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ACADÊMICA: JULIA CANAL Curso de Medicina Veterinária 2015 Fonte: DYCE, K. M; SACK, W. O; WENSING, C.J.G. Tratado de anatomia veterinária. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2010. RESUMO DE ANATOMIA – TEGUMENTO INTRODUÇÃO O tegumento corresponde a pele juntamente com glândulas cutâneas e pelos, assim como outras áreas específicas como garras, cascos, cornos e chifres. PELE A pele é considerada o maior órgão dos mamíferos, recobrindo todo o corpo e se unido a orifícios naturais. Tem valor econômico através da comercialização de couro e lã. Suas funções são de extrema importância para a sobrevivencia dos animais, já que a mesma protege contra agressões, impede a invasão de micro-organismos, tem papel importante na termo regulação corporal, além disso, a pele é semipermeável, impedindo a desidratação por perda de água e eletrólitos, mas permitindo a entrada de certas substâncias geralmente lipídicas, como pomadas. A pele também funciona como depósito de água e gordura, importantes como reserva energética e proteção contra choques mecânicos. A coloração da pele e pelos varia entre os seres vivos, esses pigmentos protegem a pele contra a radiação ultra violeta. A coloração de mamíferos não costuma mudar muito, por isso qualquer mudança pode ser um sinal de alerta, a cianose (cor azulada) por exemplo indica insuficiência nas trocas gasosas, icterícia (cor amarelada) ou até palidez. A pele é composta por duas principais camadas, uma chamada epiderme formada por camadas de células epiteliais muitas vezes queratinizadas na parte externa do tecido, e a outra camada chamada de derme, que é fibroelástica resistente. A epiderme é continuamente renovada, sendo que as células da superfície vão desprendendo-se e a perda é suprida pela renovação celular que acontece na parte mais profunda da epiderme. As células filhas vão migrando lentamente para a superfície, enquanto as mais superficiais vão morrendo e se queratinizando, propiciando uma camada mais rígida e sem vida que serve como proteção. As camadas de epiderme são mais espessas e queratinizadas onde a pele é exposta a intenso uso como ocorre nos coxins por exemplo. Não há vasos sanguíneos ou linfáticos na epiderme, que é nutrida através de difusão da derme. A derme é rica em fibras de colágeno organizadas em feixes, densamente agrupados. Também há fibras elásticas presentes, estas propiciam a pele uma flexibilidade, essa camada é irrigada abundantemente por vasos sanguíneos. Existe algumas projeções entre a derme e a epiderme, chamadas que papilas dérmicas, a adesão entre essas duas estruturas não permite o fácil rompimento entre elas. Essas cristas geralmente se desenvolvem em lugares que sofrem mais atrito. A tela subcutânea consiste em um tecido conjuntivo frouxo entremeado por tecido adiposo localizado abaixo da derme, sua quantidade varia de acordo com a situação, é mais delgado em locais que não se deseja movimento da pele. Essa tela é particularmente abundante em cães e gatos, em suínos, baleias e humanos há um acúmulo de lipídeos particularmente maior que outras espécies. Os vasos sanguíneos cutâneos surgem das fáscias dos músculos superficiais, as artérias ficam na derme e se alojam na base das papilas dérmicas para nutrir a epiderme. A variação do fluxo desses vasos desempenha um importante papel da regulação térmica corporal, quando a temperatura corpórea se eleva acontece uma vasodilatação que propicia perda de calor (maior irrigação sanguínea nas glândulas sudoríparas que produzem o suor, que faz a perda de calor através da evaporação). De modo inverso, a constrição de vasos superficiais ocorre em ambientes frios para evitar a perda de calor nas extremidades, e assim concentrar o calor em órgãos vitais. Além da rica circulação sanguínea, a pele também possui uma inervação sensorial rica, que permite o animal ter uma boa percepção do ambiente. PELOS Os pelos são uma característica dos mamíferos, na maioria deles existe uma camada espessa de pelos que recobre o corpo, com exceção de áreas de glabras (naturalmente sem pelo) como por exemplo a boca, o ânus, a superfície dos pés e mãos. Uma pequena maioria dos mamíferos é escassa em pelos graças a evolução, como os suínos e humanos. O pelo é uma estrutura colunar flexível formada de células epiteliais intimamente consolidadas e altamente queratinizadas, consequentemente mortas. O mesmo possui um núcleo, um córtex e uma cutícula escamosa. Os pelos apresentam uma variedade de formas, podendo-se citar três formas principais, pelos de cobertura (lisos e rígidos) que são responsáveis pela proteção da pele do animal; a lã (também chamada de subpelo, são finos e ondulados) e os pelos táteis (são distribuídos restritamente pelo corpo e são associados a receptores táteis). Os pelos de cobertura geralmente crescem uniformemente na horizontal, dando a cobertura uma aparência lisa que é interrompida apenas por redemoinhos, cristas e linhas formadas onde diferentes correntes de pelos se divergem ou se combinam. Essa regularidade de pelos permite por exemplo o escoamento da chuva sem que ela alcance a pele, protegendo-a contra a perda de calor. Cada pelo cresce através de um pequeno orifício, que se projeta acima da superfície da pele, o folículo se desenvolve de um botão ectodérmico que também dá origem a duas glândulas da pele (sebácea e sudorípara). A glândula sebácea alcança o pelo e esse arranjo permite que o pelo receba a secreção oleosa que o recobre e é de suma importância para sua saúde. A extremidade proximal do folículos se liga a um pequeno músculo eretor do pelo que parte de uma fixação próxima das papilas dérmicas. A contração deste músculo é involuntária e pode ser estimulada por diversas causas, podendo-se citar o a baixa temperatura, onde o pelo fica eriçado e assim aprisiona mais ar quente, melhorando o isolamento do corpo. Outro exemplo é a reação de luta e fuga em alguns animais mediada pelo sistema nervoso simpático, onde os pelos do pescoço e dorso eriçados fornece ao animal uma aparência mais ameaçadora. As variações locais de pelos varia muito dependendo de hormônios (especialmente em humanos), como por exemplo a presença de barba em homens por conta da testosterona. Os pelos lanosos formam uma camada de subpelos, fornecendo uma cobertura macia. Esses pelos são finos e ondulados, mais curtos e mais numerosos em comparação com os pelos de cobertura. Além disso, esses pelos possuem valor comercial na fabricação de vestuário, utilizando principalmente ovinos e coelhos para retirada da matéria prima, já que os mesmos possuem grandes quantidades de lã. Os pelos táteis geralmente são mais grossos e projetam-se além dos pelos de cobertura adjacentes. A maior parte desses pelos é encontrada na face, principalmente no lábio superior e próximo aos olhos (pelos supraorbitias e infraorbitais), embora outros sejam encontrados. Os folículos de pelos táteis alcançam profundamente a tela subcutânea ou até mesmo os músculos superficiais. Esses pelos são caracterizados pela presença de um seio venoso repleto de sangue que é rodeado por uma grande quantidade de terminações nervosas, assim qualquer estímulo fornecido pela movimentação dos pelos táteis é amplificado por um movimento ondulatório no sangue e assim percebido pelas terminações nervosas. FONTE: autor desconhecido COXINS Os coxins são as almofadas sobre os quais os animais caminham. Essas estruturas são cobertas por uma rica epiderme cornificada desprovida de pelos. A derme não apresenta características especiais e sua maior parte é provida por uma tela subcutânea espessa e resistente,uma mistura de fibras colágenas e elásticas entremeadas com tecido adiposo. Os coxins são mais desenvolvidos nos mamíferos plantígrados (ex. urso), nos quais os coxins digitais, metacárpico, metatársico, cárpico e társico estão presentes. Nos digitígrados como os cães e os gatos apenas os coxins digitais, metatársico e metacárpico fazem contato com o solo, há um coxin cárpico de uso não óbvio, mas não há coxim társico correspondente. Fonte: (DYCE, K. M; SACK, W. O; WENSING, C.J.G., 2010) Fonte: (DYCE, K. M; SACK, W. O; WENSING, C.J.G., 2010) Nos ungulados, apenas os coxins digitais são funcionais e tocam o solo, são geralmente incorporados aos cascos, sendo chamados como bulbo nos ruminantes e suínos e de ranilha nos equinos. FONTE: (DYCE, K. M; SACK, W. O; WENSING, C.J.G., 2010) A ranilha dos equinos possui um ápice e uma base, e algumas outras estruturas. O equino diferentemente dos outros ungulados domésticos também apresenta coxins metacárpicos e metatársicos rudimentares (esporões), e coxins cárpicos e társicos vestigiais (castanhas) A tela subcutânea dos coxins dos cães, dos bulbos dos suínos e da ranilha dos equinos possuem glândulas sudoríferas cujos ductos formam canais por meio da derme espessa e cornificada. As secreções dessas glândulas funcionam como marcadores territoriais ou de rastro. FONTE: (DYCE, K. M; SACK, W. O; WENSING, C.J.G., 2010) UNHAS, GARRAS E CASCOS Os cascos são estruturas que englobam as falanges distais, e são modificações evolutivas da pele. Unhas garras e cascos possuem função de proteção dos tecidos subjacentes, porém tem outras funções secundárias como arranhar e cavar. O casco equino é a estrutura mais complexa e serve para reduzir a concussão do impacto dos pés e mãos, além de ter uma natureza elástica que auxilia no retorno do sangue para o coração. FONTE: (DYCE, K. M; SACK, W. O; WENSING, C.J.G., 2010) A parede do casco dos equinos é acentuadamente curva e os lados são agudamente flexionados para formar as denominadas barras. O espaço entre as barras é preenchido pela ranilha que é o coxim do equino. A sola que ocupa a superfície que entra em contato com o chão entre a parede e a ranilha encontra-se com a parede na junção conhecida como linha branca. A parede cresce distalmente da epiderme sobre a epiderme saliente, composta por diversas papilas direcionadas ao solo. A epiderme que recobre essas papilas produz túbulos córneos que se dirigem distalmente em direção à margem da parede. O tecido córneo que circunda os túbulos é menos estruturado formado pelas regiões interpapilares da derme. Os cascos dos ruminantes e dos suínos, apesar de ser semelhante ao de equino difere em vários aspectos: a parede é nitidamente curvada para formar uma margem dorsal (semelhante à garra); o coxim (bulbo) é relativamente grande e recobre toda a parte caudal do casco. Em todas as espécies, períodos de interrupção ou diminuição da produção do casco criam sulcos na parede, paralelos à região de formação do casco, essa pausa acontece-se quando há alguma restrição energética corporal. CORNOS Os cornos dos ruminantes domésticos são bases córneas providas pelos processos cornuais dos ossos frontais. Diferentemente dos chifres dos cervídeos, que caem e são substituídos anualmente, os cornos são permanentes e crescem de forma contínua. A derme apresenta-se firmemente aderida aos processo cornual (estojo córneo) e possui muitas papilas pequenas que asseguram que os cornos se prolonguem, assim como se tornem mais espessos à medida que crescem. A substância córnea assemelha-se a dos cascos, sendo composta por túbulos e intertúbulos córneos. Em geral os cornos são encontrados em ambos os sexos, não são observados em raças mochas, e em machos usualmente são mais maciços. O formato é característico de cada raça e reflete o tamanho do processo cornual. Em bovinos esse processo são invadidos pelos seios frontais que consequentemente são apertos quando um animal adulto é descornado. Os chifres são estruturas dos cervos, sendo eles robustas protuberâncias do crânio recobertas por pele, conhecida como veludo. Essa pele é removida por fricção do chifre em árvores e outros objetos quando o chifre não é mais necessário. FONTE: (DYCE, K. M; SACK, W. O; WENSING, C.J.G., 2010) GLÂNDULAS DA PELE As glândulas da pele se desenvolvem como brotos epidérmicos, geralmente se desenvolvem a partir de folículos pilosos primitivos e conservam essas conexões, os ductos conduzem a secreção dessas glândulas para os folículos pilosos adultos, onde esta é liberada para a superfície junto aos pelos. Existem dois tipos principais que ocorrem (sebáceas e sudoríparas), porém cada um deles ocorre em várias subvariedades e em formas mas especializadas. GLÂNDULAS SEBÁCEAS As glândulas sebáceas secretam uma espécie de lipídeo conhecido como sebo, essa secreção tem função de lubrificar e impermeabilizar a pele e a pelagem, além dessas, as glândulas sebáceas ainda tem função de distribuir o suor, retardar o crescimento bacteriano e em certas ocasiões servem como marcador territorial, reconhecidos por outros animais da espécie. Existem certas substâncias da secreção são conhecidas por serem sexualmente atrativas (ferormonios). A taxa de produção é controlada por hormônios esteroides. As Glândulas circum-orais são glandes e localizadas nos lábios dos gatos, os quais utiliza para marcar o seu território. A secreção é depositada diretamente pela fricção que o animal faz com a cabeça contra um objeto. As Glândulas cornuais são de odor e estão presentes em caprinos de ambos os sexos, localizadas caldomedialmente à base do corno, são muito produtivas nas épocas de monta, estimuladas pela testosterona. FONTE: (DYCE, K. M; SACK, W. O; WENSING, C.J.G., 2010) As Glândulas do seio infraorbital são localizadas em um seio cutâneo rostral ao olho presente na face de ovinos. Essas glândulas servem como marcadores territoriais e para identificação do filhote com a mãe, já que ao mamar ele marca sua mãe. FONTE: (DYCE, K. M; SACK, W. O; WENSING, C.J.G., 2010) As glândulas cárpicas estão presentes em suínos e gatos, estão localizadas na porção meiopalmar do carpo, são encontradas em ambos os sexos e servem para indicar demarcação territorial. Os suínos machos fazem um uso particular, marcam as fêmeas durante a cópula. FONTE: (DYCE, K. M; SACK, W. O; WENSING, C.J.G., 2010) Os seios interdigitais são encontrados nos membros torácicos e pélvicos de ovinos em ambos os sexos, nesse local está localizadas glândulas sebáceas conhecidas como glândulas do seio interdigital, cuja a secreção serosa é liberada em um único orifício acima dos cascos e serve como um “marcador de trilha”. FONTE: (DYCE, K. M; SACK, W. O; WENSING, C.J.G., 2010) As glândulas prepuciais são sebáceas e sudoríferas localizadas dentro do prepúcio cujas secreções se combinam com células de demarcação para formar uma substância conhecida como esmegma. Essas glândulas são mais desenvolvidas no suíno. Sua secreção proporciona o odor característico do suíno. FONTE: (DYCE, K. M; SACK, W. O; WENSING, C.J.G., 2010) As glândulas caudais estão presentes em carnívoros, são coleções de grandes glândulas sebáceas e serosas estão presentes em uma placa oval localizada na superfície dorsal da cauda. A atividade dessas glândulas é maior durante a estação de acasalamento. A placa está localizada mais proximalmente em gatos, em direção à raiz da cauda, do que em cães. FONTE: (DYCE, K. M; SACK, W. O; WENSING, C.J.G., 2010) As glândulas circum-anais são restritasà pele perineal de certos carnívoros, incluindo os cães provavelmente sua secreção é que desperta a atenção especial à região anal quando os cães se cheiram e estão relacionadas com a dominância entre os animais. FONTE: (DYCE, K. M; SACK, W. O; WENSING, C.J.G., 2010) Glândulas dos seios paranais são bolsas cutâneas que se abrem ao lado do ânus dos carnívoros. A secreção, que é particularmente repulsiva quanto ao odor, é expelida durante a defecação e, aparentemente, tem a função de demarcação territorial. É bem conhecido que os gambás podem expelir completamente o conteúdo dos sacos para se defender de agressores. FONTE: (DYCE, K. M; SACK, W. O; WENSING, C.J.G., 2010) GLÂNDULAS SUDORÍFERAS Essas glândulas estão dispersas por todo o corpo, existem dois tipos distintos pelos processos secretórios, as glândulas sudoríferas apócrinas secretam um conteúdo albuminoso nos folículos pilosos sobre a maior parte do corpo, já as glândulas écrinas secretam um conteúdo mais aquoso diretamente nas regiões glabras do corpo (sem pelo naturalmente). A variedade apócrina predomina, e sua secreção e subsequente evaporação são importantes no metabolismo dos sais e na regulação da temperatura corpórea. A secreção é degradada por bactérias, que produzem substâncias que proveem odor corpóreo característico.
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