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PROCESSO EXECUTIVO PARTE II

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Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 1 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
7. PETIÇÃO INICIAL (art. 798 do NCPC) 
A petição inicial no processo de execução de título extrajudicial tem a função de 
manifestar a vontade do exequente em obter a tutela jurisdicional que consiste na satisfação do 
crédito retratado no título executivo. É ela, como qualquer outra petição inicial, que romperá a 
inércia da jurisdição e dará início ao processo1, que não se inicia de ofício. 
A petição inicial deverá ser dirigida ao juízo competente a ser identificado com base 
no art. 781 do NCPC, preenchendo os requisitos legais e necessários e instruída com: 
 
� o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou 
no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, 
observado o disposto no art. 319, §§ 1o a 3o do NCPC; (identificação 
completa do(s) credor(es) e do(s) devedor(es)) 
� o título executivo extrajudicial e seus adendos complementares (a exemplo da 
prova da cessão de crédito, sub-rogação etc,); (existência do título, sua 
materialidade, certeza) 
� o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação, quando 
se tratar de execução de quantia certa (o demonstrativo deve observar as 
exigências do parágrafo único do art. 798: o demonstrativo do débito deverá 
conter: I - o índice de correção monetária adotado; II - a taxa de juros aplicada; 
III - os termos inicial e final de incidência do índice de correção monetária e 
da taxa de juros utilizados; IV - a periodicidade da capitalização dos juros, se 
for o caso; V - a especificação de desconto obrigatório realizado. (Liquidez) 
� quando se tratar de obrigação específica, indicar e descrever com precisão a 
obrigação estabelecida no título executivo extrajudicial, bem como demais 
encargos e eventuais multas por descumprimento e indicação dos bens 
passíveis de penhora, sempre que possível; (Exigibilidade) 
� a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso; 
(Exigibilidade) 
� a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe corresponde 
ou que lhe assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a 
 
1 BUENO, Cássio Scarpinella. Manual de direito processual civil. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 489. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 2 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
satisfazer a sua prestação senão mediante a contraprestação do exequente. 
(Exigibilidade) 
� o valor da causa, que deve corresponder ao conteúdo econômico da pretensão. 
 
Compete, ainda, ao exequente, conforme previsão legal do art. 799 do NCPC, 
quando necessário, no início ou no curso do processo, promover a intimação de 
determinadas pessoas (terceiros interessados) que mantém vínculo de direito real com os bens 
sujeitos à execução ou a serem indicados para penhora: 
I - credor pignoratício (bem penhorado), hipotecário (bem hipotecado), anticrético 
(bem sob anticrese), ou fiduciário (alienação fiduciária); 
II – titular do usufruto, uso ou habitação; 
III – promitente comprador 
IV - promitente vendedor; 
V – do superficiário, enfiteuta ou concessionário; 
VI – do proprietário do terreno com regime de direito de superfície, enfiteuse, 
concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso. 
VII – a sociedade no caso em que o exequente pretende penhorar quotas sociais ou 
ações para que seus sócios possam exercer o direito de preferência com relação a eventual 
adjudicação. 
As intimações previstas no art. 799 do NCPC são necessárias para garantir a eficácia 
da alienação dos bens em relação as pessoas constantes do rol previsto nos incisos I a VII do 
referido dispositivo legal. 
A petição inicial no processo de execução é submetida a análise prévia do magistrado. 
Também aqui é correto identificar um juízo de admissibilidade positivo, um neutro e um 
negativo. 
Ao processo executivo aplica-se subsidiariamente a parte geral do NCPC, 
especialmente, neste caso, as normas previstas no art. 321 que trata dos requisitos da petição 
inicial. 
O juízo de admissibilidade positivo é aquele que o magistrado faz recebendo a petição 
inicial, dando prosseguimento normal e regular ao processo, determinando a citação, pois 
verifica que preencheu os requisitos legais e necessários. 
O juízo e admissibilidade neutro é aquele no qual o magistrado verifica que a petição 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 3 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
inicial precisa de emenda e a determina, devendo indicar ao exequente o que está 
incompleto na inicial ou quais os documentos indispensáveis estão faltando. 
O juízo de admissibilidade negativo é o indeferimento da petição inicial ou a 
improcedência liminar do pedido quando entender que há prescrição ou decadência que 
deverá ser feita, após a oitiva obrigatória do exequente (contraditório do exequente), não 
poderá ser de plano (art. 332)2. 
Em suma: 
FATO PROVIDÊNCIA 
 
Se a petição inicial não preencher os requisitos 
legais e necessários. 
Aqui se inclui a legitimidade das partes. 
Determina-se a emenda à inicial especificando o 
que está incompleto e precisa ser emendado, 
inclusive os documentos indispensáveis que estão 
faltando. Prazo de 15 dias. (arts. 801 e 321, NCPC) 
Se o exequente, intimado, não prover a emenda à 
inicial. 
Indefere-se a petição inicial na forma do art. 330 
e art. 924, I, NCPC. 
 
Se a petição preenche todos os requisitos legais 
Despacha-se ordenando a citação (art. 802) que 
interrompe a prescrição (que retroagirá à data do 
protocolo da petição inicial – art. 312) 
Se for verificada a ocorrência da prescrição ou 
decadência, ou outra causa extintiva ou impeditiva 
do direito 
Despacha-se determinando que o exequente se 
manifeste sobre o que foi verificado e não 
havendo manifestação do exequente (silêncio) ou 
manifestação que não desconstitua o que foi 
verificado, profere-se decisão de improcedência 
liminar do pedido (art. 332). 
 
8. DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO (arts. 806 a 813) 
Nossa didática de apresentação desta matéria será de uma forma mais prática, 
esquematizada, tentado alcançar o nosso objetivo, com mais rapidez e eficiência. Será da seguinte 
forma e disposição: 1) espécie de execução; 2) requisitos da petição inicial; 3) despacho; 4) 
citação, observando-se a especificidade de cada espécie de execução. 
O CPC de 2015 divide com clareza, como já fazia, também, o CPC/1973, a disciplina 
procedimental do processo de execução de acordo com a sua modalidade obrigacional. 
 
8.1 Execução para entrega de coisa 
É dividida em duas subespécies: a) execução para entrega de coisa certa; b) 
execução para entrega de coisa incerta. A diferença entre ambas reside no direito material, e 
deverá constar já na petição inicial, sua distinção fundamental é o objeto da execução: se a entrega 
 
2 BUENO op. cit. p. 491. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 4 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
de coisa certa ou incerta. 
8.1.1 Execução para entrega de coisa certa 
Faz-se necessário irmos até o Código Civil (direito material) para conceituarmos a 
obrigação de entregar coisa certa (arts. 233 a 242). 
a) Conceito 
Entregar coisa certaconsiste na entrega de coisa móvel ou imóvel que esteja 
individualizada ao credor. 
Exemplo: Obrigação: entregar o imóvel descrito no contrato de promessa de compra 
e venda. 
Esta modalidade pode se manifestar de três formas distintas: 
1) Obrigação de transferir - ocorre quando o devedor transfere a propriedade do 
bem, como por exemplo, no contrato de compra e venda de imóvel. 
2) Obrigação de entregar - ocorre quando o devedor transfere ao credor somente 
a posse, não o direito real de propriedade, como, por exemplo, quando faz a 
locação de um imóvel urbano ou o dá em comodato; 
3) Obrigação de restituir – é o inverso da obrigação de entregar. No início do 
contrato, o devedor recebe o bem para, depois, no prazo estabelecido, restituí-la 
ao credor. Como exemplo, citamos o contrato de locação de imóvel urbano, em 
que o locador passa a ser o credor porque a coisa passa a ser devolvida para ele. 
O locatário será o devedor, pois deverá restituir a coisa certa ao locador. 
 
b) Requisitos da petição inicial 
A petição inicial deverá preencher os requisitos do art. 319, naquilo que lhe for 
aplicável e observará o disposto no art. 798 do NCPC, será dirigida ao juízo competente a ser 
identificado com base no art. 781 do NCPC. Como se trata de coisa certa, a petição inicial deverá 
indicá-la com precisão e de acordo com o estabelecido no título executivo extrajudicial. 
c) Despacho e citação 
Proferido o juízo positivo de admissibilidade da inicial, o magistrado determinará a 
citação do executado, fixará os honorários advocatícios devidos caso haja satisfação da obrigação 
e poderá, desde logo, fixar multa por dia de atraso no cumprimento da ordem de entrega, que 
pode ser alterada para mais ou para menos, conforme a necessidade que o caso concreto 
apresente (art. 806, §1º). 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 5 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
Todas as formas de citação previstas no CPC são admitidas na execução, inclusive a 
por carta, que não era admitida na legislação anterior. Sendo feita por mandado, se houver sus-
peita da ocultação do devedor, far-se-á com hora certa. Antiga corrente doutrinária negava a 
possibilidade de citação com hora certa na execução, mas está superada (Súmula 196, do STJ).3 
O executado será citado para, em quinze dias úteis, satisfazer a obrigação, isto é, 
entregar a coisa tal qual identificada na petição inicial (art. 806). O executado terá o mesmo prazo 
de 15 dias úteis para, querendo, oferecer embargos à execução, nos termos do art. 915, do NCPC. 
Quando a citação foi feita pelo oficial de justiça, já constará no mandado ordem 
para imissão na posse (em se tratando de bem imóvel) ou busca e apreensão (em se tratando de 
bem móvel), cujo cumprimento se dará logo que se verifique que o executado não cumpriu a 
ordem que lhe foi dirigida, no prazo que lhe foi estabelecido. 
Quando a citação foi feita pelos Correios deverá constar na redação da carta que, 
caso o executado deverá cumprir a ordem no prazo de 15 (quinze) dias úteis, sob pena de 
expedição de ordem de imissão na posse (em se tratando de bem imóvel) ou de busca e apreensão 
(em se tratando de bem móvel), cujo cumprimento se dará logo que se verifique que o executado 
não cumpriu a ordem que lhe foi dirigida, no prazo que lhe foi estabelecido. 
 
 
Merece sua atenção: 
Conforme previsão legal constante do §3º, do art. 231 do NCPC, caso o ato processual tenha 
de ser praticado diretamente pela parte ou por quem, de qualquer forma, participe do processo, 
independentemente de intermediação por representante judicial (como se dá, por exemplo nas obrigações 
de fazer e não fazer, entregar coisa certa e incerta, de pagar quantia certa), o dia do começo do prazo será 
o da data que o executado foi citado, tornando-se irrelevante a data da juntada da comprovação da 
citação/intimação4. 
Portanto, no processo executivo, a contagem dos prazos para a finalidade prevista no do §3º, 
do art. 231 do NCPC, será da data da efetiva citação e ou intimação, não se levando em conta a data da 
juntada do comprovante da citação e/ou intimação. A maioria dos doutrinadores seguem esse 
entendimento. 
Para Humberto Theodoro Júnior, há uma distinção entre o termo inicial da contagem do 
prazo para cumprir a obrigação e para oposição de embargos. Segundo ele, como o mandado de citação 
não retorna aos autos senão depois de ultrapassado o prazo de cumprimento da obrigação pelo 
executado, o termo inicial é o da data da citação e como a oposição dos embargos depende da 
intermediação por representante judicial, o termo inicial é o da juntada do mandado aos autos, ou seja, 
da data do retorno do mandado de citação. 
 
 
 
3 GONÇALVES, op. cit. p. 767. 
4 CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. São Paulo: Atlas. 2015. p. 139. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 6 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
d) Condutas possíveis ao executado depois da citação 
1ª. conduta 
Se o executado fizer a entrega da coisa no prazo de 15 (quinze) dias úteis, a obrigação 
estará satisfeita, mas a execução, ainda não poderá ser extinta, na forma do art. 924, II, do NCPC, 
visto que, segundo o art. 807 do NCPC, após a entrega do bem “será lavrado o termo respectivo 
e considerada satisfeita a obrigação, prosseguindo-se o processo na forma de execução de quantia 
certa para o pagamento de frutos ou o ressarcimento de prejuízos, se houver”, razão pela qual, 
antes de ser extinta a execução, o exequente deverá ser intimado para se manifestar a respeito do 
bem oferecido. 
Mesmo que não haja motivo para percepção de frutos ou ressarcimento de prejuízos, 
a execução prosseguirá na forma de quantia certa para a cobrança das custas e despesas 
processuais, somente havendo extinção da execução quando, além da entrega da coisa, o 
executado, também, realizar o pagamento das despesas processuais e verbas honorárias 
sucumbenciais.5 
2ª. Conduta 
Se o executado optar pela oposição de embargos à execução, poderá oferecer em 
depósito a coisa, cumprindo assim uma das exigências contidas no art. 919, §1º, do NCPC para 
a concessão do efeito suspensivo aos embargos6. 
Nos embargos, o executado poderá alegar qualquer matéria em sua defesa. Tem par-
ticular importância a possibilidade de ele alegar que, de boa-fé, fez benfeitorias necessárias e úteis, o que 
lhe dá direito de retenção (art. 917, IV). Nesse caso, ele deverá opor os embargos pedindo ao juiz que 
suspenda o cumprimento do mandado de busca e apreensão ou imissão na posse, com fundamento no 
direito de retenção. Verificando o juiz que há nos autos elementos indicativos da existência desse direito, 
ele o fará, preservando o bem em mãos do executado, até que haja o ressarcimento das benfeitorias.7 
Se não houver embargos, ou eles forem julgados improcedentes, a busca e apreensão ou a 
imissão na posse tornar-se-ão definitivos. 
3ª. Conduta 
Se o executado não entregar a coisa, caso em que se cumprirá, de imediato, a ordem 
de imissão na posse, se o bem for imóvel, ou de busca e apreensão, se móvel, que já constava do 
mandado de citação. O juiz pode, ainda, valer-se da multa como meio de coerção, quando 
 
5 NEVES, op. cit. p. 1.138. 
6 NEVES, op. cit. p. 1.134. 
7 GONÇALVES, op. cit. p. 768. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 7 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
verificar, por exemplo,que o devedor oculta o bem.8 
Caso a entrega da coisa torne-se impossível, por perecimento, deterioração ou qual-
quer outra razão, haverá conversão em perdas e danos, com liquidação incidente, para apuração 
do quantum debeatur. Se alienada a coisa quando já litigiosa, será expedido o mandado contra o 
terceiro adquirente. 
8.1.2 Execução para entrega de coisa incerta 
Faz-se necessário irmos até o Código Civil (direito material) para conceituarmos a 
obrigação de entregar coisa incerta (arts. 243). 
a) Conceito 
A "coisa incerta" a que alude a lei não é a ignorada ou desconhecida. Mas a que é 
determinável pelo gênero e pela quantidade. 
Exemplo: Obrigação: entregar 500 kg de grãos de milho. 
O art. 244 do CC dispõe que "nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, 
a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá 
dar a coisa pior, nem será obrigada a prestar a melhor". 
b) Procedimento 
Quando se tratar de coisa incerta – coisa determinada pelo gênero e pela quantidade, 
conforme se infere do art. 811 do NCPC, em harmonia com o art. 243 do CC -, é obrigatório 
verificar, à luz da lei aplicável ou do que foi ajustado pelas partes, a quem compete a escolha: se 
ao credor ou ao devedor. Se ela couber ao devedor/executado, ele será citado para entrega-la 
individualizada. Se a escolha couber ao credor/exequente, a escolha deverá ser feita na petição 
inicial (art. 811, parágrafo único, NCPC).9 
Quando nem do título executivo nem da petição inicial constar a quem cabe a escolha, 
caberá ao credor fazê-lo. 
Segundo o art. 812 do NCPC, qualquer uma das partes (credor ou devedor), em 
quinze dias, poderá impugnar a escolha feita pela outra, seguindo-se de decisão, com ou sem 
dilação probatória (inclusive pericial), se for necessário. 
A única particularidade no procedimento da execução para entrega de coisa incerta é 
a necessidade de individualização da coisa. Superada essa fase de individualização da coisa incerta 
 
8 Idem. 
9 BUENO, op. cit. p. 493. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 8 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
(genérica), o procedimento da execução é o mesmo observado na entrega da coisa certa (art. 812, 
NCPC). 
8.1.3 Execução das obrigações de fazer ou de não fazer 
 
8.1.3.1 Disposições Gerais 
O art. 814 do NCPC prevê a possibilidade de cominação de multa periódica (pode 
ser por hora, diária, mensal) para compelir o executado a fazer ou não fazer, cabendo ao 
magistrado fixá-la desde o recebimento da petição inicial, estipulando, ademais, a data a partir da 
qual será ela devida. Se o valor da multa prevista no título executivo for excessivo, o magistrado 
poderá reduzi-la, consoante prevê o parágrafo único, do art. 814, do NCPC10. 
Com base na atipicidade dos meios executivos, derivada do inciso IV, do art. 139, do 
NCPC, além da aplicação de multa periódica (astreintes), há a possibilidade da utilização pelo 
magistrado de medidas de apoio[indutivas, coercitivas mandamentais ou sub-rogatórias] 
adequadas ao caso concreto, a fim de assegurar o cumprimento da ordem judicial. 
As obrigações de fazer e não fazer distinguem-se das obrigações de dar, porque 
nestas o interesse do credor não está no fazer, propriamente dito, mas na coisa. O que interessa 
ao credor é a restituição da coisa, não a conduta do devedor. Já nas obrigações de fazer, o 
interesse concentra-se na atividade dele, e suas qualidades pessoais podem adquirir grande im-
portância11. 
São aplicáveis ao processo de execução das obrigações de fazer e não fazer fundado 
em título executivo extrajudicial o disposto nos arts. 536 e 537, do NCPC (regras do cumprimento 
de sentença das obrigações específicas). 
8.1.3.2 OBRIGAÇÃO DE FAZER 
Faz-se necessário irmos até o Código Civil (direito material) para conceituarmos a 
obrigação de entregar coisa incerta (arts. 243). 
a) Conceito 
As obrigações de fazer são aquelas em que o devedor se compromete a realizar uma 
prestação, consistente em atos ou serviços, de natureza material ou imaterial. 
Exemplo: Obrigação: realizar terraplanagem em um terreno. 
Esta modalidade pode se manifestar de duas formas distintas: 
 
10 Idem. 
11 GONÇALVES, op. cit. p. 769. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 9 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
1) Obrigação de fazer fungível – é aquela que, embora assumidas pelo devedor, 
podem ser cumpridas por qualquer pessoa, inclusive pelo credor às expensas do 
devedor, pois não levam em conta as qualidades pessoais dele. Exemplo: A 
demolição de uma cerca que impede o direito de passagem. 
2) Obrigação de fazer infungível – é aquela personalíssima, que só o devedor pode 
cumpri-la, pois leva em conta suas qualidades pessoais. Exemplo: O show de um 
cantor famoso. 
 
b) Procedimento obrigação de fazer fungível (art. 815 e ss) 
O juiz determinará a citação do devedor para que, no prazo estabelecido no título, 
satisfaça a obrigação. Se o título não indicar prazo, o juiz o fixará. 
Com a citação, correrão dois prazos independentes, cuja contagem far-se-á na forma 
do art. 231 do CPC: 
� O estabelecido para o cumprimento da obrigação – que é aquele assinalado no título 
ou o fixado pelo juiz, para que a obrigação seja cumprida. Mesmo que seja fungível, é possível 
que o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, fixe multa periódica, para o não cumpri-
mento. Não sendo eficazes os meios de coerção, e persistindo o inadimplemento, o credor 
pode optar entre a execução específica por sub-rogação ou a conversão em perdas e danos, 
que exigirá prévia liquidação incidente;12 
� O de quinze dias para o devedor opor embargos, que corre independentemente de ele 
cumprir ou não a obrigação. 
 
d.1) Execução específica por sub-rogação 
 
A execução específica por sub-rogação é opção do credor; se ele acha que o procedi-
mento é trabalhoso ou excessivamente oneroso, pode requerer a utilização dos meios de coerção, 
e se forem ineficazes, a conversão em perdas e danos. 
O procedimento da execução de obrigação de fazer fungível por meio de sub-
rogação deve seguir o roteiro previsto no art. 815 e ss. NCPC a seguir descrito: 
• Se o devedor não cumprir a obrigação fungível, o credor poderá requerer que outra 
pessoa a cumpra no seu lugar e às suas expensas. O juiz nomeará pessoa idônea que possa prestar 
 
12 GONÇALVES, op. cit. p. 770. 
DIFERENÇAS ENTRE OBRIGAÇÕES DE FAZER 
FUNGÍVEIS INFUGÍVEIS 
Usa meios de coerção (a exemplo da multa) Usa meios de coerção (a exemplo da multa) 
Usa meios de subrogação Não usa meio de sub-rogação 
Autorizam prestação de terceiro às expensas 
do devedor. Dispensam a participação do 
devedor. 
Não autorizam prestação de terceiros 
Não dispensam a participação do devedor, 
exigem a sua colaboração 
Podem ser convertidas em perdas e danos. Podem ser convertidas em perdas e danos 
Não se extingue com a morte do devedor. Extingue-se com a morte do devedor, mas 
converte-se em perdas e danos. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 10 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
o fato às custas do devedor. A nomeação é livre, podendo o juiz determinar que o credor forneça 
indicações. O terceiro apresentará proposta para realização do serviço, que será examinada pelo 
juiz, depois de ouvidas as partes. Se acolhida, o exequente anteciparáas despesas. 
• Depois que o serviço for prestado, as partes serão ouvidas no prazo de dez dias, 
se, se não houver impugnações procedentes, se dará por cumprida a obrigação, passando-se à 
execução do devedor, pela quantia que o credor teve de pagar ao terceiro. 
• Se o serviço não for prestado pelo terceiro, ou o for de maneira incompleta, o 
credor poderá pedir ao juiz que o autorize a concluir a obra, à custa do terceiro, no prazo de 15 
dias. 
• Caso o próprio credor queira realizar o serviço, terá direito de preferência sobre os 
outros, que deverá ser exercido no prazo de cinco dias. 
 
c) Procedimento obrigação de fazer infungível 
Como não há possibilidade de uso dos meios de sub-rogação, o juiz utilizará os de 
coerção, para pressionar a vontade do devedor a cumprir, ele próprio, a obrigação. Para tanto, 
poderá valer-se dos meios previstos no art. 536, § 1°, do CPC. Mas, se todos resultarem ineficazes 
e o devedor persistir na recusa, só restará a conversão em perdas e danos.13 
 
8.1.3.3 OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER 
 
a) Conceito 
Tratando-se das denominadas obrigações de não fazer, se faz indispensável fazer a 
seguinte e importantíssima consideração: não existe mora nas obrigações de não fazer, uma 
vez que são obrigações negativas e não há como cogitar de atraso no descumprimento. Em ver-
dade, o que pode haver é o inadimplemento, o qual ocorrerá quando o devedor praticar ato 
que estava obrigado a se abster de realizar. Será, então, o caso de se buscar, judicialmente, o 
desfazimento daquilo que não poderia ter sido feito (o que é uma prestação positiva). Con-
clui-se, então, que a execução de obrigação de não fazer é, a rigor, uma execução da obrigação de 
desfazer o que não poderia ter sido feito.14 
Exemplo: Obrigação negativa: Abstenção de fazer “grafite” em determinado muro. 
Execução Judicial (determina uma ação positiva): Pintar o muro, apagando as imagens produzidas 
pelo grafitismo. 
 
13 Idem. 
14 CÂMARA, op. cit. p. 376. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 11 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
O art. 822 do NCPC estabelece que “[se] o executado praticou ato a cuja abstenção 
estava obrigado por lei (legal) ou por contrato (convencional), o exequente requererá ao juiz que 
assine prazo ao executado para desfazê-lo. 
b) Procedimento 
O magistrado determinará a citação do executado para que, no prazo adequado ao 
cumprimento da obrigação (a critério do magistrado), realize o desfazimento do que não poderia 
ter sido feito. Se o executado cumprir a determinação no prazo estabelecido, deverá ser extinta a 
execução, após o pagamento das custas e honorários advocatícios. 
Havendo recusa ou mora do executado, o exequente requererá ao juiz que mande 
desfazer o ato à custa do devedor (aplicando-se, no que for aplicável, o sistema estabelecido para 
a prestação do serviço pelo terceiro contratado previsto para a execução das obrigações de fazer), 
conforme dispõe o art. 823 do NCPC. Mesmo assim, o executado, ainda, responderá por perdas 
e danos.15 
Tornando-se impossível o desfazimento do ato, a obrigação se resolverá em perdas e 
danos e, depois de promovida a liquidação, o processo se converterá em uma execução por quan-
tia certa (art. 823, parágrafo único, NCPC). 
Exemplo: Obrigação de não fazer: Abster-se de publicar determinado vídeo nas re-
des sociais. Execução Judicial: conversão em perdas e danos, pois uma vez lançado o vídeo na 
rede mundial de computares, não há como desfazer, pois, se prolifera (“viraliza”) e fica sem con-
trole. 
 
15 Idem.

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