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Sartre Fichamento

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Alexandre Donizete Roque – 5° Semestre do curso de Filosofia – U.E – Lorena.
Fichamento: O existencialismo é um Humanismo.
[...] existencialismo [...] acusaram-no de incitar as pessoas a permanecerem no imobilismo do desespero; todos os caminhos estando velados, seria necessário concluir que a ação é totalmente impossível neste mundo; tal consideração desembocaria, portanto, numa filosofia contemplativa – o que, alias, nos reconduz a uma filosofia burguesa, visto que a contemplação é um luxo. (p. 2)
[...] concebemos o existencialismo como uma doutrina que torna a vida humana possível e que, por outro lado, declara que toda verdade e toda ação implicam um meio e uma subjetividade humana. (p. 2)
Será que, no fundo, o que amedronta na doutrina que tentarei expor não é o fato de que ela deixa uma possibilidade de escolha para o homem? (p. 3)
[...] o existencialismo, na realidade, é a doutrina menos escandalosa e a mais austera; [...] (p. 3)
[...] o homem existe, encontra a si mesmo, surge no mundo e só posteriormente se define. O homem, tal como o existencialista o concebe, só não é passível de uma definição porque, de inicio, não é nada: só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de sim mesmo. (p. 4)
O homem nada mais é do que ele faz de si mesmo [...] Desse modo, o primeiro passo do existencialismo é o de pôr todo homem na posse do que ele é de submetê-lo à responsabilidade total de sua existência. Assim, quando dizemos que o homem é responsável por si mesmo, não queremos dizer que o homem é apenas responsável pela sua estrita individualidade, mas que ele é responsável por todos os homens. (p. 4 – 5)
Subjetivismo [...] impossibilidade em que o homem se encontra de transpor os limites da subjetividade humana. É esse [...] significado que constitui o sentido profundo do existencialismo. (p. 5)
Não é possível que não exista certa angústia na decisão tomada [...] é a própria angústia que constitui a condição de [...] ação [...] ela pressupõe que [...] encarem a pluralidade dos possíveis [...] ao escolher um caminho [...] se dêem conta de que ele não tem nenhum valor a não ser o de ter sido escolhido. (p. 6)
[...] o homem, sem apoio e sem ajuda, está condenado a inventar o homem a cada instante. (p. 7)
[...] somos nós mesmos que escolhemos o nosso ser. (p. 9)
Não posso, [...] contar com os homens que não conheço, fundamentando-me na bondade humana ou no interesse do homem pelo bem da sociedade, já que o homem é livre e que não existe natureza humana na qual possa me apoiar. (p. 10)
[...] as coisas serão como o homem decidir que elas sejam. Isso significa que eu deva abandonar-me ao quietismo? De modo algum. Primeiro, tenho que me engajar; em seguida, agir [...] “não é preciso ter esperança para empreender”. Isso não quer dizer que eu não deva pertencer a um partido, mas que não deverei ter ilusões e que farei o melhor que puder. (p. 10)
[...] a realidade não existe a não ser na ação; aliás, vai mais longe ainda, acrescentando: o homem nada mais é do que o seu projeto; só existe na medida em que se realiza; não é nada além do conjunto de seus atos, nada mais que sua vida. (p. 11)
O que conta é o engajamento total, e não é com um caso particular, uma ação particular, que alguém se engaja totalmente. (p. 12)
[...] nós nos apreendemos a nós mesmos perante o outro, e o outro é tão verdadeiro para nós quanto nós mesmos. Assim, o homem que se alcança diretamente pelo cogito descobre também todos os outros, e descobre-os como sendo a própria condição de sua existência. [...] Para obter qualquer verdade sobre mim, é necessário que eu considere o outro. [...] indispensável à minha existência tanto quanto, [...] ao conhecimento que tenho de mim mesmo. (p. 13)
[...] princípios abstratos demais não conseguem definir a ação. (p. 17)
Antes de alguém viver, a vida, em si mesma, não é nada; é quem a vive que deve dar-lhe um sentido; e o valor nada mais é do que esse sentido escolhido. Pode constatar-se, assim, que é possível criar uma comunidade humana. (p. 17)
[...] é preciso que o homem se reencontre e se convença de que nada pode salvá-lo dele próprio [...]. (p. 18)
O homem apresenta-se como uma escolha a ser feita. [...] ele não se define anteriormente a si mesmo, mas em função do seu presente individual. (p. 21)
Resenha 
No texto escrito no período da Segunda Guerra Mundial, onde marxistas e cristãos fazem acusações ao existencialismo, pois ele partindo da afirmação da subjetividade humana, negaria na visão marxista o princípio de solidariedade (justiça) e na ideia cristã a moral, Sartre tem a pretensão de defendê-lo de tais acusações. Sartre relaciona a compreensão de existência humana à existência de um corta-papel. Ora, antes de existir como objeto, o corta-papel possuía conceito e objetivo. O instrumento já dispunha de uma função antes mesmo de materializar-se. Neste caso a essência precedeu a existência. O conceito de homem está para Deus como o corta-papel está para o homem. 
No existencialismo ateu defendido pelo filósofo francês, no entanto, o homem constrói sua essência depois de existir e se encontrar no mundo em que está, ou seja, o homem será aquilo que se tornar, aquilo que se fizer, este é o princípio norteador do existencialismo. A partir do momento que se pensa na existência precedendo a essência, se pensa também no homem enquanto responsável pelo que é e pelo que pode vir a ser, entendendo-se assim então que: somos livres, pois construímos nossa essência e somos os únicos donos de nosso destino.
A questão levantada por Sartre é que o homem é paradoxalmente livre e condenado a liberdade. Isto é, primeiro o homem é condenado, pois não cria a si próprio; depois é tido livre, pois uma vez lançado ao mundo, se torna somente aquilo que fizer dele mesmo. Essa conjuntura colocada pelo filósofo, remete-se a uma instância do pensamento existencialista, a angústia. Sendo evidente a ideia de liberdade humana, tem-se então a necessidade de escolhas. Mais: as escolhas são obrigatórias, considerando que não escolher já é uma escolha. A angústia surge na confluência entre responsabilidade coletiva e individual sobre as decisões. 
Outra característica da “condenação a liberdade” (Sartre) é o desamparo. Sartre chama de desespero a ausência de um juízo crítico de certeza, um indicador de valores ou ordens que guiaria o homem em sua existência. Primariamente, o homem está sozinho e não há garantias ou valores absolutos para apoiar suas decisões. Depois, é possível ir além: os sinais não existem, pois o homem irá decifrá-lo conforme melhor lhe parecer. O homem é obrigado a decidir sozinho e nisto se baseia o desamparo: ele não encontra ao que se agarrar dentro e fora de si. 
Se cada homem é livre e obrigado a fazer escolhas, então as escolhas estão interligadas entre si, ou seja, o existencialismo não se configura como uma filosofia subjetivista, mas antes comprometida com os outros. Essa situação de interligação funde-se ao que ele compreende como desespero, isto é, a sensação de que apesar de ser livre, não se pode contar unicamente com as próprias escolhas em vista que o outro também é livre. 
Para Sartre, não há nada mais covarde de que negar a liberdade – vida inautêntica – escondendo-se atrás de desculpas para não exercê-la pois é difícil, angustiante, desesperadora. O covarde age de má fé, rejeitando a ideia de que é livre para poder se agarrar aos pretextos e essências que tornam sua vida mais cômoda, simples.
Portanto, na compreensão sartreana, o existencialismo não se trata de uma doutrina pessimista, pelo contrário, ela coloca o destino do homem nele mesmo. Suprimida a ideia de Deus, cabe ao homem determinar os valores e encarar a realidade. Ao que parece a grande insatisfação por parte dos críticos dessa filosofia reside exatamente na “possibilidade de escolha ao ser.” (Sartre) característica desta doutrina. 
Referência bibliográfica
SARTRE, Jean-Paul. Trad. Rita Correia Guedes, in Os Pensadores, São Paulo, NovaCultural,1987.

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