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60015ResumoAula7 DPenal Parte Geral I

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Direito Penal – Parte Geral I 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
1 
www.cursoenfase.com.br 
Sumário 
Sumário ........................................................................................................................... 1 
1. Tipicidade ................................................................................................................ 2 
1.1 Elementos subjetivos especiais do tipo (continuação) ..................................... 2 
2. Erro de tipo ............................................................................................................. 5 
3. Crime culposo ......................................................................................................... 7 
3.1 Elemento subjetivo nas causas de exclusão da ilicitude ................................ 12 
3.2 Classificação .................................................................................................... 14 
3.2.1 Culpa consciente e inconsciente ............................................................... 14 
3.2.2 Culpa própria e imprópria ......................................................................... 14 
3.3 Compensação de culpas ................................................................................. 14 
3.4 Excepcionalidade do crime culposo ................................................................ 14 
4. Crimes omissivos .................................................................................................. 14 
4.1 Causalidade e imputação objetiva na omissão ............................................... 18 
 
 
 
Direito Penal – Parte Geral I 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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1. Tipicidade 
1.1 Elementos subjetivos especiais do tipo (continuação) 
Na aula passada, viu-se que o tipo penal divide-se em objetivo e subjetivo, e estudou-
se todo o tipo objetivo. Em relação ao tipo penal subjetivo, falou-se que é formado de dolo e 
elementos especiais. O dolo foi estudado na aula passada, e os elementos especiais foram 
apresentados. Na aula de hoje, abordaremos os elementos especiais. 
� Como perceber se o tipo penal tem um elemento subjetivo especial? 
Primeiro, descobre-se qual é o tipo objetivo, que é o que precisa ocorrer no mundo; o 
dolo será a consciência e vontade de realizar o tipo objetivo; se for necessária uma vontade 
a mais, essa vontade é o tipo subjetivo especial. Essa vontade a mais se divide em duas 
espécies distintas. Uma delas está explícita no tipo, está sempre apresentada com a 
expressão “com o fim de”; a outra não (é fruto de interpretação da parte especial). 
Essa primeira espécie de “vontade a mais”, sempre explícita no tipo, é a que compõe 
os chamados delitos de intenção. Esse elemento subjetivo especial relaciona-se sempre a 
uma vontade de alcançar algo que está fora do tipo objetivo, não precisa acontecer para que 
o crime seja consumado. 
Exemplo1: Na extorsão mediante sequestro, o que precisa ocorrer no mundo é o 
sequestro de uma pessoa. O dolo é a consciência e a vontade de sequestrar pessoa. Mas se 
somente isso ocorrer, não se trata de extorsão mediante sequestro, é somente sequestro 
(art. 148). O diferencial para extorsão mediante sequestro (art. 159), é que o agente deseja 
algo mais além da privação da liberdade da vítima, ele deseja receber o resgate. O agente 
não necessita receber o resgate para que haja extorsão mediante sequestro consumada. 
Seqüestro e cárcere privado 
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: (Vide 
Lei nº 10.446, de 2002) 
 
Extorsão mediante seqüestro 
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer 
vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei 
nº 10.446, de 2002) 
A doutrina costuma fazer uma distinção entre delitos de resultado cortado ou 
separado e delitos mutilados de dois atos. Em termos práticos, a distinção é inútil, mas cai 
em prova. 
A distinção é que, entre a conduta e o outro resultado que o agente deseja pode ser 
que seja necessária uma nova conduta. 
Direito Penal – Parte Geral I 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Exemplo2: Na extorsão mediante sequestro, para exigência do resgate não é 
necessária uma nova conduta. Nesse caso, tem-se um delito de resultado cortado ou 
separado. CP, 159. 
Se entre o tipo objetivo e esse novo resultado for necessária uma nova ação, haverá 
o delito mutilado em dois atos. 
Exemplo3: falsificação de moeda. É necessário, além do dolo, que é a vontade de 
fabricar a moeda falsa, deve haver uma vontade a mais: introduzi-la em circulação, e para 
fazer isso, é necessária uma nova conduta. CP, 289. 
Moeda Falsa 
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de 
curso legal no país ou no estrangeiro: 
Essa é uma diferenciação inútil na prática, apenas uma “decoreba” para fins de 
prova. O mais importante é saber que, nos delitos de intenção, esse desejo especial é 
alcançar um novo resultado que está fora do tipo objetivo e essa vontade especial está, 
como regra, explícita no tipo (com o fim de, para fim de). 
A segunda espécie é a dos chamados delitos de tendência. 
Nos delitos de intenção, viu-se que o agente deseja alcançar um resultado que está 
fora do tipo. 
 
 
Nos delitos de tendência, o elemento subjetivo especial é uma tendência subjetiva ou 
anímica que atravessa a conduta enquanto ela é realizada. 
 
Elemento objetivo 
Elemento 
subjetivo: dolo 
Elemento 
subjetivo especial 
Direito Penal – Parte Geral I 
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Nesses crimes, o elemento subjetivo especial não está explícito no tipo, é fruto de 
interpretação da parte especial para que se “separe o joio do trigo”, ou seja, as condutas 
que importam e as que não importam para o direito penal. 
Exemplo4: estupro de vulnerável. 
Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 
(catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Ato libidinoso é qualquer ato capaz, em tese, de satisfazer o desejo sexual. Então, por 
exemplo, tocar a vagina de uma mulher é um ato libidinoso. Suponha-se que uma mulher vá 
ao ginecologista, e lá o médico toca sua vagina. 
O elemento objetivo do tipo penal, nesse exemplo, é a consciência e vontade de que 
o agente esteja tocando a vagina de uma menina de treze anos. 
Se fosse assim, o médico estaria praticando um crime. Deve haver um elemento 
subjetivo a mais, uma tendência subjetiva de realização dessa conduta: a vontade de 
satisfazer o desejo sexual. Esse elemento subjetivo especial acopla-se ao dolo e acontece 
enquanto a conduta é realizada, é uma tendência anímica, subjetiva em relação à conduta. 
Então, tocar a vagina de uma menina de trezeanos somente será crime se for 
realizado com a vontade de satisfazer o desejo sexual. Assim, se a babá toca a vagina de uma 
criança para limpá-la, isso não será crime. 
Exemplo5: crime de injúria. O tipo objetivo é pronunciar a palavra ofensiva. O dolo é a 
consciência e vontade de proferir a palavra. Mas, para ser injúria, há o dolo subjetivo 
especial de vexar, de humilhar a pessoa. 
Assim, adolescentes que se tratem de maneira grosseira (“seu burro, fecha a porta!”) 
sem que haja a intenção de humilhar a pessoa não praticam crime. 
Outrossim, se há o animus jocandi (intenção de brincar), a conduta é atípica. 
Elemento objetivo 
Elemento 
subjetivo: dolo 
Elemento 
subjetivo especial 
Direito Penal – Parte Geral I 
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2. Erro de tipo 
Ao estudar o dolo, viu-se que ele tem elementos cognitivos (consciência) e volitivos 
(vontade). A consciência é o conhecimento da presença dos elementos do tipo objetivo no 
caso concreto. 
No homicídio, para o agente agir com dolo, ele deve saber que está matando uma 
pessoa. No furto, o agente deve saber que está subtraindo algo que não é seu. 
Portanto, o dolo pressupõe o conhecimento da presença dos elementos do tipo. 
Quando o agente ignora a presença de um dos elementos do tipo, a conduta não será 
dolosa. Quando isso ocorre, se está diante do erro de tipo. 
Desse modo, no erro de tipo, o agente ignora a presença de um dos elementos do 
tipo objetivo no caso concreto. 
Todo erro de tipo exclui o dolo, sempre, porque ele fulmina um dos elementos do 
dolo, que é a consciência, o conhecimento. 
O erro ora estudado é o erro de tipo incriminador (CP, art. 20, caput). Não se deve 
confundi-lo com o erro de tipo que será estudado com o professor Uzeda, que é o erro de 
tipo permissivo (CP, art. 20, §1º), chamado de descriminantes putativas. 
Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas 
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.(Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe 
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena 
quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.(Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Erro de tipo
CP, art. 20, 
caput.
Vencível ou indesculpável: exclui 
dolo, mas admite punição por culpa.
Invencível ou desculpável: 
exclui dolo e culpa
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Exemplo1: caça em um lugar específico para isso, com regras de segurança, mediante 
pagamento de ingresso. Uma pessoa entra de forma desavisada no local, sem fazer parte da 
equipe, sem obedecer as regras de segurança naquela propriedade privada e acaba sendo 
acertada por engano por um dos praticantes que supunha tratar-se de um animal. O agente 
errou, porque supunha tratar-se de um animal, mas não se trata de um descuido do agente, 
porque ele tomou todas as cautelas ao atirar. Quando o erro não é fruto de um descuido, o 
erro é invencível e exclui dolo e culpa. O agente não responde por nada. 
Exemplo2: caça em um lugar em que a caça é proibida, pois é um local de passeio 
público. O agente atira em uma pessoa supondo tratar-se de um animal. Dolo o agente não 
tem, porque não quis atirar em uma pessoa, então esse erro exclui o dolo, mas o sujeito agiu 
com descuido, portanto responderá por culpa. Essa culpa é própria, não admite tentativa. 
Atenção: o erro de tipo vencível somente leva uma punição a título de culpa se o tipo 
possuir modalidade culposa, como no homicídio. Se for um furto, não tem, a conduta é 
atípica. 
Exemplo3: concursando que leva um livro para estudar antes de iniciar a prova. Antes 
do início da prova, o fiscal determina a todos os que estão portando um livro que o deixem 
sobre uma mesa na sala. Ao final da prova, o concursando deixa seu livro e por engano leva 
o livro de outra pessoa. O tipo objetivo é subtrair coisa alheia móvel. No entanto, o 
concursando desconhecia um dos elementos do tipo objetivo do furto: coisa alheia, pois 
supunha que o livro era seu. Ele estava em erro de tipo vencível (estava distraído, se 
houvesse prestado atenção não teria levado o livro de outrem). Porém, o crime de furto não 
tem modalidade culposa. Portanto não responderá por nada. 
O erro em relação aos elementos normativos. Os elementos normativos pressupõem 
um juízo de valor e podem envolver situações que podem gerar dúvida. 
Exemplo4: Imagine-se o conceito de documento. Para o crime de falsidade 
documental, um dos elementos do tipo é documento. Imagine-se que uma pessoa vá a um 
bar e tome vários chopes. O garçom anota a quantidade de bebidas em uma boleta que fica 
sobre a mesa e a pessoa rasure a boleta na qual foi anotada a quantidade de bebidas para 
diminuir sua conta. O advogado poderia alegar em defesa daquela pessoa que ela não sabia 
que a boleta é considerada um documento para fins penais? Como funciona essa consciência 
em relação aos elementos normativos? Conceito de documento é um elemento normativo. 
Para agir com dolo é necessário saber qual é o conceito de documento para fins penais? A 
resposta é não, pois, do contrário, só os juristas agiriam com dolo. Aquele elemento 
normativo tem um significado social. 
Documento é qualquer corpo utilizado para inserir informações importantes. A 
pessoa que rasurou a boleta sabia que naquele papel estavam armazenadas informações 
juridicamente relevantes, que determinaria o quanto ela pagaria. É o bastante, não 
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necessitando que a pessoa saiba o que é documento para fins penais, apenas o seu 
significado social. 
Esse erro é irrelevante, é chamado de subsunção. 
 
3. Crime culposo 
 
O tipo culposo é exclusivamente objetivo. Não há nenhum elemento objetivo, 
nenhuma intenção especial do agente que o legislador tenha capturado como importante. 
A figura acima corresponde à forma de estudar o tipo culposo dos manuais de forma 
geral e do finalismo. Essa ideia foi “engolida” pela teoria da imputação. Mas, estudar-se-á o 
crime culposo e a tipicidade culposa à luz dessa ideia mais tradicional. 
O tipo culposo, que só tem tipo objetivo, tem os elementos constantes na figura 
acima (ação, relação de causalidade e resultado + violação do dever objetivo de cuidado e 
previsibilidade objetiva). 
Os três primeiros elementos também existem no crime doloso, mas, no culposo, há 
também os elementos a violação do dever objetivo de cuidado e a previsibilidade objetiva, 
que foram “engolidos” pela teoria da imputação. 
Assim, o risco permitido ou a não criação de um risco desaprovado “engole” toda a 
ideia da violação do dever objetivo de cuidado. E a materialização do risco no resultado 
“engole” a previsibilidade objetiva.Portanto, ao se estudar por autores como Roxin, vê-se que ele entende que a teoria 
do crime culposo foi engolida pela teoria da imputação. Essa não é a visão dos manuais 
brasileiros. 
 
1) Ação + relação de causalidade + 
resultado 
 
+ 
 
2) A) Violação do dever objetivo 
de cuidado 
 
B) previsibilidade objetiva 
Tipo 
Objetivo 
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Conforme visto alhures, o crime culposo é exclusivamente objetivo. Como regra geral 
não há tipicidade subjetiva na culpa. Então, como se concilia essa ideia com a teoria finalista 
da ação? O crime culposo é praticado através de uma ação. Essa ação é final? O conceito 
finalista de ação é compatível com a tipicidade culposa? A resposta predominante no Brasil é 
SIM, é compatível porque a ação culposa também tem uma finalidade, mas a finalidade da 
ação culposa é lícita, extratípica. 
Exemplo1: O agente deseja chegar a casa mais cedo (finalidade lícita), mas ao dirigir 
para casa de forma a violar um dever objetivo de cuidado (forma ilícita) e comete um crime 
culposo (conduta típica). 
Costuma-se ouvir que a tipicidade culposa é aberta. Veja-se o art. 121 do CP. 
Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguem: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
Homicídio culposo 
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) 
Pena - detenção, de um a três anos. 
� Diz-se que a tipicidade do homicídio doloso é fechada, e a do homicídio culposo é 
aberta. Por quê? 
O importante em um homicídio doloso é que o agente produza o resultado morte 
com consciência e vontade de matar. Esse é o núcleo da proibição. Não é relevante, para a 
tipicidade, se o homicídio será praticado com faca, com tiro, etc. Isso pode influenciar na 
quantidade de pena, mas não na tipicidade. No homicídio doloso, o núcleo da proibição é 
descrito exaustivamente (produzir o resultado morte dolosamente), e por isso esse tipo é 
fechado. 
No crime culposo, a intenção do sujeito não é selecionada como algo importante. O 
que é considerado importante é a forma de realização da conduta (violando um dever 
objetivo de cuidado). Mas, no §3º, não há uma descrição exaustiva de formas de conduta 
descuidada, e nem haveria como, pois existem milhares de maneira de matar alguém 
descuidadamente. Isso não é inconstitucional porque é impossível fazer essa descrição 
exaustiva. Justamente por isso é que se tolera a abertura desse tipo penal. O tipo é aberto 
porque o núcleo de proibição é a forma de realização da conduta com um resultado. 
A aferição de tipicidade nos crimes culposos se dá fechando-se o tipo em duas 
etapas: primeiro percebe-se a conduta descrita de forma genérica (produção do resultado 
morte sem intenção); em um segundo momento, deve-se olhar para a conduta realizada (ex: 
homicídio culposo no transito) e comparar com outras regras que regulamentam a 
realização cuidadosa da conduta. 
Direito Penal – Parte Geral I 
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Os crimes culposos, em geral, são materiais, são crimes de conduta e resultado. O 
resultado funciona como um delimitador da tipicidade. 
Exemplo2: Na sala de aula do curso há uma lâmpada que foi mal colocada, e um dia 
ela cai sobre a cabeça de um aluno e o machuca. Quando a lâmpada cair, ocorrerá a lesão 
corporal culposa, mas enquanto não cair a conduta será atípica. O resultado é um 
delimitador da tipicidade. 
Verificou-se que a tipicidade culposa possui dois elementos que são próprios: a 
previsibilidade objetiva e a violação do dever objetivo de cuidado. 
Em relação à violação ao dever objetivo de cuidado, ela deve ser aferida no caso 
concreto levando-se em conta o tipo de atividade desempenhada. Assim, há as regras de 
cuidado próprias para dirigir, para manusear um botijão de gás em casa, para explorar 
petróleo etc. 
Dentro desse estudo das regras de cuidado é muito importante o princípio da 
confiança. Existem atividades humanas que demandam uma atuação conjunta. Nessas 
atividades, o direito não exige que a todo tempo os membros da equipe desconfiem uns dos 
outros, supondo que o outro pode errar. O integrante da equipe será uma pessoa cuidadosa 
se acreditar que cada um cumprirá cuidadosamente seu papel. Isso não é violar nenhum 
dever de cuidado, isso é o princípio da confiança. 
Exemplo3: o médico e o anestesista atuam em conjunto, tem a mesma hierarquia, e o 
médico não necessita fiscalizar o trabalho do anestesista. O médico será uma pessoa 
cuidadosa se acreditar que o anestesista cumprirá seu papel cuidadosamente. Princípio da 
confiança. 
Exceção: o princípio da confiança não pode ser invocado quando algum dado fático 
indicar que não se pode confiar. 
Exemplo4: o anestesista chega bêbado para realizar a cirurgia. 
Exemplo5: quando há relação de subordinação e o superior tem o dever de fiscalizar. 
O médico não pode deixar de fiscalizar o trabalho dos residentes. 
Na teoria da imputação, a ideia da não violação do dever de cuidado está relacionada 
ao risco permitido. 
O dever de informação e a culpa por empreendimento. Sempre que se inicia uma 
atividade que foge ao cotidiano, que tenha alguma complexidade, para agir cuidadosamente 
deve-se informar sobre essa atividade antes de realizá-la. Não se pode exercer uma 
atividade sem conhecimento prévio sobre ela e, em causando um dano a terceiros, alegar 
que não sabia. Existe conduta culposa simplesmente por assumir uma atividade sem que se 
tenha capacidade ou formação para realizar. É a chamada culpa por empreendimento. 
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O versari in re illicita: inobservância de disposição regulamentar. Para que se tenha 
um crime culposo, não basta detectar a mera violação de uma disposição regulamentar. É 
necessário que essa violação seja preponderante para a ocorrência do resultado. 
Exemplo6: Um sujeito dirige calmamente em sua mão de direção, porém, sem 
carteira de habilitação, e outro condutor vem dirigindo loucamente, fura o sinal e bate em 
seu veículo. O primeiro não responderá por crime culposo, pois a violação à disposição 
regulamentar deve ser o fator preponderante da ocorrência do resultado, senão isso é 
responsabilidade objetiva. Isso já foi estudado na teoria da imputação. O nome dado é 
comportamento alternativo conforme ao direito. 
Exemplo7: Determinado condutor dirige a 100 km/h em uma rodovia cuja velocidade 
máxima permitida é de 80 km/h. Uma pessoa atravessa a rodovia repentinamente, é 
atropelada e morre. Perícia judicial comprova que, mesmo se o condutor estivesse a 70 
km/h ele não conseguiria evitar o atropelamento, pois a vítima jogou-se na frente do carro. 
Não há crime culposo ou, pela teoria da imputação, não há realização do risco no resultado. 
Trata-se do comportamento alternativo conforme ao direito. 
Em relação à previsibilidade objetiva, ela não se confunde com previsão. 
Previsibilidade é a possibilidade de prever. Previsão significa que o sujeito previu no caso 
concreto. Na culpa inconsciente, só há previsibilidade.É possível prever, mas o sujeito não 
previu. Na culpa consciente, há previsibilidade e previsão. É possível prever e o sujeito 
previu, mas levianamente acreditou que poderia evitar. 
Passa-se à análise da previsibilidade, porque a culpa mais comum é a inconsciente. 
A possibilidade de prever pode ser de dois tipos: objetiva ou subjetiva. Pode ser em 
princípio considerada para a média das pessoas. Quando se fala em previsibilidade objetiva 
quer-se verificar se a média das pessoas daquela coletividade poderia prever. 
Exemplo8: atravessar a rua e ser atropelado. A média dos pedestres poderia prever 
que atravessar a rua sem olhar causaria um acidente. 
A previsibilidade objetiva considera a capacidade do homem médio, assim 
considerado dentre os que realizam aquela atividade, de prever o resultado. 
A previsibilidade subjetiva considera a capacidade de previsão daquele sujeito ativo. 
Para tanto, deve-se considerar todas as características da pessoa: inteligência, grau de 
formação, enfim, todas as suas características pessoais. 
Essa previsibilidade, na teoria do crime culposo, está inserida da seguinte forma: 
 
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Exemplo9: Uma menina do interior do Amazonas, que mora em um local onde não há 
ruas, só há rios, igarapés, anda de canoa para ir à escola. Dado momento ela ganha um 
prêmio de redação e vai até o Rio de Janeiro para receber o prêmio, atravessa a rua sem 
olhar e é atropelada por uma bicicleta e o ciclista se machuca. Ela violou um dever objetivo 
de cuidado e um homem médio poderia prever esse resultado, então a conduta é típica. A 
conduta dela também não é amparada por nenhuma causa de exclusão da ilicitude. Na 
culpabilidade, avalia-se a capacidade individual de previsão. De acordo com a vivência 
daquela menina, ela não tinha a capacidade de prever o resultado. Assim, falta a 
previsibilidade subjetiva e a menina será absolvida. 
Assim trabalha-se a previsibilidade para a posição predominante: previsibilidade 
objetiva no tipo, previsibilidade subjetiva na culpabilidade. 
Essa análise somente produz soluções justas se quem pratica o crime tem uma 
capacidade individual de previsão igual à da média (e então essa pessoa será condenada) ou 
inferior à média (será absolvida). Mas, quando o infrator tem uma capacidade de previsão 
acima da média, ele vai livrar-se da condenação mesmo tendo capacidade de prever. 
Exemplo10: Michael Schumacher era um piloto espetacular que tem uma capacidade 
de previsão em relação a colisões, e direção de automóveis, muito superior a de um homem 
médio. Imagine-se que ele se envolva em um acidente em que o resultado era previsível 
para ele, sabidamente, mas não era previsível para a média das pessoas ou motoristas. Ao 
deixar-se a previsibilidade objetiva no tipo e a subjetiva na culpabilidade, não se conseguirá 
analisar a capacidade especial de Schumacher, porque antes se esbarrará na capacidade do 
homem médio, que, no caso, não existe (não há previsibilidade objetiva, a conduta é 
atípica). Nesse caso, Schumacher irá livrar-se mesmo tendo capacidade para prever o 
resultado. 
O Roxin postula que se mantenha a divisão tradicional para as duas situações 
estudadas (capacidade igual ou inferior à média) e sustenta que nas hipóteses de capacidade 
superior à média a previsibilidade subjetiva seja também analisada no tipo. 
Tipo
• previsibilidade 
objetiva
Ilicitude Culpabilidade
• Previsibilidade 
subjetiva
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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Críticas ao Roxin: 
No injusto, estuda-se o fato. Na culpabilidade, estuda-se o agente. Então, a crítica 
que a posição doutrinária contrária faz ao Roxin é que, embora se resolva o problema nas 
hipóteses de capacidade acima da média de previsibilidade, adota-se uma solução ad hoc, 
ou seja, fora do sistema, o que não pode ocorrer. 
Resposta do Roxin: 
O Roxin responde no sentido de que não é verdade que o sistema seja sempre 
infenso à apreciação de capacidades e conhecimentos especiais no tipo. Isso ocorre na teoria 
da imputação, quando o terceiro observador considera os conhecimentos especiais do 
agente para avaliar se há a criação de um risco desaprovado. 
 
� Crime culposo tem tipo subjetivo? 
Viu-se que para a posição amplamente predominante o tipo culposo é 
exclusivamente objetivo. Exceção: na culpa consciente, em que o elemento subjetivo é a 
previsão (o sujeito prevê o resultado e acredita que vai evitá-lo). 
Existe uma posição minoritária em sentido contrário. Para esta corrente, o tipo 
subjetivo culposo consistiria na consciência sobre os fatores de risco. Para a professora, isso 
não é necessário. 
Exemplo: ao dirigir para casa, não olha para o velocímetro e não tem consciência da 
velocidade em que está, nem do risco que está criando, e existe conduta culposa. Então, não 
é necessário que se tenha consciência dos fatores de risco para que exista conduta culposa. 
 
3.1 Elemento subjetivo nas causas de exclusão da ilicitude 
O quadro a seguir é feito tendo-se por base o finalismo. 
 
Tipo
• previsibilidade 
objetiva +
Previsibilidade 
subjetiva
Ilicitude Culpabilidade
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Até o finalismo, as causas de exclusão da ilicitude eram exclusivamente objetivas. 
Bastava que se estivesse em uma situação de legitima defesa para que sua conduta fosse 
lícita. 
Exemplo1: ao caminhar em um canavial, o sujeito avista o chapéu de seu inimigo, ele 
atira e mata. Logo depois, descobre que o seu inimigo havia acabado de estuprar uma moça 
e estava prestes a matá-la. Sem saber, o sujeito agiu em legítima defesa de terceiro. 
Até o finalismo, isso era irrelevante, poder-se-ia valer da causa de justificação. 
Com o finalismo, o elemento subjetivo das condutas humanas passou a ser estudado 
desde o tipo penal, e contaminou o restante. Assim, as causas de exclusão da ilicitude 
passaram a contar com elementos subjetivos. Portanto, no caso do exemplo anterior, ele 
somente poderia alegar legítima defesa se soubesse que estava se defendendo ou 
defendendo terceiro. 
Isso ocorre para que haja simetria com a tipicidade. A tipicidade regula o fato. As 
causas de exclusão da ilicitude regulam o fato também, a conduta, então não podem ignorar 
o aspecto subjetivo dessas condutas. Isso é a regra geral para os crimes dolosos. 
No crime culposo há uma peculiaridade. Na culpa inconsciente, ela é exclusivamente 
objetiva. Por isso, alguns autores, como Juarez Tavares, sustentam que as causas de exclusão 
da ilicitude para conduta culposa, que não tem elemento subjetivo, seriam também de 
natureza objetiva, guardando essa ideia de simetria. 
O exemplo a seguir, de causas de exclusão da ilicitude em crime culposo com 
elemento subjetivo, é da doutrina brasileira, situação aceita por todos (posição majoritária). 
Exemplo2: o vizinho de Caio está passando mal e Caio, para salvá-lo, dirige em alta 
velocidade para o hospital e acaba atropelandoalguém. É uma situação de estado de 
necessidade e Caio age culposamente em razão disso. 
Para quem entende que o elemento subjetivo é dispensável, há outro exemplo: 
Exemplo3: Caio dirige em excesso de velocidade em uma via pública, atropela alguém 
e o machuca, e logo depois descobre que essa pessoa era uma assaltante, que estava 
Tipo
• elemento subjetivo
Ilicitude
• Causas de exclusão 
da ilicitude
• elem. subjetivos
Culpabilidade
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assaltando terceiro. Sem saber, Caio acabou evitando um crime mediante sua conduta 
culposa. 
 
3.2 Classificação 
3.2.1 Culpa consciente e inconsciente 
Na culpa inconsciente, existe apenas previsibilidade. 
Na culpa consciente há previsibilidade e previsão. 
 
3.2.2 Culpa própria e imprópria 
A culpa própria é a culpa “de verdade”. 
A culpa imprópria é a que resulta de um erro vencível em uma descriminante 
putativa. Essa culpa será estudada com o Prof. Uzeda. 
 
3.3 Compensação de culpas 
No direito civil, nas ações de indenização por acidente de trânsito, a culpa de um 
pode compensar com a culpa do outro quando da quantificação do valor da indenização. 
No direito penal isso não ocorre. Os dois envolvidos responderão na medida das suas 
culpas, sem compensação. 
 
3.4 Excepcionalidade do crime culposo 
A regra geral é a punição por dolo. Para se punir por culpa deve haver previsão 
expressa no CP, tal como ocorre no art. 121, §3º. 
§ 3º Se o homicídio é culposo: 
 
4. Crimes omissivos 
A professora recomenda um passo a passo para solucionar um caso de crime 
omissivo. 
O primeiro passo é perguntar se o crime é de ação ou omissão, o que nem sempre é 
fácil distinguir. 
Se o crime for de omissão, deve-se indagar se o crime é garantidor (crime omissivo 
impróprio). Se não for garantidor, o crime é omissivo próprio. 
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Na terceira etapa, estuda-se mais profundamente a roupagem legal, especificamente 
se o sujeito agiu com dolo ou com culpa. 
Exemplo1: professor de natação que está namorando uma gatinha de biquíni e deixa 
as crianças se afogando. Ele se omite, é garantidor e agiu com culpa. Responderá por 
homicídio culposo. 
Exemplo2: mãe que deixa de amamentar seu filho porque quer mata-lo. É uma 
omissão de um garantidor, de forma dolosa. Se não for garantidor, o crime é outro: omissão 
de socorro. 
Nem sempre é fácil distinguir um crime de ação de uma omissão. E o regime jurídico 
é completamente diferente. Essa discussão sobre ser ou não garantidor só é importante se 
houver uma omissão. 
Exemplo3: (situação fática colocada em uma prova da defensoria pública) Um sujeito 
está no quintal de sua casa serrando uma árvore, que cai e, por ser muito alta, cai no terreno 
do vizinho e bate na cabeça dele, e o vizinho sangra até morrer porque não foi socorrido 
pelo sujeito. 
Para de descobrir se o crime é de ação ou omissão, utiliza-se o critério da 
causalidade. Existe ação se o sujeito dá causa física ao resultado. Assim, se o sujeito enfia 
uma faca e mata outro é uma ação. Se uma criança cai na piscina sozinha, entra água no 
pulmão e o sujeito não socorre é uma omissão, porque não foi nenhuma conduta do sujeito 
a causa natural ou física do resultado. É necessário que se desprenda uma energia que dê 
causa ao resultado (doutrina germânica predominante). 
No caso do exemplo anterior, trata-se de uma ação, e a posição de garantidor não 
interessa. 
Não é um critério imune a crítica, mas é o predominante e mais fácil de entender. 
Alguns casos necessitam de um raciocínio complementar. 
Exemplo4: Imagine-se que a aluna Joana passe mal, comece a ter convulsões. Essa 
pessoa é inimiga de Maria. Maria vê que outro aluno vai socorrê-la e tranca esse aluno no 
banheiro e esconde a chave. Se alguém interrompe esforços de salvamento alheio, isso é 
ação. 
Exemplo5: interrupção de salvamento próprio (a pessoa começa a salvar e para). 
Imagine-se que a vítima está morrendo afogada em alto mar, em ondas imensas provocadas 
por tempestade. Passa um barco e Mévio joga a boia para salvá-la. Depois de toda 
dificuldade para salvá-la, ao içar a vítima, Mévio verifica que a vítima é Tício, seu inimigo, e 
joga-o de volta no mar e sai com o navio. 
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A primeira possibilidade aqui seria de interrupção de esforços de salvamento. Nesse 
caso, como já se neutralizou uma linha de risco e abriu uma possibilidade concreta de 
salvamento, ao jogar de volta, se inaugura uma nova linha de risco e realiza-se uma ação. 
Quando, ao contrário, inicia-se um salvamento e desiste antes de abrir uma 
possibilidade concreta de salvamento, ocorre uma omissão. 
� Em termos práticos, faz diferença distinguir ação de omissão para a resposta penal? 
Sim. A omissão é, como regra, bem menos grave que a omissão. 
No exemplo da boia, qualquer um pode matar por ação. Mas, se a resposta no 
exemplo da boia for uma omissão, a regra é aplicar para essa pessoa um crime cujo tipo 
descreva uma omissão, será a omissão de socorro, com uma pena pequena. 
Excepcionalmente, se o sujeito tiver uma relação de proteção para com a vítima é que se vai 
gerar uma punição por homicídio, ou seja, só se o sujeito é garantidor da vítima. 
Os crimes de ação são muito mais graves que os de omissão. Só há uma espécie de 
omissão que equivale a uma ação: a omissão do garantidor. Mas se o agente não é 
garantidor, o crime será o omissivo próprio, o da pena pequena. 
� Nos crimes omissivos, porque é importante perguntar se o agente é garantidor? 
Os crimes omissivos dividem-se em próprios e impróprios. Os crimes omissivos 
próprios são aqueles previstos na parte especial do CP em que o legislador descreve uma 
omissão. Eles têm a pena muito menor dos crimes por ação e são crimes comuns, podem ser 
praticados por qualquer pessoa, não se exigindo uma qualidade especial do sujeito ativo. 
O exemplo clássico é a omissão de socorro (CP, art. 135). 
 Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à 
criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em 
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: 
O que está em jogo é o dever geral de solidariedade e são crimes de mera conduta, 
normalmente. 
Os crimes omissivos impróprios são os crimes do garantidor. 
Há crimes descritos na parte especial do CP como uma ação, como no caso do art. 
121. 
Art. 121. Matar alguem: 
Mas, existe no CP uma cláusula de equivalência, existe a previsão de hipóteses em 
que a omissão equivale a uma ação, tem o mesmo peso. É a omissão do garantidor. Art. 13, 
§2º. 
 
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Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem 
lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria 
ocorrido.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para 
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;(Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
A tipicidade de uma omissão do garantidor não decorre de uma adequação direta ao 
tipo penal do crime de ação, mas pode-se realizar um juízo de tipicidade combinando o tipo 
penal que descreve uma ação com uma cláusula de equivalência do art. 13, §2º. 
Diz-se que o art. 13, §2º é uma norma de extensão, porque ele faz o tipo crescer para 
alcançar algumas hipóteses de omissão, aquelas que equivalem a uma ação, as do 
garantidor. 
Portanto, os crimes omissivos impróprios são aqueles previstos como uma ação na 
parte especial do CP, mas que o garantidor pode praticar por omissão. 
 
� Quem é o garantidor? 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para 
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;(Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
A lei é lei formal. Não basta ser outra espécie normativa. Mas não necessita ser lei 
penal. 
Exemplo: pais em relação a filho, policial militar, médico, bombeiro. 
Não � Omissão própria 
 
 
Sim � Omissão imprópria 
1) Ação ou omissão? 
 
2) É garantidor? 
 
3) Agiu com dolo ou culpa? 
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b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
Na letra b, não necessita ser necessariamente uma relação contratual. Basta a 
assunção fática da responsabilidade, baseada em uma relação de confiança. 
Exemplo: babá, professor de natação, ou, em uma relação não contratual, alguém 
que se disponha a ajudar um cego a atravessar a rua e no meio da avenida larga o cego ao 
ver sua namorada do outro lado. 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
A letra c é a mais controvertida. Chama-se ingerência. Trata da responsabilidade por 
determinadas fontes de perigo. Se o sujeito administra fontes de perigo e aquilo desanda, 
ele tem a responsabilidade de neutralizar o perigo. 
Exemplo: dono de um cão perigoso, se ele soltar da coleira, o dono tem o dever de ir 
lá e impedir que ele morda alguém. Dono de obra que a deixa acessível a crianças, 
submetendo-as ao risco de se machucarem. 
Nessas hipóteses, a fonte de perigo deve ser administrada de forma ilícita para que 
gere o dever de garantia. Se a administração se der de forma legal, não há o dever de 
garantia. 
Exemplo: dono de dois cães Hottweiler em uma casa com muros altos, alguém escala 
o muro, pula para o quintal e é mordido pelos cães. O dono não será garantidor, mas tem o 
dever de socorrer. Ocorre no máximo uma omissão de socorro. 
 
4.1 Causalidade e imputação objetiva na omissão 
Não existe causalidade física na omissão. A omissão não é causa física. Na omissão 
somente se fala em imputação. 
A imputação objetiva do resultado típico na omissão é pensada através da ideia de 
conexão de risco: a ação esperada ou devida deve ser uma tal que teria diminuído o risco da 
verificação do resultado. 
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Na omissão, é imprescindível que exista a possibilidade física de socorrer. Se o 
socorro é impossível, não há omissão. A possibilidade física de agir é um elemento do tipo 
nos crimes omissivos. 
Exemplo: alguém está se afogando e quem vê não sabe nadar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crimes 
Omissivos 
a) Próprios – CP, 135 
� Comuns 
� Dever geral de solidariedade 
� Mera conduta 
 
b) Impróprios 
� Próprios (de garantidor) 
� Crimes materiais (de conduta e resultado)

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