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Aula 11 Direito Processual Civil - Conforme Novo CPC p/ TRTs Professores: Equipe Gabriel Borges, Gabriel Borges Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 123 DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ TRT Aula 11: DO PROCESSO DE EXECUÇÃO; DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO; DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO; DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS; DOS PROCEDIMENTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA. Vimos nas outras aulas que o processo de conhecimento discute a titularidade do bem em litígio. Há incerteza sobre o direito material em disputa e o Estado é chamado a intervir, uma vez solucionado o litígio, a decisão judicial dará ensejo ao início da Execução Judicial, conforme procedimentos do Cumprimento de Sentença. No Processo de Execução, a situação é outra, o titular do direito é conhecido. O Estado deverá intervir, mas com seu poder coercitivo, para SUMÁRIO PÁGINA 1. Capítulo XII: Do processo de execução; dos embargos à execução; da suspensão e da extinção do processo de execução; dos procedimentos especiais; dos procedimentos de jurisdição voluntária. 02 2. Resumo 94 3. Lista das questões apresentadas 99 4. Questões comentadas 106 5. Gabarito 123 CAPÍTULO XII: DO PROCESSO DE EXECUÇÃO; DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO; DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO; DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS; DOS PROCEDIMENTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 123 obrigar o devedor a cumprir a obrigação constituída em título extrajudicial. O Livro Do Processo de Execução regula o procedimento da execução fundada em título executivo extrajudicial, e suas disposições aplicam-se, também, no que couber, aos procedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados no procedimento de cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei atribuir força executiva. São exemplos de títulos executivos extrajudiciais: a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture, o cheque, entre muitos outros, conforme art. 784 do CPC/2015. Logo no início, importante destacar que a execução deve ser orientada por dois princípios, aparentemente, opostos ± a efetividade da execução e menor onerosidade possível ao executado. Pelo princípio da efetividade da execução, deve-se atribuir ao credor exatamente o que lhe confere o título, no menor tempo possível. Por princípio da menor onerosidade ao devedor, o devedor, tendo possibilidade de adimplir sua dívida por mais de um meio, será beneficiado pela imposição do menos gravoso (art. 805). Também há exemplo deste último princípio nos arts. 847 e 793, do CPC/2015. O exequente, que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa pertencente ao devedor, não poderá promover a execução sobre outros bens senão depois de excutida a coisa que se achar em seu poder (art. 793). O legislador foi muito feliz na redação do art. 793. Ora, se o exequente se encontra na posse de bem do devedor, deve-se primeiro executar tal bem, para depois, somente, partir à execução de outro. Caso contrário haveria grande risco de o credor controlar patrimônio muito superior ao da dívida. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 123 PARTES No polo ativo da demanda executiva, pode existir a legitimação ordinária primária (ou originária), a legitimação ordinária superveniente (ou secundária) e a legitimação extraordinária. a) Legitimação ordinária primária (ou originária): ocorre quando, no polo ativo, a parte com legitimidade para iniciar o processo executivo ou a fase de cumprimento da sentença estiver indicada como credora no próprio título executivo. b) Legitimação ordinária superveniente (ou secundária): o demandante, somente ganha a legitimação para propor a demanda executiva por um ato ou fato superveniente ao título executivo. Mesmo atuando em nome próprio e defendendo interesse próprio, o sujeito que demanda, nessa circunstância, deve juntar à execução demonstração de que o ato que o legitima ocorreu de fato. c) Legitimação extraordinária: ocorre quando o sujeito em litígio o faz em nome alheio. Ex.: art. 778. Podem promover a execução forçada: [...] I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei. Já no polo passivo da demanda executiva, temos as seguintes hipóteses de legitimação: a) Legitimação ordinária primária (ou originária): o devedor, reconhecido como tal no título executivo; b) Legitimação ordinária superveniente (ou secundária): o espólio, os herdeiros, os sucessores do devedor ou o novo devedor que assume com o consentimento do credor a obrigação resultante do título executivo (art. 779, incisos II e III); c) Legitimação extraordinária: o fiador judicial e o responsável tributário, assim definido na legislação própria. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 123 Notem que a legitimidade nem sempre estará expressa no título executivo, mas o título sempre conferirá legitimidade a alguém, ainda que em decorrência de previsão legal. LEGITIMIDADE ATIVA Poderá promover a execução: I - o credor a quem a lei confere título executivo; Nesse caso, chamamos a ateQomR� SDUD� R� WHUPR� ³FUHGRU´�� SRLV� devemos interpretá-lo de modo abrangente, ou seja, o termo se liga a obrigações de várias naturezas, não só à de pagar quantia certa. Assim, dir-se- á credor de obrigação de entregar coisa, fazer e não fazer, entre outras. Para determinar a legitimação do sujeito que figura como credor, basta o magistrado comparar o sujeito que propõe a demanda com aquele indicado no titulo como credor. Em casos excepcionais, a lei poderá atribuir legitimidade ordinária a sujeito que não figura no título executivo como credor. É o caso do advogado que executa a sentença que fixa seus honorários. II - o Ministério Público, nos casos previstos em lei. É excepcional a hipótese de legitimação ordinária originária do MP, em que venha figurar no título executivo como credor. Seria o caso em que o MP demanda em nome próprio um interesse próprio com o intuito de condenar o demandado, de uma relação jurídica estabelecida desde a fase cognitiva, ao cumprimento de uma obrigação. Outra hipótese de atuação do MP é o seu ingresso em demanda judicial, em virtude de legitimação extraordinária, para defender em nome Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 123 próprio direito alheio, de terceiros. Isso fará com que o MP figure no título executivo, ainda que não se possa afirmar que o fará a título de credor. ³$LQGD� TXH� ILJXUH� QR� WtWXOR� MXGLFLDO�� QmR� R� ID]HQGR� FRPR� credor do direito, a legitimação do Ministério Público será extraordinária para a execução; [...] Essa circunstância cria uma espécie de legitimação sui generis, porque, apesar de constar do título executivo como autor da demanda, a legitimação não decorre desse fato, mas sim GH� H[SUHVVD� SUHYLVmR� OHJDO�´ (Neves, Daniel Amorin Assumpção,pg. 822, 3°Ed.) Há outras hipóteses em que a legitimidade do Ministério Público para atuar na demanda executiva, dependerá da inércia dos titulares do direito. Ex. ação civil pública fundada em direito individual homogêneo, de relevância social, em que o MP poderá executar a sentença se no prazo de um ano do trânsito em julgado não houver quem se habilite para executar a sentença. III - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste [credor], lhes for transmitido o direito resultante do título executivo; Esse é um caso de legitimação superveniente em virtude da sucessão causa mortis. A legitimidade é atribuída ao espólio, aos herdeiros ou aos sucessores, que poderão dar início à demanda executiva, ou assumir o polo ativo no lugar do de cujus, uma vez que já se tenha iniciado a demanda. Conforme o momento da sucessão, são observados os seguintes requisitos: a) Antes de iniciada a execução: faz-se necessário demonstrar por meio de provas a legitimidade. b) Iniciada a execução: instaura-se um processo de habilitação incidente, com a suspensão, em tese, do processo principal. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 123 IV - o cessionário, presente quando o direito resultante do título executivo for transferido por ato entre vivos; Todo direito poderá ser objeto de cessão, salvo vedações legais. Dessa forma, a parte que recebe o crédito do detentor originário passa a ter legitimidade superveniente para executar o título. Para provar sua legitimação, o interessado deverá juntar na petição inicial, ou ao requerimento inicial, o instrumento de cessão de crédito. V - o sub-rogado, presente nos casos de sub-rogação legal ou convencional. Há legitimidade superveniente na hipótese de sub-rogação. Ela poderá ser legal ou convencional, devendo o sub-rogado provar esse fenômeno jurídico. Tanto na hipótese de cessão como de sub-rogação, não são os novos credores obrigados a figurar no polo ativo da demanda já em trâmite, sendo- lhes facultado aguardar o resultado da demanda para, então, cobrar do antigo credor. LEGITIMIDADE PASSIVA O art. 779 do CPC/2015 dispõe sobre a legitimidade passiva no procedimento executivo. Assim, a execução poderá ser proposta em face do: I - devedor, reconhecido como tal no título executivo; Analisa-se a responsabilidade para o cumprimento da obrigação. Aquele a quem se possa atribuir o cumprimento de uma prestação, poderá ser sujeito passivo da demanda executiva. Assim, é irrelevante para a fixação da legitimação se o sujeito é realmente o devedor, sendo necessário, somente, que o título o aponte como tal, para que ele participe no polo passivo da demanda judicial com legitimidade ordinária originária. II - espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 123 São hipóteses de legitimidade passiva derivada, ou também chamada de legitimação ordinária superveniente por causa mortis. III - novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo; Ocorre assunção da dívida por outrem, de maneira a haver legitimação de novo devedor para conduzir o polo passivo do procedimento executivo. Na assunção da dívida a obrigação não muda. Ocorre a legitimação superveniente por ato inter vivos. IV - fiador do débito constante em título extrajudicial; O fiador é responsável por prestar fiança em benefício do obrigado por título executivo. A garantia poderá ser real [oferecimento de um bem] ou fidejussória [em que pessoalmente se obriga]. V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito; VI - o responsável tributário, assim definido em lei. LITISCONSÓRCIO NA EXECUÇÃO Poderá ocorrer litisconsórcio na execução ± ativo, passivo ou misto. Regra geral, nas demandas executivas forma-se o litisconsórcio facultativo por conveniência dos sujeitos do processo. Na formação do litisconsórcio facultativo ocorre a cumulação de demandas, isso faz com que para verificar a formação litisconsorcial, ocorra a avaliação dos requisitos de admissibilidade da cumulação das demandas executivas. Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, quando o executado for o mesmo e desde que para todas elas seja competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 123 É importante lembrarmos que a formação do litisconsórcio, somente, ocorrerá se todos os credores e (ou) devedores vincularem-se à outra parte em razão de uma mesma relação jurídica material. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS NA EXECUÇÃO Das modalidades de terceiros, somente a assistência e o recurso de terceiros são cabíveis no procedimento executivo. No entanto, existem modalidades específicas de intervenção de terceiro no procedimento executivo. Vejamos: 1) Protesto pela preferência: Havendo pluralidade de credores ou exequentes, o dinheiro lhes será distribuído e entregue consoante a ordem das respectivas preferências. [...] Não havendo título legal à preferência, o dinheiro será distribuído entre os concorrentes, observando-se a anterioridade de cada penhora. (art. 908 do NCPC). 2) Concurso especial de credores: em casos de penhoras sucessivas sobre a mesma demanda, haverá necessidade de que todos os credores da penhora participem da fase de pagamento. 3) Exercício do benefício de ordem pelo fiador: O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro sejam executados os bens do devedor situados na mesma comarca, livres e desembargados, indicando-os pormenorizadamente à penhora. Os bens do fiador ficarão sujeitos à execução se os do devedor, situados na mesma comarca que os seus, forem insuficientes à satisfação do direito do credor. O fiador que pagar a dívida poderá executar o afiançado nos autos do mesmo processo. (art. 595 do CPC). Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 123 COMPETÊNCIA COMPETÊNCIA DA EXECUÇÃO DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL A execução de titulo executivo extrajudicial será processada perante o juízo competente e observará: I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado, de eleição constante do título ou, ainda, de situação dos bens a ela sujeitos; II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro de qualquer deles; III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a execução poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou no foro de domicílio do exequente; IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução será proposta no foro de qualquer deles, à escolha do exequente; V - no foro do lugar em que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele não mais resida o executado. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos executivos, e o oficial de justiça os cumprirá, podendo praticá-los em comarcas contíguas, de fácilcomunicação, e nas que se situem na mesma região metropolitana. Além disso, sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego de força policial, o juiz a requisitará. Uma inovação do CPC/2015 é que a requerimento da parte, o juiz poderá determinar a inclusão do nome do executado em cadastros de Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 123 inadimplentes. Sendo a inscrição cancelada, imediatamente, se for efetuado o pagamento, se for garantida a execução ou se a execução for extinta por qualquer outro motivo. Também pode ser requerida a inclusão do nome do executado no cadastro de inadimplentes quando se tratar de Execução Judicial, por Cumprimento de Sentença. CLASSIFICAÇÃO DA EXECUÇÃO QUANTO AO PROCEDIMENTO Quando falamos da ação temos que lembrar que sua atividade jurisdicional é substitutiva, ou seja, apenas busca satisfazer o direito requerido. Por meio da autorização legal ao Judiciário é permitido adentrar a esfera patrimonial do devedor, retirando bens, para satisfazer o direito do credor. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei. É importante saber, igualmente, que na ação de execução o contraditório não será plenamente observado. O que isso quer dizer? Quer dizer que o devedor não apresentará defesa nos próprios autos da ação. Deverá realizá-la de maneira incidental, por meio da oposição de embargos à execução (ação incidental autônoma) ou da ação pré- executiva. Na execução, busca-se a satisfação da obrigação específica ± dar, fazer ou não fazer ± sendo, apenas, transformada em genérica ± obrigação de pagar a quantia certa ± quando a satisfação da obrigação específica for impossível de cumprir ou o credor requerer. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 123 A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível. E muito importante destacar: a existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial. 1. A execução equivalerá ao processo judicial autônomo, quando: a) Fundada em título executivo extrajudicial. b) Fundada em sentença penal condenatória. c) Fundada em sentença arbitral. d) Dirigida pela e contra a Fazenda Pública. e) Reclamar o adimplemento da obrigação de prestar alimentos. 2. Quando o título for executivo judicial, o cumprimento da obrigação poderá ser perseguido: a) Por efetivação: usando-se o procedimento do cumprimento de sentença. DICA ± Sobre a fraude! x Características e diferenças da fraude à execução e fraude contra credores. Vamos lá! Na fraude contra credores a alienação é realizada antes do recebimento do mandado de citação na execução (art. 792). O desfazimento da alienação que ocorre em favor de terceiro poderá ser questionado pelo credor. Na fraude à execução a alienação ocorre após a citação. Nesse caso, a fraude será resolvida de modo incidental na execução, ou seja, não há exigência de propositura de demanda específica. A venda qualifica-se como ineficaz em relação ao credor. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 123 RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL A responsabilidade patrimonial é um instituto de direito processual e direito material. Como instituto de direito processual é entendida como a possibilidade de submissão de um patrimônio à satisfação do direito substancial do credor. Já como instituto de direito material, uma vez contraída a obrigação, uma das partes tem o dever de satisfazer o direito da outra. Representa uma situação jurídica de desvantagem que quando satisfeito o direito não faz surgir à dívida, característica do direito material. É importante lembrar que inexiste a responsabilidade pessoal. A responsabilidade é meramente patrimonial e nunca pessoal. BENS QUE RESPONDEM PELA SATISFAÇÃO NA EXECUÇÃO O art. 789 do CPC determina quais os bens patrimoniais do responsável respondem pela satisfação pela dívida. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei. Percebam, portanto, que todos os bens do executado estão sujeitos à execução, as exceções à regra decorrem dos casos em que a lei expressamente impuser restrições à constrição (a exemplo dos casos de impenhorabilidade dos bens: art. 883). Há a possibilidade, inclusive, de ser reconhecida a responsabilidade patrimonial secundária, conforme disposição do art. 790. Vamos entender o que o cyGLJR�TXLV�GL]HU�FRP��³com todos os seus bens presentes e futuros´��Daniel Amorim Assumpção Neves expressa que GHYHPRV� HQWHQGHU� SRU� ³EHQV� SUHVHQWHV´� aqueles existentes à época do Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 123 surgimento da dívida H�³EHQV�IXWXURV´� todos os adquiridos até a satisfação do direito do credor, salvo os bens alienáveis nesse período sem fraude. IMPENHORABILIDADE DE BENS É uma garantia a pessoa do devedor ± sua dignidade humana ± que certos bens não sejam objeto de expropriação judicial. O art. 883, CPC/2015 apresenta os bens que não poderão, de modo nenhum, serem penhorados, ou seja, não respondem pela satisfação da dívida. I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal; V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão do executado; VI - o seguro de vida; VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 123 VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos; XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei; XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regimede incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL SECUNDÁRIA Ficam sujeitos à execução os bens (art. 790 do CPC): I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória; II - do sócio, nos termos da lei; III - do devedor, ainda que em poder de terceiros; IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua meação respondem pela dívida; V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução; VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores; VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 123 TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL Como já vimos, há dois tipos de títulos: judiciais e extrajudiciais. O primeiro é constituído pelo juiz, por meio da atuação jurisdicional. O extrajudicial é formado por ato de vontade das partes que constitui a relação jurídica de direito material. O código identifica títulos executivos judiciais e extrajudiciais. Os executivos judiciais não compõem o processo de execução porque são executados por cumprimento de sentença. Na prática, pode-se entender o cumprimento de sentença como se fosse parte do processo de execução, mas na verdade compõe o de conhecimento. O juiz verificando que uma parte tem razão procede ao procedimento próprio do cumprimento de Sentença (revejam aula sobre sentença). Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas; IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal; V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução; VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte; VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio; VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 123 IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas; XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei; XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. § 1o A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução. § 2o Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não dependem de homologação para serem executados. § 3º O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação. DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal de credores, realiza-se a execução no interesse do exequente que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados. Recaindo mais de uma penhora sobre o mesmo bem, cada exequente conservará o seu título de preferência. Ao propor a execução, incumbe ao exequente: I - instruir a petição inicial com: a) o título executivo extrajudicial; Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 123 b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da ação, quando se tratar de execução por quantia certa; O demonstrativo do débito deverá conter: I - o índice de correção monetária adotado; II - a taxa de juros aplicada; III - os termos inicial e final de incidência do índice de correção monetária e da taxa de juros utilizados; IV - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; V - a especificação de desconto obrigatório realizado. c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso; d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe corresponde ou que lhe assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua prestação senão mediante a contraprestação do exequente; II - indicar: a) a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de um modo puder ser realizada; Pra entrega de coisa (Certa ± arts. 806 a 810; Incerta ± 811 a 813); Obrigações de Fazer ou Não Fazer (arts. 815 a 823) Por Quantia Certa (arts. 824 a 909) Contra a Fazenda Pública (art. 910) De Alimentos (arts. 911 a 913) Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 123 b) os nomes completos do exequente e do executado e seus números de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica; c) os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, esse será citado para exercer a opção e realizar a prestação dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi determinado em lei ou em contrato. Contudo, será devolvida ao credor a opção, se o devedor não a exercer no prazo determinado. A escolha será indicada na petição inicial da execução quando couber ao credor exercê-la. Verificando que a petição inicial está incompleta ou que não está acompanhada dos documentos indispensáveis à propositura da execução, o juiz determinará que o exequente a corrija, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de indeferimento. Na execução, o despacho que ordena a citação, desde que devidamente promovida pelo exequente (com devida instrução de documentos), interrompe a prescrição, ainda que proferido por juízo incompetente. Essa interrupção da prescrição retroagirá à data de propositura da ação. Ademais, convém apontar que será nula a execução se: I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível; II - o executado não for regularmente citado; Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 123 III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo. A mencionada nulidade será pronunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimentoda parte, independentemente de embargos à execução. DA EXECUÇÃO PARA A ENTREGA DE COISA CERTA ³&RLVD� FHUWD´�� VHJXQGR� D� OHL� p� DTXHOD� LQGLYLGXDOL]DGD� H� GHWHUPLQDGD�� quando proposta a execução. O procedimento da execução para entrega de coisa certa, fundada em título extrajudicial, vem regulado nos arts. 806 e seguintes. A lei prevê que do mandado de citação constará ordem para imissão na posse ou busca e apreensão, conforme se tratar de bem imóvel ou móvel, cujo cumprimento se dará de imediato, se o executado não satisfizer a obrigação no prazo que lhe foi designado. O art. 806 do CPC/15 prevê o prazo de quinze dias para que o devedor satisfaça a obrigação, entregando a coisa. Desse modo, se o executado entregar a coisa, será lavrado o termo respectivo e considerada satisfeita a obrigação, prosseguindo-se a execução para o pagamento de frutos ou o ressarcimento de prejuízos, se houver. Se a coisa quando já litigiosa for alienada, será expedido mandado contra o terceiro adquirente, que somente será ouvido após depositá-la. PROCEDIMENTO (ARTIGOS 806 A 810) 1- O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título executivo extrajudicial é citado para satisfazer a obrigação em 15 (quinze) dias. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 123 - Se o executado entregar a coisa, será lavrado o termo respectivo e considerada satisfeita a obrigação, prosseguindo-se a execução para o pagamento de frutos ou o ressarcimento de prejuízos, se houver. - Ao despachar a inicial, o juiz pode fixar multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação, ficando o respectivo valor sujeito a alteração, caso 2- Do mandado de citação constará ordem para imissão na posse ou busca e apreensão, conforme se tratar de bem imóvel ou móvel, cujo cumprimento se dará de imediato, se o executado não satisfizer a obrigação no prazo que lhe foi designado. - Alienada a coisa quando já litigiosa, será expedido mandado contra o terceiro adquirente, que somente será ouvido após depositá-la. 3- O exequente tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa, quando essa se deteriorar, não lhe for entregue, não for encontrada ou não for reclamada do poder de terceiro adquirente. - Não constando do título o valor da coisa e sendo impossível sua avaliação, o exequente apresentará estimativa, sujeitando-a ao arbitramento judicial. - Serão apurados em liquidação o valor da coisa e os prejuízos. - Havendo benfeitorias indenizáveis feitas na coisa pelo executado ou por terceiros de cujo poder ela houver sido tirada, a liquidação prévia é obrigatória. - Havendo saldo: I - em favor do executado ou de terceiros, o exequente o depositará ao requerer a entrega da coisa; II - em favor do exequente, esse poderá cobrá-lo nos autos do mesmo processo. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 123 DA EXECUÇÃO PARA A ENTREGA DE COISA INCERTA ³&RLVD� LQFHUWD´� p� GHWHUPLQiYHO� SHOR� JrQHUR� H� TXDQWLGDGH�� TXDQGR� D� execução recair sobre coisa determinada pelo gênero e pela quantidade, o executado será citado para entregá-la individualizada, se lhe couber a escolha. De outro modo, se a escolha couber ao exequente, esse deverá indicá-la na petição inicial, art. 811 CPC/15. A particularidade no procedimento da execução para entrega de coisa incerta é a necessidade de individualização da coisa. Sendo assim o art. 244 do Código Civil dispõe que ³nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigada a prestar a melhor´� PROCEDIMENTO (ARTS 811 A 813) 1- Se a escolha cabe ao executado, ele é citado para entregá-la individualizada. Se a escolha cabe ao exequente, este irá indicá-la na petição inicial. 2- Qualquer das partes pode, no prazo de 15 (quinze) dias, impugnar a escolha feita pela outra parte, e o juiz decidirá de plano ou, se necessário, ouvindo perito de sua nomeação. 3- Aplica-se à execução para entrega de coisa incerta, no que couber, as disposições relativas à entrega de coisa certa. DA EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER OU DE NÃO FAZER As obrigações de fazer são aquelas em que o devedor compromete-se a realizar uma prestação, consistente em atos ou serviços, de natureza material ou imaterial. Sendo que há obrigações de fazer fungíveis embora assumidas pelo devedor, podem ser cumpridas por qualquer pessoa, pois não Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 123 levam em conta qualidades pessoais [do devedor, imanentes a ele]; e infungíveis aquelas que só o devedor pode cumprir. O CPC/15 prevê que quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o executado será citado para satisfazê-la no prazo que o juiz lhe designar, se outro não estiver determinado no título executivo. Sendo que se o executado não satisfizer a obrigação no prazo designado, é lícito ao exequente, nos próprios autos do processo, requerer a satisfação da obrigação à custa do executado ou perdas e danos, hipótese em que se converterá em indenização. Com a juntada aos autos do mandado de citação começa o prazo, aquele assinalado no título ou fixado pelo juiz, para que a obrigação seja cumprida. Mesmo que seja fungível, é possível que o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, fixe multa periódica, para o não cumprimento. Se o devedor não cumprir a obrigação fungível, o credor poderá requerer que outra pessoa a cumpra, no seu lugar e às suas expensas, conforme prevê o art. 817 do CPC/15 se a obrigação puder ser satisfeita por terceiro, é lícito ao juiz autorizar, a requerimento do exequente, que aquele a satisfaça à custa do executado. O exequente deverá apresentar proposta para a prestação e adiantará as quantias previstas na proposta que, ouvidas as partes, o juiz houver aprovado. Uma vez realizada a prestação, o juiz ouvirá as partes no prazo de 10 (dez) dias e, não havendo impugnação, considerará satisfeita a obrigação. Sendo que se o terceiro contratado não realizar a prestação no prazo ou se o fizer de modo incompleto ou defeituoso, poderá o exequente requerer ao juiz, no prazo de 15 (quinze) dias, que o autorize a concluí-la ou a repará-la à custa do contratante. A execução de obrigação de não fazer ocorre quando o devedor pratica o ato do qual, por força do título executivo, estava obrigado a abster-se. A obrigação, que tem conteúdo negativo, acaba adquirindo caráter positivo, porque, se o devedor a descumprir, será obrigado a desfazer aquilo a que, por força do título, não deveria ter realizado. Sendo que não há propriamente execução de obrigação de não fazer; mas, sim, de desfazer aquilo que foi Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 123 indevidamente feito. E o desfazer não pressupõe inércia do devedor, mas ação. No art. 822 do CPC/15, prevê-se que se o executado praticou ato a cuja abstenção estava obrigado por lei ou por contrato, o exequente requererá ao juiz que assine prazo ao executado para desfazê-lo. DA EXECUÇÃO POR QUANTIACERTA A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do executado, sendo que a expropriação consiste em: I ± adjudicação: é a forma indireta de satisfação do credor, que se dá pela transferência a ele ou aos terceiros legitimados, da propriedade dos bens penhorados. A adjudicação pode ter por objeto bens móveis ou imóveis, e só pode ser feita pelo valor de avaliação. Depois que o bem tiver sido avaliado, os legitimados poderão requerer a adjudicação a qualquer tempo, enquanto não tiver sido realizada a alienação particular ou a hasta pública. O art. 876 do CPC/15 prevê que é lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer que lhe sejam adjudicados os bens penhorados. Requerida a adjudicação, o executado será intimado do pedido: - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos; - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído nos autos; - por meio eletrônico, quando, sendo o caso do § 1o do art. 246, não tiver procurador constituído nos autos. II ± alienação: é o ato pelo qual o titular transfere sua propriedade a outro interessado, sendo que é uma forma voluntária de perda da propriedade. A alienação far-se-á: Conforme previsão do art. 880 do CPC/2015, não efetivada a adjudicação, o exequente poderá requerer a alienação por sua própria iniciativa Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 123 ou por intermédio de corretor ou leiloeiro público credenciado perante o órgão judiciário. A alienação far-se-á em leilão judicial se não efetivada a adjudicação ou a alienação por iniciativa particular, sendo que o leilão do bem penhorado será realizado por leiloeiro público. Ressalvados os casos de alienação a cargo de corretores de bolsa de valores, todos os demais bens serão alienados em leilão público. Não sendo possível a sua realização por meio eletrônico, o leilão será presencial. DA EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA De acordo com o CPC/15 na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública será citada para opor embargos em 30 (trinta) dias. Sendo que, não opostos embargos ou transitada em julgado a decisão que os rejeitar, expedir-se-á precatório ou requisição de pequeno valor em favor do exequente, observando-se o disposto no art. 100 da Constituição Federal. Constituição/1988 Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. Nos embargos, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa no processo de conhecimento. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 123 DA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS Na execução fundada em título executivo extrajudicial que contenha obrigação alimentar, o juiz mandará citar o executado para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento das parcelas anteriores ao início da execução e das que se vencerem no seu curso, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de fazê-lo. Ao despachar a inicial, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime de desobediência, o desconto a partir da primeira remuneração posterior do executado, a contar do protocolo do ofício. Não requerida a execução nos termos GHVWD�³([HFXomR�GH�$OLPHQWRV´, observar-se-á o disposto na execução por quantia certa, com a ressalva de que, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância da prestação. O art. 528 do CPC/15 cuida do cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de prestar alimentos. Estabelece que o cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial, irá decretar- lhe a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar separado dos presos comuns. O cumprimento da pena não exime o executado do pagamento das prestações vencidas e vincendas. Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 123 SUSPENSÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO O processo constitui um conjunto de atos destinados a um objetivo: a sentença de mérito. A maneira como os atos processuais desenvolvem-se caracteriza o procedimento. Assim, formado o processo, temos o desencadeamento dos atos processuais que são realizados de modo ininterruptos até sua extinção. No entanto, essa sequência de atos poderá sofrer solução de continuidade, com a suspensão do procedimento. A suspensão do procedimento consiste em uma situação instrumental que se destina a permanecer durante um determinado período de tempo, sem ocasionar a extinção do processo. DICA - Não confundam suspensão com paralisações. O fato de o processo estar paralisado não quer dizer que esteja suspenso. - Quando ocorre suspensão do procedimento, é vedado a pratica de atos processuais, ressalvadas as hipóteses de urgência. Art. 314. Durante a suspensão é vedado praticar qualquer ato processual, podendo o juiz, todavia, determinar a realização de atos urgentes a fim de evitar dano irreparável, salvo no caso de arguição de impedimento e de suspeição. - Em casos de paralisações não há vedações para a prática de atos processuais. CASOS DE SUSPENSÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO Suspende-se a execução: Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 123 I - no todo ou em parte, quando recebidos com efeito suspensivo os embargos à execução (art. 919 ± casos de não suspensão); - os embargos à execução (principal modalidade de defesa do executado) podem suspender a execução, se o órgão judicial o determinar. II - nas hipóteses previstas nos artigos 313 a 315 no que couber; (vide aula sobre Suspensão e Extinção do Processo) Exemplo: pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador; ou pela convenção das partes III - quando o devedor não possuir bens penhoráveis. - Sem bens a serem penhorados não há como prosseguir à execução. Além disso, quando os bens forem insuficientes para se efetivar a penhora útil, suspende-se a execução. Nessa hipótese, o juiz suspenderá a execução pelo prazo de 1 (um) ano, durante o qual se suspenderá a prescrição.Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano sem que seja localizado o executado ou que sejam encontrados bens penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos autos. Os autos serão desarquivados para prosseguimento da execução se a qualquer tempo forem encontrados bens penhoráveis. Decorrido o mencionado prazo de 1 (um) ano sem manifestação do exequente, começa a correr o prazo de prescrição intercorrente. O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição e extinguir o processo. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 123 IV - se a alienação dos bens penhorados não se realizar por falta de licitantes e o exequente, em 15 (quinze) dias, não requerer a adjudicação nem indicar outros bens penhoráveis; V - quando concedido o parcelamento de que trata o art. 916. EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO São hipóteses de extinção da execução com solução de mérito: 1) Quando o devedor satisfaz a obrigação - Principal hipótese de execução do procedimento executivo com exame de mérito: o pagamento da obrigação pelo devedor. O pagamento poderá ser voluntário ou poderá resultar da execução forçada, com a entrega do dinheiro ao credor, adjudicação do bem penhorado pelo credor ou do usufruto judicial de bem executado. 2) Quando o devedor obtiver, por transação ou por qualquer outro meio, a extinção da dívida - Hipótese de extinção da execução em razão de outra forma de extinção do vínculo obrigacional subjacente ao procedimento executivo como, compensação, transação, confusão, novação ou remissão de dívida. 3) Quando o exequente renunciar ao crédito. - Extingue-se em razão da renúncia do direito objeto da execução. Ato unilateral do credor que leva à extinção da execução com exame de mérito. 4) Ocorrer a prescrição intercorrente Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 123 5) A petição inicial for indeferida. A execução também poderá ser extinta em razão da inadmissibilidade do procedimento executivo ou em razão da revogação da demanda executiva. x Inadmissibilidade do procedimento: Exemplo: É nula a execução: I - se o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível. x Revogação da demanda executiva: Art. 775. O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas algumas medidas executivas. Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte: a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o credor as custas e os honorários advocatícios; b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante. - O art. 925 do CPC determina que a extinção da execução, somente, produz efeito se for reconhecida por sentença. Porém, a execução poderá ser processada em tribunal, podendo, a extinção da execução, ser resultado de um acórdão ou decisão monocrática de membro de tribunal. DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA (arts. 513 a 538 do CPC/2015) O cumprimento da sentença se realiza segundo as regras do Título II (Do Cumprimento de Sentença) do Livro I da Parte Especial do CPC/2015, observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 123 no Livro II da Parte Especial (Processo de Execução Extrajudicial). Desse modo, o Livro correspondente ao Processo de Execução poderá ser subsidiariamente utilizado no procedimento do Cumprimento de Sentença. Importante destacar que o Cumprimento de Sentença, apelidado de Execução Judicial, destina-se, via de regra, ao cumprimento de título judicial, a exemplo da sentença ou da decisão proferida no processo civil que reconheça a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa. Quando reconhecido o dever de pagar quantia, a sentença será executada, de modo provisório ou definitivo, a pedido do exequente. Percebam, portanto, que diante da prestação de pagar quantia certa, o cumprimento não seguirá o princípio do impulso oficial e deverá ser requerida pela parte interessada. Se o requerimento for formulado após 1 (um) ano do trânsito em julgado da sentença, a intimação será feita na pessoa do devedor, por meio de carta com aviso de recebimento encaminhada ao endereço constante dos autos. Se o tempo for igual ou menor a um ano, o devedor será intimado para cumprir a sentença, por um desses meios: I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos; II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese de ser réu revel; III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1o do art. 246, não tiver procurador constituído nos autos. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 123 Art. 246. [...] § 1o Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte, as empresas públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por esse meio. IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na fase de conhecimento. Art. 256. A citação por edital será feita: I - quando desconhecido ou incerto o citando; II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando; III - nos casos expressos em lei. § 1º Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que recusar o cumprimento de carta rogatória. § 2º No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua citação será divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão. § 3º O réu será considerado em local ignorado ou incerto se infrutíferas as tentativas de sua localização, inclusive mediante requisição pelo juízo de informações sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públicos ou de concessionárias de serviços públicos. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 123 Na hipótese de intimação por carta ou meio eletrônico, considera-se realizada a intimação quando o devedor houver mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo, observando-se que são presumidas válidas as intimações dirigidas ao endereço constante dos autos, ainda que não recebidas pessoalmente pelo interessado, se a modificação temporária ou definitiva não tiver sido devidamente comunicada ao juízo, fluindo os prazos a partir da juntada aos autos do comprovante de entrega da correspondência no primitivo endereço. O cumprimento da sentença não poderá ser promovido em face do fiador, do coobrigado ou do corresponsável que não tiver participado da fase de conhecimento. Relevante destacar que, por disposição do art. 514, quando o juiz decidirrelação jurídica sujeita a condição ou termo, o cumprimento da sentença dependerá de demonstração de que se realizou a condição ou de que ocorreu o termo (considera-se termo o evento futuro e certo que venha a desencadear os efeitos do negócio jurídico). TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS Dispõe o art. 515 que são títulos executivos judiciais: I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa; II - a decisão homologatória de autocomposição judicial; III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza; Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 123 IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal; V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial; VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado; VII - a sentença arbitral; VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça; JUÍZO DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA O cumprimento da sentença será efetuado perante: I - os tribunais, nas causas de sua competência originária; II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição; III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo. Nos casos dos números II e III, o exequente poderá eleger o foro, podendo optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, situações em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 123 DEFESA DO EXECUTADO O artigo 518 amplia o contraditório da fase de cumprimento de sentença ao prever que todas as questões relativas à validade do procedimento de cumprimento da sentença e dos atos executivos subsequentes poderão ser arguidas pelo executado nos próprios autos e nestes serão decididas pelo juiz. No mesmo sentido da obrigação de pagar quantia certa, quando o cumprimento de sentença impuser o pagamento de prestação alimentícia ou a decisão interlocutória fixar alimentos, o juiz, igualmente, aguardará o requerimento do exequente para mandar intimar o executado pessoalmente. O executado, por sua vez, terá 3 (três) dias para pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente. A consignação extrajudicial se concretiza por meio do depósito da importância devida em instituição oficial, como o Banco do Brasil. Além da modalidade extrajudicial, a consignação pode ser judicial, viabilizada pela ação de consignação em pagamento, na qual o devedor ou terceiro tentará obter a declaração judicial do adimplemento da obrigação de pagar a quantia em dinheiro ou entregar o bem. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 123 É forma atípica de extinção das obrigações, já que a forma comum é o pagamento da obrigação. Assim, quando o credor se recusa a receber ou quitar o pagamento, ou ainda, havendo obstáculo fático ou jurídico que impossibilite o pagamento, a consignação em pagamento poderá ser utilizada. A alegação de que o credor evita o adimplemento justifica a consignação em pagamento. Para a liberação do devedor é necessário que o depósito realizado preencha todos os requisitos de caracterização do adimplemento. São requisitos para o depósito em dinheiro: a) Deve-se realizar o depósito no valor do principal e dos acessórios, como juros; b) A realização do depósito deve ocorrer no lugar do pagamento; c) Existência no local do pagamento de estabelecimento bancário oficial ou particular. Preenchidos os requisitos e tendo o devedor realizado o depósito na instituição bancária, o credor será cientificado pelo banco, por meio de carta com aviso de recebimento, para se posicionar em relação ao depósito em um prazo de 10 dias. A doutrina majoritária entende que o prazo de 10 dias começará a contar a partir do efetivo recebimento da notificação ± não se trata de prazo processual (não se conta em dias úteis). O CPC/2015, por uma mudança silenciosa, deixou de reproduzir a previsão que constava no §1º do at. 891, segundo o qual: quando a coisa devida for corpo (bem que não dinheiro) que deva ser entregue no lugar em que está, poderá o devedor requer a consignação no foro em que ela se encontra. A supressão dessa previsão foi inócua, já que continua a valer a regra. ¾ ENUNCIADO FPPC 59. (art. 540). Em ação de consignação e pagamento, quando a coisa devida for corpo que deva ser entregue no lugar em que está, poderá o Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 123 devedor requerer a consignação no foro em que ela se encontra. A supressão do parágrafo único do art. 891 do Código de Processo Civil de 1973 é inócua, tendo em vista o art. 341 do Código Civil. Voltando à questão do prazo... durante o decêndio (prazo de 10 dias) para manifestação do credor sobre o depósito, ele poderá: 1) Levantar o valor depositado junto ao banco, o que extinguirá a obrigação; 2) Levantar o valor depositado junto ao banco, mas fazer ressalvas em relação à exatidão do valor, podendo cobrar por vias próprias a diferença. Nessa situação, é lícito ao autor (quem realizou o depósito) completá-lo, dentro de 10 (dez) dias; 3) Não se manifestar (silenciar), caso em que considera aceito o valor depositado (aceitação tácita), extinguindo-se a obrigação e ficando o valor depositado à espera do levantamento pelo credor; 4) Decorrido o prazo de 10 dias, sem a manifestação de recusa (sem qualquer motivação), reputar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada. Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, o devedor ou terceiro poderá propor, dentro de um mês, a ação de consignação, instruindo a petição inicial com a prova do depósito e da recusa. Não proposta a ação no prazo de um mês, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante (§ 4°, art. 539 do CPC). A consignação extrajudicial, como já se falou, qualifica-se como forma alternativa de solução dos conflitos de interesses, não sendo procedimento obrigatório, ela dispensa a participação do poder judiciário. A consignação extrajudicial não é requisito prévio para impetrar a açãode consignação em pagamento em momento posterior, é uma opção do devedor que poderá preferir a demanda judicial, salvo na hipótese de consignação de prestação oriunda de compromisso de compra e venda de lote urbano (Lei nº 6.766/1979, art. 33). Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 123 Contudo, caso tenha sido feito uso da medida extrajudicial, sem, no entanto, alcançar a finalidade liberatória da obrigação, o comprovante do depósito será essencial à propositura da ação de consignação em pagamento. Isso ocorre para que não seja feito outro depósito. Após a realização do depósito ou da juntada do comprovante do depósito efetivado no plano extrajudicial, na dinâmica procedimental, o credor será citado. - A ação de consignação em pagamento é o instrumento jurídico processual que o devedor ou terceiro utiliza para obter a declaração judicial do adimplemento da obrigação de pagar a quantia em dinheiro ou entregar o bem. Nas situações em que houver dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos possíveis titulares do crédito para provarem o seu direito. Na petição inicial, o autor requererá: I - o depósito (para ele autor fazer) da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese de recusa do réu; II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação. Não realizado o depósito no prazo do nº I (5 dias), o processo será extinto sem resolução do mérito. Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, será este (o credor) citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor a faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de depósito. Dispõe o artigo 544: na contestação o réu poderá alegar que: I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida; II - foi justa a recusa; III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento; IV - o depósito não é integral. No caso do nº IV, a alegação somente será admissível se o réu indicar o montante que entende devido. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 123 O artigo seguinte, 545, impõe que alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato. ¾ ENUNCIADOS DO FPPC 60. (art. 541) Na ação de consignação em pagamento que tratar de prestações sucessivas, consignada uma delas, pode o devedor continuar a consignar sem mais formalidades as que se forem vencendo, enquanto estiver pendente o processo. 61. (art. 545) É permitido ao réu da ação de consignação em SDJDPHQWR� OHYDQWDU� ³GHVGH� ORJR´� D� TXDQWLD� RX� FRLVD� GHSRVLWDGD� HP� RXWUDV� hipóteses além da prevista no §1º do art. 545 (insuficiência do depósito), desde que tal postura não seja contraditória com fundamento da defesa. 62. (art. 548, III) A regra prevista no art. 548, III, que dispõe que, em ação de consignação em pagamento, o juiz declarará efetuado o depósito extinguindo a obrigação em relação ao devedor, prosseguindo o processo unicamente entre os presuntivos credores, só se aplicará se o valor do depósito não for controvertido, ou seja, não terá aplicação caso o montante depositado seja impugnado por qualquer dos presuntivos credores. A Ação de Depósito foi excluída do rol de procedimentos especiais do CPC, já que constava no CPC/1973 e não mais consta no CPC/2015. Segue, desde então, o procedimento comum. O Código Civil determina as regras de regulação do contrato de depósito (arts. 627 a 652, CC). A pessoa responsável pelo recebimento do objeto é chamada de depositária. Ela tem a obrigação de guardar o objeto a ela AÇÃO DE DEPÓSITO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 123 atribuído e restitui-lo quando reclamado pelo depositante ± pessoa que ofereceu a coisa (bem) em depósito. O art. 627 do CC prevê expressamente: pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até que o depositante o reclame. O artigo citado trata, somente, de coisa móvel como sendo passível de ser objeto do contrato de depósito, no entanto, parte da doutrina defende a possibilidade de coisa imóvel ser objeto de depósito, uma vez que há previsões legais nesse sentido, como a do art. 559 do CPC/2015. O depósito poderá ser o regular e o irregular. O primeiro, tratando-se de coisa infungível, obriga o depositário a devolver ao depositante a coisa, específica, dada em depósito. No segundo caso, depósito irregular, sendo o objeto fungível, a aplicação do procedimento especial ± ação de depósito ± é afastado, sujeitando a relação jurídica à disciplina legal do mútuo. Além disso, o depósito poderá ser contratual, necessário e miserável. O depósito contratual é o resultado de um acordo de vontade entre as partes. É um contrato gratuito e, por isso, também chamado de voluntário. O depósito necessário é o contrário do contratual. Não resulta de um acordo entre os sujeitos, é imposto às partes. Por ser impositivo, também é conhecido como depósito legal. O último, o depósito miserável, decorre de inesperada necessidade, como nos casos de calamidade pública. A gratuidade no depósito necessário, em regra, não existe. Ao depositário é legítimo receber pela guarda da coisa. Desde que o STF julgou inconstitucional a prisão civil do depositário infiel (Enunciado nº 25 de Súmula Vinculante 25 do STF: ³e�LOtFLWD�D�SULVmR�FLYLO� de depositário infiel, qualquer que VHMD� D� PRGDOLGDGH� GR� GHSyVLWR´), perdeu eficácia a ação em comento (de Depósito). (VVD�TXHVWmR�PRWLYRX�R� OHJLVODGRU�GR�&3&������D�H[FOXLU�D� ³$omR�GH� 'HSyVLWR´�GH�VHX� URO�GH�SURFHGLPHQWRV�HVSHFLDLV�� TXH�SDVVRX�D� WULOKDU�GHVGH� maço de 2016 (entrada em vigor do CPC/2015) o percurso do procedimento comum. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 123 Todavia, a ação ganhou um mecanismo a seu favor, expresso no artigo da Tutela da Evidência (art. 311), que dispõe em seu inciso III. Façamos a leitura do dispositivo: Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa. Concede-se a tutela de evidência, independentemente da verificação GH� ³SHULJR� GH� GDQR´� DR� REMHWR� GR� OLWtJLR�� TXDQGR� SUHVHQWH� pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito. A concessão dessa tutela se dará mediante decretação liminar de ordem de entrega do objeto custodiado com imposição de multa. Percebe-se que o prestígio perdido pela ação, ao se reconhecer a inconstitucionalidade da prisão do infiel depositário foi em parte recuperada pelapossibilidade de recuperação imediata da coisa com a imposição de multa, se for o caso. Em casos de tutela provisória de evidência, o direito se demonstra tão evidente que não faz sentido impedir que o autor usufrua de imediato o resultado da tutela. DEPOSITÁRIO JUDICIAL Na demanda judicial, o depositário judicial é um auxiliar eventual do juízo. Mantendo os bens objeto de constrição judicial, o depositário exerce um serviço público de grade valia. Decorre de uma demanda judicial e não da vontade das partes. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 123 À ação de desapropriação aplica-se o Decreto-Lei nº 3.365, de 21 de junho de 1.941, e subsidiariamente o CPC. Para que um bem seja desapropriado a União, o estado, o município ou o Distrito Federal devem produzir declaração de utilidade pública. Os bens do domínio dos estados, municípios, Distrito Federal e territórios poderão ser desapropriados pela União, e os dos municípios pelos estados, mas, em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa. Obs. Por disposição do § 3º (art. 3º do Decreto-Lei nº 3.365/1941) é vedada a desapropriação, pelos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios de ações, cotas e direitos representativos do capital de instituições e empresas cujo funcionamento dependa de autorização do Governo Federal e se subordine à sua fiscalização, salvo mediante prévia autorização, por decreto do Presidente da República. A desapropriação deverá efetivar-se mediante acordo ou intentar-se judicialmente, dentro de cinco anos, contados da data da expedição do respectivo decreto e findos os quais este caducará. Neste caso, somente decorrido um ano, poderá ser o mesmo bem objeto de nova declaração. PROCEDIMENTO Quando a União for autora da ação, ela será proposta no Distrito Federal ou no foro da Capital do Estado onde for domiciliado o réu, perante o juízo privativo, se houver; sendo outro o autor, no foro da situação dos bens. ATENÇÃO Somente os juízes que tiverem garantia de vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos poderão conhecer dos AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 123 processos de desapropriação. Ou seja, somente os juízes investidos de jurisdição. PECULIARIDADES DA AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO: 1: A petição inicial conterá a oferta do preço e será instruída com um exemplar do contrato, ou do jornal oficial que houver publicado o decreto de desapropriação, ou cópia autenticada dos mesmos, e a planta ou descrição dos bens e suas confrontações. Ao despachar a inicial, o juiz designará um perito de sua livre escolha, sempre que possível, técnico, para proceder à avaliação dos bens. Se o expropriante alegar urgência e depositar quantia arbitrada de conformidade com o art. 874 do CPC/2015, o juiz mandará intimá-lo provisoriamente na posse dos bens. Obs. A imissão provisória poderá ser feita, independente da citação do réu, mediante depósito do valor legalmente indicado de acordo com o §1º do art. 15, Decreto Lei nº 3.365/41, a saber: § 1º A imissão provisória poderá ser feita, independente da citação do réu, mediante o depósito: a) do preço oferecido, se este for superior a 20 (vinte) vezes o valor locativo, caso o imóvel esteja sujeito ao imposto predial; b) da quantia correspondente a 20 (vinte) vezes o valor locativo, estando o imóvel sujeito ao imposto predial e sendo menor o preço oferecido; c) do valor cadastral do imóvel, para fins de lançamento do imposto territorial, urbano ou rural, caso o referido valor tenha sido atualizado no ano fiscal imediatamente anterior; d) não tendo havido a atualização a que se refere o inciso c, o juiz fixará independente de avaliação, a importância do depósito, tendo em vista a época em que houver sido fixado originalmente o valor cadastral e a valorização ou desvalorização posterior do imóvel. § 2º A alegação de urgência, que não poderá ser renovada, obrigará o expropriante a requerer a imissão provisória dentro do prazo improrrogável de 120 (cento e vinte) dias. § 3º Excedido o prazo fixado no parágrafo anterior não será concedida a imissão provisória. § 4o A imissão provisória na posse será registrada no registro de imóveis competente. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 123 2: A citação será realizada por mandado na pessoa do proprietário dos bens. A do marido dispensa a da mulher; a de um sócio, ou administrador, a dos demais, quando o bem pertencer à sociedade. Mas se o citando não for conhecido, ou estiver em lugar ignorado, incerto ou inacessível, ou, ainda, no estrangeiro, a citação se dará por citação. Feita a citação, a causa seguirá com o rito ordinário. 03: A contestação só poderá versar sobre vício do processo judicial ou impugnação do preço; qualquer outra questão deverá ser decidida por ação direta. 04: O procedimento da audiência de instrução e julgamento será conforme o CPC. Encerrado o debate, o juiz proferirá sentença fixando o preço da indenização. Se não se julgar habilitado a decidir, o juiz poderá designar desde logo outra audiência que se realizará dentro de 10 dias afim de publicar a sentença. ATENÇÃO O Decreto-Lei nº 3.365/41 prevê como casos de utilidade pública: a) a segurança nacional; b) a defesa do Estado; c) o socorro público em caso de calamidade; d) a salubridade pública; e) a criação e melhoramento de centros de população, seu abastecimento regular de meios de subsistência; f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais, das águas e da energia hidráulica; g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, casas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes medicinais; h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos; i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a construção ou ampliação de distritos industriais; j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo; Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 123 k) a preservação e conservação dos monumentos históricos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente dotados pela natureza; l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, documentos e outros bens móveis de valor histórico ou artístico; m) a construção de edifícios públicos, monumentos comemorativos e cemitérios; n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso para aeronaves; o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza científica, artística ou literária; p) os demais casos previstos por leis especiais. São muitos casos, mas não precisam memorizá-los. Podemos tentar imaginar de forma lógica o que seria de interesse público ou não. Praticamente tudo o que
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