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Roteiro Direito Civil; Direito das Coisas - Direito de Propriedade

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Material Apoio / Direito Civil V - Direito Das Coisas (Direitos Reais) – 2016.2 
Professor Esp. Itamar José Fernandes - itamarjf@unipam.edu.br 
ROTEIRO 2 – PROPRIEDADE 
 
1 
 
1 - DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE OS DIREITOS REAIS 
Art. 1.225. São direitos reais: 
I - a propriedade; 
II - a superfície; 
III - as servidões; 
IV - o usufruto; 
V - o uso; 
VI - a habitação; 
VII - o direito do promitente comprador do imóvel; 
VIII - o penhor; 
IX - a hipoteca; 
X - a anticrese. 
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; 
XII - a concessão de direito real de uso. 
 
Direito real em coisa própria x direitos reais em coisa alheia 
A propriedade: é direito real sobre coisa própria, exercido de modo exclusivo (no condomínio, recai sobre a 
parte ideal), perante a coletividade (gera oponibilidade erga omnes, sequela e preferência) e possibilita o 
desmembramento dos poderes do domínio, sem prejuízo de manter íntegro o direito de propriedade
1
. 
Direitos reais em coisa alheia (ou direitos reais limitados): são todos os demais direitos previstos no referido 
artigo e subdividem-se em: 
Direitos reais de uso, gozo ou fruição: a superfície, as servidões, o usufruto, o uso, a habitação, a concessão 
de uso especial para fins de moradia e a concessão de direito real de uso; 
Direito real de aquisição: promitente comprador do imóvel; 
Direitos reais de garantia: a hipoteca, a anticrese, o penhor e a propriedade fiduciária. 
Obs.: O Código Civil de 2002 não repetiu dois direitos reais: a enfiteuse e as rendas constituídas sobre 
imóveis. 
 
Aquisição e transmissão a título derivado e inter vivos dos direitos reais 
Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, 
só se adquirem com a tradição. 
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem 
com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos 
expressos neste Código. 
 
Observações sobre tradição e registro 
→ A tradição, mediante a efetiva entrega da coisa móvel alienada ao adquirente, decorrente de um título que 
 
1
 O domínio pode ser esvaziado sem afetação do direito de propriedade. Na enfiteuse, por exemplo, retiram-se os quatro poderes do 
domínio, que são transferidos para o enfiteuta (domínio útil), permanecendo com o senhorio apenas o título de propriedade. Ver art. 
2.038 do CC/02 e arts. 678 a 694 do CC/16. Assim, o CC/2002 não extinguiu as enfiteuses existentes, mas impossibilitou a 
instituição de novas. 
 
Material Apoio / Direito Civil V - Direito Das Coisas (Direitos Reais) – 2016.2 
Professor Esp. Itamar José Fernandes - itamarjf@unipam.edu.br 
ROTEIRO 2 – PROPRIEDADE 
 
2 
 
exteriorize negócio translativo da propriedade e de outros direitos reais, é que converte o direito de crédito 
(obrigacional) em direito real. 
→ Nosso sistema segue a tradição do Direito romano, exige título mais modo. A tradição, nos casos do art. 
1.226 (titulo derivado e inter vivos) é constitutiva da propriedade e de outros direitos reais sobre móveis e é 
causal, por se encontrar ligada ao título que lhe deu origem. 
→ O contrato é o título, que somado ao modo (registro) provoca a transmissão e a aquisição de direitos reais 
sobre bens imóveis. O registro, portanto, é constitutivo do direito real sobre coisa imóvel e tem natureza de 
ato jurídico causal, pois permanece vinculado ao título que lhe deu origem. 
 
Exceções às regras legais de que a tradição e o registro são constitutivos do direito de propriedade 
- para coisas móveis: a usucapião, o achado de tesouro, a ocupação, a especificação, a adjunção, a confusão, a 
comistão e os casos de transmissão mortis causa (art. 1.784, CC) ou ex lege (casamento pelo regime da 
comunhão universal de bens, etc). 
- para coisas imóveis: a usucapião, a acessão (art. 1.248, CC), a transmissão mortis causa (art. 1.784, CC) ou 
ex lege (casamento pelo regime da comunhão universal de bens, etc). 
 
O registro gera presunção relativa ou absoluta de propriedade? 
Regra: presunção relativa, porquanto pode ser invalidado, retificado ou anulado, a depender da natureza do 
vício (arts. 1.245, § 2º e 1.247 do CC e enunciado 503 do CJF). 
Exceção: Registro pelo Sistema Torrens
2
. 
Enunciado 503 CJF: É relativa a presunção de propriedade decorrente do registro imobiliário, ressalvado o 
sistema Torrens
3
. 
 
2 - DA PROPRIEDADE EM GERAL 
Estrutura do direito de propriedade 
Direito amplo e complexo: um feixe de poderes sobre uma coisa (art. 1.228, CC). 
Necessárias distinções entre propriedade, domínio e posse. 
Efeitos diversos: a tutela jurídica da posse (ações possessórias), do domínio (ação publiciana) e da 
propriedade (ação reivindicatória). 
 
Resumindo e relembrando: 
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder 
de quem quer que injustamente a possua ou detenha. 
→ direito de usar (jus utendi); 
→ direito de gozar ou usufruir (jus fruendi); 
→ direito de dispor da coisa (jus abutendi); 
→ direito de reaver a coisa (rei vindicatio). 
 
2
 O Registro Torrens é um tipo especial de registro imobiliário, que goza de presunção de veracidade "jure et de jure", 
prevalecendo em relação ao registro comum. Reexame Necessário-Cv 1.0024.97.033094-0/001, Relator(a): Des.(a) Geraldo 
Augusto , 1ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 29/04/2008, publicação da súmula em 10/06/2008) 
3
 O Art. 277 da LRP (Lei 6.015/73) dispõe: Requerida a inscrição de imóvel rural no Registro Torrens, o oficial protocolará e 
autuará o requerimento e documentos que o instruirem e verificará se o pedido se acha em termos de ser despachado. 
 
Material Apoio / Direito Civil V - Direito Das Coisas (Direitos Reais) – 2016.2 
Professor Esp. Itamar José Fernandes - itamarjf@unipam.edu.br 
ROTEIRO 2 – PROPRIEDADE 
 
3 
 
Quem tem os quatro poderes (+ o título) = tem propriedade
4
; 
Quem tem os quatro poderes (– o título) = tem domínio5; 
Quem tem algum dos quatro poderes, em especial o uso ou o gozo e não tem o título = pode ter posse
6
. 
 
A sentença de procedência na ação publiciana permite o registro da propriedade? 
NÃO. Porque a sentença nesta ação é apenas para proteger o domínio, mediante a declaração judicial deste. 
Para adquirir a propriedade o interessado deve propor ação de usucapião. 
Observações: 
1 - Os professores Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald entendem que a prova produzida numa ação 
publiciana pode ser utilizada como prova emprestada na ação de usucapião. 
2 - Somente com o advento do CC/02 e com a lapidação do conceito de propriedade e domínio é que tornou 
possível a ação publiciana. Antes, propriedade e domínio eram tratados como sinônimos e, portanto, eram 
defendidos por meio da ação reivindicatória. 
 
Função social das propriedades: condicionante interna, obrigacionalização e funcionalização do direito. 
Previsão legal: Na Constituição Federal (arts. 5º, caput, XXII, XXIII; 170, III; 182; 186); No Código Civil de 
2002 (art. 1.228, § 1º). 
Doutrina: Para Miguel Reale é a materialização do paradigma da socialidade
7
. Para Noberto Bobbio, na obra 
“Da Estrutura à Função” é o estudo do “para o que serve?” (sua função, sua finalidade social) e não pela sua 
estrutura (“pelo que é?”). Para Eros Roberto Grau, é a evolução do “ter” para o “ser”, a humanização do 
direito de propriedade, concluindo, que esta humanização representa “a revanche da Grécia sobre Roma8.”. 
Para Cristiano Chaves de fariase Nelson Rosenvald é a valorização do “ser” sobre o “ter”, isto é, a promoção 
dos valores existenciais. 
Súmula 668 do STF: É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda 
Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento 
da função social da propriedade urbana. 
Obs.: Dentro da função social hospedam-se diferentes funções: função humana
9
, função ambiental
10
, 
econômica
11
 etc. 
 
Exemplos de função social das propriedades 
i - Função social da propriedade urbana: possibilidade de parcelamento, edificação e utilização compulsória 
do solo urbano, IPTU progressivo no tempo, desapropriação sob pena de o Prefeito que não a efetivar 
 
4
 Propriedade plena ou alodial. Por conta da oponibilidade erga omnes é exercido perante pessoas. 
5
 Não tem oponibilidade erga omnes e é exercido sobre a coisa, portanto, diferente do direito de propriedade. O domínio é uma 
relação material de submissão direta da coisa. Exemplo: aquele que preenche todos os requisitos da usucapião, mas ainda não foi 
reconhecido tal direito. Cabe ação publiciana para a defesa do domínio, que é uma ação meramente declaratória de domínio. Se se 
pretender o título terá que ajuizar ação de usucapião que além do efeito declaratório do domínio dá ensejo ao registro, isto é, ao 
título de propriedade (art. 1.260, CC). 
6
 Para defender a posse utiliza-se da autotutela da posse (legítima defesa e desforço incontinenti) ou das ações possessórias 
(interdito proibitório, manutenção e reintegração de posse), conforme arts. 1.210, do CC e 920 e seguintes do CPC). 
7
 Eticidade, operabilidade (concretude) e socialidade. 
8
 Grécia pensava; Roma era expansionista, conquistadora e patrimonialista. Roma venceu e a história incorporou os valores 
Romanistas, sobretudo, no ocidente de modo que o modelo de propriedade foi absoluto e privatístico. 
9
 Moradia, proibição de trabalho escravo etc. 
10
 Limites de reserva legal de propriedade rural, desapropriação especial para reforma agrária etc. 
11
 Tenho 10 imóveis, moro em um e alugo os outros nove. 
 
Material Apoio / Direito Civil V - Direito Das Coisas (Direitos Reais) – 2016.2 
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ROTEIRO 2 – PROPRIEDADE 
 
4 
 
praticar ato de improbidade específico (arts. 182, §§ 2º e 4º da CF/88 e Lei nº 10.257/2001 - Estatuto da 
Cidade); 
ii - Função social da propriedade rural (arts. 184
12
 e 186 da CF/88): desapropriação para fins de reforma 
agrária, quando o imóvel não cumprir função social. Há cumprimento da função social quando verifica o 
aproveitamento racional e adequado, a utilização dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio 
ambiente, observância das disposições que regulamentam as relações de trabalho, exploração que favoreça o 
bem-estar dos proprietários e trabalhadores; 
Enunciado 507 do CJF: Na aplicação do princípio da função social da propriedade imobiliária rural, deve 
ser observada a cláusula aberta do § 1º do art. 1.228 do Código Civil, que, em consonância com o disposto 
no art. 5º, inc. XXIII, da Constituição de 1988, permite melhor objetivar a funcionalização mediante 
critérios de valoração centrados na primazia do trabalho. 
iii - Função social da propriedade intelectual (direito autoral): quebra de patentes, utilização do nome de 
empresa
13
, proibição de cobrança de ECAD em espetáculos públicos, culturais, etc. 
iv – função social da empresa (variável da função social da propriedade): confira o enunciado 53 da jornada 
CJF: “empresariedade responsável”. Outros exemplos: meia entrada para estudantes em espetáculos de 
empresas que atuam no ramo artístico, cultural; Leis 10.048/2000 e 10.098/2000 – acessibilidade para as 
pessoas com deficiência. 
 
Teoria dos atos emulativos, desdobramento do abuso do direito e enunciado 49 do CJF 
Art. 1.228 ... 
§ 2
o
 São defesos
14
 os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam 
animados pela intenção de prejudicar outrem. 
Enunciado 49 do CJF: A regra do art. 1.228, § 2º, do Código Civil interpreta-se restritivamente, em 
harmonia com o princípio da função social da propriedade e com o disposto no art. 187 da mesma lei. 
 
Possibilidade de o proprietário ser privado da coisa 
Art. 1.228 ... 
... 
§ 3
o
 O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade 
pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente. 
 
Desapropriação judicial privada por posse-trabalho (alienação forçada) 
Art. 1.228 ... 
... 
§ 4
o
 O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na 
posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela 
houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse 
social e econômico relevante. 
 
12
 Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja 
cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do 
valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. 
13
 Quem registrou primeiro. A jurisprudência entende que quem utilizou primeiro, deu publicidade primeiro, relativizando o 
princípio da registrabilidade. 
14
 Vedados. 
 
Material Apoio / Direito Civil V - Direito Das Coisas (Direitos Reais) – 2016.2 
Professor Esp. Itamar José Fernandes - itamarjf@unipam.edu.br 
ROTEIRO 2 – PROPRIEDADE 
 
5 
 
§ 5
o
 No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o 
preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. 
Obs.: Ver tabela comparativa com a usucapião especial urbana (art. 10 da Lei 10.527/2001) e enunciados 
das jornadas do CJF. 
 
Extensão do direito de propriedade: 
Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e 
profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, 
por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las. 
Art. 1.230, CC: A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os 
potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais. 
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego 
imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto 
em lei especial. 
Art. 176, CF: As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica 
constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à 
União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra. 
 
Presunções decorrentes do direito de propriedade 
Art. 1.231. A propriedade presume-se plena
15
 e exclusiva, até prova em contrário. 
Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, 
salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem. 
 
Tutela jurídica da propriedade: 
Ação reivindicatória: exige prova do título, tem natureza declaratória e é imprescritível. 
Procedimento comum ordinário: exige cogniçãomais profunda (exauriente), sem possibilidade de liminar
16
. 
Admite tutela antecipada, se presentes os requisitos específicos (art. 273 do CPC / NCPC, art. 300). 
Competência: é fixada pelo art. 95 do CPC / art. 47 do NCPC (foro da situação do imóvel/coisa), tratando-se 
de competência absoluta. 
- Pressupostos: a) a prova da titularidade do domínio, pelo autor, da área reivindicando; b) a individuação da 
coisa; c) a posse injusta do réu (desprovida de título). 
- Legitimidade ativa: a) compete a reivindicatória ao senhor da coisa, ao titular do domínio; b) não se exige 
que a propriedade seja plena. Mesmo a limitada, como ocorre nos direitos reais sobre coisas alheias e na 
resolúvel, autoriza a sua propositura; c) cada condômino pode, individualmente, reivindicar de terceiro a 
totalidade do imóvel (CC, art. 1.314); d) o compromissário comprador, que pagou todas as prestações, possui 
todos os direitos elementares do proprietário e dispõe, assim, de título para embasar ação reivindicatória. 
- Legitimidade passiva: a) a ação deve ser endereçada contra quem está na posse ou detém a coisa, sem título 
ou suporte jurídico; b) a boa-fé não impede a caracterização da injustiça da posse, para fins de 
reivindicatória; c) ao possuidor direto, citado para a ação, incumbe a nomeação à autoria do proprietário 
 
15
ou propriedade alodial: quando os atributos de usar, fruir, dispor e reivindicar concentrar nas mãos do proprietário. Entretanto 
pode ocorrer que esses atributos/faculdades sejam desmembrados, criando-se direitos reais limitados a favor de terceiros, 
restringindo a extensão (propriedade limitada). 
16
 Se o proprietário, pela imediatividade, se preferir, pode valer da ação possessória, ante a possibilidade de pleitear liminar, desde 
que faça antes de ano e dia. 
 
Material Apoio / Direito Civil V - Direito Das Coisas (Direitos Reais) – 2016.2 
Professor Esp. Itamar José Fernandes - itamarjf@unipam.edu.br 
ROTEIRO 2 – PROPRIEDADE 
 
6 
 
(CPC, art. 62). 
 
Outros meios de defesa da propriedade: 
Ação negatória - É cabível quando o domínio do autor, por um ato injusto, esteja sofrendo alguma restrição 
por alguém que se julgue com um direito de servidão sobre o imóvel. 
Ação de dano infecto - Tem caráter preventivo e cominatório, como o interdito proibitório, e pode ser oposta 
quando haja fundado receio de perigo iminente, em razão de ruína do prédio vizinho ou vício na sua 
construção (CC, art. 1.280). Cabe também nos casos de uso anormal da propriedade vizinha. 
 
A propriedade resolúvel (arts. 1.359 e 1.360, CC) 
Art. 1.359, CC: “Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, 
entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo 
favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha.” 
Art. 1.360, CC: “Se a propriedade se resolver por outra causa superveniente, o possuidor, que a tiver 
adquirido por título anterior à sua resolução, será considerado proprietário perfeito, restando à pessoa, em 
cujo benefício houve a resolução, ação contra aquele cuja propriedade se resolveu para haver a própria 
coisa ou o seu valor.” 
Enunciado 509 da Jornada: A resolução da propriedade, quando determinada por causa originária, prevista 
no título, opera ex tunc e erga omnes; se decorrente de causa superveniente, atua ex nunc e inter partes. 
 
Comentários: 
Visa proteger terceiros de boa-fé. 
É exceção à regra da perpetuidade da propriedade. 
Perpetuidade: aquilo que se transmite. 
Vitaliciedade: aquilo que extingue com a morte do titular. 
No Brasil, a propriedade resolúvel pode apresentar com duas causas: originária ou derivada (ad tempus). 
 
A propriedade aparente 
Não consta do Código Civil, mas é aceita por renomados civilistas, como Orlando Gomes. 
Incidência da teoria da aparência no direito de propriedade. Proteção de terceiros de boa-fé. 
Exemplo: o herdeiro aparente. 
 
A responsabilidade civil do proprietário 
Regra geral: responsabilidade subjetiva. 
Exceções: responsabilidade objetiva (dono ou detentor de animal, ruína de prédio e coisa caída). 
Art. 936, CC: “O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da 
vítima ou força maior.” 
Art. 937, CC: “O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta 
provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.” 
Art. 938, CC: “Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele 
caírem ou forem lançadas em lugar indevido.” 
 
Material Apoio / Direito Civil V - Direito Das Coisas (Direitos Reais) – 2016.2 
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ROTEIRO 2 – PROPRIEDADE 
 
7 
 
 
3 - DESCOBERTA (ARTS. 1.233 A 1.237 DO CC): 
Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor. 
Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a 
coisa achada à autoridade competente. 
Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá direito a uma 
recompensa
17
 não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito 
com a conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la. 
Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa, considerar-se-á o esforço desenvolvido pelo 
descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades que teria este de encontrar a 
coisa e a situação econômica de ambos. 
Art. 1.235. O descobridor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou possuidor legítimo, quando 
tiver procedido com dolo. 
Art. 1.236. A autoridade competente dará conhecimento da descoberta através da imprensa e outros meios 
de informação, somente expedindo editais se o seu valor os comportar. 
Art. 1.237. Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do edital, não se 
apresentando quem comprove a propriedade sobre a coisa, será esta vendida em hasta pública e, deduzidas 
do preço as despesas, mais a recompensa do descobridor, pertencerá o remanescente ao Município em cuja 
circunscrição se deparou o objeto perdido. 
Parágrafo único. Sendo de diminuto valor, poderá o Município abandonar a coisa em favor de quem a 
achou. 
 
4 - MODOS AQUISITIVOS DA PROPRIEDADE PRIVADA 
Por causa originária
18
: 
→ Usucapião (arts. 1.238 a 1.242 do CC e outros). 
→ Acessões (art. 1.248, CC): naturais (arts.1.249 a 1.252, CC): avulsão, aluvião, formação de ilhas e 
abandono de álveo; humanas (atrs. 1.253 a 1.259, CC): são construções e plantações decorrentes da 
intervenção humana. 
Por causa derivada
19
: 
→ Registro do título translativo no Registro de Imóveis (1.245 a 1.247, CC); 
→ Sucessão hereditária (saisine – art. 1.784, CC). 
 
Observações: 
- função social registral ou função social da registrabilidade: O registro público pode despertar interesse 
de terceiros de boa-fé. O registro não pode prejudicar a coletividade. Confira o RE 175.739/SP – 
responsabilidade civil do Estado por erro no registro civil (objetiva, por culpa comissiva). No Resp. 
675.361/CE o STJ entendeu que o terceiro de boa-fé merece proteção, mesmo quando se trata de fraude de 
execução. Esse entendimento levou a edição da Súmula 375 do STJ. 
 
17
 Achádego. 
18
 Não há relação jurídica de translatividade (sem transferência) entre o anterior e o novo proprietário, que recebe a coisa livre e 
desembaraçada. 
19Existe relação jurídica de translatividade (transferência) entre o anterior e o novo proprietário. Portanto, o novo proprietário 
recebe a coisa com todos os vícios e gravames que eventualmente pesem sobre ela. 
 
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ROTEIRO 2 – PROPRIEDADE 
 
8 
 
- hipóteses de retificação de registro (arts. 212 e 213 da LRP): 
a) retificação em cartório: quando não houver interesse de terceiros (procedimento administrativo). 
Exemplo: correção do nome do adquirente. 
b) retificação em juízo/vara registral: quando houver interesse de terceiros, mas não repercutir em ampliação 
de área (procedimento de jurisdição voluntária), podendo decidir por equidade, porque não está adstrito à 
legalidade estrita. Exemplo: retificação de preço do contrato de compra e venda. 
c) retificação em vara cível: quando houver interesse de terceiros e ampliação da área imobiliária 
(procedimento comum ordinário). 
Obs.: usucapião tabular (art. 214, § 5º da LRP): é a alegação de usucapião dentro da contestação pelo Réu da 
ação anulatória ou declaratória de nulidade do registro
20
. O juiz nulificará o registro anterior e constituirá um 
novo registro. Há uma mutação da natureza do título, porquanto deixa de ser proprietário com causa 
derivada, passando a ser proprietário com causa originária. 
 
USUCAPIÃO: 
Considerações gerais: 
Aquisição, por título originário, da propriedade (móvel e imóvel) e de outros direitos reais suscetíveis de 
posse. O usucapiente adquire o imóvel livre e desembaraçado. 
Possibilidade de alegação como matéria de defesa (Súmula 237 do STF). 
Obs.: O Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) e a Lei 6.969/81 permitem o registro da sentença que acolheu 
usucapião como matéria de defesa, quando se tratar de usucapião especial rural e usucapião especial urbano. 
 
Requisitos da ação de usucapião 
Requisitos obrigatórios: 
→ Coisa idônea, suscetível de usucapião; 
→ Lapso temporal21 (ou posse prolongada); 
→ Posse qualificada (é uma posse mansa, pacífica, ininterrupta, contínua e com animus domini22). 
Requisitos Facultativos: 
→ Justo título: instrumento público ou privado que seria idôneo para transferir a propriedade, se não 
fosse um vício que pesa sobre ele. Exemplo: registro público nulo; 
→ Boa-fé (subjetiva – ignora o vício ou obstáculo que pesa sobre a posse) 
Obs.: a presença dos dois requisitos facultativos diminuirá o prazo para a usucapião. 
 
Usucapião Extraordinária (art. 1.238, CC): 
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, 
adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o 
 
20
 Decorre da presunção de que o registro é relativo, significa que pode ter sido erroneamente ou fraudulentamente constituído, isto 
é, pode ser nulo ou anulável. 
21
 Lembrar que o Código Civil, em alguns casos (art. 1.243), admite a soma de posses: 
Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus 
antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé. 
Enunciado 317 do CJF: A accessio possessionis de que trata o art. 1.243, primeira parte, do Código Civil não encontra 
aplicabilidade relativamente aos arts. 1.239 e 1.240 do mesmo diploma legal, em face da normatividade do usucapião 
constitucional urbano e rural, arts. 183 e 191, respectivamente. 
22
 Neste ponto o Código se perfilha a teoria subjetiva da posse, de Savigny. Basta que o usucapiente prove que teve a posse – 
Súmula 263 do STF. A existência de relação contratual desqualifica a usucapião. 
 
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declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. 
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver 
estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. 
o Enunciado 564 CJF: As normas relativas à usucapião extraordinária (art. 1.238, caput, CC) e à usucapião 
ordinária (art. 1.242, caput, CC), por estabelecerem redução de prazo em benefício do possuidor, têm 
aplicação imediata, não incidindo o disposto no art. 2.028 do Código Civil. 
 
Usucapião Ordinária (art. 1.242, CC): 
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo 
título e boa-fé, o possuir por dez anos. 
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, 
onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que 
os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e 
econômico. 
 Enunciado 86 CJF: A expressão "justo título" contida nos arts. 1.242 e 1.260 do Código Civil abrange todo 
e qualquer ato jurídico hábil, em tese, a transferir a propriedade, independentemente de registro. 
Enunciado 569 CJF: No caso do art. 1.242, parágrafo único, a usucapião, como matéria de defesa, 
prescinde do ajuizamento da ação de usucapião, visto que, nessa hipótese, o usucapiente já é o titular do 
imóvel no registro. 
 
Usucapião Especial rural ou pró-labore (art. 191, CF e 1.239, CC): 
Art. 19, CF: Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos 
ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a 
produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. 
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. 
Art. 1.239, CC: Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco 
anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a 
produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. 
Enunciado 317 CJF: A accessio possessionis de que trata o art. 1.243, primeira parte, do Código Civil não 
encontra aplicabilidade relativamente aos arts. 1.239 e 1.240 do mesmo diploma legal, em face da 
normatividade do usucapião constitucional urbano e rural, arts. 183 e 191, respectivamente. 
 
Usucapião Especial urbano ou pró-moradia (art. 183, CF e 1.240, CC): 
Art. 183, CF: Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por 
cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-
lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, 
independentemente do estado civil. 
§ 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. 
§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. 
Art. 1.240, CC: Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, 
por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-
lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
 
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§ 1
o
 O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, 
independentemente do estado civil. 
§ 2
o
 O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma 
vez. 
Enunciado 85 CJF: Para efeitos do art. 1.240, caput, do novo Código Civil, entende-se por "área urbana" o 
imóvel edificado ou não, inclusive unidades autônomas vinculadas a condomínios edilícios. 
Enunciado 314 CJF: Para os efeitos do art. 1.240, não se deve computar, para fins de limite de metragem 
máxima, a extensão compreendida pela fração ideal correspondente à área comum. 
 
Usucapião Especial Urbano Coletivo (arts. 10 a 12 do Estatuto da Cidade): 
Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por população de 
baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível 
identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, 
desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural. 
§ 1
o
 O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu 
antecessor, contanto que ambas sejam contínuas. 
§ 2
o
 A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual 
servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis. 
§ 3
o
 Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da 
dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os condôminos, 
estabelecendo frações ideais diferenciadas. 
§ 4
o
 O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo deliberação 
favorável tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de execução de urbanização 
posterior à constituição do condomínio. 
§ 5
o
 As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por maioria de votos 
dos condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou ausentes. 
Art. 11. Na pendência da ação de usucapião especial urbana, ficarão sobrestadas quaisquer outras ações, 
petitórias ou possessórias, que venham a ser propostas relativamente ao imóvel usucapiendo. 
Art. 12. São partes legítimas para a propositura da ação de usucapião especial urbana: 
I – o possuidor, isoladamente ou em litisconsórcio originário ou superveniente; 
II – os possuidores, em estado de composse; 
III – como substituto processual, a associação de moradores da comunidade, regularmente constituída, com 
personalidade jurídica, desde que explicitamente autorizada pelos representados. 
§ 1
o
 Na ação de usucapião especial urbana é obrigatória a intervenção do Ministério Público. 
§ 2
o
 O autor terá os benefícios da justiça e da assistência judiciária gratuita, inclusive perante o cartório de 
registro de imóveis. 
Art. 13. A usucapião especial de imóvel urbano poderá ser invocada como matéria de defesa, valendo a 
sentença que a reconhecer como título para registro no cartório de registro de imóveis. 
Art. 14. Na ação judicial de usucapião especial de imóvel urbano, o rito processual a ser observado é o 
sumário. 
 
 
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11 
 
Usucapião conjugal, familiar, por abandono de lar ou da meação (art. 1.240-A
23
, CC): 
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com 
exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade 
divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua 
família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou 
rural. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011) 
§ 1
o
 O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. 
Enunciado 498 CJF: A fluência do prazo de 2 (dois) anos previsto pelo art. 1.240-A para a nova modalidade 
de usucapião nele contemplada tem início com a entrada em vigor da Lei n. 12.424/2011. 
Enunciado 499 CJF: A aquisição da propriedade na modalidade de usucapião prevista no art. 1.240-A do 
Código Civil só pode ocorrer em virtude de implemento de seus pressupostos anteriormente ao divórcio. O 
requisito "abandono do lar" deve ser interpretado de maneira cautelosa, mediante a verificação de que o 
afastamento do lar conjugal representa descumprimento simultâneo de outros deveres conjugais, tais como 
assistência material e sustento do lar, onerando desigualmente aquele que se manteve na residência familiar 
e que se responsabiliza unilateralmente pelas despesas oriundas da manutenção da família e do próprio 
imóvel, o que justifica a perda da propriedade e a alteração do regime de bens quanto ao imóvel objeto de 
usucapião. 
Enunciado 500 CJF: A modalidade de usucapião prevista no art. 1.240-A do Código Civil pressupõe a 
propriedade comum do casal e compreende todas as formas de família ou entidades familiares, inclusive 
homoafetivas. 
Enunciado 501 CJF: As expressões "ex-cônjuge" e "ex-companheiro", contidas no art. 1.240-A do Código 
Civil, correspondem à situação fática da separação, independentemente de divórcio. 
Enunciado 502 CJF: O conceito de posse direta referido no art. 1.240-A do Código Civil não coincide com a 
acepção empregada no art. 1.197 do mesmo Código. 
 
Usucapião Tabular (art. 214, § 5º da Lei de Registros Públicos – Lei 6.015/73): 
Art. 214 - As nulidades de pleno direito do registro, uma vez provadas, invalidam-no, independentemente de 
ação direta. 
... 
§ 5
o
 A nulidade não será decretada se atingir terceiro de boa-fé que já tiver preenchido as condições de 
usucapião do imóvel. 
 
Usucapião administrativa (arts. 59 e 60 da lei 11.977/200 - Lei “Minha Casa, Minha Vida”). 
Art. 59. A legitimação de posse devidamente registrada constitui direito em favor do detentor da posse 
direta para fins de moradia. 
Art. 60. Sem prejuízo dos direitos decorrentes da posse exercida anteriormente, o detentor do título de 
legitimação de posse, após 5 (cinco) anos de seu registro, poderá requerer ao oficial de registro de imóveis 
a conversão desse título em registro de propriedade, tendo em vista sua aquisição por usucapião, nos termos 
do art. 183 da Constituição Federal. 
Obs.: O professor Flávio Tartuce entende que essa modalidade pode dar ensejo a volta de uma antiga 
discussão: se os bens públicos, em especial os dominicais (terras devolutas) podem ser objeto de usucapião. 
 
“Usucapião” indígena (art. 33 da Lei 6.001/83 - Estatuto do Índio). 
 
23
 É uma subcategoria da usucapião especial urbana. 
 
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12 
 
Art. 33. O índio, integrado ou não, que ocupe como próprio, por dez anos consecutivos, trecho de terra 
inferior a cinqüenta hectares, adquirir-lhe-á a propriedade plena. 
 
“Usucapião” especial do art. 68 do ADCT/CF 
Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida 
a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos. 
 
Usucapião extraordinária de coisas móveis (art. 1.261, CC): 
Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel seprolongar por cinco anos, produzirá usucapião, independentemente 
de título ou boa-fé. 
Art. 1.262. Aplica-se à usucapião das coisas móveis o disposto nos arts. 1.243 e 1.244. 
 
Usucapião ordinária de coisas móveis (art. 1.260, CC): 
Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante três anos, com 
justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade. 
 
Usucapião extrajudicial, desjudicialização ou extrajudicialização - art. 216-A da Lei 6.015/73 – 
introduzido pelo art. 1.071, da Lei 13.105, de 16/3/2015 – NCPC. 
“Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento extrajudicial de 
usucapião, que será processado diretamente perante o cartório do registro de imóveis da comarca em que 
estiver situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do interessado, representado por advogado, instruído 
com: 
I - ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do requerente e seus antecessores, 
conforme o caso e suas circunstâncias; 
II - planta e memorial descritivo assinado por profissional legalmente habilitado, com prova de anotação de 
responsabilidade técnica no respectivo conselho de fiscalização profissional, e pelos titulares de direitos 
reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos 
imóveis confinantes; 
III - certidões negativas dos distribuidores da comarca da situação do imóvel e do domicílio do requerente; 
IV - justo título ou quaisquer outros documentos que demonstrem a origem, a continuidade, a natureza e o 
tempo da posse, tais como o pagamento dos impostos e das taxas que incidirem sobre o imóvel. 
§ 1
o
 O pedido será autuado pelo registrador, prorrogando-se o prazo da prenotação até o acolhimento ou a 
rejeição do pedido. 
§ 2
o
 Se a planta não contiver a assinatura de qualquer um dos titulares de direitos reais e de outros direitos 
registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, esse 
será notificado pelo registrador competente, pessoalmente ou pelo correio com aviso de recebimento, para 
manifestar seu consentimento expresso em 15 (quinze) dias, interpretado o seu silêncio como discordância. 
§ 3
o
 O oficial de registro de imóveis dará ciência à União, ao Estado, ao Distrito Federal e ao Município, 
pessoalmente, por intermédio do oficial de registro de títulos e documentos, ou pelo correio com aviso de 
recebimento, para que se manifestem, em 15 (quinze) dias, sobre o pedido. 
§ 4
o
 O oficial de registro de imóveis promoverá a publicação de edital em jornal de grande circulação, onde 
houver, para a ciência de terceiros eventualmente interessados, que poderão se manifestar em 15 (quinze) 
dias. 
 
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§ 5
o
 Para a elucidação de qualquer ponto de dúvida, poderão ser solicitadas ou realizadas diligências pelo 
oficial de registro de imóveis. 
§ 6
o
 Transcorrido o prazo de que trata o § 4
o
 deste artigo, sem pendência de diligências na forma do § 5
o
 
deste artigo e achando-se em ordem a documentação, com inclusão da concordância expressa dos titulares 
de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na 
matrícula dos imóveis confinantes, o oficial de registro de imóveis registrará a aquisição do imóvel com as 
descrições apresentadas, sendo permitida a abertura de matrícula, se for o caso. 
§ 7
o
 Em qualquer caso, é lícito ao interessado suscitar o procedimento de dúvida, nos termos desta Lei. 
§ 8
o
 Ao final das diligências, se a documentação não estiver em ordem, o oficial de registro de imóveis 
rejeitará o pedido. 
§ 9
o
 A rejeição do pedido extrajudicial não impede o ajuizamento de ação de usucapião. 
§ 10. Em caso de impugnação do pedido de reconhecimento extrajudicial de usucapião, apresentada por 
qualquer um dos titulares de direito reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do 
imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, por algum dos entes públicos ou por algum 
terceiro interessado, o oficial de registro de imóveis remeterá os autos ao juízo competente da comarca da 
situação do imóvel, cabendo ao requerente emendar a petição inicial para adequá-la ao procedimento 
comum.” 
 
Comentários importantes sobre a modalidade: 
Desjudicialização ou extrajudicialização: alterações legislativas. 
Facultatividade e consensualidade do procedimento administrativo: é facultado para qualquer espécie de 
usucapião, desde que haja consenso dos interessados. 
Identificação do serviço registral competente: perante a serventia imobiliária da situação da coisa. 
Requerimento e princípio da instância. O registrador só age mediante provocação do interessado ou da 
autoridade competente. 
Necessidade de assistência de advogado: ante natureza de procedimento complexo. 
Prova documental pré-constituída: posse própria prolongada e seu caráter contínuo e livre de oposição e os 
outros requisitos, a depender da modalidade. 
Autuação e prenotação: necessidade de preservar a prioridade até a decisão do registrador. 
Notificação dos interessados que eventualmente não assinaram a planta voluntariamente: notificação 
pessoal ou via correios, com aviso de recebimento, para manifestar no prazo de 15 dias. Obs.: O silencio é 
interpretado como recusa e, portanto, possui o mesmo efeito da impugnação. 
Notificação da Fazenda Pública: o silêncio não é interpretado como recusa, o procedimento prossegue. 
Publicação de edital: prazo de 30 dias em jornal de grande circulação para que terceiros interessados possam 
se manifestar (decorre da eficácia erga omnes dos direitos reais). 
Intimação/ciência do Ministério Público? Não há previsão de intimação obrigatória. 
Diligências: o oficial poderá realizar diligências para esclarecimento de pontos obscuros. 
Impugnação: não exige formalidades e nem mesmo a assistência por advogado. 
Decisão administrativa: se positiva, leva a lavratura do registro; se negativa, deve ser motivada, mas não 
obsta o ingresso do pedido na via jurisdicional. 
Suscitação de dúvida: em duas oportunidades: de nota devolutiva ou da decisão negativa. 
 
Ação de usucapião 
 
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Tem natureza declaratória (CC, art. 1.241) e era regulada pelos arts. 941 a 945 do CPC/73. 
Obs.: O NCPC aboliu o procedimento especial da usucapião, aplicando-se o procedimento comum ordinário. 
Competência: Juízo da Comarca do foro da situação do imóvel, que será clara e precisamente individuado na 
inicial. 
A legitimidade ativa: possuidor.
24
 
Documentos necessários: planta do imóvel usucapiendo; 
Citação: das pessoas cujo nome esteja registrado, confinantes e, por edital, dos réus em lugar incerto e dos 
eventuais interessados. 
Intimação, por via postal, dos representantes da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, 
dos Territórios e dos Municípios. 
Intimação obrigatória do MP
25
 para participar dos atos do processo. 
Sentença será transcrita, mediante mandado, no registro imobiliário, satisfeitas as obrigações fiscais; 
Obs.: a parte destacada acima é bastante criticada, porque não há transferência de propriedade, de modo que 
não há fato gerador e, portanto, não haveria obrigação fiscal. 
Enunciado 315 do CJF: O art. 1.241 do Código Civil permite ao possuidor que figurar como réu em ação 
reivindicatóriaou possessória formular pedido contraposto e postular ao juiz seja declarada adquirida, 
mediante usucapião, a propriedade imóvel, valendo a sentença como instrumento para registro imobiliário, 
ressalvados eventuais interesses de confinantes e terceiros. 
 
Aplicabilidade das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição 
Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, 
suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião. 
 
Questionamentos: 
É possível usucapião de bem público? O STJ no Resp. 214.680/SP estabeleceu que não cabe usucapião de 
bem público por vedação legal (art. 183, § 3º e 191 da CF/88, art. 102 do CC e Súmula 340 do STF), mas 
cabe supressio. A supressio indica a possibilidade de redução do conteúdo obrigacional pela inércia 
qualificada de uma das partes, ao longo da execução do contrato, em exercer direito ou faculdade, criando 
para a outra a legítima expectativa de ter havido a renúncia àquela prerrogativa. (REsp 1202514/RS, Rel. 
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/06/2011, DJe 30/06/2011). 
E as terras devolutas (terras públicas recebidas pela República da Coroa Portuguesa), podem ser objeto de 
usucapião? A ideia de que bem público não pode ser usucapido, surgiu com o Decreto nº 19.924/1931. De 
modo que naqueles bens que anteriormente já tivesse sido implementado o direito (prescrição aquisitiva), 
pode haver reconhecimento, eis que a sentença é meramente declaratória e a lei não retroage. Adroaldo 
Fabrício Furtado sustenta que o critério da inexistência de titulação configuraria terra devoluta, não deve 
prevalecer, conforme entendimento do STF, eis que o ônus de demonstrar tratar de bem público é ônus do 
poder público. Entretanto, no REsp. 120.702/DF, o STJ entendeu pela possibilidade de usucapião de bem 
pertencente à sociedade de economia mista. No mesmo sentido, o REsp. 154.123/PE demonstra 
flexibilização sobre a possibilidade de usucapião de bem público, adotando-se o critério da afetação a um 
interesse público. O CC no art. 98, no entanto, traz o critério do domínio para qualificar como bem público 
e não o critério da afetação a uma necessidade pública, como foi acatado nos recursos especiais acima 
 
24
 Pode ser o possuidor atual ou possuidor antigo. A súmula 262 do STF diz que o possuidor atual deve ser citado para a ação de 
usucapião, quando requerida por possuidor antigo que já contemplou os requisitos legais. 
25
 Entende-se que a nulidade existe apenas se o MP não for intimado para se manifestar no feito. 
 
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ROTEIRO 2 – PROPRIEDADE 
 
15 
 
citados. 
O bem condominial pode ser usucapido por um dos condôminos? Não. Em caso típico de composse não 
cabe usucapião, porque todos os condôminos são proprietários. O STJ, entretanto, passou a admitir que, se 
em um bem condominial, o usucapiente estabelecer posse com exclusividade, alijando os demais 
condôminos, cabe usucapião. 
O bem de família pode ser usucapido? Sim, por ser modo originário de aquisição de propriedade e pelo fato 
de que está vedado apenas a impenhorabilidade (Lei 8.009/90) – REsp. 174.108. 
O possuidor precisa estar na posse no momento da propositura da ação? Não. Basta que prove que teve a 
posse durante o período de tempo necessário. A Súmula 263 do STF dispõe que nesse caso o atual possuidor 
do bem também deverá ser citado para a ação de usucapião, proposta pelo antigo possuidor. 
É possível falar de usucapião de algo furtado (res furtiva)? Os professores Cristiano Chaves de Farias e 
Nelson Rosenvald entende cabível quando transferido a terceiro de boa-fé. O professor Flávio Tartuce, 
discorda. Cita o Resp. 247.345/MG. 
 
5 - OUTRAS FORMAS DE AQUISIÇÃO DE COISA MÓVEL: 
Ocupação (art. 1.263, CC) 
Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa 
ocupação defesa por lei. 
 
 Achado de tesouro ( 1.264 a 1.266, CC) 
Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por 
igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente. 
Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado por ele, ou em pesquisa 
que ordenou, ou por terceiro não autorizado. 
Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido por igual entre o descobridor e o 
enfiteuta, ou será deste por inteiro quando ele mesmo seja o descobridor. 
Obs.: É CRIME (artigo 169, I, do CP) achar tesouro em prédio alheio e se apropriar da quota do proprietário. 
 
Tradição (arts. 1.267 e 1.268, CC): 
Noção: dispõe o art. 1.267 do CC que “a propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos 
antes da tradição”. Mas esta se subentende “quando o transmitente continua a possuir pelo constituto 
possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; 
ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico” (parágrafo único). 
Espécies: 
Real: Entrega efetiva do bem. 
Simbólica: por um ato representativo da transferência da coisa (traditio longa manus). Ex: Entrega das 
chaves. 
Ficta: existe uma ficção, ocorrendo na traditio brevi manu (posse em nome alheio para posse em nome 
próprio) e no constituto possessório (posse em nome próprio para posse em nome alheio). 
 
Especificação (arts. 1.269 a 1.271, CC) 
Dá-se a especificação quando uma pessoa, trabalhando em matéria-prima, obtém espécie nova. A espécie 
 
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nova será do especificador, se a matéria era sua, ainda que só em parte, e não se puder restituir à forma 
anterior (CC, art. 1.269). 
Casos: 
- couro em calçados 
- escultura em relação à pedra 
- pintura em relação à tela 
- poesia em relação ao papel 
 
Confusão, comistão e adjunção (arts. 1.272 a 1.274, CC) 
Confusão: é a mistura de coisas líquidas. 
 Vinho 1 com Vinho 2 
 Álcool com Gasolina 
Comistão: é a mistura é de coisas sólidas ou secas. 
 Café do cerrado com Café da Colômbia 
 Areia com Cimento 
 Cereais de safras diferentes 
Adjunção: é a justaposição ou sobreposição de uma coisa sobre a outra, sendo impossível a separação. 
 Tinta na parede 
 Peça soldada em motor 
 
6 - PERDA DA PROPRIEDADE 
Enumeração meramente exemplificativa (art. 1.275, CC): 
a) dá-se a alienação por meio de contrato (negócio jurídico bilateral); 
b) a renúncia é ato unilateral, pelo qual o titular transfere a propriedade a outra pessoa; 
c) o abandono também é ato unilateral, pelo qual o titular abre mão de seus direitos sobre a coisa; 
d) a perda pelo perecimento da coisa decorre da perda do objeto; 
e) perde-se a propriedade imóvel pela desapropriação nos casos expressos na Constituição Federal. 
Modos voluntários: a) alienação; b) renúncia; c) abandono. 
Modos involuntários: a) perecimento; b) desapropriação. 
Atenção: A alienação e a renúncia ficam subordinados ao registro do título no CRI (artigo 1275, parágrafo 
único). 
 
Artigo 1.276 do CC: relativização do princípio da perpetuidade. 
Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu 
patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, 
três anos depois, à propriedade doMunicípio ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas 
circunscrições. 
§ 1
o
 O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser arrecadado, como 
bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele se localize. 
§ 2
o
 Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando, cessados os atos de 
 
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posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais. 
 Enunciado 242 CJF: A aplicação do art. 1.276 depende do devido processo legal, em que seja assegurado 
ao interessado demonstrar a não-cessação da posse. 
Enunciado 243 CJF: A presunção de que trata o § 2º do art. 1.276 não pode ser interpretada de modo a 
contrariar a norma-princípio do art. 150, inc. IV, da Constituição da República. 
Enunciado 316 CJF: Eventual ação judicial de abandono de imóvel, caso procedente, impede o sucesso de 
demanda petitória. 
 
Críticas à norma contida no art. 1.276, CC 
Possível inconstitucionalidade, já que a CF, no art. 243
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 somente autorizaria a expropriação, sem 
indenização, na hipótese de culturas ilegais de pla ntas psicotrópicas, bem como a apreensão de bem de valor 
econômico em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, mediante confisco; no mais 
prevaleceria a regra de vedação de utilização de tributo como efeito de confisco (art. 150, IV, CF). 
 
Lei do Município de Patos de Minas regulamentando o tema (Lei nº 7.163/2015) 
Regula o procedimento administrativo e as diretrizes a serem observadas na arrecadação de bens imóveis 
urbanos abandonados, no âmbito do Município de Patos de Minas, e dá outras providências. 
 
REFERÊNCIAS: 
FARIAS, Cristiano Chaves de.; ROSENVALD, Nelson . Curso de direito civil: direitos reais. 8. ed.. rev., 
ampl. e atual. Salvador (BA): Juspodivm, 2014, 988 p. 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito das coisas. 11ª. ed. São Paulo: Saraiva, 
2016. 
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direitos reais. 13ª. ed.. São Paulo: Atlas, 2013, 662 p. (Coleção 
Direito civil; v. 5). 
FIGUEIREDO, Luciano, L. Direito Civil – direitos reais. Coordenador Leonardo Medeiros Garcia, 
Salvador, Juspodivm, 2015. 
LOUREIRO, Francisco Eduardo. Código Civil Comentado / Cezar Peluso (coord.). Barueri, SP, Manole, 
2007. 
SOBRAL, Cristiano. Material de apoio às aulas de Direito Civil. 
 
 
 
 
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 Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão 
imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e 
medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. 
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins será confiscado e reverterá em benefício de instituições e pessoal especializados no tratamento e recuperação de viciados e no 
aparelhamento e custeio de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas substâncias.

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