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Curso Ênfase Turma: Juiz Federal e Procurador da República Aula 1 Curso Ênfase Turma: Juiz Federal e Procurador da República Aula 1 DIREITO PENAL • Delimitação: setor do ordenamento jurídico que define crimes, comina penas e prevê medidas de segurança aplicáveis aos autores das condutas incriminadas ( Juarez Cirino dos Santos) • Características do Direito Penal: • 1. finalidade preventiva • 2. subsidiariedade ( "non omne quod licet honestum est") 171 CP. O direito Penal mínimo. • 3. Fragmentariedade (princípio da inervenção mínima) • Função: Exclusivamente a proteção de bens jurídicos- doutrina Brasil, ROXIN JAKOBS: a missão do Direito Penal é a prevenção geral positiva, ou seja, buscar a estabilidade do reconhecimento social acerca da validade da norma. • -Princípio da lesividade ou da ofensividade * Distinção César Bittencourt • BEM JURÍDICO: • “ Dados fundamentais para a realização pessoal dos indivíduos ou para a subsistência do sistema social, compatíveis com a ordem constitucional” ( Luís Greco) • “ Realidades ou fins que são necessários para uma vida social livre e segura, que garanta os direitos fundamentais dos indivíduos , ou para o funcionamento do sistema estatal erigido para a consecução de tal fim”. ( Roxin) • - diferença bem jurídico tutelado com objeto material do crime. Funções do conceito de bem jurídico: • de garantia • teleológica ( interpretação dos tipos penais) • individualizadora ( critério de medida da pena, levando-se em conta a gravidade da lesão ao bem jurídico /desvalor do resultado) • sistemática: classificação das infrações Conseqüências do conceito de bem jurídico: 1. Impossibilidade de punir penalmente condutas meramente imorais. 2. Impossibilidade de punir a simples violação de um dever 3. Impossibilidade de proibições meramente ideológicas 4. impossibilidade de punir um modo de ser 5. Impossibilidade de punir bens não fundamentais ( bens jurídicos são somente dados de importância fundamental) . • bem jurídico e constituição • a fisionomia do conceito de delito é fortemente influenciada pelo tipo de Estado em que se insere o legislador penal • limitação material da função legislativa Da constituição decorrem ( Feldens): • proibições de penalização ( limites materiais ao direito penal) decorrentes de: a.1- direitos constitucionalmente tutelados a.2- proibições que não afetem um bem jurídico Apenas bens constitucionalmente relevantes são passíveis de tutela? • 1a. Concepção ( Figueiredo Dias, Luís Régis Prado): Sim, devem estar pelo menos implicitamente previstos na CF; Na visão de Luciano Feldens, quanto mais direta a previsão constitucional, maior será a legitimidade da penalização • 2ª. Concepção: (Luís Greco, Dolcini e Marinucci): basta que o bem jurídico eleito seja compatível com os princípios da constituição. Pode estar obrigado o legislador a castigar lesões a bens jurídico-constitucionalmente protegidos ( ex. aborto) ? • Em outras palavras, a Constituição estabelece obrigações de tutela penal? ( conseqüência prática: considerar uma lei inconstitucional por proteção deficiente a um determinado bem jurídico). • 1ª. Corrente: Luciano Feldens Nossa CF estabelece algumas obrigações de penalização ( ex. 5o. XLII, XLIII, ...). Daí se extrai: 1. proibição do abolicionismo penal; 2. impossibilidade de revogação das normas que incriminam as condutas tratadas na CF; 3. da necessária penalização de condutas como a retenção dolosa de salário ( 7o., X), extrai-se que implicitamente se deseja tb a proteção do próprio trabalhador e de seus direitos mais valiosos, os direitos fundamentais; 4. Essa conclusão também é fruto da eficácia objetiva dos direitos fundamentais e do princípio da proporcionalidade, a impedir a proteção deficiente. • 2ª corrente : Dolcini e Marinucci A CF apenas prescreve o dever de proteção aos bens jurídicos, mas não o MODO de proteção destes mesmos bens. Cabe ao legislador a escolha dos meios adequados. • PRINCÍPIO DA LEGALIDADE • nullum crimen, nulla poena sine lege • origem histórica: Magna Carta Inglesa- 1215/Declarações dos Direitos do homem e do cidadão/ Sec XIX com Feuerbach. • art. 5º, XXXIX CF • Desdobramentos: nullum crimen, nulla poena, sine lege: 1. PRAEVIA 2.SCRIPTA 3.STRICTA 4.CERTA • as medidas provisórias e a legislação penal • a constitucionalidade das leis penais em branco • O princípio da legalidade e a taxatividade da lei penal: Conceitos normativos e descritivos e as limitações da precisão Roxin: Um preceito será claro e determinado na medida em que do mesmo se possa deduzir o fim de proteção do legislador e sejam marcados limites a uma extensão arbitrária da interpretação. • ANALOGIA: ubi eadem ratio, ibi eadem legis dispositio • - Analogia versus interpretação - limite: o sentido literal possível segundo a linguagem corrente. • Diferenças entre : interpretação analógica, extensiva e analogia. • inadmissibilidade de normas que prevejam cláusulas genéricas do tipo “ e casos similares” ou “e casos análogos”, salvo quando precedidas de uma série de casos homogênea sob a qual se reconduza um gênero identificável, ou a um critério unívoco legislativamente prefixado. ANALOGIA • 1. in bonam partem • 2. in malam partem não se fala em analogia in bonam partem se a norma é excepcional ou se a lacuna é intencional • A analogia in bonam partem e as causas de justificação 1ª.corrente: sendo regras excepcionais, não admitem analogia; 2ª.corrente: Dolcini, Marinuci- a antijuridicidade é um pressuposto geral da punição. As normas que excluem ilicitude são expressão de princípios gerais do ordenamento jurídico Outros princípios: 1. princípio da lesividade ou ofensividade 2. princípio da personalidade das penas ou da pessoalidade (art. 5o, XLV) 3. princípio do dolo ou culpa, da responsabilidade subjetiva, ou da culpabilidade 4. princípio da proporcionalidade (a medida se estabelece com base na nocividade social do fato). Em sua vertente abstrata, limita as criminalizações primárias a hipóteses de graves violações a bens jurídicos relevantes (subsidiariedade) e em sua versão concreta refere-se à aplicação e execução da pena criminal. Fundamento constitucional do princípio da proporcionalidade: arts. 5º XLII, XLIV, XLII, XLVI, 98, I. • 5. Princípio da insignificância • 6. Princípio da Humanidade- art. 5º. XLIX e XLVII, e da CF. • CONFLITO DE LEIS NO TEMPO • Falar sobre o conflito de leis no CPP: “tempus regit actum“ • O conflito de leis em matéria penal Princípios: 1. Irretroatividade da lei mais severa 2. retroatividade da lei mais benigna - Benignidade aferida em concreto Lex mitior: extra-atividade- ultra-ativa e retroativa - lei intermédia ou intermediária • normas processuais com relevantes características penais: normas processuais que restrinjam o conteúdo de direitos e garantias do cidadão- ex. prisão preventiva • autoridade competente depois do trânsito em julgado: VEP • Combinação de leis: • 1ª corrente - pela admissibilidade : Assis Toledo, Damásio, Alberto Silva Franco, Nilo Batista • 2ª. Corrente- pela inadmissibilidade: Hungria e Aníbal Bruno • Posição do STF e do STJ • Ver STF RE 600817/MS Rel. Min Lewandowsky- o Plenário, em 07.11.2013, afastou a possibilidade de combinação de leis, a partir da discussão envolvendo a nova Lei de Drogas - ABOLITIO CRIMINIS • art. 2º e 107, III do CP • efeitos principais e secundários, mas penais • 61 CPP • - A ULTRATIVIDADE DAS LEIS TEMPORÁRIAS OU EXCEPCIONAIS- O art. 3º do CP e a sua constitucionalidade Conflito de leis no tempo envolvendo duas leis excepcionais outemporárias - Norma Penal em Branco e conflito de leis no tempo: • Critério de Assis Toledo: depende do exame da perda do caráter ilícito do fato; • Critério de Pierangelli: a conclusão depende da origem do complemento: • a) se o complemento é uma lei: retroage sempre • b) se é outro atos normativo : deve-se aferir se há parentesco com a lei excepcional ou temporária • - a possibilidade de ultratividade de entendimento jurisprudencial mais benéfico • TEMPO DO CRIME • art. 4º • teorias: atividade, resultado, mista ou da ubiquidade • Crime permanente- considera-se a lei vigente no momento do último ato (Zaffaroni). • Crime continuado: Súmula 711 do STF • - o tempo do crime na participação e na autoria mediata
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