Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO "A VEZ DO MESTRE” A CONSTRUÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA E SUA FUNÇÃO SOCIAL Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós Graduação Lato Sensu em Supervisão Escolar para disciplina de metodologia da Pesquisa. Por: Valesca Abdon Dantas Professora Orientadora: Diva Nereida Marques M. Maranhão RIO DE JANEIRO Agosto/2002 2 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pelo dom da vida e a minha família, por estar ao meu lado em mais esta jornada importante na minha vida acadêmica. 3 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao meu filho. 4 EPÍGRAFE Hoje é hoje com o peso de todo o tempo ido, Com as asas de tudo o que será amanhã, Hoje é o sul do mar, a velha idade da água, E a composição de um novo dia”. Pablo Neruda 5 APRESENTAÇÃO A problemática das dificuldades na linguagem oral e escrita, foi a inspiração fundamental desta pesquisa. A partir da análise de diferentes fundamentações teóricas e de relato de uma pesquisa de campo realizado nos Municípios de Duque de Caxias e de São João de Meriti. Os capítulos sugerem a seguinte organização: Capitulo 1- Justifica a necessidade deste estudo e apresenta a problemática levantada neste trabalho. Enfatizando também a aquisição da leitura e da escrita, ressaltando-as de maneira ampla e não limitando-as a decodificação dos fonemas, o traço do desenvolvimento motor da criança e relato dos fatores da aprendizagem da leitura e da escrita. Capítulo 2- Descreve os níveis conceituais lingüísticos, com abordagem construtivista. Capitulo 3- Enfatiza o conceito da transição da escrita alfabética para a correção ortográfica, do fonema e do grafema. Capitulo 4- Enfatiza a função social da leitura e da escrita. 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................. CAPÍTULO I APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA................... 1.1 – Desenvolvimento Motor X Desenvolvimento da Linguagem............................................................................... 1.2 – Fatores da Aprendizagem da Leitura e da Escrita................ CAPÍTULO II OS NÍVEIS CONCEITUAIS LINGÜÍSTICOS............................ CAPÍTULO III LEITURA E ESCRITA................................................................. 3.1 –Grafema X Fonema................................................................ CAPÍTULO IV LETRAMENTO............................................................................ CONCLUSÃO............................................................................. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................... 07 09 12 17 21 26 27 31 34 37 7 INTRODUÇÃO A problemática das dificuldades na linguagem oral e escrita, foi a inspiração fundamental desta pesquisa, a partir da análise da diferentes situações, propõe-se possíveis soluções. Há diferentes contratempos que “emperram” as diversas tentativas de minimização dos insucessos da criança em etapa de alfabetização, porém muito conseguiu-se realizar a partir das propostas sugeridas no esboço desta pesquisa. Reconhecendo-se a importância da comunicação, pois é a base da interação social, justifica-se a opção pela temática. A necessidade de conhecimento e possíveis propostas para a minimização da deficiência da linguagem oral e escrita são imprescindíveis para o processo educativo. Falar, ler e escrever são aspectos da linguagem indispensáveis ao processo de comunicação, que se interdependem e formam um todo. Muitas pessoas só conseguem expressar-se realmente por meio de poemas, contos, formando assim o vasto mundo de literatura. Por isso deve-se; desde cedo, dar às crianças meios de se familiarizarem com os livros, para enriquecerem o seu vocabulário. Estimular a criança a falar deve ser a meta do professor. O mundo verbal em que a criança vive faz com que seja motivada a faze-lo escrever. 8 A problemática poderá ser solucionada, como propõe Lopes (1985), a partir de “oportunidade momento e da gradação observada na apresentação do estímulo”. Propõe-se valorizar todos os desenhos e tentativas de escrita das crianças, transcrever suas mensagens, familiarizando-a com a escrita e a leitura, a partir das associações espontâneas: de letras, sílabas, palavras decodificando suas mensagens, permitindo progresso em ritmo próprio. Mas o que não devemos esquecer é que esse processo se movimentará a partir do momento em que deixarmos claro para o educando a função social da leitura e da escrita. Com isso, não estaremos só decodificando símbolos, mas também apropriando-se de leitura e da escrita, não estaremos formando copistas e leitores estéries e sim verdadeiros leitores e escritores. A metodologia utilizada teve como base a pesquisa bibliográfica. 9 CAPÍTULO I APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA A criança deve estar preparada para ler, pois a leitura é um processo completo. Envolve maturidade fisiológica, emocional e intelectual, além de exigir aprimoramentos constantes de hábitos e habilidades, conhecimentos e atitudes. Na preparação do aluno para a aprendizagem da leitura e da escrita, há duas fases distintas: (a) preparação remota, na qual se faz desde o nascimento e é constituída de todas as experiências da criança na comunidade e na Educação Infantil; e (b) preparação imediata, constituída das mesmas vivências naturais, enriquecidas com atividades planejadas, que constam de um programa amplo e dinamizado. Para Lopes,(1985:31) O que importa não é a repetição do estímulo em si, mesmo, nem tanto o modo de apresentá-lo, mas sim a oportunidade, o momento, a seriação e a gradação observada na apresentação do estímulo. Uma aprendizagem mecânica de ler e escrever, que não se apoie em idéias e conhecimentos adquiridos pela criança sobre a língua escrita, que não venha acompanhada de uma real compreensão dos usos e funções da linguagem, que não esteja sustentada em um interesse em comunicar e compreender, é seguramente inútil. É trabalhar objetivando somente um decodificador do código lingüístico. É treinar um copista, que não conseguirá expressar-se por meio da escrita. 10 Aprender a ler e escrever é apropriar-se do código lingüístico, é tornar- se um usuário da leitura e da escrita. A prática da leitura e da escrita, atualmente, vem sendo influenciada por alguns estudos e pesquisas sobre Conhecimento de Linguagem: Construtivismo, Socioconstrutivismo, Psicogênese da Língua Escrita, ente outros. Construtivismo é a aplicação pedagógica dos estudos de Jean Piaget (1896-1980), educador, psicólogo, biólogo e filósofo suíço que reformulou em bases funcionais as questões sobre pensamento e linguagem. Ao mesmo tempo pensador e cientista experimenta, a Piaget interessava uma visão transformadora da Epistemologia. Segundo suas pesquisas, o conhecimento é construído através dainteração do sujeito com o objeto.O desenvolvimento cognitivo se dá pela assimilação do objeto de conhecimento, nesse caso, a Língua Portuguesa, a estruturas anteriores presentes no sujeito e pela acomodação dessas estruturas em função do que vai ser assimilado. Para Piaget (1979), a criança se apodera de um conhecimento se “agir” sobre ele, pois aprender é modificar, descobrir, inventar: nesse enfoque, a função do professor é propiciar situações para que a criança construa seu sistema de significação, o qual, uma vez organizado na mente, será estruturado no papel ou oralmente. O Socioconstrutivismo é uma teoria que vem sendo desenvolvida a partir dos estudos de Vygotsky e seus seguidores. Vygotsky (1896-1934) graduou-se em Literatura na Universidade de Moscou. Lecionou Literatura e Psicologia e criou um laboratório de Psicologia no Instituto de Treinamento de Professores. 11 No período de 1925 a 1934, reuniu um grupo e iniciou estudos sobre a crise da Psicologia, buscando uma alternativa para o conflito entre as concepções idealistas e mecanicista. Os estudos de Vygotsky (1989) e seguidores sobre a aquisição de linguagem como fator histórico e social enfatizam a importância da interação lingüística para a construção do conhecimento. O centro do trabalho passa a ser, então, o uso e a funcionalidade de linguagem, o discurso e as condições de produção. O papel do professor é de mediador, facilitador, que interage com os alunos através da linguagem num processo dialógico. O Socioconstrutivismo, atualmente, traz em si uma convergência das idéias piagetianas e vygotskytianas, enfatizando a construção do conhecimento numa visão social, histórica e cultural. Piaget (1986) trabalhava com os níveis de desenvolvimento cognitivo. Vygotsky (1987) trabalhava com a relação aprendizagem- desenvolvimento. O socioconstrutivismo apresenta o conceito de zona de desenvolvimento proximal como a distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial. Diferencia nível de desenvolvimento real, aquele que se caracteriza pela etapa já alcançadas, resultados de processos de desenvolvimento já complementado, de nível de desenvolvimento proximal, capacidade de desempenhar tarefas com a ajuda de adultos ou de companheiro mais capazes. A zona de desenvolvimento proximal é um domínio psicológico em constante transformação: aquilo que uma criança é capaz de fazer hoje com a ajuda de alguém, conseguirá fazer sozinha amanhã. 12 Os estudos sobre a psicogênese da língua escrita, desenvolvidos por Ferreiro (1987) e Teberosky (1985), marcaram a história do processo de alfabetização. Emília Ferreiro é doutora pela Universidade de Genebra e foi colaboradora de Piaget. Ela não propõe uma nova Pedagogia ou um novo método, mas suas pesquisas deixam claro que o leva o aprendiz a reconstrução do código lingüístico não é o cumprimento de uma série de tarefas ou de conhecimento das letras e das sílabas, mas uma compreensão do funcionamento do código. É essencial que o educador repense todo o processo de ensino aprendizagem da língua e o funcionamento do código. Conhecendo os diversos níveis conceituais lingüísticos da criança, é possível criar as atividades para que ela possa desestruturar a sua concepção e construir o conhecimento da base da escrita. 1.1 Desenvolvimento motor versos desenvolvimento da linguagem São freqüentes os fracassos da educação resultantes não só da pressão social, mas também do desenvolvimento geral do que significa ser criança, da simplicidade e complexidade do desenvolvimento do desenvolvimento infantil. É preciso partir daquele ponto básico: o que significa ser criança, e o conhecimento mais profundo das condições para o desenvolvimento infantil. 13 Biologicamente, não se pode deixar de valorizar a hereditariedade do indivíduo, os riscos de saúde materno-infantil e os momentos críticos do desenvolvimento da criança, principalmente enfatizando o que desde a concepção até os três anos. Esse conhecimento leva a avaliar, analisar e estimular, de maneira mais adequada, o desenvolvimento infantil. O organismo humano muito cedo necessita estabelecer relações satisfatórias com o meio para que nele possa situar-se. As influências do meio vão ser, muito profundas sobre a organização física e psíquica as criança e, de uma forma ou de outra, vão pautar toda a sua vida. O movimento é uma das necessidades primordiais da criança. Ela precisa exercitar os músculos e harmonizar as conexões nervosas. O movimento é indispensável para o desenvolvimento do seu “eu”. Passando a agir no mundo exterior, adquirindo novos conhecimentos e a percepção do mundo dos objetos e das pessoas. A criança só consegue essa percepção a partir do momento em que localiza o seu corpo, que vai permitir a ação. São essas aquisições, aliadas ao mesmo tempo à maturação e a evolução sensório-motora, que permite o uso do corpo de uma forma cada vez mais adequada e diferenciada. Todo movimento é indissociável do psiquismo que o produz e, portanto, atinge a personalidades como um todo; assim como o psiquismo, em seus diversos aspectos, é indissociável dos movimentos que ele condicionou e continua condicionando no seu aperfeiçoamento. 14 O movimento, modelado pelo psiquismo, constitui a primeira forma de pensamento que irá facilitar, em outra etapa do desenvolvimento infantil, a aparição do pensamento abstrato. Como conseqüência da expressão corporal, aparece expressão verbal, que vai servir de base para o pensamento através da linguagem interna, e de meio de comunicação quando permite a expressão de desejos e sentimentos. As experiências motoras que facilitam aquisição das noções de tempo, a aquisição do esquema corporal, o desenvolvimento da linguagem, bases para o desenvolvimento da inteligência. O desenvolvimento psicomotor e o aperfeiçoamento das relações vão levar ao aparecimento, desenvolvimento e utilização da linguagem de uma forma adequada, acelerando o ritmo do desenvolvimento infantil, pois vai permitir um intercâmbio cada vez maior e mais preciso entre o “eu” e o mundo das pessoas. A linguagem desempenha uma função social e representa um papel importante nas expressões do pensamento. O vocabulário tende a estender-se com aquisição da novos conceitos num intercâmbio que vai favorecer tanto a evolução como a estrutura da linguagem. Algumas crianças tem seu desenvolvimento prejudicados por causas orgânicas ou ambientais, surgidas no período pré-natal, perinatal e pós-natal. Elas vão necessitar de estimulação essencial para as áreas motora, sensorial e da linguagem, a fim de despertar e desenvolver o potencial existente para que possam aproximar-se da sua faixa etária. 15 Quanto mais cedo pudermos detectar as deficiências de uma criança, maiores possibilidades teremos de interferir em seu desenvolvimento. Usa-se a estimulação essencial não só para desenvolver a integração no meio social como também para atenuar as dificuldades dessa interação. Cabe a ela reconstruir as etapas falhadas na criança que apresenta dificuldade em qualquer das áreas referidas. Essa estimulação deve ser realizada em ambiente propício. Todos os estímulos e solicitações devem ser claros, simples, tranqüilos e sugestivos. A estimulação essencial enfatiza as respostas que levam a criança a organizar sua própria atividade, adequando ao nível de desenvolvimento. A criança que se atrasa em seu desenvolvimento motor é porque não conseguiu desenvolver alguns padrões motores básicos, ou, se conseguiu não de forma completa. Daí a necessidadede retroceder aos esquemas anteriores e, a partir de movimento rudimentares, chegar a padrões mais complexos. A grande dificuldade é que a criança pode ter fixado padrões adaptativos, situações em que o melhor será desfazer esses padrões e faze-la voltar a experimentar sua motilidade para reforçar as adaptações motoras básicas. Esse treinamento será tão menos trabalhoso quanto mais baixo for a idade. A reeducação deve ser feita através de exercícios que correspondem às mais baixas áreas que o desenvolvimento se mostre deficiente. Segundo Marinho (1976,12): “...a estimulação precoce, ou segundo a professora estimulação essencial é a assistência específica da criança o mais cedo possível, e está inteiramente ligada ao diagnóstico precoce”. 16 A falta de contato com criança com os objetivos que a cercam é um dos fatores que podem leva-la a apresentar distúrbios psicomotores e até mesmo distúrbios de linguagem. O desenvolvimento em andar e a falta à sua tendência espontânea e inata para andar e falar, acrescenta-se o esforço pessoal que favorece a maturação. O meio é um colaborador vital, que vai acrescentar às relações inatas possibilidades de relações novas. A criança aprende certos comportamentos, gestos, linguagens, adaptados às circunstâncias, a certos sinais exteriores. É fundamental para o homem que a maturação do seu cérebro se faça num meio social; assim ao mesmo tempo em que seu organismo desenvolve as suas possibilidades, o indivíduo é cercado de um ambiente que deve ser de aperfeiçoamento educativo. Há necessidade de o professor “intervir” para mediar a construção do conhecimento do sistema alfabético da escrita. Isso pode ser por meio de atividades de estimulação lingüística que rompem com o realismo nominal como as que são sugeridas a seguir: (1) Propor ao aluno que antes de uma brincadeira, diga como ela vai ser, conte o que vai fazer, faça o planejamento da brincadeira. Durante a brincadeira, faça um relato sobre como ela está sendo realizada, ao terminar a brincadeira, faça um relato como ela foi feita; (2) Pedir que a criança pense em algo e represente o que ela pensou por meio de um desenho. Chamar várias crianças para “lerem” o desenho e discutir o seu significado. Em seguida, a criança desenha algo e alguém advinha o que é. Essa atividade pode ser realizada entre professor e aluno em duplas de alunos. 17 Para KATO (1987), quando a criança relaciona a representação gráfica de um objeto com características ou o significado desse objeto, diz-se que ela apresenta realismo nominal na sua concepção da leitura e escrita. Uma criança com realismo nominal tem dificuldade de pensar sobre a escrita como um sistema no qual há relação entre som (fala) e sinal gráfico (escrita). 1.2 Fatores na aprendizagem da leitura e da escrita -Fatores emocionais e sociais Constituem a chave da oportunidade para a leitura. São responsáveis pelo desenvolvimento sócio-emocional do aluno, a personalidade do professor, o ambiente da classe e as relações família-escola. Muitos alunos ajustam-se com facilidade logo que chegam à escola; outros necessitam de maior período para a completa integração ao ambiente escolar. A personalidade do professor, o clima sadio e o ambiente da sala de aula concorrem para o sucesso decisivo na aprendizagem da leitura. Boas relações entre pais e professores é um caminho para a compreensão dos problemas emocionais da criança. Atividades e tarefas que proporcionam alegria, desenvolvimento da autoconfiança, do espírito de iniciativa e cooperação devem ser preferidas para o ajustamento da criança. 18 - Fatores físicos Boa saúde geral, alimentação adequada e certas condições de higiene, são primordiais para a aprendizagem. O professor deve dar atenção especial à visão e à audição de seus alunos, pois estes dois sentidos exercem papel de destaque na aprendizagem, além da maturidade geral dos outros órgãos de sentidos, dos senso de direção e do controle motor. - Fatores intelectuais Estes dependem de fatores múltiplos, como: (a) base de experiência de acordo com o meio em que vivem. Devem-se sondar e enriquecer a base de experiências das crianças; (b) por meio de recursos naturais e audiovisuais: conversas e discussões; gravuras e fotografias; excursões, filmes e slides; e (c) linguagem oral – contatos do indivíduo com o meio. Para interpretação dos símbolos escritos é fundamental que o aluno possua um bom vocabulário oral. As atividades para o desenvolvimento da linguagem podem ser: conversas e discussões, unidade de trabalho, entrevistas, hora de novidades, brinquedos dramatizados, estórias lidas ou contadas pelo professor, estórias contadas ou inventadas pelas crianças, estórias contadas pelas crianças à vista de gravuras, dramatizações, pecinhas de fantoches, teatros de sombra e máscaras, composição oral, cartas bilhetes, convites, cora falado, telefonemas, conversas ao telefone de brinquedo, cantigas de roda e outros. 19 A motivação, a partir das situações naturais criadas pelo professor, despertando o aluno a falar, será um guia para avaliar o crescimento da linguagem. Alguns fatores influenciam a aprendizagem das crianças: (a) desenvolvimento mental – não há determinada idade para a aprendizagem da leitura, variando de indivíduo para indivíduo; (b) fatores influenciadores: base de experiências, estado emocional, situação sócio- econômica, saúde geral; e (c) atenção concentrada – sem esta não há aprendizagem. Segundo Monteiro, (1985,26) a idade mental é: “... a norma obtida estatisticamente que se pode esperar de um indivíduo em determinada idade cronológica”. Há algumas atividades em grupo utilizadas para formação de hábitos: hora de estória, hora de novidade, jornal falado, jogos, brinquedos e exercícios, recados, ordens, instruções, dá-los em seqüência. Em todas as atividades que estejam dentro do interesse, haverá atenção. Porém o professor deverá selecionar atividades e tarefas que estejam dentro do interesse e à altura da capacidade infantil. Assim os alunos realizarão com êxito e concluirão trabalhos iniciados. A discriminação visual e auditiva também são fatores intelectuais de grande importância para a aprendizagem da leitura. 20 Não se deve fazer tentativa no campo, caso não haja interesse específico para a leitura por parte do aluno. Deve-se atrair seus sentidos, pois geralmente, ele (o aluno) não tem interesse em aprender a ler. Sugestões de atividades que despertam e estimulam o gosto para esse tipo de aprendizagem: estórias lidas; sentenças em ações-fichas ( Vamos merendar?); etiquetas (em todos os objetos da classe: mesas, cadeiras, ...)- colocar respectivos nomes; saudações em fichas ( “Bom dia crianças!” ); cantinho das notícias - criança traz uma informação, desenho ou anúncio e o professor coloca na quadro, fazendo uma pequena descrição escrita; e composição oral – planejamento de atividades diárias. O professor deve escrever os planejamentos ditados pelos alunos, assim haverá um treino da visualização. 21 CAPÍTULO II OS NÍVEIS CONCEITUAIS LINGÜÍSTICOS Numa proposta construtivista (Ferreiro.1985) parte-se dos cincos níveis conceituais lingüísticos. Utiliza-se a nomenclatura considerada a mais conhecida entre os professores: Nível 1 – Pré-silábico – (fases pictórica, gráfica, primitiva, e pré-silábica propriamente dita); Nível 2 – Intermediário I; Nível 3 – Silábico; Nível 4 – Intermediário II ou silábico alfabético; Nível 5 – Alfabético. Tem-seno Nível Pré-Silábico: (a) Fase pictórica onde a criança registra garatujas, desenhos sem figuração. Normalmente, a criança que vive num meio urbano com estimulação lingüística e disponibilidade de material gráfico (papel e lápis), começa a rabiscar e experimentar símbolos muito cedo (por volta de 2 anos). Muitas vezes, ele já usa linearidade, mostrando consciência sobre as características da escrita; (b) Fase gráfica primitiva em que a criança registra símbolos e pseudoletras, misturadas com as letras e números. 22 Já demonstra linearidade e utiliza o que conhece no meio ambiente para escrever (bolinhas, riscos, pedaços de letras). Nesse momento, há um questionamento sobre os sinais escritos. Ela pergunta muito ao adulto sobre a representação que vê em sua comunidade; e (c) Fase pré-silábica. Na fase pré-silábica propriamente dita, a criança começa a diferenciar letras de números, desenhos ou símbolos e reconhece o papel das letras na escrita. Percebe que as letras servem para escrever, mas não sabe como isso ocorre. Nesse momento, a criança apresenta as seguintes concepções: falta de consciência da correspondência entre pensamento e palavra escrita; falta de consciência entre fonema e grafema. Não há reconhecimento do valor sonoro convencional, isto é, não é observada a relação existente entre o som A e a letra A; impressão de que a ordem das letras não é importante. Podem ser qualquer letra, em qualquer ordem, pois a escrita não é estável. A mesma palavra pode mudar de significado de um lugar diferente, por ela correspondendo ao que o sujeito desejou escrever. Uma criança pode escrever girafa assim: ltuxtoavemoxoat; impressão que só existe a possibilidade de escrever se houver muitas letras (sempre mais de três ou quatro) e letras diferentes e variadas. Na fase pré-silábica, a criança acredita que as letras não se repetem na mesma palavra. Pode-se imaginar, então, o que passa na cabeça da criança pré-silábica quando se inicia o processo de alfabetização pelo A, E, I, O, U (sem significado) e quando se usa e abusa de sílabas dobradas (lalá, lelé,lili, fafá, fifi, zazá). 23 Quando questionada se a palavra sol pode ser lida, a criança diz que não, porque tem poucas letras. O mesmo ocorre quando se mostra a seqüência lá-lá-lá. Neste fase,é comum a criança dizer que para escrever elefante ela precisa de muitas letras. Porque o elefante é grande, e para escrever formiguinha ele precisa de poucas letras, porque formiga é pequena. O Nível 2 – Intermediário I, caracteriza-se por um conflito. A criança foi provocada a repensar a certeza do nível pré-silábico e fica sem saída, pois não consegue ainda entender a organização do sistema lingüístico. Geralmente há a negação da escrita, pois o aluno que “não sabe escrever”. A postura do alfabetizador, bem como a estimulação lingüística presente no meio, não irão determinar se a criança dará continuidade à sua busca ou se desanimará. As características desse nível são: - ligação difusa entre pronúncia e escrita. A criança já conhece e usa alguns valores sonoros convencionais, além de alguns trechos da palavra. Ao ser selecionada a escrever elefante, por exemplo ele escreve extateuexe. Já é capaz de justificar: a palavra começa com E e termina com E; e o início de uma certa estabilidade exterior das palavras, dependendo da autoridade de alguém que especifica as letras e sua ordem. A criança sabe, pó exemplo, que a palavra Rodrigo tem duas letras R, mas não sabe onde colocá-las. Nível 3 – Silábico: Quando a criança chega no nível silábico sente se confiante porque descobre que pode escrever com lógica. Elas conta os pedaços sonoros, isto é, as sílabas, e coloca um símbolo (letra) para cada pedaço. Essa noção de que cada sílaba corresponde a uma letra pode acontecer com ou sem valor sonoro convencional. 24 A criança pode, por exemplo, escrever fita assim: ia ou lx. Aqui, o aluno acredita que resolveu o problema da escrita, mas a leitura ainda continua problemática, porque os adultos não conseguem ler o que escreveu. As características do nível silábico são: aceitação de palavras com uma ou duas letras, mais ainda com uma certa hesitação. Algumas vezes, depois de escrever a palavra, coloca uma letra só, para ficar “mais bonito”. Exemplo: ualxto (uva); possibilidade de convivência com a hipótese de quantidade mínima de letras por um bom tempo; utilização de uma letra para cada palavra ao escrever uma frase; falta de definição das categorias lingüísticas ( artigo, substantivo, verbo, etc.); e maior precisão na correspondência som/letra, o que não ocorre necessariamente sempre. É freqüente que numa frase algumas palavras sejam registradas com recorte silábico. O essencial da hipótese silábica é a sonorização ou fonetização da escrita, inexistente em fases anteriores. Nível 4 – Intermediário II ou silábico-alfabetico. Por se tratar de um nível intermediário, é mais uma vez um momento conflitante, pois a criança precisa negar a lógica do nível silábico. Ninguém consegue ler o que ela escreve e, nesse momento, ela se vê sem saída. Isso acontece principalmente quando ela usa só vogais, porque a mesma combinação de letras serve para escrever uma porção de palavras. É justamente isso que pode indicar o caminho para o professor: propor atividades que levem a criança a observar distância entre sua escrita (ao, por exemplo) e a escrita do adulto (sapo). É o momento em que o valor sonoro torna-se imperioso, e a criança começa a acrescentar letras principalmente na primeira sílaba. Exemplo: toat (tomate). 25 No nível silábico-alfabético a criança está a um passo da escrita alfabética. Ao professor cabe o trabalho de refletir com ele sobre o sistema lingüístico a partir da observação da escrita alfabética e da reconstrução do código. No nível 5 – Alfabético é quando a criança constrói o sistema lingüístico e compreende a sua organização, ela transpõe a porta do mundo e as coisas escritas, conseguindo ler e expressar-se graficamente o que pensa ou fala. Ela apresenta as seguintes características: compreensão da logicidade da base alfabética da escrita. Exemplo: a criança sabe que os sons g e a são grafados ga e que t e o são grafados to e que, juntos significam gata; conhecimento do valor sonoro convencional de todas ou grande parte das letras, juntando-se para que formem sílabas e palavras; distinção da letra, sílaba, palavra e frase. Às vezes, contudo, a criança ainda não divide a frase convencionalmente (gramaticalmente), e sim de acordo com o ritmo frasal: Exemplo: omininu comeum doci. É importante destacar que nesse momento a criança escreve foneticamente (faz a relação entre som e letra), mas não ortograficamente. 26 CAPÍTULO III LEITURA E ESCRITA O ensino da ortografia é um dos objetivos da escola durante o Ensino Fundamental, pois ajuda a desenvolver a fluência na leitura, embora a fala não corresponda exatamente à escrita. Uma criança é considerada alfabética quando reconstrói o código lingüístico e consegue fazer a vinculação fonema/grafema. Exemplo ouve gata e escreve gatu; ouve ou fala casa e escreve caza. Essa criança descobriu as “regras de composição” do sistema lingüístico e tem a concepção de que tudo deve ser escrito “como se fala”.Como resultado, a criança desestrutura sua hipótese e vai buscar insistentemente as “regras” da escrita ortográfica. A ortografia é uma parte da gramática que apresenta aspectos regrados (m antes de p e b, por exemplo) e não-regrados (palavras escritas coms, z, ch, x). Os aspectos regrados podem ser reconstruídos pelo aluno, porque fazem parte de um acontecimento lógico-matemático; já os aspectos não-regrados se referem a um conhecimento social arbitrário e, portanto, a criança só pode adquirir formando a imagem mental da palavra, ou seja, constituindo o repertório das palavras mais utilizadas e tendo consciência de como são faladas. 27 Compreendendo a questão da imagem mental, é possível entender porque a maioria das crianças e jovens passam anos fazendo cópias, ditando e treinos ortográficos e ainda escreve “errado”. Como desenvolver uma prática levando em consideração as evidências das pesquisas sobre a reconstrução do código e outros estudos sobre lingüística? Uma proposta de alfabetização remete a dois eixos: textos e análise lingüística. Por um lado, o trabalho textual permite a compreensão da funcionalidade da escrita; por outro, a análise lingüística embasa a aquisição de valor sonoro convencional e reconstrução do código lingüístico. 3.1 Grafema versus fonema Adquirir os valores sonoros convencionais é perceber a correspondência entre grafema e fonema, isto é, apropriar-se do conhecimento de que existe uma relação entre o som A e a letra A, o som B e a letra B, e assim por diante, com todas as letras que naturalmente estão inseridas em palavras, frases e textos. Um dos pontos fundamentais em relação à aquisição dos valores sonoros convencionais é a ordem de complexidade. Ela é crescente, não- linear, é parcial e com diversos ramos. Isso quer dizer que a aquisição pode ocorrer em diversas ordens e até simultaneamente, e não há possibilidade de se controlar esse processo. 28 O fato de se organizar um processo apresentando as letras numa determinada ordem não garante a aprendizagem nessa ordem. O professor pode ficar desenvolvendo durante um mês a família ba-be-bi-bo-bu e as crianças podem está adquirindo várias letras, inclusive o B com outras letras, exceto o B propriamente. Consultando Santo (1984) detecta-se que a compreensão desse fato leva a uma mudança em relação à prática pedagógica. Se o professor sabe que uma organização e a seqüênciação do processo não levam à aprendizagem nesta ordem, porque levar e organizar seis meses ou mais para regular a apresentação de todas as letras para a criança? Mais real é apresentar o alfabeto (campo de trabalho) e permitir que as crianças adquiram na sala ordem natural e em muito menos tempo! Quando se desenvolve essa prática, há a “liberação” da criança para reconstruir o sistema lingüístico no seu tempo e, na maioria das vezes, esse tempo é pequeno (cerca de quarenta a sessenta dias) em comparação com o método tradicional organizado (de seis a sete meses). Interessante ainda ressaltar é o fato que, apesar do método tradicional organizado pelo professor, parte dos alunos reorganizam e reconstroem o sistema lingüístico, mas não se manifestam até serem liberados pelo seu professor. Um exemplo disso é um garoto que diante de um pote de geléia leu “Cica”. Em seguida, disse: “só que eu não posso ler, porque minha professora disse que o “Ci” eu ainda não aprendi”. 29 A investigação sobre a psicogênese da língua escrita permite ao professor atuar como mediador do processo ensino-aprendizagem e fornecer pistas para o aprendiz tornar-se alfabético. Atividade essencial, nesse processo, é a sondagem diagnóstica, que capacita o educador a conhecer as hipóteses das crianças envolvidas no processo de alfabetização (pré-silábico, intermediário I, silábico, intermediário II e alfabético). Para realizar a sondagem escolhem-se quatro palavras (uma polissílaba, uma trissílaba, uma dissílaba e uma monossílaba, nessa ordem) e uma frase de um mesmo campo semâtico (mesmo assunto). Por exemplo: dinossauro, jacaré, gato e boi: o gato dormiu na sala: pede-se, então, para que as crianças escrevam do jeito que souberem. O professor pode pedir às crianças que ao lado das palavras façam o desenho, que servirá como índice para leitura. Quando o professor encontrar dificuldade para realizar a leitura da escrita da criança, é importante pedir para que ela leia, apontando as letras e sinais correspondentes à fala. Outro elemento importante que pode servir como sondagem é a escrita de textos expontânios (escrever uma história, como souber). Nesse caso, a análise da escrita pode ser feita a partir dos seguintes parâmetros: não-alfabético, nível intermediário II e alfabético. A partir do material investigado em uma sondagem, pode-se refletir sobre o pensamento da criança e perceber sua hipótese lingüística: pré- silábica; intermediaria I, silábica, etc. Isso permite a desestruturação da hipótese que a criança tem a respeito da linguagem escrita, bem como a construção de uma nova hipótese, culminando na reconstrução do código lingüístico. 30 Uma das formas de contribuir para esse trabalho é utilizar jogos. Jogando se aprende a fazer de conta, representar uma coisa por outra, criar códigos, perceber as letras. Perceber-se o valor sonoro convencional e reconstrói-se o código lingüístico. A autocorreção é um procedimento de transformação da imagem da “imagem mental” Teberosky (1992) que a criança têm das palavras no que se refere à ortografia. Consiste na comparação da palavra escrita incorretamente pelo aluno com a forma ortograficamente correta, na observação dos contraste na correção do que estiver diferente. Uma forma de preparar a autocorreção é sublinhar e/ou numerar as palavras que necessitam de correção no final da página. Em seguida, devolve o texto à criança para que ela a comparação, o contraste e a correção. Em turmas mais adiantadas, podem-se assinalar as palavras e pedir que o aluno as procure no dicionário. 31 CAPÍTULO IV LETRAMENTO A dificuldade que um grande número de educadores apresentam na construção da leitura e escrita vem preocupando a muito tempo, muitos profissionais que modificam suas metodologias a fim de afetar seus alunos, porém em inúmeras vezes sem sucesso, pois não basta modificar o ambiente é preciso mudar o nosso olhar. A leitura e a escrita em nossa sociedade veio aos poucos conquistando um lugar de “destaque” e com essa modificação, também ganhando novos conceitos. Magda Soares, em seu livro: LETRAMENTO: Um tema em três gêneros, esclarece esta mudança de conceito. “O que explica o surgimento recente desta palavra? Novas palavras são criadas quando emergem: novos fatos, novas idéias, ou nova maneira de compreender a presença da escrita no mundo social trouxe a necessidade desta nova palavra, Letramento”? (Magda Soares. 1998: 16) 32 Lança esta pergunta para nos fazer perceber que o olhar que temos sobre este assunto precisa mudar, pois a sociedade adiantou-se muito em suas transformações, porém a escola não e muito pior, nós professores que também fazemos parte desta sociedade em mudança, fingimos e negamos tais transformações. “...Letramento é pois, o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou em indivíduo com conseqüência de ter-se apropriando da escrita”. (Magda Soares, 1998:18) Apropriar-se da leitura e da escrita é utilizar e não ler e escrever mecanicamente com repetidos exercícios enfadonhos. È escrever um bilhete e pregar na geladeira para a mamãe, uma carta para um amigo, uma lista de compras e ler tudo compreendendo o que lê. Estamos acostumados a classificar as pessoas entre alfabetizados e analfabetos.ALFABETIZADOS – Aquele que dominam os mecanismos da leitura e da escrita. ANALFOBETOS – Aquele que não são alfabetizados. Mas ler e escrever é pouco, é preciso apropriar-se desta leitura e escrita e para tanto é necessário ser além de alfabetizado, letrado. 33 O que hoje mundialmente se faz é a avaliação do nível de letramento e não da quantidade de alfabetizados no país. “Uma última inferência que se pode tirar do conceito de letramento é que um indivíduo pode não saber ler e escrever, isto é, ser analfabeto, mas ser, de certa forma letrado”. (Magda Soares. 1998:24) E quando o autora relata este fato, podemos citar o filme “CENTRAL DO BRASIL”, o trecho onde as pessoas procuravam a personagem Dora para que escrevesse as cartas ditadas por elas. Faltava a estas pessoas o conhecimento dos códigos, porém a organização, seqüência de fatos, desejos de comunicar-se, isto elas possuíam, a função de escrita e da leitura. Esta é a importância deste estudo, pois não basta alfabetizar, não bastam letras, o que precisamos hoje para uma efetiva construção de leitores e escritores no nosso pais é alfabetizar letrandos, é utilizar técnicas que façam com que o educando percebe a Educação Infantil função social da leitura e da escrita. A escola não pode ser mais o local onde se prepara para a vida e sim precisa ser o lugar da vida, onde as atividades precisam ser aplicáveis no cotidiano e com isso próximas do saber do aluno, que não e aquela que apenas assimila conhecimento, ele também o constrói e produz. 34 CONCLUSÃO O desenvolvimento da linguagem é um processo longo e difícil, que envolve atividades diversificadas, as quais dependem não só da maturação física como também do desenvolvimento mental e do meio onde a criança vive. Apesar de ser um trabalho aparentemente simples, é de grande complexidade, pois exige um embasamento teórico e uma formação específica para que se possa detectar os diferentes problemas de linguagem, que muitas vezes não são percebidos por leigos, promovendo a correção adequada.Uma proposta seria o trabalho com a fonoaudiologia, não um trabalho isolado. Há necessidade de se ligado a outras áreas (médica, psicológica, social, etc), e promover um trabalho interligado, numa equipe multi e interdisciplinar. As investigações e pesquisas científicas contemporâneas permitem ao educador conhecer as hipóteses que o aprendiz tem a respeito da língua escrita. Um trabalho de leitura pode abordar tipos diversificados de textos, com enfoques diferentes de interpretação, e proporcionar o desenvolvimento de estratégias e habilidades para aprendizagem da leitura. É importante se ressaltar que a alfabetização vai depender de vários fatores e de um comportamento pedagógico e didático contínuo que não haja agravante mais tarde na grafia. 35 Pôde-se concluir que o resultado da alfabetização aos seis anos, ou seja, concluída aos seis anos, depende muito de vários fatores como: classe social, do meio em que esta criança está inserida, da participação dos pais na vida escolar. Todos estes fatores influenciam e muito na construção da personalidade do educando e na sua aprendizagem. Não se pode negar é uma avaliação a cada progresso do aluno, reforçando- se sua auto-estima, que deve a todo instante ser cada vez mais exaltada. Esta é a chave, o segredo da sua aprendizagem. Professores não são os donos do espetáculo da aprendizagem, são, sim, um grande espelho que deve a todo instante refletir o que há de melhor no aluno e leva-lo a se deparar a todo tempo com seus erros, para que, a partir dos mesmos, ele chegue aos seus acertos e futuramente ao sucesso. A sala de aula deve ter um ambiente não apenas alfabetizador, mas também de afetividade, onde professor e aluno o tempo todo estejam se relacionando e produzindo modificações e descobertas junto, não apenas mais alfabetizado para o país, mas sim um leitor consciente e crítico. A base seria como um prédio em construção, a alfabetização é o alicerce, se estiver firme, a criança não encontrará tantas dificuldades nas séries seguintes e será mais do que um bom copista, será um cidadão consciente. 36 Esta pesquisa vem legitimando a necessidade da teoria na prática pedagógica de cada professor. Demonstrando que o “erro” ortográfico é uma bela construção da escrita de cada aluno. É fundamental não apenas desta pesquisa, mas também de muitas outras leituras para a compreensão das frases pelas quais as crianças de zero a seis anos passa a responder a muitas de suas perguntas, que até hoje escandalizam alguns professores. É importante percebermos que não basta, só alfabetizar, ensinar a ler e escrever, é preciso mais, é preciso alfabetizar letrando, observando no meio social do educando a função da leitura e da escrita. Não lemos e escrevemos para a escola, mas para situações da vida cotidiana e se não conseguirmos utilizar tais habilidades na vida, de nada adiantou compreender tais códigos. 37 BIBLIOGRAFIA CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Lingüística. São Paulo: Scipione, 1989. FERREIRO, Emília. TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985. KATO, M .No mundo da escrita uma pespectiva psicolungüíta. São Paulo: Ática, 1987. MARINHO, H. Estimulação essencial e Monografia: guia. Rio de Janeiro: Papelaria América, 1976. MONTEIRO, C. P. Metodologia de linguagem. São Paulo: Saraiva, 1985. QUEIRÓS, J. B. Lenguaje, aprendizaje y psicomotricidade. Bueno Aires: Panamericana, 1985. SANTOS, X. Desenvolvimento infantil. Rio de Janeiro: Inepedec, 1984. SOARES, Magda. Letramento: Um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. TEBEROSKY, Ana. Aprendiendo a escribir. Barcelona: ICE, 1992. VYGOSTSKY, Lev Semynovitch. Linguagem e pensamento. São Paulo: Martins Fontes, 1989. 38
Compartilhar