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TEORIA DA LITERAURA 3-Aula 1

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TEORIA DA LITERATURA III
AULA 1 – DO MÉTODO FORMAL À CONSCIÊNCIA ESTRUTURAL
O método formal
A palavra estruturalismo surgiu pela primeira vez nas pesquisas do Círculo Linguístico de Moscou, em 1914 e, mais tarde, nas Teses de 1929, no Círculo Linguístico de Praga, quando alguns estudantes decidiram estudar o objeto literário sob a perspectiva linguística.
Durante esse período foi criada a Associação para o Estudo da Linguagem Poética (conhecida pela sigla Opoiaz), com o objetivo em comum de estabelecer bases científicas para os estudos e análises literárias.
Ao estabelecerem uma base estritamente fundada na linguística, havia o propósito de criar uma ciência literária autônoma, com a finalidade de evitar as digressões críticas que levavam o estudo do objeto literário a um abstracionismo, seja ele existencial, filosófico, psicológico, religioso, político ou sociológico.
A recusa dessas tendências humanistas devia-se ao fato de serem perspectivas subjetivistas demais para a abordagem do literário como objeto concreto de análise. Consequentemente, restringiu-se o estudo literário a um processo de organização da obra voltado para os princípios linguísticos imediatos e contingenciais, de modo que o literário fosse transformado em uma matéria palpável e tangível de análise.
Ao estabelecer a linguística como base científica para os estudos literários e considerando que a linguística é a ciência que estuda os fatos da linguagem por excelência, o objeto literário passa a ser formalizado segundo a própria linguagem, ou seja, concebida como um sistema fechado, metodológico e formal. Entende-se por sistema aquilo que é programado para funcionar autonomamente, segundo uma lógica regida por formas e funções precisas, onde os recursos e técnicas disponíveis determinam suas regras de funcionamento, segundo sua contingência imediata.
Esse sistema de análise do objeto literário voltado apenas para as formas linguísticas em sua contingência imediata demonstra-se como um modelo estático, a-histórico, que evidencia o aspecto sincrônico da abordagem, distinguindo-se da análise diacrônica, passiva de uma perspectiva histórica e evolutiva.
Assim, para os chamados formalistas russos, o texto literário devia ser analisado como um sistema composto de uma metodologia formal que valorizava o aspecto gramatical, fonológico, semântico, morfológico, enfim, considerando os elementos estruturais e as técnicas de construção, sejam do poema ou da narrativa.
Segundo o formalista Boris Eikhenbaum, em seu ensaio A teoria do método formal, o primeiro passo da metodologia dos formalistas foi classificar cientificamente o objeto literário segundo a distinção entre a linguagem poética e a linguagem cotidiana.
Desse modo, fica claro que o método formalista tinha por objetivo investigar os traços distintivos que evidenciassem a construção estética de sua linguagem poética ao contrastá-la com a linguagem cotidiana, marcada pela usualidade e objetividade. Essa objetividade era condizente com o automatismo do dia a dia, onde as pessoas utilizam a língua visando apenas a comunicação, sem prestarem atenção aos detalhes formais, fônicos, semânticos ou morfológicos.
Além de dar início ao processo de especificação e concretização da ciência literária como princípio organizador do método formal, vimos que esse confronto entre linguagem poética e a linguagem cotidiana tinha a finalidade de especificar os traços formais e distintivos de uma obra literária.
Roman Osipovich Jakobson: foi um pensador russo que se tornou num dos maiores lingüistas do século XX e pioneiro da análise estrutural da linguagem, poesia e arte.
A esse conjunto de traços distintivos que formalizam esteticamente a obra literária, chamou-se de literariedade, como sentenciou Roman Jakobson, ao declarar que “A poesia é a linguagem em sua função estética. (...) Deste modo, o objeto do estudo literário não é a literatura, mas a literariedade, isto é, aquilo que torna determinada obra uma obra literária.”
É evidente que a linguagem poética não se sujeita a uma norma ou código de regras fixas e gramaticais, nem tampouco ao uso cotidiano, voltado apenas para a comunicação e automatismo da mensagem. Sendo assim, para o método formal, a linguagem poética está condicionada ao desvio das normas pela literariedade e pela construção técnica do objeto literário enquanto um sistema formal. Em poucas palavras, não importa ‘o que’ se diz, mas sim ‘como’ se enuncia a mensagem poética, ao colocarmos a linguagem em evidência, no primeiro plano de nossa atenção.
Ainda dentro do programa de análise formalista, é importante ressaltar a valorização técnica na construção das narrativas, quando se tentou elaborar uma espécie de teoria da narrativa, ou narratologia.
Da Transição do Método Formal para a Consciência Estrutural
No ensaio Os problemas dos estudos literários e linguísticos, os teóricos formalistas J. Tynianov e Roman Jakobson utilizaram o método formal para aproximarem os estudos das formas literárias das formas linguísticas, como o próprio título sugere, além de investigarem os traços que caracterizariam a literariedade como elemento determinante.
Yuri Tynianov: foi um famoso escritor soviético/russo, crítico literário e tradutor nascido em Rezhitsa, atualmente Letónia. Foi importante membro do Formalismo Russo.
Os Estudos dos Círculos Linguísticos
Esses estudos constituíram uma espécie de matriz do formalismo russo, com os estudos de Saussure. São eles: a recusa da interpretação subjetivista da obra literária; a relação entre os conceitos de diacronia e sincronia; a relação entre a língua e a fala.
Em primeiro lugar, como já foi visto por nós, essa matriz formalista recusava a interpretação psicologizante da obra literária, descredibilizando a análise literária que privilegiasse os aspectos subjetivos e humanistas do sujeito autor como fator determinante para a compreensão da obra. Em contrapartida, buscava-se reconhecer a obra literária segundo sua materialidade linguística e os aspectos intrínsecos à linguagem, privilegiando-a como um sistema autônomo, funcional e anti-humanista.
Em segundo lugar, o formalismo estabeleceu a oposição entre o aspecto sincrônico, constituído pela valorização imediata e concreta da língua como um sistema autônomo, e o aspecto diacrônico, voltado para um caráter histórico e evolutivo da língua.
Ferdinand de Saussure: foi um linguista e filósofo suíço, cujas elaborações teóricas propiciaram o desenvolvimento da linguística enquanto ciência autônoma.
É importante dizer que esta noção de sincronia pretendia reunir as obras literárias a partir de um eixo comum, baseado em um sistema formal e imanente de sua estrutura linguística, ao exaltar o aspecto científico e libertar-se do comparativismo histórico sobre as produções literárias desde a filologia. Assim, a diacronia passaria a tratar não mais da evolução histórica das obras, mas da evolução das estruturas e seus desvios formais.
Em terceiro e último ponto de influência saussureana destacado por Tynianov e Jakobson, há a oposição das noções de langue (língua) e parole (fala), ao considerarem a língua como um código e uma norma, e a fala como a manifestação fônica e individual da língua ao visar a comunicação entre os indivíduos falantes.
Em síntese, segundo o método formal, a obra literária passa a ser vista como um sistema autoconsciente e imanente, com suas formas e funções articuladas pela combinação dos signos, independente do sujeito, além de localizar-se na fronteira entre passado e presente, e entre a língua e a fala, ao subverter as regras gramaticais acentuando sua sonoridade pela métrica, pela rima, pelo paralelismo, paronomásia, aliteração e outros recursos fônicos.
Para os formalistas, a linguagem poética possui existência própria ao ser colocada em primeiro plano de nossa percepção, ao tornar-se o foco principal de nossa atenção a partir de um procedimento técnico de combinação dos signos e segundo uma construção formal. Por isso ela possui sua autonomiae deve ser focalizada como um sistema autoconsciente, como um objeto de valor em si, independente de sua distância histórica ou de seu uso referencial. 
“O funcionamento poético da linguagem ‘promove a palpabilidade dos signos’, chama a atenção para suas qualidades materiais e não simplesmente para o seu uso como elementos de comunicação. No ‘poético’, o signo é deslocado de seu objeto: a relação habitual entre signo e referente é modificada, o que permite ao signo uma certa independência como objeto de valor em si.”(EAGLETON, 2003, p. 135).
Analisemos as seguintes construções: 
O método formal de análise de uma obra literária é pertinente se estiver vinculado ao desvio formal, jamais ao autor, ao eu, já que não é o sujeito cartesiano quem determina o poético, considerando, mais uma vez, que a obra é um sistema autoconsciente em sua formalização estética.
Para eles, era necessário afirmar a visão do poético sob um sistema imanente e dialético, do qual fosse possível analisar a linguagem poética tanto em sua relação diacrônica, considerando a evolução histórica das formas, quanto sincrônica, ao estabelecer a aproximação e diálogo entre a literatura e o uso cotidiano da língua, justamente onde esta é experimentada, renovada e atualizada.
A Consciência Estrutural Semiológica em Ferdinand de Saussure
Já vimos que o termo ‘estrutura’ foi utilizado primeiramente pelo Círculo Linguístico de Praga, em suas pesquisas sobre a linguagem poética, assumidamente influenciadas por Ferdinand de Saussure, em seu Curso de Linguística Geral.
A importância de Saussure foi estabelecer uma ruptura com o estudo histórico das línguas, feito desde a filologia até a linguística tradicional, ao privilegiar a língua como um sistema formal e científico (sincrônico), libertando-a de seu filão histórico evolutivo (diacrônico). 
Inicialmente, ele opôs a língua e a fala, ao reconhecer a língua como um sistema em sua noção conceitual, e a fala como seu agente transformador e acústico.
Desse modo, Saussure afirmo que “O estudo da linguagem comporta, portanto, duas partes: uma, essencial, tem por objeto a língua, que é social em sua essência e independente do indivíduo; esse estudo é unicamente psíquico; outra, secundária, tem por objeto a parte individual da linguagem, vale dizer, a fala, inclusive a fonação e é psico-física.” (SAUSSURE, 2004, p. 23)
Essa ruptura, chamada de “corte saussuriano”, definiu o início da linguística moderna, quando a linguagem passou a ser vista como uma estrutura sincrônica formalizada pelo signo, e não mais pelo aspecto histórico ou humanista. Para tanto, ele opôs a língua (segundo uma instituição social) e a fala, concebida como o lugar das trocas inconscientes entre os indivíduos.
Saussure assinalou seu interesse pela linguagem tanto a partir de uma perspectiva social quanto de uma esfera psíquica, já que seus estudos baseavam-se nas pesquisas sobre a infraestrutura da língua e sua dimensão mais profunda, ao nível inconsciente.
 
Sua modernidade está em ter apostado no signo como o elemento intermediário entre a sociedade e o indivíduo, ao aproximar o universo simbólico da linguagem ao nível do inconsciente profundo, seja em seu aspecto fonológico e acústico (do significante), ou na articulação social dos signos (pelo significado), marcada pela semiologia.
O que é semiologia?
É a ciência que estuda o signo e sua relação social, ou seja, é o estudo dos signos linguísticos como mediadores da esfera psíquica dos indivíduos e da estrutura social.
Linguística corresponde ao estudo científico da linguagem humana. Assim como ocorre em outras ciências, podemos ter diferentes maneiras de compreender o mesmo objeto de estudo.
Entretanto, se para os formalistas seus programas concentravam-se na valorização formal da linguagem, limitando seu aspecto fonológico à métrica, à rima, à aliteração, ou seja, à construção poética do texto como sistema e seus recursos fônicos, em Saussure essa valorização fonológica será potencializada a partir da fala, no âmbito da oralidade e das trocas sociais inconscientes, ultrapassando os limites formais e estéticos da linguagem estabelecidos pelo método formal.
SLIDES
Aula 01: A consciência estrutural e sua herança formal: a herança formalista 
Para compreender o surgimento do Estruturalismo, é importante retomar os pressupostos do Formalismo Russo ou da Crítica formalista. Essa corrente permaneceu desconhecida pelo Ocidente até a década de 1950, quando Todorov traduziu ensaios que revelaram as ideias fundamentais do grupo. O contato com tais conceitos foi um dos elementos propulsores da reflexão que levou ao surgimento do Estruturalismo Literário. 
Os formalistas partem de elementos que estão presentes na obra de Edmund Husserl, principalmente na fenomenologia desenvolvida pelo filósofo alemão, que vai buscar estabelecer critérios de validade para o pensamento científico mais rígidos e rigorosos; pretendia criar uma filosofia e uma ciência dura como as ciências naturais.
Na fenomenologia, também há o que Husserl chama de “a coisa”, ou seja, o isolamento de um objeto de todas as suas circunstâncias, fazendo o que ele chama de redução fenomenológica, princípio que leva os formalistas a criarem o conceito de literaturnost. Para o filosofo, objeto é o mesmo que fenômeno, aquilo que é manifesto.
A data 1915 marca o que se convencionou chamar Formalismo Russo (20 – 30). Roman Jakbson e um grupo de estudantes fundam o Círculo Linguístico de Moscou, criado com o intuito de estudar a teoria literária, explorando novas abordagens no estudo da língua e da literatura, buscando uma nova visão sobre a literatura, a crítica e o fazer literário. Quase ao mesmo tempo, em Petersburgo, surgia a Sociedade para o Estudo da Linguagem Poética
Viktor Chklovski (Shklovsky ou Shklovskii) fundou o OPOJAZ/OPOIAZ (Sociedade para o Estudo da Linguagem Poética/ Escola de estudos Poéticos de Moscou) um dos dois principais grupos do Círculo Linguístico de Moscou, onde foram desenvolvidas as técnicas e teorias críticas do formalismo russo, que influenciou autores como Bertold Brecht, dentre outros estudiosos e cineastas de renome. Crítico literário, escritor e cenógrafo, é considerado por muitos o pai do formalismo russo. 
Tzvetan Todorov, importante estudioso e divulgador das ideias dos formalistas, assim como Roman Jakbson, um dos mais célebres membros do Círculo de Moscou, alega que o nome dado ao grupo advém de uma falácia, já que era utilizado por seus detratores de forma pejorativa. Apesar de rejeitado, o termo acabou se consagrando. Radicado desde os anos 1960 em Paris (onde adquiriu cidadania francesa em 1973), Todorov dedicou-se inicialmente à crítica literária, difundindo o formalismo russo e tornando-se importante teórico do estruturalismo. Nas últimas décadas, voltou-se para temas da filosofia e do pensamento político.
A Primeira Guerra Mundial transformava de maneira drástica as relações políticas entre as nações, como também o panorama cultural do globo. 
O rádio alargava as comunicações humanas. 
Os automóveis se expandiam. 
As artes propagavam movimentos de vanguarda: o cubismo, o dadaísmo e o jazz. Charles Chaplin encantava o mundo com seus filmes. 
Albert Einstein fazia valiosas contribuições à ciência. 
Na Rússia, ocorriam profundas mudanças em consequência da grande Revolução Russa - Revolução Comunista de 1917 - , que também afetava as produções artísticas, efervescentes naquele período da história do país. Neste contexto, surgiu uma das mais importantes correntes críticas da literatura, o Formalismo Russo, marco inicial para os estudos modernos no campo das Letras.
Alguns dos membros do Círculo Linguístico também fizeram parte do OPOIAZ, como o próprio Jakbson. A associação propunha uma redefinição do objeto dos estudos literários. Seu olhar seria exclusivamente sobre o texto, rejeitando qualquer interpretação ou influência extraliterária, entre elas, a filosofia, a psicologia e a sociologia, o leitor, o autor e o contextohistórico que serviam de base para os estudos literários que eram realizados até aquele momento por uma abordagem positivista, pois para eles as bases de análise da obra literária deveriam ocorrer por meio dos componentes estéticos, sem relevar aspectos externos. 
O objetivo era realizar estudos nos campos da poética e da linguística. Estudos que foram inovadores desde o início por estabelecerem análises paralelas entre a literatura e a linguística, inquietação que seria dominante nos trabalhos realizados pelo grupo. Foi cunhado, nesta época, o termo função poética, instituindo importantes considerações a respeito da linguagem literária, solidificando a relação dos referenciais conotativos como item primordial na conformação do texto poético.
"O que nos caracteriza não é o formalismo enquanto teoria estética, nem uma metodologia representando um sistema científico definido, mas o desejo de criar uma ciência literária autônoma a partir das qualidades intrínsecas do material literário.“ (Boris Eichenbaum, Teoria da Literatura: Formalistas Russos - Globo, 1976 )
A ciência da literatura, segundo eles, deveria estudar a literariedade (literaturnost), isto é, o que confere a uma obra sua qualidade literária, aquilo que constitui o conjunto de traços distintivos do objeto literário.
Buscavam criar uma ciência da literatura, que deveria afastar-se de aspectos extraliterários, logo a literatura deveria ser estudada isoladamente, por isso, a necessidade de conceitualização da literariedade, que daria o respaldo necessário para aquilo que desejavam: o estudo da natureza autônoma da linguagem poética e sua especificidade como um objeto de estudo da crítica literária.
Para eles, a obra literária não era um simples veículo de ideias ou uma reflexão sobre a realidade, mas um fato material possível de análise, já que era formada por palavras, não por objetos ou sentimentos, seria um erro considerá-la como a expressão do pensamento de um autor. 
Este fundamental princípio levou os formalistas a definirem os caracteres específicos do fato literário; deste modo, não procuravam tal especificação no estado de alma, na pessoa do poeta, na natureza da experiência humana ou da vivência contidas no poema, nem nas categorias e nos adágios de qualquer estética especulativa, mas sim, no poema. 
A especificação que buscavam estava no próprio texto literário, é algo imanente do próprio texto, que deveria ser tomado como objeto de estudo. 
De forma bem geral, podemos dizer que a literariedade é a reunião de predicados que regem os princípios de composição da arte de produzir escritos artísticos. Na condição de propriedade abstrata que torna a narrativa portadora de peculiaridades e de originalidade, a literariedade constitui a essência do fato literário.
Vladimir Propp, estruturalista russo, estendeu o Formalismo Russo à narratologia. Em seus estudos, analisou diversos contos de fadas buscando encontrar seus elementos narrativos mais básicos. Propp identificou sete classes de personagens, divididos segundo sua função nos contos, seis estágios de evolução da narrativa e 31 funções narrativas para as situações dramáticas do enredo.
Na crítica formalista observa-se “uma negação do conteúdo da arte”, há precisamente, “uma preocupação com a forma, independente do conteúdo” (MERQUIOR, De Praga a Paris,1991, p. 39). 
“O estruturalismo, a maior revolução metodológica nas ciências humanas nos últimos cinquenta anos”, segundo Ivan Teixeira (Cult: Revista Brasileira de Literatura1998, p. 34). 
A análise estrutural irá ultrapassar a redução formalista, determinando a ligação que existe entre o sistema de formas e o sistema de sentido, trocando a procura de analogias, termo a termo, pela das similitudes globais.
O estruturalismo propõe o abandono do exame particular das obras e da descrição fenomenológica, tomando-as como manifestação de outra coisa para além delas próprias: a estrutura do discurso literário, formado pelo conjunto abstrato de procedimentos que caracterizam esse discurso, enquanto propriedade típica da organização mental do homem. 
O estruturalismo seria o segundo momento das tendências textualistas da teoria da literatura e da crítica literária. Tendências que irão privilegiar o texto sobre o contexto. Ele surgirá neste primeiro momento na cidade de Praga, mas depois irá migrar para Paris e se desenvolver na década de 1960. Na década de 1930, a Universidade de Praga é um das mais importantes da Europa; está ligada aos países de língua alemã e está entre a Rússia e a Europa. 
Entre os vários acadêmicos, críticos pensadores, intelectuais, artistas, etc. que deixaram Moscou na década de 1930 ou foram exilados, está Jakbson, quando irá se formar o Círculo Linguístico de Praga, que parte de um lado da semiótica e da linguística de Saussure e de outro lado de um grupo de estudiosos da fonética que tem Trubetzkoy como principal nome. 
É a partir do Círculo Linguístico de Praga que a linguística ganha respaldo fora das ciências da linguagem, fora das letras, e tanto ela quanto a semiótica – semiologia – transformam-se em disciplinas obrigatórias. Em Praga, há o encontro de duas ideias que partem da linguística de Saussure. A Semiologia tem por objeto qualquer sistema de signos, seja qual for sua substância, sejam quais forem os seus limites. 
O pensamento estruturalista de Praga irá tentar compreender esse conceito de estrutura e fazer com que ele seja compreensível em outras disciplinas que não as da linguagem. No caso da literatura e das artes, foi fundamental a colaboração de Jakbson e Mukarovisky.
Jakbson - a ideia estrutural de função parte do Círculo linguístico de Praga. Funções da linguagem. 
Mukarovsky – parte também das ideias de função, de estrutura, de norma e valor para pensar obras literárias e, sobretudo, a diferença entre obras literárias e não literárias.
A estrutura sempre será pensada de maneira imanente e de uma estrutura qualquer é possível se relacionar diversas partes. 
 sintagmática - combinações/arranjos 
 paradigmática - seleções possíveis dentro de uma estrutura.
O pensamento estruturalista sai da forma e tenta pensar a estrutura e, por isso, está um passo além do formalismo, pois a estrutura se desenvolve e permite que haja comparações entre a estrutura de diversas obras; é um pensamento que se caracteriza pela mobilidade, uma vez que as estruturas se movem e possuem similaridade. 
Enquanto isso, o formalismo é centrado em um texto específico e tende a particularizar os estudos dos casos, enquanto os pensadores estruturalistas procuram estabelecer gramáticas gerais ou universais.
Dicotomia langue e parole (Saussure)
Estruturalismo – está centrado na langue, a prática das estruturas será móvel, permite comparação entre diversas obras, os tipos de narrador, procura entender os princípios gerais de organizações de todas as línguas. Irá influenciar várias ciências humanas, como a Antropologia, história, música, etc.
Formalistas – está centrado na parole na análise de casos específicos .

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