Segundo o PMBOK 5ª ed., p. 355, “o gerenciamento das aquisições do projeto inclui os processos necessários para comprar ou adquirir produtos, serviços ou resultados externos à equipe do projeto”. Esta área de conhecimento também abrange os processos de gerenciamento de contrato e controle de mudanças. A Figura 8 resume os 4 processos do gerenciamento das aquisições, sendo eles: • Planejar o gerenciamento das aquisições: Processo de documentação das decisões de compras do projeto, especificando a abordagem e identificando fornecedores em potencial. (PMBOK, 5ª ed.). • Conduzir as aquisições: Processo de obtenção de respostas de fornecedores, seleção de um fornecedor e assinatura de um contrato. (PMBOK, 5ª ed.). 29 • Controlar as aquisições: Processo de gerenciamento das relações de aquisições, monitoramento do desempenho do contrato e realizações de mudanças e correções, caso necessário. (PMBOK, 5ª ed.). • Encerrar as aquisições: O processo de finalizar todas as aquisições do projeto. (PMBOK, 5ª ed.). De modo geral, os processos de gerenciamento das aquisições envolvem a formalização de acordos entre um comprador e um fornecedor. Estes acordos incluem contratos no qual o foco principal é descrever os produtos, serviços ou resultados para atender às necessidades do projeto. Cada empresa possui uma política pré-estabelecida para conduzir o processo de contratação de um fornecedor. Em muitos casos, estas políticas exigem um apoio de especialistas em contratos, compras, aspectos jurídicos e disciplinas técnicas. (PMBOK, 5ª ed.). A necessidade de contratação se origina geralmente na falta de expertise do contratante sobre aquele determinado serviço ou produto. Serviços ou produtos necessários para a realização do projeto e que necessitam de um know-how para serem fabricados ou executados cuja empresa não possui, são fontes de risco para o projeto. Ao firmar um contrato a empresa compartilha este risco com o fornecedor e em alguns casos transfere todo o risco para o mesmo. 3.3.1.1. Planejar o Gerenciamento das Aquisições Planejar o gerenciamento das aquisições é o processo de documentação das decisões de compras do projeto, especificando a abordagem e identificando fornecedores em potencial. Iniciação Planejamento Execução Monitorame nto Controle Finalização Planejar o Gerenciamento das Aquisições Conduzir as Aquisições Encerrar as Aquisições Controlar as Aquisições Gerenciamento das Aquisições do Projeto Figura 8: Processos do Gerenciamento das Aquisições Fonte: Pesquisa direta, 2014 30 (PMBOK, 5ª ed.). É nesta etapa que se define a necessidade de adquirir apoio externo ou não. Sendo necessário, deve-se definir também o quê adquirir e em qual quantidade, como e quando adquirir. Todo o trabalho necessário desde o planejamento até o encerramento das aquisições deve ser feito para cada item a ser adquirido. A Figura 9 ilustra as entradas, ferramentas e saídas desse processo. 3.3.1.1.1. Entradas – Fatores Ambientais e Ativos de Processos Organizacionais Por se tratarem de saídas de processos de outras áreas de conhecimento, as entradas de 1 a 7 não serão detalhadas neste trabalho, uma vez que estenderíamos o assunto de maneira desnecessária. Apenas o conceito básico será necessário para entendimento do assunto aqui tratado. Caso seja de interesse do leitor, este detalhamento pode ser encontrado no PMBOK 5ª ed. Já as entradas 8 e 9 possuirão um papel fundamental na análise do estudo de caso e por isso serão expostos com um pouco mais de detalhes. Segundo o PMBOK 5ª ed., p. 29, “os fatores ambientais da empresa se referem às condições fora do controle da equipe do projeto que influenciam, restringem ou direcionam o projeto”. Estes fatores diferenciam muito de uma empresa para outra e incluem itens como: Entradas Ferramentas e técnicas Saídas 1. Plano de gerenciamento do projeto 2. Documentação dos requisitos 3. Registro de riscos 4. Requisitos de recursos das atividades 5. Cronograma do Projeto 6. Estimativas de custos das atividades 7. Registro dos stakeholders 8. Fatores ambientais da empresa 9. Ativos de processos organizacionais 1. Análise Make or Buy 2. Opinião especializada 3. Pesquisa de mercado 4. Reuniões 1. Plano de gerenciamento das aquisições 2. Especificação do trabalho das aquisições 3. Documentos de aquisição 4. Critérios para seleçãode fontes 5. Decisões de Make or Buy 6. Solicitações de mudanças 7. Atualizações nos documentos do projeto Figura 9: Entradas, ferramentas e saídas do processo de Gerenciamento das aquisições Fonte: Adaptado do PMBOK, 2013, p. 358 31 • Cultura, estrutura e governança organizacional; • Distribuição geográfica de instalações e recursos; • Normas governamentais ou do setor (p.ex., regulamentos de agências reguladoras, códigos de conduta, padrões de produto, padrões de qualidade e padrões de mão de obra); • Infraestrutura (por exemplo, equipamentos e instalações existentes); • Recursos humanos existentes (p.ex., habilidades, disciplinas e conhecimento, como projeto, desenvolvimento, jurídico, contratação e compras); • Administração de pessoal (p.ex., diretrizes de recrutamento e retenção de pessoal, análises de desempenho de empregados e registros de treinamento, política de compensação e horas extras, e controle do tempo); • Sistemas de autorização de trabalho da empresa; • Condições do mercado; • Tolerância a risco das partes interessadas; • Clima político; • Canais de comunicação estabelecidos da organização; • Bancos de dados comerciais (por exemplo, dados padronizados de estimativa de custos, informações sobre estudos de risco do setor e bancos de dados de riscos); e • Sistema de informações do gerenciamento de projetos (p.ex., uma ferramenta automatizada, como um software de cronograma, um sistema de gerenciamento de configuração, um sistema de coleta e distribuição de informações, ou interfaces web para outros sistemas automatizados online). Como descrito no item 3.2, o sucesso do projeto dependerá de como a cultura organizacional afetará a execução do mesmo. Vários são os ativos organizacionais que podem influenciar o processo de planejamento das aquisições. Entre eles podemos citar as politicas, procedimentos e diretrizes formais de aquisições, vendor list3 pré-estabelecido e sistemas de gerenciamento utilizados para seleção do tipo de relacionamento contratual. De uma maneira geral, todas as relações contratuais podem ser enquadradas em três famílias genéricas de contratos (PMBOK, 5ª ed.): 3 Vendor List é o termo utilizado para designar a lista de possíveis fornecedores de um determinado serviço ou produto pré-aprovados pela empresa compradora. 32 • Contratos de preço fixo; • Contratos de custos reembolsáveis e • Contratos por tempo e material (T&M). Contratos de preço fixo são contratos que definem um preço fixo total para a realização do serviço ou entrega de um produto. Em algumas ocasiões estes contratos podem incorporar alguns incentivos para atingir ou exceder determinados objetivos. As variações mais comuns deste tipo de contratos são: Contrato de preço fixo garantido (PFG): o preço das mercadorias ou serviços é definido no início e não está sujeito a alterações a menos que o escopo do trabalho seja modificado. Qualquer aumento de custo devido a um desempenho adverso é responsabilidade do fornecedor, que é obrigado a concluir o estabelecido. (PMBOK, 5ªed.) Contrato de preço fixo com remuneração de incentivo (PFRI): este contrato prevê um desvio em relação ao desempenho, com incentivos financeiros vinculados ao cumprimento das métricas estabelecidas que em geral estão relacionados ao custo, cronograma ou desempenho técnico do fornecedor. Nos contratos PFIR, um teto de preços é definido e todos os custos acima desse teto são responsabilidade do fornecedor. (PMBOK, 5ªed.) Contrato de preço fixo com ajuste econômico do preço (PF-AEP): equivalente aos contratos anteriores, mas aplicado para contratos com duração superior a um ano. Possui uma clausula para reajuste do valor do contrato seguindo um índice financeiro confiável para proteger comprador e fornecedor contra condições externas como inflação, mudanças econômicas, etc. (PMBOK, 5ªed.). Contratos de custos reembolsáveis são contratos que envolvem o reembolso dos custos ao fornecedor acrescido de uma remuneração que corresponde ao seu lucro. Estes contratos também incluem cláusulas de incentivo e é mais utilizado quando o escopo não puder ser definido com precisão no inicio da contratação dando ao fornecedor e contratante maior flexibilidade para alterações. As variações mais comuns deste tipo de contrato são: Contratos de custo mais remuneração fixa (CMRF): O fornecedor é reembolsado por todos os custos permitidos para realizar o trabalho do contrato e recebe o pagamento de uma remuneração fixa calculada como um percentual dos custos iniciais estimados para o projeto apenas pelo trabalho concluído e não é alterada devido ao desempenho do fornecedor. (PMBOK, 5ªed.) 33 Contratos de custo mais remuneração de incentivo (CMRI): O fornecedor é reembolsado por todos os custos permitidos para a realização do trabalho e recebe uma remuneração de incentivo predeterminado se alcançar determinados objetivos de desempenho estabelecidos no contrato. (PMBOK, 5ªed.) Contrato de custo mais remuneração concedida (CMRC): O fornecedor é reembolsado por todos os custos legítimos, mas a maior parte da remuneração só é recebida se forem cumpridos determinados critérios de desempenho amplos e subjetivos definidos e incorporados ao contrato e que são determinados pelo comprador. (PMBOK, 5ªed.) Contratos por tempo e material (T&M), conhecido também como preço unitário, são os contratos em que o fornecedor recebe um montante por unidade de serviço ou produto e o valor total do contrato está em função das quantidades necessárias para concluir o trabalho. (VARGAS, 2005). A Figura 10 a seguir relaciona estes tipos de contratos com o grau de risco para o fornecedor e para o comprador: 3.3.1.1.2. Ferramentas e Técnicas – Análise Make or Buy Da mesma forma que no tópico anterior, este trabalho irá detalhar apenas a ferramenta conhecida como Análise Make or Buy, pois esta agregará maior valor a este trabalho. As outras ferramentas e técnicas são tão importantes quanto, mas apenas o conhecimento básico de seu conceito será necessário para a análise feita no próximo capítulo. Segundo o PMBOK, 5ª edição, p. 365, a análise Make or Buy “é uma técnica geral de gerenciamento usada para determinar se um trabalho específico pode ser melhor realizado pela equipe do projeto ou se deve ser comprado de fontes externas”. Vendedor CMRF Figura 10: Tipos de Contratos x Riscos Fonte: Adaptado de VARGAS, 2005 Comprador Baixo Risco Alto Risco Alto Risco Baixo Risco CMRI CMRC PFRI PFG T&M 34 De maneira geral essa ferramenta ajuda a equipe do projeto a decidir se algum pacote de trabalho definido na WBS deverá ser contratado externamente. Para isso a equipe do projeto deve definir uma lista de critérios para poderem analisar e decidir por executar ou contratar algum pacote de trabalho. Os critérios podem ser: • Capacidade (quantidade e qualidade) da equipe; • Necessidade de fornecimento especializado; • Restrições de custo; • Restrições de prazo; • Fazer parte do caminho crítico; • Know-how da empresa; • Compartilhamento de riscos entre outros. Definidos os critérios, podem-se separar aqueles pacotes cujo resultado da análise resultou pela contratação externa e a partir daí criar um Mapa de Aquisições para o projeto. O Mapa de Aquisições é uma tabela na qual são discriminados todos os pacotes de trabalho que serão contratados externamente. Um exemplo de Mapa das Aquisições está representado pela Tabela 1 a seguir. Concorrência Item a ser contratado Ref. WBS Vendor List Data de entrega Orçamento Critérios Make or Buy 1 Pacote de trabalho "K" 1.2.1 Fornecedor X; Fornecedor Y; FornecedorZ. 30/10/2014 R$ 100.000 Critério α Critério β Critério γ 2 Pacote de trabalho "R" 1.5.3 Fornecedor M; Fornecedor N; 15/11/2014 R$ 150.000 Critério α 3 Pacote de trabalho "T" 1.4.2 Fornecedor D; Fornecedor E; Fornecedor F. 10/12/2014 R$ 75.000 Critério β Critério γ Por fim, o Mapa das Aquisições deverá compor o Plano de gerenciamento das aquisições como um produto dessa fase do projeto. 3.3.1.1.3. Saídas O Plano de Gerenciamento das Aquisições é um dos componentes do Plano de gerenciamento do projeto e descreve a maneira que as aquisições deverão ser conduzidas. Segundo o PMBOK 5ª edição, este plano contem, entre outros, os seguintes itens: Tabela 1: Mapa de Aquisições Fonte: Pesquisa direta, 2014. 35 • Tipos de contratos a serem usados; • Questões de gerenciamento dos riscos; • Documentos padronizados de aquisição, caso necessários; • Gerenciar vários fornecedores; • Coordenar as aquisições com outros aspectos do projeto, como cronogramas e relatórios de desempenho; • Quaisquer restrições e premissas que poderiam afetar as aquisições planejadas; • Lidar com as decisões de fazer ou comprar; • Definir as datas agendadas em cada contrato para os resultados e coordená-las com os processos de desenvolvimento e controle do cronograma; • Estabelecer a orientação a ser fornecida aos fornecedores para desenvolvimento e manutenção de uma estrutura analítica do projeto (EAP); • Estabelecer a forma e o formato a serem usados para as especificações do trabalho de aquisições/ contratos; • Identificar fornecedores pré-qualificados para serem usados; e • Métricas de aquisições a serem usadas para gerenciar contratos e avaliar fornecedores. Outra saída é a Especificação do Trabalho das Aquisições ou Declaração de Trabalho (DT). Segundo o PMBOK, a DT da aquisição descreve o item de aquisição em detalhes suficientes para permitir que os fornecedores em potencial determinem se são capazes de fornecer os produtos, serviços ou resultados. Dependendo da necessidade do comprador, o nível de detalhamento pode variar de uma DT para outra. Este documento também é conhecido como Memorial descritivo, Especificação Funcional, Brienfing dentre outros, isto dependendo da área de aplicação. A DT é baseada na WBS e no dicionário da WBS do projeto e geralmente contém itens tais como: nível de qualidade, prazos, suporte, treinamentos, manutenção, garantia, local da entrega, critérios de medição, quantidade a ser entregue, especificações técnicas, etc. A Documentação de Aquisição são documentos usados para solicitação de propostas dos fornecedores. Quando a decisão da escolha do fornecedor se baseia apenas no preço, em geral usam-se os termos: licitação, oferta ou cotação. Quando se leva em conta a abordagem técnica ou capacidade, o termo “proposta“ é mais usual. A documentação de aquisição na verdade é 36 um mini book onde o documento mais importante dentro dele é a declaração de trabalho. Os tipos de documentação de aquisição mais comuns são: • Request for Proposal (RFP): ou Solicitação de Proposta. Utilizado quando o comprador não possui uma declaração de trabalho detalhada ou não ele não possui o escopo do produto. Neste caso o fornecedor deve enviar em sua proposta qual é o escopo orçado e qual know-how técnico para executá-lo; • Request for Quotation (RFQ): ou Solicitação de Cotação. Utilizado quando o comprador possui o escopo do produto em detalhes restando ao fornecedor apenas o envio da precificação daquele escopo; • Request for Information (RFI): ou Solicitação de Informações. Utilizado para coleta de informação do fornecedor. Pode ser um dos critérios para sua inclusão no vendor list do comprador; Os Critérios de Seleção de Fontes são pré-requisitos usados para habilitar um fornecedor ou diferenciar uma proposta da outra. Usualmente uma empresa deve conter uma lista de critérios eliminatórios e uma outra lista com critérios classificatórios. Critérios eliminatórios são usados para habilitar a entrada de um fornecedor no vendor list da empresa. Exemplos de critérios eliminatórios podem ser o atendimento às clausulas do instrumento de consulta como capacidade financeira, capacidade de produção, experiência técnica, regularização jurídica e desempenho em contratos anteriores. Já os critérios classificatórios são usados para diferenciar uma proposta da outra, ranqueando-as segundo um critério de classificação pré-determinado. Exemplos de critérios classificatórios podem ser: Oferta acima dos requisitos, redução de prazo, preço, garantia acima do mínimo especificado, qualificação da equipe técnica, capacidade técnica, atendimento em fornecimento ou prestação de serviços anteriores, entre outros. Por fim, para completar as saídas deste processo temos o resultado da análise make or buy, já comentada no tópico anterior, solicitações de mudança e atualizações nos documentos do projeto. 3.3.1.2. Conduzir as Aquisições Segundo o PMBOK 5ª edição, p. 371, “conduzir as aquisições é o processo de obtenção de respostas de fornecedores, seleção de um fornecedor e adjudicação de um contrato”. 37 Esse processo possui o objetivo de promover o alinhamento das expectativas, tanto do fornecedor, quanto do comprador, através de acordos formais. A Figura 11 abaixo ilustra as entradas, ferramentas e saídas desse processo. 3.3.1.2.1. Entradas As entradas deste processo foram todas descritas no tópico 3.3.1.1.3 deste trabalho e por isto não será necessário descrever novamente sobre eles. 3.3.1.2.2. Ferramentas e Técnicas As reuniões com licitantes tem o objetivo de esclarecer dúvidas dos possíveis fornecedores quanto ao escopo do trabalho. Costuma-se realizar estas reuniões com todos os possíveis fornecedores presentes para garantir que todas as informações sejam passadas igualmente, evitando assim tratamento especial para algum deles. Em alguns casos (como obras civis ou montagens eletromecânicas) estas reuniões podem ser feitas no futuro local de trabalho para que o fornecedor tenha uma ideia dos possíveis impactos que o local possa trazer à execução do contrato. Em aquisições complexas podem ser utilizadas técnicas de avaliação de propostas baseado na política de aquisição da empresa para aprovação do fornecedor. Como ponto de partida para análise das propostas, podem ser utilizadas estimativas independentes de custos feitas internamente ou externamente. Propostas recebidas Entradas Ferramentas e técnicas Saídas 1. Plano de gerenciamento das aquisições 2. Documentos de aquisição 3. Critérios para seleção de fontes 4. Propostas de fornecedores 5. Documentos do projeto 6. Decisões de Make or Buy 7. Especificação do trabalho das aquisições 8. Ativos de processos organizacionais 1. Reunião com licitantes 2. Técnicas de avaliação de propostas 3. Estimativas independentes 4. Opinião especializada 5. Publicidade 6. Técnicas analíticas 7. Negociações das aquisições 1. Fornecedores selecionados 2. Acordos 3. Calendário dos recursos 4. Solicitação de mudança 5. Atualizações no plano de gerenciamento do projeto 6. Atualizações nos documentos do projeto Figura 11: Entradas, ferramentas e saídas do processo de Conduzir as Aquisições Fonte: Adaptado do PMBOK, 2013, p. 371 38 apresentando valores com diferenças significativas podem indicar que os proponentes não atenderam ou não responderam completamente as especificações do trabalho. Outra ferramenta importante é a opinião especializada. Pode ser dada por um profissional experiente ou por um grupo de profissionais no qual possuem experiência nas áreas cobertas pelo escopo doserviço ou produto a ser contratado. Publicidade e técnicas analíticas são ferramentas complementares para divulgação da necessidade do comprador, uma para ampliar o vendor list de possíveis fornecedores e outra para ajudar os fornecedores a desenvolver uma proposta que proporcione valor ao comprador. Por fim temos as negociações das aquisições que possui o objetivo de esclarecer qualquer dúvida pendente com relação ao escopo, requisitos, termos de compra, etc, obtendo assim um acordo mútuo entre as partes. Estes acordos são formalizados no contrato por meio do acréscimo de anexos assinados com os esclarecimentos e acordos resultantes das negociações. 3.3.1.2.3. Saídas As saídas deste processo são os acordos formais que serão materializados em forma de contratos, subcontratos, pedidos de compra ou qualquer outro documento assinado gerando obrigações e deveres para comprador e o fornecedor selecionado após análise de todas as propostas. Nos contratos também devem estar documentados a quantidade e disponibilidade dos recursos contratos e as datas no qual eles serão mobilizados e desmobilizados (calendário dos recursos) (PMBOK, 5ª ed.). Para finalizar o processo e integra-lo ao plano de gerenciamento do projeto, deve-se atualizar a linha de base de escopo, custo e cronograma, plano de gerenciamentos das comunicações e das aquisições com os acordos formalizados. Por fim, como este trabalho possui o objetivo de desenvolver uma metodologia para o planejamento e contratação das aquisições, os processos de controlar as aquisições e encerrar as aquisições não serão detalhados neste momento, ficando como sugestão para possíveis desdobramentos futuros. 39 4. ESTUDO DE CASO E ANÁLISE DE RESULTADOS 4.1. Apresentação da empresa A Empresa X (nome fictício) é uma mineradora de ouro de capital aberto com sede corporativa em Toronto, Canadá e escritório operacional em São Paulo, Brasil. A empresa possui um portfolio diversificado de ativos proporcionando a produção de ouro sustentável apoiada por uma ampla base de recursos. Possui estratégia voltada para produção com custos baixos e significativa produção em operações presentes em algumas das mais estáveis jurisdições de mineração do mundo, como Argentina, Brasil, Chile e México. Em 2013 sua produção foi de 1,2 milhões de GEO4 e para 2014 espera-se que a produção seja de mais de 1,42 milhões de GEO. Para atingir este objetivo a Empresa X investiu nos últimos 4 anos uma média de US$ 850 milhões por ano em projetos de otimização, expansão e abertura de novas unidades operacionais. Em 2013 essa quantia chegou a US$ 1 bilhão para toda a empresa. Apenas no Brasil, o investimento direcionado para abertura das 3 mais recentes unidades operacionais foi de US$ 813 milhões nos últimos 3 anos. A Empresa X possui estrutura organizacional tipicamente funcional com chefes de áreas responsável por um grupo de funcionários e que responde para um diretor de área. Especificamente para a área de implantação de projetos esta estrutura assume uma estrutura matricial forte onde um Gerente de projeto juntamente com uma equipe técnica são designados para execução de um projeto. Esta estrutura comporta um quadro de funcionários, entre próprios e terceiros, superior a 10.000 colaboradores. 4.2. Investimentos em Projetos A Empresa X possui uma estrutura contábil bem estruturada para direcionar os aportes que serão feitos para cada tipo de projeto dentro da empresa. Os investimentos podem ser do tipo Exploration Capex, Feasibility Capex, Construction Capex e Sustaining Capex. 4 GEO ou Onças de Ouro Equivalente. Se refere à quantidade de metal produzido (ouro, prata, outros) transformados economicamente como sendo produção de ouro. 40 Os investimentos do tipo Exploration Capex são para suportar os projetos de exploração mineral onde são pesquisadas áreas com potenciais de se tornarem futuras áreas de extração mineral. Também é usado este tipo de investimento para projetos que visam aumentar a reserva de uma mina já em operação. Investimentos do tipo Feasibility Capex são para os estudos de viabilidade econômica para aprovação da implantação de uma nova unidade operacional ou para expansão de uma já existente após a descoberta de uma jazida pela equipe de exploração. Caso algum projeto seja aprovado durante os estudos de viabilidade, sua implantação é feita através dos investimentos para construção (Construction Capex). É nesta fase que as novas usinas de beneficiamento de minérios ou a expansão de uma já existente são implantadas de fato. Por fim têm-se os investimentos do tipo Sustaining Capex que são utilizados para a manutenção da operação em si. Como exemplo pode-se citar a troca de um moinho no seu final de vida útil por um novo como um investimento deste tipo. Não se devem confundir investimentos do tipo sustaining com custos de manutenção. Custos de manutenção são os custos oriundos da reposição de peças e materiais de desgaste que, em sua falta, afetariam a disponibilidade de funcionamento do equipamento. Apenas para alinhamento, este trabalho irá focar apenas nos projetos na fase de construção para o estudo de caso a ser apresentado. 4.3. O Caso da Implantação do Projeto A e seus Contratos de Obras Civis e Montagem Eletromecânica 4.3.1. Apresentação do Projeto A O Projeto A se refere à abertura de uma mina a céu aberto abrangendo 5 mil hectares e a implantação de uma usina de beneficiamento de minério para processar 2,5 milhões de toneladas de minério por ano com produção anual média de 108 mil onças5 de ouro e vida útil 5 Onça (abreviada: oz) é uma unidade de medida de massa que possui dois valores diferentes dependendo do sistema que é utilizado. No sistema avoirdupois (utilizado para objetos em geral) uma onça equivale a aproximadamente 28,3495 gramas, enquanto no sistema troy (utilizado para metais preciosos) a onça vale 31,1035 gramas. 41 entre 8 e 9 anos. A Figura 12 a seguir demonstra um diagrama simplificado do processo de beneficiamento do minério considerado no projeto. FLOT AF U/F MISTO FLOT AF FLOT FLOT O/F AF REJ U/F CONC CONC OURO SOLUÇÃO RICA SOLUÇÃO POBRE CARVÃO CARVÃO U/F O/F AF U/F REJ O/F REJO/F O/F U/F FUTURO BRITAGEM PRIMÁRIA REMOAGEM KNELSON LIXIVIAÇÃO INTENSIVA TANQUE DE ÁGUA DE PROCESSO ELUIÇÃO ELETRODEPOSIÇÃO BRITAGEM SECUNDÁRIA PILHA DE ESTOCAGEM MOAGEM SAG FLOTAÇÃO FLASHCICLONAGEM FLOTAÇÃO CLEANER CICLONAGEM CICLONAGEM ESPESSAMENTO CONCENTRADO CIL FUNDIÇÃO FLOTAÇÃO CONVENC. CLEANER FLOTAÇÃO CONVENC. ROUGHER CICLONAGEM KNELSON BARRAGEM DE REJEITO DESTRUIÇÃO DO CIANETO Figura 12: Diagrama de processos de beneficiamento de minério do Projeto A Fonte: Pesquisa direta, 2014 42 O primeiro orçamento aprovado para implantação do Projeto A foi de aproximadamente R$ 323 milhões com prazo de 2 anos para sua implantação. Para execução do projeto, uma equipe técnica foi designada para gerenciamento da obra em campo sendo ela composta por um Gerente de Projeto, um técnico de segurança, um técnico de TI, um planejador, um administrador de contratos, um controller de custo, um coordenador de almoxarifado, um coordenador de documentos e engenheiros eletricista, mecânico, civil e de qualidade. Além desta equipe de campo havia varias outras pessoas administrativas que davam suporte para a execução deste projeto. A Empresa X, assim como qualquer outra mineradora, possui a expertise em operação de mina. Por uma questão estratégica e até mesmo de redução de custos, a execuçãodas obras de implantação é feita por empresas especializadas neste ramo e não por ela mesma. Para conhecimento, este projeto previa inicialmente a aplicação de aproximadamente 7,5 mil m³ de concreto, 21 mil m² de forma e 725 toneladas de ferragem para as obras civis e 735 toneladas de estrutura metálica, 516 toneladas de caldeiraria, 1800 toneladas de equipamentos mecânicos, 28 mil metros de tubulação e 25 mil metros de cabos para a montagem eletromecânica. 4.3.2. O Processo de aquisição dos Serviços de Obras Civis e Montagem Eletromecânica No último trimestre de 2010 a Empresa X iniciou o processo de aquisição convidando nove empresas para participarem da concorrência do Projeto A no qual mencionava no documento enviado que o objeto de concorrência era a “Prestação de Serviços de Obras Civis e Montagem Eletromecânica do Projeto A”. Em projetos anteriores, as concorrências destes dois serviços foram feitos separadamente. Na prática, o serviço de obras civis é pré-requisito para o serviço de montagem. Há uma dependência muito grande entre as atividades dessas duas disciplinas e nos projetos anteriores, a Empresa X teve muita dificuldade para gerenciar os dois contratos separadamente e paralelamente. Para o Projeto A, foi decidido fazer uma única concorrência sobre o qual os fornecedores interessados deveriam se juntar em consórcios ou parcerias formalmente documentadas. Essa escolha foi feita para garantir uma cooperação entre as 43 empresas de obras civis e montagem eletromecânica, diminuindo o risco de ocorrerem problemas entre elas para a Empresa X. Dessas nove empresas, quatro declinaram o pedido após visita técnica que ocorreu em novembro de 2010. Em janeiro de 2011 a Empresa X recebeu 5 propostas para execução dos serviços: • Proposta 1: Composta por uma parceria entre uma empresa de montagem que chamaremos de “Empresa K” no valor de R$ 62,6 milhões e uma empresa de Civil que chamaremos de “Empresa M” com um valor total de R$ 18.9 milhões. Valor total: R$ 81,5 milhões. • Proposta 2: Composta por uma parceria entre uma empresa de montagem que chamaremos de “Empresa P” no valor de R$ 55 milhões e uma empresa de Civil que chamaremos de “Empresa N” com um valor total de R$ 31,5 milhões. Valor total: R$ 86,5 milhões. • Proposta 3: Apresentou inicialmente uma proposta técnica com uma parceria entre a empresa de montagem “Empresa L” e a empresa de civil “Empresa O”. Durante o processo, a empresa de civil “Empresa O” declinou do serviço ficando apenas a Empresa L com a proposta de montagem em R$ 59,9 milhões. • Proposta 4: Foi apresentada por um Grupo que chamaremos de “Grupo Q”. O valor apresentado foi de R$ 67 milhões para execução do serviço. • Proposta 5: Composta por uma parceria entre uma empresa de montagem que chamaremos de “Empresa R” no valor de R$ 44,2 milhões e uma empresa de Civil que chamaremos de “Empresa S” com um valor total de R$ 20,2 milhões mais uma verba para mobilização dos equipamentos e manutenção de canteiro no valor de R$ 8,8 milhões. Valor total: R$ 73,1 milhões. O procedimento padrão na Empresa X, após recebidas as propostas, é enviar para a equipe técnica que executará a obra as propostas técnicas recebidas para análise e aprovação daquelas tecnicamente capazes. Posteriormente, a equipe técnica emite um Parecer Técnico (PT) aprovando ou não as propostas e classificando-as conforme atendimento dos requisitos solicitados na concorrência. Esse parecer técnico é enviado para a equipe de Suprimentos da Empresa X que negociará entre as aprovadas a proposta com o melhor valor apresentado. 44 Durante a elaboração do PT, a Empresa L, detentora da proposta 3, declinou da concorrência após 2ª reunião de esclarecimentos. O PT foi emitido em 28/04/2011 para as parceiras detentoras das propostas 1, 2, 4 e 5. O Grupo Q (proposta 4) foi desclassificada tecnicamente. As três restantes foram aprovadas, sendo as parceiras Empresa P e N (proposta 2) as melhores colocadas, seguidas das parceiras Empresa R e S (proposta 5) e parceiras K e M (proposta 1). Com o PT em mãos, a equipe de Suprimentos da Empresa X solicitou à equipe técnica do Projeto A o orçamento disponível para execução destes serviços. A resposta recebida em 29/04/2011 foi a de que o orçamento disponível era de R$ 17,1 milhões para as obras civis e de R$ 42,9 milhões para a montagem eletromecânica, resultando um total de R$ 60 milhões. Em maio de 2011 a Empresa X solicitou que as empresas, mesmo que parceiras apresentassem uma proposta comercial para obra civil separadamente da montagem eletromecânica, pois todas as 3 parcerias estavam acima do orçamento disponível para o projeto. Desta maneira a Empresa X conseguiria realizar os cruzamentos entre as propostas a fim de chegar num valor dentro do montante disponível no orçamento. Seguindo esta estratégia, a Empresa X decidiu separar as parcerias originais e contratar a obra civil da Empresa M (que pertencia originalmente à parceria 1) e a montagem da Empresa P (que pertencia originalmente à parceria 2). Após negociações o valor final foi de R$ 23,9 milhões para as obras civis e R$ 39,6 milhões para a montagem eletromecânica. Ambos os contratos foram assinados na modalidade Preço Global. Na tentativa de manter uma cooperação entre as contratadas e diminuir o risco de problemas durante a execução entre os dois contratos, a Empresa X exigiu que as Empresas M e P assinassem um Termo de Parceria no qual ambas empresas se comprometiam a fazer um planejamento conjunto da execução da obra. 4.3.3. A Execução dos Contratos 4.3.3.1. O Contrato de Obras Civis O Contrato de Obras Civis foi firmado como sendo de Preço Global com prazo de execução de 11 meses, sendo que os 30 primeiros dias seriam para mobilização. A medição 45 seria mensal através de Boletins de Medição (BM) que deveriam ser aprovados pelo Gerente de Projeto para faturamento. A execução do contrato não ocorreu conforme planejado. O contrato sofreu 5 aditivos sendo eles: 1º aditivo: foi majorado o valor de R$ 343.505,31 por erro na previsão do recolhimento do ISS e mais R$ 3.966,04 a titulo de despesas com impostos do faturamento por ter fornecido cimento que não estava previsto; 2º aditivo: foi majorado o valor de R$ 7.386.494,69 para cobrir despesas de aumento de quantitativo, custos de alteração de sindicato, despesas de compra de material que seria de faturamento direto dentre outros. O prazo contratual também foi acrescido mais 112 dias; 3º aditivo: alteração de rateio dos valores a serem faturados diretamente; 4º aditivo: foi majorado o valor de R$ 536.343,09 referente ao reajuste de preços contratuais e prorrogado o término do projeto em mais 92 dias; 5º aditivo: foi prorrogado mais 150 dias o prazo contratual e reduzido o valor de R$ 51.203,36 devido à correção de valores previstos x realizado de pintura epóxi. Com isso, o contrato que inicialmente estava orçado em R$ 23,9 milhões com prazo de conclusão em 10/04/2012, foi encerrado em 21/03/2013 com valor realizado de R$ 32,1 milhões. Um aumento do custo em mais de 34% do inicialmente contratado, além do aumento do prazo. 4.3.3.2. O Contrato de Montagem Eletromecânica O contrato de montagem eletromecânica também não foi executado conforme planejado. O contrato foi firmado como sendo a Preço Global com prazo de execução de 15 meses, sendo 60 dias para mobilização, 12 meses para execução e 30 dias para desmobilização. O prazo final do contrato era 23/09/12. Este contrato sofreu 3 aditivos, sendo eles: 1º aditivo: o prazo foi prorrogado por mais 99 dias; 2º aditivo: o prazo foi prorrogado por mais 188 dias; 46 3º aditivo: chegou a ser negociado a majoração do valor em R$ 9.916.987,11 devido ao aumento de quantitativo e
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