Buscar

AULA 5, 6, 7- SEMINÁRIOS INTEGRADOS LIN. PORTUG

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

AULA 5- 
O que é licenciatura? 
Qual a diferença entre licenciatura e bacharelado?
O bacharelado, segundo o Ministério da Educação (MEC), é o curso superior que “confere ao diplomado competências em determinado campo do saber para o exercício de atividade acadêmica ou profissional”.
A licenciatura prepara o estudante para lecionar na educação básica. Por isso, os cursos de licenciatura precisam ter em sua grade as chamadas disciplinas pedagógicas, que dão a formação pedagógica aos estudantes.
O PCC de Letras
É o Projeto Pedagógico do Curso. Todos os cursos universitários devem ter um PPC, cada qual com suas especificidades. Vamos, agora, falar especificamente sobre o PPC de Letras Língua Portuguesa EAD.
O PPC é um longo documento, com 200 páginas em média, em que elencamos alguns tópicos importantes, dos quais destacamos alguns:
• Apresentação da Universidade e do curso;
• No caso do EAD, o modelo de ensino e as ferramentas tecnológicas;
• O perfil do egresso;
• A atuação do profissional de Letras;
• A grade curricular do curso;
• O corpo docente, os tutores, os coordenadores e secretaria;
• Modelo de avaliação.
Como você pode ver, trata-se de um amplo documento que situa o curso no contexto pedagógico, profissional e social. É elaborado pela Universidade, juntamente com o Colegiado do curso e o Núcleo Docente Estruturante (NDE).
O colegiado do curso é formado por professores e por representantes do corpo discente. O NDE, por sua vez, é presidido pelo coordenador do curso e formado por professores de maior titulação, a fim de “pensar academicamente” o curso, ou seja, de propor ações acadêmicas concretas para o melhor andamento do curso de Letras. 
Perfil do egresso
Bem, depois essas explicações, podemos destacar alguns tópicos mais relevantes pra nós do PPC. Primeiramente, vamos tratar do perfil do egresso (aquele que está deixando o curso, oposto de ingressante) e da atuação do profissional de Letras.
Vejamos o que diz o PPC de Letras Língua Portuguesa EAD:
A graduação em Letras, Licenciatura em Língua Portuguesa, da  Instituição tem por objetivo formar profissionais comprometidos com o domínio e utilização da linguagem em diferentes situações sociais, considerando sua adequação, especificidades discursivas e modalidades, o que compreende língua escrita e língua falada.
A habilidade de utilização da linguagem pelo profissional licenciado no curso de Letras permitirá que ele seja capaz de fazer reflexão crítica e criativa em relação à linguagem no contexto sociocultural. Dessa forma, o licenciado em Letras poderá atuar como professor de língua materna, Português brasileiro, e de sua literatura.
	Apesar de ser um curso de licenciatura, o curso de Letras forma profissionais aptos a trabalhar no mercado editorial, com revisão de textos; e até mesmo em grande empresas, com orientação linguística e também revisão de textos.
	Outro mercado em expansão é o mercado empresarial. Muitas organizações estão contratando profissionais para trabalharem como revisores de textos, ainda que seja no modelo de consultoria.
	Além de todo esse papel importante na definição dos papéis do egresso, o PPC de Letras trata também de competências e habilidades que devem ser desenvolvidas no aluno de Letras. Vejamos:
	A fim de atuar como professor de língua portuguesa e de literaturas, o aluno deverá construir as seguintes competências:
Política 
Ao desenvolver a competência política, pretende a sua formação capacitá-lo a:
• Perceber o sistema educacional,  a sociedade e a instituição escolar como um todo, de forma a entender a educação através dos sistemas que permeiam o corpo social;
• Fazer a leitura dos diferentes contextos interculturais e sua interação;
• Participar como cidadão consciente;
• Refletir criticamente acerca do contexto em que se situa a educação;
• Discutir e formular propostas político-pedagógicas;
• Propor alternativas de ação que se comprometam com a democratização do ensino.
Humana 
A competência humana traduz-se pela:
• Capacidade de trabalhar de maneira eficaz  com os demais membros da equipe escolar e com o aluno;
• Capacidade de gerenciar seu auto aperfeiçoamento como pessoa e como profissional do magistério.
Técnica 
A competência técnica envolverá:
• Capacidade de entender e produzir textos de diferentes gêneros e registros;
• Capacidade de entender e ser proficiente em métodos, processos, procedimentos e técnicas de organização do trabalho docente;
• Domínio dos conteúdos básicos trabalhados nos ensinos fundamental e médio.
As habilidades a serem desenvolvidas pelos alunos em relação à competência técnica são as de:
• Pesquisa, leitura e interpretação de textos e documentos;
• Utilização  de recursos tecnológicos à disposição da educação, entre eles, a informática;
• Planejamento, organização e direção de situações de aprendizagem que envolvam outras habilidades específicas.
organizar o contexto de ensino-aprendizagem;
variar a situação de estímulo à aprendizagem;
ilustrar com exemplos;
formular perguntas;
conduzir à integração dos conteúdos desenvolvidos e aprendidos;
empregar reforços de aprendizagem;
propiciar feedback que possibilite controle e avaliação da situação de ensino-aprendizagem. 
AULA 6- ANÁLISE LINGUISTICA I – TÓPICOS EM LEITURA E ESCRITA
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Reconhecer a importância do ensino de leitura e escrita;
2. Refletir sobre a importância de se entender esses processos;
3. Relacionar teorias diferentes a respeito do tema;
4. Verificar questões metodológicas para o ensino de leitura.
	Nesta aula, você vai reconhecer a importância do ensino de leitura e escrita nas escolas, a partir de reflexões e questionamentos comuns a qualquer professor de língua portuguesa de nosso tempo. Além disso, vai relacionar teorias e verificar questões metodológicas importantes.
	Nesta aula, vamos tratar de alguns tópicos relevantes de Análise Linguística. Vamos começar falando de leitura e produção de textos.
	Não é novidade para nós que falar é um hábito muito mais presente na vida das pessoas do que escrever. Por essa razão, costuma-se dominar mais a fala do que a escrita. Escrever é, portanto, uma atividade mais complexa do que falar. Não estamos querendo reduzir a importância da modalidade falada da língua, mas sim ressaltar que escrever é sim mais difícil. É por isso que temos tanta preocupação com a escrita e, consequentemente, com a leitura.
	
Importância da leitura
Maria Helena Martins, em seu livro O que é leitura (1994, p. 19), afirma o seguinte:
A psicanálise enfatiza que tudo quanto de fato impressionou a nossa mente jamais é esquecido, mesmo que permaneça muito tempo na obscuridade do inconsciente. Essa constatação evidencia a importância da memória tanto para a vida quanto para a leitura. Principalmente a da palavra escrita – daí a valorização do saber ler e escrever.
De modo geral, quando alguém é apontado como leitor, é porque, provavelmente, essa pessoa tem certo conhecimento de mundo, ou ainda vive debruçada em livros. Entretanto, por mais que a prática de leitura promova – e promove – o conhecimento, não podemos afirmar que ler é somente ler livros.
Novas mídias – afetam a leitura?
As pessoas costumam ler pelo computador, pelos tablets, smartphones etc. A quantidade de novos suportes oriundos da nova tecnologia é enorme. Será que isso pode afetar a leitura de algum modo?
A professora Cláudia Roncarati, em sua obra-prima Construindo as cadeias do texto (2010, p. 18), ensina o seguinte (grifo nosso):
As opções de leitura oferecidas pela mídia eletrônica estão criando novas práticas, exigindo-nos crescente capacidade de integrar as informações de modo não linear. 
Nas redes sociais conectadas pelas tecnologias digitais acopladas cada vez mais à internet, à telefonia e à televisão, em que os conteúdos nos chegam online, em tempo síncrono, pressionando-nos a nos manter antenados com eventos e notícias de última hora,estamos remodelando a figura do leitor e os modos de processamento da leitura.
	Não lemos mais somente na superfície de uma página impressa estática. Temos a opção de selecionar e ordenar, a nosso modo e ao nosso ritmo, comunicações provenientes de diferentes fontes e links. Somos cotidianamente expostos a uma enorme massa de mensagens, não raro, temos dificuldade de integrá-la e, mais ainda, de mantê-la em nossa memória de longo prazo.
	
Linearidade da palavra
A leitura, hoje, pode partir da palavra, passar por hiperlinks, vídeos, sons, imagens, retornar à palavra e assim por diante. Veja que a nossa relação com a leitura está perdendo a linearidade da palavra, das letras.
Decodificar letras, morfemas, palavras não é mais o ponto crucial da atividade de leitura que, por sua vez, torna-se algo cada vez mais dinâmico.
	Outra questão que envolve a leitura por meio desses novos suportes é a oportunidade que eles nos dãoo de difundir a escrita.
A professora Terezinha Bittencourt, em seu texto Oralidade, escrita e mídia (2006, p. 95), advoga o seguinte:
[...] Embora a invenção da escrita e sua difusão por diferentes povos já possa contar com cerca de cinco milênios, o acesso a essa tecnologia e sua vulgarização entre os membros das comunidades letradas é muito recente.
[...] Com o uso dos computadores em todas as diversas fases da produção de textos, o material impresso se difundiu em grande escala.
Agora que já tivemos esse panorama, você já deve ter se dado conta de que o papel do professor de Português é complexo e extremamente importante.
 
Se a leitura está mudando, a maneira com que ensinamos nossos alunos também precisa mudar. Não parece adequado insistir no ensino de leitura e produção de textos baseado em construção de frases soltas ou inda por intermédio de metalinguagem.
Competência linguística
Muitas escolas apostam em projetos, eventos, visitas técnicas etc., para a melhoria da cultura dos alunos e, consequentemente, da escrita. Mas nem sempre isso dá certo. Então, vamos falar sobre o conceito de competência linguística (não nos moldes da Teoria Gerativa, mas com base nos estudos do linguista romeno Eugenio Coseriu).
Não estamos defendendo o abandono do ensino de gramática nas escolas; muito pelo contrário.
Só queremos mostrar que este ensino tem o seu lugar em meio a diversos saberes que devem ser estimulados pelo professor.
Coseriu (foto) considera que saber produzir mensagens em uma dada língua não é só saber a língua. Assim, saber bem gramática, por exemplo, não é garantia de que o indivíduo será um bom escritor.
Níveis de saber
Coseriu considera três níveis de saber que, segundo o Prof. Uchôa (2008, p. 70), são:
O saber elocucional, ou competência linguística geral
Corresponde ao saber falar em geral, independentemente da língua, ou seja, um saber válido para todas as línguas. É o que alguns linguistas chamam de conhecimento enciclopédico ou conhecimento de mundo.
O saber idiomático, ou competência linguística particular
Corresponde ao saber falar um idioma determinado. Isto envolve o desenvolvimento de 
um bom vocabulário, bem como o domínio de regras do sistema gramatical da língua (concordância, regência, léxico etc.).
O saber expressivo, ou competência textual
Corresponde ao saber construir textos em situações determinadas.
Isso aponta para o fato de que nós, professores de Português, temos de voltar nossas atenções paraesses três saberes. Se priorizarmos somente um ou dois, o ensino ficará falho. 
Para ler e escrever qualquer texto, o aluno precisa:
De conhecimento de mundo suficiente para interpretar/ escrever a respeito de um determinado assunto, seja qual for o gênero/tipo textual. Quanto menor for esse saber, menores chances ele terá de entender e de escrever um texto.
De conhecimento a respeito das regras da sua língua, tanto para a escrita quanto para a oralidade. Quando falamos em regras, referimo-nos a tudo aquilo que envolve o sistema da língua.
De conhecimento a respeito da estrutura do gênero textual, sua aplicabilidade, nuances construtivas etc.
Metodologia de ensino de leitura
	Outra questão importante é a metodologia de ensino de leitura. Segundo a professora Maria Aparecida Pauliukonis, em seu texto Texto e contexto, publicado no livro Ensino de Gramática: descrição e uso (2011, p. 240), este é o maior entrave no que diz respeito ao ensino de texto: a ausência de metodologia.
	 
Segundo Pauliukonis...
Tradicionalmente, o ensino de texto sempre encontrou dificuldades de delimitação. 
Em primeiro lugar, porque não se apresenta um programa bem definido como existe, por exemplo, para a sintaxe, a morfologia, a fonética e a fonologia, temas da gramática da frase.
Em segundo, também devido ao espaço menor de tempo dedicado a ele pelos professores, sobrecarregados pelo cumprimento dos extensos programas curriculares, centrados em uma metalinguagem de classificação e de reconhecimento dos elementos gramaticais.
REFLEXÃO
Entretanto, o professor de Português deve considerar sua função dentro do processo educacional. Nosso foco tem mesmo de ser unicamente o ensino de metalinguagem? O que você acha? As regras gramaticais são suficientes para que o aluno seja um bom produtor de textos?
As regras gramaticais são importantíssimas e devem ser trabalhadas em sala de aula, mas com um único objetivo: o uso da língua em textos orais e escritos. O aluno precisa sim saber concordância, regência, acentuação, etc., para ser apto usuário de sua língua em toda e qualquer atividade linguística.
Regras gramaticais: serão suficientes?
O aluno precisa saber concordância, regência, acentuação etc., para ser usuário de sua língua em toda e qualquer atividade linguística. Todavia, como já vimos, isso não é suficiente. Temos de alimentar outros saberes para que o aluno tenha essa desejada aptidão. Caso contrário, teremos muitos experts em análise sintática e poucos leitores.
Perspectiva histórica
Ainda com base em Pauliukonis, verificamos que nas décadas de 1940/1950 o ensino de leitura era baseado nos textos clássicos, cujo princípio era estético e moralizante. Num segundo momento, houve uma intenção mais informativa do ensino de leitura. Foi quando se resolveram trazer o jornal para a sala de aula, as enciclopédias, ou seja, a pesquisa informativa. Foi nessa fase que os vestibulares e concursos públicos começaram a ganhar importância.
Conceito de texto
Com essa perspectiva informativa, o texto passa a ser tratado como uma unidade de sentido que reflete o pensamento do autor. Entretanto, pesquisas modernas de análise do texto sugerem que este não é um produto, mas um processo de elaboração de sentido, do qual fazem parte também os interlocutores e o contexto.
Pauliukonis (2011, p. 243) advoga que:
Essa noção de texto considerado como discurso prevê, portanto, que ele é o resultado de uma operação estratégica de comunicação, produzida por um enunciador e decodificada como tal por um leitor, em três níveis: o referencial, que diz respeito ao conteúdo; o situacional, relacionado aos entornos sociais (contexto); e o pragmático, referente ao processo sociointerativo.
Ler torna-se, desse modo, um trabalho de desvendamento ou interpretação de operações linguístico-discursivas estrategicamente utilizadas na estruturação textual.
Então, isso nos compromete: temos de formar alunos que sejam capazes de fazer parte desse processo interpretativo, com conhecimento de mundo suficientemente amplo, com domínio das regras do idioma e conhecimento dos gêneros textuais, conforme nos orientam os PCN.
AULA 7- ANÁLISE LINGUISTICA II – TÓPICOS EM GRAMÁTICA
Ao final desta aula, você será capaz de:
1 - Reconhecer a importância do ensino de gramática;
2 - Refletir sobre a importância de se entender esses processos;
3 - Relacionar teorias diferentes a respeito do tema;
4 - Verificar questões metodológicas para o ensino de gramática.
Ensino de Língua Portuguesa nas escolas brasileiras
Sabemosque há muito tem se discutido o ensino de Língua Portuguesa nas escolas brasileiras.
Acadêmicos e professores sempre colocaram em xeque o ensino puramente gramatical e apontam para o ensino de leitura como o principal viés da sala de aula brasileira do século XXI. Alimentando ainda mais esse desejo, os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) de língua portuguesa reiteram a necessidade de se focar no ensino de leitura a partir e através do ensino de gêneros textuais.
Todo texto se organiza dentro de um determinado gênero (...).  Os vários gêneros existentes, por sua vez, constituem formas relativamente estáveis de enunciados, disponíveis na cultura, que são caracterizados por três elementos: conteúdo temático, estilo e construção composicional.
Podemos ainda afirmar que a noção de gêneros refere-se a “famílias” de textos que compartilham algumas características comuns, embora heterogêneas, como: visão geral da ação à qual o texto se articula, tipo de suporte comunicativo, extensão, grau de literariedade, por exemplo, existindo em número quase ilimitado.
Os gêneros são determinados historicamente. As intenções comunicativas, como parte das condições de produção dos discursos, geram usos sociais que determinam os gêneros, os quais dão forma aos textos [...]
Desse modo, o ensino de gramática parece ter sido eleito o grande vilão das aulas de português. Mas será que ela merece esse lugar tão marginal?
Leitura – desejo ou obrigação?
Como vimos na aula passada, a leitura deve ser um gosto, ou seja, um desejo saudável de cada um de nós, e o professor de língua portuguesa desde as séries iniciais deve trabalhar no aluno esse gosto. O foco das séries iniciais deve ser sim a leitura e a cultura, com muito pouco ou quase nenhuma formalização gramatical. Rui Barbosa (1946) já nos dizia isso há muitos anos.
Da escola elementar (a escola de primeiro grau) há de ser absolutamente excluído o ensino das teorias gramaticais. (...) 
A cultura da língua vernácula principiará desde o primeiro momento do curso elementar pelos processos intuitivos.
O que nos quer dizer o mestre Rui Barbosa? Que a gramática para os mais novinhos deve ser ensinada de forma intuitiva, a aproveitar o seu conhecimento linguístico prévio, ou sua competência nos moldes do gerativismo, para que a leitura e a escrita sejam valorizadas. Em complementação análoga a esse pensamento, os mais velhos devem sim ter uma reflexão mais pontual a respeito dos conteúdos gramaticais/ formais da língua.
Não raro, encontramos alunos no ENEM com dificuldades extremas de externar o pensamento pela escrita, face a problemas com a gramática e com o pouco conhecimento de mundo.
Entretanto, não defendemos a ideia de um ensino gramatical mecanizado, mas sim um ensino gramatical que leve o aluno a refletir sobre os critérios formais de sua língua, a fim de entender como ela pode ser usada nas diversas situações comunicativas.
Linguagem
O Prof. Carlos Eduardo Falcão Uchôa, em seu livro A linguagem: teoria, ensino e historiografia, advoga que: 
A análise gramatical, que deve constituir a atividade fundamental das aulas de gramática, continua a deter-se prioritariamente, como se pode constatar ainda, mesmo em séries didáticas que intentam apresentar novos rumos para o ensino da língua, no reconhecimento quase automatizado da forma, função e valor semântico de uma unidade linguística, sem levar em conta, neste último critério, o contexto.
Assim, a simples presença de um “mas”, numa frase, conduziria o aluno ao emprego do termo gramatical correspondente: uma oração coordenada sindética adversativa.
Trata-se, evidentemente, de uma análise que, se bem que útil como meio de comprovação, mostra-se insuficiente, redutora, muitas vezes, na apreensão do sentido da oração na frase em que ocorre. [...]
Convive-se, desta maneira, com um ensino que, em geral, não cultua prática reflexiva da língua, o seu domínio, em suas variedades e em seus modos diversos de dizer, que não motiva, assim, o gosto pelo seu estudo, pela leitura compreensiva de seus textos e pela produção constante destes, compartimentado em aulas de redação, aulas de exercícios de gramática normativa, ou descritiva [...]
Assim, a partir de agora, vamos analisar alguns tópicos gramaticais relevantes tanto para a sala de aula, como para o ENADE, a partir de um viés da Linguística Aplicada e de algumas outras teorias linguísticas relevantes, para que possamos refletir sobre o ensino de gramática
Fonética e Fonologia
Esse tópico tem sido esquecido pelos professores ao longo do processo escolar. 
Quando lembrado, resume-se à prática de decorar símbolos fonéticos que a nada levam um aluno de ensino médio, por exemplo. Entretanto, o aluno deve saber que:
Há sons produzidos pelo aparelho fonador humano, e nem todos são distintivos em nossa língua;
Os sons da língua só podem ser estudados a partir de uma perspectiva opositiva, de distinção de significado, como em “faca” x “vaca”, por exemplo;
Há peculiaridades no que diz respeito ao comportamento dos sons da língua, como os ditongos fonéticos e os dígrafos vocálicos: “fizeram” = AM é um ditongo fonético; “cantam” = AN é um dígrafo vocálico. O que difere esses conceitos dos conceitos tradicionais de dígrafo e ditongo;
A fonologia possui conceitos importantes para a aquisição da escrita, como por exemplo os critérios de acentuação das paroxítonas que devem ser acentuadas quando terminam em ditongo crescente, como ocorre em “água”, por exemplo.
Morfologia
No caso da morfologia, as aulas de Português muitas vezes se detêm somente nas classificações de classes de palavras ou nos processos de formação. Entretanto, não podemos esquecer que:
As palavras se constroem a partir de morfemas, que são unidades significativas;
Os morfemas, muitas vezes, mostram nossas heranças e contatos linguísticos;
Os morfemas mostram a produtividade de nossa língua, não só na criação de novas palavras como também na criação de sentidos que queiram ser ditos pelo falante;
Os processos de formação de palavras são produtivos e opõem-se, muitas vezes, à flexão (derivativo voluntaria x derivativo naturallis);
A categorização das palavras em classes gramaticais ajuda-nos a entender a função e a forma de cada uma das palavras, bem como seus usos no dia a dia da língua. Podemos estudar os substantivos em relação com as palavras que a ele se ligam, como artigos, adjetivos etc., a partir da noção de Sintagma Nominal. Clique aqui e veja como.
Há também que se discutir critérios de classificação das palavras, como nos mostra Maria da Aparecida de Pinilla, em seu artigo intitulado Classe de palavras (2011). Clique aqui para ver a tabela de Proposta de classificação com base nos três critérios.
Há também que se discutir critérios de classificação das palavras, como nos mostra Maria da Aparecida de Pinilla, em seu artigo intitulado Classe de palavras (2011). Clique aqui para ver a tabela de Proposta de classificação com base nos três critérios. (A tabela está salva na pasta da disciplina)
Sintaxe 
Talvez seja a sintaxe a parte da gramática que mais amedronta nossos alunos, mas certamente porque não os ensinamos sintaxe como algo útil, que nos auxilia para a concordância, para a regência e, principalmente, para a pontuação. Não raro, as aulas de sintaxe se resumem à análise sintática e às classificações das diversas orações coordenadas e subordinadas. Entretanto, qual seria a validade disso na vida prática dos alunos? Quase nenhuma, se as análises tiverem um fim em si mesmas. A seguir, veremos alguns itens que precisamos fazer o aluno reconhecer.
A língua possui regras de combinação das palavras que devem ser sempre seguidas no uso formal;
• O reconhecimento do sujeito, por exemplo, auxilia na concordância verbal;
• O reconhecimento do núcleo do sintagma nominal auxilia na concordância nominal;
• O reconhecimento dos termos sintáticos auxilia na pontuação, haja vista o aposto e o vocativo que vêm entre vírgulas; o adjunto adverbial descolado que tambémvem entre vírgulas etc.;
• As orações coordenadas e subordinadas relacionam sentidos, operações argumentativas que deflagram as reais intenções do interlocutor;
• O período composto/ complexo é fruto de pensamentos mais complexos, em gêneros textuais que o exigem etc.
REFERÊNCIAS
CAMPOS, Elenice de. Reflexões sobre o ensino da gramática. Disponível aqui. Acesso em 28 mai. 2014.
PAGOTTO, Emilio. Desdemonizando o ensino de gramática. Disponível aqui. Acesso em 28 mai. 2014.
PRESTES, Maria Luci de Mesquita. O ensino de gramática em uma perspectiva textual. Disponível aqui. Acesso em 28 mai. 2014.
RODRIGUES, Marlon Leal; SOUZA, Antônio Carlos Santana de. Ensino de gramática. Disponível aqui. Acesso em 28 mai. 2014.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Ensino de gramática numa perspectiva textual interativa. Disponível aqui. Acesso em 28 mai. 2014.
Como tem sido o ensino da gramática nas escolas. Disponível aqui. Acesso em 28 mai. 2014.
Português Ensino Médio 51. A importância da gramática. Disponível aqui. Acesso em 28 mai. 2014.
Linguista Ataliba T. de Castilho no Programa do Jô. Disponível aqui. Acesso em 28 mai. 2014.
Prof. Evanildo Bechara no Programa do Jô. Disponível aqui. Acesso em 28 mai. 2014.

Outros materiais