Buscar

60015ResumoAula5 P3DPenal Parte Geral I

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

Direito Penal – Parte Geral 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
1 
www.cursoenfase.com.br 
 
Sumário 
1. Teoria do Crime (Teoria do Delito) .......................................................................... 2 
1.3. Teoria da Imputação Objetiva do Resultado (cont.) ......................................... 2 
1.3.2.3. Outras hipóteses ......................................................................................... 2 
2. Tipicidade ................................................................................................................. 8 
2.1. Relação entre Tipicidade e Ilicitude .................................................................. 8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal – Parte Geral 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
2 
www.cursoenfase.com.br 
Professora: Ana Paula Viera 
 
 
1. Teoria do Crime (Teoria do Delito) 
1.3. Teoria da Imputação Objetiva do Resultado (cont.) 
A título de revisão do exposto até o momento sobre imputação, observe-se o 
esquema abaixo: 
 
 
 
Falar em criação de um risco desaprovado significa falar em um juízo de valor de 
grande importância, eis que implica dizer que riscos aprovados podem ser criados (serão 
conduta atípica). Portanto, o termo “desaprovado” permite que se realizem diversos juízos 
de valor para, em alguns casos, afastar a tipicidade de condutas criadoras de um risco 
aprovado. 
 
1.3.2.3. Outras hipóteses 
Importante mencionar, também, duas hipóteses nas quais, criado o risco, a Doutrina 
o entende aprovado e, portanto, atípica a conduta que o produziu. Uma das hipóteses tem 
aceitação mais pacífica, enquanto a outra possui algumas controvérsias. 
a) Contribuição a uma autocolocação em perigo: neste caso, a própria vítima se 
coloca em perigo sozinha, criando a situação de perigo, e o sujeito (terceiro) 
apenas contribui de forma acessória. 
Exemplo1: a vítima “A” deseja escalar o Everest. “B” empresta à vítima seu 
equipamento. Durante a escalada ao Everest “A” morre. Qual seria a contribuição de “B”? 
Se a vítima é maior, capaz e tem conhecimento suficiente para avaliar os riscos aos 
quais está se submetendo, a contribuição de “B” será impunível. O Direito Penal não deve 
tutelar pessoas maiores, capazes, que conhecem o que fazem e resolvem, mesmo assim, 
aceitar o risco. 
Imputação 
a) criação de um risco juridicamente 
desaprovado (avaliação ex ante) 
b) realização do risco no resultado 
Direito Penal – Parte Geral 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
3 
www.cursoenfase.com.br 
Os riscos, neste caso, ficam na esfera de decisão da própria vítima. Ela escolhe como 
viver. Ao contrário, tutelar tais pessoas denotaria uma postura paternalista que não cabe ao 
Direito Penal. 
Crítico é entender que, quanto ao conhecimento dos riscos, a vítima, além de maior e 
capaz, deve ter ao menos o mesmo conhecimento dos riscos que o sujeito que a está 
ajudando (no Exemplo1 a vítima “A” deve ter os mesmos conhecimentos do risco que o 
sujeito “B”). 
Se o sujeito que auxilia observa que a vítima não tem ideia de que a atividade é tão 
arriscada quanto de fato o é, não será aplicável a presente regra (isto é, a conduta do sujeito 
que auxilia poderá ser punível). 
O exemplo a seguir já caiu em provas: 
Exemplo2: sujeito “B” oferece drogas a vítima “A”. O crime de “B” é o de tráfico de 
drogas. Porém, se “A” utiliza a droga e sofre uma overdose, “B” poderia ser responsabilizado 
por homicídio? R: Não, cumpridas todas as exigências para “A”, conclui-se que a vítima 
submeteu-se aos riscos voluntariamente. Portanto, conduta de “B” é atípica para o crime de 
homicídio. 
Esta primeira situação é tranquila na Doutrina. Já a próxima apresenta algumas 
controvérsias. 
b) Heterocolocação em perigo consentida: neste caso, vítima e autor criam a 
situação de perigo juntos. 
Neste caso, o entendimento é de que também configura conduta atípica, como no 
item “a)”, a heterocolocação em perigo. Este posicionamento é adotado por Roxin, entre 
outros. 
 
 
Exemplo3: a vítima “A” está atrasada para pegar um voo. Contrata um taxista “B” e 
promete pagar o triplo do valor da corrida se ele dirigir a 120 Km/h até o aeroporto. “B” 
aceita a proposta. Trata-se de situação de risco criada pelos dois (portanto, não aplicável a 
terceiros que possam ser vitimados também). 
Fundamental notar que “A” e “B” controlam em conjunto a situação arriscada, uma 
vez que, a qualquer momento, o taxista pode mudar de ideia e dizer que não quer mais o 
A B Situação Arriscada 
Vítima 
Direito Penal – Parte Geral 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
4 
www.cursoenfase.com.br 
pagamento. “A” também pode mudar de ideia, pedir para que o taxista dirija em velocidade 
normal. A qualquer momento qualquer um dos dois pode fazer cessar o risco. 
Materializando-se a conduta arriscada na morte de um dos dois, o raciocínio para 
exclusão da tipicidade pode ser aplicado. 
Cabe deixar claro que se uma das pessoas envolvidas não possui o controle da 
situação de risco, (imagine-se que “A” pegou uma carona com “B”), a ideia da 
heterocolocação em perigo não é aplicável. 
O mesmo serve para um terceiro eventualmente atropelado no Exemplo3. 
Exemplo4: outra situação que exemplifica a heterocolocação em perigo é a de 
contatos sexuais em que um dos parceiros tem AIDS. “A” é portadora da AIDS e casada com 
“B”, não portador do vírus. Conscientemente, o casal deseja ter relações sexuais sem 
proteção. Eventual infecção de “B” pelo vírus estará enquadrada na hipótese da 
heterocolocação em perigo consentida. 
Interessante citar caso concreto ocorrido na Alemanha no qual a vítima possuía taras 
sexuais relacionadas ao fogo e, em uma de suas experiências, pediu a sua parceira para 
amarrá-lo numa cama, jogar álcool em seu corpo, colocar fogo e apagar logo em seguida. 
Sua parceira fez todo o procedimento, mas não conseguiu apagar o fogo e a vítima faleceu. 
O caso não se configura como heterocolocação em perigo consentida, eis que, muito 
embora a vítima tenha pedido, uma vez iniciados os procedimentos o controle estava 
apenas com sua parceira, e não com as duas partes. 
O exemplo é fundamental, pois ajuda a entender que o controle, além de ser 
exercido por ambas as partes, deve o ser durante toda a duração da situação arriscada. 
Outra questão importante é diferenciar a heterocolocação em perigo consentida 
com o consentimento do ofendido. O consentimento do ofendido não é possível quanto 
estiver em jogo bem jurídico indisponível, ao contrário da heterocolocação. 
Tanto na autocolocação quanto na heterocolocação em perigo consentida não há 
consentimento à lesão alguma de qualquer das partes. Nenhuma das partes deseja a lesão 
(no exemplo do taxi, nem o sujeito que contrata, nem o taxista desejam morrer ou sofrer um 
acidente automotor). Portanto, o consentimentoé com o risco, não com o resultado. 
Tanto no caso da letra “a)” (autocolocação) quanto no caso da letra “b)” 
(heterocolocação), a Doutrina entende que não existe risco desaprovado. Por isso, a análise 
será feita quando do exame do risco (item 1.3.1. – a criação de um risco juridicamente 
desaprovado, no primeiro bloco da presente aula) e, se devidamente enquadrada, a conduta 
será atípica. Esta visão, no Brasil, será encontrada no livro do Luís Greco. 
Direito Penal – Parte Geral 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
5 
www.cursoenfase.com.br 
Caso se deseje estudar diretamente Roxin (“Funcionalismo e Imputação Objetiva”), 
ver-se-á que o autor cria, para enquadrar autocolocação e heterocolocação, uma terceira 
categoria com o nome de “alcance do tipo”. 
A professora recomenda o formato adotado por Luís Greco por entendê-lo mais 
didático e claro. O resultado prático da utilização dos dois formatos é o mesmo: a exclusão 
da tipicidade. 
Nas hipóteses a seguir, o sujeito cria um risco, mas o risco não se materializa no 
resultado. São hipóteses, portanto, que deverão ser examinadas quando do resultado do 
risco (item 1.3.2. – materialização/realização do risco no resultado). 
c) o erro médico: 
 
 
 
 
Há uma relação de causalidade física: se não fosse o tiro dado por “A”, “B” não teria 
ido ao hospital e o erro médico não teria acontecido. Assim, quando “A” atirou em “B” criou 
o risco de um resultado homicídio; sua conduta, então, é típica (no mínimo para a tentativa 
de homicídio). 
Feita esta análise preliminar, passa-se a analisar o item 1.3.2. – a realização do risco 
no resultado. 
Roxin traz um critério para avaliar erros médicos. Para o autor há dois tipos de erros 
médicos: 
i) o médico erra e não impede a linha de risco anteriormente criada: no exemplo 
mencionado, o médico não impede que os efeitos do tiro continuem se produzindo. Nesta 
situação, suponha-se que o médico não consiga retirar a bala do corpo da vítima, 
procedimento que um bom médico conseguiria fazer. A bala segue produzindo efeitos no 
corpo da vítima. 
Aqui o sujeito que atirou responderá pelo resultado (homicídio doloso consumado), 
uma vez que é a linha de risco por ele criada que ainda está produzindo resultados. O 
médico terá autoria colateral. 
A atira em B No Hospital: erro 
médico 
Vítima 
Vítima Morre 
Direito Penal – Parte Geral 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
6 
www.cursoenfase.com.br 
ii) o médico substitui a linha de risco anterior: imagine-se que o médico prescreve o 
remédio errado e o paciente morre envenenado. 
Neste caso, o sujeito que criou a linha de risco anterior não responderá pelo 
resultado – no exemplo anteriormente dado, “A”, que atirou em “B”, não responderá pelo 
resultado morte. 
c) salvamento feito por terceiros: imagine-se a seguinte situação. 
Exemplo4: “A” coloca fogo em sua casa para poder coletar o seguro. Porém, o 
bombeiro que entrou na residência para apagar o fogo morre queimado. 
� Quando profissionais encarregados de debelar riscos criados por terceiros são 
lesionados, é possível responsabilizar aquele que criou o risco? 
Trata-se de tema bastante controvertido. 
Para Roxin, seria político-criminalmente nefasto se o agente respondesse pela morte 
do bombeiro. Isso porque, se houvesse tal responsabilidade, ninguém que se arrependesse 
do que fez chamaria o bombeiro para debelar o fogo (ou o policial para reduzir os riscos do 
que fez). Convocá-los chamaria mais responsabilidade ainda ao agente. 
Com base nisso, Roxin conclui que os riscos da profissão são suportados por quem a 
exerce. Assim, na hipótese ora apresentada não ocorre a materialização do risco no 
resultado. 
Não é entendimento pacífico. 
� E no caso de terceiros não profissionais que, eventualmente, atuem em determinada 
situação de salvamento, é possível responsabilizar aquele que criou o risco? 
R: Depende. 
Segundo Luís Greco, se o ingresso para salvamento é algo razoável, ou seja, algo que 
se podia esperar (por exemplo, entra no meio do incêndio para salvar um bebê, uma criança 
ou uma outra pessoa) seria possível responsabilizar o criador do risco. 
Ao contrário, se o ingresso é desarrazoado (por exemplo, entra no incêndio para 
salvar um game de playstation), não haverá imputação do resultado ao agente que criou o 
risco. 
Percebe-se que se trata de um juízo completamente valorativo. 
d) resultados tardios: trata de resultados que aparecem depois do evento. 
 
 
Direito Penal – Parte Geral 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
7 
www.cursoenfase.com.br 
Em 2005: 
 
 
 
10 anos depois, em 2015: 
 
 
 
 
Neste momento, o que se discute não é relacionado necessariamente com o tempo 
transcorrido entre a ação e o resultado. 
Neste sentido, Luís Greco traz o exemplo da mina terrestre. Se em algum momento 
alguém enterra uma mina num campo e apenas 10 anos depois alguém pisa e ela explode, 
será possível a imputação. Portanto, o decisivo não é o tempo transcorrido. 
Decisivo aqui será a noção de nexo de risco: quando uma situação é proibida se tem 
em mira resultados que concretizam a lesão primária. Todas as demais consequências 
secundárias não estão na intenção do legislador ao proibir condutas arriscadas. 
Assim, quando se proíbe a conduta arriscada que lesionou a perna de “B”, o 
legislador tem em mente punir exatamente aquela lesão primária. A situação fática se 
esgota no resultado primário. É o mesmo que dizer: o legislador não tem em mira punir 
todas as centenas de resultados que possam decorrer na vida de uma pessoa em razão 
daquela lesão primária. 
Assim, “A” já teria respondido pelo resultado que lhe cabe. 
e) resultados decorrentes de choques: 
Exemplo5: policial morreu em serviço. Ao saber da notícia, sua mãe tem um ataque 
cardíaco e morre também. 
� Qual é a responsabilidade do agente que matou o policial em relação à morte da 
mãe? 
R: Regra geral, nestes casos, a Doutrina também afasta a imputação através da ideia 
do nexo de risco. 
“A” causa 
Lesão grave em 
B 
“A” é condenado – 
regime fechado 
Vítima – 
perdeu a perna 
“B” cai ao tentar 
subir em um 
ônibus 
Há responsabilidade 
para “A” ? 
Em resultado, 
“B” morre 
Direito Penal – Parte Geral 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
8 
www.cursoenfase.com.br 
Além disso, por trás também deve ser considerada a ideia de previsibilidade, muito 
embora seja mais fácil trabalhar com a ideia de nexo de risco. 
 
2. Tipicidade 
Antigamente, há pelo menos 200 anos atrás, a ideia de tipicidade não existia. Falava-
se apenas em ilicitude e culpabilidade. A tipicidade não era uma categoria separada. 
Apenas com Beling foi feita a distinção (distinguiu tipicidade da antijuridicidade e 
culpabilidade). 
Foi necessário separar a tipicidade da ilicitude, eis que necessário, após a primeira 
fase na qual se constata a existência de ação, verificarse a conduta se amolda no tipo. É a 
ideia do tipo como ferramenta do Princípio da Legalidade – que deve ser obedecido através 
da descrição da conduta proibida. 
Então, a primeira qualidade que a ação penal precisa ter é a tipicidade: ela precisa ser 
encaixada no modelo descrito na norma. 
Sabe-se, hoje, que o tipo é um modelo abstrato de comportamento proibido. 
� Como visto, a tipicidade está hoje num degrau separado da ilicitude. Então qual será 
a relação entre elas? 
� Afirmar que uma conduta é típica, significa necessariamente dizer algo sobre a 
ilicitude? 
� Qual a relação entre tipicidade, proibição e ilicitude? 
Quanto à última pergunta, o tema é controvertido. Alguns autores entendem que tais 
noções estão muito próximas. Por outro lado, há autores que pretendem unir todas em um 
único degrau. Por fim, há aqueles que visualizam que tais ideias estariam bem separadas. 
 
2.1. Relação entre Tipicidade e Ilicitude 
A primeira forma de pensar a relação entre estas duas qualidades da conduta 
criminosa as vê como características separadas. Porém, a tipicidade seria um indício da 
ilicitude. É dizer: se a conduta é típica, já se tem um indício de que ela pode ser ilícita 
também. 
Tal indício somente poderá ser confirmado no próximo degrau, quando forem 
analisadas as causas de exclusão de ilicitude. 
Para Mayer, finalista, o tipo é um indício da antijuridicidade (ratio cognoscendi) 
Direito Penal – Parte Geral 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
9 
www.cursoenfase.com.br 
A doutrina costuma dizer que a relação das duas seria como a relação da fumaça com 
o fogo. Fumaça pode ser fogo, mas pode também não ser. 
A primeira posição acima exposta (finalista) é a predominante nos Manuais de Direito 
Penal Brasileiros. 
A professora apresenta críticas a tal visão, pois entende que a relação entre ilicitude 
e tipicidade é mais próxima, ainda que as duas não se confundam (como o quer a teoria dos 
elementos negativos do tipo). 
É mais próxima porque, atualmente, o operador do direito faz uma série de juízos 
valorativos de grande complexidade na tipicidade. Por isso, em muitas situações, o 
raciocínio feito na tipicidade já estará afirmando a ilicitude. 
Seguindo a posição de autores como Roxin, a professora entende que, de fato, falar 
que uma conduta é típica significa dizer que ela é ilícita. Pode ser que no degrau seguinte se 
afaste a ilicitude, porém, nestes casos já se estaria fazendo um juízo de valor condicionado a, 
no degrau seguinte, não haver causas de exclusão de ilicitude. 
Portanto, para esta posição doutrinária, a tipicidade seria mais que um mero indício 
da ilicitude de uma conduta. A tipicidade já afirma algo, também, sobre a ilicitude, sobre a 
proibição. 
Ainda que não venha a se confirmar, a afirmação é feita, sim. 
No Funcionalismo, com uma tipicidade tão complexa, os autores admitem que o 
avanço ao terceiro degrau é feito sob a afirmação da proibição. Ao chegar ao terceiro 
degrau, não obstante, serão analisadas as causas de exclusão da ilicitude. 
Como afirma Mezger: a tipicidade é um juízo de desvalor condicionado (ratio 
essendi). Portanto, na tipicidade já se faz juízo de desvalor, mas tal juízo é condicionado a 
que, no próximo degrau, não existam causas de exclusão da ilicitude.

Outros materiais