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Processo Penal - Recursos -Parte 2

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1 
 
1 
 
Processo Penal II 
 
Parte 2 
 
 
Por Rommel Andriotti 
2º Semestre de 2013 
 
 
2 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
1. As decisões judiciais 
Há uma gama enorme de decisões judiciais, com valores muito variados 
entre elas. Dentro do processo, o juiz adota decisões de conteúdo variado, 
que vão desde decisões de mero andamento (junte-se, intime-se, 
designação de audiência) até a decisão de mérito (procedência ou 
improcedência do pedido formulado pelo autor na inicial). 
Por causa dessa variação é necessária uma classificação das decisões 
judiciais. No próprio CPP há um classificação das decisões judiciais quanto 
ao conteúdo. 
O artigo 800 do CPP trata disso concedendo prazos - os prazos mais longos 
ficarão para as decisões mais importantes, enquanto os mais curtos para 
as decisões menos importantes. 
1.1 Despachos 
Art. 800. Os juízes singulares darão seus 
despachos e decisões dentro dos prazos 
seguintes, quando outros não estiverem 
estabelecidos: 
1.1.1 Despacho de expediente ou ordinatório 
III - de um dia, se tratar de despacho de 
expediente. 
É um despacho que não resolve nenhuma decisão controvertida, eles 
meramente dão andamento ao processo. Ex.: "designo audiência para o 
dia ..."; "digam as partes ..."; "junte-se"; "intime-se"; etc. 
Como vemos, o prazo é de apenas um dia. 
Não cabe recurso. 
1.2 Decisões interlocutórias 
São aquelas que resolvem questões controvertidas no curso do processo 
que são diversas do mérito. 
3 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Nesse caso, já há um conflito de interesse entre as partes. As decisões 
interlocutórias podem ser simples ou mistas. 
1.2.1 Decisão interlocutória simples 
II - de cinco dias, se for interlocutória simples; 
Decisões interlocutórias simples são aquelas que resolvem a questão 
controvertida sem extinguir o processo. Ex.: Recebimento da denúncia; 
decretação de prisão preventiva; decretação de sequestro ou restituição 
de bens; etc. 
O prazo para a decisão é de cinco dias. 
Dessas decisões cabe recurso, mas nem sempre... 
Essas decisões podem admitir o recurso em sentido estrito (RESE), mas 
somente quando estiverem previstas no artigo 581 do código de processo 
penal, que traz em seus vinte e quatro incisos todas as decisões que 
admitem recurso. Posteriormente estudaremos o RESE detalhadamente. 
Recebimento de recurso - Não cabe recurso. Eventualmente poderá 
haver uma ação de impugnação contra aquela decisão (como o Habeas 
Corpus ou o Mandado de Segurança). 
1.2.2 Decisões interlocutórias mistas 
I - de dez dias, se a decisão for definitiva, ou 
interlocutória mista; 
Também chamadas de "com força definitiva". Estão previstas no artigo 800, 
I, CPP. As decisões interlocutórias mistas são aquelas que resolvem questão 
controvertida diversa do mérito e põe fim ao processo ou a uma fase do 
processo, sem julgamento de mérito. 
Terminativas - é aquela que põe fim ao processo sem julgamento do 
mérito. Ex.: rejeição da denúncia; acolhimento da exceção de 
litispendência, coisa julgada, etc. 
4 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Não terminativa - põe fim a uma fase do processo, sem julgamento do 
mérito. Ex.: só existe um exemplo, que é a pronúncia, que põe fim ao 
sumário de acusação e inicia o Judicium Causae. Há uma divergência 
doutrinaria quanto a este ponto. Alguns doutrinadores acreditam que a 
pronúncia é sentença pois ela julga 
Nesse caso o prazo do juiz é de dez dias. 
Dessas decisões cabe recurso, mas depende. Se a decisão estiver prevista 
no artigo 581 caberá ReSE. Se não estiver previsto no artigo 581 caberá 
apelação, com base no art. 593, II, CPP, que veremos com detalhes depois. 
1.3 Sentenças 
I - de dez dias, se a decisão for definitiva, ou 
interlocutória mista; 
O prazo geral é de dez dias, mas procedimentos específicos podem alterar 
isso. 
A sentença é a decisão que põe fim ao processo ou a um incidente 
processual com julgamento do mérito, seja do processo ou seja do 
incidente. 
Contra a sentença cabe recurso. Mas também depende. Primeiro se 
verifica se não é caso de RESE no 581, CPP, e, somente não sendo, será 
caso de apelação. Ex.: sentença que concede ordem de Habeas corpus 
cabe RESE. 
Exercício: vamos classificar as decisões do procedimento do júri - 
Pronúncia – Decisão interlocutória mista não terminativa 
Impronúncia – Decisão interlocutória mista terminativa ou sentença 
(Duas correntes) 
Desclassificação – decisão interlocutória simples 
Absolvição sumária - Sentença 
5 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
§ 1º - Os prazos para o juiz contar-se-ão do 
termo de conclusão. 
§ 2º - Os prazos do Ministério Público contar-
se-ão do termo de vista, salvo para a 
interposição do recurso (art. 798, § 5º). 
§ 3º - Em qualquer instância, declarando 
motivo justo, poderá o juiz exceder por igual 
tempo os prazos a ele fixados neste Código. 
§ 4º - O escrivão que não enviar os autos ao 
juiz ou ao órgão do Ministério Público no dia 
em que assinar termo de conclusão ou de 
vista estará sujeito à sanção estabelecida 
no art. 799. 
1.3.1 Estudo da sentença 
Sentença é a decisão terminativa do juiz que resolve a lide com 
julgamento do mérito, aplicando a lei ao caso concreto. 
A sentença deve fazer um silogismo. Silogismo é uma forma de raciocínio 
em que se tem uma ideia geral (premissa maior), uma ideia particular 
(premissa menor), e uma conclusão. 
Silogismo na sentença 
Então, a sentença deve fazer um silogismo onde a lei é a premissa maior, 
o fato é a premissa menor, e a conclusão fará o dispositivo da sentença. 
1.3.2 Requisitos formais da sentença 
Art. 381. A sentença conterá: 
Qualificação 
I - os nomes das partes ou, quando não 
possível, as indicações necessárias para 
identificá-las; 
Relatório 
6 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
II - a exposição sucinta da acusação e da 
defesa; 
É um resumo do ocorrido no processo. 
Alguns doutrinadores acham que o juiz tem que fazer o relatório para 
provar que o juiz leu o processo. 
Outra parte acredita que a sentença tem o relatório para que as partes 
saibam o que o juiz levou em consideração, e quais os fatos ele julgou 
dignos de nota para proferir seu julgamento. 
A jurisprudência diz que a falta de relatório é causa de nulidade absoluta 
da sentença, exceto em uma hipótese, que é no JECrim, que dispensa o 
juiz de fazer o relatório. 
Lei 9099/95, art. 81, § 3º - A sentença, 
dispensado o relatório, mencionará os 
elementos de convicção do Juiz. 
Aula 11 (20.09.2013) 
Fundamentação 
Também chamada motivação. Essa é a parte que o juiz dispõe as razões 
de sua decisão, explicitando os motivos de fato e de direito. A 
fundamentação é uma imposição constitucional: 
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do 
Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o 
Estatuto da Magistratura, observados os 
seguintes princípios: 
IX - todos os julgamentos dos órgãos do 
Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob 
pena de nulidade, podendo a lei limitar a 
presença, em determinados atos, às 
próprias partes e a seus advogados, ou 
7 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
somente a estes, em casos nos quais a 
preservação do direito à intimidade do 
interessado no sigilo não prejudique o 
interesse público à informação; 
A falta de fundamentação é causa de nulidade absoluta da sentença. O 
direito da fundamentação não é só das partes, mas de toda a sociedade. 
A única exceção dessa regraé a decisão dos jurados do tribunal do júri. 
O jurado decide por razões de foro íntimo, em razão de sua íntima 
convicção. 
III - a indicação dos motivos de fato e de 
direito em que se fundar a decisão; 
IV - a indicação dos artigos de lei aplicados; 
Conclusão ou dispositivo 
V - o dispositivo; 
Essa é a parte que o juiz efetivamente exerce a jurisdição, decidindo a lide. 
O que transita em julgado é só o dispositivo. Aquilo que o juiz diz na 
fundamentação não faz coisa julgada. 
As razões expostas na fundamentação não fazem coisa julgada, e podem 
ser contrariadas em outras decisões. Exemplo: Pedro é processado por 
receptação de um bem produto de roubo. Na fundamentação o Juiz 
afirma a existência de roubo, e no dispositivo condena Pedro por 
receptação. Após o trânsito em julgado, em outro processo, Antônio é 
processado por aquele roubo. Nada impede que nesse segundo processo 
o juiz afirme que o roubo não existiu e absolva Antônio. Pedro poderá 
promover ação de revisão criminal. 
A conclusão deve ser coerente com a fundamentação. Do contrário, a 
sentença será sentença suicida. 
Sentença suicida é a sentença cuja fundamentação contradiz o 
dispositivo. 
8 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Sentença sem dispositivo é sentença inexistente. 
Por fim temos um último requisito meramente formal: 
VI - a data e a assinatura do juiz. 
1.3.3 Embargos declaratórios 
Os embargos declaratórios são cabíveis quando a decisão apresentar um 
desses quatro vícios: 
 Obscuridade 
 Ambiguidade 
 Contradição 
 Omissão 
Os embargos declaratórios contra a sentença são chamados pelo CPP de 
pedido de declaração de sentença de 1º grau: 
Art. 382. Qualquer das partes poderá, no 
prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que 
declare a sentença, sempre que nela 
houver obscuridade, ambigüidade, 
contradição ou omissão. 
A doutrina chama esses embargos carinhosamente de "EMBARGUINHOS". 
O prazo dos embarguinhos é de dois dias após a intimação da sentença. 
1.3.3.1 Interrupção ou suspensão? 
Até 1995 era pacífico que se aplicava por analogia o artigo 538 do CPC: 
Art. 538. Os embargos de declaração 
interrompem o prazo para a interposição 
de outros recursos, por qualquer das partes. 
Então, acreditava-se que o prazo era interrompido. 
Mas em 95 entrou em vigor a lei 9099/95, que em sua parte processual 
penal prevê que os embargos declaratórios no JECrim suspende o prazo 
da apelação. 
9 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
A partir de então uma corrente doutrinária acredita que o artigo aplicável 
por analogia é o da 9099/95 e outra que aplica-se 538. 
O fato é que quando os embargos são manifestamente protelatórios eles 
não interrompem nem suspendem o prazo. 
Cuidado - não confundir os embargos declaratórios contra a sentença 
(que estamos vendo) com os embargos declaratórios dos artigos 619, 620. 
1.3.4 Tipos de sentença 
Aula 12 (26.09.2013) 
1.3.4.1 Sentença condenatória 
É a sentença que acolhe a 
pretensão punitiva parcial ou 
totalmente. A condenação 
pressupõe a certeza do juiz, pois na 
dúvida o réu será absolvido (in 
dúbio pro réu). Na sentença, o juiz 
indicará: 
 A natureza das penas (multa, 
reclusão, etc); 
 A quantidade das penas (dias 
a cumprir, dias multa, valor, etc); 
 Na pena privativa de liberdade, é necessário apontar qual o regime 
inicial (fechado, semi-fechado, aberto); 
 Cabimento ou não de substituição da pena privativa de liberdade 
por penas alternativas; 
 Cabimento ou não do SURCIR (suspensão condicional da execução 
da pena); 
Essas hipóteses são previstas pelo CP. O CPP ainda indica mais esses 
pontos: 
10 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Indicação de valor mínimo para indenização (art. 387, IV) para vítimas que 
sofreram dano, sendo esse valor líquido e certo, executável diretamente 
em juízo cível por ser título judicial. Se o valor estabelecido não é suficiente, 
é possível liquidação do valor excedente no juízo cível. Diz a jurisprudência 
que não cabe o Estabelecimento deste valor mínimo ex officio, sendo 
necessário haver pedido ou do MP ou da vítima, além de comprovação 
do dano e contraditório; 
Prisão ou liberdade (art. 387, par. 1º) - O juiz deve decidir se após a 
sentença o réu aguardará a fase recursal preso ou solto, podendo o juiz 
manter prisão preventiva anteriormente decretada, ou revogar esta prisão, 
ou decretar prisão preventiva não decretada anteriormente. O detalhe 
importante é que a prisão que ele está revogando ou mantendo não tem 
relação com a sentença condenatória, mas sim com as hipóteses da 
prisão preventiva. A jurisprudência entende que se o réu respondeu solto 
até a sentença ele permanecerá solto depois, salvo se surgir fato novo que 
torne necessária a prisão. Por outro lado, se o réu estava preso antes da 
sentença, após a sentença condenatória ele assim se manterá, afinal sua 
culpa está até reforçada pela sentença, embora ainda que não 
definitivamente; 
1.3.4.1.1 Princípio da correlação 
Deve haver uma adequação entre os fatos pelos quais o réu foi 
condenado e os fatos narrados na petição inicial. O réu não pode ser 
condenado por fatos que não constavam na inicial. 
Fatos da inicial - são os fatos descritos em inicial (denúncia ou queixa); 
Capitulação jurídica - adequar os fatos ao dispositivo da lei penal 
correspondente; 
Fatos da instrução - são os fatos trazidos pela prova a fase instrutória; 
O que ocorre: 
11 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Fatos da condenação - Na sentença, se os fatos da instrução coincidem 
com os fatos da inicial, haverá a condenação pelos fatos narrados na 
inicial. O juiz também fará uma capitulação jurídica; 
A correlação obrigatória de que estamos tratando é entre fatos, e não 
entre capitulações jurídicas. Isso significa que o juiz, desde que 
condenando pelos mesmos fatos, pode mudar a capitulação jurídica. O 
juiz então não está vinculado à capitulação jurídica da inicial. Se o juiz 
altera a classificação do crime, então há uma desclassificação. 
Não só o juiz pode alterar a capitulação jurídica mas também o tribunal 
que estiver julgando o recurso poderá mudá-la novamente. 
Mudar a capitulação jurídica de um fato se chama... 
1.3.4.1.2 Emendatio Libelli 
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição 
do fato contida na denúncia ou queixa, 
poderá atribuir-lhe definição jurídica 
diversa, ainda que, em conseqüência, 
tenha de aplicar pena mais grave. (...) 
Agora vamos mudar a situação. No caso anterior, nós temos que os fatos 
são iguais nas três partes (acusação, instrução, condenação). 
Vamos supor agora que a instrução traga um fato novo não previsto em 
inicial. Surgido um fato novo na instrução não narrado na inicial, o juiz não 
pode simplesmente condena-lo, pois fazê-lo violaria o princípio da 
correlação. 
Nessa hipótese, aplica-se o artigo 384, que trata da... 
1.3.4.1.3 Mutatio Libelli 
Há um fato novo não contemplado na inicial. Então, antes da sentença e 
depois da instrução, é necessário um aditamento (acréscimo) à inicial, 
para que se incluam os fatos novos. 
12 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Se a ação é privada, o juiz não pode provocar o querelante. Se ele não 
tiver a iniciativa de aditar a queixa o juiz nada fará. Nas ações públicas o 
aditamento pode se dar sem provocação ou com provocação do juízo. 
Com o aditamento, a acusação pode arrolar três novas testemunhas para 
tratar dos fatos novos. Em seguida, abre-se vista a defesa, que poderá 
arrolar até três novas testemunhas. O prazo para a defesa falar é decinco 
dias. Em seguida o juiz designa nova audiência, ouve essas testemunhas, 
reinterroga o réu, e por fim proferirá a sentença. 
Na ação pública, se o promotor se negar ao aditamento, o juiz mandará 
os autos ao procurador, em analogia ao artigo 28 CPP. 
A sumula 453 do STF proíbe a Mutatio Libelli em segundo grau. 
STF Súmula nº 453 - 01/10/1964 - DJ de 
8/10/1964, p. 3646; DJ de 9/10/1964, p. 3666; 
DJ de 12/10/1964, p. 3698. 
Aplicabilidade à Segunda Instância - 
Possibilidade de Nova Definição Jurídica a 
Fato Delituoso - Circunstância Elementar na 
Denúncia ou Queixa 
 Não se aplicam à segunda instância o Art. 
384 e parágrafo único do Código de 
Processo Penal, que possibilitam dar nova 
definição jurídica ao fato delituoso, em 
virtude de circunstância elementar não 
contida, explícita ou implicitamente, na 
denúncia ou queixa. 
Então o tribunal está adstrito ao que está na denúncia ou em aditamento 
feito em primeiro grau. 
Isso explica também o porquê de o tribunal não poder condenar um réu 
do tribunal do júri por homicídio consumado quando a vítima morre após 
a sentença. 
13 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
1.3.4.2 Sentença absolutória 
É aquela que julga improcedente a pretensão punitiva apresentada na 
inicial com fundamento em um dos incisos do artigo 386. O juiz tem de 
sempre fundamentar o porquê da absolvição. 
1.3.4.2.1 Fundamentos da absolvição 
Art. 386. O juiz absolverá o réu, 
mencionando a causa na parte dispositiva, 
desde que reconheça: 
I - estar provada a inexistência do fato; 
Está provado que o fato narrado na inicial não aconteceu. 
II - não haver prova da existência do fato; 
É a famosa absolvição por "falta de provas". Segundo este inciso, o fato 
até pode ter acontecido, mas não está provado. É como se o juiz dissesse: 
- "não sei se aconteceu ou não". 
III - não constituir o fato infração penal; 
O fato é atípico. Ex.: cola em prova. 
IV - estar provado que o réu não concorreu 
para a infração penal; 
Está provado que o fato existiu, mas que comprovadamente o réu não é 
nem autor nem partícipe do mesmo. 
V - não existir prova de ter o réu concorrido 
para a infração penal; 
É o mesmo in dúbio pro réu que já vimos no inciso II. 
VI - existirem circunstâncias que excluam o 
crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 
22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código 
Penal), ou mesmo se houver fundada 
dúvida sobre sua existência; 
14 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Estar provada uma excludente de antijuridicidade ou culpabilidade. 
A segunda parte do inciso foi acrescentada depois, e ocorre na dúvida 
de uma das excludentes. É o mesmo princípio do in dúbio pro réu que 
vimos nos incisos anteriores. O juiz não tem certeza se há uma excludente 
ou não, e, na dúvida, ela é considerada existente. 
VII - não existir prova suficiente para a 
condenação. 
É o coringa. Não há prova suficiente para a condenação. A ideia é que 
há dúvida do juiz. Esse inciso não seria necessário, mas foi colocado por 
precaução do legislador. 
1.3.4.2.2 Repercussão jurídica da sentença para o réu 
Notem que interessa muito ao réu o inciso aplicado em sua absolvição, 
pois alguns incisos ensejam em uma declaração de inocência, enquanto 
que outros não. 
Declaração de inocência - Os incisos I; IV; VI 1ª parte; 
Sem declaração de inocência - Os incisos II; III; V; VI 2ª parte; VII 
Como há esses efeitos distintos para absolvição, o réu tem interesse 
recursal para apelar de sentença absolutória, buscando alterar o 
fundamento da absolvição. 
1.3.4.2.3 Efeitos da sentença absolutória 
Aula 13 (27.11.2013) 
Parágrafo único. Na sentença absolutória, 
o juiz: 
I - mandará, se for o caso, pôr o réu em 
liberdade; 
II - ordenará a cessação das medidas 
cautelares e provisoriamente aplicadas; 
15 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
III - aplicará medida de segurança, se 
cabível. 
Cessa a prisão cautelar - então, se o réu estava preso quando da sentença 
absolutória, essa prisão ser cessada, bem como quaisquer outras 
cautelares, como sequestro de bens, fiança, etc. 
1.3.4.3 Sentença absolutória imprópria 
Também chamada impropriamente absolutória. É aquela que absolve o 
réu por inimputabilidade do artigo 26 caput do CP, e impõe a sanção 
penal de medida de segurança. 
Art. 26. É isento de pena o agente que, por 
doença mental ou desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado, era, ao tempo da 
ação ou da omissão, inteiramente incapaz 
de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse 
entendimento. 
1.3.4.4 Sentença terminativa de mérito 
É aquela que põe fim ao processo ou a um incidente processual julgando 
o mérito do processo ou do incidente, sem condenar ou absolver. 
Ex.: sentença que declara extinta a punibilidade. 
Notemos que o verdadeiro mérito da ação penal é o direito de punir do 
estado. 
Ex 2: incidente processual de restituição de coisa apreendida; decisão de 
Habeas Corpus. 
Alguns autores negam que seja sentença, mas chamam de decisão 
terminativa de mérito. 
16 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
1.3.5 O PRIC 
Publique-se - a sentença é publicada em mãos do escrivão. A sentença 
só produz efeitos e torna-se sentença com a publicação. Até então, ela é 
meramente uma criação intelectual do juiz. 
A publicação da sentença exaure a jurisdição do juiz no processo. Ele 
deixa de ser o juiz da causa. Somente será possível alterar a sentença 
complementando-a ou esclarecendo-a por ocasião de embargos de 
declaração. 
Registre-se - 
CPP. Art. 389. A sentença será publicada 
em mão do escrivão, que lavrará nos autos 
o respectivo termo, registrando-a em livro 
especialmente destinado a esse fim. 
Há um livro para registro de sentenças. 
Intime-se - às partes será dada ciência da sentença. 
Art. 390. O escrivão, dentro de três dias após 
a publicação, e sob pena de suspensão de 
cinco dias, dará conhecimento da 
sentença ao órgão do Ministério Público. 
O querelante e o assistente de acusação são intimados pessoalmente ou 
através de advogado. 
Art. 391. O querelante ou o assistente será 
intimado da sentença, pessoalmente ou na 
pessoa de seu advogado. Se nenhum deles 
for encontrado no lugar da sede do juízo, a 
intimação será feita mediante edital com o 
prazo de 10 dias, afixado no lugar de 
costume. 
A defesa requer intimação ao réu e ao defensor. Se o réu não for 
localizado, será intimado por edital. O defensor dativo é intimado 
17 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
pessoalmente, enquanto o constituído é intimado por publicação na 
imprensa. 
CPP. Art. 370. § 1º - A intimação do defensor 
constituído, do advogado do querelante e 
do assistente far-se-á por publicação no 
órgão incumbido da publicidade dos atos 
judiciais da comarca, incluindo, sob pena 
de nulidade, o nome do acusado. 
A ordem da intimação não importa (se réu ou defensor primeiro). O prazo 
para a defesa correr conta-se da última dessas duas intimações. 
Comunique-se/Cumpra-se - de toda a sentença é feita a comunicação 
a determinados órgãos. A sentença absolutória e condenatória é 
comunicada ao instituto de identificação. 
O instituto de identificação é um órgão da polícia que gera o 
antecedente das pessoas. 
2. Recursos 
A palavra recurso vem do latim: Re Currere; que significa "correr para trás", 
pois o recurso faz com que o processo “volte a um estado anterior ao da 
sentença”. 
O recurso existe por causa da falibilidade humana, já que os homens sãofalíveis (As mulheres não!). 
O fundamento constitucional da existência do recurso é o princípio do 
duplo grau de jurisdição. Por este princípio, todas as decisões judiciais 
estão sujeitas a uma revisão por uma instância superior. Este princípio é 
implícito, pois a CF cria tribunais para julgar recursos, bem como no artigo 
5º, LV, que trata da ampla defesa. Além disso tudo, a existência dos 
recursos está explícita no pacto da San José da Costa Rica. 
18 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Vicente Greco filho diz que recurso é o pedido de nova decisão judicial, com 
alteração de decisão anterior, previsto em lei, dirigido em regra a outro órgão jurisdicional, 
dentro do mesmo processo. 
Em outras palavras, é uma manifestação voluntária para reforma da 
decisão. Por isso, o recurso é provocado pelas partes. 
Obs.: Note que existe o chamado "recurso de ofício", que ocorre nos casos 
de reexame necessário. Alguns não consideram o reexame como sendo 
um recurso. 
O recurso é sempre voluntário e, por sê-lo, revela um sentimento de 
inconformismo com a decisão. 
Os recursos são sempre previstos em lei. Quando não cabe recurso, há 
ações autónomas de impugnação, que são ações que impugnam 
decisões judiciais. Elas são três: 
 Habeas Corpus 
 Mandado de Segurança 
 Revisão Criminal 
O recurso é em regra dirigido a outro órgão jurisdicional, mas há exceções, 
como os embargos infringentes. 
O recurso se dá dentro do mesmo processo, ou seja, prolonga o mesmo 
processo, não inaugurando outro. 
2.1 Pressupostos Recursais 
São condições de admissibilidade dos recursos. São condições para a 
existência do direito de recorrer. O direito de recorrer não é amplo e 
irrestrito, mas sim vinculado a determinadas condições. 
Qualquer recurso, antes de ser conhecido no mérito, deve ser submetido 
a um juízo de admissibilidade, cujo os objetos são os pressupostos recursais. 
A ausência dos pressupostos faz com que o recurso não seja conhecido. 
Em regra, o juízo de admissibilidade se faz duas vezes, uma pelo juízo a quo 
e uma pelo Ad quem. 
19 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Se o juízo a quo admitir o recurso, o Ad quem fará novo julgamento da 
admissibilidade. A admissão de recurso pelo juízo a quo não vincula o ad 
quem. 
Ambas as decisões denegatórias são suscetíveis a recursos. 
Os pressupostos recursais podem ser objetivos ou subjetivos. 
2.1.1 Pressupostos recursais objetivos 
Os pressupostos objetivos são aqueles que estão no processo. 
2.1.1.1 Cabimento 
É a previsão legal de recurso contra a decisão recorrida. Este é o princípio 
da taxatividade recursal, pois a lei é taxativa da previsão de recursos. 
2.1.1.2 Adequação 
Não basta que o recurso seja cabível. É preciso que o recorrente utilize o 
recurso adequado para aquela decisão. 
O princípio da adequação é no entanto mitigado pelo princípio da 
fungibilidade: 
Art. 579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte 
não será prejudicada pela interposição de 
um recurso por outro. 
Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, 
reconhecer a impropriedade do recurso 
interposto pela parte, mandará processá-lo 
de acordo com o rito do recurso cabível. 
Isso significa que o recurso inadequado pode ser recebido como se fosse 
o adequado, desde que não haja má fé. 
Há duas situações em que se presume a má fé: 
 Quando o recurso inadequado houver sido interposto fora do prazo 
do recurso adequado; 
 O erro grosseiro; 
20 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
2.1.1.3 Tempestividade 
O recurso deve ser interposto no prazo legal. O prazo do recurso refere-se 
à interposição, que é a manifestação de vontade de recorrer. Não se 
confunde interposição com oferecimento de razões. Esse oferecimento é 
a fundamentação do inconformismo. 
Então ficamos assim: 
Interposição - manifestação de vontade de recorrer; 
Oferecimento das razões - entrega dos fundamentos do inconformismo; 
Em alguns recursos, esses prazos são simultâneos, e em outros não. 
2.1.1.3.1 Prazos para recorrer 
A Tempestividade está ligada aos prazos. Eles começam a correr do 
primeiro dia útil após a intimação, e estão previstos no art. 798 CPP. 
Art. 798. Todos os prazos correrão em 
cartório e serão contínuos e peremptórios, 
não se interrompendo por férias, domingo 
ou dia feriado. 
§ 1º - Não se computará no prazo o dia do 
começo, incluindo-se, porém, o do 
vencimento. 
A sumula 710 do STF trata do tema, simplificando-o e esclarecendo-o: 
STF Súmula nº 710 - 24/09/2003 - DJ de 9/10/2003, p. 6; DJ de 10/10/2003, p. 6; DJ 
de 13/10/2003, p. 6. 
Processo Penal - Contagem de Prazo 
 No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos 
autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem. 
 
A contagem do prazo é processual, ou seja, o prazo inicia a ser contado 
no primeiro dia útil posterior à intimação. 
21 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Lembrete - Os prazos de direito material são contados com o dia do início, 
e não o do final. A contagem de penas, prescrições e decadências são 
todos materiais. 
Se o prazo processual terminar em dia não útil, prorroga-se ao próximo dia 
útil. 
A sumula 310 STF diz: 
STF Súmula nº 310 - 13/12/1963 - Súmula da Jurisprudência Predominante do 
Supremo Tribunal Federal - Anexo ao Regimento Interno. Edição: Imprensa Nacional, 
1964, p. 138. 
Intimação ou Publicação com Efeito de Intimação na Sexta-Feira - Início do Prazo 
Judicial 
 Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de 
intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo 
se não houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir. 
 
2.1.1.4 Regularidade procedimental 
O recorrente deve seguir a forma prescrita legalmente para recorrer. 
Art. 578. O recurso será interposto por 
petição ou por termo nos autos, assinado 
pelo recorrente ou por seu representante. 
§ 1º - Não sabendo ou não podendo o réu 
assinar o nome, o termo será assinado por 
alguém, a seu rogo, na presença de duas 
testemunhas. 
§ 2º - A petição de interposição de recurso, 
com o despacho do juiz, será, até o dia 
seguinte ao último do prazo, entregue ao 
escrivão, que certificará no termo da 
juntada a data da entrega. 
§ 3º - Interposto por termo o recurso, o 
escrivão, sob pena de suspensão por dez a 
22 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
trinta dias, fará conclusos os autos ao juiz, 
até o dia seguinte ao último do prazo. 
Por petição há o simples protocolo. Se por termo, a parte diz ao escrivão 
que pretende recorrer, e esse lavra o termo. 
A lei 9800/99 permite que o recurso seja interposto por fax. 
Alguns recursos admitem outras formas de interposição. A apelação por 
exemplo permite interposição por cota. Por outro lado, há recursos que só 
admitem petição, como é o caso do recurso especial, extraordinário, e o 
ordinário constitucional. 
2.1.1.5 Inexistência de fato impeditivo 
O fato impeditivo é um fato anterior à interposição que extingue o direito 
de recorrer. 
Hoje em dia o único fato impeditivo existente é a renúncia, que é a 
manifestação de vontade de não recorrer da decisão. A renúncia válida 
provoca o trânsito em julgado da decisão na data em que ela foi exarada. 
Podem renunciar o querelante, e o assistente de acusação na ação 
pública. O MP gera dúvida. O CPP diz que o MP não pode desistir de 
recurso já interposto, mas não há previsão se ele pode renunciar ou não. 
A posição majoritária é a de que o MP não pode renunciar. 
O réusó poderá renunciar com a concordância do defensor. Se o réu 
renuncia e o defensor recorre, então o recurso será recebido, pois o 
defensor é quem sabe a defesa técnica, e além disso o recurso não piora 
a situação, podendo somente melhorar ou manter como esta. 
2.1.1.6 Inexistência de fatos extintivos 
Fatos extintivos são fatos posteriores a interposição que impedem o 
conhecimento do recurso. Neste caso, a parte recorre validamente, e 
após isso surge um fato que impede o conhecimento do recurso. São dois 
os fatos extintivos: 
23 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Desistência - é manifestação de vontade do recorrente de que o seu 
recurso já interposto não tenha prosseguimento. A desistência válida 
acarreta o trânsito em julgado da decisão. Não há necessidade de 
anuência da outra parte. Podem desistir o querelante, o assistente de 
acusação, e o réu desde que assistido pelo advogado. A desistência do 
réu com a manifestação do advogado em continuar faz com que o 
recurso tenha prosseguimento. O MP não pode desistir do recurso. 
Deserção - é uma desistência tácita. É uma omissão da parte que 
demonstra a perda do interesse em recorrer. A única hipótese de 
deserção é a falta de preparo. 
2.1.2 Pressupostos subjetivos 
Pressupostos subjetivos estão na parte recorrente. 
Aula 14 (03.10.2013) 
2.1.2.1 Interesse 
 CPP. Art. 577. Parágrafo único. Não se 
admitirá, entretanto, recurso da parte que 
não tiver interesse na reforma ou 
modificação da decisão. 
Só cabe recurso para a parte que tiver interesse na reforma da decisão. 
Esse interesse nasce com a sucumbência. Define-se sucumbência como o 
desacolhimento total ou parcial da pretensão da parte. 
Quanto ao MP a coisa é diferente. A pretensão do MP é condicionada à 
justiça da decisão. Então, a condenação injusta faz com que o MP seja 
sucumbente, de modo que o MP em tese pode até recorrer em favor do 
réu. 
2.1.2.2 Legitimidade 
Art. 577. O recurso poderá ser interposto 
pelo Ministério Público, ou pelo querelante, 
ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor. 
24 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Não é qualquer pessoa que pode recorrer. Em primeiro lugar, podem 
recorrer as partes. O direito de recorrer do réu é independente do direito 
de recorrer do defensor, podendo o réu até recorrer pessoalmente sem 
assistência do defensor, e vice-versa. 
O assistente de acusação pode recorrer se o MP não recorrer, ou da parte 
da sentença que o MP não recorreu. Então o recurso do assistente é 
suplementar ao do MP. 
O MP não tem legitimidade para recorrer contra o querelado na ação 
privada. 
2.2 Efeitos dos recursos 
São efeitos que os recursos produzem quando eles são admitidos. 
2.2.1 Efeito devolutivo 
O recurso devolve ao poder judiciário a apreciação da matéria recorrida. 
Todos os recursos tem efeito devolutivo. 
2.2.1.1 Quanto à extensão 
Esse efeito pode ser amplo ou limitado quanto a sua extensão. 
Ele é amplo quando a parte recorre contra toda a decisão. 
O efeito devolutivo é limitado quanto à extensão quando a parte recorre 
contra parte da decisão. Não se devolve ao tribunal matéria não 
recorrida: Tantum Devolutum Quantum Appelatum. "Devolve-se tanto 
quanto apelou-se". 
O limite da devolução é estabelecido pelo pedido de reforma contido na 
interposição. 
Se a interposição disser apenas que se está apelando, o efeito é amplo, 
enquanto que se se individualiza as partes apeladas, o efeito é limitado. 
As razões recursais não podem nem ampliar nem restringir o efeito 
devolutivo. 
25 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Há outra limitação ao efeito devolutivo. Não há permissão ao tribunal para 
reformar a decisão para pior: Non Reformatio In Pejus, ou seja, é vedado 
o agravamento da situação do recorrente em razão do seu próprio 
recurso. 
A Reformatio in Pejus pode ser direta ou indireta. A direta é aquela 
realizada pelo próprio tribunal quando do julgamento do recurso. 
Aula 17 (04.10.2013) 
Non Reformatio in Pejus indireta - é o agravamento da situação do réu por 
uma nova decisão de primeiro grau proferida em lugar de uma decisão 
anterior que foi anulada pelo tribunal em julgamento de recurso exclusivo 
da defesa. 
Nesses casos, estamos diante de um error in procedendo, ou seja, um vício 
no procedimento. Se fosse error in judicando, o tribunal reformaria a 
decisão, pois o erro se deu na análise do mérito. 
No caso que estamos analisando, há um error in procedendo, e o tribunal 
deverá anular a decisão e mandar que o juiz a refaça. 
Nesse caso, o juiz, ao proferir a nova decisão não poderá agravar a 
situação do réu. 
O agravamento é vedado, e poderia inibir o recurso do réu. 
Soberania dos veredictos dos jurados - o júri tem soberania em suas 
decisões, e por isso o agravamento é lícito. 
2.2.1.2 Efeito devolutivo quanto à profundidade 
O efeito devolutivo é sempre ilimitado em sua profundidade. Na análise 
do pedido do recorrente, o tribunal pode levar em conta qualquer 
fundamento, não estando vinculado aos fundamentos do recorrente. 
Reformatio in melius 
É o favorecimento ao réu em recurso exclusivo da acusação. Não é 
pacífico, mas majoritariamente admite-se a Reformatio in melius. 
26 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
2.2.2 Efeito suspensivo 
É o efeito pelo qual, admitido o recurso, a decisão não produz efeitos 
enquanto o recurso não for julgado. A admissão do recurso suspende a 
eficácia da decisão. 
Só tem efeito suspensivo os recursos se houver expressa previsão legal. 
A jurisprudência tem admitido que, em situações excepcionais, quando 
houver: 
 Manifesta ilegalidade da decisão; 
 Dano irreparável à parte se a decisão for executada; 
 O recurso cabível não tem efeito suspensivo; 
A parte, além de recorrer, impetre mandado de segurança, objetivando 
dar efeito suspensivo ao recurso. 
2.2.3 Efeito extensivo 
Art. 580. No caso de concurso de agentes 
(Código Penal, art. 25), a decisão do 
recurso interposto por um dos réus, se 
fundado em motivos que não sejam de 
caráter exclusivamente pessoal, 
aproveitará aos outros. 
É a possibilidade de se estender em favor de um corréu não recorrente 
uma decisão a um corréu recorrente quando esta decisão se 
fundamentar em razões objetivas. 
Esse efeito se aplica aos casos onde há mais de um réu no processo. Nesses 
casos, todos os recursos tem efeito extensivo. Mais ainda, também tem 
efeitos extensivos o Habeas Corpus e a revisão criminal. 
2.2.4 Efeito regressivo 
Também chamado de efeito diferido, ou iterativo. É o efeito pelo qual 
antes de o recurso subir ao tribunal, o juízo a quo deve reapreciar a sua 
decisão, podendo mantê-la (juízo de sustentação) ou reforma-la (juízo de 
27 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
retratação). No processo penal só há esse efeito no agravo à execução e 
o RESE. 
2.3 Recurso de ofício 
Também chamado de recurso necessário, ou reexame necessário. Esse 
recurso na verdade não é considerado recurso, pois os recursos são 
voluntários, e dependem de um pedido de iniciativa das partes. O 
chamado recurso de ofício não é assim, sendo que o juiz sem provocação 
recorre. 
O reexame necessário portanto não é recurso, mas sim condição para o 
trânsito em julgado da decisão. O que transita em julgado nunca é a 
decisão de primeiro grau, mas sim o acórdão do tribunal. 
O reexame não prejudica o recurso voluntário da parte, já que 
voluntariamente as partes podem oferecer razões. 
Hipóteses 
Art. 574. Os recursos serão voluntários, 
excetuando-se os seguintes casos, em que 
deverão ser interpostos,de ofício, pelo juiz: 
I - da sentença que conceder habeas 
corpus; 
II - da que absolver desde logo o réu com 
fundamento na existência de circunstância 
que exclua o crime ou isente o réu de pena, 
nos termos do art. 411. 
Art. 746. Da decisão que conceder a 
reabilitação haverá recurso de ofício. 
Lei 1521/51. Art. 7º. Os juízes recorrerão de 
ofício sempre que absolverem os acusados 
em processo por crime contra a economia 
popular ou contra a saúde pública, ou 
28 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
quando determinarem o arquivamento dos 
autos do respectivo inquérito policial. 
Notemos que em todas as situações o recurso beneficia a acusação, que 
é a interessada em recorrer nessas situações. Existe uma tese que diz que 
esse reexame é inconstitucional por desrespeitar a seguinte disposição: 
Art. 129. São funções institucionais do 
Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal 
pública, na forma da lei; 
Essa tese não tem sido aceita. 
O reexame não tem prazo, sendo que o juiz mandará os autos ao tribunal 
na própria decisão, e deixando de fazê-lo poderão os autos serem 
remetidos a qualquer tempo, seja de ofício ou com provocação. 
O reexame não tem razões ou contra razões, nem prazo. 
3. Recurso em Sentido Estrito 
Aula 17 (10.10.2013) 
É cabível nas hipóteses do artigo 581, CPP 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, 
da decisão, despacho ou sentença: 
 I - que não receber a denúncia ou a 
queixa; 
 II - que concluir pela incompetência do 
juízo; 
 III - que julgar procedentes as exceções, 
salvo a de suspeição; 
 IV – que pronunciar o réu; (Redação 
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
29 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
 V - que conceder, negar, arbitrar, 
cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir 
requerimento de prisão preventiva ou 
revogá-la, conceder liberdade provisória 
ou relaxar a prisão em flagrante; (Redação 
dada pela Lei nº 7.780, de 22.6.1989) 
 VI - (Revogado pela Lei nº 11.689, de 
2008) 
 VII - que julgar quebrada a fiança ou 
perdido o seu valor; 
 VIII - que decretar a prescrição ou 
julgar, por outro modo, extinta a 
punibilidade; 
 IX - que indeferir o pedido de 
reconhecimento da prescrição ou de outra 
causa extintiva da punibilidade; 
 X - que conceder ou negar a ordem de 
habeas corpus; 
 XI - que conceder, negar ou revogar a 
suspensão condicional da pena; 
 XII - que conceder, negar ou revogar 
livramento condicional; 
 XIII - que anular o processo da instrução 
criminal, no todo ou em parte; 
 XIV - que incluir jurado na lista geral ou 
desta o excluir; 
 XV - que denegar a apelação ou a 
julgar deserta; 
30 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
 XVI - que ordenar a suspensão do 
processo, em virtude de questão 
prejudicial; 
 XVII - que decidir sobre a unificação de 
penas; 
 XVIII - que decidir o incidente de 
falsidade; 
 XIX - que decretar medida de 
segurança, depois de transitar a sentença 
em julgado; 
 XX - que impuser medida de segurança 
por transgressão de outra; 
 XXI - que mantiver ou substituir a 
medida de segurança, nos casos do art. 
774; 
 XXII - que revogar a medida de 
segurança; 
 XXIII - que deixar de revogar a medida 
de segurança, nos casos em que a lei 
admita a revogação; 
 XXIV - que converter a multa em 
detenção ou em prisão simples. 
Prazo 
O prazo é de cinco dias. 
Art. 586. O recurso voluntário poderá ser 
interposto no prazo de cinco dias. 
Os defensores públicos tem prazo em dobro. 
Exceção – na hipótese de decisão que inclui ou exclui jurado da lista geral 
(XIV): 
31 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
 Parágrafo único. No caso do art. 581, 
XIV, o prazo será de vinte dias, contado da 
data da publicação definitiva da lista de 
jurados. 
O prazo é contado a partir da 2ª publicação. 
Procedimento 
É interposto perante o juízo a quo, que fará o primeiro juízo de 
admissibilidade. 
O RESE então pode subir ao tribunal de duas formas: 
Nos próprios autos – Os autos da ação recorrida sobem ao tribunal; 
Por instrumento – Cria-se um instrumento apartado contendo as peças dos 
autos, que é eventualmente enviado ao tribunal. 
O RESE por instrumento suspende o andamento do processo. Ex.: Juiz 
concede liberdade provisória ao réu e o MP recorre com RESE. 
A formação do Instrumento 
Nas hipóteses em que o recurso subirá por instrumento o recorrente deve 
indicar na interposição as peças que ele quer que constem no instrumento. 
Mesmo que a parte recorrente indique, há ao menos três peças 
obrigatórias: 
 Decisão recorrida; 
 Certidão de intimação das partes da decisão; 
 Petição ou termo de interposição do RESE (Para se verficar a 
tempestividade recursal). 
O prazo para a formação do instrumento pelo escrivão é de 05 dias, 
podendo ser prorrogado até 10 dias (Artigo 590 CC). 
Oferecimento de Razões (Art. 588, CPP) 
Nada impede que a parte ofereça o recurso já com as razões. Caso 
contrário, o prazo será de dois dias da interposição (Se sobe nos próprios 
32 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
autos). Será da vista do instrumento para o recorrente se sobe por 
instrumento, mas a jurisprudência tem entendido que o prazo é da 
intimação do recorrente sobre a vista. 
Intimação do recorrido para contrarrazões 
As contrarrazões se dão no prazo de dois dias após a intimação. Na 
hipótese em que o recurso subirá por instrumento, o recorrido poderá 
indicar peças para compor o instrumento. 
Efeitos do RESE 
Regressivo (589 CPP) 
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou 
sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, 
dentro de dois dias, reformará ou sustentará 
o seu despacho, mandando instruir o 
recurso com os traslados que Ihe 
parecerem necessários. 
 Parágrafo único. Se o juiz reformar o 
despacho recorrido, a parte contrária, por 
simples petição, poderá recorrer da nova 
decisão, se couber recurso, não sendo mais 
lícito ao juiz modificá-la. Neste caso, 
independentemente de novos arrazoados, 
subirá o recurso nos próprios autos ou em 
traslado. 
 Art. 591. Os recursos serão 
apresentados ao juiz ou tribunal ad quem, 
dentro de cinco dias da publicação da 
resposta do juiz a quo, ou entregues ao 
Correio dentro do mesmo prazo. 
Dessa forma, há o juízo de retratação, seguindo essas regras. Note que o 
novo sucumbente só poderá recorrer da forma descrita acima se o recurso 
33 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
cabível for o RESE também. Caso contrário ele tem que se valer da forma 
adequada. 
Suspensivo 
Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo 
nos casos de perda da fiança, de 
concessão de livramento condicional e dos 
ns. XV, XVII e XXIV do art. 581. 
 § 1o Ao recurso interposto de sentença 
de impronúncia ou no caso do no VIII do art. 
581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e 
598. 
 § 2o O recurso da pronúncia 
suspenderá tão-somente o julgamento. 
 § 3o O recurso do despacho que julgar 
quebrada a fiança suspenderá unicamente 
o efeito de perda da metade do seu valor. 
Contra decisão que não admite o RESE cabe o recurso carta 
testemunhável, do artigo 640, CPP 
Apelação 
É o recurso contra decisões definitivas ou com força de definitivas que não 
admitam RESE. 
É recurso amplo pois qualquer matéria pode ser conhecidapor apelação, 
desde que tenha sido conhecida na sentença atacada. 
É recurso preferível se uma parte da apelação comporta apelação e a 
outra RESE. O recurso cabível será a apelação, mesmo que o recorrente 
só discuta aquela parte que isoladamente caberia RESE. 
Aula 18 (11.10.2013) 
34 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 
(cinco) dias: 
I - das sentenças definitivas de condenação 
ou absolvição proferidas por juiz singular; 
É a hipótese mais comum de apelação. 
II - das decisões definitivas, ou com força de 
definitivas, proferidas por juiz singular nos 
casos não previstos no Capítulo anterior; 
Cabe então contra as decisões terminativas de mérito, ou as decisões 
interlocutórias mistas de que não caiba ReSE. Ex.: as decisões que julgam 
o pedido de restituição de coisa apreendida; decisão que extingue de 
oficio por litispendência ou coisa julgada. 
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: 
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; 
A parte que alega uma nulidade posterior à pronúncia e não a tem 
reconhecida pode alega-la novamente em sede de apelação da 
sentença do tribunal do júri. 
b) for a sentença do juiz-presidente 
contrária à lei expressa ou à decisão dos 
jurados; 
Duas hipóteses estão previstas no artigo, sendo a primeira o desrespeito à 
lei; e a segunda o desrespeito à decisão dos jurados. 
c) houver erro ou injustiça no tocante à 
aplicação da pena ou da medida de 
segurança; 
O juiz é quem aplica a pena, e se ele errar ou for injusto nessa aplicação 
cabe a apelação. Ex.: não se valer do sistema trifásico de dosimetria; 
imputar a pena mais gravosa desnecessariamente; etc. 
35 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Observação - Como essas três primeiras hipóteses se referem à decisão do 
juiz presidente, elas podem ser livremente alteradas pelo tribunal de justiça. 
d) for a decisão dos jurados 
manifestamente contrária à prova dos 
autos. 
Não é qualquer decisão, mas só aquela que evidentemente contraria as 
provas. A jurisprudência interpreta que essa decisão é aquela que não 
tem apoio nenhum na prova. 
Em razão da soberania dos veredictos, a procedência da apelação não 
acarretará a reforma, mas sim a anulação da sessão com estipulação de 
novo julgamento com um novo conselho de sentença. 
Se no segundo julgamento o mesmo veredicto for emanado não caberá 
a apelação. 
Prazo 
O prazo geral é de Cinco dias. A Defensoria tem o dobro. No Jecrim o 
prazo é de dez dias (no sumaríssimo o prazo é dobrado pois as razões 
acompanham a interposição). 
O assistente não habilitado tem prazo diferente. 
Art. 598. Nos crimes de competência do 
Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da 
sentença não for interposta apelação pelo 
Ministério Público no prazo legal, o ofendido 
ou qualquer das pessoas enumeradas no 
art. 31, ainda que não se tenha habilitado 
como assistente, poderá interpor apelação, 
que não terá, porém, efeito suspensivo. 
Parágrafo único. O prazo para interposição 
desse recurso será de quinze dias e correrá 
do dia em que terminar o do Ministério 
Público. 
36 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
O assistente pode recorrer subsidiariamente ao MP. Significa que o 
assistente só pode recorrer se o MP não recorrer ou da parte da decisão 
que o MP não recorreu. 
Nesses casos, quando da sentença o assistente pode estar habilitado ou 
não. O assistente já habilitado é intimado da sentença, sendo o prazo da 
apelação de cinco dias, iniciando-se o prazo a partir da intimação se o 
assistente foi intimado após o fim do prazo do MP; ou a partir do fim do 
prazo do MP se o assistente foi intimado antes do prazo do MP. 
Nos casos de o assistente não for habilitado por ocasião da sentença, ele 
pode se habilitar somente para apelar, tendo um prazo de quinze dias a 
partir do fim do prazo do MP. 
Interposição 
A apelação é interposta perante o juízo a quo em primeiro grau. O juiz faz 
um juízo de admissibilidade. Se a apelação é admitida, o recorrente é 
intimado para apresentar razões. Em seguida, o juiz intima o apelado para 
apresentar as contrarrazões. Se houver assistente habilitado, ele pode 
oferecer razões ao recurso do MP em três dias a partir da interposição. 
Em seguida, oferecidas razões e contrarrazões os autos sobem ao tribunal. 
Não gera efeito regressivo. 
Efeitos da apelação 
Efeito devolutivo 
Claro. 
Efeito suspensivo 
Art. 597. A apelação de sentença 
condenatória terá efeito suspensivo, salvo o 
disposto no art. 393, a aplicação provisória 
de interdições de direitos e de medidas de 
segurança (arts. 374 e 378), e o caso de 
suspensão condicional de pena. 
37 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Em regra a apelação suspende a execução da sentença. A jurisprudência 
diz que há exceções. Quando da apelação, se o réu estiver solto, então a 
regra realmente vale e ele permanece solto. 
No entanto, se o réu está preso preventivamente, a situação muda. Se a 
execução não se iniciasse nesses casos, o réu que responde preso ao 
processo poderia ser privado de benefícios seus aos quais ele já faria jus se 
houvesse execução, como progressão, saída temporária. 
Execução provisória 
A execução provisória só existe quando o réu já esteja preso quando da 
tramitação da apelação, para garantir a concessão de eventuais 
benefícios. Nesses casos, antes de mandar os autos ao tribunal, o juiz 
expede um documento chamado guia de execução provisória, que é um 
documento que contém a pena, o regime, a data da prisão, etc., e com 
esse documento a execução começa provisoriamente. 
É pacífico que a execução provisória é cabível se o recurso é só da defesa. 
Discute-se no entanto se é possível a execução provisória quando o 
recurso é do MP para aumentar a pena, pois é impossível calcular os 
benefícios ante a possibilidade de a pena aumentar se o recurso for 
julgado procedente. 
Uma outra corrente diz que isso não pode prejudicar o réu. 
Maioritariamente se admite a execução provisória nesses casos também. 
Aula 19 (18.10.2013) 
Carta testemunhável 
Arts. 639 a 646 CPP 
É recurso contra a decisão que não recebe RESE ou agravo em execução. 
O nome curioso vem do tempo do império. 
38 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Prazo 
É de 48 horas a partir do despacho, como diz o 640, mas comumente não 
funciona assim. Ocorre que o advogado não sabe qual o momento exato 
do despacho. 
Por isso, a jurisprudência diz que o prazo conta-se da intimação. 
Esse recurso não é dirigido ao juiz, mas sim ao escrivão. Esse recurso sempre 
sobe por instrumento, e por isso o recorrente deve indicar na interposição 
as peças que formam o instrumento. 
O escrivão deve formar o instrumento em cinco dias, e deve dar um recibo 
da petição ao recorrente. Obviamente que isso não se faz mais em razão 
da existência do protocolo. 
Intima-se então o recorrente para apresentar razões em dois dias e o 
recorrido para apresentar as contra-razões em dois dias. Esse poderá 
indicar peças para a formação do instrumento, e então o escrivão 
simplesmente remeterá o instrumento para o tribunal. 
Esse recurso não tem efeito suspensivo. O mérito da carta testemunhável 
é a admissibilidade ou não do RESE ou agravo. Então, se o tribunal julga a 
carta procedente, ele admitirá o RESE ou o agravo cujo o seguimento fora 
negado. 
Se o tribunal der provimento à carta testemunhável, admitindo portanto o 
RESE ou o agravo, e verificar que no instrumento já consta tudo o que é 
necessário para julgar o RESE ou agravo, ele já julga, por economiaprocessual. 
Agravo em execução 
É previsto no artigo 197 da lei de execução penal (LEP), lei 7210/84 
Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz 
caberá recurso de agravo, sem efeito 
suspensivo. 
39 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Então contra todas as decisões do juiz da execução caberá agravo em 
execução sem efeito suspensivo. 
Como essa norma é muito vaga, após muita discussão o stf decidiu o 
seguinte na súmula 700: 
STF Súmula nº 700 - 24/09/2003 - DJ de 
9/10/2003, p. 6; DJ de 10/10/2003, p. 6; DJ 
de 13/10/2003, p. 6. 
Prazo para Interposição de Agravo - 
Execução Penal 
É de cinco dias o prazo para interposição 
de agravo contra decisão do juiz da 
execução penal. 
Como o outro recurso que utiliza cinco dias de prazo é o RESE, então para 
todas as outras peculiaridades utiliza-se as normas relativas ao RESE. 
Correição parcial 
É prevista em leis esparsas. A lei federal que prevê a correição é a 5.010/66; 
enquanto que a estadual é o decreto lei complementar N 3/63, artigo 94, 
do código judiciário do estado de São Paulo. 
A atividade correcional é a atividade que visa controlar os abusos de 
autoridades públicas. As correições gerais são realizadas pelas 
corregedorias. 
A correição que tratamos aqui é parcial, ou seja, de apenas um ato da 
autoridade. Ela é cabível contra decisão do juiz contra a qual não cabe 
recurso e que provoque tumulto processual. 
A competência é do tribunal superior ao juiz. 
E qual seria a natureza dessa correição? 
Há duas correntes. 
40 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Para a primeira não é recurso, mas sim um pedido de providências 
administrativas com consequência jurisdicional. A parte pede que o 
tribunal corrija um tumulto que o juiz causou. 
Para a segunda tem natureza de recurso, pois a finalidade é alterar uma 
decisão, o que é próprio de recurso. 
A correição só é cabível contra erro de procedimento (error in 
procedendo). 
Exemplos de decisões contra a qual é possível correição: 
 Quando o promotor no inquérito requisita diligências ao delegado e 
o juiz indefere; 
 Quando o promotor pede o arquivamento do inquérito e o juiz pede 
diligências à polícia; 
 Quando o juiz recebe a denúncia dando outra capitulação ao 
crime; 
 Quando o juiz admite testemunhas arroladas intempestivamente; 
Prazo 
A lei federal não diz e o código judiciário diz que se deve aplicar o 
procedimento do agravo de instrumento. 
No entanto, tem prevalecido que no processo penal adota-se na 
correição parcial o prazo e procedimento do RESE. Mas no entanto, ela só 
sobe por instrumento e não há efeito suspensivo. O juiz de primeiro grau 
não pode rejeitar a correição, não havendo juízo de admissibilidade em 
primeiro grau. 
Recursos no tribunal 
Embargos de declaração 
Art. 619 e 620 
41 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
O prazo é de dois dias da publicação do acórdão. Os pressupostos são os 
mesmos, ou seja, um daqueles quatro vícios: obscuridade, ambiguidade, 
contradição ou omissão. 
Esses embargos são dirigidos ao relator do acórdão, que fará o juízo de 
admissibilidade. 
Contra a decisão monocrática do relator que rejeita os embargos de 
declaração, caberá agravo regimental. 
Embargos infringentes (ou de nulidade) 
Art. 609 par. Único, CPP 
Cabível contra decisões dos tribunais que desfavorecem a defesa por 
maioria de votos, e não por unanimidade. Apenas a defesa pode opor 
esses embargos. 
Quando há um voto vencido, o autor desse voto fará uma declaração de 
voto vencido, para que as partes saibam o que aquele voto concedia, e 
com base nele é que caberão os embargos. 
A divergência entre os votos vencidos e os vencedores limita o efeito 
devolutivo nos embargos. 
Os embargos infringentes só cabem contra acórdão que julgou apelação 
ou RESE. 
Prazo 
O prazo desses embargos é de dez dias da publicação do acórdão. 
Endereçamento 
O relator faz o juízo de admissibilidade, e se ele rejeitar cabe agravo 
regimental. Se ele admitir, redistribui-se para outro relator da mesma 
câmara. 
Contraditório 
A parte contrária é intimada para contra razões em dez dias. 
42 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Julgamento 
Julga aquele que o regimento interno do tribunal daquele TJ indica. 
Em São Paulo, é a mesma câmara, mas com a totalidade de seus 
membros. Então, os recursos que foram julgados por três, agora serão 
julgados por cinco ou seis. 
Se houver empate prevalece a posição mais favorável ao réu. 
Decisões possíveis 
Os embargos podem manter a decisão vencedora, negando provimento 
aos embargos; 
 Dar provimento total, fazendo prevalecer a outrora decisão 
vencida; 
 Dar parcial provimento aos embargos, julgando em uma posição 
intermediária à decisão vencedora e vencida. 
 
Senhores, faltam duas aulas aqui. Aguardo 
contribuições dos colegas. Favor tomar cuidado 
com a matéria perdida. 
 
Aula (07.11.2013 e 08.11.2013) - recursos na 9.099/95 
A lei 9099 só regula os embargos declaratórios e a apelação, sendo os 
recursos restantes iguais aos do CPP. 
Apelação 
A apelação tem prazo de dez dias, a ser interposta com as razões. 
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia 
ou queixa e da sentença caberá apelação, 
que poderá ser julgada por turma 
composta de três Juízes em exercício no 
43 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
primeiro grau de jurisdição, reunidos na 
sede do Juizado. 
§ 1º - A apelação será interposta no prazo 
de dez dias, contados da ciência da 
sentença pelo Ministério Público, pelo réu e 
seu defensor, por petição escrita, da qual 
constarão as razões e o pedido do 
recorrente. 
§ 2º - O recorrido será intimado para 
oferecer resposta escrita no prazo de dez 
dias. 
§ 3º - As partes poderão requerer a 
transcrição da gravação da fita magnética 
a que alude o § 3º do art. 65 desta Lei. 
§ 4º - As partes serão intimadas da data da 
sessão de julgamento pela imprensa. 
§ 5º - Se a sentença for confirmada pelos 
próprios fundamentos, a súmula do 
julgamento servirá de acórdão. 
O juiz fará o juízo de admissibilidade, sendo que se ele não admitir cabe 
RESE. 
Admitindo, intimará a parte contrária para as contra razões em dez dias. 
Os autos então sobem ao colégio (ou turma) recursal. 
O colégio recursal não é um tribunal, sendo um órgão composto por três 
juízes de primeiro grau do próprio JECrim, sendo que o juiz que proferiu a 
decisão recorrida não poderá fazer parte do julgamento. 
A lei admite expressamente que se o recurso for improvido, o colégio 
recursal pode adotar os fundamentos da sentença, ou seja, o acórdão 
não precisa ser fundamentado. 
44 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Os embargos declaratórios 
Art. 83. Caberão embargos de declaração 
quando, em sentença ou acórdão, houver 
obscuridade, contradição, omissão ou 
dúvida. 
§ 1º - Os embargos de declaração serão 
opostos por escrito ou oralmente, no prazo 
de cinco dias, contados da ciência da 
decisão. 
§ 2º - Quando opostos contra sentença, os 
embargos de declaração suspenderão o 
prazo para o recurso. 
§ 3º - Os erros materiais podem ser corrigidos 
de ofício. 
Tem os mesmos pressupostos do CPP (ver embargos de declaração há 
muitas folhas atrás). 
Aqui, eles cabem tanto em primeiro quanto em segundo grau, ou seja, em 
face dos juízes e contra a turma. 
O prazo é de cinco dias. 
Os embargos contra a sentença suspendem o prazo para a apelação. 
Habeas Corpus no JECrim 
Cabe Habeas Corpus no JECrim. No entanto, a lei 9099 ignorou suaexistência, não regulando nada sobre ele, o que acabou suscitando 
questões. 
Se o coator (autoridade) for um juiz, qual seria a autoridade competente 
para o julgamento? 
Deduz-se que é o colégio recursal, por ser o órgão imediatamente superior. 
Em São Paulo, há a lei estadual 851/98, que diz isso com todas as letras: 
45 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Artigo 14 - A Turma Recursal compete, além 
do julgamento dos recursos referidos no 
artigo anterior, o dos mandados de 
segurança e de "habeas corpus", quando a 
autoridade coatora for juiz do Sistema dos 
Juizados Especiais, e correições parciais, 
quando relacionadas a decisão também 
emanada do Sistema. 
Acesse a lei estadual aqui: 
http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislac
ao/lei.complementar/1998/lei.complement
ar-851-09.12.1998.html 
Mas e se o coator for o colégio recursal, qual a autoridade responsável 
para julgamento do Habeas corpus? 
A priori, não deveriam ser os tribunais estaduais (TJs), pois não há hierarquia 
entre turma recursal e TJ. Muito pelo contrário, ambos são órgãos 
julgadores em segunda instância. 
No entanto, o STJ também não seria, pois a CF diz: 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de 
Justiça: 
I - processar e julgar, originariamente: 
c) os habeas corpus, quando o coator ou 
paciente for qualquer das pessoas 
mencionadas na alínea "a", ou quando o 
coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, 
Ministro de Estado ou Comandante da 
Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, 
ressalvada a competência da Justiça 
Eleitoral; 
Perceba que a CF diz "tribunal sujeito a sua jurisdição". No entanto, a turma 
não é tribunal! 
46 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
O que sobra então? O STF. Vamos ver o que diz a CF: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal 
Federal, precipuamente, a guarda da 
Constituição, cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente: 
o habeas corpus, quando o coator for 
Tribunal Superior ou quando o coator ou o 
paciente for autoridade ou funcionário 
cujos atos estejam sujeitos diretamente à 
jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou 
se trate de crime sujeito à mesma jurisdição 
em uma única instância; 
Ora, aqui a alínea não menciona tribunal, mas autoridade. Além disso, o 
colégio está na jurisdição do STF. Aliás, isso nem é discutível, pois o próprio 
STF já decidiu: 
STF Súmula nº 640 - 24/09/2003 - DJ de 
9/10/2003, p. 2; DJ de 10/10/2003, p. 2; DJ 
de 13/10/2003, p. 2. 
Cabimento - Recurso Extraordinário - 
Decisão de Juiz de Primeiro Grau - Causas 
de Alçada ou Turma Recursal de Juizado 
Especial Cível e Criminal 
 É cabível recurso extraordinário contra 
decisão proferida por juiz de primeiro grau 
nas causas de alçada, ou por turma 
recursal de juizado especial cível e criminal. 
Por isso, conclui-se que o STF é o competente pra julgar os Habeas corpus 
cuja autoridade coatora seja o colégio recursal. Inclusive o próprio STF 
admitiu isso: 
47 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
STF Súmula nº 690 - 24/09/2003 - DJ de 
9/10/2003, p. 5; DJ de 10/10/2003, p. 5; DJ 
de 13/10/2003, p. 5. 
Competência Originária - Habeas Corpus 
Contra Turma Recursal de Juizados 
Especiais Criminais 
 Compete originariamente ao Supremo 
Tribunal Federal o julgamento de habeas 
corpus contra decisão de turma recursal de 
juizados especiais criminais. (Não 
Prevalência pelos HC 86834-DJ de 9/3/2007, 
HC 89378 AgR-DJ de 15/12/2006 e HC 90905 
AgR-DJ de 11/5/2007 - Determinam 
Competência para Tribunais de Justiça dos 
Estados) 
Muito bem. A questão está pacífica não? Quase! Em razão disso, o STF 
ficou lotado de Habeas corpus. Por isso, atualmente, o STF diz que essa 
súmula foi "superada", e que o entendimento novo é que o órgão 
competente para julgar Habeas corpus em face de colégio recursal é não 
outro que não os Tribunais de justiça! 
A suspensão condicional do processo 
A doutrina chama essa suspensão de SURCIR processual. 
Semelhanças entre SURCIR e SURCIR processual 
Lembrando, o SURCIR material é a suspensão da execução da pena sob 
determinadas condições. 
A suspensão condicional do processo, também há uma suspensão, mas 
não da pena, e sim do processo. 
48 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
O processo então fica suspenso por dois a quatro anos, sendo que durante 
esse período o réu deve cumprir determinadas condições. Se ele cumprir, 
terminado esse período está extinta a punibilidade. 
Se as condições não são cumpridas, revoga-se a suspensão e inicia-se o 
processo. 
Essas foram semelhanças. E as diferenças? Vejamos: 
As diferenças entre SURCIR e SURCIR processual 
O SURCIR serve aos já condenados, enquanto o SURCIR processual serve 
aos réus antes da sentença. 
O SURCIR material é concedido pelo juiz. Aqui, no processual, é um acordo 
entre acusação e defesa, eventualmente homologado pelo juiz. Quem 
propõe é a acusação, podendo o réu aceitar ou não. 
Cabimento 
Caberá na infrações com pena mínima até um ano. Cuidado pois alguns 
crimes que não são de menor potencial ofensivo, e que nem mesmo são 
de competência do JECrim, admitem o SURCIR processual, por ter a pena 
mínima até um ano, como é o caso do furto por exemplo. 
Em outras palavra, deve-se levar em conta para verificar o cabimento 
sempre a pena mínima a que o réu estará sujeito se for condenado por 
todos os crimes em que ele é acusado naquele processo, INCLUINDO AS 
CAUSAS DE DIMINUIÇÃO E AUMENTO. 
Duas súmulas reforçam esse entendimento: 
STJ Súmula nº 243 - 11/12/2000 - DJ 
05.02.2001 
Suspensão do Processo - Concurso Material 
ou Formal ou Continuidade Delitiva - 
Somatório ou Incidência de Majorante - 
Limite Aplicável 
49 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
 O benefício da suspensão do processo 
não é aplicável em relação às infrações 
penais cometidas em concurso material, 
concurso formal ou continuidade delitiva, 
quando a pena mínima cominada, seja 
pelo somatório, seja pela incidência da 
majorante, ultrapassar o limite de um (01) 
ano. 
E... 
STF Súmula nº 723 - 26/11/2003 - DJ de 
9/12/2003, p. 1; DJ de 10/12/2003, p. 1; DJ 
de 11/12/2003, p. 1. 
Suspensão Condicional do Processo - Crime 
Continuado - Admissibilidade 
 Não se admite a suspensão condicional 
do processo por crime continuado, se a 
soma da pena mínima da infração mais 
grave com o aumento mínimo de um sexto 
for superior a um ano. 
Requisitos para obtenção do SURCIR processual 
Requisito objetivo 
O réu não pode estar sendo processado ou já ter sido condenado por outro 
crime em outro processo. 
Atenção pois o retorno à primariedade pela prescrição da reincidência 
não dá direito à suspensão. 
Inquérito policial em andamento não impede a suspensão. 
Processo ou condenação por contravenção também não impede. 
A constitucionalidade deste dispositivo 
A primeira parte desta condição é por muitos considerada inconstitucional 
por violar a presunção de inocência. 
50 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Requisitos subjetivos 
É o cumprimento dos mesmos requisitos do SURCIR, ou seja, os do art. 77, II, 
CP: 
Art. 77. A execução da pena privativa de 
liberdade, não superior a 2 (dois) anos, 
poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 
(quatro) anos, desde que: 
II - a culpabilidade, os antecedentes, a 
conduta social e personalidade do agente, 
bem como os motivos e as circunstâncias 
autorizem a concessão do benefício; 
Proposta 
O SURCIR processual é considerado acordo, sendo que a iniciativa da 
proposta é do autorda ação, ou seja, do MP. 
A lei dá a entender que só pode ser na ação pública. No entanto, a 
jurisprudência tem admitido que na ação privada o querelante proponha 
o SURCIR processual. 
Quando o crime admite a suspensão e a acusação se recusa em propô-
la, ela deve fundamentar sua recusa na ausência de um dos requisitos do 
instituto. 
Se o juiz discordar da recusa, na ação pública, aplica-se a sumula 696, STF: 
STF Súmula nº 696 - 24/09/2003 - DJ de 
9/10/2003, p. 5; DJ de 10/10/2003, p. 5; DJ 
de 13/10/2003, p. 5. 
Reunidos os Pressupostos Legais Permissivos 
da Suspensão Condicional do Processo - 
Propositura Recusada pelo Promotor - Juiz 
Dissentido - Remessa ao Procurador-Geral - 
Analogia 
51 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
 Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional 
do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, 
dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por 
analogia o art. 28 do Código de Processo Penal. 
Então remete-se os autos ao procurador geral de justiça, para que ele 
decida. 
Na ação privada, se o querelante recusar não se há o que fazer. 
Momento da proposta 
A proposta é oferecida junto da inicial. 
Termos da proposta 
A proposta deve conter o seguinte: 
 O tempo da suspensão (chamado período de prova, de dois a 
quatro anos); 
 As condições a serem cumpridas 
Aceitação 
Oferecida a proposta o juiz designa uma audiência, intimando o réu para 
que venha acompanhado de defensor. 
Se o réu não comparecer, esta frustrada a proposta. Se o réu vier sem 
defensor o juiz nomeia um na hora. Na audiência o juiz explica ao réu o 
que é a suspensão e quais as condições. 
A aceitação deve ser tanto do réu quanto do defensor. Se houver 
divergência, prevalece a vontade do réu. 
Se o réu aceitou, o juiz verificará se é o caso de receber a denúncia e 
homologar a suspensão. 
Obs.: suspendido o processo, suspende-se também a prescrição. 
A previsão legal da suspensão condicional do processo está na 9099: 
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima 
cominada for igual ou inferior a um ano, 
52 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério 
Público, ao oferecer a denúncia, poderá 
propor a suspensão do processo, por dois a 
quatro anos, desde que o acusado não 
esteja sendo processado ou não tenha sido 
condenado por outro crime, presentes os 
demais requisitos que autorizariam a 
suspensão condicional da pena. 
Condições obrigatórias 
§ 1º - Aceita a proposta pelo acusado e seu 
defensor, na presença do Juiz, este, 
recebendo a denúncia, poderá suspender 
o processo, submetendo o acusado a 
período de prova, sob as seguintes 
condições: 
I - reparação do dano, salvo 
impossibilidade de fazê-lo; 
Haverá na proposta um prazo para reparação do dano, devendo o 
beneficiado fazê-lo ou apresentar justificativa que o impossibilitou de fazer. 
II - proibição de freqüentar determinados 
lugares; 
III - proibição de ausentar-se da comarca 
onde reside, sem autorização do Juiz; 
IV - comparecimento pessoal e obrigatório 
a juízo, mensalmente, para informar e 
justificar suas atividades. 
Os demais incisos são auto explicativos. 
As condições desse parágrafo são obrigatórias, sendo requisito de 
validade do SURCIR. 
53 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Condições facultativas 
§ 2º - O Juiz poderá especificar outras 
condições a que fica subordinada a 
suspensão, desde que adequadas ao fato 
e à situação pessoal do acusado. 
As condições desse parágrafo são facultativas, podendo essas serem 
exigidas além das obrigatórias. 
Note que essas condições são facultativas para o AUTOR DA PROPOSTA, e 
não para o réu. Ou seja, se elas forem propostas e aceitas, o cumprimento 
será obrigatório pelo aceitante. 
Essas condições podem ser pedidas a critério do autor, mas elas devem 
guardar relação com o crime. 
Causas de revogação da suspensão 
Causas obrigatórias 
São causas que, acontecendo, o juiz deverá obrigatoriamente revogar a 
suspensão. 
§ 3º - A suspensão será revogada se, no 
curso do prazo, o beneficiário vier a ser 
processado por outro crime ou não efetuar, 
sem motivo justificado, a reparação do 
dano. 
Portanto, são duas as causas obrigatórias: 
 O réu no curso da suspensão é processado por outro crime 
(considera-se outro processo pra esses efeitos o momento a partir do 
recebimento da denúncia/queixa. 
 O réu, após o prazo para reparação, não reparar o dano e não 
apresentar justificativa, ou, apresentada, não for acolhida pelo juiz; 
Causas facultativas 
São causas de revogação da suspensão que o juiz pode optar entre 
revogar ou não. 
54 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
§ 4º - A suspensão poderá ser revogada se 
o acusado vier a ser processado, no curso 
do prazo, por contravenção, ou descumprir 
qualquer outra condição imposta. 
 Se o réu, no curso da suspensão, vier a ser processado por 
contravenção; 
 O descumprimento de qualquer outra condição obrigatória ou 
facultativa. 
Nas causas facultativas, a decisão do juiz deve ser fundamentada. 
Extinção da punibilidade 
§ 5º - Expirado o prazo sem revogação, o 
Juiz declarará extinta a punibilidade. 
Se durante o prazo da suspensão não houve notícia de nenhuma infração 
ou nenhuma causa de revogação da suspensão, estará extinta a 
punibilidade. 
Discute-se se após o término do prazo, sobrevindo a notícia de uma causa 
de revogação que ocorrera durante o prazo, poderia o juiz revogar a 
suspensão. Ex.: terminado o prazo mas ainda não declarada extinta a 
punibilidade, vem aos autos uma folha de antecedentes que traz a notícia 
de que durante o prazo já terminado fora instaurado contra o réu um 
processo por outro crime. 
Há duas correntes: 
A 1ª entende que o fim do prazo sem revogação é a causa extintiva da 
punibilidade. A decisão do juiz que vem depois apenas declara que a 
punibilidade estava extinta no momento em que o prazo terminou. Se a 
punibilidade já se extinguiu, a suspensão não pode ser revogada. 
No entanto, prevalece, inclusive no STJ, um 2º entendimento, de que nesta 
hipótese, o juiz pode revogar a suspensão após o termino do prazo desde 
que ainda não tenha declarado extinta a punibilidade. 
55 
 
Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti 
 
Disposições finais do artigo 
§ 6º - Não correrá a prescrição durante o 
prazo de suspensão do processo. 
§ 7º - Se o acusado não aceitar a proposta 
prevista neste artigo, o processo prosseguirá 
em seus ulteriores termos. 
Auto explicativas. 
Procedimento da lei de drogas 
É a lei 11.343/2006. 
A lei 11.343/2006 vem para regulamentar perante o direito penal os crimes 
relacionados às drogas e os procedimentos deles. 
A lei ela se subdivide em dois grandes grupos, sendo um para as infrações 
menos graves (que atinge os usuários) e outro para as infrações mais 
graves (que atinge os traficantes). 
Há diferenças procedimentais entre crimes. Nós temos nessa lei crimes 
mais graves e outros menos graves. 
O procedimento do crime do artigo 28 
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em 
depósito, transportar ou trouxer consigo, 
para consumo pessoal, drogas sem 
autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar será 
submetido às seguintes penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento 
a programa ou curso educativo. 
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Processo penal pt.

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