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Revisão de Teoria da Constituição Suanny Alexandrino Constitucionalismo O termo constitucionalismo apresenta vários significados. Embora se enquadre numa perspectiva jurídica, tem alcance sociológico. Sendo o principal significado, a limitação de poderes, bem como a imposição das leis escritas, tendo o princípio fundamental da organização social do Estado. Juridicamente reporta a um sistema normativo, enfeixado na Constituição, e que se encontra acima dos detentores do poder, já sociologicamente representa um movimento social que dá sustentação à limitação do poder, inviabilizando que os governantes possam fazer prevalecer seus interesses do Estado. Em síntese "é uma técnica específica de limitação do poder com fins garantísticos" (CANOTILHO) 1. Constitucionalismo Antigo: É o conjunto de princípios escritos ou costumeiros voltados à afirmação de direitos a serem confrontados perante o monarca, bem como à simultânea limitação dos poderes deste. a) Primeira Fase: Povo hebreu – práxis política teocrática – regime político baseado em leis sagradas que impunham ao povo e governantes a observância a preceitos morais e religiosos por temor a Deus. b) Segunda Fase: Experiência democrática da Grécia Antiga – principalmente séculos IV e V a.C. a partir do conceito de politeia , os gregos não só descreviam as características políticas estruturais da cidade-estado, como também racionalizavam o exercício do poder estatal. Destaca-se também nesta segunda fase do “Constitucionalismo Antigo” o período republicano do Império Romano. c) Terceira Fase: Inicia-se na Idade Média, mais exatamente com a aprovação da Magna Carta pelo rei João Sem Terra (John Lackland) na Inglaterra, no ano de 1215. Na Inglaterra de Cromwell foi publicado o diploma “Instrument of Goverment” que é tido como a primeira Constituição inscrita do mundo. 2. Constitucionalismo Moderno: Caracteriza-se pelo conjunto de regras e princípios postos de modo sistemático, a partir de teorias e movimentos ideológicos voltados a organizar o Estado visando estabelecer limitações ao poder político, além de direitos e garantias fundamentais em favor dos membros da comunidade. a) Constitucionalismo Inglês: tem como o mais importante dos princípios constitucionais do Reino Unido que é o da soberania ou supremacia do parlamento. b) Constitucionalismo Americano: baseia-se na ideia de que o povo é a matriz do poder constituinte. c) Constitucionalismo Francês: seu principal objetivo foi a superação da monarquia absoluta. Classificação das Constituições. 2. Quanto à origem: Promulgada: Elaborada por representantes do povo legitimamente eleitos ou aquela que conta com participação popular na sua elaboração. Ex.: CF/88 - Brasil Outorgada: É imposta, é fruto de um ato unilateral de poder, geralmente em regimes ditatoriais. Ex.: CF/67 e EC 01/69 - Brasil Cesarista: Elaborada unilateralmente, mas submete-se a ratificação do povo, submete-se a um referendo. Ex.: Constituição de Napoleão – França Dualista ou Pactuada: Surge de um acordo de duas forças políticas rivais ou do acordo entre a realeza decadente e a burguesia em ascensão. Ex.: Carta Magna (1215) - Inglaterra 3. Quanto à elaboração: Dogmática: Elaborada de uma só vez, em um único momento histórico, refletindo os valores (dogmas) da época. Ex.: CF/88 Histórica: Formada gradativamente ao longo da evolução histórica e politica de um povo. Ex.: Constituição Inglesa 4. Quanto à forma: Escrita: É um documento formal e solene (escrito) elaborado por um órgão constituinte Não escrita: São tradições políticas escritas ou não. São documentos esparsos, jurisprudência, costumes. Pode ser chamada de ‘costumeira’ ou ‘consuetudinária’. 5. Quanto ao conteúdo: Material: Trata apenas de matéria tipicamente constitucional como divisão e limitação do poder do Estado, Direitos Fundamentais, organização do Estado etc. Formal: Trata de vários outros assuntos á exemplo a CF/88 6. Quanto à estabilidade: Imutáveis: Não prevê mecanismos para alteração, é vedada qualquer alteração. Rígida: Pode ser alterada, mas por um procedimento solene. Super-Rígida: Tem uma parte imutável e uma parte rígida, classificação defendida por Alexandre de Morais. Flexível: Pode ser alterada pelo mesmo processo legislativo que elabora leis ordinárias, não prevê um procedimento solene para a alteração. Semirrígida: Tem uma parte rígida e outra flexível. Desse modo, algumas normas da Constituição só podem ser modificadas por um procedimento mais dificultoso enquanto outras podem ser modificadas pelo mesmo processo legislativo das leis infraconstitucionais. 7. Quanto à extensão e finalidade: Analítica/Dirigente: De conteúdo extenso a constituição analítica trata de temas estranhos ao funcionamento do Estado, que encontrariam maior adequação em normas infraconstitucionais e em seu texto(dirigente) existem normas programáticas (de cunho eminentemente social) dirigindo a atuação futura de órgãos governamentais e sua natureza é prospectiva. Sintética/Garantia: É aquela constituição que versa apenas normas essenciais a estrutura do Estado e busca apenas garantir a limitação dos poderes frente aos indivíduos e tem caráter retrospectivo, ou seja, só garante ao povo o que já foi conquistado. 8. Quanto á ontologia: Normativas: Estão em plena consonância com a realidade social, conseguindo regular os fatos da vida política do Estado. Nominalistas: São elaboradas com o objetivo de, efetivamente, regular a vida política do Estado. Mas, não alcança seu objetivo. Semântica: São criadas apenas para legitimar o poder daqueles que já o exercem. Nunca objetivaram regular a vida política do Estado. Típica de regimes autoritários. Classificação do Poder Constituinte Poder Constituinte é a manifestação soberana da suprema vontade política do povo social e juridicamente organizado. A titularidade desse poder pertence ao povo, porém é um titular passivo pois jamais o exerce diretamente. (Art. 1°, §1°, CF/88 diz: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.) 1. Poder Constituinte originário (ou de 1° grau): Estabelece a Constituição de um novo Estado, organizando e criando poderem destinados a reger os interesses de uma comunidade. Haverá poder constituinte tanto no surgimento de uma primeira Constituição, quanto na elaboração de uma Constituição posterior. Titularidade deste poder pertence ao povo que irá exercer por meio de seus representantes. a) Poder Constituinte Originário Histórico - refere-se ao poder atribuído àqueles que pela primeira vez elaboram a Constituição de um Estado, responsáveis por sua primeira forma estrutural. b) Poder Constituinte Originário Revolucionário - é todo o poder responsável pela criação de constituições que se sobrepõem à primeira. É revolucionário todo o poder constituinte que rompa com um poder constituinte previamente estabelecido em uma determinada nação soberana. 2. Poder Constituinte derivado (ou de 2° grau): Está inserido na própria Constituição, pois decorre de uma regra jurídica de autenticidade constitucional, portanto, conhece limitações constitucionais expressas e implícitas e é passível de controle de constitucionalidade. É derivado, subordinado e recorrente, derivado, pois retira sua força do Poder Constituinte Originário, subordinado porque se encontra limitado pelas normas expressas no texto constitucional, ás quais não poderá contrariar, sob pena de inconstitucionalidade, e por fim condicionado porque seu exercíciodeve seguir as regras estabelecidas no texto da Constituição Federal. a) Constituinte Derivado Reformador - é o criado pelo Poder Constituinte Originário para modificar as normas constitucionais já estabelecidas. Tal modificação é operada através das Emendas Constitucionais. Ao mesmo tempo, ao se elaborar uma nova ordem jurídica, o constituinte imediatamente elabora um Poder Derivado Reformador de modo a garantir a reforma da Carta após um determinado período onde haja tal necessidade. b) Poder Constituinte Derivado Decorrente - também obra do Poder Constituinte Originário. É o poder investidos aos Estados Membros para elaborar sua própria constituição, sendo assim possível a estes estabelecer sua auto-organização. c) Poder Constituinte Derivado Revisor - conhecido também como poder anômalo de revisão ou revisão constitucional anômala ou ainda competência de revisão. Destina-se a adaptar a Constituição à realidade que a sociedade aponta como necessária. Exemplo desta variedade de Poder Derivado é o artigo 3º dos ADCT (Atos das Disposições Constitucionais Transitórias), estabelecendo uma revisão à Constituição de 1988 a ser realizada após 5 anos de promulgação da mesma, por voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional em sessão unicameral.
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