Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA MICROBIOLOGIA GERAL PROF. DRA. VÂNIA MARIA MACIEL MELO CAROLINY SOARES SILVA GABRIELA ALVES VALENTIM LAÍS BELMINO RÉGIS NATANAEL COSTA REBOUÇAS ESTIMATIVA DE COLIFORMES TOTAIS EM AMOSTRAS DE ÁGUA ATRAVÉS DA TÉCNICA DO NÚMERO MAIS PROVÁVEL (N.M.P.) Fortaleza 2016 INTRODUÇÃO A água é uma substância líquida de extremo valor para a vida, sendo aproximadamente 70% do corpo de um adulto formado por ela. A água potável é essencial para a saúde humana, sendo de extrema importância monitorar e avaliar a sua qualidade. A ingestão de água contaminada pode acarretar em graves problemas de saúde, sendo esse líquido a principal fonte comum de doenças infecciosas ou intoxicações. A pureza da água é considerada o fator mais importante para garantir a saúde pública (MADINGAN et al., 2010). Segundo a Portaria 2.914, de 12 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde, para que uma água seja considerada potável, é necessário atender ao padrão de potabilidade, que envolve padrões estabelecidos para parâmetros físicos, químicos, microbiológicos, organolépticos, de cianobactérias e radioatividade, não sendo aceita a presença de bactérias do grupo coliformes. Para aferir a potabilidade da água, a Portaria exige testes para avaliar os coliformes totais presentes na amostra, recomendando que não deva exceder a 500 Unidades Formadoras de Colônias por 1 mililitro de amostra (500 UFC/mL), caso isso aconteça, a água é considera como imprópria para o consumo humano (BRASIL, 2011). A denominação coliformes é uma designação operacional sem relação taxonômica mas utilizada para fazer referência às bactérias bacilares, gram- negativas, aeróbios ou anaeróbios facultativos e não formadoras de esporos, que fermentam a lactose produzindo gás, ácido e aldeído, em um período de 24 a 48 horas, entre 35°C e 37°C (MADINGAN et al., 2010). Os coliformes são usados como parâmetro para avaliações de qualidade de água, por conta de estarem presentes em grande quantidade no trato intestinal de seres humanos e de outros (MADINGAN et al., 2010). Alguns outros fatores reforçam o uso de coliformes como parâmetro para avaliações da qualidade de água, como, por exemplo, o fato de serem facilmente detectáveis e quantificáveis por técnicas simples e economicamente viáveis e possuírem um maior tempo de sobrevivência na água que as bactérias patogênicas intestinais, além de serem incapazes de se multiplicar no ambiente aquático (MADINGAN et al., 2010). A Portaria 2.914, de 12 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde, sugere a metodologia analítica preconizada no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater publicação da American Public Health Association (APHA), American Water Works Association (AWWA) e Water Environment Federation. Nesta publicação são sugeridos testes para a análise bacteriológica de água, um teste presuntivo, um teste confirmativo e um teste complementar. O teste presuntivo consiste na inoculação da amostra de água em uma bateria de tubos de diferentes diluições com Caldo lactose ou Caldo Lauril Triptose para analisar a formação de gás dentro do tubo de Durhan ao final de 24/48 horas. O teste confirmativo só é realizado mediante o resultado positivo do teste presuntivo. Esse segundo teste consiste na inoculação da amostra positiva em um frasco contendo o meio de cultura Bile Verde Brilhante 2%. Se ao final do período de 24 à 48 horas houver a formação de gás dentro do tubo de Durhan, o teste é considerado positivo e o resultado é expresso em NMP (Número Mais Provável) por 100mL de amostra. Para confirmar a origem fecal dos coliformes o teste complementar é realizado, inoculando um volume do Caldo Bile Verde Brilhante no meio de cultura Caldo EC. (BRASIL, 2009). Para se determinar o NMP de uma série de 3 tubos, é feita uma comparação entre o número de tubos positivos que apresentaram as diluições 1:1; 1:10 e 1:100 no teste confirmativo, com as combinações da tabela do Número Mais Provável de Hoskins. A técnica do Número Mais Provável é baseada em um parâmetro estatístico conhecido como intervalo de confiança, onde a tabela utilizada possui nível de confiança de 95%. Para chegar a um resultado satisfatório depois dos testes com tubos e a comparação desses resultados com as tabelas, são feitos cálculos de acordo com a maior diluição positiva na qual as diluições anteriores também são positivas, para por meio de multiplicações aferir o número mais provável de microrganismos para 100mL de amostra (BRASIL, 2009). O teste presuntivo utiliza o meio de cultura Caldo Lactose ou Caldo Lauril Triptose, que é composto por lactose, digestão péptica de tecido animal (peptona) e extrato de carne. Todos os ingredientes formadores desse meio estão em proporções que permitem o crescimento dos microrganismos não exigentes, como os coliformes. O resultado positivo deste teste é observado quando ocorre a formação de uma bolha dentro do tubo de Durhan contido nos tubos de teste, comprovando a existência de bactérias capazes de fermentar lactose na amostra coletada (IONLAB Produtos Laboratoriais, 2015). O teste confirmativo utiliza o meio de cultura Caldo Verde Brilhante Bile 2%, que é composto por bile de origem bovina, digestão péptica de tecido animal (peptona), lactose e corante verde brilhante. Este meio de cultura contém inibidores para o crescimento de organismos gram-negativos e gram-positivos O verde brilhante é um corante que tem ação antibiótica contra bactérias gram-positivas. Enquanto isso, a bile é um fluido natural do corpo humano, selecionando organismos tolerantes a esta substância, além de ser um surfactante que perturba membranas e inibe as bactérias gram-negativas (IONLAB Produtos Laboratoriais, 2015; SPLABOR, 2011). Após os testes presuntivo e confirmativo, pode ser realizado o teste para detecção de coliformes de origem fecal utilizando um meio de cultura altamente seletivo. O meio de cultura Caldo EC possui em sua composição caseína enzimática hidrolisada, lactose, cloreto de sódio, fosfato dipotássico, fosfato monopotássico e sais biliares. Quando este meio é inoculado e incubado entre 44°C e 45,5°C, de 24 a 48 horas ele é capaz de selecionar Escherichia coli e espécies de coliformes de origem fecal relacionados, inibindo a maioria de outros microrganismos. Desta forma, através deste teste é possível confirmar a presença de coliformes fecais na amostra de água analisada, confirmando a contaminação fecal da água (BRASIL, 2009; IONLAB Produtos Laboratoriais, 2015). Levando em consideração que os métodos de quantificação são valores aproximados, para aumentar a significância estatística é vantajoso o uso da metodologia científica das replicatas, pois duplicando ou triplicando o espaço amostral, é possível fazer uma média dos valores obtidos e assim garantir que o valor estimado está próximo ao valor real (MADINGAN et al., 2010). Diante disso, com o objetivo de aprender a realizar um método alternativo de contagem para estimar a densidade bacteriana em água, comparar o método com as demais técnicas de contagem e compreender o mecanismo de determinação de coliformes totais de uma amostra, foi realizada a prática de estimativa de coliformes totais em amostra de água. Além disso, a prática buscou estimular os alunos a pensar sobre a importância da técnica do Número Mais Provável (NMP). Os objetivos serão alcançados por meio do contato dos alunos com os testes exigidos pela Portaria 2.914, de 12 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde, para analisar amostras deágua, realizando comparações com a tabela do NMP. METODOLOGIA Nos dias 11 e 13 de maio de 2016, a prática aqui descrita foi realizada no Laboratório Didático de Microbiologia (LADMI), localizado no bloco 906, Departamento de Biologia, na Universidade Federal do Ceará (UFC), durante as aulas da disciplina de Microbiologia Geral, lecionadas pela Prof. Dra. Vânia Maria Maciel Melo, com o auxílio dos monitores Paulo Ricardo Santos de Sousa e Fernando César Araújo Moreira. Durante a aula prática, para realização da estimativa de coliformes totais em amostras de água através da técnica do número mais provável, foram analisadas uma amostra de suco coletada no Restaurante Universitário do Campus do Pici, amostra de água do bebedouro localizado na área externa do Restaurante Universitário, amostra de água do bebedouro da copa do bloco 906, amostra de água do bebedouro do andar térreo do bloco 906, amostra de água do bebedouro do 2° andar do anexo do bloco 906, amostra de água do bebedouro do 2° andar do bloco 907 e uma amostra da água do Açude Santo Anastácio, todos localizados no Campus do Pici da Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza, Ceará. Também foram utilizadas culturas da bactéria Escherichia coli em Caldo Nutritivo, crescidas por 48 horas, para realização do teste de controle. Os materiais necessários para a realização da prática foram tubos de ensaio contendo, cada um, 10mL de meio de cultura Caldo Lactose preparado com concentração dupla, para inoculação da diluição 1:1 das amostras; tubos de ensaio contendo, cada um, 10mL de meio de cultura Caldo Lactose preparado com concentração simples, para inoculação das diluições 1:10 e 1:100 das amostras; tubos contendo 9mL de solução salina fisiológica 0,9% estéril, para realização das diluições; tubos de Falcon contendo cada um, 10mL de meio de cultura Bile Verde Brilhante, para realização do teste confirmativo; alça de inoculação de níquel-cromo com cabo de Kolle, utilizada para coletar amostras de microrganismos e inocular meios de cultura; agitador de tubos, para homogeneizar a amostra, dispersando as unidades celulares das bactérias na solução líquida; estufa bacteriológica, para incubação das culturas; banho-maria, para crescimento de células; tubos de Durhan, que tem por função o acúmulo de gás no seu interior em caso de liberação por processos metabólicos do organismo presente na amostra; tubos Falcon com 10mL de meio Bile Verde Brilhante (BVB), usado para a realização do teste confirmativo de coliformes totais; bico de Bunsen, pipetas e canetas de tinta permanente. Na prática realizada pelos alunos Caroliny Soares Silva, Gabriela Alves Valentim, Laís Belmino Régis e Natanael Costa Rebouças, foi utilizada a amostra de suco do Restaurante Universitário. Antes de iniciar os processos de diluições da amostra do suco, todos os tubos foram devidamente identificados com o número da bancada, identificação da amostra, diluição, data e número do tubo. A partir desse ponto iniciaram-se as diluições, seguindo sempre as técnicas assépticas recomendadas para reduzir a possibilidade de contaminação. Durante a realização das diluições, todos os utensílios e vidrarias foram manipulados em acordo com as técnicas assépticas recomendadas. Para realização do teste controle, foram preparadas diluições seriadas, de 10-1 a 10-8 a partir de uma cultura pura de Escherichia coli cultivada em Caldo Nutritivo. Para realizar as diluições, todos os tubos de Falcon que seriam utilizados foram devidamente identificados. Logo após, 1mL do Caldo Nutritivo foi inoculado em um tubo de Falcon contendo 9mL de solução salina fisiológica 0,9% estéril. O tubo foi, então, levado ao agitador para homogeneização. Esse procedimento deu origem a diluição 10-1 da colônia de E. coli. Inoculando 1mL da diluição 10-1 em outro tubo de Falcon contendo solução salina, foi preparada a diluição 10-2. Este processo de diluição seriada deu origem às diluições posteriores seguindo o mesmo procedimento, até que a diluição 10-8 fosse alcançada. Em seguida, 1mL de cada diluição foi inoculado em tubos de ensaio contendo 10mL do meio de cultura Caldo Lactose. Os tubos foram incubados em estufa bacteriológica a 36°C por 48 horas. Na análise, todo tubo que contivesse produção de gás e turvação do meio foi considerado positivo. Caso houvesse a ausência da produção de gás ou da turvação, o resultado foi considerado negativo. O primeiro teste realizado foi o presuntivo, que utiliza os tubos de ensaio contendo meio Caldo Lactose. As amostras foram analisadas nas diluições de 1:1, 1:10 e 1:100, em triplicada. Os procedimentos descritos abaixo foram realizados para cada uma das amostras processadas durante a realização da prática. A primeira diluição realizada foi 1:1. Foram inoculados, com o auxílio da pipeta, 10mL da amostra em cada um dos três tubos de ensaio contendo 10 mL do meio de cultura Caldo Lactose, preparado com diluição dupla e tubo de Durhan. Para o preparo da diluição 1:10, foram inoculados, com o auxílio de uma pipeta, 1mL da amostra analisada em cada um dos três tubos de ensaio contendo 10mL do meio de cultura preparado com diluição simples e tubo de Durhan. No preparo da diluição 1:100, foram inoculados, com o auxílio de uma pipeta, 100μL da amostra em cada um dos três tubos de ensaio contendo 10mL do meio de cultura Caldo Lactose, preparado com diluição simples e tubo de Durhan. Os tubos foram incubados em estufa bacteriológica a 36°C por 48 horas. Após a incubação foi realizada a análise dos resultados. A análise consistiu na observação de dois caracteres: liberação de gás e turvação do meio, ambos observados a olho nu. Todo tubo que contivesse as duas características foi considerado como resultado positivo. Quando houve a ausência da produção de gás ou da turvação, o resultado foi considerado negativo, como observado na tabela 1. Tabela 1 - Critérios para classificação dos resultados do teste presuntivo da Técnica do Número Mais Provável (NMP). Fonte: Elaborado pelos autores. Tipo de crescimento Resultado Produção de gás Turvação do meio de cultura Presente Presente Positivo (+) Ausente Presente Negativo (-) Ausente Ausente Negativo (-) Na etapa do teste confirmativo os tubos que obtiveram resultado positivo no teste presuntivo tiveram seu conteúdo repicado para tubos de Falcon contendo meio de cultura Caldo Bile Verde Brilhante, como ilustrado na figura 01. Os tubos de Falcon com o meio BVB foram identificados da mesma forma que os tubos do teste presuntivo. Os primeiros tubos repicados foram os da diluição 1:1. Com o auxílio de uma alça de inoculação de níquel-cromo, um pequeno volume do Caldo Lactose foi colhido e inoculado em um tubo Falcon contendo 10mL de meio de cultura Bile Verde Brilhante e tubo de Durhan. Os tubos inoculados com a diluição 1:10 foram repicados, igualmente, com o auxílio de uma alça de inoculação. Partindo da mesma metodologia, uma pequena quantidade do Caldo Lactose foi colhido e inoculado em 10mL do meio de cultura Bile Verde Brilhante e tubo de Durhan. Por fim, foram repicados os tubos da diluição 1:100. Com o auxílio da alça de inoculação, um pequeno volume do Caldo Lactose foi colhido e inoculado em um tubo Falcon contendo 10mL de meio de cultura Bile Verde Brilhante e tubo de Durhan. Após o período de incubação na estufa bacteriológica a uma temperatura de aproximadamente 36°C, por um período de 48 horas, os tubos Falcon foram analisados. A etapa de análise consistiu em observar as mesmas características observadas no teste presuntivo e apresentadas na Tabela 01: liberação degás e turvação do meio. Os tubos considerados positivos continham a presença de gás e turvação no meio. Na ausência de ao menos uma característica, o resultado era considerado negativo. Figura 1 - Meios de cultura Caldo Lactose positivos para presença de bactérias fermentadoras de lactose e tubos de Falcon contendo meio Bile Verde Brilhante. Fotografia por: Caroliny Soares. A última etapa consiste no teste de detecção de coliformes fecais, também chamada de teste complementar. Os tubos que obtiveram resultado positivo no teste confirmativo foram repicados para tubos de ensaio contendo o meio de cultura Caldo EC. Este tubos foram marcados com a mesma identificação que os tubos do teste confirmativo. Um pequeno volume dos tubos com resultado positivo foi colhido com o auxílio da alça de inoculação e inoculados nos tubos de ensaio com Caldo EC que possuíam a mesma identificação do tubo original. Após o período de incubação no banho-maria a uma temperatura de aproximadamente 44,5°C, por um período de 48 horas, os tubos de ensaio foram analisados. Os tubos considerados positivos continham a produção de gás e turvação no meio. Na ausência de uma ou ambas características, o resultado era considerado negativo. RESULTADOS E DISCUSSÃO No resultado do teste controle, todos os tubos inoculados com as diluições da amostra de cultura de Escherichia coli apresentaram resultado positivo, com exceção de um dos tubos com diluição de 10–6, provavelmente devido a um erro no processo de inoculação deste tubo. Ao fim do teste presuntivo, os tubos contendo o meio de cultura Caldo Lactose e inoculados com as diluições da amostra do suco coletado no Restaurante Universitário apresentaram produção de gás e grande turvação do meio, como observado na figura 2. Essas características conferem ao teste o resultado positivo em todos os tubos. O teste controle mostra que, apesar do grande número de diluições, o teste presuntivo apresenta eficiência ao indicar a presença de células bacterianas fermentadoras no amostra analisada. Os tubos inoculados com as diluições da amostra de água coletada no Açude Santo Anastácio apresentaram turvação do meio de cultura e produção de gás. Todos os tubos foram considerados como resultado positivo. Todos os tubos que continham as amostras de água coletadas nos bebedouros do Campus do Pici apresentaram resultado negativo, mostrando-se livres de coliformes totais e contaminação fecal. Figura 2 - Resultado do teste presuntivo da amostra de suco coletada no Restaurante Universitário. Fotografia por: Caroliny Soares. O resultado positivo em um teste a partir de inoculação no Caldo Lactose permite comprovar a existência de bactérias capazes de fermentar lactose na amostra coletada. No entanto, esse teste não confirma a existência de coliformes, tornando necessária a realização do teste confirmativo. No teste confirmativo, os tubos com diluições provenientes do suco coletado no Restaurante Universitário apresentaram 8 resultados positivos e 1 negativo, como observado na figura 3. O tubo 2 da diluição 1:100 não apresentou produção de gás, conferindo a este resultado negativo. Os tubos com diluições provenientes da amostra de água coletada do Açude Santo Anastácio apresentaram 7 resultados positivos e 2 resultados negativos. O tubo 1 da diluição 1:1 e o tubo 3 da diluição 1:10 não apresentaram produção de gás, indicando resultado negativo, como observado na figura 4. Figura 3 - Resultado do teste confirmativo realizado com amostra de suco coletado do Restaurante Universitário. À esquerda, diluição 1:1; no centro, diluição 1:10 e à direita,diluição 1:100. Fotografia por: Paulo Ricardo Sousa. Figura 4 - Resultado do teste confirmativo realizado com amostra de água coletada do Açude Santo Anastácio. À esquerda, diluição 1:1; no centro, diluição 1:10 e à direita, diluição 1:100. Fotografia por: Paulo Ricardo Sousa. O Caldo Bile Verde Brilhante é um meio de cultura altamente seletivo para detecção de coliformes, utilizado para análise de organismos em amostras de alimento e água. O uso deste meio para a realização de teste confirmativo é recomendado pelo Comitê ISO, de acordo com a ISO 4831:1991. No entanto, os coliformes detectados não possuem necessariamente origem fecal, tornando necessária a realização de um teste complementar para confirmar a origem destes. No teste para detecção de coliformes de origem fecal, os tubos com diluições da amostra do suco coletado no Restaurante Universitário apresentaram 8 resultados positivos, apresentando produção de gás. Os tubos com diluições da amostra de água coletada do Açude Santo Anastácio apresentaram 7 resultados positivos. Portanto, todos os tubos que apresentaram resultado positivo para presença de coliformes tiveram a origem fecal destes confirmada. Os resultados da análise da amostra do suco coletado do Restaurante Universitário encontram-se expressos na tabela 2. Os resultados encontrados nos testes realizados com a amostra do Açude Santo Anastácio encontram-se na tabela 3. Tabela 2 - Resultados da análise bacteriológica de amostra de suco coletada no Restaurante Universitário do Campus do Pici da Universidade Federal do Ceará. Fonte: Elaborada pelos autores. Suco do Restaurante Universitário Diluições Teste presuntivo Teste confirmatório Teste complementar 1:1 + + + + + + + + + 1:10 + + + + + + + + + 1:100 + + + + - + + + Tabela 3 - Resultados da análise bacteriológica de amostra de água coletada Açude Santo Anastácio, no Campus do Pici da Universidade Federal do Ceará. Fonte: Elaborada pelos autores. Açude Santo Anastácio Diluições Teste presuntivo Teste confirmatório Teste complementar 1:1 + + + - + + + + 1:10 + + + + + - + + 1:100 + + + + + + + + + Os resultados da análise da amostra do suco coletado do Restaurante Universitário apresentam 3 tubos positivos na diluição 1:1, 3 tubos positivos na diluição 1:10 e 2 tubos positivos na diluição 1:100. Aplicando os valores encontrados na Tabela de Hoskins para 3 tubos, encontramos o NMP de 1100 organismos por 100mL (SOARES et al., 1987). A Portaria 2.914, de 12 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde, estabelece que água apropriada para consumo humano, em toda e qualquer situação, deve estar ausente de Escherichia coli ou coliformes termotolerantes em 100mL. Portanto, o suco servido no Restaurante Universitário pode ser classificado como impróprio para o consumo humano. No entanto, a Portaria exige ainda que sejam realizadas coletas diárias e posterior análise, além da contagem de bactéria heterotróficas (BRASIL, 2006). Os resultados da análise da amostra de água coletada do Açude Santo Anastácio apresentam 2 tubos positivos na diluição 1:1, 2 tubos positivos na diluição 1:10 e 3 tubos positivos na diluição 1:100. Contudo, o número de tubos positivos encontrados aqui, 2-2-3, não é contemplado pela Tabela de Hoskins, sendo o resultado do teste inconclusivo. (SOARES et al., 1987). CONCLUSÃO A prática de Estimativa de coliformes totais em amostras de água utilizando a Técnica do Número Mais Provável (N.M.P.) possibilitou avaliação do número de organismos bacterianos existentes em amostras de líquidos com os quais os alunos possuem bastante contato diário. Mostrando resultados relevantes para o seu cotidiano, como, por exemplo, o fato de uma amostra de suco do Restaurante Universitário estar bastante contaminada. A prática permitiu aos alunos o conhecimento de uma técnica alternativa e ainda eficiente de contagem de organismos em para estimativa da densidade bacterianaem uma amostra de água. Além disso, ela trouxe aos alunos o contato com a Portaria 2.914 e outros documentos que discutem sobre análise bacteriológica de água. A técnica do Número Mais Provável é importante em diversos tipos de análises microbiológicas, porque apesar das várias etapas necessárias, é uma técnica simples, relativamente barata e que permite a análise da presença de coliformes em uma variedade de densidades celulares, sendo amplamente utilizada em laboratórios com menos recursos financeiros. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual prático de análise de água. 3°ed. rev. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 de dezembro de 2011. Seção 1, p. 39. IONLAB Produtos Laboratoriais. Produtos. Meios de Cultura. Caldos. Caldo Lactose (Meio Fluido de Lactose). 2015. Disponível em: <http://www.ionlab.com.br/ produtos/meios-de-cultura/item/213-caldos/1490-caldo-lactose-meio-fluido-de- lactose>. Acesso em: 22 mai. 2016. IONLAB Produtos Laboratoriais. Produtos. Meios de Cultura. Caldos. Caldo Verde Brilhante Bile 2%. 2015. Disponível em: <http://www.ionlab.com.br/produtos/meios- de-cultura/item/1469-caldo-verde-brilhante-bile-2>. Acesso em: 22 mai. 2016. IONLAB Produtos Laboratoriais. Produtos. Meios de Cultura. Caldos. Caldo EC. 2015. Disponível em: < http://www.ionlab.com.br/produtos/meios-de-cultura/item/213- caldos/1489-caldo-ec >. Acesso em: 22 mai. 2016. MADIGAN, M. T., MARTINKO, J. M., DUNLAP, P. V., CLARK, D. P. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. MADIGAN, M. T., MARTINKO, J. M., DUNLAP, P. V., CLARK, D. P. Microbiologia de Brock. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. SOARES, J. B., CASIMIRO, A. R. S., ALBUQUERQUE, L. M. B. de. Microbiologia Básica. Fortaleza: Edições UFC, 1987. SPLABOR. Meios de Cultura. Meios para Análise de Água. Caldo Bile Verde Brilhante 2% - Modelo M121. 2011. Disponível em: <http://www.splabor.com.br/ meios-de-cultura/meios-para-analise-de-gua/caldo-bile-verde-brilhante-2-modelo- m121.html>. Acesso em: 24 mai. 2016.
Compartilhar