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Literatura Hispano- americana -Aula 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8,9,10

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LITERATURA HISPANO AMERICANA
Aula 1: Literatura da conquista
Ao final da aula, você deverá ser capaz de:
1. Definir as diferenças entre as narrativas da conquista e os primeiros escritos oficiais sobre o “Novo Mundo” encontrado por Colombo e Hernán Cortés;
2. Construir um raciocínio crítico e avaliador sobre a chegada dos espanhóis à América contada pelas Crônicas da Conquista.
		O objetivo da missão do navegador italiano Cristóvão Colombo era chegar às Índias por um caminho que fosse bem mais rápido que o utilizado pelos portugueses, que detinham o domínio do comércio marítimo na Europa há 80 anos. 
	
O plano do famoso navegador, que foi apoiado pelos reis, era diferente do plano utilizado pelos portugueses. Ele viajaria seguindo a oeste pelos mares, pois estava convencido de que a Terra era redonda. Levando isso em conta, viajando em linha reta, chegaria mais rapidamente a seu destino: as Índias, onde encontraria grandes civilizações ainda desconhecidas pelos portugueses. 
Colombo afirmava que, fazendo este percurso, ele encontraria sociedades ricas em metais preciosos e pedrarias. Sendo assim, sua viagem prometia um retorno financeiro muito elevado para a Coroa Espanhola.
	
		É interessante saber que, até o ano de 1491, Portugal dominava o comércio marítimo na Europa, e a Espanha ainda não havia feito nenhuma investida. Por quê? Porque a Espanha esteve, durante aproximadamente 700 anos, sob o domínio do povo árabe, sob o domínio dos mouros. Em 1491, quando Colón (Cristóvão Colombo) propôs a incursão marítima, a coroa já estava quase que retomando todo seu território. Em 1492, os mouros foram completamente vencidos e tiveram de se retirar da Espanha. 
	
	Os reis espanhóis - Fernão de Aragão e Isabel de Castela - aceitaram a proposta de expedição marítima comandada pelo navegador italiano. Em 3 de agosto de 1492, Colombo saiu da Espanha com três caravelas.
	Em 12 de outubro de 1492, depois de ter navegado por mais de dois meses, a expedição chegou a uma terra desconhecida, aportando em uma pequena ilha da América Central, denominada por ele de San Salvador. A gravura representa a descoberta da América.
	Ao retornar à Espanha, recebeu uma premiação por sua descoberta e realizou mais três viagens à América, mas sempre pensando que se tratava da Índia. Colombo, nestas viagens, visitou outras ilhas próximas a que encontrou, mas não avançou terra adentro.
	Por conta disso, não travou contato com as grandes civilizações que acreditava que existiam – Maias, Astecas e Incas – e também não retornou para a Espanha com a quantidade de ouro que havia prometido. Foi então destituído do cargo e outros navegadores foram indicados para dar continuidade a seu trabalho.
Hernán Cortés viajou terra adentro e encontrou o que Colombo teorizou: a civilização Asteca, com toda sua opulência e riqueza, sediada pela cidade de Tenochtitlán.
	Américo Vespúcio, posteriormente, realizou tambem viagens à América e percebeu que o "Novo Mundo" encontrado nao era a Índia, mas sim uma nova e grande extensão de terra que recebeu, em sua homenagem, o nome de América.
Para complementar o que abordamos nesta aula, sugerimos que você assista ao filme “1492: a conquista do paraíso”, com Gerárd Depardieu e Sigourney Weaver. Esse filme, dirigido por Ridley Scott, é uma excelente opção para visualizar quase todo o conteúdo desta aula. Não perca esta oportunidade!
Consulte ainda os seguintes endereços: 
www.cuatrocabezas.com.ar – endereço sobre filmes espanhóis e hispano-americanos; 
www.uni-mainz.de/~lustig/texte/antologia/antologi.htm – antologia de textos da época da conquista espanhola e da colônia – Fray Bartolomé de las Casas, Garcilazo de la Vega, Sor Juana Inés de la Cruz... 
http://ensayo.rom.uga.edu/antologia/XV/colon – carta de Colombo anunciando o descobrimento; 
http://www.yucatan.com.mx/mayas/mapamay.htm – site que oferece um mapa no qual é possível selecionar sítios arqueológicos e históricos a explorar e apresenta importantes informações culturais, históricas e turísticas;
http://www.ub.es/hvirt/index/ – história virtual da América por meio de textos, imagens e exposições. 
SLIDES
As Culturas Espanhola e Pré-colombinas: o encontro
	Ao chegar no “Novo Mundo”, o espanhol encontra civilizações estratificadas (Maias, Aztecas e Incas) altamente desenvolvidas na sua intelectualidade. Encontramos a grande expressão da literatura pré-colombina nas zonas de civilização das línguas “náhuatl”, “maya” e “quechua”. Estes grupos alcançaram um elevado nível de civilização, deixando assombrados os primeiros conquistadores espanhóis.
	Apesar da tragédia da conquista hispânica, de sua dolorosa consequência e a frequente incompreensão ante o diferente, houve a conservação do essencial e a valorização de um grande patrimônio cultural indígena. Mérito exclusivamente dos missionários religiosos.
	
A cultura e a arte Náhuatl:
Na zona “náhuatl”, ou mexicana, a civilização foi construída com base no aporte de vários povos, entre eles os toltecas. A expressão artística destes povos está estreitamente vinculada à religião. Assim são construídas grandes cidades santuários, sendo Teotihuacán a mais antiga.
O Imperador Moctezuma II presenciou a entrada dos espanhóis em seu território e para dar unidade a diversidade de povos mostrou tolerância religiosa admitindo oficialmente o culto de deuses aztecas e cristãos.
	A arte azteca: Existem numerosos estudos sobre a grandeza da arte azteca, a grande expressão de sua arquitetura, de sua escultura. Todas as expressões vitais do mundo náhuatl se manifestam no marco de uma visão religiosa, como resultado de intervenções divinas, de lutas carnais entre os deuses. 
	A tradição oral e a representação por hieroglifos permitiu transmitir esta visão religiosa do mundo, da ciência do calendário, da sua história, da literatura.
	A poesia náhuatl se destaca pela beleza poética ao retratar um mundo maravilhoso de pássaros, ríos e plantas. Um mundo fantástico que narra a origem de seus próprios deuses, seus heróis, eleva hinos ao Sol, celebra a riqueza do milho...
“Cuando llegó a la orilla del mar divino, 
Al borde del luminoso océano, se detuvo y lloró.
Tomó sus aderezos y se los fue metiendo:
Su atavío de plumas de quetzal, su máscara de turquesa. 
Y cuando estuvo aderezado, él, por sí mismo, se prendió fuego”. 
(Os versos mostram a figura do deus Quetzalcóatl).
Toda a poesia está dominada por um sentimento de limitação e transitoriedade:
“He de dejar las bellas flores, /he de bajar al reino de las sombras,/ luego, por breve tiempo,/ se nos prestan los cantos de hermosura”.
Nos versos que seguem, a sucessão de interrogações revela a angustia do “homem solar” pela problemática busca da divindade:
“¿Conqué he de irme, cual flores que fenecen?/ ¿Nada será mi corazón alguna vez?/¿Nada dejaré em pos de mí en la tierra?/ Al menos flores, al menos cantos! ¿Cómo ficará mi corazón?¿Acaso él en vano vino a vivir?”
REPRESENTAÇÕES TEATRAIS...
Entre os povos pré-colombinos existiu um teatro primitivo, de dança e canto, sempre condicionado pelos rituais religiosos. Não foram resgatados escritos deste tipo de representação literária, mas ainda hoje entre as populações indígenas, estas representações primitivas acontecem mesmo que um pouco influenciadas pela cultura espanhola.
A CONQUISTA... 
	O Ano de 1492 inaugura uma nova era para a civilização ocidental. O descobrimento da América coroa os intentos anteriores de navegação em direção ao Ocidente e oferece um imenso campo de ação para a expansão econômica e espiritual da Europa, sobretudo para a Espanha.
A SOBREVIVÊNCIA DO INDÍGENA: A mestiçagem...
	Resulta evidente que a chegada dos espanhóis aos territórios americanos, acabou com o desenvolvimento das civilizações indígenas. A conquista espanhola, se não provocou o extermínio total destas civilizações, realizou destruição incalculável no campo artístico e literário, em face da religião espanhola, da cobiçae da ambição.
O TRABALHO CULTURAL DAS ORDENS RELIGIOSAS: 
	No momento da conquista, começam a surgir nos territórios onde antes havia florescido as civilizações mais importantes da América, uma nova cultura. Nesta, tem lugar de destaque o indígena, graças aos religiosos espanhóis, seus difusores e conservadores. 
	Logo após o descobrimento e colonização das Ilhas Antilhanas, a cultura espanhola inicia a sua penetração na América pela obra dos franciscanos, dos agustinos, dos dominicanos e por último, dos jesuítas. Surgem então os conventos onde funcionam escolas para adultos abertas aos membros da nobreza indígena.
AS CRÔNICAS DO DESCOBRIMENTO: Os primeiros cronistas...
O CRONISTA CONQUISTADOR:
Em meio ao fervor cultural na “Nueva Hispania” se manifestam os primeiros cronistas. Assim, a literatura hispano-americana começa com um escritor que não é espanhol: Cristóbal Colón (1451-1506).
Diarios de bordo, de sua embarcação e Cartas del descubrimiento, direcionadas aos reis católicos da época da conquista, correspondem aos primeiros documentos em castellano sobre o Novo Mundo.
A CRÔNICA DO CONQUISTADOR: Características...
Na primeira carta de sua primeira viagem, em Diario de bordo , percebe-se em Colón o deslumbre ao se deparar com uma atmosfera paradisíaca, em face da observação do mundo natural e do encontro com os primeiros aborígenes. Para o navegante tudo parece sem igual. Seu espírito se move então, sob a influência bíblica que o faz acreditar que está diante de um paraíso terreno:
“La mar llana como un río y los aires mejores del mundo – escribe – [...] El cantar de los pajaritos es tal, que parece que el hombre nunca se querría partir de aquí, y las manadas de los papagayos oscurecen el sol...[...].”
O descobrimento do novo mundo verdejante resulta para o Conquistador o anúncio de um paraíso na terra. Em Carta del descubrimiento, Colón afirma que se trata de uma terra maravilhosa “para desear y vista para nunca dejar”. Colombo acredita que há na terra do Novo Mundo a essência da bondade:
“...en el mundo creo no hay mejor gente ni mejor tierra: ellos aman a sus prójimos como a sí mismos y tienen su habla la más dulce del mundo, y mansa, y siempre com risa.”
Desta visão idílica da América nasce o mito do “bom selvagem”.
A CRÔNICA DO MISSIONÁRIO: 
Os conflitos morais e a recuperação histórica...
Desde os primeiros momentos da colonização surgem graves conflitos morais.
O problema da liberdade do índio e da maneira de tratá-los começou a incomodar a consciência hispânica.
Frei Bartolomé de las Casas (1474-1565), revelou-se um homem singular e combateu durante toda a sua vida, na busca pela igualdade entre os conquistadores e conquistados.
Foi chamado “Apóstol de los indios” e foi legalmente reconhecido pelo Rei Carlos V como procurador oficial dos indígenas. O frei dedicou 52 anos de seus 91 anos em defesa da dignidade dos índios.
A Brevísima relación de la destrucción de las Indias, um de seus principais escritos, editado em 1552, é o principal responsável pela denúncia das atrocidades espanholas cometidas contra os índios. 
OS CRONISTAS DA EXPLORAÇÃO E DA COLONIZAÇÃO...
O descobrimento e conquista do México por Hernán Cortés (1485-1547) amplia o panorama geográfico e humano da América para os espanhóis.
Este é o período mais propriamente épico da conquista e refletira de modo importante na literatura através da crônica, que passa a ser escrita por homens destituídos de formação literária o que dá a estas narrativas um tom de ingenuidade (CRONISTAS SOLDADOS).Principal agente da conquista do México, Cortés foi o primeiro dos escritores a relatar este avanço. Após participar da colonização de Cuba sob a ordem de Diego Velázquéz, é nomeado o seu sucessor nas expedições.
Cortéz é considerado um soldado de coração duro e sanguinário. Não reconhece a humildade e mansidão dos astecas e de seu rei, Moctezuma.
Como um tirano, destrói toda a nação indígena em busca de sua riqueza, ainda que trechos de suas Cartas denunciem sua admiração, pela Novo Mundo; outros, revelam sua falta de humanidade no contato com o povo.
A CRÔNICA DOS MESTIÇOS: La voz de los nativos...
	El Inca, Garcilazo de la Vega (1539-1616) é considerado o primeiro grande prosista hispano-americano. Filho de um capitão espanhol e uma princesa inca, Garcilazo experimentou no mais íntimo de seu ser o contraste entre dois mundos distintos. Durante toda a sua vida tentou resolver esta dualidade, sem sucesso. 
	A primeira parte de sua principal obra, Los Comentarios reales de los Incas, surge em 1609, em Lisboa. Depois, a obra é desenvolvida pelo autor em vários tomos e se consagra como principal introdução da história da conquista espanhola e das guerras civis no Peru.
	Considerada sua principal obra, Los Comentarios Reales apresenta o testemunho de sua tragédia pessoal, documentada por uma ardente nostalgia. A obra revela o seu amor pela pátria peruana e as escuras trevas em que parece estar constantemente submergido em face de sua linhagem espanhola.
Na obra, Garcilazo é fundamentalmente a favor dos povos de sua mãe. E mesmo quando tenta justificar ou atenuar a dura atuação dos espanhóis em terras peruanas, termina por formular críticas.
Aula 2: O barroco hispano-americano
O Século XVI é considerado decisivo para a Hispano-América, pois a transformação causada pela conquista e pela colonização, fez cair impérios e fez nascer novas sociedades, passando a América a estar vinculada à Europa por valores econômicos, políticos e culturais.
O Barroco hispano-americano segue os moldes da produção européia: ao serem estabelecidas as novas cidades, fica proibida a circulação de obras de imaginação. Sendo assim, fica proibido também o intercâmbio entre as partes da América. Nesta época, destacam-se dois tipos de produção literária hispânica: o teatro e a poesia.
O teatro americano não é exclusivamente “teatro espanhol” produzido e realizado em terras hispânicas. Ao modelo herdado da Europa serão acrescentados fatores que lhe imprimirão caráter próprio e diferenciado. Um dos mais importantes é o substrato indígena, com suas danças e ritos bem peculiares. Percebe-se uma nova América nestes escritos literários, unida por um novo credo e uma nova língua – a espanhola.
	
		O teatro Hispano-americano subdivide-se em: 
teatro missionário – símbolo da fusão entre os espíritos espanhol e indígena;
teatro escolar – de intenção didática, segue a tradição latina das universidades espanholas;
teatro “criollo” – escrito por espanhóis e mestiços, reflete a nova sensibilidade americana (ainda em formação).
	
Slides – aula 3
1- História, Sociedade e Cultura:
Desde o século XVI a Espanha implementou na América um projeto simultâneo de conquista, povoamento e organização social. O homem espanhol que se instalava na América tinha por objetivo, formar uma família, fundar cidades, trabalhar a terra, comercializar, legislar e governar. As Leis das Índias contribuíram para a realização desse projeto. 
O esquema institucional das colônias americanas era uma cópia do que era praticado na Espanha, adaptado a nova realidade de tal maneira que fossem cumpridos os seguintes objetivos: absolutismo real e respeito aos líderes locais. 
A mestiçagem foi o traço cultural dominante. A América se consolidou com uma identidade própria cuja característica dominante foi o hibridismo. Isto formou a sua nova cultura a partir de elementos de distintas naturezas e com distintos passados (o europeu branco, o indígena e o negro). 
Não se buscava substituir uma cultura por outra, mas sim adaptar as formas europeias às necessidades da nova terra, das novas gentes, bem como aproveitar as formas indígenas nas representações dos ideais cristãos. Assim, as artes indígenas, por exemplo, passaram a adornar os cultos e templos cristãos.
Esta transfusão entre culturas explica o surgimento de tantos indígenas entre os pintores e escultoresda época.
	Na nova sociedade americana que se forma, temos a mistura de brancos europeus, indígenas e negros. A ideia era incluir a todos, mas de modo hierarquizado:
_Os espanhóis peninsulares governavam e seus filhos nascidos na América lutavam para alcançar o poder.
_Os indígenas foram submetidos a diferentes formas de trabalho.
_Os escravos negros ficaram com os trabalhos mais pesados e as piores condições de vida.
2- OS PRIMEIROS COLÉGIOS E UNIVERSIDADES: 
A introdução da imprensa. 
Como no Brasil, os primeiros professores nas terras da América espanhola foram os homens das ordens religiosas. Para tanto, tiveram que aprender as várias línguas americanas.
Ao mesmo tempo que ensinavam a língua espanhola e a doutrina cristã aos indígenas, os padres ensinavam também diversos ofícios, além de instruí-los na música, na pintura, na escultura e nas representações teatrais.
	Várias foram as instituições, colégios e universidades criadas pela igreja no Novo Mundo. No México,foi criado o Colégio do Convento de São Francisco pelo Frei Pedro de Gante, parente de Carlos V (1536-1598). O colégio era dedicado a uma formação básica da língua espanhola, de religião, de ofícios, de belas artes e de enfermagem. O colégio chegou a ter mil alunos, a maioria deles pertencentes à nobreza indígena.
O Vice-Rei Don Antonio de Mendonza criou, no México, o Colégio de San Juan de Letrán, dirigido por três teólogos nomeados pelo Rei espanhol. Era ao mesmo tempo escola de formação de professores e asilo para meninos.
	A Igreja buscou elevar as suas escolas à categoria de Universidades. Em 1538 o Papa Paulo III autoriza a formação América a Universidade de Santo Tomás de Aquino, com privilégios iguais ao das universidades espanholas de Alcalá de Henares e de Salamanca.
Em 1551, por despacho real, foi criada a Universidade do México. Foi inaugurada dois anos depois. Nela era admitida a presença de espanhóis e naturais da terra (mestiços e indígenas). No fim do período vice-reinal contava com vinte e quatro cátedras, entre as quais a da língua asteca. Nela se realizaram festas e encontros literários de grande repercussão e influência nas letras americanas, ainda em formação.
Também no ano de 1551, foi criada em Lima a Universidade de San Marcos, sendo inaugurada posteriormente, em 1553. À cargo dos dominicanos, a matrícula nesta universidade era limitada, ficando privados de frequentá-la os negros e mestiços.
A CRIAÇÃO DA IMPRENSA NA AMÉRICA:
Objetivando facilitar a catequese dos índios , negros e mestiços, a coroa espanhola autoriza a criação de oficinas de imprensa na América, nas últimas décadas do séc. XVI.
1583, é a data provável da introdução da imprensa na América do Sul, na cidade de Lima. O primeiro livro impresso foi um Catecismo para os índios nas línguas quéchua e aimará. A partir de então, foram instaladas outras oficinas em diversas partes da América.
No Novo Mundo as oficinas tipográficas imprimiam apenas obras de evangelização ou de linguística. Estava proibido a circulação de obras de criação e de ideias. Assim, nos séculos XVI e XVII, o movimento da indústria tipográfica na América não representa a importância da produção literária que se tinha aqui naquela época. Muitas obras, de cunho excepcional, como a Obra de Soror Juana Inés de la Cruz, foram escritas na América e impressas na Espanha.
3- A literatura da Colônia:
“Não se espera que esta literatura metropolitana gere uma literatura colonial de mesmo vigor. As circunstâncias eram muito diferentes. Na Espanha a Literatura estava em função de um povo numeroso, unificado, denso em tradições, seguro de si, vital e forte. Já nas colônias, a literatura era um exercício reduzido a pequenos núcleos cultos, apertados em minúsculas instituições, ilhas humanas rodeadas de massas iletradas, em uma encolhida atitude imitativa [...]...
desprovida do aparato legal, comercial e técnico da indústria do livro. As colônias acompanharam a Metrópole, mas sempre um passo atrás.”
(IMBERT, Enrique Anderson. Historia de la Literatura Hispanoamericana: la colonia cien años de república. México: Fondo de cultura económica, 1970).
Nota: Tradução feita pelo professor da disciplina para esta página.
As autoridades políticas e eclesiásticas apoiaram a arte de modo geral. Entretanto a literatura não obteve o mesmo grau de apoio nas Colônias do “Novo Mundo”.
Como vimos, nas escolas, conventos e universidades, criados na América, se centralizava e desenvolvia a atividade cultural letrada. O encontro de brancos, negros e indígenas em território americano produziu etnicamente a mestiçagem e discursivamente a aparição de vozes até então silenciadas como as figuras dos mestiços El inca, Garcilazo de la Vega e Sor Juana Inés de La Cruz.
O Renascimento e a colonização:
O primeiro momento do período colonial (séc. XVI) coincide com o Renascimento espanhol. Neste sentido aparece uma literatura muito ligada ainda às Crônicas e à história cultural, que tem como característica:
 
*a verossimilhança, 
*a reivindicação do reconhecimento do Novo Mundo frente aos europeus, 
*a harmonia demonstrada na organização interna do texto, 
*a simplicidade e precisão da linguagem utilizada.
Durante os séculos XVI e XVII a Espanha e grande parte da Europa dominaram os grandes movimentos artísticos e culturais, os chamados: Renascimento e Barroco. Este período é conhecido na história literária da Espanha como “Siglo de Oro”.
O explendor do Século de Ouro espanhol revela ao mundo daquela época, escritores como: Boscán e seu amigo Garcilazo de la Vega, Fray Luis de León e Santa Tereza de Jesus; Lope de Rueda
O BARROCO:
A segunda parte desse período colonial vivido a partir do século XVII, coincide com o estilo chamado Barroco vivido na Europa daquela época. 
Um estilo que se caracteriza pela convivência entre os opostos, pela dualidade, pelo exagero e a superposição de elementos distintos, a presença do claro/escuro, do jogo de antíteses.
Juan Ruiz de Alarcón (1581-1639):
É considerado a maior vocação teatral da América Hispânica colonial. De nobre origem espanhola, nasceu na cidade do México, onde começou a preparar o bacharel em Cânones. Em 1600 embarca para a Espanha e nesse mesmo ano sai bacharel em Cânines e dois anos depois bacharel em Leis pela Universidade do México. Candidatou-se a várias cátedras na universidade, sem sucesso. O seu teatro nem sempre obteve uma acolhida favorável e algumas de suas peças não saíram da primeira apresentação.
Ao contrário de seus contemporâneos não buscava agradar a todos. Forneceu pretexto para numerosos desafetos. O escritor espanhol Quevedo o definiu como homem formado de parênteses.
Alarcón não tinha a abundância, o brilho, a inventiva de seus contemporâneos espanhóis (Lope de Veja, Calderón e Tirso de Molina). Mas, supera estes nomes no equilíbrio da composição, na verdade e lógica dos caracteres, na sobriedade e no bom gosto cômico.
Alarcón trouxe à literatura castelhana a novidade da comédia moral e da comédia de caráter. Todas as sua comédias típicas trabalham uma lição prática de mora. 
Aula 3: A poesia de Andrés Bello: agricultura de la zona tórrida
O século XVIII é o momento em que se multiplicam os jornais e o saber circula e se difunde pelo mundo – e, conseqüentemente, pela América.
A estética do Neoclassicismo tem a razão como qualidade fundamental do homem. Sendo assim, a verdade, o natural, é o ideal de beleza minuciosamente observado. Andrés Bello, aproveitando a força desta época, chama os povos hispânicos por meio de sua escrita jurídica e poética para a exaltação da vida rural, do homem e da natureza americana como um todo.
SLIDES
1- O Neoclassicismo:
A estética do Neoclassicismo triunfa na segunda parte do século XVIII. Há a marca do otimismo dos filósofos revolucionários.
Entende-se por Neoclassicismo uma volta ao ideal estético greco-romano, uma espécie de Classicismo renovado. No âmbito artístico e literário há o interessepelo bem estar dos povos. Socialmente é a era de progresso científico e tecnológico.
O Classicismo:
Revelou-se como estilo de época na segunda metade do século XVII na França e difundiu-se no séc. XVIII com as correntes Neoclássicas. 
Os escritores chamados clássicos se destacam:
pela beleza da forma e pela correção linguística;
A verossimilhança: o objetivo da poesia não se encontra no real ou particular, mas no verossímil (imitação) e na sua universalidade; a poesia canta o geral, e a história, o particular (segundo Aristóteles).
A aceitação das regras: que surgem em decorrência do cunho intelectualista;
Imitação da natureza humana: estudo do homem com seus sentimentos e paixões, sem se reduzir a uma cópia servil. Elimina o que é grosseiro e desagradável e idealiza o modelo seguido.
Imitação dos gregos e latinos: gosto herdado dos humanistas renascentistas (Os escritores antigos apresentam a natureza ideal e perfeita).
Assim, observando estas características, o Neoclassicismo busca restaurar em sua poesia:
*a harmonia e o uso da clareza;
*a aceitação de regras;
*a aplicação do raciocínio exato;
*a desconfiança da inspiração indiscriminada;
*a sobriedade e a perfeição dos modelos clássicos;
*os elementos do humanismo Renascentista.
E, procura evitar os excessos do período Barroco.
No âmbito artístico e literário há no neoclassicismo o interesse pelo bem estar dos povos.
2- A Figura de Andrés Bello e sua importância para a independência intelectual da América.
(Caracas, Venezuela, 1781-1865)
Falar sobre Andrés Bello é falar sobre um dos principais heróis da independência hispano-americana. Sua espada para a libertação foi a palavra, seja ela jurídica ou poética.
Com Andrés Bello ocorre o início da Independência política (promulga leis) e cultural da América (cria a gramática da língua castelhana da América). Ocorre a revolução do que se pode chamar “Español de América”.
Ele instiga, facilita, providencia a independência linguística da América.
Para Bello a educação do homem é a oportunidade mais privilegiada que há e que o governo deve deter sua atenção.
A Educação é a base de todo progresso sólido. Sendo assim, na opinião de Bello, a primeira necessidade do homem. Principalmente para as repúblicas porque promove a liberdade.
Falar de Andrés Bello é falar de um dos grandes mestres da cultura hispano-americana. Pois amou a América como ninguém e fez despertar nos corações hispano-americanos o amor por sua terra.
Andrés Bello contribuiu para a busca da identidade Americana e para aproximar-se de sua poesia é preciso ter em mente que ele é a figura mais representativa dos avanços culturais e políticos na América Hispânica do século XIX.
Aula 4: O Romantismo hispano-americano: A literatura “gauchesca”. O movimento realista.
Ao final da aula, você deverá ser capaz de:
1. Pensar a estética do Romantismo dentro da América Hispânica como motivador de sentimentos nacionalistas;
 
2. Verificar a importância dos escritores Estéban Echeverría, José Hernández e Domingo Faustino Sarmiento dentro do movimento.
Diferentemente do sentimento coletivista neoclassicista, o romântico vive envolto em sentimentos de melancolia e individualismo exasperado. Se no neoclassicismo Hispano-americano a idéia era formar uma única consciência cultural americana, no romantismo nasce o sentimento da preponderância do “eu”. Por outro lado, este movimento estético acelera a criação de uma literatura autóctone (indígena), que buscava inspiração na própria terra americana.
Neste momento da literatura Hispano-americana, surgem dois grandes grupos literários na América: o grupo dos “citadinos” e o grupo dos “campesinos”, que serão representados por alguns dos mais importantes escritores hispânicos. Ambos os grupos vão defender a questão do homem do campo, o “gaúcho”, fazendo nascer assim a “literatura gauchesca”.
A “literatura gauchesca” vai ter como “herói” o cidadão natural da terra, trabalhador dos pampas, das planícies americanas. Homem viril, forte e valente, que foi solicitado durante as lutas pelas independências das regiões da América, guerreando nas revoluções para a formação das novas repúblicas.
Entretanto, quando estas repúblicas se estabelecem, quando as independências ocorrem e as novas nações já são realidades, aquele homem tão importante nas frentes das batalhas emancipadoras deixa de ter valor.
O Romantismo se inicia na América após 1830. O percurso hispano-americano é marcado por uma série de lutas pelo poder entre os chefes revolucionários, revelando-se uma época tormentosa. Dentro destas lutas teremos os nomes de homens de letras, que foram desde os inícios homens de ação, como já vimos anteriormente. Esses homens eram tanto envolvidos com a vida política de suas repúblicas quanto escritores literários. Liquida-se, neste período, a tutela espanhola com as revoluções e independências, mas ainda não o espírito e os interesses que representava.
Dessa forma, teremos pelo menos três nomes de destaque, que conduzirão o povo rumo à emancipação literária hispânica, almejada anteriormente por Andrés Bello. Esses nomes estarão diretamente ligados ao que chamam os teóricos de “literatura gauchesca”: 
        a) Estéban Echeverría (Argentina – 1805/1851);
        b) José Hernández (Argentina – 1834/1894);
        c) Domingo Faustino Sarmiento (Argentina – 1811/1888).
Com estes escritores, a literatura hispano-americana apresenta como características específicas uma constante relação entre política, história e ficção. É comum que os teóricos dividam a expressão romântica na América em dois períodos:
    1 a. geração – poesia romântica, de 1810 a 1837;
    2ª. geração da poesia romântica, na segunda metade do século XIX.
A Estéban Echeverría é atribuída também a iniciação do movimento realista, com o conto El matadero que narra um episódio brutal e sangrento, descrito com admirável vigor e audácia realista.
Embora tenha sido escrito no período chamado romântico e nem tenha sido publicado em vida pelo autor, foi publicado por amigos e seguidores seus em 1871 e reflete de modo contundente a busca pelo escritor de características argentinas. Essa procura de identificar a Argentina dentro da história contada marca o início do Realismo na América. Escrito no período da ditadura de Juan Manuel Rosas, esta narrativa é considerada o primeiro conto da América Hispânica. 
Sua preocupação literária era representada pelo desejo de originalidade e de atendimento à realidade americana, buscando acompanhar a evolução histórica mundial. Segundo alguns teóricos, este escritor é o que melhor encarna as principais características do movimento romântico na América: a força da imaginação, o tom apaixonado das palavras e a sensibilidade americana.
SLIDES
Romantismo: Características estéticas.
PRÉ-ROMANTISMO
O Neoclassicismo que antecede o período Romântico gera um misto de sentimentalismo e racionalismo, pessimismo/ melancolia versus otimismo revolucionário.
Este sentimento estabelece um período chamado de Pré-Romantismo. Para os Pré-Românticos, a arte não provêm de um esforço da razão, mas brotará da imaginação e das fusões do sentimento.
O Pré-Romantismo é o primeiro grande movimento literário europeu, depois da Idade Média, que não se inspira na Antiguidade Greco-Latina.
Assim, neste período, percebe-se que o poeta:
Quer eliminar os princípios de imitação;
Quer abolir regras obrigatórias;
E estabelece o gosto pela poesia popular.
Visualizamos então, na tendência estética desse período (fins do séc. XVIII), duas fortes características que se afastam do Neoclassicismo e se aproximam do Romantismo:
A fuga, a evasão para o sonho;
A escrita exprime um senso mais íntimo da natureza.
O ROMANTISMO:
Na metade do século XIX, se alastra então na Europa a atmosfera romântica. Os escritores captam em suas obras problemas essenciais da época:
Sentimento pessimista da existência;
Indagação metafísica sobre o destinodo homem;
A busca de um valor universal que justifique o sofrimento e a morte;
A dolorosa visão dos destinos do homem;
Sentimento de angústia;
Revolução Francesa (tormento e angústia pelos ideais frustrados);
Sentimento de carência de pátria e consciência nacional;
Ânsia de liberdade;
Ceticismo, medo;
O ideal poético- expressões dos sentimentos e liberdade criadora;
Energia livre e irreprimível, independentemente da cultura e do intelecto;
Evasão para o sonho;
Valorização do sentimento e da emoção.
2- O ROMANTISMO NA AMÉRICA:
O Romantismo se inicia na América Hispânica após 1830. Época das lutas pelas independências e proclamação das novas repúblicas. Época tormentosa.
Liquidou-se a tutela espanhola, mas não o espírito e interesses que esta representava.
A história literária da América sofre o impacto das tendências românticas e manifestam-se conceitos contraditórios.
As formas de representação poética escolhidas, serão as mais propícias à expressão das convicções políticas e partidárias.
Neste período, se estabelece no extenso território que configura as Províncias do Río de la Plata, um modo violento de desenvolvimento da política, principalmente a argentina. Neste local há uma forte luta pela hegemonia entre unitários e federais.
 A estética do romantismo (o mundo da ficção) se desenvolve então em meio a uma vida nacional assinada pela violência política. O poeta se converte em um líder da multidão. Neste sistema a estética literária representará a civilização versus a barbárie. Assim, o estético se vê subordinado ao ideológico e se aplica a realidade social: o poeta é também homem de ação política.
O Romantismo na América Hispânica coincide com a origem de uma literatura com um perfil mais nacional e está marcada pelo desprendimento do domínio espanhol. O Romantismo adquire um caráter social e a literatura se converte em uma via de difusão de ideais políticos.
Destacam-se então, duas importantes gerações de românticos na América Hispânica:
1ª. GERAÇÃO ROMÂNTICA: POESIA ROMÂNTICA.
A ARGENTINA:
1810: Revolução e Independência – Estadistas e guerrilheiros (José Martí – cubano, 1853-1895. Mestre do verso e da prosa).
1837: Organização – pensadores, estadistas, escritores. - Estéban Echeverría – Argentina, 1805-1851. Iniciador da estética e da poesia romântica em terras da América.
 -José Hernández – Argentina, 1834-1886. Responsável pela transcendência do gênero gauchesco.
 -Domingo Faustino Sarmiento- Argentina, 1868-1874. Civilização versus Barbarie.
2ª. GERAÇÃO ROMÂNTICA: Do Romantismo ao Realismo:
Ocorre na segunda metade do século XIX.
Sua principal característica romântica é a escolha do passado como tema.
Uma de suas personalidades máximas é Ricardo Palma (Peru- 1833/1919).
“Tradiciones” – Recria personagens e lendas da alma popular peruana.
Aula 5: Características estéticas: um encontro com José Martí e Rúben Darío
Ao final da aula, você deverá ser capaz de:
1. Pensar a estética do Modernismo como primeiro movimento literário originado na América;
 
2. Compreender que José Martí constitui um caso singular na trajetória de independência política e literária da América Latina;
 
3. Identificar na poesia de Rubén Darío a relação de sua escrita com os projetos do Modernismo hispânico. 
O Modernismo hispano-americano revela uma época histórica e literária de otimismo e esperança. Iniciado em princípios de 1880, o Modernismo é considerado o primeiro movimento estético originado na América. Revela-se como uma tendência intelectual e cultural, resultado do “desenraizamento” espiritual em face da Europa. Você perceberá que este movimento mostra a forma literária de um mundo em transformação (o mundo hispânico) e tem como característica máxima a pluralidade de traços estéticos (o sincretismo). Tudo envolto em uma tonalidade aristocrática.
Por volta de 1880, a América Hispânica só havia se libertado culturalmente pela metade. Em virtude disto os escritores sentem a necessidade de uma renovação radical e definitiva. Em finais do século XIX, a libertação político-econômica ainda não é total. Algumas nações estão mais avançadas que outras, nesta área. Como é o caso do Chile, México e Venezuela. Mas todas se preparam para sofrer a curto ou longo prazo as investidas norte-americanas (dos Estados Unidos da América), que já se apresentam fortes.
A partir do ano de 1914, o conjunto dos países da América Central encontra-se sob a “proteção” dos Estados Unidos, que recorrem cada vez mais com intensidade, à força para manter a ordem por eles imposta na região. Os escritores hispânicos se vêem então (como homens de ação e de letras) ameaçados pela invasão dos Estados Unidos da América e de sua cultura anglo-saxônica.
É sob esta ótica então, que devemos compreender a estética dos modernistas hispano-americanos: sua busca pelo novo, sua busca pela palavra musical, pelas correspondências sinestésicas, pela permanente renovação da linguagem. Sua busca pela liberdade: liberdade como nação hispânica, liberdade de escrita poética.
É preciso ter em mente que o Modernismo, esse movimento que se origina na América Hispano-americana, não é somente uma escola literária. Pois, diante de todas estas novas investidas por dominação da América, nasce uma atitude intelectual, marcada tanto na política quanto na literatura de busca de identidade e autonomia. Uma atitude ampla, que envolve vários aspectos da vida hispânica e que foi nomeada de “Modernismo”.
Na vida literária, esta atitude é marcada pela participação de escritores cultos que dialogam com o mundo. Escritores que se recusam a isolar-se dentro da civilização latino-americana e se abrem ao diálogo universal. Nasce então uma cultura hispânica “cosmopolita”, voltada para as cidades do mundo. Mas, com uma característica marcante: este voltar-se para o mundo visa receber e dar influências. Há um especial diálogo com a França, pois os ideais literários franceses de fim de século (“O século das luzes”) coincidem com as aspirações de uma renovação cultural e artística hispano-americanas. É a vez então, da Espanha e outros países receberem lições de estilo vindas do “Novo Mundo”, da nossa América Hispânica.
 
Sendo assim, o Modernismo Hispano-americano tem um parentesco muito próximo com outros movimentos literários. Relacionamos alguns destes movimentos e as características aproveitadas pelos modernistas:
    a) Romantismo - paixão pela morte, liberdade de inspiração, individualismo, sensibilidade, isolamento contemplativo;
    b) Realismo – descrições e observação do real;
    c) Simbolismo – exaltação da imaginação, misticismo, teoria das cores, sinestesia (mistura de sensações), as impressões das coisas, razão Versus intuição;
    d) Parnasianismo – seleção de imagens, ambientes elegantes, seleção vocabular, refinamento das sensações, a arte pela arte como forma de refúgio; o interesse pela cultura clássica e pelo exotismo do oriente.
Estas são algumas das características que mais aparecem; entretanto, há outras. Além também de criar novos princípios estéticos, como a busca do efeito novo do som, da luz e da cor. Criando ritmos raros e exóticos para o poema. A conexão de frases segundo a emoção do poeta. A exaltação da vida espiritual e religiosa, ampliando na escrita poética a presença do valor simbólico do mistério, através da presença de mundos ocultos e desconhecidos.
Toda esta mescla de características revelou uma concepção de arte oposta à objetividade puramente didática e social. Cada escritor busca, então, uma expressão particular para o seu fazer artístico. A idéia que prevalece nos modernistas Hispano-americanos é o desejo de encontrar uma expressão artística cujo sentido fosse genuinamente americano. Dentro desta liberdade de expressão, que é a marca principal deste movimento, cada país onde o Modernismo se manifestou, buscou assumir matizes próprios.
SLIDES
1- Os elementos precursores do ModernismoHispano-americano.
Otimismo e esperança no futuro, marcam o final do século XIX.
A imigração acarreta novos costumes.
Surge a Classe Média.
O Gaúcho é vencido pelo progresso com a industrialização do gado.
O equilíbrio conseguido pelas crenças científicas transformar-se-á em inquietação e angústia.
2- O Modernismo Hispano-Americano.
O Modernismo Hispano-Americano corresponde a uma escola literária de grande renovação estética. É a forma literária de um mundo em transformação.
A produção dos poetas modernistas constitui a primeira expressão da autonomia literária da Hispano-América. 
Representa um grande divisor de águas entre a produção considerada “Literatura colonial” e a considerada “Literatura Nacional”.
O Modernismo nasceu na Hispano-América onde o rechaço ao burguês se somou ao sentimento anti-imperialista, pois vários países lutavam por sua independência. Primeiro da Espanha e depois da influência dos Estados Unidos da América.
O Modernismo se desenvolve na Hispano-América entre os anos 1880 e 1914. Esta escola literária busca distanciar-se da burguesia e de seu materialismo, por meio de uma arte refinada.
Assim, o Modernismo nasce da sede por renovação e pela forte atração exercida pela nova poesia francesa, escrita sob as estéticas do Parnasianismo e do Simbolismo. Movimentos que isoladamente não estiveram presentes na Hispano-América.
O Modernismo representa uma mudança radical de sensibilidade, contra os modelos fechados de literatura praticados na Hispano-América já desgastados.
PRETENDE-SE NÃO USAR NESTE NOVO FAZER LITERÁRIO:
O pensamento humanista;
O rito do social;
As atitudes passivas ou heroicas frente ao destino.
OBJETIVO MODERNISTA:
Que a arte abarque todos os domínios da sensibilidade e da imaginação.
A literatura deve levar a arte da palavra ao terreno de outras artes: da pintura, da música, escultura, etc.
“Aprisionar a alma das coisas.”
“En todo gran escritor hay un gran pintor, un gran escultor y un gran músico.” JOSÉ MARTÍ
SINCRETISMO ESTÉTICO: 
O Modernismo combinou o mundo antigo ao moderno. Uniu elementos de escolas anteriores. Os escritores modernistas receberam assim diversas influências. O estilo caracterizou-se pela pluralidade de traços estilísticos. Entre as estéticas, destacamos duas correntes poéticas francesas:
O PARNASIANISMO: que perseguia a expressão da beleza e da perfeição formal;
O SIMBOLISMO: que prendia sugerir por meio de símbolos a verdadeira realidade oculta por detrás das coisas.
UNIÃO DE ELEMENTOS DE ESCOLAS ANTERIORES:
ROMANTISMO- paixão pela morte, liberdade de inspiração, individualismo, sensibilidade, isolamento contemplativo.
SIMBOLISMO- exaltação da imaginação, o misticismo, a teoria das cores. A sinestesia (sensorial /sensações/ emoções), as impressões das coisas.
 Razão X Intuição (preferência pela evocação, pelo mistério).
PARNASIANISMO- a pureza formal, o refinamento das palavras e das sensações, o gosto pela palavra exata, a ourivesaria, pedrarias, o aristocracismo.
OS NOVOS PRINCÍPIOS ESTÉTICOS, SÃO:
o refinamento das sensações;
A emoção;
O artificialismo;
O efeito novo do som, da luz e das cores;
Ritmos raros e exóticos;
Mundo original de imagens;
O virtuosismo formal;
A concepção da arte oposta à subjetividade didática e social.
exotismo- construções artísticas de contorno escapistas, única realidade do artista (ninfas, pavões...)
 a beleza externa é expressa com exatidão;
Pureza formal (busca de meios expressivos perfeitos);
A visão das coisas é plástica, pictórica;
Seleção de imagens; ambientes elegantes, refinamento da sensibilidade
Descrição das sensações;
Mundos desconhecidos e ocultos passam a ocupar a visão dos escritores;
A realidade objetiva não existe como tal;
Exaltação da vida espiritual (diversas direções espirituais);
Conexão de frases segundo a emoção do poeta;
Adjetivos e ritmos;
A NOVA LINGUAGEM MODERNISTA
Em relação a sua linguagem, o Modernismo:
 
Reage contra o descuido formal do Romantismo.
Investe na busca pela beleza de seu poema.
A nova literatura pretende afirmar um mundo no qual reine a beleza.
Busca afirmar uma poesia na qual o “eu”, “el yo”, possa expressar-se livremente na manifestação de emoções, construindo um domínio refinado e fictício no qual possa refugiar-se o poeta (SINESTESIA).
Buscou-se uma nova musicalidade no poema e um extraordinário refinamento.
Ainda que sua principal fonte de inspiração seja a poesia francesa, depois da literatura gauchesca a poesia Hispano-Americana revela mais uma marca de sua originalidade: O Modernismo.
Sua atenção se voltou também em direção às poesias italiana, inglesa, alemã e norte-americana, estabelecendo com estas um grande diálogo, revelando assim, o seu SINCRETISMO ESTÉTICO.
Então, não há dúvida de que com o Modernismo, a literatura hispano-americana se infiltrou em um âmbito cultural bastante amplo em que se verifica a conciliação de tendências diversas.
Ainda que sua principal fonte de inspiração seja a poesia francesa, depois da literatura gauchesca a poesia Hispano-Americana revela mais uma marca de sua originalidade: O Modernismo.
Sua atenção se voltou também em direção às poesias italiana, inglesa, alemã e norte-americana, estabelecendo com estas um grande diálogo, revelando assim, o seu SINCRETISMO ESTÉTICO.
Então, não há dúvida de que com o Modernismo, a literatura hispano-americana se infiltrou em um âmbito cultural bastante amplo em que se verifica a conciliação de tendências diversas.
O mundo clássico e seus mitos- O rechaço da realidade em que viviam os levou a evasão de seu espaço e de seu tempo em direção à épocas passadas.
Os Modernistas reivindicaram a beleza sob todas as formas: através da criação de lugares e objetos, a apresentação de sensações e emoções intensas foram seus temas essenciais.
A BUSCA DA BELEZA LEVOU OS MODERNISTAS A RENOVAR SUA LINGUAGEM DA SEGUINTE FORMA:
 Incorporaram cultismos e palavras escolhidas por sua sonoridade e sua capacidade de sugerir sensações.
Buscaram a musicalidade que contribui para o emprego de diversos recursos rítmicos;
Recuperam as estrofes clássicas modificando o número de versos;
Cultivaram também o verso livre;
Sentimento de carência de pátria e consciência nacional;
Ânsia de liberdade;
Ceticismo, medo;
O ideal poético- expressões dos sentimentos e liberdade criadora (SINESTESIA);
Evasão para o sonho;
Valorização do sentimento e da emoção.
A expressividade autêntica de cada autor torna-se então assegurada ao substituir a linha lógica da sintaxe tradicional. Cada escritor busca sua expressão particular.
INÍCIO E DESENVOLVIMENTO DO MODERNISMO HISPANO-AMERICANO: Destacamos dois momentos importantes:
Período inicial: Primeira geração modernista (1882-1896). José Martí, junto com outros escritores, inicia um trabalho de atualização da língua, principalmente na prosa.
Período de culminância: Em 1888, Rubén Darío publica seu livro Azul... Com o livro realiza as inovações na palavra poética. Por meio de sua obra Darío consolida o Modernismo como movimento continental e se converte no modelo e síntese do movimento modernista, tanto na América como na Espanha.
JOSÉ MARTÍ:
José Martí é considerado uma das figuras históricas mais rica e profunda da América Latina. Aos 16 anos publica ABDALA, obra de fervor patriótico e ânsias de libertação. Sofre uma acusação e é condenado à trabalho forçado pelo governo espanhol. Logo depois, aos 18 anos, sofre o primeiro exílio. A partir deste desterro sua vida é uma angustiante e sedenta peregrinação por terras da América e da Europa. Após este fato sua vida é alimentada por seu espírito revolucionário de escritor sincero, sensível e apaixonado.
Escreve para jornais e exerce a crítica teatral. Identifica-se para sempre com os problemas da América Latina. Continua desenvolvendo seu trabalho de ânsias libertárias através da publicação de artigos e discursos. Funda em 1891 “El Partido Revolucionario Cubano.” Nele se sustenta o movimento armado que iniciaem 1895. O “Manifiesto de Montecristi”- Publicado em 1895, em Santo Domingo, é o principal documento da revolução. Neste documento Martí “Pide la guerra sin odio”.
RÚBEN DARÍO:
Iniciou muito jovem sua vida como poeta. Combinou sua atividade literária com a prática do jornalismo.
Realizou viagens como Diplomata pela América e Europa. É considerado o iniciador do Modernismo literário. Sua literatura perseguiu a novidade formal por meio da ruptura com as formas estéticas anteriores.
Sua produção reflete especialmente as estéticas parnasiana e simbolista. Assim como sua fé na superioridade dos poetas, que considerava seres conectados com a divindade e com forças da natureza, capazes de interpretar o mundo por meio da palavra.
Em 1888 publica seu primeiro livro: AZUL… Nesta obra combina verso e prosa, inclui contos breves e poemas, nos quais recria um mundo de fadas e princesas, seres mitológicos, palácios, cisnes… Tudo apresentado com rica adjetivação e imagens surpreendentes. 
PROSAS PROFANAS Y OTROS POEMAS, publicado em 1896, se destaca por seus temas eróticos, por suas inovações métricas e verbais. Na obra se incorporam poemas de evasão exótica e aristocrática, mas ainda aparecem temas sociais e espanhóis.
Até o século XIX a literatura americana evolui segundo o modelo espanhol e europeu de fazer literatura. O surgimento de Rúben Darío mudará esta evolução que a partir de então terá um selo genuinamente Hispano-Americano.
Aula 6: A prosa Modernista: Rodó e Horacio Quiroga. Pós-Modernismo: a poesia de Gabriela Mistral.
Ao final da aula, você deverá ser capaz de:
Destacar a preferência dos modernistas, na prosa, pelos gêneros curtos: crônicas, ensaios pouco extensos, novelas e contos.
 
2. Apresentar a simplicidade e humanidade de Gabriela Mistral.
Nesta aula, vamos estudar José Enrique Rodó (Uruguai- 1871/1917) e Horacio Quiroga (Uruguai-1879/1937), escritores que pertencem a uma denominada “2ª geração modernista”, quando os excessos do pluralismo estético já haviam sido suprimidos. Há na prosa produzida por Quiroga a identificação da justiça com o dever e o protesto ante as humilhações conferidas ao homem.
A região selvática das missões foi marco dos contos de Quiroga. Sua obra apresenta de modo direto o efeito devastador do meio, do ambiente, sobre o ser humano.
Rodó foi considerado o maior prosador do período modernista. Sua obra Ariel (1900) teve forte influência em sua época.
Nesta aula, procederemos também o estudo da poesia de Gabriela Mistral, situada já no pós- modernismo hispano-americano.
A prosa modernista
A prosa não foi negligenciada pelos modernistas. Tanto José Martí quanto Rubén Darío dão o exemplo de uma obra em prosa cuidada e abundante. Os prosadores modernistas preferiram os gêneros curtos: crônicas, ensaios não muito extensos, novelas e contos.
 	As técnicas modernistas utilizadas na produção de poesias não se enquadraram bem na prosa, devido ao excesso e à mistura de características de estilos, marca da poesia modernista.
	O romance modernista vai então recorrer às características naturalistas.
Coube ao Uruguai fornecer à América Hispânica sua primeira grande geração de prosadores de ficção. 
Selecionamos como representantes deste grupo os escritores: 
• José Henrique Rodó (1871/1917) 
• Horacio Quiroga (1878/1937).
SLIDES
A- O ensaio: José Henrique Rodó (Uruguai- 1871/1917).
Rodó dizia pertencer “a la reacción que, partiendo del Naturalismo literario y del positivismo filosófico, los conduce, sin desvirtuarlos en lo que tienen de fecundos, a disolverse em conceptos más altos.”
Rodó afirma os aspectos favoráveis da doutrina positivista unida a uma veneração pela ciência experimental que se verifica em Ariel (1900) e Motivos de Proteo (1909).
Na visão de Rodó, um dos principais pressupostos da civilização são: a ciência experimental e a democracia.
Exaltou a liberdade criadora do homem formado pelo humanismo europeu.
De profundo enriquecimento humanístico, suas principais ideias giram ao redor do pensamento de liberdade e de tolerância.
Quando é publicada a primeira edição de seu ensaio ARIEL, em 1900, o escritor uruguaio José Enrique Rodó transporta para a América Latina os personagens mais importantes da peça inglesa A Tempestade, escrita em 1611, de Shakespeare: Próspero, Ariel e Caliban, que se convertem em heróis de uma outra realidade, de uma outra história.
Ariel, apresenta uma análise repleta de comentários, apologias, metáforas, eufemismos e ironias, além das perspectivas e correntes filosóficas que impregnavam o momento histórico mundial da época.
Em Ariel, com base em seus aspectos filosófico, ético-estético, social, religioso, educativo, psicológico e antropológico, Rodó combate e critica o utilitarismo.
Na obra, os personagens assumem significados simbólicos:
 Próspero – é o nome que evoca aquele favorecido pela fortuna; representa o progresso. Entretanto, talvez, o seu conhecimento seja o seu maior valor, já que para Rodó, é apresentado como um professor experiente.
Ariel – é a metamorfose da palavra “ar”. Designa um espírito. Representa a intelectualidade, a “liberdade”, ou o elemento que pode orientar o povo hispano-americano na busca dessa liberdade nunca totalmente conquistada.
Rodó indica a educação como única forma através da qual o homem pode alcançar uma vida saudável. Entretanto condena o progresso que é obtido através da riqueza que subjulga o outro.
Para Rodó, a sociedade é reconhecida por seu “individualismo medíocre” que, sem a presença da “alteridade”, apresenta uma satisfação restrita, pessoal e única.
O personagem Próspero, busca apresentar aos jovens alunos que o que deve importar é antes de mais nada a sua liberdade de espírito, sem se importar com a busca de deter riquezas materiais. Pois esta não determina o homem e sua liberdade
B- O Conto: Horacio Quiroga (Uruguai- 1879 /1937):
Reconhecido como narrador incomparável do mundo do terror, da loucura e da morte, Quiroga nasceu em Salto, no Uruguai, foi poeta, romancista, diplomata e dramaturgo. Sua vida foi marcada por acontecimentos trágicos — a morte violenta do pai, o suicídio do padrasto, o falecimento de dois de seus irmãos, o suicídio da primeira esposa e, posteriormente à sua morte, também por suicídio ao saber que sofria de um câncer gástrico, seus três filhos se suicidaram. Conviveu em Paris com Rúben Darío, foi professor de castelhano em Buenos Aires – Argentina, trabalhou como fotógrafo em uma expedição às ruínas jesuíticas de Misiones, onde morou.
Algumas de suas obras: Los arrecifes de coral (1901), Cuentos de amor, de locura y de muerte (1917), Cuentos de la selva (1918), Los desterrados (1926), e Más Allá (1935 – Mais além), última obra do autor.
A POESIA DA MULHER: Poesia escrita por mulheres.
Durante o Modernismo ganha força um singular florescimento da poesia feminina. Ganham destaque nomes como: Delmira Agustini (Uruguai-1886-1914) e Alfonsina Storni (Suiça/ Argentina- 1892-1938).
Os principais temas dessa produção feminina são: o amor, a desilusão e a morte.
As poetas se destacam por sua beleza, sua inteligência, por sua refinada lírica.
Essas mulheres têm mortes trágicas.
B- A Poesia de Gabriela Mistral (Chile – 1889/ 1957)
Resumindo...
Os escritores modernistas Hispânicos ficaram conhecidos por suas narrativas curtas. Coube ao Uruguai fornecer à América Hispano-americana sua primeira grande geração de prosadores de ficção. Assim, temos como participação importante o uruguaio José Henrique Rodó. Sua obra Ariel (1900) se destaca por sua mensagem idealista e otimista.
José Henrique Rodó foi considerado o maior prosador do período Modernista Hispano-americano. Sua obra Ariel (1900), em forma de ensaio: é uma parábola alegórica que propõe uma tentativa de definição da América Latina.
Aula 7: Os movimentos de vanguarda: as poesias de Jorge Luis Borges e Nicolás Guillén
Ao final da aula, você deverá ser capaz de:
1. Destacar a poesia de JorgeLuis Borges e torná-la conhecida ao aluno que, por definição dos estudiosos, a obra borgiana é considerada inesgotável.
 
2. Apresentar os motivos pelos quais o poeta Nicolás Guillén é considerado cantor da América.
É preciso lembrar que o nome de “Vanguarda” é dado aos movimentos literários e artísticos que, de modo geral, se estenderam dos inícios do século XX até, mais ou menos, o Surrealismo, surgido, aproximadamente, em 1924. O Surrealismo é considerado o último movimento de vanguarda.
A seguir, vamos conhecer alguns dos principais nomes deste período dentro do vanguardismo hispano-americano.
	
Ele usa uma série de recursos simbólicos
SLIDES
OS MOVIMENTOS DE VANGUARDA:
Denomina-se Vanguarda a uma série de tendências que tiveram lugar nas artes plásticas e na literatura nas primeiras décadas do século XX na Europa, Estados Unidos da América e América Latina.
A palavra “vanguarda” tem origem no francês “anvant-garde” e se refere ao impulso “guerreiro” deste movimento artístico cujos autores se consideravam contrários a tudo que já havia sido produzido nas escolas anteriores.
Os vanguardistas queriam romper com as normas impostas e exigiam uma liberdade total de concepção da arte em busca de uma “nova expressão”.
Em geral os movimentos vanguardistas não tiveram grande duração e se caracterizaram por estar formados por um grupo de artistas que se organizavam ao redor de um fundador, que redatava uma espécie de “manifesto” no qual declaravam seus princípios.
Este movimento que ocorre antes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) até fins da década de 30, também é conhecido como o período dos “ismos” (Expressionismo, Cubismo, Dadaísmo, Futurismo , Ultraismo, Criacionismo, Surrealismo, etc.).
CARACTERÍSTICAS GERAIS: 
Ainda que os diferentes “ismos” tiveram suas características próprias, algumas são compartilhadas:
Quebra de preceitos acadêmicos e normativos;
Valorização do irracional como modo de percepção do mundo: a valorização do sonho;
A presença do grotesco;
Arte não imitativa: criação de novos mundos;
Novas disposições gráficas das palavras na folha de papel;
Surgimento e escolha de Revistas Literárias que expressão os ideias artísticos e a concepção de mundo;
O desejo de que a literatura abarque todas as artes.
ASPECTOS HISTÓRICOS:
A Vanguarda foi o eco de uma série de acontecimentos que modificaram a vida do homem contemporâneo e sua concepção de mundo.
Sigmund Freud – La interpretación de los sueños (1900): a fragmentação do ser humano em vários níveis de consciência. A existência de um lado instintivo e oculto.
A teoria da relatividade – Albert Einstein (1905): transformação no mundo da ciência.
A primeira e a Segunda Guerras Mundiais – a violência ao seu limite máximo e o desprezo pela vida humana.
A atuação dos Estados Unidos da América na América Latina: política expansionista e intervencionista.
Os conflitos de fronteiras na América HispÂnica.
A Revolução Mexicana (1910-1919): Profírio Díaz.
As correntes Imigratórias na América Latina: modificação na composição de sua população.
A VANGUARDA NA HISPANO-AMÉRICA:
O Vanguardismo na Hispano-América começou por um afastamento dos princípios de Rúben Darío, em uma tentativa de purificação dos cânones modernistas. Os Modernistas e Pós-Modernistas exaltaram os valores literários, valorizaram os acontecimentos de sua época e tomaram partido na encarnação de sua “latinidade”.
Os poetas da Vanguarda Hispano-Americana adotaram posição distinta: Buscaram técnicas desintegradora da paisagem e, principalmente, do homem argentino, buscando destacar a essencialidade da criação.
Na Obra contemporânea, quando estudaremos Cortázar e García Márquez, por exemplo, a pluralidade de significados é ainda maior. E, para realizar esta ambiguidade os artistas recorrem frequentemente ao informe, à desordem, ao acaso, à indeterminação dos finais e resultados, contando sempre com a participação ativa do leitor, que deixa de ser um mero observador da obra de arte.
Assim, esta expressão artística “descontínua”, que quer negar um mundo tradicional, elaborado pela ciência moderna, busca “re-construir”, no nível da criação artística e imagística, formas que expressem o homem contemporâneo: seus anseios, suas lutas, alegrias, suas frustrações, seus vícios.
Toda esta renovação estética na Hispano-América culminou no “Martinfierrismo”.
“El Martinfierrismo”:
Os jovens vanguardistas argentinos se concentraram ao redor da Revista Martín Fierro, a partir da publicação de Veinte poemas para ser leídos en el tranvía, de Oliverio Girondo, que escreveu o “Manifiesto Martinfierrista”. Este manifesto ainda segue os princípios dos “ismos” europeus:
Girondo e “El Martinfierrismo”:
Oliverio Girondo (Argentina- 1891/1967), fundou com um grupo de amigos várias revistas literárias. Uma delas, “Martín Fierro”, consegue em 1924 impor-se como o principal meio escolhido para que os escritores manifestem suas ideias vanguardistas.
A revista Proa, criada por Jorge Luis Borges também se converte em um dos principais difusores da vanguarda hispano-americana. Esta revista tem duas fases: a primeira, em 1921; e a segunda, em 1924.
NICOLÁS GUILLÉN (Cuba 1902-1989):
“EL COLOR CUBANO”
 A poesia do cubano Nicolás Guillén instiga, seduz e inquieta. Considerado um grande mestre na seleção vocabular e conhecedor profundo da alma de seu povo, apaixonado por sua ilha e por suas gentes, Guillén foi um poeta mulato que confessou que sua poesia era “la herencia de mi abuelo blanco y de mi abuelo negro”.
Apreciou a poesia modernista e travou contato com as vanguardas. Desta copiou sua simplicidade do verso e da rima para acentuar o elemento rítmico, marca registrada de sua poesia.
JORGE LUIS BORGES (Argentina, 1899/ Genebra,1986).
Borges começou a publicar seus primeiros textos na revista Grécia, editada em Sevilha.
Borges afirma um interesse na própria “sensação”, e considera o Ultraísmo como sendo a arte de transferir emoções ao leitor. Na biblioteca paterna desenvolveu o gosto pela leitura e o hábito da pesquisa. Para o escritor, só na arte a realidade adquire seu verdadeiro significado. A Obra de Borges é o encontro da sua própria história e da literatura. A ficção destes dois temas permite a Borges integrar as diferenças e fazer ressaltar contradições. Borges nunca exclui os contrários. Mas os mantêm e os integra como elementos de sua escritura.
Aula 8: A poesia de Pablo Neruda
Na aula de hoje, vamos estudar a poesia de vanguarda na Hispano-América produzida pelo chileno Pablo Neruda (1904/1973).
O escritor criou uma obra renovadora que, segundo suas próprias palavras, “aceitou a paixão, desenvolveu o mistério e abriu caminho entre os corações do povo”.
Situou-se diante dos acontecimentos de sua época, consciente da realidade que lhe tocou viver. Era um apaixonado pela vida, pelo homem agônico do século XX. Soube relativizar em sua poesia os valores absolutos do conhecimento puramente racional, considerando que não há uma verdade única, mas valores e perspectivas. A poesia é “a realidade atrás da realidade” e nada poderia definir melhor a poesia de Pablo Neruda, seu olhar retrospectivo, sua autocontemplação.
Vida e obra
No início de sua vida poética, parte de uma poesia sensual, de dúvida e insatisfação. A paisagem de sua terra natal, universo de sua infância, se constitui no embasamento de seu imaginário. A terra, a mulher e amante, é sacralizada como divindade feminina. Estes elementos são vistos nas primeiras obras lançadas. Suas primeiras publicações, escritas aos 20 anos, deram-lhe grande renome local e reconhecimento imediato no exterior. São elas: Crepusculario (1923), El Hondero, entusiasta (1923) e Veinte poemas de amor y uma canción desesperada (1924). Dizia que amava este último livro, pois “a pesar de su aguda melancolia está en el goce de la existência”. É o momento das paixões juvenis, das dúvidas.
Na publicação do livro Tentativa Del hombre infinito (1926), já se percebeuma transição para o surrealismo, uma consubstanciação dos elementos cósmicos. Já em Residencia en la Tierra (1932), percebe-se um sistema de imagens materialistas, que marca uma mudança em sua expressão poética. O poeta se apresenta como um ordenador do caos surrealista. Confere à poesia o dever de entender o homem e realizar-se nele. Sua preocupação máxima é, agora, o social.
Em Canto general, publicado em 1950, proclama sua fé na função social da arte. Quando começa a trabalhar em Canto general afirma que precisava de um lugar de trabalho. Então com a ajuda de alguns editores, compra, em 1939, a sua “casa de trabalho em Isla Negra”. Canto general tem a idéia de agrupar as incidências históricas do continente americano, as condições geográficas, a vida e as lutas dessas nações. Declara Neruda que a escrita deste livro apresentava-se a ele “como o tumultuoso movimento oceânico”.
Suas Odas elementales (1954,1956,1957) apresentam um canto ao dinamismo da matéria, onde a realidade é manifestada com evidência. Neles Neruda tem os sentidos abertos a uma realidade e natureza não idealizadas. Vê as coisas e assuntos com olhos cotidianos, fotográficos. Vê com os ouvidos, com o olfato, com o paladar. O amor e a natureza se manifestam através de metáforas românticas.
Homem engajado politicamente, participante da vida pública de seu país, Neruda foi cônsul geral do Chile em 1927 (permanecendo no cargo por 5 anos). Em 1936, quando se dá o início da guerra civil espanhola, o escritor Garcia Lorca, seu amigo, é assassinado pelos nacionalistas, seguidores do General Francisco Franco. Esta dolorosa experiência redireciona a poesia de Neruda para conteúdos mais libertários, como pode ser visto nas obras: Residencia en la Tierra (1942), Ode a Stalingrado (1942), Tercera Residencia (1947), e Canto general (1950), sendo este último uma epopéia de amor profundo à América.
Em 1945 é eleito senador pelo Partido Revolucionário.
Em 30 de setembro de 1968 é designado à presidência da República do Chile pelo Partido Comunista Chileno.
Em 1969, o partido lança a sua candidatura. Posteriormente renuncia para dar lugar à designação de seu amigo, Salvador Allende, que passa a ser então candidato único pelos Partidos Populares Chilenos (União Popular).
Em 1970, participa ativamente da campanha presidencial de Allende. Com o triunfo de seu amigo, Neruda é nomeado embaixador de seu país, em Paris. Mas em 1973, renuncia ao cargo, na França. E, em meados deste mesmo ano, dirige um apelo aos intelectuais latino-americanos e europeus para que evitassem a guerra civil no Chile.
Em 11 de setembro de 1973, um golpe militar, chefiado pelo general Augusto Pinochet, derruba o governo da Unidade Popular, invadindo o Palácio do Governo. Neste movimento Salvador Allende é morto.
Em 23 de setembro de 1973, morre Pablo Neruda.
Pablo Neruda e suas premiações
Recebe, no decorrer de sua vida, vários títulos nacionais e internacionais.
É declarado Doutor Honoris Causa em Filosofia e Letras da Universidade de Oxford (1965). Título dado pela 1 a. vez a um sul-americano.
Em 1968 é condecorado com a Medalha de Prata que se confere aos filhos ilustres do Chile.
Sua poesia foi honrada com o Prêmio Lênin da Paz, em 1953, e o Prêmio Nobel de Literatura, em 1971, em Estocolmo.
 
SUA POESIA – CLASSIFICAÇÃO: A OBRA DE PABLO NERUDA.
Podemos distinguir na obra de Neruda, cinco períodos, marcados por temáticas e estratégias expressivas:
Poesia Neorromântica, de cunho pós-modernista com o predomínio dos temas amorosos e sensuais, de dúvida e insatisfação: Crepusculario (1923) e Veinte poemas de amor y una canción desesperada (1924).
Dizia amar este livro (Vente poemas...) “porque apesar de sua aguda melancolia marca o goze da sua existência”. A realidade é concebida como superposição de sensações. Há nos livros de juventude o lamento do prazer que se foi, há um tom angustiado e mórbido em suas poesias.
2. Poesia Vanguardista: coincide com seu contato com os vanguardistas europeus. A solidão, a angústia, o caos da humanidade são os temas deste seu período, marcados por um profundo hermetismo: Primera residencia en la tierra (1931) e Segunda residencia en la tierra (1935).
A obra “Residencia en la tierra” representa uma mudança na expressão poética de Neruda. O poeta se apresenta como ordenador do caos surrealista, volta-se para a criação de um novo espaço literário a que se alia a transcendência social.
3 . Poesia social e humana: Corresponde ao período em que Neruda se comove com a Guerra Civil Espanhola: España en el corazón (1937) e Tercera residencia en la tierra (1947). Em Canto General (1950) exalta a história hispano-americana e firma seu compromisso com os oprimidos.
Agora, em seu tom sempre harmonioso, fiel ao ideal da primeira hora de suas produção poética, Neruda serve a Pátria, toma a defesa dos humildes, mantêm o culto À mulher, o eros.
4. Poetização do cotidiano: Corresponde a um período de otimismo no qual estão presentes a propaganda política e o humor: Odas Elementales (1954), Nuevas odas elementales (1955) Tercer libro de Odas (1957) e Navegaciones y regresos (1959).
Neruda tem os sentidos abertos a uma realidade e natureza não idealizados.
Vê as coisas e assuntos com olhos do cotidiano: fotográficos, com o olvido, com o olfato, com o paladar.
O amor e a natureza se manifestam através de metáforas românticas.
5. Poesia de íntima reflexão: Neste período Neruda retoma um viés de poesia tradicional, volta-se para sua intimidade e para aspectos autobiográficos: Estravagario (1958), Cien sonetos de amor (1960) e Memorial de Isla Negra (1964).
Pablo Neruda escreveu de fato uma Obra monumental, digna dos vários pequenos e grandes prêmios que recebe, como por exemplo:
1953- Prêmio Lenin da Paz (União Soviética);
1971- Prêmio Nobel de Literatura (Pelo conjunto de sua Obra).
PABLO NERUDA NO BRASIL
Neruda visita o Brasil em algumas ocasiões:
*1953- I Congreso de Cultura no Brasil,
1955- para participar de recitais de poesias,
1960- para conhecer algumas cidades do Brasil e rever amigos.
Era admirador dos artistas e escritores brasileiros;
Foi um grande amigo do baiano Jorge Amado;
Definia o Brasil como “Cristal verde de América”;
Não somente o seu “Canto General” tinha versos dedicados ao Brasil, mas em toda a sua poesia e prosa, vez ou outra cita ou comenta a nossa terra brasileira, seja descrevendo sua natureza, enebriado por ela, seja falando
de suas mulheres e homens entre os quais encontrou muitos amigos. Ou ainda como parte ativa nas lutas do povo brasileiro pela justiça social, pela Democracia, por uma vida melhor e mais plena para os trabalhadores, os deserdados, os camponeses. Sempre participou de uma luta comum, por uma América Latina unida e integrada.
Aula 9: A Nova Narrativa Hispano-Americana: el boom
Tendências da narrativa contemporânea na América Hispânica.
O início dos anos 60 é marcado por uma grande variedade de tendências no romance da América Hispânica, por uma multiplicidade de escritores de características peculiares e de difícil classificação. Alguns dos escritores que vamos citar ainda vivem. Outros começaram sua carreira na época do, digamos, “nascimento” da forma romanesca contemporânea, que hoje temos em constante desenvolvimento e “re-escritura”.
Como o campo é vastíssimo e estes escritores são consagrados mundialmente, vamos então nos limitar a citar alguns dos considerados grandes romancistas hispânicos e mencionar algumas tendências, que julgamos essenciais para a compreensão desta literatura que encanta e ganhou o mundo: a Literatura Hispano-americana.
A década de sessenta ofereceu ao mundo o triunfo da narrativa dos novelistas hispano-americanos. O velho continente foi obrigado a ver e ler aqueles escritores que com um desenfado absoluto e uma falta de respeito saudável, observava um novo modo de conceber a narrativa.
Rompendo e destroçando costumes e tradições, formam um grupo cuja ousadia e frescura de ideias eram tais que provocavame causavam delírios nos mais tradicionais.
El boom dava a conhecer uma nova realidade que ratificava a grandiosidade da América Hispânica e introduzia novas temáticas conflituosas.
A literatura surge como uma imposição. A imposição que apresenta outras realidades, talvez mais real e dolorosa, como uma indagação serena e reflexiva.
Desaparecem os disfarces e o corpo se oculta em um jogo de sugestões e indicações infinitas.
Em cada romance há agora outro romance, e também uma narração da narração. O narrador cria o seu mundo.
São quatro os escritores que especialmente fundam este momento: Julio Cortázar, Vargas Llosa, García Márquez, Carlos Fuentes.
TENDÊNCIAS E CARACTERÍSTICAS:
A característica mais destacada do novo romance é a sublevação que representa contra a velha tradição realista, o que alguns críticos chamam de passagem do mimético ao simbólico. Os escritores buscam ascender a um nível de realidade menos evidente. Há a ideia de Borges de que não sabemos o que é a realidade. A partir da negação do realismo tradicional, há:
O desaparecimento do velho romance “criollista”, de tema rural.
O desaparecimento do romance comprometido e a emergência do romance metafísico. Em vez de mostrar a injustiça e desigualdade sociais com o propósito de criticá-las, o romance tende a explorar a condição humana e a angústia do homem contemporâneo, em busca de novos valores. “Todo bom romance”, afirma Gabriel Garcia Márquez, “é uma adivinhação do mundo”.
Há a tendência a subordinar a observação à fantasia CRIADORA E A MITIFICAÇÃO DA REALIDADE.
A tendência a enfatizar os aspectos ambíguos, irracionais e misteriosos da realidade e da personalidade, desembocando no absurdo como metáfora da existência humana.
Tendência a desconfiar do conceito de amor como suporte existencial e de enfatizar, em troca, a incomunicabilidade e a solidão do indivíduo. Há então o anti-romantismo do novo romance/narrativa.
Tendência a não valorizar a morte em si, já que a vida se basta por infernal.
Rebelião contra toda forma de tabus morais, sobretudo os relacionados com a religião e a sexualidade. Tendência a explorar o que Elizondo chamou de “visões demenciais, através das quais a riqueza oculta do mundo se manifesta a nós na tenebrosa magnitude de nossa vida secreta.” (ELIZONDO, S. El grafólogo. México. 1972, p. 67).
Humor e erotismo- Não é fácil analisar as diferentes formas de humor que surgiram no novo romance. Principalmente porque formas diferentes tendem a coexistir dentro de uma mesma obra. 
Mas é possível estabelecer três categorias:
A - O Humor satírico: mais tradicional e familiar. “Los funerales de la mamá grande”, de Gabriel García Márquez.
B - O Humor trágico: Para Cortázar, as coisas mais graves podem ser exploradas mediante o humor.
C - Humor puramente lúdico: humor puro, isento de toda preocupação social ou existencial e que brota diretamente da livre fantasia.
Outra importante característica deste novo romance é o exasperado erotismo: estuda-se a sexualidade normal e outras formas de comportamento sexual que convencionalmente tem sido considerado aberrantes. E, ao contrário do que ocorria no romance tradicional, o erotismo passa a ser visto no contexto da orfandade espiritual do homem.
É inegável, por exemplo, o tema do incesto em Pedro Páramo (Juan Rulfo), Cem anos de solidão (G.G.Márquez) e Sobre heróis e tumbas (Ernesto Sábado).
Em vários autores se observa o lançar mão do erotismo para atacar certos aspectos da sociedade burguesa ou simbolizar a degradação de uma sociedade que privilegia o machismo brutal e a agressão sexual.
Há a sublevação contra toda tentativa de apresentação unívoca da realidade, quer a exterior dos personagens, quer a realidade interior, psicológica.
Houve sempre na América Hispânica o propósito supremo do autor de conscientizar seus leitores, de cumprir com o dever cívico do romancista, que consistia em empregar o seu talento como arma de combate contra a opressão e a injustiça.
Sobrevive ainda o conceito de escritor como parte da consciência de seu país e da literatura como elemento de subversão da ordem político-social imperante.
Entretanto, entre os romancistas predominou a ideia de que verdadeiramente revolucionário é desorganizar as ideias habituais dos leitores, realizar o que Elizondo chama de “subversões interiores”, mais que atacar de frente as estruturas de um poder público.
Nesta concepção, o romance ideal, seria aquele absolutamente livre, que não só inquiete por seu conteúdo político e social, mas por seu poder de penetração na realidade: e melhor ainda, se é capaz de virar a realidade ao revés para mostrar como é do outro lado.
Assim, considera-se que qualquer romance tem a obrigação de mudar os hábitos perceptivos do leitor.
AS INOVAÇÕES TÉCNICAS NO NOVO ROMANCE:
Tendência a abandonar a estrutura linear, ordenada e lógica, típica do romance tradicional e que concebia um mundo ordenado, compreensível.
Tendência a subverter o conceito de tempo cronológico, linear;
Tendência a abandonar os cenários realistas, substituindo por espaços imaginários;
Tendência a substituir o narrador onisciente, por narradores múltiplos e ambíguos;
emprego maior de elementos simbólicos.
(SHAW, Donald. Nueva narrativa hispano-americana.
http://pt.scribd.com/doc/75064195/Nueva-narrativa-hispanoamericana-de-Donald-Shaw)
A LITERATURA FANTÁSTICA:
A literatura gauchesca e a literatura fantástica representam duas estéticas diferentes que caracterizam muito bem o fazer literário genuinamente hispano-americano.
Correspondem a dois sistemas literários que resumem os elos significativos da história política e cultural da América Hispânica.
Para entender a literatura Fantástica é preciso observar seus textos principalmente sob dois aspectos:
O tipo dos acontecimentos que narram;
E como estes acontecimentos são apresentados.
Segundo a escritora e crítica Ana María Barrenechea, as obras fantásticas são aquelas que oferecem, simultaneamente, acontecimentos relacionados aos campos do “normal” e do “anormal”, segundo o código natural de interpretação humana.
A narrativa fantástica estrutura-se em uma tensão dialética entre a realidade e a desrealização.
Instala um novo mundo com realidade, palavras e pensamentos deste mundo.
JULIO CORTÁZAR
Julio Cortázar nasceu em Bruxelas (Bélgica) em 1914, mas passou a sua infância em Buenos Aires. 
Foi Docente, participou da Revista Literária Sur e da estética do Fantástico, como matriz de representações literárias, junto com outros importantes escritores (como Jorge Luis Borges e Bioy Casare).
Seu livro “Bestiário” (1951) inaugura sua escrita fantástica. Com “Rayuela” Cortázar se converte no escritor mais importante do chamado Boom latino-americano.
Foi um anti-peronista militante e se radicou em Paris no ano de 1951. Aderiu à revolução cubana e à nicaraguense, o que identifica sua posição de intelectual comprometido.
Cortázar denunciou com dignidade tanto na sua literatura, como na vida pública, os horrores dos anos difíceis na Argentina.
Morreu em Paris, em 1984. Entre suas principais obras, destacamos: Bestiario (1951), Final del juego (1956), Las armas secretas (1959), Historias de cronopios y de famas (1962), Todos los fuegos el fuego (1966), 62- Modelo para amar (1968) e Octaedro (1974).
Aula 10: O Estranho, o Maravilhoso e o Fantástico: Observando as narrativas de Borges, García Márquez, Horacio Quiroga, Manuel Puig e Carlos Fuentes.
Ao final da aula, você deverá ser capaz de o bservar as características da estética do Fantástico nas narrativas (contos e romances) hispano-americanas.
O Fantástico se estabelece num clima real, violentado pela irrupção insólita (incomum, rara) da lógica. Cenas banais são rasgadas, dentro de uma narrativa, por um episódio insólito, absurdo, sem explicação. Este tipo de episódio altera uma ordem prevista pelo leitor, expondo uma dimensão estranha do real.
O acontecimento deste tipo de fato, dentro do conto ou romance (novela), causa

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