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Apostila Legislação Especial Penal

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Legislação Penal Especial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA: 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
 
 
Autoria: MARCELA CLIPES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vitória, 2016 
 
 
1 
 
 
Legislação Penal Especial 
Diretor Executivo: Tadeu Antonio de Oliveira Penina 
Diretora Acadêmica: Eliene Maria Gava Ferrão 
Diretor Administrativo Financeiro: Fernando Bom Costalonga 
 
 
 
 
 
 
 
NEAD – Núcleo de Educação à Distância 
 
GESTÃO ACADÊMICA - Coord. Didático Pedagógico 
 
GESTÃO ACADÊMICA - Coord. Didático Semipresencial 
 
GESTÃO DE MATERIAIS PEDAGÓGICOS E METODOLOGIA 
 
Coord. Geral de EAD 
 
 
 
BIBLIOTECA MULTIVIX 
(Dados de publicação na fonte) 
2 
 
 
Legislação Penal Especial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disciplina: Legislação Penal Especial 
Autoria: Marcela Clipes 
 
Primeira Edição: 2016 
 
 
 
 
C641l 
Clipes, Marcela. 
 Lesgislação penal especial / Marcela Clipes. – Vitória : Multivix, 2016. 
 
115 f. ; 30 cm 
 Inclui referências. 
 
1. Direito penal – parte especial 2. Crime hediondo 3. Lei 9613/98 4. 
Crime ambiental I. Faculdade Multivix. II. Título. 
CDD: 341.5 
 
 
 
3 
 
 
Legislação Penal Especial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1º BIMESTRE............................................................................................................ 5 
1 UNIDADE 1 – DEFINIÇÕES DE CRIME 
HEDIONDO....................... 6 
1.1 ROL DOS CRIMES HEDIONDOS................................................................. 7 
4 
 
 
Legislação Penal Especial 
1.2 CONSEQUENCIAS JURÍDICAS DOS CRIMES HEDIONDOS..................... 9 
1.3 DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS EM ESPÉCIE.................... 18 
1.4 REFERÊNCIAS ON INDICAÇÃO DE LEITURA, VÍDEO ENTRE OUTROS. 24 
1.5 RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL DAS PESSOAS FÍSICAS....... 26 
1.6 RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL DA PESSOA JURÍDICA......... 29 
1.7 TEORIA DA PENA NO CRIME AMBIENTAL................................................ 40 
1.8 CRIMES AMBIENTAIS.................................................................................. 55 
1.9 CRIME EM ESPÉCIE.................................................................................... 68 
1.10 REFERÊNCIAS ON INDICAÇÃO DE LEITURA, VÍDEO ENTRE OUTROS. 77 
 
2º BIMESTRE............................................................................................................ 78 
2 UNIDADE 2 – HISTÓRICO DA LEI 9.613/98.................................... 79 
2.1 A EXPRESSÃO LAVAGEM DE DINHEIRO OU DE CAPITAIS..................... 79 
2.2 CONCEITO DE LAVAGEM DE CAPITAIS..................................................... 80 
2.3 GERAÇÕES DE LEIS ACERCA DA LAVAGEM DE CAPITAIS..................... 80 
2.4 DOS CRIMES DE LAVAGEM OU OCULTAÇÃO DE BENS, DIREITOS E 
VALORES....................................................................................................... 81 
2.5 FASES DA LAVAGEM DE CAPITAIS............................................................ 83 
2.6 BEM JURÍDICO TUTELADO.......................................................................... 86 
2.7 ASSESSORIEDADE DA LAVAGEM DE CAPITAIS....................................... 88 
2.8 SUJEITOS DO CRIME................................................................................... 94 
2.8.1 TIPO OBJETIVO................................................................................................. 96 
2.8.2 TIPO SUBJETIVO............................................................................................... 101 
2.8.3 OBJETO MATERIAL........................................................................................... 104 
2.8.4 CRIMES ANTECEDENTES................................................................................... 105 
2.9 TERRORISMO............................................................................................... 113 
2.10 REFERÊNCIAS ON INDICAÇÃO DE LEITURA, VÍDEO ENTRE OUTROS. 114 
 
3 REFERÊNCIAS......................................................................................... 115 
 
 
 
5 
 
 
Legislação Penal Especial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
Legislação Penal Especial 
 
 
 
 
 
 
1º Bimestre 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 UNIDADE 1 - DEFINIÇÃO DE CRIME HEDIONDO 
 
Existem três sistemas que definem o crime hediondo: 
 
Sistema LEGAL – Pelo sistema legal, compete ao legislador enumerar no rol 
7 
 
 
Legislação Penal Especial 
taxativo, quais os crimes hediondos. (MASSON, 2013) 
 
Sistema JUDICIAL – Pelo sistema judicial é o juiz quem, na apreciação do caso 
concreto, analisando a gravidade do delito, decide se a infração é ou não hedionda. 
(MASSON, 2013) 
 
Sistema MISTO – Pelo sistema misto, o legislador apresenta rol exemplificativo de 
crimes hediondos, permitindo ao juiz encontrar outros casos. Existe a diferença em 
esse terceiro sistema e o legal. No sistema legal, o rol é taxativo; no misto, 
exemplificativo. Assim sendo, compete ao juiz, na apreciação do caso concreto, 
encontrar outros exemplos. 
 
O sistema misto trabalha com o método de interpretação analógica, que é aquele por 
meio do qual o legislador dá exemplos e permite ao juiz encontrar outros casos 
(MASSON, 2013). 
O Brasil adotou o sistema legal, conforme se verifica da redação do art. 5º, XLIII, da 
CF/88: 
 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou 
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o 
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo 
os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
 
Entretanto, o referido art. 5º, XLIII não arrola os crimes hediondos, deixando à cargo 
do legislador defini-los. Nada obstante, apesar desta tarefa, o legislador também 
precisa obedecer ao mandamento constitucional referido, relativamente aos crimes 
equiparados à hediondo, porque a Constituição Federal de 1988 já menciona quais 
crimes são equiparados a hediondos, sendo eles: 
 
 Tortura, 
 Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e 
 Terrorismo. 
 
Esses são os crimes equiparados a hediondos. Equiparados nas consequências, 
8 
 
 
Legislação Penal Especial 
mas NÃO SÃO hediondos. Já foi objeto de questionamento em prova de concurso 
público: “Tráfico é hediondo.” Verdadeiro ou falso. 
 
A resposta correta à indagação é negativa, ou seja, o tráfico ilícito de entorpecentes e 
drogas afins não é crime hediondo, é equiparado à hediondo. 
 
De igual maneira, o terrorismo e a tortura não são crimes hediondos, sendo 
equiparados a hediondo. 
 
A reflexão que se impõe é: haveria o Brasil adotado o sistema mais adequado? 
Nenhum dos três sistemas se apresentam muito adequados. O legal é injusto porque 
só analisa a gravidade em abstrato. Retira do juiz o poder de analisar o caso concreto.. 
Trabalha apenas no plano abstrato. (MASSON, 2013) 
 
O judicial é perigoso, porque fica a critério do juiz a definição da hediondez, 
comprometendo a segurança jurídica dos jurisdicionados, além de ferir o princípio da 
taxatividade. Poderia o juiz de uma comarca entender que a violência doméstica 
contra mulher é hediondo e outro entender que não. 
 
O misto reuniu o que os outros doistinham de ruim. Vejam bem, o legislador dá 
exemplos e não olha o caso concreto, delegando ao juiz com um poder enorme quanto 
à definição da hediondez. (MASSON, 2013) 
 
1.1 ROL DOS CRIMES HEDIONDOS 
 
O elenco está disposto no art. 1º, da Lei 8.072/90, confira-se: 
 
Art. 1º - São considerados hediondos os seguintes crimes, consumados ou tentados: 
 
I - homicídio (Art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, 
ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (Art. 121, § 2º, I, II, III, 
IV e V); 
II - latrocínio (Art. 157, § 3º, in fine); 
9 
 
 
Legislação Penal Especial 
III - extorsão qualificada pela morte (Art. 158, § 2º); 
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (Art. 159, caput e §§ 1º, 2º e 
3º); 
V - estupro (§§ 1º e 2º); 
VI – estupro de vulnerável (Art. 217 – A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º); 
VII - epidemia com resultado morte (Art. 267, § 1º). 
VII-A - (vetado) 
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins 
terapêuticos ou medicinais. 
Parágrafo único - Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto nos 
arts. 1º, 2º e 3º da Lei 2.889, de 1º de outubro de 1956, tentado ou consumado. 
 
Por que genocídio não está num inciso VIII? Porque os incisos estão ligados a crimes 
hediondos previstos no Código Penal. O genocídio mereceu um parágrafo único 
porque ele está fora do Código Penal (MASSON, 2013). 
 
Alberto Silva Franco, não sem razão, critica a Lei 8.072/90, ao argumento de que o 
referido diploma normativo seria elitista, por considerar ou etiquetar como hediondos 
crimes praticados por camadas mais pobres da população em desfavor dos mais 
abastados. 
 
Não haveria, segundo o Autor, no elenco definido no art. 1º da Lei 8.072/90, os crimes 
praticados pelas camadas mais abastadas economicamente em face dos 
hipossuficientes, citando, como, os crimes praticados contra a Administração Pública. 
 
A Lei de Crimes Hediondos é de 1990. O homicídio qualificado só se tornou hediondo 
em 1994, com a morte da atriz Daniela Perez, filha da novelista Glória Perez. 
Aproximadamente 4 (quatro) anos depois da entrada em vigor da Lei 8.072/90 é que 
o homicídio qualificado se tornou hediondo e não alcançou os sujeitos ativos do crime, 
Guilherme de Pádua e sua então esposa, Paula, porque a lei não pode retroagir em 
prejuízo do acusado. Então, ambos não sofreram as consequencias da lei dos crimes 
hediondos. Só quem matou dali em diante é que passou à suportá- las (FRANCO; 
MASSON, 2013) 
10 
 
 
Legislação Penal Especial 
 
1.2 CONSEQUENCIAS JURÍDICAS DOS CRIMES HEDIONDOS 
 
As conseqüências jurídicas previstas na Lei 8.072/90 estão descritas no art. 2º: 
 
Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins e o terrorismo são insuscetíveis de: 
 
I - anistia, graça e indulto; 
II - fiança. (Alterado pela L-011.464-2007). 
 
Inciso I - O referido inciso fala que os crimes hediondos são insuscetíveis de anistia, 
graça e indulto. 
 
Relembrando, anistia, graça e indulto, são formas de renúncia do Estado ao seu direito 
de punir. 
 
Questão relevante à analisar, é o confronto do art. 2º, inciso I, com o art. 5º, XLIII. 
 
A referida norma constitucional prega: a lei considerará crimes inafiançáveis e 
insuscetíveis de graça ou anistia (...). 
 
Pela leitura do texto legal em epígrafe, é incontroverso que a Constituição Federal de 
1988 não veda a concessão do indulto, proibindo apenas a graça e anistia. 
 
Neste sentido, o que se discute é se a lei ordinária poderia haver acrescentado a 
vedação do indulto e se haveria constitucionalidade em referida vedação. 
 
A questão é controversa e existem 2 (duas) correntes doutrinárias que a explicam, 
segundo (MASSON, 2013): 
 
1ª (primeira): A vedação do indulto pela Lei dos Crimes Hediondos seria 
inconstitucional, ao argumento de que o rol de vedações que a Constituição Federal 
11 
 
 
Legislação Penal Especial 
impõe é máximo, não podendo o legislador ordinário ampliá-lo, cabendo ao legislador 
infraconstitucional obedecê-lo. 
 
2ª (segunda): A vedação do indulto pela Lei dos Crimes Hediondos seria 
constitucional, ao argumento de que o rol de vedações impostos pela Constituição 
Federal é mínimo, posto que a redação do texto constitucional é “a lei definirá”. Não 
bastasse esse argumento, outro argumento sustentado por seus defensores é que o 
instituto da vem sendo utilizada no sentido amplo, abrangendo o indulto. 
 
Desta forma, quando o constituinte veda a graça, ele o faz em sentido amplo, 
abrangendo também o indulto. 
 
Esta é a corrente de pensamento que prevalece no Brasil, não apenas no campo 
doutrinário, como também jurisprudencial, sendo adotada pelo Supremo Tribunal 
Federal, conforme verificado no julgamento do RHC 84572/RJ – Marco Aurélio. 
 
O STF decidiu que não cabe indulto mesmo no caso de crimes praticados antes da 
Lei dos Crimes Hediondos, desde que a execução estivesse sob a égide da Lei dos 
Crimes Hediondos. 
 
Inciso II: mencionado preconiza que os crimes hediondos são insuscetíveis de fiança. 
 
Cabe registrar que este inciso foi alterado Lei 11.464/07 e, antes desta reforma, a Lei 
8.072/90 também vedava a concessão da liberdade provisória, além da fiança. 
 
 
LEI 11.464/07 
ANTES DEPOIS (redação nova) 
Vedava: Fiança e Liberdade provisória Veda: Fiança, mas não veda mais a liberdade 
provisória 
 
Parágrafos 1º e 2º (alterados pela Lei 11.474/07): regime fechado para o início do 
cumprimento, admitindo progressão 
12 
 
 
Legislação Penal Especial 
 
LEI 11.464/07 
§ 1º ANTES § 1º DEPOIS (redação nova) 
“A pena por crime prevista neste artigo 
será cumprida integralmente em regime 
fechado.” NÃO ADMITIA PROGRESSÃO 
Em 2006, o STF declarou inconstitucional 
o regime integralmente fechado e já 
admitia a progressão com 1/6 
“A pena por crime previsto neste artigo será 
cumprida inicialmente em regime fechado.” 
(Alterado pela 11.464-2007). ADMITE 
PROGRESSÃO: 
 2/5, se PRIMÁRIO 
 3/5, se REINCIDENTE 
 
 
Antes da reforma implementada pela Lei 11.467/2007, estava proibida a progressão 
de regimes, na fase da execução da pena. Em 2007, a referida Lei suprimiu a proibição 
de progressão de regimes, impondo, entretanto, que o início do cumprimento da pena, 
em qualquer caso, fosse no regime fechado, permitindo a progressão. 
 
E para aquele que praticou um crime hediondo antes da Lei 11.464, mas a execução 
só fosse iniciar após o advento da Lei 11.464/07, haveria o direito à progressão por 
se tratar de norma penal mais benéfica. 
 
Porém, cumpre destacar que, por meio do HC 82959, o Supremo Tribunal Federal 
considerou inconstitucional a imposição de início obrigatório do cumprimento da pena 
em regime fechado, contida no art. 2º da Lei 8.072/90, ao argumento de que referida 
norma fere o princípio constitucional da individualização da pena, e caberia ao juiz 
decidir quanto ao regime de pena a ser imposto, de acordo com as regras previstas 
no Código Penal. 
 
À esse respeito, confira-se o teor da súmula vinculante 26: 
 
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime 
hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a 
inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem 
prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos 
e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo 
13 
 
 
Legislação Penal Especial 
fundamentado, a realização deexame criminológico. 
 
Parágrafo 3º (alterado pela Lei 11.474/07): Em caso de sentença condenatória, o 
juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. 
 
Quanto à exegese do referido parágrafo, o Supremo Tribunal Federal já se 
manifestou no seguinte sentido: 
 
 Réu processado e preso – recorreria preso, salvo se ausentes os fundamentos 
que permitem a decretação da prisão preventiva. 
 Réu processado solto – recorreria solto, salvo se presentes os fundamentos 
da prisão preventiva. 
 
Parágrafo 4º (alterado pela Lei 11.474/07): versa sobre a prisão temporária, nos 
seguintes termos: 
 
A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro 
de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, 
prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada 
necessidade. 
 
A Lei 7.960/89, a qual disciplina a prisão temporária, prevê um prazo de custódia de 
5 (cinco) dias, prorrogáveis por mais 5 (cinco). A Lei 8.072/90 prevê que, num crime 
arrolado como hediondo a prisão temporária é de 30 dias prorrogáveis por mais 30 
dias. 
 
Não se pode olvidar que não cabe prisão temporária em qualquer crime, tendo em 
vista o art. 1º, III, traz crimes que admitem essa espécie de custódia, conforme abaixo 
exposto: 
 
Art. 1º Caberá prisão temporária: 
 
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na 
legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: 
14 
 
 
Legislação Penal Especial 
 
a) homicídio doloso (Art. 121, caput, e seu § 2º); 
b) seqüestro ou cárcere privado (Art. 148, caput, e seus §§ 1º e 2º); 
c) roubo (Art. 157, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º); 
d) extorsão (Art. 158, caput, e seus §§ 1º e 2º); 
e) extorsão mediante seqüestro (Art. 159, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º); 
f) estupro (Art. 213, caput, e sua combinação com o Art. 223, caput, e parágrafo único); 
g) atentado violento ao pudor (Art. 214, caput, e sua combinação com o Art. 223, 
caput, e parágrafo único); 
h) rapto violento (Art. 219, e sua combinação com o Art. 223, caput, e parágrafo único); 
i) epidemia com resultado de morte (Art. 267, § 1º); 
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado 
pela morte (Art. 270, caput, combinado com Art. 285); 
l) quadrilha ou bando (Art. 288), todos do Código Penal; 
m) genocídio (arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956), em qualquer 
de sua formas típicas; 
n) tráfico de drogas 
o) crimes contra o sistema financeiro. 
 
A problemática que surge é que nem todos os crimes hediondos estão abrangidos 
pelo inciso III da lei de prisão temporária, conforme tabela comparativa abaixo exposta 
(MASSON, 2013): 
 
LEI 7960/89 LEI 8072/90 
Prisão temporária: 5 dias + 5 dias Prisão temporária? 30 dias + 30 dias 
Art. 1º, III: 
a) Homicídio – 121, CODIGO PENAL 
O homicídio, se cometido por grupo de 
extermínio ou qualificado, o prazo passa a 
ser de 30 + 30 
*b) Sequestro e cárcere privado – 148, 
CODIGO PENAL 
 
c) Roubo – 157, CODIGO PENAL O roubo, se qualificado pela morte, 30 + 30 
d) Extorsão – 158, CODIGO PENAL 
A extorsão, se qualificada pela morte, 30 + 
30 
15 
 
 
Legislação Penal Especial 
e) Extorsão mediante sequestro – 159, 
CODIGO PENAL 
O sequestro, simples ou qualificado, 30 + 
30. 
f) Estupro – 213, CODIGO PENAL O estupro, simples ou qualificado, 30 + 30. 
g) Atentado violento ao pudor – 214, CODIGO 
PENAL 
O atentado violento ao pudor, simples ou 
qualificado, 30 + 30. 
h) Rapto 
i) Epidemia com resultado morte – 267, § 1º, 
CODIGO PENAL 
É hediondo – É igualzinho à lei dos crimes 
hediondos 
*j) Envenenamento de água potável – 270, 
CODIGO PENAL 
 
*l) Quadrilha ou bando – 288, CODIGO PENAL 
m) Genocídio Hediondo, logo, 30 + 30 
n) Tráfico Equiparado a Hediondo, logo, 30 + 30 
*o) Crime contra o Sistema Financeiro 
Esses crimes admitem prisão temporária com 
qual prazo? 5 + 5, salvo, se também estiverem 
na lei de crimes hediondos. Fazendo a 
comparação, os únicos que obedecem ao 
prazo de 5 + 5 são os marcados com asterisco, 
ou seja, dos 13, só 4 
Aqui, é possível prisão temporária 30 + 30 
 
Então, o prazo de 5 dias será para: 
 
 Sequestro e cárcere privado – 148, CODIGO PENAL 
 j) Envenenamento de água potável – 270, CODIGO PENAL 
 l) Quadrilha ou bando – 288, CODIGO PENAL 
 o) Crime contra o Sistema Financeiro. 
 
Nos demais, é cabível a prisão temporária por 30 (trinta) dias, prorrogáveis por mais 
30 (trinta). 
 
Foi objeto de questionamento em concurso de provas e títulos para provimento do 
cargo de delegado de polícia no Estado de Minas Gerais questão em sentido inverso. 
16 
 
 
Legislação Penal Especial 
 
Existem crimes hediondos ou equiparados que não foram mencionados na Lei 
7.960/89, mas estão previstos na Lei 8.072/90, à exemplo da tortura e corrupção de 
medicamentos (MASSON, 2013). 
 
Desta forma, questiona-se: qual seria o prazo de prisão temporária relativamente ao 
crime de tortura? 
 
O primeiro questionamento a ser feito é o seguinte: referido crime admite prisão 
temporária? Se a resposta for positiva, qual é o prazo de sua duração? Tanto a tortura 
quanto a corrupção de medicamentos não estão contemplados no rol taxativo da Lei 
7.960/89. 
 
Neste sentido, o examinador da banca do concurso público acima referido queria 
saber: 
 
Cabe prisão temporária para o crime de tortura? 
Acaso positivo, qual o prazo de sua duração? 
Cabe prisão temporária para corrupção de medicamentos? 
Se positivo, qual o prazo de duração? 
 
A resolução da problemática deve levar em conta alguns fatores 
 
a) se o intérprete admitir como taxativo o rol de crimes previstos da Lei 7.960/89, a 
prisão temporária não alcançará os crimes de tortura e corrupção de medicamentos, 
segundo MASSON (2013). 
 
Atenção: 
 
1ª (primeira) corrente: Se a tortura e a corrupção de medicamentos não estão no 
inciso III, do art. 1º, da lei da prisão temporária, não comportam essa espécie de 
prisão. Só cabe prisão temporária nos crimes do inciso III, do art. 1º dessa lei especial. 
Fora deste rol, não cabe prisão temporária. Logo, se a tortura e a corrupção de 
17 
 
 
Legislação Penal Especial 
medicamentos não estão neste rol taxativo, não admitem prisão temporária. Não 
parece a corrente de pensamento mais adequada correta. 
 
2ª (segunda) corrente: os crimes de tortura e a corrupção de medicamentos admitem 
prisão temporária, pois o § 4º, do art. 2º, da lei de crimes hediondos, diz: “os crimes 
previstos nesta lei (e os dois estão previstos nesta lei) admitem prisão temporária”. 
 
Se percebe, portanto que há previsão legal para decretação da prisão temporária nos 
crimes em comento, por serem hediondos.desta forma seu prazo de duração será de 
30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por mais 30 (trinta). 
 
Art. 3º da Lei 8.072/90 (alterado pela Lei 11.474/2007) - presídio de segurança 
máxima: referida norma determina à União manter estabelecimentos penais, de 
segurança máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de 
alta periculosidade, cuja permanência em presídios estaduais ponha em risco a ordem 
ou incolumidade pública. 
 
Art. 5º da Lei 8.072/90 – livramento condicional: O art. 5º acrescentou ao art. 83, 
do Código Penal o inciso V, permitindo o livramento condicional para crime hediondo. 
Porém, com condições objetivas mais rigorosas. Confira-se o art. 83, do Código Penal: 
 
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicionalao condenado a pena 
privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Alterado pela L-
007.209-1984) 
 
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime 
doloso e tiver bons antecedentes; 
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; 
III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom 
desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria 
subsistência mediante trabalho honesto; 
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela 
infração; 
18 
 
 
Legislação Penal Especial 
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime 
hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e 
terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. 
(Acrescentado pela L-008.072-1990) (MASSON, 2013) 
 
Segundo MASSON (2013), O livramento condicional consiste num benefício de 
execução penal que caracteriza uma liberdade antecipada. Como o próprio nome já 
diz, ele é condicional. Além de pressupor requisitos, ele deve estar sujeito a condições, 
sendo: 
 
SE PRATICADO EM QUADRILHA OU BANDO (art. 8º, da Lei 11.474/07): 
 
Art. 8º. Será de 3 (três) a 6 (seis) anos de reclusão a pena prevista no Art. 
288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da 
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. 
 
DELAÇAO PREMIADA (§ único, do art. 8º, da Lei 11.474/07) - O art. 8º, da lei de 
crimes hediondos tem um parágrafo único que diz o seguinte “O participante e 
o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando 
seu desmantelamento, terá a pena reduzida de 1 (um) a 2-3 (dois terços). 
 
Para o STJ (HC 41.758/SP) – A delação depende do efetivo desmantelamento da 
quadrilha ou bando. Não basta delatar, tem que delatar de tal modo que permita, 
possibilite o desmantelamento. Para o STJ, é imprescindível que essa delação 
seja eficaz. (MASSON, 2013) 
 
1.3 DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS EM ESPÉCIE 
 
Os crimes do art. 1º, da Lei 8072/90 arrola os crimes considerados hediondos e serão 
analisados abaixo. 
 
São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados Código Penal, 
consumados ou tentados: 
 
19 
 
 
Legislação Penal Especial 
I - homicídio (Art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, 
ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (Art. 121, § 2º, I, II, III, 
IV e V); 
II - latrocínio (Art. 157, § 3º, in fine); 
III - extorsão qualificada pela morte (Art. 158, § 2º); 
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (Art. 159, caput e §§ 1º, 2º e 
3º); 
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009); 
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º); (Redação dada pela 
Lei nº 12.015, de 2009); 
VII - epidemia com resultado morte (Art. 267, § 1º); 
VII-A - (vetado) 
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins 
terapêuticos ou medicinais. (MASSON, 2013) 
 
HOMICÍDIO – Art. 1º, I, da Lei dos Crimes Hediondos. Art. 1º - São considerados 
hediondos os seguintes crimes, todos tipificados Código Penal, consumados ou 
tentados: I - homicídio (Art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de 
extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (Art. 121, 
§ 2º, I, II, III, IV e V); Dois são os homicídios etiquetados como hediondos. O homicídio 
será hediondo quando: (MASSON, 2013) 
 
a) “Praticado em atividade típica de grupo de extermínio (chacina)” - Esse 
dispositivo é extremamente criticado. Primeiro porque, o que significa atividade de 
extermínio? Reparem que é um conceito extremamente poroso. Por atividade de 
extermínio, a doutrina acaba considerando a famosa chacina. 
 
Uma coisa é certa: Este homicídio é hediondo, mesmo que simples. Ele não precisa 
ser qualificado. Vejam que o homicídio simples pode ser hediondo quando 
praticado em atividade típica de grupo de extermínio. Esse homicídio é hediondo, 
ainda que simples. Diante do questionamento: o homicídio simples é hediondo? Pode 
ser, desde que praticado em atividade típica de grupo de extermínio. Como chama 
esse homicídio simples que depende desta condição (ser praticado por grupo de 
20 
 
 
Legislação Penal Especial 
extermínio) para ser hediondo? Homicídio condicionado. Já caiu isso em concurso: 
MP/PR. O que é homicídio condicionado? É o homicídio simples, considerado 
hediondo porque praticado em atividade típica de grupo de extermínio. (MASSON, 
2013) 
 
Crítica – Paulo Rangel, Guilherme de Souza Nucci falam: é ridículo imaginar que um 
homicídio condicionado é simples. Homicídio em atividade de extermínio sempre 
será qualificado. (RANGEL; NUCCI, MASSON, 2013) 
 
b) Homicídio qualificado – O homicídio qualificado é hediondo, não importando qual 
seja a qualificadora e sua natureza, objetiva ou subjetiva. 
 
LATROCÍNIO – Art. 1º, II, da Lei dos Crimes Hediondos: 
 
Está previsto no art. 157, § 3º, in fine, do Código Penal:” Se da violência resulta lesão 
corporal grave, a pena é de reclusão, de 7 (sete) a 15 (quinze) anos, além da multa; 
se resulta morte, a reclusão é de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, sem prejuízo da multa”. 
 
Quando se trata de latrocínio, duas súmulas têm que ser realçadas: 
 
STF Súmula 603- A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz 
singular e não do Tribunal do Júri. 
 
STF Súmula 610 - Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que 
não se realize o agente a subtração de bens da vítima. 
 
Ou seja, o que dita o resultado num latrocínio é a morte. Se ela é consumada o 
latrocínio é consumado. Se a morte é tentada, o latrocínio é tentado, haja vista a 
necessidade de se investigar a consumação da lesão ao bem jurídico mais grave. O 
que vai ditar o resultado no latrocínio é a morte, pouco importa se a subtração foi ou 
não concretizada. Qual é o equívoco da Súmula 610, do STF? Ela ignora o art. 14, I, 
do CODIGO PENAL, segundo o qual: Diz-se o crime: I - consumado, quando nele se 
reúnem todos os elementos de sua definição legal; Como é que a súmula 610, do STF 
21 
 
 
Legislação Penal Especial 
diz que o latrocínio está consumado se um dos seus elementos, que é a subtração, 
não está concretizada? Como é que a súmula do STF diz isso se só a morte está 
consumada, a subtração está tentada? A súmula 610, do STF, ignora o art. 14, I, do 
CODIGO PENAL. (MASSON, 2013) 
 
EXTORSÃO QUALIFICADA PELA MORTE – Art. 1º, III, da Lei dos Crimes 
Hediondos: Todos os comentários relacionados no latrocínio vão aplicar para a 
extorsão qualificada pela morte. 
 
O conhecido sequestro-relâmpago é crime hediondo? É sabido que o sequestro-
relâmpago é o mais novo crime contra o patrimônio, na verdade é uma qualificadora 
do art. 158, § 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e 
essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de 
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave 
ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente. (Acr. 
11.923/09). E agora? O sequestro-relâmpago é hediondo? E se houver resultado-
morte? (MASSON, 2013) 
 
SEQUESTRO-RELÂMPAGO (introduzido pela Lei 11.923/09). O legislador foi de 
uma infelicidade inigualável porque ele resolveu chamar de sequestro-relâmpago uma 
coisa que era um jargão popular.Esse sequestro-relâmpago podia configurar: 
 
 Roubo majorado pela privação da liberdade 
 Art. 158 (extorsão) onde havia uma circunstancia judicial agravante a ser 
considerada pelo juiz 
 Ou poderia configurar o próprio art. 159, do CODIGO PENAL, se fosse uma 
extorsão mediante sequestro rápida. (MASSON, 2013) 
 
Seria possível usar o sequestro-relâmpago para qualquer uma das três hipóteses. A 
galera chamava de sequestro-relâmpago. O legislador resolveu tornar crime com a 
expressão popular. Qual era a diferença entre os três crimes? (MASSON, 2013) 
 
SEQUESTRO-RELÂMPAGO (ANTES DA Lei 11.923/09): 
22 
 
 
Legislação Penal Especial 
Art. 157, § 2º, V 
Art. 158 (circunstância 
judicial) 
Art. 159 
No roubo, o agente subtrai. 
A colaboração da vítima é 
dispensável (ele, para ter o 
que quer, não precisa da 
colaboração dela). Por isso, 
subtrai. 
Hediondo quando 
houvesse morte. 
Na extorsão, o agente 
constrange (ele não 
subtrai). A colaboração da 
vítima é indispensável. 
Hediondo quando 
houvesse morte. 
Na extorsão mediante 
sequestro ele não subtrai e 
nem mais constrange. Ele 
sequestra. A colaboração 
da vítima também é 
dispensável porque ele vai 
depender de 
comportamentos de 
terceiros que vão pagar o 
resgate. Sempre hediondo 
com ou sem morte. 
 
O sequestro-relâmpago, antes dessa lei, poderia configurar os seguintes crimes: ou o 
art. 157, § 2º, V (quando ele subtrai dispensando a colaboração dela) ou o art. 158, 
com a pena-base majorada (quando ele constrange e a colaboração da vítima é 
indispensável) ou o art. 159 (quando é uma extorsão mediante sequestro rápida). 
(MASSON, 2013) 
 
 O roubo (art. 157) passava a ser hediondo no caso de morte. O roubo era (não só 
era como continua sendo) hediondo no caso de morte.. 
 O art. 159 (extorsão) é sempre hediondo. Tenha ou não morte. 
 O art. 158 podia ser hediondo quando ocorresse morte. 
 
O problema é que atualmente o sequestro-relâmpago foi inseido como § 3º do art. 158 
e esse § não está previsto na lei dos crimes hediondos. E agora? O § 3º, que traz a 
privação da liberdade na extorsão, não está na lei dos crimes hediondos. O art. 1º, da 
lei dos crimes hediondos traz um rol taxativo. E agora? Abrange o § 3º? (MASSON, 
2013) 
 
Guilherme de Souza Nucci e a maioria já escrevem o seguinte: O art. 158, § 3º não é 
crime hediondo mesmo com resultado morte. Por que? Falta de previsão legal. A 
23 
 
 
Legislação Penal Especial 
lei dos crimes hediondos não fala! É a posição da maioria. (NUCCI; MASSON, 2013) 
 
No art. 213, depois da entrada em vigor da Lei 12.015/2009, passou a ser 
compreendido no conceito de estupro, obviamente, o estupro e o atentado ao pudor, 
pelo fato de que todas as elementares do art. 214 migraram para o art 213; o art. 214 
foi revogado pela lei 12.015/2009. E o que antes configurava violência presumida 
passou a configurar o estupro de vulnerável, tipificado no art. 217-A. Ambos estão na 
lei dos crimes hediondos, sendo que alteraram a redação da lei dos crimes hediondos, 
que na atualidade abrange o art. 213 (estupro e atentado ao pudor) e o art. 217 - A, 
que é o estupro de vulnerável. Atualmente, não mais residem dúvidas, pois o estupro 
simples e qualificado, em razão da víitima ser maior de 14 e menor de 18 anos, resultar 
lesão corporal grave e morte, são considerados hediondos, sem o aumento de 
pena do art. 9º da lei 8072/90. (MASSON, 2013) 
 
EPIDEMIA COM RESULTADO MORTE – Art. 1º, VII, da Lei dos Crimes Hediondos. 
Art. 1º - São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados Código 
Penal, consumados ou tentados: VII - epidemia com resultado morte (Art. 267, § 1º). 
Quando cai esse crime é apenas para saber se ele é ou não hediondo. Não será 
qualquer epidemia. É epidemia com resultado morte. (MASSON, 2013) 
 
CORRUPÇÃO DE MEDICAMENTO – Art. 1º, VII-B, da Lei dos Crimes Hediondos: 
Foi incluído no rol dos crimes hediondos no ano de 1998. O crime é em 
 
“Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins 
terapêuticos ou medicinais: (Alt. 9.677-1998) Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 
(quinze) anos, e multa”. 
 
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em 
depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto 
falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. 
 
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, 
as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de 
24 
 
 
Legislação Penal Especial 
uso em diagnóstico. 
 
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º 
(vende, expõe à venda, etc.) em relação a produtos em qualquer das seguintes 
condições: (Acrescentado pela L-009.677-1998) 
 
I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente; 
II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior; 
III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua 
comercialização; 
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; 
V - de procedência ignorada; 
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente. 
(MASSON, 2013) 
 
Se o caput pune quem falsificou, o § 1º está punindo aquele que potencialmente 
distribui esse produto no mercado. Merece a mesma pena. Se um cria, o outro permite 
a potencialização da conduta, segundo MASSON (2013). 
 
No § 1º- B, o produto não está necessariamente está corrompido. É possível que 
alguém esteja tão-somente vendendo produto sem autorização da vigilância sanitária 
e só ela pode autorizar alguém a vender esse produto. (MASSON, 2013) 
 
 O art. 273, caput, pune o falsificador com pena de 10 a 15 anos e hediondo. 
 O § 1º, por sua vez pune quem vende, expõe à venda, etc e não precisa ser, 
necessariamente comerciante, com uma de também 10 a 15 anos, sendo hediondo. 
 O § 1º - A equipara produtos àqueles previstos no caput. Registre-se que esses 
produtos têm que ter finalidade terapêutica ou medicinal. 10 a 15 anos e hediondo. 
 No § 1º- B o medicamento não está, necessariamente, corrompido. E vejam, a 
sua pena é de 10 a 15 anos e etiquetado como hediondo, sendo a situação daquela 
pessoa que vende um remédio sem autorização da vigilância sanitária, mesmo 
estando em boas condições de uso. Porém, é desproporcional, visto que o legislador 
está punindo com a mesma pena quem falsifica o remédio e quem vende o remédio 
25 
 
 
Legislação Penal Especial 
bom, mas sem autorização da vigilância sanitária. 
 O legislador tratou como crime hediondo uma infração administrativa, violando 
o princípio da intervenção mínima do direito penal, segundo MASSON (2013). 
 
1.4 REFERÊNCIA OU INDICAÇÃO DE LEITURA, VÍDEO ENTRE OUTROS 
 
 NUCCI, Guilherme. Leis Penais e Processuais Penais Comentadas. 1 ed., 2. 
Tir., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. 
 
Proteção ao Meio Ambiente na Constituição Federal de 1988 e na Legislação 
Brasileira 
 
A Constituição de 1988 tem um capítulo próprio, específico, de proteção ao meio 
ambiente. Ao contrário das outras constituições brasileiras anteriores. Nenhuma tinha 
um capítulo próprio e específico de proteção ao meio ambiente. E o capítulo de 
proteção ambiental da nossa Constituição, segundo o professor Edis Milaré, é o 
capítulo mais avançado do mundo de proteção ao meio ambiente. 
 
A atual Constituição, segundo esse autor, é o diploma constitucional mais avançado 
do mundo em matéria de proteção ambiental. Dentretodas as medidas de proteção 
ao meio ambiente que constam nesse capítulo da Constituição, está a proteção penal. 
 
A Constituição Federal determina que as condutas lesivas ao meio ambiente sejam 
punidas também no âmbito penal. É o que o doutrinador Luis Régis Prado (2014) 
chama de mandado expresso de criminalização, ou seja, há uma ordem expressa 
da Constituição Federal para punir criminalmente infração ambiental. 
 
Disso se conclui o seguinte: o meio ambiente, indiscutivelmente, é um bem jurídico 
que necessita de tutela penal. É indiscutível que o meio ambiente é um bem jurídico 
que deve ser tutelado penalmente (não obstante algumas discussões contrárias a 
respeito) por expressa previsão constitucional. (MACIEL, 2013) 
 
26 
 
 
Legislação Penal Especial 
A Lei 9.605/98 contém: 
 
 Parte Geral – arts. 2º ao 28; 
 Parte Especial – arts. 29 e SS. 
 
A Parte Geral contém regras próprias específicas, diversas da Parte Geral do Código 
Penal, segundo MACIEL (2013). 
 
Em razão da aplicação do princípio da especialidade, essas regras gerais da lei penal 
ambiental prevalecem sobre as regras gerais do Código Penal. Ou seja, a norma 
especial prevalece sobre a geral. Ademais, pelo princípio da especialidade essas 
regras gerais, da Lei 9.605/98, prevalecem sobre as normas gerais do Código Penal 
e do Código de Processo Penal, e, no que a lei penal ambiental for omissa, aplica-se 
subsidiariamente as regras do Código Penal e do Código de Processo Penal. 
 
No que for omissa, será complementada subsidiariamente com as regras do Código 
Penal e do Código de Processo Penal e também com as regras da Lei 9.099/95, em 
razão de que a grande maioria dos crimes ambientais é de menor potencial 
ofensivo. 
 
O art. 79 da Lei 9.605/98 é elucidativo à esse respeito: “Aplicam-se subsidiariamente 
a esta Lei as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.” 
Outrossim, também da Lei 9.099 porque a maioria dos crimes ambientais é de menor 
potencial ofensivo. (MACIEL, 2013) 
 
1.5 RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL DAS PESSOAS FÍSICAS 
 
Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos 
nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, 
bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o 
auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da 
conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para 
evitá-la. (MACIEL, 2013) 
27 
 
 
Legislação Penal Especial 
 
A primeira parte afirma apenas a possibilidade de haver concurso de pessoas em 
crimes ambientais. E qual foi a teoria sobre concurso de pessoas foi adotada aqui? 
A teoria monista ou unitária (todos, coautores ou partícipes, respondem pelo mesmo 
crime), que é a mesma teoria adotada pelo art. 29, caput, do Código Penal. Portanto, 
era até desnecessária essa parte do artigo. Bastaria aplicar, subsidiariamente o art. 
29, do Código Penal. Por essa teoria, todos os agentes, sejam autores, coautores ou 
partícipes, respondem pelo mesmo crime, na medida de sua culpabilidade. (MACIEL, 
2013) 
 
Lembrando um detalhe, a palavra culpabilidade aqui não está empregada no sentido 
de terceiro elemento da estrutura do crime, segundo a teoria tripartida de crime. 
A palavra culpabilidade aqui está sendo empregada no sentido de aferir a maior ou 
menor colaboração para o resultado, sendo dosada individualmente. (MACIEL, 2013) 
 
O que intriga é a segunda parte do art. 2º, que trata da omissão penalmente 
relevante. Esta segunda parte está dizendo que diretores, administradores, gerentes, 
etc., de pessoas jurídicas, respondem por crimes ambientais, tanto por ação quanto 
por omissão. Ou seja, tanto quando agirem, quando se omitirem no crime ambiental. 
(MACIEL, 2013) 
 
Um preposto da pessoa jurídica responde quando ele comete o crime ambiental e 
responde quando não evita, podendo evitar, o crime ambiental. Na verdade, o que 
esse artigo segundo fez? Criou o chamado dever jurídico de agir para essas 
pessoas. O dever jurídico de agir torna a omissão dessas pessoas penalmente 
relevante nos termos do art. 13, § 2º, a, do CODIGO PENAL: Relevância da Omissão 
- Art. 13, § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia 
agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei 
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; E a quem incumbe o dever de agir para 
evitar o resultado? Àquele que tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou 
vigilância. O § 2º, do art. 13, do CODIGO PENAL está impondo a gerentes, diretores 
e administradores que ajam para evitar o crime ambiental. Se não agirem para evitar, 
respondem pela omissão porque, por lei, pelo art. 2º, da Lei dos Crimes Ambientais, 
28 
 
 
Legislação Penal Especial 
têm o dever jurídico de evitar o crime ambiental. (MACIEL, 2013) 
 
Para que um diretor, um administrador, um membro de conselho, de órgão técnico 
seja punido pela omissão, a lei exige dois requisitos: 
 
1º) Que saiba da existência do crime (“tenha ciência da conduta criminosa de 
outrem”) 
 
2º) Que possa agir para impedir o resultado. 
É o que está escrito ao final do art. 2º: “sabendo da conduta criminosa de outrem, 
deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.” Esses dois requisitos 
impedem a chamada responsabilidade penal objetiva desses representantes da 
pessoa jurídica. Ou seja, responsabilidade penal sem dolo ou culpa. Se o gerente 
nada sabia ou não podia evitar o crime, ele não pode ser responsabilizado penalmente 
pela omissão. Para evitar a chamada responsabilidade penal objetiva, o STF e o STJ 
vêm rejeitando as chamadas denúncias genéricas. (MACIEL, 2013) 
 
Denúncia genérica – É aquela que inclui o diretor, o gerente, o preposto da pessoa 
jurídica na ação penal apenas por ele ostentar qual qualidade. Inclui o diretor, o 
gerente, o mandatário, etc., mas não descreve qual foi a conduta criminosa dessa 
pessoa. Em outras palavras, para usar um termo do STF e do STJ: não estabelece 
o mínimo vínculo entre o comportamento dessa pessoa e o crime. Se a denúncia 
genérica não narra a conduta criminosa, não expõe o fato criminoso, que é um dos 
requisitos da denúncia, que deve conter a exposição do fato criminoso com todas as 
suas circunstâncias. Então, a denúncia genérica é inepta e deve ser rejeitada 
porque impede o exercício do contraditório e da ampla defesa. Se a denúncia não 
narra o comportamento criminoso do gerente, como ele vai se defender? Ele vai se 
defender de quais fatos? A denúncia o inclui apenas porque ele é o gerente da 
empresa. (MACIEL, 2013) 
 
Aconteceu isso, num caso real, com as Indústrias Matarazzo. Uma fábrica no Rio 
Grande do Sul, das empresas Matarazzo, as quais estavam emitindo poluentes acima 
do permitido. Poluição atmosférica. O que o Ministério Público fez? Incluiu na 
29 
 
 
Legislação Penal Especial 
denúncia a dona das empresas que trabalha em São Paulo. Qual é a relação entre a 
dona das indústrias e a chaminé que está soltando fumaça no Rio Grande do Sul? 
Criminalmente, qual é a relação? Nenhuma! Ela foi incluída na ação pelo só fato de 
ser a dona da empresa. O STJ mandou trancar a ação sob o fundamento de denúncia 
genérica. Sobre esse tema, anotem aí: STF - HC 86879. Lendo esse HC não precisa 
ler mais nada sobre denúncia genérica. O STF admitia denúncia genérica e hoje não 
admite mais. Cita vários outros HC’s, nos quais firam rejeitadas denúncias genéricas. 
(MACIEL, 2013) 
 
Denúncia genérica é diferente de denúncia geral. Quem faz essa diferença é oEugenio Pacelli. Pacelli explica que denúncia geral é aquela que narra o fato 
criminoso com todas as suas circunstâncias e o imputa, indistintamente, a 
todos os acusados. Narra o fato e diz que o fato foi praticado por todos os acusados. 
Aqui, diz ele, não há inépcia de denúncia. E por que não? Olha o raciocínio dele: se 
todos praticaram o fato, é matéria de prova e não de inépcia da denúncia. Se todos 
os acusados praticaram ou não aquele fato criminoso é matéria de prova. Isso não é 
matéria de admissibilidade da acusação. Para ele, denúncia genérica é aquela 
denúncia que não diz qual foi o comportamento criminoso praticado por um dos 
denunciados. Em relação àquele denunciado, a denúncia é genérica. Denúncia 
genérica é aquela que não diz qual foi o comportamento criminoso praticado por um 
dos denunciados. Isso sim, para ele, é denúncia genérica e tem que ser rejeitada por 
inépcia. O STJ, em dois julgados, já fez a distinção entre denúncia genérica e 
denúncia geral: RHC 24515/DF e RHC 22593/SP. Ambos os julgados são de 2008. 
Neste último julgado, o STJ disse: “È geral e não genérica a denúncia que atribui a 
mesma conduta a todos os denunciados.” É exatamente o que Eugenio Pacceli diz. 
(PACCELI; MACIEL, 2013) 
 
1.6 RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL DA PESSOA JURÍDICA 
 
A polêmica que envolve a responsabilidade penal da pessoa jurídica começou no 
Brasil com a promulgação da Constituição Federal de 1988, pois até então não se 
falava em responsabilidade penal da pessoa jurídica no Brasil. A Carta Magna, no seu 
art. 225, § 3º, diz o seguinte: Art. 225, § 3º - As condutas e atividades consideradas 
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Legislação Penal Especial 
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a 
sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os 
danos causados. 
 
A discussão ganhou fôlego com o art. 3º da Lei 9.605/98, que dispõe: “As pessoas 
jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o 
disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu 
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou 
benefício da sua entidade.” (MACIEL, 2013) 
 
Se está escrito na Constituição Federal de 1988 que pessoa jurídica tem 
responsabilidade penal, se está escrito no art. 3º, da Lei 9.605/98 que a pessoa 
jurídica tem responsabilidade penal, porque ainda remanesce discussão? Sem 
embargo dessa previsão constitucional e legal, ainda há muita controvérsia acerca da 
admissão da responsabilidade penal da pessoa jurídica, mediante apresentação de 
argumentos variados. Existem diversos argumentos contrários e diversos favoráveis. 
A discussão será dividida em três correntes. São três as correntes sobre 
responsabilidade penal da pessoa jurídica. (MACIEL, 2013) 
 
1ª (Primeira) corrente: Sustenta que a CR/88 não prevê a responsabilidade penal 
da pessoa jurídica: Ou seja, a Constituição Federal de 1988 não criou a 
responsabilidade penal da pessoa jurídica. Para essa corrente, nem sequer discute-
se se a pessoa jurídica pode cometer crime porque a CF não previu. E quais são os 
argumentos dessa primeira corrente? São dois: 
 
Segundo os adeptos dessa corrente, a correta interpretação do art. 225, § 3º, da CF, 
leva à conclusão de que não está prevista a responsabilidade penal da pessoa 
jurídica. § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 
Considerando os grifos colocados no dispositivo, os adeptos dessa corrente dizem 
que o que a Constituição Federal disse é que conduta é praticada por pessoa física 
que sofre sanção penal e atividade é exercida por pessoa jurídica que sofre sanção 
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Legislação Penal Especial 
administrativa. E ambas têm responsabilidade civil, sem prejuízo de reparar os danos 
causados. Eles dizem que o art. 225 fala em: 
 
Condutas, que são praticadas por pessoas físicas que estão sujeitas a sanções 
penais; 
 
Atividades, que são exercidas por pessoas jurídicas, que estão sujeitas a sanções 
administrativas. 
 
As expressões estão nessa ordem dentro do art.225, § 3º, sendo que ambas têm 
responsabilidade civil. Para essa primeira corrente a CF nada mais disse do que o 
óbvio: que pessoa física pratica conduta e sofre sanção penal e que pessoa jurídica 
exerce atividade e sofre sanção administrativa e ambas têm responsabilidade civil. 
Para essa primeira corrente a constituição disse o que já era de conhecimento público: 
que pessoa física pratica conduta criminosa e sofre sanção penal e que pessoa 
jurídica exerce conduta e sofre sanção administrativa. Esse é o primeiro argumento 
dessa primeira corrente para dizer que pessoa jurídica não sofre sanção penal, para 
dizer que a Constituição não criou a responsabilidade penal da pessoa jurídica. Vamos 
ao segundo argumento dessa primeira corrente: (MACIEL, 2013) 
 
Segundo essa corrente, o princípio da personalidade da pena previsto no art. 5º, XLV, 
da CF impede a responsabilidade penal da pessoa jurídica. Por que impede? Porque 
esse princípio diz que a pena não passará da pessoa do infrator e o infrator é sempre 
pessoa física. Logo, não se pode transferir a responsabilidade penal da pessoa física 
para a pessoa jurídica. Esse princípio diz que a responsabilidade penal não pode 
passar da pessoa do infrator. E a pessoa do infrator é sempre uma pessoa física, 
portanto, você não pode transferir a responsabilidade penal dessa pessoa física para 
a pessoa jurídica. (MACIEL, 2013) 
 
E o que fazer com o art. 3º, da lei dos crimes ambientais que diz expressamente que 
a pessoa jurídica tem responsabilidade penal ambiental? Sob a ótica dessa primeira 
corrente, o art. 3º, da Lei dos Crimes Ambientais é inconstitucional por quê? Porque 
ofende materialmente os arts. 225, § 3º e 5º, XLV, da CF que, interpretados 
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Legislação Penal Especial 
sistematicamente, proíbem a responsabilidade penal da pessoa jurídica. Percebam 
que para essa primeira corrente o problema está na CF, que não prevê 
responsabilidade penal para a pessoa jurídica. O problema é constitucional. Tem 
alguém que sustenta esse entendimento? Luiz Régis Prado, Cezar Roberto 
Bittencourt, Miguel Reale Jr., José Henrique Pierangelli (que escreve com Zaffaroni), 
entre outros. (PRADO; BITTENCOURT; JUNIOR; PIERANGELLI; MACIEL, 2013) 
 
2ª (segunda) corrente: Pessoa jurídica não pode cometer crimes: É o famoso 
brocardo societas delinguere non potest. Pessoa jurídica não pode delinquir. Esta 
corrente tem seu ponto forte de argumentação na Teoria Civilista da Ficção Jurídica, 
de Savigny e Feuerbach. Essa teoria sustenta o seguinte: As pessoas jurídicas são 
entes fictícios, irreais. Ou seja, puras abstrações jurídicas desprovidas de consciência 
e vontade próprias, logo, não podem cometer atos tipicamente humanos, como as 
condutas criminosas, por exemplo. Esta segunda corrente, partindo do pressuposto 
que uma pessoa jurídica é uma ficção, é algo que não existe, é algo irreal, que não 
tem vontade, não tem consciência. A partir desse pressuposto, que é um pressuposto 
emprestado da teoria do Savigny, essa segunda corrente levanta os seguintes 
argumentos: (MACIEL, 2013) 
 
De acordo com essa corrente, as pessoas jurídicas não têm capacidade de conduta. 
Percebe-se que todos os argumentos dessa corrente tem como pressuposto a ideia 
de que pessoa jurídica é algo fictício. E as pessoas jurídicas não têm capacidade de 
conduta porque não tem vontade e finalidade (no sentido humano,evidentemente), 
logo, não atuam com dolo ou culpa. 
 
Portanto, punir penalmente a pessoa jurídica, significa responsabilidade penal 
objetiva, vedada no direito penal. Punir sem dolo e sem culpa. Isso é vedado no direito 
penal. (MACIEL, 2013) 
 
Pessoas jurídicas não agem com culpabilidade. Quais são os elementos da 
culpabilidade? Imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e inexigibilidade de 
conduta diversa. As pessoas jurídicas não agem com culpabilidade porque não têm 
imputabilidade (capacidade de entender e querer) nem potencial consciência da 
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Legislação Penal Especial 
ilicitude. Ou seja, não têm possibilidade de entender o caráter criminoso do fato. Se 
as pessoas jurídicas não têm culpabilidade, não podem sofrer penas porque, não 
importa qual teoria você adote, a culpabilidade é pressuposto para aplicação de pena. 
Toda vez que não há culpabilidade, qual a consequencia? Isenção de pena. (MACIEL, 
2013) 
 
As penas, ainda que pudessem ser aplicadas para as pessoas jurídicas, não têm 
nenhuma finalidade em relação às pessoas jurídicas. Esse é um argumento muito bem 
tratado pelo professor Luiz Regis Prado apud Maciel (2013). E por quê? Porque se as 
pessoas jurídicas são entes fictícios, elas são incapazes de assimilar os efeitos de 
uma sanção penal. Sabe as finalidades da pena? Prevenção geral, prevenção 
especial, ressocialização? Isso, em nada, atinge a pessoa jurídica que não dá para 
ser considerada um mal geral passível de ressocialização. 
 
Se pessoa jurídica não tem dolo, não tem culpa, se não age com culpabilidade, a pena 
é inútil, sob a perspectiva dessa segunda corrente. O art. 225, § 3º, da Constituição, 
que prevê a responsabilidade penal das pessoas jurídicas (para essa corrente, o art. 
225 prevê, sim, a responsabilidade penal das pessoas jurídicas), é uma norma 
constitucional não autoaplicável, não autoexecutável. Depende de regulamentação 
infraconstitucional. E qual seria essa regulamentação? A criação de uma teoria 
jurídica do crime e da pena própria para a pessoa jurídica, e de institutos processuais 
que não se baseassem em pressupostos humanos, como dolo, vontade, culpa, 
culpabilidade, mas que fossem próprios e compatíveis com a natureza fictícia das 
pessoas jurídicas. Um dos argumentos mais usados hoje em dia é que a França, 
recentemente, criou a responsabilidade penal da pessoa jurídica. Só que Luiz Regis 
Prado diz: “Realmente, a França criou, em 1992, pelo Código Penal Gaulês, a 
responsabilidade penal da pessoa jurídica. Só que lá foi feita a chamada Lei de 
Adaptação.” Ou seja, uma lei com institutos próprios da pessoa jurídica, porque o 
CODIGO PENAL francês não era próprio para a pessoa jurídica. Era para pessoa 
física, tal como aqui. Defensores da segunda corrente: São todos os da primeira 
corrente porque os da primeira corrente, além de dizer que a CF não criou a 
responsabilidade penal da pessoa jurídica, ainda dizem: mesmo que tivesse criado, 
pessoa jurídica não pode cometer crimes. São todos os da primeira corrente e ainda, 
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Legislação Penal Especial 
Luiz Flávio Gomes, Zaffaroni, Rogério Greco, Delmanto, Clóvis Beviláqua. (GOMES; 
ZAFFARONI; GRECO; BEVILÁQUA; MACIEL, 2013) 
 
3ª (terceira) corrente: As pessoas jurídicas cometem crimes – societas 
delinquere potest: A terceira corrente tem seu ponto forte de argumentação na 
Teoria da Realidade ou da Personalidade Real de Otto Gierke. Essa teoria, também 
civilista, se opõe à Teoria da Ficção Jurídica de Savigny. Para essa teoria de Otto 
Gierke, as pessoas jurídicas são entes reais, com capacidade e vontade próprias, 
distintas das pessoas físicas que as compõem. Portanto, para essa Teoria da 
Realidade, as pessoas jurídicas não são meras ficções jurídicas ou abstrações legais. 
Logo, elas podem cometer crimes e sofrer penas. Quanto à culpabilidade, essas 
pessoas sofrem o que o STJ chama da culpabilidade social. Isso está nos julgados 
do STJ. Culpabilidade social, chamada por Sérgio Salomão Schecaira de culpa 
coletiva, parte da idéia de que a empresa é centro autônomo de emanação de 
decisões, portanto, pode sofrer responsabilidade penal. Nucci diz claramente no livro 
dele: a pessoa jurídica tem vontade própria, portanto, não há responsabilidade penal 
objetiva em puni-la. Outros argumentos dessa terceira corrente: 
 
O art. 225, § 3º, da CF prevê, sim, a responsabilidade penal da pessoa jurídica e o art. 
3º da Lei Ambiental também a prevê. Esse é um argumento puramente dogmático 
dessa terceira corrente: se a Constituição Federal, em norma do poder constituinte 
originário, prevê e a lei prevê é induvidosa. É óbvia a possibilidade de 
responsabilidade penal da pessoa jurídica. (MACIEL, 2013) 
 
Não ocorre violação ao princípio da personalidade da pena. Isso porque a 
responsabilidade penal está recaindo sobre o autor da pena, que é a pessoa jurídica. 
Então, não está sendo transferida a responsabilidade penal. 
 
Não há violação ao princípio da personalidade da pena porque a responsabilidade 
penal está recaindo exatamente sobre o autor do crime, que é a pessoa jurídica. 
Portanto, essa terceira corrente diz que não está havendo transferência de 
responsabilidade penal da pessoa física para a pessoa jurídica. 
 
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Legislação Penal Especial 
A responsabilidade penal está recaindo sobre a pessoa jurídica que é a autora do 
crime, porque ela é uma realidade, não é ficção jurídica. Ela tem responsabilidade 
jurídica. Adeptos: Adotada pelos penalistas ambientalistas, por exemplo, Edis Milaré, 
Paulo Afonso Leme Machado, Ministro Herman Benjamin (um dos maiores 
especialistas em ambiental), Damásio, Sérgio Salomão Schecaira (tese de doutorado, 
USP, foi a responsabilidade penal da pessoa jurídica, publicada pela RT), Ada 
Pelegrini, Nucci, etc. (MACIEL, 2013) 
 
Admitindo-se a existência de responsabilidade penal da pessoa jurídica. Mesmo que 
se admita a responsabilidade da pessoa jurídica, a lei dos crimes ambientais exige, 
para se punir a pessoa jurídica, dois requisitos (art. 3º). (MACIEL, 2013) 
 
Requisitos legais para a responsabilização da pessoa jurídica. Art. 3º As pessoas 
jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o 
disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu 
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou 
benefício da sua entidade. Sem esses dois requisitos (grifados), mesmo que você 
aceite a responsabilidade penal da pessoa jurídica, a responsabilidade não acontece. 
Aqui, não é discussão doutrinária. É exigência legal. Então, vejam, de acordo com o 
art. 3º, da Lei Ambiental, são necessários dois requisitos cumulativos para a 
responsabilização penal da pessoa jurídica: (MACIEL, 2013) 
 
1. Decisão de representante legal ou do órgão colegiado da pessoa jurídica. 
 
2. Infração praticada no interesse ou benefício da pessoa jurídica. 
 
Esses são os dois requisitos expressamente exigidos pelo art. 3º, sem os quais não 
há que se responsabilizar a pessoa jurídica. Exemplo: o funcionário da motosserra por 
sua conta e risco resolve avançar em área de preservação permanente e cortar 
árvores ilegalmente. Dá para punir a pessoas jurídica nesse caso? Não. Porque a 
decisão do crime não foi tomada nem por representante legal e nem por órgão 
colegiado da pessoa jurídica. A decisão do crime foi tomada pelo operador da 
motosserra, embora o crime tenha beneficiado a pessoa jurídica. Além disso, a 
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Legislação Penal Especial 
jurisprudência vem exigindo que a denúncia diga qual foi a decisão do representante 
legal do órgão colegiado, sob pena de inépcia.A denúncia tem que indicar a decisão 
do representante legal ou órgão colegiado e qual foi o interesse ou benefício da 
pessoa jurídica no crime. Quando o MP denuncia pessoa jurídica, tem que indicar, na 
denúncia, sob pena de inépcia, qual foi a decisão do representante legal ou órgão 
colegiado e qual foi o benefício da pessoa jurídica no crime. Se a denúncia não 
contiver esses requisitos é inepta. A denúncia contra o ente moral tem que indicar 
isso, sob pena de inépcia. (MACIEL, 2013) 
 
Jurisprudência sobre responsabilidade penal da pessoa jurídica. O STF, em sua 
composição atual, ainda não se manifestou sobre a responsabilidade penal da pessoa 
jurídica. O que nós temos são posicionamentos dos Ministros que, durante debates 
envolvendo o tema, acabam, obiter dicta (de passagem), se manifestando contra ou 
a favor. Mas não há uma posição. (MACIEL, 2013) 
 
O STJ já tem posição firmada, admitindo responsabilidade penal da pessoa jurídica, 
desde que em conjunto com as pessoas físicas responsáveis pela infração. Admite 
denúncia contra pessoa jurídica, mas exige uma condição: desde que ela seja 
denunciada juntamente com a pessoa física ou as pessoas físicas responsáveis pela 
infração. Conclusão: O STJ não admite denúncia isolada contra pessoa jurídica, 
denúncia apenas contra pessoa jurídica. Nesse sentido, há vários julgados. Eu vou 
citar o REsp 889528/SC-2008: “Admite-se responsabilidade penal da pessoa jurídica 
em crimes ambientais desde que haja imputação simultânea da pessoa jurídica e da 
pessoa física, uma vez que não se pode compreender responsabilidade penal da 
pessoa jurídica dissociada da atuação de uma pessoa física.” 
 
Exemplo – A Petrobras foi condenada por crime ambiental. Foi condenada em 
primeira instancia, o Tribunal de Justica manteve a condenação. Entretanto, somente 
a Petrobras foi denunciada. O que pode acontecer? A questão chegar ao Superior 
Tribunal de Justica e a ação ser anulada, já que não há uma pessoa física denunciada 
na ação. 
 
O que acontece se a pessoa física for excluída da ação? Aconteceu isso! Caso 
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Legislação Penal Especial 
concreto. O Ministerio Publico denunciou os diretores de uma empresa e a pessoa 
jurídica. Os diretores impetraram ordem de Habeas Corpus, alegando que não sabiam 
do crime e não podiam evitar, sustentando a impossibilidade de responsabilização 
objetiva em Direito Penal. O Superior Tribunal de Justica concedeu a ordem de habeas 
corpus para os diretores, entendendo que eles estavam incluídos na denúncia apenas 
porque eram diretores (denúncia genérica). 
Remanesceu na acao penal apenas a pessoa jurídica na ação. O que o Superior 
Tribunal de Justica fez? Trancou de ofício a ação contra a pessoa jurídica. Os diretores 
alegaram responsabilidade objetiva e denúncia genérica. (Conferir: Julgado: RMS 
16696/PR). 
 
Os Tribunais Regionais Federais admitem a possibilidade de responsabilização penal 
da pessoa jurídica. 
 
Portanto, na jurisprudência, é amplamente majoritário o entendimento sobre 
responsabilidade penal da pessoa jurídica. 
 
Sistema da Dupla Imputação ou Sistema de Imputações Paralelas. Esse sistema 
está no art. 3º, § único da lei ambiental “A responsabilidade das pessoas jurídicas não 
exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato”. 
 
Esse sistema significa o seguinte: não pode ser denunciada somente a pessoa física, 
mas também a jurídica, pelo mesmo fato. 
 
A reflexão que se impõe è se esse sistema não geraria bis in idem, expressamente 
vedado pelo ordenamento jurídico brasileiro. 
 
Há um promotor de justiça de São Paulo, Carlos Hernani Constantino, o qual sustenta 
que o sistema da dupla imputação acarreta bis in idem, porque está havendo dupla 
punição pelo mesmo fato. Ele publicou um artigo no IBCCrim, onde afirma que o 
sistema da dupla imputação gera bis in idem. 
 
Entretanto, sua opinião parece isolada, tendo em vista que o princípio do ne bis in 
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Legislação Penal Especial 
idem proíbe a punição duas vezes, pelo mesmo fato, de uma mesma pessoa, fato 
que náo ocorre no sistema da dupla imputação, pois, por meio deste, estão sendo 
punidas pelo mesmo fato, pessoas diferentes: física e jurídica. Portanto, não há dupla 
punição sobre a mesma pessoa. Neste sentido, se pronunciou Isso foi o Superior 
Tribunal de Justica, em 2005. (Constantino; MACIEL, 2013) 
 
O próprio art. 3º, § único, da Lei 9.605/98 proclama, expressamente que a pessoa 
jurídica só tem responsabilidade penal se o crime foi cometido por decisão de seu 
representante legal ou contratual ou órgão colegiado. Como jà sustentado, não é 
possível denunciar apenas a pessoa jurídica, porque ela só tem responsabilidade 
penal se o crime originou de decisão de seu representante legal ou contratual ou de 
seu órgão colegiado. 
 
Ou seja, a pessoa jurídica sofre a chamada responsabilidade penal por ricochete 
ou responsabilidade penal por empréstimo. Esse sistema de responsabilidade è 
francês, de forma que a responsabilidade penal da pessoa jurídica è dependente de 
um ato praticado por seu representante ou de seu órgão colegiado. 
 
Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica em Crimes Culposos. O professor 
Edis Milaré (2010) sustenta que a pessoa jurídica não pode sofrer responsabilidade 
penal em crime culposo, porque esta impossibilidade, de punição da pessoa jurídica 
em crime culposo é decorrência lógica do sistema da responsabilidade penal por 
empréstimo. 
 
Prossegue esclarecendo que a responsabilidade penal da pessoa jurídica é uma 
decorrência lógica do art. 3.º, porque a pessoa jurídica só pode ser responsabilizada 
se houver uma decisão de seu representante legal ou do órgão colegiado. E essa 
decisão tem que, necessariamente, uma decisão dolosa, diz ele. Palavras dele: “tem 
que ser uma vontade livre e consciente de praticar atos que compõem o tipo penal.” 
(MACIEL, 2013) 
 
Entretanto, este o entendimento não prevalece, embora seja sustentado por um 
ambientalista de renome. 
39 
 
 
Legislação Penal Especial 
 
A doutrina e a jurisprudência admitem a responsabilidade penal da pessoa 
jurídica, inclusive em crimes culposos. (MACIEL, 2013) 
 
Responsabilidade penal de pessoas jurídicas de direito público: Nem a 
Constituição Federal e nem a Lei 9.605/98 especifica qual modalidade de pessoa 
jurídica pode ser punida, não especificando se são de direito público ou privado. Logo, 
à esse respeito existem 2 (duas) correntes, segundo MACIEL (2013): 
 
1ª (primeira) corrente: Pessoa jurídica de direito público pode ser responsabilizada 
penalmente. Se nem a Constituição Federal nem a lei distinguiu, não cabe ao 
intérprete distinguir, logo pessoa jurídica de direito público pode sofrer 
responsabilização penal. Nucci, Paulo Afonso Leme Machado. O Luiz Flávio Gomes 
tem um artigo admitindo responsabilidade jurídica da pessoa jurídica de direito 
público, mas não pelo direito penal. Ele admite responsabilidade de pessoa jurídica 
de direito público pelo que chama de direito judicial sancionador, ou seja, o juiz 
aplicando sanção não penal. Ele diz que essa responsabilidade não é penal. 
(MACHADO; GOMES; MACIEL, 2013) 
 
2ª (segunda) corrente: Não é possível responsabilidade penal de pessoa jurídica de 
direito público. Quais são os argumentos dessa segunda corrente? 
 
a) O Estado não pode punir a si mesmo, pois ele já tem o monopólio do direito de 
punir. 
 
As duas penas possíveis de serem aplicadas a pessoas jurídicas são inviáveis em 
relação às pessoas jurídicas de direito público. Quais são as duas penas: multa e 
restritiva de direito. A multa, aplicada a uma pessoajurídica de direito público, recairia 
sobre os próprios cidadãos, já que seria paga pelo contribuinte, com o dinheiro dos 
cofres públicos. As penas restritivas de direito são inúteis porque já é função do próprio 
poder público prestar serviços sociais. É próprio do Estado prestar serviços à 
comunidade, por exemplo. Adeptos dessa corrente: Edis Milaré, Wladimir Passos de 
Freitas e Gilberto Passos de Freitas. (MILARÉ; FREITAS; FREITAS; MACIEL, 2013) 
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Legislação Penal Especial 
 
Na jurisprudência não há nenhuma decisão de tribunal superior nesse assunto. Não 
há jurisprudência majoritária também. 
 
A Teoria da Desconsideração: Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica 
sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados 
à qualidade do meio ambiente. A desconsideração da pessoa jurídica é uma realidade 
no direito civil brasileiro, mas para efeitos de responsabilidade civil. O problema é o 
seguinte: Dá para aplicar a desconsideração da pessoa jurídica para efeitos de 
responsabilização penal? A doutrina penalista diz o seguinte: não é possível aplicar a 
teoria da desconsideração para efeitos de responsabilização penal, tendo em vista o 
Princípio da Intranscendência da responsabilidade penal, ou princípio da 
personalidade da pena, tendo em vista o art. 5º, inciso XLV, que diz que a 
responsabilidade penal não pode passar da pessoa do infrator. Então, não se pode 
desconsiderar a pessoa jurídica para transferir a pena aplicada a ela para a pessoa 
física. Essa transferência, que ocorreria com a desconsideração da pessoa jurídica 
estaria ferindo o Princípio da Intranscendência da Pena. (MACIEL, 2013) 
 
1.7 TEORIA DA PENA NO CRIME AMBIENTAL 
 
O juiz aplicará a pena em três etapas. (MACIEL, 2013) 
 
a) 1ª Etapa: A primeira etapa na aplicação da pena é fixar a pena! O juiz fixa a 
quantidade da pena e faz isso utilizando o critério trifásico ou critério Nelson Hungria, 
do art. 68, do Código Penal: 
 
Primeiro – fixa a pena-base tomando em conta as circunstâncias judiciais do art. 59, 
do CODIGO PENAL. 
 
Segundo – sobre a pena base aplica as agravantes e atenuantes genéricas. 
 
Terceiro – Sobre o resultado a que chegou acima, aplica as causas de aumento e de 
diminuição de pena. 
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Legislação Penal Especial 
 
Fixada a pena, o juiz passa para a segunda etapa: 
 
b) 2ª Etapa: O juiz fixa o regime inicial de cumprimento dessa pena. Feito isso, o juiz 
passa para a última etapa. 
 
c) 3ª Etapa: Estabelecido o regime inicial, ele verifica a possibilidade de substituição 
da pena por restritiva de direitos ou concessão de sursis. 
 
O juiz se utiliza, para fixar a pena-base ambiental, se utiliza das circunstâncias judiciais 
do art. 6º, da lei ambiental, que são as seguintes: 
 
Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará: 
 
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências 
para a saúde pública e para o meio ambiente; 
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse 
ambiental; 
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. 
“Gradação” é pena-base. A gravidade do fato é a primeira circunstância judicial. 
Motivo é a segunda. Ambas estão no art. 59, do CODIGO PENAL. Agora vem a 
diferença: “e as consequências para a saúde pública e para o meio ambiente.” As 
circunstâncias do art. 59, do CODIGO PENAL, falam das consequencias do crime 
para a vítima ou seus dependentes. Aqui o juiz leva em consideração as 
consequencias do crime para o meio ambiente e agora a pegadinha de primeira fase: 
para a saúde pública. Saúde pública tem tudo a ver com meio ambiente. A saúde 
pública depende do meio ambiente sadio. (MACIEL, 2013) 
 
A próxima circunstancia judicial são os antecedentes ambientais, que estão no inciso 
II. O juiz vai ver se o réu tem bons ou maus antecedentes ambientais. Agora, cuidado! 
Bons ou maus antecedentes ambientais aqui não se referem exclusivamente a 
crimes ambientais, se refere ao cumprimento da legislação ambiental. Olha o que 
diz a lei: “ao cumprimento da legislação ambiental.” Suponhamos que o infrator nunca 
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Legislação Penal Especial 
tenha sido condenado por crime ambiental. É o primeiro processo em crime ambiental. 
Mas ele já tem vinte autuações administrativas por infração ambiental. Ele tem bons 
ou maus antecedentes ambientais? Tem maus antecedentes. Ele nunca sofreu um 
processo-crime ambiental, mas sofreu 15 multas administrativas por violação à 
legislação ambiental. É contumaz descumpridor da legislação ambiental. (MACIEL, 
2013) 
 
Terceira circunstancia judicial: se for pena de multa, a situação econômica do infração 
funciona como circunstancia judicial nos crimes ambientais. Então, para fixar a pena-
base, o juiz utiliza as circunstâncias judiciais do art. 6º, da lei de crimes 
ambientais e, supletivamente, as circunstâncias judiciais do art. 59, do CODIGO 
PENAL. Fixada a pena-base, deve o juiz aplicar agravantes e atenuantes dos arts. 14 
e 15 da lei de crimes ambientais, já que a lei ambiental tem suas próprias agravantes 
e atenuantes. Primeiro atenuantes e depois agravantes. Eu vou ver só as de interesse 
prático. (MACIEL, 2013) 
 
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: 
 
I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; 
II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou 
limitação significativa da degradação ambiental causada; 
III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; 
IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental. 
 
Inciso I – É atenuante de pena nos crimes ambientais. Mas só um detalhe: o que é 
baixo grau de escolaridade ou de instrução? Isso depende do juiz no caso concreto. 
Uma observação pertinente que a doutrina faz aqui: se esse baixo grau de instrução 
ou escolaridade retirar a potencial consciência da ilicitude do agente, estar – se 
- á diante de erro de proibição (art. 21, CODIGO PENAL). (MACIEL, 2013) 
 
Inciso II – Reparação do dano ambiental é atenuante genérica de pena. Só que vamos 
fazer um parêntese aqui: você sabe que a reparação do dano em crime cometido sem 
violência por ato espontâneo do agente antes do recebimento da denúncia é 
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Legislação Penal Especial 
arrependimento posterior: Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave 
ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da 
denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a 
dois terços. Crimes ambientais são crimes cometidos sem violência ou grave ameaça 
à pessoa. E o disposto no art. 16 é bem melhor do que atenuante porque essa causa 
de diminuição pode reduzir a pena abaixo do mínimo legal, enquanto que a atenuante 
não pode. Pergunto: se o infrator repara o dano ambiental antes do recebimento da 
denúncia, aplica-se o art. 16, do CODIGO PENAL (arrependimento posterior) ou aplico 
apenas a atenuante genérica do art. 14, II, da lei? A doutrina diz que a reparação do 
dano, seja antes ou depois do recebimento da denúncia, é sempre atenuante 
genérica nos crimes ambientais. Em outras palavras: não se aplica o art. 16 do 
Código Penal (do arrependimento posterior) nos crimes ambientais. Quem sustenta 
isso? Delmanto. Ele diz que o art. 14 não diz se a reparação tem que ser antes ou 
depois. Então, é sempre atenuante de pena. (MACIEL, 2013) 
 
Inciso III – Se o infrator comunicou às autoridades ambientais sobre a possível 
degradação, é atenuante de pena. 
 
Inciso IV – Colaboração

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