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60015ResumoAula6DPenal Parte Geral I

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Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
1	
  
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Sumário	
  
1.	
   Teoria	
  do	
  Crime	
  (Teoria	
  do	
  Delito) ......................................................................... 2	
  
2.	
   Tipicidade ............................................................................................................... 2	
  
2.1.	
   Relação	
  entre	
  Tipicidade	
  e	
  Ilicitude................................................................. 2	
  
2.2.	
   Evolução	
  do	
  Conceito	
  de	
  Tipicidade ................................................................ 2	
  
2.2.1.	
   Tipicidade	
  Formal ......................................................................................... 2	
  
2.2.2.	
   Tipicidade	
  Material ....................................................................................... 3	
  
2.2.3.	
   Teoria	
  dos	
  Elementos	
  Negativos	
  do	
  Tipo...................................................... 6	
  
2.2.4.	
   Tipicidade	
  Conglobante	
  (Zaffaroni) .............................................................. 7	
  
2.2.5.	
   Tipicidade	
  da	
  Teoria	
  da	
  Imputação	
  Objetiva .............................................. 10	
  
2.3.	
   Elementos	
  do	
  Tipo ......................................................................................... 11	
  
2.3.1.	
   Elementos	
  do	
  Tipo	
  Objetivo ....................................................................... 11	
  
2.3.1.	
   Elementos	
  do	
  Tipo	
  Subjetivo ...................................................................... 13	
  
2.4.	
   Classificação	
  dos	
  tipos	
  penais ........................................................................ 13	
  
2.5.	
   Tipo	
  Subjetivo ................................................................................................ 20	
  
2.5.1.	
   Classificações .............................................................................................. 23	
  
2.5.2.	
   Dolo	
  Eventual	
  X	
  Culpa	
  Consciente .............................................................. 24	
  
2.5.3.	
   Dolo	
  Geral ................................................................................................... 26	
  
2.6.	
   Elementos	
  Subjetivos	
  Especiais	
  do	
  Tipo ........................................................ 29	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
2	
  
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Professora:	
  Ana	
  Paula	
  Viera	
  
	
  
	
  
1. Teoria	
  do	
  Crime	
  (Teoria	
  do	
  Delito)	
  
2. Tipicidade	
  
2.1. Relação	
  entre	
  Tipicidade	
  e	
  Ilicitude	
  
2.2. Evolução	
  do	
  Conceito	
  de	
  Tipicidade	
  
Conforme	
   mencionado	
   na	
   aula	
   passada,	
   a	
   distinção	
   da	
   Tipicidade	
   como	
   conceito	
  
separado	
  da	
  ilicitude	
  surgiu	
  apenas	
  com	
  Beling.	
  A	
  partir	
  deste	
  autor	
  o	
  conceito	
  de	
  tipicidade	
  
foi	
  evoluindo,	
  passando	
  por	
  diversas	
  fases.	
  
i)	
   Tipicidade	
  Formal;	
  
ii)	
   Tipicidade	
  Material;	
  
iii)	
   Tipicidade	
  com	
  os	
  Elementos	
  Negativos	
  do	
  Tipo	
  
iv)	
   Tipicidade	
  Conglobante	
  (Zaffaroni)	
  
v)	
   Tipicidade	
  da	
  Teoria	
  da	
  Imputação	
  
	
  
2.2.1. Tipicidade	
  Formal	
  
Trata-­‐se	
   da	
   primeira	
   noção	
   de	
   Tipicidade	
   como	
   conceito	
   separado	
   da	
   Ilicitude.	
  
Preconiza	
   que	
   o	
   tipo	
   é	
   um	
   modelo	
   abstrato	
   de	
   conduta	
   proibida	
   e	
   que,	
   portanto,	
   a	
  
Tipicidade	
  é	
  a	
  adequação	
  de	
  uma	
  conduta	
  concreta	
  ao	
  tipo.	
  
O	
   juízo	
   de	
   tipicidade,	
   assim,	
   encerraria	
   apenas	
   a	
   verificação	
   de	
   adequação	
   da	
  
conduta	
  com	
  o	
  tipo.	
  
A	
  partir	
  do	
  Sistema	
  Neoclássico,	
  a	
  doutrina,	
  contudo,	
  percebeu	
  que	
  seria	
  necessário	
  
enxertar	
   juízos	
  de	
  valor	
  aos	
  conceitos	
  de	
  Tipicidade	
  e	
  Ilicitude,	
  uma	
  vez	
  que,	
  muitas	
  vezes,	
  
em	
  razão	
  de	
  uma	
  descrição	
  muito	
  genérica	
  e	
  abstrata,	
  o	
  tipo	
  acabava	
  abrangendo	
  condutas	
  
que	
  não	
  desejava	
  absorver.	
  
Exemplo:	
  subtrair	
  a	
  tampa	
  de	
  uma	
  caneta	
  do	
  curso.	
  A	
  conduta	
  enquadra-­‐se	
  no	
  tipo	
  
penal	
  (subtrair	
  coisa	
  alheia	
  móvel),	
  porém,	
  o	
  Direito	
  Penal	
  não	
  tem	
  interesse	
  em	
  tratar	
  disso.	
  
Necessário,	
   portanto,	
   algo	
   que	
   vá	
   além	
   do	
   simples	
   encaixe	
   da	
   conduta	
   no	
   tipo.	
  
Ademais,	
   é	
   realmente	
   muito	
   grave	
   afirmar	
   que	
   determinada	
   conduta	
   é	
   relevante	
   para	
   o	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  mesmo	
  porque	
  a	
   ideia	
  de	
  subsidiariedade	
  do	
  Direito	
  Penal	
  deve	
   fazer	
  com	
  
que	
  a	
  interpretação	
  dos	
  tipos	
  penais	
  seja	
  feita	
  de	
  forma	
  seletiva.	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
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2.2.2. Tipicidade	
  Material	
  
É	
  neste	
  ponto	
  que	
  se	
  busca	
  incutir	
  na	
  Tipicidade	
  os	
  juízos	
  de	
  valor	
  necessários	
  para	
  
excluir	
  do	
  tipo	
  as	
  condutas	
  que	
  não	
  interessavam	
  ao	
  Direito	
  Penal.	
  
Trabalha-­‐se	
  aqui	
  com	
  dois	
  Princípios:	
  a)	
  da	
   insignificância;	
  e	
  b)	
  da	
  adequação	
  social	
  
da	
  conduta.	
  
Necessário	
   esclarecer	
   que	
   a	
   Tipicidade	
   Material	
   é	
   conceito	
   ultrapassado,	
   muito	
  
embora	
   ainda	
   se	
   utilize	
   o	
   Princípio	
   da	
   Insignificância,	
   ele	
   é,	
   hoje,	
   colocado	
   dentro	
   do	
  
contexto	
  de	
  um	
  novo	
  conceito	
  de	
  Tipicidade.	
  
Para	
  a	
  Tipicidade	
  Material,	
  é	
  possível	
  que	
  uma	
  conduta	
  se	
  encaixe	
  no	
  tipo	
  e	
  mesmo	
  
assim	
   não	
   seja	
   típica.	
   Em	
   suma:	
   caso	
   a	
   conduta	
   não	
   se	
   traduza	
   na	
   noção	
   de	
   danosidade	
  
social,	
  ainda	
  queenquadrada	
  no	
  tipo,	
  não	
  será	
  típica.	
  
a)	
   Princípio	
  da	
  Insignificância:	
  decorre	
  diretamente	
  da	
  ideia	
  de	
  Subsidiariedade	
  
do	
  Direito	
  Penal	
  –	
  o	
  Direito	
  Penal	
  não	
  deve	
  cuidar	
  de	
  condutas	
  que	
  não	
  sejam	
  
especialmente	
  graves.	
  
Portanto,	
  uma	
  conduta	
   formalmente	
   típica	
  que	
  não	
  gere	
   lesão	
  significativa	
  ao	
  bem	
  
jurídico	
  (lesão	
  insignificante)	
  será	
  irrelevante	
  para	
  o	
  Direito	
  Penal.	
  
Esta	
   ideia	
   de	
   insignificância	
   é	
   utilizada	
   até	
   hoje.	
   Porém,	
   atualmente,	
   a	
   grande	
  
dificuldade	
   para	
   a	
   utilização	
   deste	
   Princípio	
   é	
   a	
   parametrização:	
   criar	
   parâmetros	
   sobre	
   o	
  
que	
  é	
  ou	
  não	
  insignificante.	
  
Exemplo:	
   na	
   hora	
   de	
   analisar	
   a	
   insignificância	
   de	
   um	
   crime	
   contra	
   o	
   patrimônio	
   é	
  
necessário	
   saber	
   o	
   que	
   é	
   uma	
   lesão	
   insignificante	
   para	
   esta	
   espécie	
   de	
   delitos.	
   Somente	
  
assim	
  uma	
  Promotora,	
  por	
  exemplo,	
  poderá	
  requerer	
  o	
  arquivamento	
  de	
  um	
  inquérito	
  com	
  
fundamento	
  na	
  insignificância.	
  
É	
   papel	
   dos	
   Tribunais	
   definir	
   os	
   parâmetros	
   para	
   a	
   aplicação	
   do	
   Princípio	
   da	
  
Insignificância.	
  
O	
  Princípio	
  da	
   Insignificância	
  como	
  necessário	
  ao	
  exame	
  da	
  tipicidade	
  surgiu	
  com	
  a	
  
Tipicidade	
  Material,	
  mas	
  encontra	
  guarida	
  até	
  os	
  dias	
  atuais,	
  na	
  Teoria	
  da	
  Imputação.	
  
Este	
   Princípio	
   começou	
   a	
   ser	
   utilizado	
   pelo	
   Supremo	
   em	
   crimes	
   contra	
   a	
   ordem	
  
tributária,	
  no	
  descaminho	
  e	
  em	
  outros	
  crimes	
  contra	
  o	
  patrimônio.	
  
Especificamente	
  no	
  caso	
  do	
  descaminho,	
  a	
  Suprema	
  Corte	
  enfrentou	
  um	
  dilema	
  de	
  
natureza	
  prática:	
  a	
  hipótese	
  na	
  qual	
  os	
  “sacoleiros”	
  (muambeiros)	
  repetiam	
  a	
  conduta	
  tida	
  
inicialmente	
  como	
  insignificante.	
  
	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
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  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
4	
  
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   Momento	
  1	
  
	
   	
   	
   	
   	
   	
   Momento	
  2	
  
Sujeito	
  A	
  -­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐	
  Descaminho	
   	
   	
   Momento	
  3	
  
	
   	
   	
   	
   	
   	
   Momento	
  4	
  
	
   	
   	
   	
   	
   	
   Momento	
  5	
  
O	
   sujeito	
   ativo	
   realizava	
   uma	
   série	
   de	
   condutas	
   tipificadas	
   como	
   descaminho	
   ao	
  
longo	
   do	
   tempo.	
   Vistas	
   individualmente,	
   seria	
   aplicável	
   a	
   insignificância.	
   Contudo,	
   vistas	
  
como	
  um	
  conjunto,	
  as	
  condutas	
  criam	
  lesão	
  significativa	
  ao	
  bem	
  jurídico.	
  
Na	
  prática,	
  haveria	
  solução	
  para	
  o	
  problema	
  se	
  as	
  investigações	
  e	
  inquéritos	
  fossem	
  
conduzidos	
  de	
  modo	
  a	
  apurar	
  em	
  conjunto	
  as	
  infrações	
  –	
  reunindo	
  todos	
  os	
  inquéritos	
  em	
  
um	
  só	
  sob	
  a	
  noção	
  de	
  continuidade	
  delitiva.	
  
Entretanto,	
  a	
  realidade	
  investigativa	
  é	
  outra,	
  e	
  os	
  inquéritos	
  esparsos	
  permitiam	
  que	
  
o	
  sujeito	
  se	
  beneficiasse	
  do	
  Princípio	
  da	
  Insignificância	
  aplicado	
  de	
  forma	
  isolada	
  para	
  cada	
  
delito.	
   Na	
   realidade,	
   esta	
   forma	
   de	
   aplicar	
   a	
   insignificância	
   estava	
   praticamente	
  
descriminalizando	
  a	
  conduta.	
  
Diante	
  disso,	
  tanto	
  Supremo	
  quanto	
  o	
  STJ	
  passaram	
  a	
  exigir	
  requisitos	
  subjetivos	
  para	
  
a	
  aplicação	
  da	
  insignificância.	
  Não	
  é	
  a	
  forma	
  correta	
  de	
  aplicação,	
  uma	
  vez	
  que	
  o	
  Princípio	
  da	
  
Insignificância	
  é	
  exclusivamente	
  objetivo,	
  levando	
  em	
  conta	
  o	
  desvalor	
  do	
  resultado,	
  e	
  não	
  o	
  
desvalor	
  da	
  ação.	
  
Dentre	
  os	
  critérios	
  subjetivos	
  exigidos	
  por	
  STJ	
  e	
  STF	
  estão	
  a	
  primariedade	
  e	
  os	
  bons	
  
antecedentes	
  do	
  sujeito.	
  
Necessário	
  mencionar	
  a	
  existência	
  de	
  acórdãos,	
  do	
  STF,	
  que	
  afastam	
  a	
  aplicação	
  do	
  
Princípio	
  da	
  Insignificância	
  com	
  base	
  em	
  anotações	
  de	
  folha	
  de	
  antecedentes	
  -­‐	
  que	
  não	
  são	
  
aptas	
  a	
  gerar	
  maus	
  antecedentes	
  ou	
  reincidência.	
  
Além	
   do	
   requisito	
   objetivo	
   da	
   pequena	
   lesão,	
   portanto,	
   o	
   Supremo	
   tem	
   exigido	
  
requisitos	
   outros	
   de	
   natureza	
   subjetiva	
   (primariedade	
   e	
   antecedência),	
   chegando	
   a,	
   em	
  
alguns	
   casos,	
   exigir	
   inexistência	
   de	
   qualquer	
   anotação	
   em	
   folha	
   penal	
   ou	
   inexistência	
   de	
  
periculosidade	
  da	
  conduta.	
  
Ao	
  mesmo	
  tempo,	
  há	
  acórdãos	
  do	
  STF	
  e	
  STJ	
  que	
  admitem	
  a	
  aplicação	
  do	
  Princípio	
  da	
  
Insignificância	
  ao	
  reincidente,	
  ou	
  àquele	
  que	
  tem	
  maus	
  antecedentes,	
  desde	
  que	
  a	
  lesão	
  ao	
  
bem	
  jurídico	
  seja	
  muito	
  pequena.	
  
Exemplo2:	
   em	
   informativo	
   do	
   STJ	
   do	
   ano	
   passado,	
   a	
   insignificância	
   foi	
   aplicada	
   ao	
  
caso	
   de	
   uma	
   mulher	
   que	
   roubou	
   latas	
   de	
   leite	
   em	
   pó	
   de	
   uma	
   farmácia,	
   mesmo	
   sendo	
  
reincidente.	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
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Conclui-­‐se,	
   assim:	
   a	
   regra	
   geral	
   é	
   a	
   inaplicabilidade	
   se	
   houver	
   a	
   presença	
   dos	
  
critérios	
   subjetivos	
   supracitados;	
   a	
  exceção	
   será	
  a	
  diminuta	
   lesão	
   causada,	
  permitindo	
  a	
  
incidência	
  da	
  insignificância,	
  mesmo	
  para	
  reincidentes/maus	
  antecedentes.	
  
	
  
• Parâmetros	
  para	
  aplicação	
  da	
  Insignificância:	
  varia	
  de	
  acordo	
  com	
  o	
  tipo.	
  
i) Crimes	
   contra	
   o	
   patrimônio	
   praticados	
   sem	
   violência	
   ou	
   grave	
   ameaça:	
  
valores	
  em	
  torno	
  de	
  R$	
  100,00	
  a	
  R$	
  300,00	
  no	
  máximo.	
  O	
  salário	
  mínimo	
  não	
  
se	
   enquadra	
  mais	
   como	
   insignificância,pois	
   entra	
   na	
   hipótese	
   de	
   pequeno	
  
valor	
  (furto	
  privilegiado	
  e	
  do	
  estelionato	
  privilegiado);	
  
ii) Crimes	
   contra	
   a	
   ordem	
   tributária:	
   em	
   princípio	
   o	
   critério	
   era	
   o	
   eleito	
   pela	
  
Fazenda	
  para	
  o	
  ajuizamento	
  de	
  Execuções	
  Fiscais	
  (R$	
  20.000,00).	
  Entretanto,	
  
o	
   STJ	
   tem	
   questionado	
   o	
   aumento	
   do	
   valor	
   (que	
   recentemente	
   saiu	
   de	
   R$	
  
10.000,00	
  para	
  R$	
  20.000,00	
  por	
  simples	
  ato	
  do	
  Executivo).	
  Neste	
  sentido,	
  a	
  
Corte	
  Especial	
  tem	
  mantido	
  o	
  parâmetro	
  em	
  R$	
  10.000,00.	
  
iii) Crime	
   de	
   descaminho:	
   o	
   mesmo	
   parâmetro	
   usado	
   para	
   os	
   crimes	
   contra	
  
ordem	
   tributária.	
   É	
   exatamente	
   este	
   valor	
   que	
   amplia	
   o	
   problema	
   da	
  
reiteração	
   de	
   condutas,	
   exemplificado	
   no	
   esquema	
   acima,	
   uma	
   vez	
   que	
   o	
  
parâmetro	
  de	
  R$	
  10.000,00	
  não	
   se	
   refere	
   ao	
   total	
   das	
  mercadorias,	
  mas	
   ao	
  
valor	
  do	
  tributo	
  sonegado.	
  
iv) Crimes	
   contra	
   a	
  Administração	
  Pública:	
   em	
   regra	
  NÃO	
   cabe	
  o	
   Princípio	
   da	
  
Insignificância,	
  eis	
  que	
  não	
  está	
  em	
  jogo	
  somente	
  o	
  dano	
  material	
  causado	
  à	
  
Administração,	
  mas	
  sim	
  a	
  probidade	
  no	
  exercício	
  da	
  função	
  pública.	
  
Todavia,	
   no	
   crime	
   de	
   peculato,	
   caracterizado	
   pela	
   proteção	
   ao	
   patrimônio	
   da	
  
Administração	
  (tanto	
  quanto	
  pela	
  proteção	
  à	
  probidade	
  administrativa),	
  é	
  possível	
  encontrar	
  
acórdãos	
   do	
   STJ	
   admitindo	
   a	
   Insignificância	
   em	
   hipóteses	
   muito	
   claras	
   de	
   lesões	
   muito	
  
pequenas.	
  
Exemplo3:	
  funcionário	
  que	
  leva	
  para	
  casa	
  um	
  maço	
  de	
  folhas	
  de	
  papel	
  A4.	
  
Observe-­‐se	
  que,	
  para	
  permitir	
  a	
  aplicação	
  da	
  insignificância	
  nos	
  crimes	
  de	
  peculato,	
  
é	
   imprescindível	
  que	
  tanto	
  a	
   lesão	
  sobre	
  o	
  patrimônio	
  quanto	
  a	
   lesão	
  sobre	
  a	
  probidade	
  
administrativa	
  sejam	
  mínimas.	
  
	
  
b)	
   Princípio	
  da	
  adequação	
  social	
  da	
  conduta:	
  trata-­‐se	
  de	
  Princípio	
  ultrapassado.	
  
Fundamenta-­‐se	
   na	
   ideia	
   de	
   que	
   típicas	
   devem	
   ser	
   apenas	
   as	
   condutas	
   que	
  
expressem	
  alguma	
  danosidade	
  social	
  (Sistema	
  Neoclássico).	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
6	
  
www.cursoenfase.com.br 
O	
  núcleo	
  deste	
  Princípio	
  é	
  retirar	
  da	
  abrangência	
  do	
  legislador	
  (em	
  razão	
  da	
  natureza	
  
da	
  norma	
  criada:	
  caráter	
  geral	
  e	
  abstrato)	
  todas	
  as	
  condutas	
  que	
  não	
  se	
  desejava	
  atingir	
  por	
  
serem	
  socialmente	
  adequadas.	
  
Exemplo4:	
   artigo	
   129	
   do	
   CP,	
   lesão	
   corporal	
   –	
   usando	
   a	
   tipicidade	
   formal,	
   o	
   ato	
   de	
  
furar	
  a	
  orelha	
  também	
  seria	
  abrangido	
  pelo	
  tipo,	
  muito	
  embora	
  socialmente	
  aceito.	
  Não	
  era	
  
a	
   intenção	
   do	
   legislador	
   penal	
   atingir	
   esta	
   conduta,	
   isto	
   só	
   ocorreu	
   porque	
   o	
   legislador	
  
precisou	
  criar	
  uma	
  descrição	
  genérica	
  e	
  abstrata	
  da	
  conduta	
  proibida.	
  
Lesão	
  corporal	
   
Art.	
  129.	
  Ofender	
  a	
  integridade	
  corporal	
  ou	
  a	
  saúde	
  de	
  outrem:	
   
Pena	
  -­‐	
  detenção,	
  de	
  três	
  meses	
  a	
  um	
  ano 
A	
   crítica	
   que	
   se	
   fez/faz	
   a	
   este	
   critério	
   é	
   que	
   ele	
   seria	
   excessivamente	
   nebuloso	
  
(indistinto).	
  
O	
   fundamental	
   ao	
   estudar	
   a	
   tipicidade	
   material	
   é	
   a	
   percepção	
   da	
   importância	
   da	
  
inclusão	
  de	
  critérios	
  subjetivos	
  na	
  tipicidade.	
  
Observação:	
  necessário	
  cuidado	
  para	
  não	
  confundir	
  o	
  Princípio	
  da	
  adequação	
  social	
  
da	
  conduta	
  com	
  a	
  Teoria	
  Social	
  da	
  Ação.	
  Como	
  visto	
  em	
  aulas	
  anteriores,	
  a	
  Teoria	
  Social	
  da	
  
Ação	
  buscou	
  conceituar	
  a	
  ação	
  como	
  um	
  movimento	
  do	
  corpo	
  que	
  obrigatoriamente	
  tenha	
  
repercussão	
  na	
  esfera	
  de	
  terceiros	
  (socialmente	
  relevante	
  =	
  repercute	
  em	
  terceiros).	
  
Observação2:	
  também	
  não	
  se	
  confunde	
  o	
  Princípio	
  da	
  adequação	
  social	
  da	
  conduta	
  
com	
   a	
   descriminalização	
   pelos	
   costumes.	
   Esta	
   última,	
   é	
   bom	
   lembrar,	
   sequer	
   existe	
   em	
  
Direito	
  Penal,	
  uma	
  vez	
  que	
  uma	
  conduta	
  só	
  pode	
  ser	
  criminalizada	
  ou	
  descriminalizada	
  por	
  
lei.	
  
Princípio	
   da	
   adequação	
   social	
   da	
   conduta	
   visa	
   afastar	
   aquilo	
   que	
   o	
   legislador	
   não	
  
quis	
   criminalizar	
   em	
   nenhum	
   momento.	
   Impossível,	
   portanto,	
   aplicar	
   este	
   princípio	
   para	
  
afastar	
  algo	
  que	
  o	
  legislador	
  desejou	
  criminalizar	
  mas	
  que,	
  por	
  motivos	
  culturais,	
  tornou-­‐se	
  
relativamente	
  aceito	
  na	
  sociedade.	
  
Exemplo5:	
   jogo	
   do	
   bicho	
   –	
   a	
   contravenção	
   descrita	
   pelo	
   legislador	
   objetiva	
  
justamente	
   tipificar	
   a	
   conduta	
   final	
   do	
   jogo	
   do	
   bicho.	
   Não	
   há	
   possibilidade	
   de	
   aplicar	
  
Princípio	
   da	
   adequação	
   social	
   da	
   conduta,	
   eis	
   que	
   desde	
   o	
   Princípio	
   o	
   legislador	
   desejou	
  
tipificar	
  exatamente	
  a	
  conduta	
  de	
  promover	
  e	
  organizar	
  o	
  jogo	
  de	
  azar.	
  Apenas	
  uma	
  norma	
  
revogadora	
  poderia	
  descriminalizar	
  a	
  conduta.	
  
	
  
2.2.3. Teoria	
  dos	
  Elementos	
  Negativos	
  do	
  Tipo	
  
Prega	
   uma	
   junção	
   entre	
   tipicidade	
   e	
   ilicitude.	
   Ambas	
   deveriam	
   ser	
   fundidas,	
  
tornando-­‐se	
  uma	
  coisa	
  só.	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
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Então,	
  o	
  tipo	
  penal	
  englobaria	
  aquilo	
  que	
  reconhecemosatualmente,	
  matar	
  alguém,	
  
bem	
  como	
  os	
  elementos	
  negativos	
  (ausência	
  de	
  causas	
  de	
  exclusão	
  da	
  ilicitude).	
  
O	
  efeito	
  desta	
  construção	
  é	
  que	
  a	
  conduta	
  de	
  matar	
  alguém	
  em	
  legítima	
  defesa,	
  por	
  
exemplo,	
  seria	
  atípica	
  desde	
  o	
  início.	
  
Inicialmente,	
  percebe-­‐se	
  que	
  a	
  construção	
  deixa	
  a	
  análise	
  mais	
  simples.	
  Entretanto,	
  a	
  
desvantagem	
  está	
  no	
  fato	
  de	
  que	
  se	
  permite	
  equiparar	
  valorativamente	
  situações	
  que	
  são	
  
muito	
  diferentes.	
  
Exemplo:	
   equipara-­‐se	
  matar	
   um	
   homem	
   em	
   legítima	
   defesa	
   ao	
   ato	
   de	
  matar	
   uma	
  
mosca.	
  As	
  duas	
  situações	
  são	
  igualmente	
  atípicas	
  para	
  esta	
  teoria.	
  
São	
  duas	
  atitudes	
  muito	
  diferentes	
  e	
  que	
  possuem	
   impactos	
   infinitamente	
  diversos	
  
na	
  sociedade.	
  Por	
  este	
  exato	
  motivo,	
  tais	
  atitudes	
  devem	
  ser	
  tratadas	
  de	
  forma	
  diferenciada	
  
pelo	
  Direito	
  Penal;	
  é	
  dizer:	
  devem	
  fazer	
  parte	
  de	
  extratos	
  valorativos	
  diversos.	
  
Por	
  isso	
  a	
  Teoria	
  dos	
  Elementos	
  Negativos	
  do	
  Tipo	
  foi	
  ultrapassada.	
  
	
  
2.2.4. Tipicidade	
  Conglobante	
  (Zaffaroni)	
  
Na	
  mesma	
  linha	
  de	
  enriquecer	
  a	
  tipicidade	
  formal,	
  surge	
  a	
  Tipicidade	
  Conglobante.	
  
Por	
  ter	
  posições	
  muito	
  respeitadas	
  pela	
  doutrina	
  brasileira,	
  mantendo	
  estreitos	
  laços	
  
com	
  o	
  país,	
  as	
  ideias	
  de	
  Zaffaroni	
  não	
  raro	
  são	
  cobradas	
  em	
  provas	
  de	
  concurso.	
  Com	
  o	
  tema	
  
da	
  tipicidade	
  conglobante	
  não	
  é	
  diferente.	
  
A	
  Tipicidade	
  Conglobante	
  é	
  mais	
  ousada	
  que	
  a	
  Tipicidade	
  Material,	
  pois	
  arrasta	
  mais	
  
juízos	
  valorativos	
  para	
  dentro	
  da	
  tipicidade.	
  
Zaffaroni	
   estuda	
   a	
   tipicidade	
   a	
   partir	
   de	
   duas	
   diretrizes,	
   ou	
   dois	
   juízos	
   valorativos	
  
centrais:	
  
Matar	
  alguém	
  
Salvo	
  se	
  em:	
  
-­‐	
  legítima	
  defesa;	
  
-­‐	
  estado	
  de	
  necessidade;	
  
-­‐	
  exercício	
  regular	
  de	
  direito;	
  e	
  
-­‐estrito	
  cumprimento	
  de	
  dever	
  legal	
  
Tipo	
  Penal	
  –	
  121	
  CP	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
8	
  
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i)	
   Antinormatividade:	
   o	
   Direito	
   Penal	
   não	
   existe	
   sozinho,	
   mas	
   dentro	
   de	
   um	
  
determinado	
  ordenamento	
  jurídico.	
  Assim,	
  não	
  faz	
  sentido	
  que	
  uma	
  conduta	
  
seja	
   típica	
   e	
   ao	
   mesmo	
   tempo	
   permitida	
   ou	
   ordenada	
   por	
   outro	
   ramo	
   do	
  
ordenamento	
  jurídico.	
  
Exemplo:	
   uma	
   permissão	
   para	
   uma	
   conduta	
   no	
   Direito	
   Tributário	
   deve	
   gerar,	
  
necessariamente,	
   a	
   atipicidade	
   desta	
   mesma	
   conduta.	
   Assim,	
   determinada	
   conduta,	
   se	
  
autorizada	
  pelo	
  Direito	
  Tributário,	
  ao	
  invés	
  de	
  gerar	
  sonegação	
  fiscal	
  +	
  exercício	
  regular	
  de	
  
um	
  direito,	
  seria	
  atípica.	
  
Zaffaroni,	
   portanto,	
   não	
   acredita	
   no	
   exercício	
   regular	
   de	
   um	
   direito	
   ou	
   no	
   estrito	
  
cumprimento	
   de	
   dever	
   legal	
   como	
   causas	
   de	
   exclusão	
   da	
   ilicitude,	
   trazendo	
   os	
   dois	
   para	
  
dentro	
  da	
  tipicidade.	
  
Exemplo2:	
   o	
  dever	
   legal	
   do	
  policial	
   ao	
   cumprir	
   um	
  mandado	
  de	
  busca	
  e	
   apreensão	
  
não	
  pode	
  ser	
  considerado	
  conduta	
  típica	
  de	
  invasão	
  de	
  domicílio	
  e	
  ao	
  mesmo	
  tempo	
  ilícita	
  
em	
  raão	
  do	
  estrito	
  cumprimento	
  do	
  dever	
  legal.	
  
ii)	
   Lesão	
  ao	
  bem	
  jurídico:	
  a	
  tipicidade	
  só	
  faz	
  sentido	
  quando	
  há	
  uma	
  lesão	
  a	
  um	
  
bem	
   jurídico.	
  Não	
  é	
  uma	
   ideia	
  nova,	
  a	
  Tipicidade	
  Material	
   já	
  entendia	
  desta	
  
forma,	
  mas	
  é	
  fundamental	
  para	
  a	
  construção	
  da	
  tipicidade	
  conglobante.	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
Em	
   resumo,	
   a	
   Tipicidade	
   Conglobante	
   de	
   Zaffaroni	
   Investiga	
   a	
   afetação	
   do	
   bem	
  
jurídico	
   (lesão	
  ao	
  bem	
  jurídico)	
  e	
  o	
  contraste	
  entre	
  o	
  tipo	
  e	
  as	
  demais	
  normas	
  constantes	
  
do	
  ordenamento	
  jurídico	
  (antinormatividade).	
  
Casos	
   de	
   atipicidade	
   conglobante:	
   cumprimento	
   de	
   um	
   dever	
   jurídico	
   (estrito	
  
cumprimento	
  de	
  um	
  dever	
  legal,	
  que	
  para	
  o	
  Direito	
  Penal	
  brasileiro	
  é	
  causa	
  de	
  exclusão	
  da	
  
ilicitude,	
  artigo	
  23	
  do	
  CP),	
  o	
  consentimento	
  do	
  ofendido,	
  as	
  cirurgias	
  com	
  fins	
  terapêuticos	
  
(as	
   sem	
   fins	
   terapêuticos	
   são	
   típicas,	
   mas	
   justificadas	
   no	
   limite	
   do	
   consentimento	
   e	
   das	
  
Matar	
  alguém	
  
-­‐	
   exercício	
   regular	
   de	
  
direito;	
  e	
  
-­‐estrito	
   cumprimento	
  
de	
  dever	
  legal	
  
Tipicidade	
  Conglobante	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
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  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
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normas	
   regulamentares),	
   lesões	
   desportivas	
   (se	
   dentro	
   das	
   normas),	
   atividades	
   perigosas	
  
fomentadas,	
  insignificância.	
  
Observação:	
  considerando	
  que	
  exercício	
  regular	
  de	
  um	
  direito	
  e	
  estrito	
  cumprimento	
  
de	
  um	
  dever	
  legal	
  estão	
  no	
  artigo	
  23	
  do	
  CP	
  como	
  excludentes	
  de	
  ilicitude,	
  entende-­‐se	
  que	
  
sua	
  inclusão	
  na	
  tipicidade	
  é	
  incompatível	
  com	
  o	
  Direito	
  Penal	
  brasileiro.	
  
Exclusão	
  de	
  ilicitude(Redação	
  dada	
  pela	
  Lei	
  nº	
  7.209,	
  de	
  11.7.1984)	
  
Art.	
  23	
  -­‐	
  Não	
  há	
  crime	
  quando	
  o	
  agente	
  pratica	
  o	
  fato:	
  (Redação	
  dada	
  pela	
  Lei	
  nº	
  7.209,	
  
de	
  11.7.1984)	
  
I	
  -­‐	
  em	
  estado	
  de	
  necessidade;	
  (Incluído	
  pela	
  Lei	
  nº	
  7.209,	
  de	
  11.7.1984)	
  
II	
  -­‐	
  em	
  legítima	
  defesa;(Incluído	
  pela	
  Lei	
  nº	
  7.209,	
  de	
  11.7.1984)	
  
III	
   -­‐em	
   estrito	
   cumprimento	
   de	
   dever	
   legal	
   ou	
   no	
   exercício	
   regular	
   de	
   direito.(Incluído	
  
pela	
  Lei	
  nº	
  7.209,	
  de	
  11.7.1984)	
  
Observação2:	
   interessante	
   recordar	
   que	
   as	
   lesões	
   desportivas,	
   para	
   doutrina	
   mais	
  
antiga,	
   representam	
   o	
   exercício	
   regular	
   de	
   um	
   direito.	
   Para	
   a	
   doutrina	
  mais	
  moderna,	
   na	
  
Teoria	
  da	
  Imputação,	
  as	
  lesões	
  desportivas	
  são	
  tratadas	
  como	
  risco	
  permitido	
  (como	
  o	
  são	
  
também	
  as	
  atividades	
  perigosas	
  fomentadas).	
  
Especificamente	
  quanto	
  ao	
  consentimento	
  do	
  ofendido,	
  a	
  ser	
  estudado	
  no	
  curso	
  de	
  
Direito	
  Penal	
  Parte	
  Geral	
  II	
  (uma	
  vez	
  que	
  tratado	
  pela	
  doutrina	
  majoritariamente	
  como	
  uma	
  
causa	
  de	
  exclusão	
  da	
  ilicitude),	
  cabe	
  mencionar	
  que	
  o	
  tema	
  é	
  controvertido.	
  
A	
   posição	
   prevalente	
   sustenta	
   que	
   o	
   consentimento	
   do	
   ofendido	
   pode	
   excluir	
   a	
  
tipicidade	
   quando	
   o	
   dissenso	
   da	
   vítima	
   for	
   elemento	
   do	
   tipo.	
   Nos	
   demais	
   casos,	
   o	
  
consentimento	
  exclui	
  a	
  ilicitude.	
  
Exemplo3:	
  artigo	
  150	
  do	
  CP	
  –	
  violação	
  de	
  domicílio.	
  Entrar	
  ou	
  permanecer	
  contra	
  a	
  
vontade	
  de	
  quem	
  de	
  direito	
  em	
  casa	
  alheia	
  ou	
  em	
  suas	
  dependências.	
  Assim,	
  para	
  alguém	
  
que	
  é	
  convidado	
  a	
  tomar	
  um	
  café	
  na	
  casa	
  de	
  terceiro,	
  a	
  conduta	
  será	
  atípica.	
  
Entretanto,	
   pegando	
   como	
   exemplo	
   um	
   crime	
   de	
   dano	
   (crime	
   patrimonial,	
   bem	
  
jurídico	
  disponível):	
  imagine-­‐se	
  que	
  “A”	
  entrega	
  a	
  “B”	
  um	
  objeto	
  pessoal	
  e	
  autoriza	
  que	
  “B”	
  
o	
   quebre.	
  O	
   consentimento	
   de	
   “A”	
   não	
   é	
   elemento	
   do	
   tipo	
   de	
   dano	
   (do	
   crime	
   de	
   dano),	
  
como	
  o	
   seria	
   na	
   violação	
   de	
   domicílio	
   (“contra	
   a	
   vontade	
   de	
   quem	
  de	
   direito”).	
  Por	
   isso,	
  
nestes	
  casos	
  para	
  a	
  doutrina	
  pátria	
  o	
  consentimento	
  do	
  ofendido	
  atingirá	
  a	
  ilicitude.	
  
Violação	
  de	
  domicílio	
  
Art.	
   150	
   -­‐	
   Entrar	
   ou	
   permanecer,	
   clandestina	
   ou	
   astuciosamente,	
   ou	
   contra	
   a	
   vontade	
  
expressa	
  ou	
  tácita	
  de	
  quem	
  de	
  direito,	
  em	
  casa	
  alheia	
  ou	
  em	
  suas	
  dependências:	
  
Pena	
  -­‐	
  detenção,	
  de	
  um	
  a	
  três	
  meses,	
  ou	
  multa.	
  
Dano	
  
Art.	
  163	
  -­‐	
  Destruir,	
  inutilizar	
  ou	
  deteriorar	
  coisa	
  alheia:	
  
Pena	
  -­‐	
  detenção,	
  de	
  um	
  a	
  seis	
  meses,	
  ou	
  multa.	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
10	
  
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Para	
   Zaffaroni	
   e	
   Roxin,	
   o	
   consentimento	
   do	
   ofendido	
   exclui	
   sempre	
   a	
   tipicidade,	
  
desde	
   que	
   o	
   bem	
   jurídico	
   seja	
   disponível.	
   Para	
   Zaffaroni,	
   a	
   exclusão	
   da	
   tipicidade	
   ocorre	
  
porque	
  não	
  há	
  verdadeira	
  lesão	
  a	
  bem	
  jurídico	
  –	
  se	
  o	
  titular	
  do	
  bem	
  consente	
  não	
  há	
  uma	
  
lesão	
   do	
   bem	
   no	
   sentido	
   jurídico:	
   o	
   ofendido	
   exerce	
   a	
   disponibilidade	
   que	
   o	
   direito	
   lhe	
  
confere.	
  
Roxin	
  menciona	
   que	
   causas	
   de	
   exclusão	
   da	
   ilicitude	
   pressupõem	
   uma	
   situação	
   de	
  
conflito	
   entre	
   interesses	
   com	
   a	
   prevalência	
   de	
   um	
  deles.	
  Quando	
   há	
   o	
   consentimento	
   do	
  
ofendido	
  não	
  há	
  situação	
  conflitiva,	
  mas	
  sim	
  o	
  exercício	
  regular	
  da	
  disponibilidade	
  sobre	
  um	
  
bem	
  jurídico.	
  
Ainda	
  que	
  o	
  artigo	
  23	
  do	
  CP	
  não	
  existisse,	
  seria	
  possível	
  fazer	
  o	
  raciocínio	
  favorável	
  à	
  
incompatibilidade	
  do	
   sistema	
  com	
  a	
   inserção	
  de	
   causas	
  de	
  exclusão	
   feita	
  por	
   Zaffaroni	
  na	
  
tipicidade.	
  Isto	
  porque	
  as	
  causas	
  de	
  exclusão	
  de	
  ilicitude	
  possuem	
  em	
  comum	
  a	
  existência	
  de	
  
um	
  conflito	
  entre	
   interesses	
  que	
  colidem;	
  é	
  exatamente	
  neste	
  aspecto	
  que	
  se	
  diferenciam	
  
da	
  tipicidade.	
  
	
  
2.2.5. Tipicidade	
  da	
  Teoria	
  da	
  Imputação	
  Objetiva	
  
É	
  a	
  tipicidade	
  como	
  compreendida	
  atualmente	
  pelo	
  Direito	
  Penal.	
  
Exemplo:	
  um	
  tipo	
  material	
  que	
  possua:	
  1)	
  ação	
  +	
  relação	
  de	
  causalidade	
  +	
  resultado;	
  
somados	
   aos	
   2)	
   elementos	
   já	
   estudados	
   em	
   Teoria	
   da	
   Imputação	
   (criação	
   de	
   risco	
  
desaprovado	
  +	
  realização	
  do	
  risco	
  no	
  resultado).	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
1)	
  ação	
  +	
  relação	
  de	
  causalidade	
  +	
  resultado	
  
+	
  
2)	
  criação	
  de	
  risco	
  desaprovado	
  
+	
  
3)	
  realização	
  do	
  risco	
  no	
  resultado	
  
Tipo	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
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2.3. Elementos	
  do	
  Tipo	
  
Como	
   mencionado	
   em	
   aulas	
   passadas,	
   o	
   Tipo	
   é	
   a	
   descrição	
   abstrata	
   da	
   conduta	
  
proibida.	
   Tal	
   descrição	
   conta	
   com	
   alguns	
   elementos	
   classificados	
   entre	
   objetivos	
   e	
  
subjetivos.	
  
A	
   partir	
   do	
   finalismo,	
   o	
   tipo	
   passou	
   a	
   contar	
   com	
   uma	
   parte	
   objetiva	
   e	
   outra	
  
subjetiva.	
   A	
   primeira	
   é	
   a	
   descrição	
   da	
   conduta	
   criminosa,	
   utilizando-­‐se	
   de	
   conceitos	
  
descritivos	
   e	
   normativos.	
   A	
   segunda	
   representa	
   a	
   intenção	
   que	
   impele	
   a	
   realização	
   da	
  
conduta	
  (o	
  movimento	
  do	
  corpo):	
  dolo	
  e,	
  em	
  alguns	
  casos,	
  um	
  elemento	
  subjetivo	
  especial.	
  
Tipo:	
  
	
  
Objetivo	
  
	
  
	
  
	
  
Subjetivo	
  
	
  
	
  
2.3.1. Elementos	
  do	
  Tipo	
  Objetivo	
  
O	
   legislador	
   ao	
   descrever	
   uma	
   conduta	
   utiliza	
   um	
   verbo	
   (açãoou	
   omissão)	
   e	
   uma	
  
série	
  de	
  conceitos	
  que	
  podem	
  ser	
  classificados	
  como	
  descritivos	
  ou	
  normativos.	
  
Um	
  conceito	
  descritivo	
  é	
  aquele	
  que	
  pode	
  ser	
  aferido	
  através	
  da	
  mera	
  percepção	
  
sensorial.	
  Já	
  o	
  elemento	
  normativo	
  é	
  aquele	
  que	
  exige	
  um	
  juízo	
  de	
  valor.	
  
Sabe-­‐se,	
  também,	
  que	
  esta	
  divisão	
  tão	
  clara	
  serve	
  a	
  propósitos	
  didáticos,	
  eis	
  que,	
  na	
  
realidade,	
   todos	
   os	
   elementos	
   do	
   tipo	
   possuem	
   alguma	
   carga	
   de	
   valoração.	
   É	
   dizer:	
  
nenhum	
   deles	
   é	
   totalmente	
   livre	
   de	
   carga	
   valorativa,	
   mas	
   uns	
   possuem	
   carga	
   valorativa	
  
maior	
  ou	
  menor.	
  
Exemplo:	
  o	
  elemento	
  “alguém”	
  no	
  crime	
  de	
  homicídio	
  (“matar	
  alguém”)	
  –	
  a	
  princípio	
  
possui	
  carga	
  objetiva,	
  pois	
  percebe-­‐se	
  que	
  alguém	
  esta	
  vivo	
  através	
  de	
  estímulos	
  sensoriais	
  
(olhando,	
  tocando,	
  etc).	
  Contudo,	
  em	
  algumas	
  hipóteses	
  limite	
  faz-­‐se	
  necessário	
  realizar	
  um	
  
juízo	
  de	
  valoração	
  para	
  permitir	
  identificar	
  se	
  alguém	
  esta	
  vivo	
  ou	
  não	
  –	
  é	
  o	
  caso	
  do	
  doente	
  
terminal	
  com	
  morte	
  cerebral,	
  mas	
  que	
  o	
  coração	
  ainda	
  pulsa:	
  o	
   legislador	
   fez	
  um	
   juízo	
  de	
  
valor	
  e	
  definiu	
  que	
  esta	
  pessoa	
  está	
  morta.	
  
Os	
  Elementos	
  valorativos	
  podem	
  ser:	
  
Descrição:	
  descritivos	
  +	
  normativos	
  
Dolo	
  +	
  (em	
  alguns	
  delitos)	
  elemento	
  subjetivo	
  especial	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
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a)	
   de	
  valoração	
   jurídica:	
   conceitos	
   jurídicos	
  ou	
   referentes	
  a	
  normas	
   jurídicas	
  –	
  
cheque,	
   documento,	
   casamento	
   (todos	
   possuem	
   elementos	
   de	
   natureza	
  
jurídica:	
   não	
   é	
   qualquer	
   título	
   que	
   é	
   cheque,	
   ou	
   qualquer	
   coisa	
   um	
  
documento);	
  e	
  
b)	
   de	
  valoração	
  extra-­‐jurídica	
  ou	
  empírico-­‐cultural:	
  juízos	
  de	
  valor	
  fundados	
  na	
  
experiência,	
  na	
  sociedade	
  ou	
  na	
  cultura	
  (ato	
  obsceno,	
  mulher	
  honesta).	
  
Tudo	
  que	
  está	
  na	
  descrição	
  legal,	
  isto	
  é,	
  no	
  tipo,	
  é	
  dele	
  elemento.	
  
Exemplo2:	
  subtrair	
  para	
  si	
  ou	
  para	
  outrem	
  coisa	
  alheia	
  móvel	
  –	
  “subtrair”	
  é	
  o	
  núcleo	
  
do	
  verbo,	
  “coisa	
  alheia	
  móvel”	
  são	
  os	
  elementos	
  do	
  tipo	
  objetivo.	
  No	
  tipo	
  objetivo	
  há	
  o	
  dolo	
  
e	
  o	
  elemento	
  sobjetivo	
  especial	
  “para	
  si	
  ou	
  para	
  outrem”.	
  
Contudo,	
   existe	
   controvérsia	
   sobre	
   alguns	
   elementos	
   previstos	
   em	
   tipos	
   penais.	
  
Observe-­‐se	
  o	
  artigo	
  151	
  do	
  CP:	
  
Violação	
  de	
  correspondência	
  
Art.	
   151	
   -­‐	
   Devassar	
   indevidamente	
   o	
   conteúdo	
   de	
   correspondência	
   fechada,	
   dirigida	
   a	
  
outrem:	
  
Pena	
  -­‐	
  detenção,	
  de	
  um	
  a	
  seis	
  meses,	
  ou	
  multa.	
  
O	
   termo	
   “indevidamente”	
   foi	
   inserido	
   no	
   tipo	
   para	
   excetuar	
   as	
   permissões	
  
eventualmente	
   existentes	
   em	
   outros	
   ramos	
   do	
   Direito,	
   como,	
   por	
   exemplo,	
   a	
   permissão	
  
para	
  abrir	
  as	
  cartas	
  trocadas	
  por	
  presos	
  em	
  penitenciárias.	
  Trata-­‐se	
  de	
  permissão	
  externa	
  ao	
  
Direito	
  Penal.	
  A	
  conduta	
  de	
  abrir	
  correspondências	
  de	
  presos,	
  portanto,	
  não	
  será	
  típica,	
  eis	
  
que	
  inexistente	
  a	
  exigência	
  “indevidamente”.	
  
Elementos	
   como	
  este	
   (“indevidamente”),	
   que	
   se	
   remetem	
  a	
   causas	
  de	
  exclusão	
  da	
  
ilicitude	
   que	
   estão	
   fora	
   do	
   Direito	
   Penal,	
   são	
   chamados	
   pela	
   doutrina	
   de	
   Elementos	
   de	
  
Valoração	
  Global	
  do	
  Fato.	
  
Muito	
   embora	
   tais	
   elementos	
   estejam	
  no	
   tipo,	
   boa	
   parte	
   da	
   doutrina	
   (como	
  Regis	
  
Prado,	
   Roxin,	
   entre	
   outros),	
   entende	
   que	
   o	
   erro	
   sobre	
   eles	
   não	
   é	
   erro	
   de	
   tipo,	
  mas	
   erro	
  
sobre	
  a	
  ilicitude	
  do	
  fato	
  (isto	
  é,	
  um	
  erro	
  de	
  proibição),	
  uma	
  vez	
  que	
  tais	
  elementos	
  referem	
  a	
  
causas	
  de	
  exclusão	
  da	
  ilicitude.	
  
Exemplo3:	
  “A”,	
  esposa	
  de	
  “B”,	
  acredita	
  que	
  pode	
  abrir	
  a	
  correspondência	
  de	
  “B”	
  por	
  
existir	
   uma	
   permissão	
   extra	
   penal	
   neste	
   sentido.	
   “A”	
   está	
   cometendo	
   um	
   erro	
   sobre	
   o	
  
“indevidamente”	
   que,	
   para	
   parte	
   da	
   doutrina,	
   é	
   um	
   erro	
   de	
   proibição,	
   pois	
   ligado	
   a	
   uma	
  
suposta	
  permissão	
  (causa	
  de	
  exclusão	
  da	
  ilicitude)	
  que,	
  na	
  verdade,	
  não	
  existe.	
  
Tal	
  posicionamento	
  é	
  controvertido.	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
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   estudo	
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  da	
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  Valoração	
  Global	
  do	
  
Fato	
  são	
  parte	
  do	
  tipo	
  como	
  qualquer	
  outro	
  e,	
  portanto,	
  o	
  erro	
  sobre	
  eles	
  é	
  simples	
  erro	
  
de	
  tipo.	
  
	
  
2.3.1. Elementos	
  do	
  Tipo	
  Subjetivo	
  
Aqui	
  estão	
  contidos	
  o	
  dolo	
  e	
  os	
  elementos	
  subjetivos	
  especiais	
  do	
  tipo.	
  Cabe	
  lembrar	
  
que	
  o	
  tipo	
  subjetivo	
  não	
  existia	
  no	
  Causalismo,	
  uma	
  vez	
  que,	
  para	
  os	
  causalistas,	
  o	
  dolo	
  era	
  
elemento	
  da	
  culpabilidade;	
  passou	
  a	
  existir	
  como	
  tipo	
  subjetivo	
  a	
  partir	
  do	
  Finalismo.	
  
Necessário	
   esclarecer	
   que	
   este	
   tema	
   será	
   tratado	
   em	
   uma	
   aula	
   específica	
   mais	
  
adiante	
  na	
  aula	
  de	
  hoje.	
  
Antes,	
   porém,	
   fundamental	
   tratar	
   da	
   classificação	
   dos	
   tipos	
   penais,	
   matéria	
   que	
  
possui	
  bastante	
  incidência	
  em	
  provas.	
  
	
  
2.4. Classificação	
  dos	
  tipos	
  penais	
  
Há	
  diversos	
  critériosde	
  classificação:	
  
a)	
   Crimes	
  materiais,	
  formais	
  e	
  de	
  mera	
  conduta	
  
-­‐	
   Materiais:	
   o	
   tipo	
   penal	
   prevê	
   conduta	
   e	
   resultado;	
   ademais,	
   o	
   resultado	
   precisa	
  
ocorrer	
  para	
  haja	
  crime	
  consumado	
  (exemplo:	
  homicídio)	
  
-­‐	
   Formais:	
   o	
   tipo	
   prevê	
   conduta	
   e	
   resultado,	
   porém,	
   o	
   resultado	
   não	
   precisa	
  
acontecer	
   para	
   que	
   haja	
   crime	
   consumado	
   (exemplo:	
   corrupção	
   –	
   solicitada,	
   mas	
   não	
  
recebida	
  a	
  vantagem	
  indevida).	
  
-­‐	
   Mera	
   conduta:	
   como	
   o	
   nome	
   diz,	
   o	
   tipo	
   descreve	
   apenas	
   uma	
   conduta,	
   sem	
  
mencionar	
  qualquer	
  resultado.	
  
b)	
   Tipos	
  congruentes	
  e	
  incongruentes	
  
-­‐	
  Congruente:	
  é	
  aquele	
  em	
  que	
  há	
  uma	
  exata	
  correspondência	
  entre	
  o	
  tipo	
  objetivo	
  e	
  
o	
   tipo	
   subjetivo.	
   É	
   dizer,	
   aquilo	
   que	
   precisa	
   acontecer	
   no	
   mundo	
   (tipo	
   objetivo)	
   é	
  
exatamente	
  o	
  que	
  o	
  agente	
  precisa	
  desejar	
  (subjetivo).	
  
Exemplo:	
  matar	
  alguém	
  
	
  
	
  
-­‐	
  
Objetivo:	
  matar	
  alguém	
   Dolo	
  (Subjetivo):	
  matar	
  alguém	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
14	
  
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Incongruente:	
   ao	
   contrário,	
   é	
   aquele	
   no	
   qual	
   não	
   há	
   exata	
   correspondência	
   entre	
   o	
   tipo	
  
objetivo	
  e	
  o	
  subjetivo.	
  
Exemplo2:	
  lesão	
  corporal	
  seguida	
  de	
  morte	
  (artigo	
  129,	
  §3
o.	
  do	
  CP)	
  
	
  
	
  
	
  
Vê-­‐se	
  que	
  o	
  que	
  acontece	
  no	
  mundo	
  dos	
  fatos	
  (lesão	
  +	
  morte)	
  é	
  diferente,	
  e	
  maior,	
  
do	
  que	
  aquilo	
  que	
  o	
  agente	
  desejava	
  (lesão).	
  Assim,	
  o	
  tipo	
  é	
  classificado	
  como	
  incongruente.	
  
Lesão	
  corporal	
  seguida	
  de	
  morte	
  
§	
  3°	
  Se	
  resulta	
  morte	
  e	
  as	
  circunstâncias	
  evidenciam	
  que	
  o	
  agente	
  não	
  quís	
  o	
  resultado,	
  
nem	
  assumiu	
  o	
  risco	
  de	
  produzí-­‐lo:	
  
Pena	
  -­‐	
  reclusão,	
  de	
  quatro	
  a	
  doze	
  anos.	
  
É	
  possível,	
  ainda,	
  que	
  o	
  tipo	
  subjetivo	
  seja	
  maior	
  que	
  o	
  objetivo.	
  Observe-­‐se:	
  
Exemplo3:	
  extorsão	
  mediante	
  sequestro	
  (artigo	
  129,	
  §3
o.	
  do	
  CP)	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
Extorsão	
  mediante	
  seqüestro	
  
Art.	
   159	
   -­‐	
   Seqüestrar	
   pessoa	
   com	
   o	
   fim	
   de	
   obter,	
   para	
   si	
   ou	
   para	
   outrem,	
   qualquer	
  
vantagem,	
  como	
  condição	
  ou	
  preço	
  do	
  resgate:	
  Vide	
  Lei	
  nº	
  8.072,	
  de	
  25.7.90	
  	
  	
  	
  (Vide	
  Lei	
  
nº	
  10.446,	
  de	
  2002)	
  
Pena	
  -­‐	
  reclusão,	
  de	
  oito	
  a	
  quinze	
  anos.	
  (Redação	
  dada	
  pela	
  Lei	
  nº	
  8.072,	
  de	
  25.7.1990)	
  
Vê-­‐se	
   que	
   o	
   tipo	
   é	
   incongruente,	
   eis	
   que	
   o	
   agente	
   deseja	
   mais	
   do	
   que	
   precisa	
  
acontecer	
  no	
  mundo	
  real	
  para	
  consumar	
  o	
  tipo.	
  
Se	
  o	
  agente	
  não	
  deseja	
  a	
   finalidade	
  especial	
  de	
  obter	
  o	
   resgate,	
  o	
   crime	
  será	
  o	
  do	
  
artigo	
  148	
  do	
  CP.	
  
Seqüestro	
  e	
  cárcere	
  privado	
  
Art.	
  148	
  -­‐	
  Privar	
  alguém	
  de	
  sua	
  liberdade,	
  mediante	
  seqüestro	
  ou	
  cárcere	
  privado:	
  (Vide	
  
Lei	
  nº	
  10.446,	
  de	
  2002)	
  
Objetivo:	
  lesão	
  +	
  morte	
   Subjetivo:	
  lesão	
  (culpa)	
  
Objetivo:	
  
Sequestro	
  
(basta	
  apenas	
  a	
  privação	
  da	
  
liberdade	
  da	
  vítima,	
  não	
  é	
  
necessário	
  que	
  o	
  sequestrador	
  
receba	
  o	
  resgate)	
  
Subjetivo:	
  
Dolo	
  de	
  privar	
  a	
  vítima	
  de	
  sua	
  
liberdade	
  (consciência	
  e	
  
vontade	
  sequestrar)	
  
+	
  
com	
  o	
  fim	
  de	
  obter	
  o	
  resgate	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
15	
  
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Pena	
  -­‐	
  reclusão,	
  de	
  um	
  a	
  três	
  anos.	
  
Conclusão:	
  na	
  tipicidade	
  incongruente	
  ou	
  o	
  tipo	
  objetivo	
  é	
  maior	
  que	
  o	
  subjetivo,	
  ou	
  
o	
  subjetivo	
  é	
  maior	
  que	
  o	
  objetivo	
  –	
  neste	
  último	
  caso,	
  normalmente,	
  em	
  razão	
  da	
  existência	
  
de	
  um	
  elemento	
  subjetivo	
  especial.	
  
c)	
   Tipos	
  básicos	
  e	
  derivados,	
  simples	
  e	
  mistos	
  (cumulativos	
  e	
  alternativos):	
  
-­‐	
  Básico:	
  é	
  o	
  tipo	
  fundamental	
  previsto	
  no	
  caput	
  do	
  artigo.	
  
-­‐	
   Derivado:	
   é	
   aquele	
   previsto	
   em	
   qualificadoras,	
   que	
   oferecem	
   penas	
   mínima	
   e	
  
máxima	
   diferentes	
   do	
   tipo	
   fundamental	
   (básico).	
   Atenção:	
   não	
   se	
   refere	
   a	
   causas	
   de	
  
aumento	
  e	
  diminuição,	
  eis	
  que	
  não	
  oferecem	
  novas	
  penas,	
  apenas	
  causas	
  para	
  aumentar	
  o	
  
diminuir	
  penas	
  previstas.	
  
-­‐	
  Simples:	
  aqueles	
  que	
  oferecem	
  um	
  único	
  verbo.	
  
Exemplo4:	
  matar	
  alguém.	
  
-­‐	
   Mistos:	
   tipos	
   que	
   oferecem	
   diversos	
   verbos.	
   Quase	
   todos	
   os	
   tipos	
   mistos	
   são	
  
alternativos,	
  isto	
  é,	
  se	
  o	
  agente	
  realizar	
  várias	
  das	
  ações	
  previstas	
  em	
  um	
  mesmo	
  contexto	
  
haverá	
  apenas	
  um	
  crime.	
  
Exemplo5:	
   crime	
   de	
   receptação	
   (artigo	
   180	
   do	
   CP)	
   –	
   transportar,	
   receber,	
   ocultar,	
  
entre	
  outros.	
  
Receptação	
  
Art.	
   180	
   -­‐	
  Adquirir,	
   receber,	
   transportar,	
   conduzir	
   ou	
  ocultar,	
   em	
   proveito	
   próprio	
   ou	
  
alheio,	
   coisa	
   que	
   sabe	
   ser	
   produto	
   de	
   crime,	
   ou	
   influir	
   para	
   que	
   terceiro,	
   de	
   boa-­‐fé,	
   a	
  
adquira,	
  receba	
  ou	
  oculte:	
  (Redação	
  dada	
  pela	
  Lei	
  nº	
  9.426,	
  de	
  1996)	
  
Pena	
   -­‐	
   reclusão,	
   de	
   um	
   a	
   quatro	
   anos,	
   e	
  multa.	
   (Redação	
   dada	
   pela	
   Lei	
   nº	
   9.426,	
   de	
  
1996)	
  
Em	
   hipóteses	
   raras	
   o	
   tipo	
   pode	
   ser	
   considerado	
  misto	
   cumulativo.	
   Noexemplo	
   a	
  
seguir,	
   a	
   jurisprudência	
   tendeu	
   a	
   interpretar	
   o	
   tipo	
   como	
   misto	
   cumulativo,	
   mas	
   depois	
  
voltou	
  atrás.	
  
Exemplo6:	
  antigamente,	
  estupro	
  e	
  atentado	
  violento	
  ao	
  pudor	
  eram	
  crimes	
  previstos	
  
em	
  tipos	
  penais	
  diversos	
  (artigos	
  213	
  e	
  214	
  do	
  CP).	
  Nesta	
  época,	
  se	
  um	
  homem	
  ataca	
  uma	
  
mulher	
  e,	
  no	
  mesmo	
  contexto,	
   a	
  estupra	
  e	
  a	
   força	
  ao	
   coito	
  anal	
   (ou	
   sexo	
  oral	
   forçado),	
   a	
  
jurisprudência	
  sustentava	
  que	
  haveria	
  um	
  concurso	
  material	
  de	
  crimes.	
  
Redação	
  antiga	
  –	
  já	
  revogada:	
  
Estupro	
  
Art.	
  213	
  -­‐	
  Constranger	
  mulher	
  à	
  conjunção	
  carnal,	
  mediante	
  violência	
  ou	
  grave	
  ameaça:	
  
Pena	
  -­‐	
  reclusão,	
  de	
  seis	
  a	
  dez	
  anos.	
  (Redação	
  dada	
  pela	
  Lei	
  nº	
  8.072,	
  de	
  25.7.1990)	
  
	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
16	
  
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Atentado	
  violento	
  ao	
  pudor	
  	
  (Revogado	
  pela	
  Lei	
  nº	
  12.015,	
  de	
  2009)	
  
Art.	
   214	
   -­‐	
   Constranger	
   alguém,	
   mediante	
   violência	
   ou	
   grave	
   ameaça,	
   a	
   praticar	
   ou	
  
permitir	
  que	
  com	
  ele	
  se	
  pratique	
  ato	
  libidinoso	
  diverso	
  da	
  conjunção	
  carnal:	
  Vide	
  Lei	
  nº	
  
8.072,	
  de	
  25.7.90	
  	
  (Revogado	
  pela	
  Lei	
  nº	
  12.015,	
  de	
  2009)	
  
Pena	
  -­‐	
  reclusão	
  de	
  dois	
  a	
  sete	
  anos.	
  	
  (Revogado	
  pela	
  Lei	
  nº	
  12.015,	
  de	
  2009)	
  
Com	
  o	
  advento	
  da	
  inovação	
  legislativa	
  que	
  reuniu	
  as	
  duas	
  condutas	
  num	
  mesmo	
  tipo,	
  
a	
   primeira	
   reação	
   do	
   STJ	
   foi	
   de	
   considerar	
   como	
   cumulativas	
   as	
   duas	
   condutas,	
   agora	
  
pertencentes	
  a	
  um	
  só	
  tipo	
  penal	
  misto.	
  Inicialmente,	
  então,	
  a	
  prática	
  do	
  estupro	
  e	
  do	
  coito	
  
anal	
  forçado,	
  para	
  o	
  STJ,	
  configurariam	
  a	
  prática	
  de	
  dois	
  crimes	
  do	
  artigo	
  213	
  do	
  CP.	
  
Estupro	
  
Art.	
   213.	
  	
   Constranger	
   alguém,	
  mediante	
   violência	
   ou	
   grave	
   ameaça,	
   a	
   ter	
   conjunção	
  
carnal	
  ou	
  a	
  praticar	
  ou	
  permitir	
  que	
  com	
  ele	
  se	
  pratique	
  outro	
  ato	
   libidinoso:	
  (Redação	
  
dada	
  pela	
  Lei	
  nº	
  12.015,	
  de	
  2009)	
  
Pena	
  -­‐	
  reclusão,	
  de	
  6	
  (seis)	
  a	
  10	
  (dez)	
  anos.	
  (Redação	
  dada	
  pela	
  Lei	
  nº	
  12.015,	
  de	
  2009)	
  
Posteriormente,	
  a	
  orientação	
  do	
  STJ	
  foi	
  alterada	
  e	
  a	
  Corte	
  passou	
  a	
  entender	
  o	
  tipo	
  
do	
   artigo	
   213	
   como	
   misto	
   alternativo:	
   as	
   duas	
   condutas	
   num	
   mesmo	
   contexto	
  
representariam	
  um	
  crime	
  só.	
  
d)	
   Tipos	
  normais	
  e	
  anormais,	
  fechados	
  e	
  abertos	
  
-­‐	
  Normal:	
  possui	
  apenas	
  elementos	
  descritivos.	
  
-­‐	
  Anormal:	
  possui	
  elementos	
  descritivos	
  e	
  normativos.	
  
-­‐	
  Fechados:	
  possui	
  uma	
  descrição	
  exaustiva	
  da	
  conduta	
  proibida.	
  
-­‐	
   Abertos:	
   são	
   aqueles	
   nos	
   quais	
   a	
   descrição	
   da	
   conduta	
   precisa	
   ser	
   fechada	
   num	
  
segundo	
   momento,	
   pelo	
   intérprete.	
   Em	
   princípio,	
   é	
   possível	
   observar	
   tipos	
   abertos	
   em	
  
crimes	
  culposos	
  e	
  naqueles	
  que	
  possuem	
  elementos	
  normativos.	
  
Parte	
   da	
   doutrina	
   também	
   considera	
   aberta	
   a	
   tipicidade	
   dos	
   crimes	
   omissivos	
  
impróprios	
  (tema	
  que	
  será	
  abordado	
  em	
  momento	
  oportuno).	
  
e)	
   Tipos	
  instantâneos	
  e	
  permanentes	
  
-­‐	
  Permanentes:	
  tipo	
  penal	
  em	
  que	
  a	
  ação	
  ou	
  omissão	
  se	
  prolonga	
  no	
  tempo.	
  
A	
  partir	
  da	
  afirmação	
  de	
  que	
  um	
  crime	
  é	
  permanente,	
  é	
  possível	
  extrair	
  importantes	
  
consequências:	
  o	
  flagrante	
  será	
  permitido	
  a	
  qualquer	
  momento;	
  lei	
  nova	
  mais	
  grave	
  incidirá	
  
sobre	
  o	
  fato	
  se	
  a	
  conduta	
  ainda	
  esta	
  em	
  prática;	
  e	
  a	
  prescrição	
  começa	
  a	
  correr	
  apenas	
  da	
  
data	
  em	
  que	
  se	
  encerra	
  a	
  permanência	
  
Exemplo7:	
  sequestro	
  (artigo	
  148	
  do	
  CP)	
  
-­‐	
   Instantâneos:	
  ao	
  contrário,	
  a	
  conduta	
  é	
  realizada	
  numa	
  fração	
  fixa	
  de	
  tempo,	
  sem	
  
se	
  prolongar.	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
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  Habituais:	
  possuem	
  um	
  elemento	
  subjetivo	
  especial.	
  
Seria	
  o	
  caso	
  do	
  artigo	
  282	
  do	
  CP	
  –	
  exercício	
  ilegal	
  da	
  medicina.	
  
A	
  doutrina	
   tradicional	
   entende	
  que	
  para	
   a	
   configuração	
  do	
   crime	
  habitual	
   se	
   exige	
  
uma	
  repetição	
  de	
  condutas.	
  Assim,	
  na	
  visão	
   tradicional,	
  o	
   falso	
  médico	
   teria	
  que	
  repetir	
  o	
  
ato	
  de	
  se	
  passar	
  por	
  médico	
  atendendo	
  vários	
  pacientes.	
  
A	
   crítica	
   a	
   esta	
   visão	
   está	
   na	
   definição	
   do	
  mínimo	
   de	
   repetições	
   necessárias	
   para	
  
configurar	
   o	
   tipo.	
   Não	
   há	
   critério	
   objetivo,	
   muito	
   embora	
   autores	
   como	
   Fragoso	
   tentem	
  
definir	
  o	
  número	
  de	
  repetições	
  mínimas	
  (para	
  o	
  autor,	
  no	
  mínimo	
  3	
  vezes).	
  
Todavia,	
  o	
   importante	
  para	
  caracterizar	
  a	
  habitualidade	
  não	
  é	
  a	
  repetição,	
  uma	
  vez	
  
que	
   a	
   repetição	
   é	
   mero	
   sintoma	
   da	
   intenção	
   de	
   repetir.	
   Os	
   crimes	
   habituais	
   podem	
  
configurar-­‐se	
   com	
   apenas	
   uma	
   conduta,	
   pois	
   o	
   aquilo	
   que	
   os	
   caracteriza	
   como	
   tais	
   é	
   a	
  
intenção	
  de	
  repetir.	
  
Configuração	
  para	
  a	
  doutrina	
  tradicional:	
  
	
  
	
  
	
  
Configuração	
  para	
  a	
  doutrina	
  mais	
  moderna:	
  	
  
	
  
	
  
A	
   intenção	
   de	
   repetir,	
   portanto,	
   configura	
   um	
   elemento	
   subjetivo	
   especial,	
   quer	
  
dizer,	
  para	
  alémdo	
  dolo.	
  A	
  repetição	
  é	
  um	
  sintoma	
  da	
  habitualidade	
  que,	
  por	
  sua	
  vez,	
  é	
  um	
  
elemento	
  subjetivo	
  especial	
  (“intenção	
  de	
  repetir”)	
  que	
  alguns	
  crimes	
  integram	
  ao	
  tipo.	
  
Zaffaroni	
  cria	
  o	
  seguinte	
  exemplo:	
  o	
   falso	
  médico	
  que	
  se	
   instala	
  em	
  uma	
  cidade	
  do	
  
interior.	
   Para	
   tanto,	
   faz	
   propagandas	
   nas	
   rádios,	
   distribui	
   panfletos	
   e	
   outros	
   meios	
   de	
  
divulgação.	
   No	
   dia	
  marcado	
   para	
   inaugurar	
   o	
   consultório,	
   com	
   uma	
   fila	
   na	
   porta,	
   o	
   falso	
  
médico	
  atende	
  apenas	
  o	
  primeiro	
  paciente.	
  Houve	
  a	
  prática	
  de	
  uma	
  conduta	
  somente.	
  
Não	
  obstante,	
   fica	
  clara	
  a	
   intenção	
  de	
  repetir	
  a	
  conduta	
  (propaganda,	
   investimento	
  
no	
  consultório,	
  a	
   fila	
  de	
  pessoas	
  esperando	
  na	
  porta	
  para	
  ser	
  atendida),	
  por	
   isso,	
   já	
  existe	
  
crime	
  habitual	
  consumado.	
  
Com	
  a	
  definição	
  da	
  doutrina	
  mais	
  moderna	
   (e	
  predominante	
   fora	
  do	
  país),	
  o	
  crime	
  
habitual	
   passa	
   a	
   admitir	
   o	
   flagrante	
   (eis	
   que	
  muito	
   difícil	
   o	
   flagrante	
   quando	
   se	
   exige	
   um	
  
mínimo	
  de	
  03	
  condutas),	
  bem	
  como	
  a	
  tentativa.	
  
1a.	
  Conduta	
  
	
  
2a.	
  Conduta	
  
	
  
3a.	
  Conduta	
  
	
  
4a.	
  Conduta	
  
	
  
1a.	
  Conduta	
  +	
  intenção	
  de	
  repetir	
  
	
  +	
  	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
18	
  
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g)	
   Crimes	
   de	
   lesão	
   e	
   de	
   perigo:	
   tema	
   recorrente	
   em	
   prova	
   e	
   especialmente	
  
importante	
  em	
  razão	
  de	
  uma	
  certa	
  confusão	
  em	
  sua	
  abordagem	
  por	
  parte	
  da	
  
doutrina	
  brasileira.	
  
-­‐	
  de	
  lesão:	
  exigem	
  a	
  efetiva	
  lesão	
  ao	
  bem	
  jurídico.	
  
Exemplo8:	
  homicídio,	
  lesão	
  corporal,	
  entre	
  outros.	
  
-­‐	
  de	
  perigo:	
  exigem	
  que	
  o	
  bem	
  jurídico	
  seja	
  colocado	
  em	
  perigo,	
  mas	
  sem	
  que	
  haja	
  
efetiva	
  lesão.	
  
Exemplo9:	
   artigo	
   132	
   do	
   CP	
   (perigo	
   para	
   a	
   vida	
   de	
   outrem)	
   e	
   artigo	
   250	
   do	
   CP	
  
(incêndio).	
  
Perigo	
  para	
  a	
  vida	
  ou	
  saúde	
  de	
  outrem	
  
Art.	
  132	
  -­‐	
  Expor	
  a	
  vida	
  ou	
  a	
  saúde	
  de	
  outrem	
  a	
  perigo	
  direto	
  e	
  iminente:	
  
Pena	
  -­‐	
  detenção,	
  de	
  três	
  meses	
  a	
  um	
  ano,	
  se	
  o	
  fato	
  não	
  constitui	
  crime	
  mais	
  grave.	
  
	
  
Incêndio	
  
Art.	
  250	
  -­‐	
  Causar	
  incêndio,	
  expondo	
  a	
  perigo	
  a	
  vida,	
  a	
  integridade	
  física	
  ou	
  o	
  patrimônio	
  
de	
  outrem:	
  
Pena	
  -­‐	
  reclusão,	
  de	
  três	
  a	
  seis	
  anos,	
  e	
  multa.	
  
Pode	
  ser	
  crime	
  de	
  perigo	
  individual	
  (colocar	
  em	
  risco	
  uma	
  pessoa	
  ou	
  poucas	
  pessoas	
  
determinadas)	
   ou	
   de	
   perigo	
   coletivo	
   (colocar	
   em	
   risco	
   um	
   número	
   indeterminado	
   de	
  
pessoas).	
  
i)	
  delitos	
  de	
  perigo	
  concreto	
  (constatação	
  ex	
  post	
  de	
  perigo):	
  
Ideia	
   tradicional	
   sustenta	
   que	
   o	
   crime	
   de	
   perigo	
   concreto	
   é	
   aquele	
   que	
   exige	
   a	
  
comprovação	
   do	
   perigo	
   no	
   caso	
   concreto.	
   Exemplo	
   de	
   crime	
   de	
   perigo	
   concreto	
   seria	
   o	
  
crime	
  de	
  Incêndio.	
  
ii)	
  delitos	
  de	
  perigo	
  abstrato	
  (constatação	
  ex	
  ante	
  de	
  perigo):	
  
Também	
   há	
   uma	
   noção	
   tradicional,	
   segundo	
   a	
   qual	
   o	
   crime	
   de	
   perigo	
   abstrato	
   é	
  
aquele	
  no	
  qual	
  o	
   legislador	
  presume	
  o	
  perigo	
   sem	
  admitir	
  prova	
  em	
  contrário.	
  Não	
  se	
   faz	
  
necessário	
  provar,	
  no	
  caso	
  concreto,	
  perigo	
  algum.	
  O	
  perigo	
  é	
  presumido.	
  Para	
  a	
  corrente	
  
tradicional,	
  o	
  exemplo	
  disso	
  seria	
  o	
  artigo	
  253	
  do	
  CP.	
  
Fabrico,	
   fornecimento,	
  aquisição	
  posse	
  ou	
   transporte	
  de	
  explosivos	
  ou	
  gás	
   tóxico,	
  ou	
  
asfixiante	
  
Art.	
  253	
  -­‐	
  Fabricar,	
  fornecer,	
  adquirir,	
  possuir	
  ou	
  transportar,	
  sem	
  licença	
  da	
  autoridade,	
  
substância	
  ou	
  engenho	
  explosivo,	
  gás	
  tóxico	
  ou	
  asfixiante,	
  ou	
  material	
  destinado	
  à	
  sua	
  
fabricação:	
  
Pena	
  -­‐	
  detenção,	
  de	
  seis	
  meses	
  a	
  dois	
  anos,	
  e	
  multa.	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
19	
  
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Portanto,	
  na	
  visão	
  antiga,	
  se	
  o	
  agente	
  transporta	
  um	
  gás	
  tóxico	
  sem	
  licença,	
  mesmo	
  
que	
   obedecendo	
   todas	
   as	
   regras	
   de	
   segurança,	
   incorre	
   no	
   crime	
   do	
   artigo	
   253	
   do	
   CP.	
  
Presume-­‐se	
  de	
  forma	
  absoluta	
  o	
  perigo.	
  
Em	
   razão	
   desta	
   definição,	
   alguns	
   autores	
   no	
   Brasil	
   chegaram	
   a	
   defender	
   a	
  
inconstitucionalidade	
  dos	
  crimes	
  de	
  perigo	
  abstrato,	
  entendendo	
   inviável	
  a	
  presunção	
  em	
  
desfavor	
  do	
  acusado	
  sem	
  admitir	
  prova	
  em	
  contrário.	
  
Na	
   realidade,	
   ultrapassada	
   a	
   visão	
   da	
   presunção	
   absoluta,	
   não	
   há	
   qualquer	
  
inconstitucionalidade	
  no	
  perigo	
  abstrato.	
  
O	
  correto	
  raciocínio	
  segue	
  as	
  seguintes	
  linhas:	
  
O	
   crime	
  de	
  perigo	
   concreto	
   será	
   reconhecido	
   como	
   tal	
   se,	
   depois	
   da	
   realização	
  da	
  
conduta,	
  for	
  possível	
  enxergar	
  o	
  perigo	
  do	
  que	
  aconteceu.	
  
Exemplo10:	
  alguém	
  coloca	
  fogo	
  em	
  um	
  prédio.	
  Depois	
  que	
  o	
  fogo	
  for	
  debelado,	
  que	
  
estiver	
   tudo	
   sob	
   controle,	
   será	
   feita	
   a	
   avaliação	
   da	
   magnitude	
   do	
   perigo	
   e	
   suas	
  
características.	
  Por	
  isso,	
  se	
  houve	
  perigo	
  para	
  um	
  número	
  indeterminado	
  de	
  pessoas,	
  fala-­‐se	
  
em	
  constatação	
  ex	
  post	
  de	
  perigo.	
  
De	
  outro	
  lado,	
  o	
  perigo	
  abstrato	
  nãoé	
  presunção	
  absoluta	
  de	
  perigo,	
  eis	
  que	
  também	
  
deve	
  haver	
  constatação	
  de	
  perigo	
  no	
  caso	
  concreto.	
  A	
  diferença	
  é	
  que	
  no	
  perigo	
  abstrato	
  o	
  
exame	
  é	
  ex	
  ante	
  de	
  perigo,	
  isto	
  é,	
  pode	
  ser	
  vista	
  enquanto	
  a	
  conduta	
  é	
  realizada.	
  
Exemplo11:	
   sujeito	
  “A”	
   transportando	
  substância	
   tóxica,	
   sem	
  documentação	
   formal,	
  
mas	
  obedecendo	
  a	
  todas	
  as	
  regras	
  de	
  segurança.	
  Um	
  observador	
  as	
  conduta	
  de	
  “A”	
  poderia	
  
aferir	
  com	
  tranquilidade	
  que	
  não	
  há	
  perigo.	
  Conclui-­‐se	
  que	
  não	
  existirá	
  crime.	
  
Exemplo12:	
  a	
  quadrilha	
  é	
  um	
  crime	
  de	
  perigo	
  abstrato.	
  Para	
  existir	
  quadrilha	
  deve	
  ser	
  
possível	
  enxergar	
  perigo	
  na	
  associação	
  enquanto	
  ela	
  é	
  realizada;	
  ainda	
  que,	
  eventualmente,	
  
os	
  componentes	
  desta	
  quadrilha	
  sejam	
  incompetentes	
  e	
  desastrados	
  ao	
  ponto	
  de	
  fazer	
  tudo	
  
errado.	
  O	
  que	
  importa	
  é	
  a	
  observação	
  do	
  perigo	
  a	
  partir	
  da	
  formação	
  da	
  quadrilha.	
  
h)	
   comuns,	
  próprios	
  e	
  de	
  mão	
  própria	
  
-­‐	
  Crime	
  comum:	
  aquele	
  que	
  pode	
  ser	
  praticado	
  por	
  qualquer	
  pessoa;	
  não	
  exige	
  uma	
  
qualidade	
  especial	
  do	
  sujeito	
  ativo.	
  
-­‐	
  Crime	
  próprio:	
  exige	
  uma	
  qualidade	
  especial	
  do	
  sujeito	
  ativo.	
  
Exemplo13:	
  peculato.	
  
-­‐	
   Crime	
   de	
   mão	
   própria:	
   além	
   de	
   exigir	
   uma	
   qualidade	
   especial	
   do	
   sujeito	
   ativo,	
  
somente	
   que	
   tem	
   esta	
   qualidade	
   pode	
   ser	
   autor.	
   Não	
   admite	
   coautoria,	
   somente	
  
participação.	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
20	
  
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Exemplo14:	
  no	
  crime	
  próprio,	
   como	
  o	
  peculato,	
  quem	
  tem	
  a	
  qualidade	
  especial	
  é	
  o	
  
funcionário	
   público.	
   Porém,	
   se	
   o	
   funcionário	
   se	
   associar	
   a	
   um	
   particular,	
   será	
   possível	
  
enxergar	
  entre	
  os	
  dois	
  uma	
  coautoria.	
  Assim,	
  o	
  particular	
  que	
  não	
  tem	
  a	
  qualidade	
  especial	
  
também	
  pode	
  ser	
  autor	
  do	
  crime	
  próprio.	
  
Exemplo15:	
   falso	
   testemunho	
   –	
   somente	
   a	
   testemunha	
   pode	
   ser	
   autora.	
   Qualquer	
  
atuação	
  conjunta	
  será	
  a	
  título	
  de	
  participação,	
  nunca	
  coautoria.	
  
	
  
2.5. Tipo	
  Subjetivo	
  
A	
  seguir	
  serão	
  tratados	
  o	
  dolo	
  e	
  os	
  elementos	
  subjetivos	
  especiais.	
  
Alguns	
  poucos	
   crimes	
  possuem	
  elementos	
   subjetivos	
  especiais;	
   a	
  maioria	
  dos	
   tipos	
  
formados	
  por	
  tipo	
  subjetivo	
  apresenta	
  apenas	
  o	
  dolo.	
  
Dolo	
  é	
  consciência	
  e	
  vontade	
  de	
  realizar	
  o	
  tipo	
  objetivo.	
  
 Como	
   descobrir	
   qual	
   é	
   o	
   dolo	
   de	
   um	
   determinado	
   crime?	
   O	
   entendimento	
   desta	
  
questão	
  é	
  fundamental	
  para	
  saber	
  separar	
  o	
  dolo	
  de	
  elementos	
  subjetivos	
  especiais.	
  
R:	
   Primeiramente	
   necessário	
   descobrir	
   o	
   tipo	
   objetivo,	
   isto	
   é,	
   aquilo	
   que	
   precisa	
  
acontecer	
  no	
  mundo	
  real.	
  
Exemplo:	
  na	
  extorsão	
  mediante	
  sequestro	
  é	
  preciso	
  que	
  ocorra	
  no	
  mundo	
  a	
  privação	
  
da	
  liberdade	
  da	
  vítima	
  (“sequestrar	
  pessoa”).	
  
Uma	
   vez	
   descoberto	
   o	
   tipo	
   objetivo,	
   fica	
   mais	
   fácil	
   descobrir	
   o	
   dolo:	
   no	
   exemplo	
  
acima	
  o	
  dolo	
  é	
  a	
  consciência	
  e	
  vontade	
  de	
  sequestrar	
  pessoa.	
  
O	
  raciocínio	
  é	
  aplicável	
  a	
  todos	
  os	
  crimes	
  (homicídio,	
  entre	
  outros).	
  
Ademais,	
  destacar	
  ordenadamente	
  o	
  que	
  é	
  o	
  tipo	
  objetivo	
  e	
  o	
  que	
  é	
  o	
  dolo	
  permite	
  
observar,	
   eventualmente,	
   a	
   existência	
   de	
   alguma	
   vontade	
   a	
  mais,	
   isto	
   é,	
   alguma	
   vontade	
  
que	
   extrapole	
   o	
   dolo.	
   Em	
   existindo,	
   esta	
   vontade	
   a	
   mais	
   será	
   um	
   elemento	
   subjetivo	
  
especial.	
  
Portanto,	
  o	
  dolo	
  possui	
  elementos	
  cognitivos	
  (relacionados	
  à	
  consciência)	
  e	
  volitivos	
  
(relacionados	
   à	
   vontade).	
   Contudo,	
   interessa	
   compreender	
   exatamente	
   o	
   que	
   é	
   está	
  
consciência	
   que	
   compreende	
   o	
   dolo,	
   eis	
   que,	
   como	
   visto,	
   no	
   Sistema	
   Neoclássico	
   o	
   dolo	
  
estava	
  acoplado	
  a	
  outro	
  tipo	
  de	
  consciência:	
  a	
  consciência	
  da	
  ilicitude.	
  
	
  O	
   dolo	
   residia	
   na	
   culpabilidade	
   e	
   estava	
   acoplado	
   à	
   consciência	
   da	
   ilicitude:	
  dolus	
  
malus.	
  
	
  
	
  
Direito	
  Penal	
  –	
  Parte	
  Geral	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
21	
  
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Neoclássico:	
   	
  	
  	
  -­‐	
  Dolo	
  
Culpabilidade	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  +	
   	
   	
   	
   	
   	
   	
   Dolus	
  Malus	
  
	
   	
   	
  	
  	
  -­‐	
  Consciência	
  da	
  Ilicitude	
  
	
  
A	
  título	
  de	
  revisão,	
  foi	
  visto	
  que	
  com	
  a	
  evolução	
  da	
  doutrina	
  o	
  dolo	
  foi	
  trazido	
  para	
  
dentro	
  do	
  tipo;	
  por	
  sua	
  vez,	
  a	
  consciência	
  da	
  ilicitude	
  (consciência	
  de	
  que	
  a	
  conduta	
  é	
  ilícita)	
  
virou	
  Potencial	
  Consciência	
  da	
  Ilicitude.	
  
A	
   consciência	
   como	
   elemento	
   do	
   dolo	
   significa	
   tão	
   somente	
   que	
   o	
   sujeito	
   ativo	
  
precisa	
  conhecer	
  a	
  presença	
  dos	
  elementos	
  do	
  tipo	
  objetivo	
  no	
  caso	
  concreto.	
  
Exemplo2:	
   para	
   cometer	
   um	
   homicídio	
   é	
   necessário	
   que	
   o	
   sujeito	
   “A”	
   conheça	
   a	
  
presença,	
   NO	
   CASO	
   CONCRETO,	
   de	
   outra	
   pessoa	
   a	
   qual	
   está	
   matando.	
   Não	
   haverá	
   a	
  
presença	
  da	
  consciência	
  do	
  dolo	
  se	
  “A”	
  não	
  souber	
  da	
  presença	
  da	
  outra	
  pessoa.	
  
Então	
  o	
  dolo	
  é	
  conhecer	
  os	
  elementos	
  do	
  tipo	
  objetivo	
  no	
  caso	
  concreto	
  e	
  desejar	
  
realizar

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