Buscar

TEORIA GERAL DO PROCESSO - TGP - UNICAP - UBIRATAN

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 75 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 75 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 75 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO 
PROFESSOR UBIRATAN – TEORIA GERAL DO PROCESSO (2016.2) I GQ 
 
MODOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 
 
■ Conceituação 
 
Conflito: há porque uma pessoa 
 
a) Ou deixa de satisfazer pretensão de outra, quando poderia 
voluntariamente antedê-la (ex: reparar dano causado). 
 
b) Ou está proibida de satisfazê-la, mesmo a querendo espontaneamente 
(ex: punição penal). 
 
c) Ou se insurge contra a aplicação do direito pretendido por seu 
adversário (quer seja aplicado outro: legítima defesa ao invés de 
homicídio, por exemplo). 
 
■ Especificação 
 
 
 
Apreensão conceitual: solução resultante de poder decisório, exercido pelos 
próprios sujeitos, individual ou coletivamente, em conflito. 
 
Características: parcialidade da solução. O conflito é resolvido pelas próprias 
partes, seja individual ou coletivamente. 
 
Espécies: 
AUTOTUTELA OU AUTODEFESA 
 
Apreensão conceitual: solução decisória imposta por apenas um dos sujeitos 
do embate. Em outras palavras, a pessoa tutela a si próprio. Trata-se da 
exceção, e não da regra: se assim não fosse, equivaleria a legitimar a justiça 
com as próprias mãos. Só pode ser aplicado se estiver previsto no 
ordenamento jurídico. 
 
- Autodefesa: óbice (evitamento) à agressão. 
- Autotutela: revide à agressão. 
 
Justificativas: 
1. Impossibilidade da presença do Estado-juiz sempre que um direito esteja 
sendo violado ou na iminência de sê-lo. 
2. Ausência de confiança no altruísmo ensejador de possível 
autocomposição. 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
Exemplificação: 
 
• Direito Administrativo: auto-executoriedade dos atos administrativos. 
 
A auto-executoriedade consistirá na possibilidade de que certos atos 
administrativos ensejem imediatamente a direta execução pela Administração, 
sem necessitar contar com ordem judicial, pois tal execução é vista como 
legítima. Em outras palavras, o Poder Público poderá coagir o administrado, 
materialmente, ao cumprimento daquela obrigação, através de meios próprios. 
O Estado não pode, porém, auto-executar uma cobrança de tributo, por 
exemplo, pois isso precisa ser feito judicialmente. 
 
• Direito Civil 
 
a) Desforço possessório imediato (art. 1210, § 1º do CC). 
 
Caso em que uma pessoa é ameaçada de ser desapossada. Para cessar a 
ameaça, há a ação de manutenção de posse. O esbulhado, já desapossado, 
entra com uma ação de reintegração de posse. 
 
§ 1º : “O possuidor turbado (ameaçado), ou esbulhado (desapossado), poderá 
manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo”. Os 
atos de defesa ou de desforço não podem, dessa forma, ir além do 
indispensável à manutenção ou à restituição de posse. 
 
b) Corte de raízes e ramos limítrofes ultrapassadores da extrema do prédio 
(art. 1283 do CC). 
 
Dispõe tal artigo que, as raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a 
extrema (divisão) do prédio, poderão ser cortados, até o plano vertical divisório, 
pelo proprietário do terreno invadido, sem autorização necessária para tal. 
 
c) Direito de retenção (art. 578, 644, 1219 e 1433, II, do CC). 
 
O direito de retenção tem a função de garantia, que se exercita através de uma 
autodefesa: o devedor, ao mesmo temo credor por uma relação creditória 
inerente à prestação que está obrigado a realizar, retém a coisa, até que lhe 
seja efetuado o pagamento da que, a seu turno, lhe é devida pela outra parte 
contratante. 
 
Exemplo: Maria mora em um imóvel alugado e, certo dia, uma forte tempestado 
levou boa parte do telhado. Ela, assim, procura o locador e ele diz que “Isso é 
problema seu, Maria! Eu não vou pagar nada”. Maria, assim, poderá fazer o 
serviço e, quando fosse a hora de restituir o imóvel, no término da locação, ela 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
se reteria do imóvel pelos dias correspondentes a despesa que não lhe foi 
ressarcida. Também poderia ocorrer a hipótese de o locador propor que Maria 
fizesse o serviço e tais despesas seriam descontadas do preço do aluguel. 
 
Obs: O direito de retenção só serve para as benfeitorias necessárias. 
 
Art. 578. Salvo disposição em contrário, o locatário goza do direito de retenção, no caso de benfeitorias 
necessárias, ou no de benfeitorias úteis, se estas houverem sido feitas com expresso consentimento do 
locador. 
 
Art. 644. O depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague a retribuição devida, o líquido valor 
das despesas, ou dos prejuízos a que se refere o artigo anterior, provando imediatamente esses prejuízos 
ou essas despesas. 
 
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem 
como, quanto às 
voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá 
exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. 
 
Art. 1.433. O credor pignoratício tem direito: 
II - à retenção dela, até que o indenizem das despesas devidamente justificadas, que tiver feito, não 
sendo ocasionadas por culpa sua; 
 
d) Penhor legal (art. 1467 do CC). 
 
O penhor é uma espécie de garantia (bem móvel). Diferentemente da hipoteca 
que tem como garantia um bem imóvel. O penhor legal, por sua vez, são 
garantias instituidas por lei e independem da vontade das partes. 
 
Art. 1.467. São credores pignoratícios, independentemente de convenção: 
 
I - os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre as 
bagagens, móveis, jóias ou dinheiro que os seus consumidores ou fregueses 
tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas 
ou consumo que aí tiverem feito; 
 
Exemplo: Um homem aluga um quarto de uma pousada e, após passar um 
mês no estabelecimento, na hora de pagar, ele afirma que não tem dinheiro. A 
pousada pode retirar do homem alguns bens equivalentes ao valor que ele não 
pôde pagar. 
 
II - o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro ou 
inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio, pelos aluguéis ou rendas. 
 
e) Legítima defesa e estado de necessidade (arts. 188, I e II, 929 e 930 do 
CC). 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
• Direito Internacional: agressão bélica, ocupação, invasão, intervenção 
(inclusive econômica) e julgamento de inimigos por tribunais de 
adversários); 
 
• Direito Penal: legítima defesa e estado de necessidade (arts. 23 a 25 do 
CP); 
 
Depois que tais atos acontecerem, precisam ser submetidos ao privo do 
Judiciário para ser visto se houve ou não excesso. Caso exista, responderá 
o responsável. São atos típicos, mas não antijurídicos. 
 
• Direito Processual Penal: prisão em flagrante (arts. 5º, LXI da CF e 301 
do CPP); 
 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de 
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. 
 
Se em flagrante delito, qualquer pessoa que surpreenda a prática criminosa 
pode prender quem está cometendo. A atividade de quem prende se limita 
em imobilizar, prender, chamar duas testemunhas e entregar o criminoso 
para uma autoridade policial competente. 
 
• Direito Trabalhista: “lock-out” (art. 722 da CLT) e greve (Lei nº 7.783/89). 
 
A greve é uma forma de solucionar conflitos. Fala-se aqui da greve que que 
não chega aos tribunais pois, aqui, os conflitos são resolvidos antes disso, 
ou seja, uma das partes impõe uma solução. As greves que chegam aos 
tribunais fazem parte do grupo heterônomo de solução de conflitos. 
 
Nada impede que haja casos de greve que comecem em autotutela e 
terminem em autocomposição, pois as parteschegam a entrar em um 
acordo. 
 
A evidente diferença entre a greve e o lock-out, é que este, diante da atitude 
do empregador, atinge todos funcionários da empresa, pois trata-se de uma 
ato de “fechar as portas” da empresa não permitindo que nenhum 
funcionário adentre, independente da classe, função e hierarquia. Não 
deixa de ser um ato de defesa do empregador. Faz com que os 
empregados não trabalhem acarretando em prejuízo financeiro ao final do 
mês, pois o empregador, de costume, desconta os dias paralisados (não 
trabalhados pelos empregados) diante de seu ato unilateral. 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
Por tal circunstância é que nossa legislação não regulamenta o lock-out, ou 
seja, não trata-se de um direito, entretanto, diante da liberdade de atos que 
todos temos garantidos constitucionalmente, existe de modo indireto a 
liberdade de assim proceder, desde que devidamente explicada a 
necessidade. 
 
Em tal ponto surge a principal diferença em relação à greve, já que essa se 
inicia (para ser tida como legal) mediante edital de convocação ou em ata 
de reunião da assembléia sindical, dando plena liberdade a quem quiser 
aderir. Ou seja, enquanto no primeiro todos os funcionários são atingidos, 
no segundo, somente àqueles que quiserem aderir, sendo livre. 
 
O que vem acontecendo é que trabalhadores querem validar suas greves 
por meio do argumento indireto de lock-out. Vejamos: os trabalhadores 
fazem protestos, digamos abusivos, ocorrendo com que o trabalhador tenha 
que fechar as portas para se defender diante da ameaça de depredação do 
patrimônio. De tal modo, o ato de defesa do fechamento das portas não é 
tido como lock-out, pois originou de ilegalidade dos empregados e não 
patronal, ou seja, não foi um ato unilateral, ressalvando entendimentos 
diversos. 
 
Outrora, algum empregadores também agem de maneira inversa, após 
deflagração da greve, argumentam na necessidade de fechamento da 
portas sem contudo comprovar a real necessidade, operando assim o 
verdadeiro lock-out, atingindo todos os empregados da empresa, mesmo 
aqueles não optantes pela greve. 
 
Assim, finalizando o assunto, tecemos e chegamos à conclusão que o lock-
out é um ato unilateral do empregador que consiste no fechamento de suas 
portas não permitindo a entrada de nenhum funcionário, causando assim 
prejuízos aos trabalhadores e, por tal motivo, nossa legislação não aceita e 
a declara como ilegal obrigando o empregador a arcar com os ônus de sua 
unilateral paralisação que afeta terceiros. Já a greve é ato de vontade, 
garantido constitucionalmente, com o fito de resguardar eventuais direitos 
dos empregadores, como melhoria salarial, de condições de laboro, 
horários e etc. 
 
Observação crítica de ALVIM, J. E. Carreira: “Esta forma de resolução 
dos conflitos é altamente perniciosa, a uma, porque não satisfaz os ideais 
de justiça, visto que o mais forte logrará sempre satisfação do próprio 
interesse, e, a outra, porque, envolvendo inicialmente dois contendores, 
pode transformar o conflito numa verdadeira guerra”. 
 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
AUTOCOMPOSIÇÃO 
 
 
Apreensão conceitual: solução consensual obtida por decisão a que 
chegam os próprios sujeitos do embate. 
 
A autocomposição não é permitida em todas as situações, como por exemplo 
nos crimes de ação pública, como o homicídio etc; é permitida, porém, em 
situações como pagamento de dívida. 
 
A autocomposição é um método de resolução de conflitos entre pessoas e 
consiste em: um dos indivíduos, ou ambos, abrem mão do seu interesse por 
inteiro ou de parte dele. Portanto, pode-se afirmar que é um ajuste de 
vontades entre as partes, podendo haver a participação de terceiros 
(conciliador ou mediador), podendo participar até mesmo um juiz, mas não é 
ele quem decide. A autocomposição pode ocorrer de três formas: 
 
 DESISTÊNCIA: consiste em dar inicio 
á proteção do Direito lesado ou 
ameaçado de lesão, e desistir de 
protegê-lo (renúncia à pretensão). 
 SUBMISSÃO: consiste na aceitação de resolução de conflito 
oferecido pela parte contraria. (renúncia à resistência oferecida à 
pretensão) 
 TRANSAÇÃO: consiste na troca equilibrada e recíprocas entre as 
partes. (concessões recíprocas) 
 
Justificativas: 
 - Altruismo, virtude humana, de um ou de ambos os sujetos do conflito. 
 - Crença de que a solução das partes pode ser melhor que a de terceiro. 
 
No mais, a autocomposição, NO GERAL, tem como: 
■ Pressuposto de admissibilidade: apenas conflitos que versem sobre direitos 
disponíveis, salvo na hipótese de transação adesiva, que admite certos direitos 
indisponíveis. 
■ Classificação possível: 
• Quanto a quem, não sendo parte, pode concorrer para sua realização: 
a) Conciliador 
b) Mediador 
c) Ministério Público, quando atua no processo como fiscal da lei (custos legis) 
• Quanto ao local da sua ocorrência: 
a) Endoprocessual: no curso do proocesso judicial. 
b) Extraprocessual: fora do processo judicial. 
 
■ EXTRAJUDICIAL = PRÉ-PROCESSUAL 
= PREVENTIVA 
■ JUDICIAL = PROCESSUAL = 
ENDOPROCESSUAL = INCIDENTAL 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
Tipologia: 
 
CONCILIAÇÃO (apenas em conflitos não penais): É um meio 
alternativo de resolução de conflitos em que as partes confiam a uma terceira 
pessoa (neutra), o conciliador, a função de aproximá-las e orientá-las na 
construção de um acordo. Em outras palavras, é a possibilidade de realização 
de acordo entre as partes antes do início de ação judicial ou durante o 
andamento de um processo. 
 
O conciliador procura obter uma transação/acordo entre as partes (mutuas 
concessões), ou a submissão de um à pretensão do outro (no processo civil 
pelo “reconhecimento do pedido”), ou a desistência da pretensão (renúncia). 
Nas conciliações endoprocessuais, pode-se chegar à mera “desistência da 
ação”, ou seja, a revogação da demanda inicial para que o processo se extinga 
sem que o conflito receba solução alguma. Todos serão vistos lá na frente. 
 
Conforme o momento em que for feito o acordo, a conciliação pode se dar na 
forma processual (endoprocessual), quando a lide já está instaurada, ou pré-
processual (extraprocessual), também denominada informal, quando os 
conflitos ainda não foram jurisdicionalizados. 
 
■ Conciliação Judicial: A conciliação é judicial quando se dá em conflitos 
já ajuizados, nos quais atua como conciliador o próprio juiz do processo ou 
conciliador treinado e nomeado. Aqui, o procedimento é iniciado pelo 
magistrado ou por requerimento da parte, com a designação de audiência e 
a intimação das partes para o comparecimento. Em outras palavras, ocorre 
dentro do processo judicial, é um procedimento próprio da jurisdição, ou 
seja, a conciliar é uma atividade jurisdicional e legalmente instituída. 
 
Promover a conciliação é um dever legal do Juiz, todavia os juízes não 
foram e em geral, não são capacitados, a empregar os necessários e 
adequados para a realização da conciliação; ao contrário, são capacitados 
essencialmente para julgar. 
 
■ Conciliação Extrajudicial: Na conciliação pré-processual, a parte 
comparece à unidade do Poder Judiciário apta a atendê-la – no, caso, as 
unidades de conciliação já instaladas ou os Juizados Especiais –, que 
marca uma sessão na qual a outra parte é convidada a comparecer. Na 
efetivação do acordo, o termo da audiência se transforma em título judicial. 
Assim, ocorrendo a conciliação propriamente dita, ou seja, o entendimento 
para a solução da controvérsia, e se desejarem uma maior segurança 
quanto ao foi acordado, as partes podem solicitar ao judiciário a 
homologação por sentença do mesmo. Na falta de acordo, é dado o 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDOUNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
encaminhamento para o ingresso em juízo pelas vias normais, ou seja, se 
não houver êxito, as partes podem encaminhar ao Poder Judiciário, 
instituindo a conciliação endoprocessual. *Duvida se é pode ou deve. 
 
Em outras palavras, ocorre quando as partes, antes da instauração do 
processo, visam por fim ao litígio existente de forma a não precisarem 
solicitar a intervenção estatal por meio da jurisdição. “Esse procedimento 
se constitui em um método de prevenção de litígios e funciona como opção 
alternativa ao ingresso na via judicial, objetivando evitar o alargamento do 
número de demandas nos foros e a abreviação de tempo na solução das 
pendências, sendo acessível a qualquer interessado em um sistema 
simples ao alcance de todos”. 
 
A conciliação, no geral, pode ser feita: 
 
► Pelo próprio Juiz Estadual ou Federal (art. 139, V do CPC) e do 
Trabalho (arts. 846 e 850 da CLT). 1 
 
a) Atualmente 
b) Enquanto inexistirem os conciliadores 
c) Mesmo após a utilização ineficaz de outros métodos de solução consensual 
(art. 359 do CPC). 
 
Art. 359. Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as partes, independentemente 
do emprego anterior de outros métodos de solução consensual de conflitos, como a 
mediação e a arbitragem. 
 
Como ocorre: 
 
→ Na Justiça Tradicional: Juiz de Direito da comarca e o Juiz Federal. O 
CPC impõe que a primeira audiência em que as partes ficarem frente a frente 
será uma audiência de conciliação mas, ao invés de ser na presença de um 
conciliador, será na presença do próprio juiz. Se essa audiência de conciliação 
é eficaz, o juiz dita os termos, lê para as partes, as partes e os advogados 
 
1 Minha dúvida: o juiz só poderá mediar nos casos de conciliação processual? 
 
(CPC)Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: 
V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; 
 
(CLT)Art. 846 - Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação. 
(CLT)Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez) 
minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, 
será proferida a decisão. 
 
(CPC)Art. 359. Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as partes, independentemente do emprego anterior de outros 
métodos de solução consensual de conflitos, como a mediação e a arbitragem. 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
assinam e o juiz extingue o processo. Consequentemente que nesse caso JÁ 
HÁ PROCESSO, ou seja, é endoprocessual. Quando a tentativa é frustrada, o 
juiz suspende a audiência e adia obrigatoriamente para outra data, para que 
ela continue como audiência de instrução, pois ele vai colher as provas orais e 
dar continuidade ao processo. 
 
O Código de Processo Civil atribui ao juiz o dever de “tentar, a 
qualquer tempo, conciliar as partes” (art. 125, IV) e, em seu 
procedimento ordinário, inclui-se uma audiência preliminar (ou 
audiência de conciliação) na qual o juiz, tratando-se de causas 
versando direitos disponíveis*, deverá tentar a solução 
conciliatória antes de definir os pontos controvertidos a serem 
provados (embora, na prática, os juízos cíveis denotem forte 
impulso a não se empenhar em conciliação alguma). (CINTRA, 
GRINOVER, DINAMARCO, 2014, p.49). 
 
Nos Juizados Especiais Estaduais e Federais, nas conciliações 
extraprocessuais, as partes se encontram com o conciliador antes do réu se 
defender. Só haverá resposta do réu (defesa) se a tentativa de negociação for 
ineficaz. Sendo ineficaz, o réu apresenta a sua contestação e o processo vai 
continuar perante a pessoa do juiz de Direito na Justiça Tradicional, ou seja, 
passa a ser endoprocessual. Nesse último caso, a conciliação pode ocorrer 
logo depois que a contestação (peça que comporta toda a defesa do réu) é 
apresentada, e quem funciona como conciliador é o Juiz de Direito. O juiz, aqui, 
pergunta se é possível uma conciliação e deixa as partes negociarem perante 
sua presença. Nos casos da Justiça do Trabalho, há duas oportunidades de 
conciliação (antes e depois de colher a prova), como se verá adiante. 
 
OBS: Nos Juizados Especiais, a conciliação é um dos seus fundamentos. 
Todas as causas iniciam pela conciliação (Lei 9.099/95). 
 
Quando a demanda é proposta no juizado, a primeira vez em que as partes se 
encontram no fórum é diante do conciliador e não diante do juiz. Trata-se dos 
casos extraprocessuais, ainda. O conciliador vai propor a solução pactuada do 
conflito: se for eficaz, o conciliador elabora um termo de conciliação a partir do 
que foi pactuado (“reduzir a termo as palavras”) e leva para o juiz homologar; 
se ineficaz, o processo vai prosseguir com a escuta das testemunhas, com a 
audiência de instrução etc. 
 
→ Na Justiça do Trabalho: Nesse caso, também é o o juiz (do trabalho) que 
propõe ao empregado e ao empregador a conciliação. Se essa ocorrer, 
encerra-se o processo; se não, o processo prossegue. Nesse processo laboral 
(processo que segue as leis trabalhistas), porém, há uma peculiaridade que o 
difere do item anterior: o juiz propõe obrigatoriamente a conciliação duas 
vezes, sob pena de nulidade. A primeira tentativa é de conciliação é no mesmo 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
momento que acontece o processo civil (antes da produção probatória) e parte 
do juiz; a segunda tentativa é depois da coleta das provas orais, quando o juiz 
faz novamente a pergunta para que havesse a possibilidade de acordo. 
 
► Por Comissão de Conciliação Prévia ao juízo laboral (Lei 9.958/2000). 
 
A criação das Comissões de Conciliação Prévia, assim como dos juizados 
especiais de pequenas causas trabalhistas, é uma reivindicação antiga da 
doutrina, com o objetivo de desafogar a Justiça do Trabalho do excessivo 
número de processos e descentralizar o sistema de composição dos conflitos. 
A Comissão de Conciliação Prévia - CCP é um espaço de negociação e 
solução de conflitos trabalhistas entre empresas e trabalhadores, antes de se 
ingressar na Justiça do Trabalho com reclamação trabalhista. Pode-se dizer 
que é um “organismo de conciliação extrajudicial, de composição paritária, no 
âmbito das empresas ou grupo de empresas e no âmbito dos sindicatos, não 
possuindo qualquer relação administrativa ou jurisdicional com o Ministério do 
Trabalho e Emprego ou com a Justiça do Trabalho e não estando subordinados 
a qualquer registro ou reconhecimento de órgãos públicos”. 
 
Em síntese, pode-se concluir que a CCP é um instituto privado e facultativo, 
onde se busca a conciliação de empregado e empregador sem a interferência 
do poder estatal, podendo ser constituída no âmbito sindical ou no âmbito das 
empresas. Conciliado as partes, privilegiou a autonomia da vontade destas, 
impossibilitando, assim, que um terceiro proferisse uma decisão para o conflito. 
 
Aceita a conciliação, será lavrado termo assinado pelo empregado, pelo 
empregador ou seu preposto e pelos membros da Comissão, fornecendo-se 
cópias às partes. O termo de acordo na Comissão de Conciliação Prévia é 
título executivo extrajudicial, cuja competência para apreciá-lo é da Justiça do 
Trabalho. Feita a conciliação na CCP, o título tem eficácia liberatória geral em 
relação aos direitos trabalhistas, exceto quanto às parcelas expressamente 
ressalvadas. 
 
OBS: Demanda trabalhista será submetida à comissão (obrigatoriedade): 
Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à Comissão de 
Conciliação Prévia se, na localidade da prestação de serviços, houver sido 
instituída a Comissão no âmbitoda empresa ou do sindicato da categoria, 
consoante o disposto no art. 625-D da CLT. 
 
Exemplo prático: Termina-se um contrato de trabalho havendo a sua 
homologação no ministério do trabalho. Depois de homologado, o ex-
empregado percebe que faltou uma verba ou mais de uma verba trabalhista. 
Ele procura a empresa, então, que alega que não se pode fazer mais nada, 
visto que já foi homologado. O ex-empregador contesta, dizendo que vai abrir 
uma demanda trabalhista. A lei prevê, assim, uma Comissão paritária formada 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
por representantes da categoria econômica do empregador da própria empresa 
e representantes do empresariado para estimular a conciliação. Se essa 
atividade der frutos, elabora-se a conciliação, os litigantes e todos os membros 
da comissão assinam, evitando, assim, que o processo chegue à justiça do 
trabalho. 
Como se trata de uma lei muito recente, não se sabe se ela vai dar muitos 
frutos por ser uma questão de costume/prática cultural ingressar diretamente 
no judiciário. No ABC Paulista, por exemplo, há um maior exo da comissão 
prévia de conciliação, visto a grande militância sindical presente. 
 
► Por Conciliador 
 
a) Conciliador do Juizado Especial Estadual (arts. 21-26 da Lei 9.099/1995) e 
do Juizado Especial Federal (arts. 1 e 12 da Lei 10.259/2001); 
b) Conciliador em Juízo de Direito e em Juízo Federal (art. 165, §2º do CPC): 
designado entre os incritos no correspodente cadastro oficial para tanto (art. 
168, §2º do CPC), se as partes não elegerem, escolha essa que pode até 
recair entre não cadastrados (art. 168, §1º do CPC). 
 
O conciliador é um servidor do quadro do judiciário, ou uma pessoa 
credenciada pelo judiciário para esse papel. 
 
 
 
LEI 9.099/1995 
Da Conciliação e do Juízo Arbitral 
 
Art. 21. Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo esclarecerá as 
partes presentes sobre as vantagens da conciliação, 
mostrando-lhes os riscos e as conseqüências do litígio, 
especialmente quanto ao disposto no § 3º do art. 3º desta Lei. 
Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz togado ou leigo 
ou por conciliador sob sua orientação. 
Parágrafo único. Obtida a conciliação, esta será reduzida a 
escrito e homologada pelo Juiz togado, mediante sentença 
com eficácia de título executivo. 
Art. 23. Não comparecendo o demandado, o Juiz togado 
proferirá sentença. 
Art. 24. Não obtida a conciliação, as partes poderão optar, de 
comum acordo, pelo juízo arbitral, na forma prevista nesta Lei. 
§ 1º O juízo arbitral considerar-se-á instaurado, 
independentemente de termo de compromisso, com a escolha 
do árbitro pelas partes. Se este não estiver presente, o Juiz 
convocá-lo-á e designará, de imediato, a data para a 
audiência de instrução. 
§ 2º O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos. 
Art. 25. O árbitro conduzirá o processo com os mesmos 
critérios do Juiz, na forma dos arts. 5º e 6º desta Lei, podendo 
decidir por eqüidade. 
Art. 26. Ao término da instrução, ou nos cinco dias 
subseqüentes, o árbitro apresentará o laudo ao Juiz togado 
para homologação por sentença irrecorrível. 
 
LEI 10.259/2001 
Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cíveis 
e Criminais no âmbito da Justiça Federal. 
 
Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, 
conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal 
até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar 
as suas sentenças. 
Art. 12. Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação 
ou ao julgamento da causa, o Juiz nomeará pessoa habilitada, 
que apresentará o laudo até cinco dias antes da audiência, 
independentemente de intimação das partes. 
 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
Dos conciliadores e mediadores judiciais 
 
Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução 
consensual de conflitos, responsáveis pela realização de 
sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo 
desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar 
e estimular a autocomposição. 
§ 2o O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos 
em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá 
sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de 
qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as 
partes conciliem. 
Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras 
privadas de conciliação e mediação serão inscritos em 
cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça ou de 
tribunal regional federal, que manterá registro de profissionais 
habilitados, com indicação de sua área profissional. 
Art. 168. As partes podem escolher, de comum acordo, o 
conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e 
de mediação. 
§ 1o O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá 
ou não estar cadastrado no tribunal. 
§ 2o Inexistindo acordo quanto à escolha do mediador ou 
conciliador, haverá distribuição entre aqueles cadastrados no 
registro do tribunal, observada a respectiva formação. 
§ 3o Sempre que recomendável, haverá a designação de mais 
de um mediador ou conciliador. 
 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
► Por integrantes de Câmara Privada de Conciliação e Mediação, órgão 
colegiado: para a mesma situação prevista no ítem anterior “b” (art. 167 e 
parágrafo único do art. 175 do CPC). 
A Câmara Privada promoverá o contato entre as partes com o objetivo de 
auxiliá-las na busca por um acordo que, posteriormente, será homologado pelo 
Poder Judiciário. Poderão ser realizadas audiências pela internet, até mesmo 
por meio de plataformas móveis, como tablets smartphones. Trata-se de um 
serviço particular, com custos arcados pelas partes. 
 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
Dos conciliadores e mediadores judiciais 
 
Art. 175. As disposições desta Seção não excluem outras formas de conciliação e mediação extrajudiciais vinculadas a órgãos 
institucionais ou realizadas por intermédio de profissionais independentes, que poderão ser regulamentadas por lei específica. 
Parágrafo único. Os dispositivos desta Seção aplicam-se, no que couber, às câmaras privadas de conciliação e mediação. 
 
 
► Por membros de futura Câmara (não privada) de Mediação e 
Conciliação (art. 174 do CPC). 
 
Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições 
relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como: 
I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública; 
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da administração pública; 
III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta. 
 
A Lei 13.140, que dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de 
solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da 
administração pública, prevê a criação facultativa, pela União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios, de câmaras que atuem para a resolução administrativa 
de conflitos entre os próprios órgãos e entidades da Administração Pública, e 
entre estes e particulares, decorrentes de contratos públicos e de eventual 
desequilíbrio econômico-financeiro (art. 32 e parágrafos). 
 
A autocomposição administrativa poderá compreender ferramentas inovadoras, 
como (i) a mediação coletiva de conflitos relacionados à prestação de serviços 
públicos (art. 33); (ii) a transação por adesão em controvérsias jurídicas 
pacificadas por jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais 
superiores (art. 35); (iii) a resolução de conflitos entre particulares perante as 
agências e órgãos reguladores de certas atividades (art. 43); (iv) a composição 
de controvérsias jurídico-tributárias perante a Receita Federaldo Brasil ou 
sobre a dívida ativa da União (art. 38). 
 
Todas essas iniciativas deverão ser detalhadas em regulamentos próprios (art. 
32) que sabemos poderão trazer disposições conflitantes com a própria Lei 
13.140. O conflito de normas irá exigir a intervenção do Judiciário, retirando da 
autocomposição administrativa a virtude de ser resolvida extrajudicialmente. 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
Entre outras disposições da Lei 13.140, é digna de registro a que sabiamente 
criou imunidade civil, criminal e administrativa para os servidores ou 
empregados públicos que atuarem nas câmaras de autocomposição de 
conflitos. A imunidade garantida na Lei irá afastar o receio de 
responsabilização pessoal por decisões tomadas nessas câmaras — como se 
sabe que hoje lamentavelmente acontece —, exceto, obviamente, em casos de 
corrupção (art. 40). 
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
Por sua vez a conciliação, entendida como o objetivo do procedimento 
conciliatório, ou seja, a harmonização do conflito existente com a assistência 
de um conciliador, pode se realizar por meio dos seguintes institutos: 
a) Renúncia do autor ao direito sobre o que se funda a ação: É o ato 
renunciativo pelo qual o demandante reconhece não possuir o direito alegado. 
É uma forma de desistência da pretensão. 
b) Reconhecimento do réu quanto a procedência do pedido: É a conduta do 
demandado que reconhece a procedência do pedido que lhe foi dirigido. É uma 
forma de submissão de um à pretensão do outro. 
c) Transação: É o negócio jurídico pelo qual as partes litigantes põem fim(ou o 
previnem) ao conflito existente, relacionado a direitos patrimoniais de caráter 
privado, mediante concessões mútuas. Trata-se do acordo propriamente dito. 
Se verá adiante, em tópico próprio. 
É indiscutível que o principal meio pela qual a conciliação se realiza é a 
transação, ou seja, o acordo. Todavia não se deve confundir transação com 
conciliação, pois a primeira é espécie da segunda que é o gênero. É 
plenamente possível conciliar sem transacionar, basta que o autor renuncie ao 
direito em que se fundamenta ação ou o réu reconheça que o pedido é 
procedente. Todos esses se verá adiante. 
 
MEDIAÇÃO : Na mediação um terceiro, mediador, atua como facilitador 
da resolução do problema, contribuindo para o reestabelecimento ou 
manutenção da comunicação entre as partes, para que se possam chegar a 
solução da controvérsia que gerou o conflito. 
 
Art. 1º da Lei 13.140 (...) 
Parágrafo único. Considera-se mediação a atividade técnica exercida 
por terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito 
pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções 
consensuais para a controvérsia. 
 
Qual é, então, a diferença entre a conciliação e a mediação? São institutos 
muito semelhantes. A diferença está apenas na técnica que é empregada. O 
CPC 2015, em seu art. 165, §§ 2º e 3º prevê as sutis diferenças entre eles: 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
CONCILIADOR 
 
• Tem uma participação mais ativa 
no processo de negociação. 
• Atua preferencialmente nos casos 
em que não houver vínculo anterior 
entre as partes. 
• Pode sugerir soluções para o 
litígio. 
 
 
 
 
 
 
MEDIADOR 
 
• Auxilia as partes a compreender 
as questões e os interesses em 
conflito, de modo que eles possam, 
pelo restabelecimento da 
comunicação, identificar, por si 
próprios, soluções consensuais que 
gerem benefícios mútuos. 
• Atua preferencialmente nos casos 
em que houver vínculo anterior 
entre as partes. 
• Não propõe soluções para os 
litigantes. 
 
Conciliação Mediação Arbitragem 
Forma de autocomposição do 
conflito. 
Forma de autocomposição do 
conflito. 
Forma de heterocomposição do 
conflito. 
O terceiro não decide o conflito. 
Ele facilita que as partes cheguem 
ao acordo. 
O terceiro não decide o conflito. 
Ele facilita que as partes cheguem 
ao acordo. 
O terceiro é quem decide o 
conflito. 
Atua preferencialmente nos casos 
em que não houver vínculo 
anterior entre as partes. 
Atua preferencialmente nos casos 
em que houver vínculo anterior 
entre as partes 
Atua tanto em um caso como no 
outro. 
Propõe soluções para os 
litigantes. 
Não propõe soluções para os 
litigantes. 
Decide o conflito. 
 
 
A Mediação é tratada pela Lei 13.140 de 26.06.2015, que expressa 
explicitamente quais os Direitos que podem ser seu objeto. Esses, 
consequentemente, são os mesmos da conciliação, bem como os demais 
aspectos. 
 
■ Admissibilidade: 
 
a) Direitos Disponíveis: são disponíveis por natureza, negociáveis e alienáveis. 
 
Podem ser objeto de arbitragem as questões referentes a direitos patrimoniais 
disponíveis. Tais direitos são aqueles referentes a patrimônio em que as 
partes podem usar, gozar e dispor, que podem transacionar livremente, de 
acordo com a vontade, pactuando entre si situações em conformidade com 
seus anseios. 
 
Alguns direitos patrimoniais podem ser indisponíveis. É o caso da pessoa 
titular de bens que, possuindo herdeiros necessários, não pode doar a 
totalidade deles. Também pode-se citar o bem que é recebido em doação 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
com cláusula de impenhorabilidade, de inalienabilidade ou de 
incomunicabilidade, pois tais situações não permitem que aquele que receba 
a doação possa dispor, transacionar o bem. Não é permitido pela lei a 
arbitragem sobre coisas extra commercium, como questões de estado e 
capacidade das pessoas. 
 
Existem outras situações que a lei define como indisponível o direito relativo a 
determinado bem, que embora integrando o patrimônio de uma pessoa, não 
pode ser objeto de transação entre as partes, impedindo que tal direito seja 
submetido ao instituto da arbitragem. 
 
Então, pode ser objeto de arbitragem todo e qualquer direito referente a um 
bem que, não existindo alguma restrição legal quanto a sua disposição por 
parte de seu titular, encontra-se livre e desembaraçado, pois somente são 
indisponíveis aqueles direitos que a legislação assim os define. 
 
b) Direitos Indisponíveis em sua essência, mas com possibilidade de transação 
em algum aspecto de seu exercício. 
 
 - Judicial: nas ações sobre direito de família mencionadas nos arts. 693-
695 do CPC, demandas em que “o Ministério Público somente intervirá quando 
houver interesse de incapaz e deverá ser ouvido previamente à homologação 
de acordo” (art. 698 do CPC). 
 
Art. 693. As normas deste Capítulo aplicam-se aos processos contenciosos de divórcio, 
separação, reconhecimento e extinção de união estável, guarda, visitação e filiação. 
Parágrafo único. A ação de alimentos e a que versar sobre interesse de criança ou de 
adolescente observarão o procedimento previsto em legislação específica, aplicando-se, no 
que couber, as disposições deste Capítulo. 
 
Art. 694. Nas ações de família, todos os esforços serão empreendidos para a solução 
consensual da controvérsia, devendo o juiz dispor do auxílio de profissionais de outras 
áreas de conhecimento para a mediação e conciliação. 
Parágrafo único. A requerimento das partes, o juiz pode determinar a suspensão do processo 
enquanto os litigantes se submetem a mediação extrajudicial ou a atendimento multidisciplinar. 
 
Art. 695. Recebida a petição inicial e, se for o caso, tomadas as providências referentes à tutela 
provisória, o juiz ordenará a citação do réu para comparecer à audiência de mediação e 
conciliação, observado o disposto no art. 694. 
[...] 
 
 - Não Judicial: em matéria de alimentos e salários, cujo consenso “deve 
ser homologado em juízo, exigida a oitiva do Ministério Público” (art. 3, §2º da 
Lei 13.140): lei específica.Art. 3o Pode ser objeto de mediação o conflito que verse sobre direitos disponíveis ou sobre direitos indisponíveis que 
admitam transação. 
§ 1o A mediação pode versar sobre todo o conflito ou parte dele. 
§ 2o O consenso das partes envolvendo direitos indisponíveis, mas transigíveis, deve ser homologado em juízo, exigida 
a oitiva do Ministério Público. 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
Em outras palavras, se envolver direitos indisponíveis, o acordo celebrado 
entre as partes deve ser homologado em juízo, com parecer do MP. 
 
► Há direitos indisponíveis que admitem transação, sendo exemplo disso as 
questões de alimentos, guarda de filhos e outras causas de família, causas 
coletivas, demandas que envolvem entes públicos ◄ 
 
São inúmeras as hipóteses de autocomposição envolvendo interesse de ente 
público, não sendo temerário afirmar, por exemplo, que a maior parte dos 
conflitos fiscais se resolve por acordo de parcelamento firmado perante a 
repartição pública, longe das mesas de audiência do Poder Judiciário. A lei, 
inclusive, prevê expressamente a possibilidade de conciliação em demandas 
que dizem respeito aos entes federais. Em regra são situações em que a 
cobrança integral do valor é muito dispendiosa, se comparada com o seu 
possível resultado. A renúncia ou a transação acaba sendo de interesse 
público. Tem-se, então, que, mesmo quando se banaliza e generaliza a 
indisponibilidade do interesse público, para alcançar hipóteses que não a 
caracterizam, não fica vedada a transação, apenas que dependerá de 
homologação judicial. 
 
Mais especificamente, no âmbito do direito previdenciário, a própria Lei de 
Benefícios (Lei 8.213/1991) possui dispositivo que admite a prática de 
transação pelos procuradores que a representarem em juízo, consoante se 
extrai da redação do artigo 132 do referido diploma legal. 
 
Portanto, deve-se entender como ultrapassada a ótica de que nas causas que 
envolvam entes públicos federais, onde estão em apreço “direitos 
indisponíveis”, não se pode estabelecer conciliação, sobretudo se 
considerarmos que, muitas vezes, a prática conciliatória representa um respeito 
maior ao interesse público do que a manutenção da demanda judicial. 
 
■ Espécies de mediadores (exercitáveis também através de Câmara Privativa 
de Conciliação e Mediação (art. 167 e paragrafo único do art. 175 do CPC)). 
 
Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e mediação serão inscritos em 
cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que manterá registro de 
profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional. 
 
Art. 175. As disposições desta Seção não excluem outras formas de conciliação e mediação extrajudiciais vinculadas a 
órgãos institucionais ou realizadas por intermédio de profissionais independentes, que poderão ser regulamentadas por 
lei específica. Parágrafo único. Os dispositivos desta Seção aplicam-se, no que couber, às câmaras privadas de 
conciliação e mediação. 
 
 
 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
a) Extrajudiciais: mediador livremente escolhido pelos interessados na 
solução do caso (art. 9 da Lei 13.140). 
 
Dos Mediadores Extrajudiciais 
 
Art. 9º Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz que tenha a confiança das partes e seja 
capacitada para fazer mediação, independentemente de integrar qualquer tipo de conselho, entidade de classe ou 
associação, ou nele inscrever-se. 
 
Art. 10. As partes poderão ser assistidas por advogados ou defensores públicos. 
Parágrafo único. Comparecendo uma das partes acompanhada de advogado ou defensor público, o mediador 
suspenderá o procedimento, até que todas estejam devidamente assistidas. 
 
• Mediação extrajudicial: ocorre quando as partes optam por tentar resolver o 
conflito por meio da mediação antes de ingressarem na via judicial. 
 
Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz que 
tenha a confiança das partes e seja capacitada para fazer mediação (art. 9º da 
Lei). Essa pessoa escolhida como mediador não precisa estar vinculada a 
qualquer tipo de conselho, entidade de classe ou associação de mediadores. 
Na mediação extrajudicial, assim, as partes é quem escolhem livremente o 
mediador. Para ser mediador extrajudicial, a pessoa não precisa ter feito algum 
curso. “Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz 
que tenha a confiança das partes e seja capacitada para fazer mediação”. 
 
Diante do surgimento de um conflito, a parte que deseja o acordo faz um 
convite à outra para que elas iniciem o procedimento de mediação extrajudicial. 
Esse convite poderá ser feito por qualquer meio de comunicação e deverá 
estipular o escopo (objetivo) proposto para a negociação, a data e o local da 
primeira reunião. 
 
A parte que recebe o convite poderá: 
a) Aceitar o início da mediação; 
b) Recusar expressamente a mediação; 
c) Não responder, o que significa que recusou o convite. Isso porque a Lei 
prevê que o convite será considerado rejeitado se não for respondido em até 
30 dias da data de seu recebimento (art. 21, parágrafo único). 
 
É possível que as partes prevejam no contrato que os litígios envolvendo 
aquele pacto serão resolvidos por meio de mediação. Assim, as partes se 
comprometem a tentar a mediação antes de buscarem o Poder Judiciário ou a 
arbitragem para decidir o conflito. A isso se dá o nome de “cláusula de 
mediação”. O ideal é que a cláusula de mediação prevista no contrato 
contenha no mínimo as seguintes informações: 
I - prazo mínimo e máximo para a realização da primeira reunião de mediação, 
contado a partir da data de recebimento do convite; 
II - local da primeira reunião de mediação; 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
III - critérios de escolha do mediador ou equipe de mediação; 
IV - penalidade em caso de não comparecimento da parte convidada à primeira 
reunião de mediação. 
 
Se havia cláusula de mediação e a parte recusou o convite, ela sofrerá alguma 
penalidade? 
A cláusula poderá prever uma penalidade em caso de não comparecimento da 
parte convidada à primeira reunião de mediação. 
Se a cláusula não trouxer a previsão dessa penalidade, mesmo assim a parte 
que não comparecer será punida tendo que pagar 50% das custas e honorários 
sucumbenciais caso venha a ser vencedora em procedimento arbitral ou 
judicial posterior, que envolva o escopo da mediação para a qual foi convidada 
(art. 22, § 2º, IV, da Lei). 
 
Prazo para iniciar a ação judicial ou procedimento arbitral: A cláusula de 
mediação poderá prever que as partes só poderão ajuizar ação ou iniciar 
procedimento arbitral para discutir o litígio após esperarem determinado tempo 
em busca da mediação. Ex: em um contrato firmado entre as empresas “A” e 
“B”, existe uma cláusula dizendo que as partes não poderão interpor ação 
judicial para discutir o contrato, salvo se tiverem tentado a mediação pelo prazo 
máximo de 6 meses. Se houver uma previsão nesse sentido e uma das partes 
não respeitá-la ajuizando a ação mesmo antes do prazo, o juiz deverá 
suspender o processo e aguardar o término do interregno estipulado. Isso está 
previsto expressamente na Lei n.° 13.140/2015: 
 
Art. 23. Se, em previsão contratual de cláusula de mediação, as partes se comprometerem a não iniciar procedimento 
arbitral ou processo judicial durante certo prazo ou até o implemento de determinada condição, o árbitro ou o juiz 
suspenderá o curso da arbitragem ou da ação pelo prazo previamente acordado ou até o implemento dessa condição. 
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às medidas de urgência em que o acesso ao Poder Judiciário seja 
necessário para evitar o perecimentode direito. 
 
Partes podem ser acompanhadas por advogado ou Defensor Público na 
mediação: As partes poderão ser assistidas por advogados ou Defensores 
Públicos na reunião da mediação. Se uma das partes comparecer 
acompanhada de advogado ou Defensor Público e a outra estiver sem 
assistência jurídica, o mediador suspenderá o procedimento até que todas 
estejam devidamente assistidas (art. 10, parágrafo único da Lei). Em outras 
palavras, ou as duas partes participam da reunião sem advogado ou Defensor 
Público ou ambas deverão estar assistidas. Não pode uma das partes estar 
acompanhada e a outra não. 
 
b) Judiciais: mediador designado entre os inscritos no correspondente 
cadastro oficial para tanto (art. 168, §º2 do CPC), se as partes não elegerem, 
escolha que pode até recair entre os não cadastrados (art. 168, §1º do CPC). 
 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
Lei 13.140: Dos Mediadores Judiciais 
 
Art. 11. Poderá atuar como mediador judicial a pessoa capaz, graduada há pelo menos dois anos em curso de ensino 
superior de instituição reconhecida pelo Ministério da Educação e que tenha obtido capacitação em escola ou 
instituição de formação de mediadores, reconhecida pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de 
Magistrados - ENFAM ou pelos tribunais, observados os requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional de 
Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça. 
 
Art. 12. Os tribunais criarão e manterão cadastros atualizados dos mediadores habilitados e autorizados a atuar em 
mediação judicial. 
§ 1o A inscrição no cadastro de mediadores judiciais será requerida pelo interessado ao tribunal com jurisdição na área 
em que pretenda exercer a mediação. 
§ 2o Os tribunais regulamentarão o processo de inscrição e desligamento de seus mediadores. 
 
Art. 13. A remuneração devida aos mediadores judiciais será fixada pelos tribunais e custeada pelas partes, observado 
o disposto no § 2o do art. 4o desta Lei. 
 
Explicando cada ponto desses artigos: 
 
• Mediação judicial: é a mediação que se dá após a ação já ter sido proposta, 
quando, então, as partes tentam um acordo facilitado pelo mediador. 
 
• Cadastro nacional e cadastros de cada Tribunal com nomes de mediadores: 
Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e 
mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastros dos Tribunais 
de Justiça ou dos Tribunais Regionais Federais, que manterão registro de 
profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional (art. 167 do 
CPC 2015). Em outras palavras, os TJs e TRFs terão nomes de conciliadores e 
mediadores em uma espécie de cadastro. 
 
Dados de cada conciliador ficarão disponíveis para a população: No cadastro 
do Tribunal constarão todos os dados relevantes para a atuação dos 
conciliadores e mediadores, tais como o número de processos de que 
participaram, o sucesso ou insucesso da atividade, a matéria sobre a qual 
versou a controvérsia, bem como outros dados que o tribunal julgar relevantes. 
Tais dados serão classificados sistematicamente pelo tribunal, que os 
publicará, ao menos anualmente, para conhecimento da população e para fins 
estatísticos e de avaliação da conciliação, da mediação, das câmaras privadas 
de conciliação e de mediação, dos conciliadores e dos mediadores. 
 
• Quais são os requisitos para ser mediador judicial? 
a)Ser civilmente capaz; 
b)Possuir graduação há pelo menos 2 anos em curso de ensino superior de instituição 
reconhecida pelo MEC; 
c)Ter feito curso de capacitação em escola ou instituição de formação de mediadores, 
reconhecida pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados - 
ENFAM ou pelos Tribunais, observados os requisitos mínimos estabelecidos pelo CNJ 
em conjunto com o Ministério da Justiça. 
Cumpridos esses requisitos, o conciliador ou o mediador poderá requerer sua 
inscrição no cadastro nacional e no cadastro do TJ ou TRF. 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
• PONTO POLÊMICO: As partes poderão escolher o mediador no caso de 
mediação judicial? 
 
→ Segundo o CPC 2015, SIM! 
Art. 168. As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o 
mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação. 
§ 1º O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar 
cadastrado no tribunal. 
* Não explicita o termo “mediador judicial”, abrangendo, portanto, tais 
condições ao mediador judicial e ao mediador extrajudicial. 
→ Segundo a Lei 13.140/2015, NÃO! 
Art. 25. Na mediação judicial, os mediadores não estarão sujeitos à prévia 
aceitação das partes, observado o disposto no art. 5º desta Lei. 
 
Pela redação dos dois dispositivos, percebe-se que o CPC 2015 permite que 
as partes escolham livremente o mediador judicial, dispensando até mesmo 
que ele esteja previamente cadastrado no Tribunal. A Lei da Mediação, ao 
contrário, na redação do seu art. 25, impõe o mediador judicial às partes, sendo 
este designado pelo Tribunal mediante distribuição. 
 
A doutrina deverá, portanto, resolver esse impasse. Particularmente, apesar de 
a regra do CPC 2015 ser melhor e mais consentânea com os princípios da 
mediação, penso que, tecnicamente, deve prevalecer a Lei n.° 13.140/2015 
considerando que se trata de lei específica em detrimento ao CPC (que é 
norma geral), além do fato de que o art. 25 da Lei n.° 13.140/2015 derrogou o § 
1º do art. 168 do CPC 2015 ainda durante a vacatio legis. Sobre este ponto, 
vale ressaltar que é perfeitamente possível que uma lei revogue outra que nem 
entrou em vigor, ou seja, que ainda está em vacatio legis. 
 
• Existe algum critério para a escolha dos mediadores que irão atuar nos 
processos judiciais? SIM. Será feita uma lista com os nomes dos 
conciliadores e mediadores que atuam naquela comarca/seção judiciária e, 
sempre que for necessário algum profissional, será selecionado um nome 
dessa lista, sendo que essa escolha deverá ser feita de forma alternada e 
aleatória, respeitado o princípio da igualdade dentro da mesma área de 
atuação profissional (§ 2º do art. 167 do CPC 2015). 
 
Essa parte final em cinza revela que a designação do mediador que irá atuar 
no processo deverá respeitar a área de atuação do profissional. Assim, por 
exemplo, em um processo que trate sobre disputa societário entre duas 
empresas, não irá ser designado um mediador que tenha atuação profissional 
em direito de família (psicólogo, assistente social etc.). Deverá ser escolhido 
um dos mediadores que atue na área de direito societário. 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
• Auxiliar da justiça: Se a mediação ocorre judicialmente, o mediador é 
considerado um auxiliar da justiça. 
 
• Em vez de cadastrar conciliadores e mediadores externos, o Tribunal 
poderá ter um corpo próprio desses profissionais? SIM. O Tribunal poderá 
optar pela criação de quadro próprio de conciliadores e mediadores, a ser 
preenchido por concurso público de provas e títulos (§ 6º do art. 167 do CPC 
2015). 
 
• O trabalho do mediador judicial é remunerado? REGRA: SIM. 
Se o conciliador ou mediador for servidor concursado do Tribunal (§ 6º do art. 
167 do CPC 2015), ele receberá remuneração mensal pelo exercício do cargo. 
Se o conciliador ou mediador for profissional externo, cadastrado no banco de 
dados do Tribunal: deverá receber por cada trabalho que realizar, com 
remuneração prevista em tabela fixada pelo Tribunal, conforme parâmetros 
estabelecidos pelo CNJ (art. 169 do CPC 2015). 
 
A remuneração devida aos mediadores judiciais será custeada pelas partes. 
Obs: deverá ser assegurada a gratuidade da mediação para os litigantes que 
forem economicamente necessitados (§ 2º do art. 4º da Lei). 
 
Obs: EXCEÇÃO: a mediação e a conciliação podem serrealizadas como 
trabalho voluntário, observada a legislação pertinente e a regulamentação do 
Tribunal (§ 1º do art. 169 do CPC 2015). 
 
■ Função do mediador: “conduzirá o procedimento de comunicação entre as 
partes, buscando o entendimento e o consenso e facilitando a resolução do 
conflito” (art. 4, §1º da Lei 13.140). 
 
■ Produto final exitoso: Acordo. 
 
AUTOCOMPOSIÇÃO POR MEIO DA ADVOCACIA 
PUBLICA (Lei nº 13.140 de 20.06.2015). 
 
■ Objeto: conflitos extrajudiciais entre sujeitos de: 
 • Direito público x Direito público: para dirimir os conflitos entre eles. 
São os casos entre qualquer Sujeito de Direito Público x União. A Agu entra 
para evitar que dois sujeitos de direito público briguem entre si. 
 • Direito público x Direito privado: para “avaliar a admissibilidade dos 
pedidos de resolução de conflitos, por meio de autocomposição” (art. 32, II), à 
luz da existência de autorização legal para tanto, em razão da indisponibilidade 
ôntica do direio conflituoso. 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
Para que a Agu entre para defender a União em tais casos, é preciso que a lei 
permita. 
 
■ Produtos finais: composição e termo de ajustamento de conduta. 
 
Atualmente, existe uma série de atos normativos que regulamentam a 
possibilidade de conciliação, e os seus limites, pelos membros da Advocacia 
Geral da União, superando-se a idéia de que os entes públicos não podem 
transigir (fazer um acordo) sobre os direitos em litígio. Com efeito, a AGU vem 
difundindo, cada vez mais, a prática conciliatória aos seus membros, 
recebendo amplo respaldo, também, do Poder Judiciário. 
 
A edição de súmulas pela AGU, com efeitos vinculantes aos seus membros, no 
sentido de estabelecer orientações sobre as demandas em que se deve desistir 
ou propor acordos, é um exemplo contundente da superação da concepção de 
uma advocacia de Estado (sobretudo no âmbito federal) preocupada em 
estender litígios e procrastinar o pagamento de condenações pecuniárias. 
 
Hodiernamente está consolidado no âmbito da AGU o entendimento de que a 
prática conciliatória, em diversos casos, é a solução mais adequada e menos 
dispendiosa à solução dos conflitos. Não há dúvidas de que a conciliação 
contribui para um encerramento mais célere da demanda, o que implica na 
redução da incidência de juros e correção monetária, sendo que a sua prática 
pelos advogados públicos federais tem servido também como importante 
instrumento de defesa econômica dos entes públicos. 
 
Em decorrência dessa nova postura institucional, tem sido possível a prática de 
conciliação em questões já consolidadas na esfera jurisprudencial, evitando-se 
assim o prolongamento desnecessário e dispendioso de demandas judiciais. 
 
REGRAS GERAIS SOBRE A AUTOCOMPOSIÇÃO DE CONFLITOS SENDO 
UMA DAS PARTES PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO 
 
• Conflitos envolvendo a Administração Pública: Os órgãos e entidades da 
Administração Pública também podem se envolver em conflitos. Esses conflitos 
podem ser tanto com particulares (situação mais comum) como também com 
outros órgãos ou entidades da própria Administração Pública (ex: dois órgãos 
disputando a posse de um imóvel). 
 
Pela visão tradicional do Direito Administrativo, em caso de conflitos 
envolvendo em um dos polos uma pessoa jurídica de direito público, a questão 
deveria ser, obrigatoriamente, resolvida por meio de sentença judicial. Isso 
porque, segundo a posição clássica, o princípio da indisponibilidade do 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
interesse público impediria que a Administração Pública se submetesse à 
conciliação, mediação ou arbitragem. 
 
!Essa visão tradicional está atualmente superada! 
O art. 1º, § 1º da Lei n.° 9.307/96 de Arbitragem (com redação dada pela Lei 
n.°13.129/2015) prevê que a administração pública direta e indireta poderá 
utilizar-se da ARBITRAGEM para dirimir conflitos relativos a direitos 
patrimoniais disponíveis. 
A Lei n.° 13.140/2015, nesse mesmo sentido, autoriza e incentiva que a 
Administração Pública preveja e resolva seus conflitos por meio da conciliação 
e mediação (art. 32). 
 
• Câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos: A Lei 
n.° 13.140/2015 e o CPC 2015 afirmam que a União, os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios poderão criar câmaras de prevenção e resolução 
administrativa de conflitos. Essas câmaras de mediação funcionarão dentro 
dos órgãos da Advocacia Pública (AGU, PGE e PGM) e terão competência 
para: I - dirimir conflitos entre órgãos e entidades da administração pública; 
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por 
meio de composição*, no caso de controvérsia entre particular e pessoa 
jurídica de direito público; 
III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento 
de conduta*. 
* São os produtos finais, como disposto no segundo ponto do tópico de Autocomposição 
pela Advocacia Pública. 
 
x Não se incluem na competência das referidas câmaras: controvérsias que 
somente possam ser resolvidas por atos ou concessão de direitos sujeitos à 
autorização do Poder Legislativo. Em outras palavras, se a providência 
necessária depender de autorização do Parlamento, não é possível que a 
questão seja levada à câmara porque o sucesso do acordo ainda precisaria da 
concordância de outro Poder independente. 
 
PONTO DE DESTAQUE : Discussão sobre equilíbrio econômico-financeiro de 
contratos. É possível que sejam resolvidas por meio de acordo 
(autocomposição) na câmara os conflitos que envolvam a discussão sobre o 
equilíbrio econômico-financeiro de contratos celebrados pela administração 
com particulares. Ex: se uma empresa contratada pela Administração Pública 
alega que está havendo um desequilíbrio do contrato, em vez de buscar 
diretamente o Poder Judiciário, essa empresa poderá pedir que a câmara 
decida o conflito por meio de autocomposição (acordo). 
 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
PONTO DE DESTAQUE : Mediação coletiva de conflitos envolvendo prestação 
de serviços públicos. A Advocacia Pública da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios poderá instaurar, de ofício ou mediante provocação, 
procedimento para mediação coletiva de conflitos relacionados à prestação de 
serviços públicos. Ex: foi constatado que centenas de moradores estão com 
problemas no serviço municipal de coleta de lixo domiciliar; diante disso, a fim 
de evitar que inúmeras ações judiciais sejam propostas contra o Município, a 
PGM poderá instaurar, na câmara de mediação administrativa, uma mediação 
coletiva para resolver os conflitos relacionados com a prestação desse serviço. 
 
• Facultativa: A submissão do conflito às câmaras é facultativa. As partes 
podem preferir ir direto ao Poder Judiciário. 
 
• Título executivo extrajudicial: Se as partes chegarem a um consenso, o 
acordo será reduzido a termo e constituirá título executivo extrajudicial. 
 
• Suspensão da prescrição: A instauração de procedimento administrativo para 
a resolução consensual de conflito no âmbito da administração pública 
suspende a prescrição (art. 34 da Lei). 
 
Considera-se instaurado o procedimento quando o órgão ou entidade pública 
emitir juízo de admissibilidade, retroagindo a suspensão da prescrição à data 
de formalização do pedido de resolução consensual do conflito (art. 34, § 1º da 
Lei). Em se tratando de matéria tributária, a suspensão da prescrição deverá 
observar o disposto no CTN (art. 34, § 2º da Lei). 
 
• Enquanto não forem criadas as câmaras de mediação: Enquanto não forem 
criadas as câmaras de mediação, os conflitos poderão ser dirimidos nos termos 
do procedimento de mediação previsto na Lei n.°13.140/2015. 
 
REGRAS ESPECÍFICAS PARA OS CONFLITOS ENVOLVENDOA 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL 
 
A Lei n.° 13.140/2015 fixou regras gerais sobre a câmara de mediação 
administrativa e deixou para os que os Estados, DF e Municípios 
complementassem as normas segundo suas realidades regionais e locais. No 
entanto, quanto aos conflitos envolvendo a Administração Pública Federal, a 
Lei n.° 13.140/2015 previu regras mais detalhadas, que serão estudadas a 
seguir: 
 
• Transação por adesão ou Transação por adesão: A Lei 
n.° 13.140/2015 previu a figura da “transação por adesão”. Isso significa que, 
em determinados temas que estão gerando muitos conflitos envolvendo a 
Administração Pública federal, poderá o órgão ou entidade propor, de forma 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
geral, ou seja, para todos os interessados que façam um acordo com o Poder 
Público, nas condições por ele oferecidas. Em outras palavras, é uma proposta 
de acordo com os parâmetros fechados. Daí ser chamada de “transação por 
adesão” (a parte aceita ou não; não havendo margem ampla para negociação). 
 
Restrita à administração pública federal direta, suas autarquias e fundações 
(Lei 13.140/2015). 
 
■ Objeto: apenas conflitos extrajudiciais. 
■ Pressuposto de admissibilidade (art. 35). 
 - Ou por “autorização do Advogado-Geral da União, com base na 
jurisprudência pacífica do STF ou de tribunais superiores” (Inciso I) 
 - Ou por “parecer do Advogado-Geral da União, aprovado pelo 
Presidente da República” (Inciso II) 
■ Produtos finais: composição e termo de ajustamento de conduta. 
 
Exemplo: diversos servidores públicos federais aposentados estão ingressando 
com ações judiciais pedindo o pagamento de uma gratificação que está sendo 
concedida aos servidores ativos. A jurisprudência é amplamente favorável ao 
pleito dos servidores. A AGU poderá formular uma proposta de acordo 
prevendo o pagamento imediato dessa gratificação com deságio (desconto) de 
20%. Os servidores que concordarem aceitam a transação por adesão e 
recebem o valor sem precisar recorrer ao Poder Judiciário. 
 
Requisitos para que haja a transação por adesão 
As controvérsias jurídicas que envolvam a administração pública federal direta, 
suas autarquias e fundações poderão ser objeto de transação por adesão, com 
fundamento em: 
I - autorização do Advogado-Geral da União, com base na jurisprudência 
pacífica do Supremo Tribunal Federal ou de tribunais superiores; ou 
II - parecer do Advogado-Geral da União, aprovado pelo Presidente da 
República. 
 
Os demais requisitos e as condições da transação por adesão serão definidos 
em resolução administrativa própria. Ao fazer o pedido de adesão, o 
interessado deverá juntar prova de atendimento aos requisitos e às condições 
estabelecidos na resolução administrativa. 
 
A resolução administrativa terá efeitos gerais e será aplicada aos casos 
idênticos, tempestivamente habilitados mediante pedido de adesão, ainda que 
solucione apenas parte da controvérsia. 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
Parte que aceita a transação renuncia ao direito: A parte que aceita a 
transação por adesão, renuncia ao direito sobre o qual se fundamenta a ação 
ou o recurso, eventualmente pendentes, de natureza administrativa ou judicial. 
Em outras palavras, a parte não poderá mais questionar, judicial ou 
administrativamente, os pontos que foram objeto da resolução e do acordo. Se 
o interessado for parte em processo judicial inaugurado por ação coletiva, a 
renúncia ao direito sobre o qual se fundamenta a ação deverá ser expressa, 
mediante petição dirigida ao juiz da causa (§ 5º do art. 36). 
 
PONTO DE DESTAQUE : O fato de a Administração Pública propor a transação 
não interfere no prazo prescricional, que continua correndo normalmente. 
O § 6º do art. 35 da Lei n.° 13.140/2015 é importantíssimo e preconiza o 
seguinte: § 6º A formalização de resolução administrativa destinada à 
transação por adesão não implica a renúncia tácita à prescrição nem sua 
interrupção ou suspensão. 
 
Vamos explicar esse dispositivo com um exemplo: Imagine que a União tenha 
deixado de pagar, em fevereiro de 2012, uma verba que seria devida a todos 
os servidores públicos do Ministério da Saúde. Isso significa que, nesta data, 
surgiu o direito de os servidores públicos cobrarem o pagamento da quantia 
pela Administração Pública federal. A partir daqui começa a correr o prazo 
prescricional para que os lesados ajuízem ação pleiteando a verba. Vale 
ressaltar que o prazo prescricional contra a Administração Pública é de 5 anos, 
nos termos do art. 1º do Decreto 20.910/32. Logo, a prescrição se consumará 
em fevereiro de 2017. Suponha, no entanto, que, em fevereiro de 2015, a AGU 
tenha formalizado uma resolução administrativa propondo transação por 
adesão aos servidores públicos para que eles recebam, sem precisar ingressar 
na Justiça, a verba devida com desconto de 40%. Segundo determinou o § 6º 
do art. 35 da Lei n.° 13.140/2015, essa resolução administrativa não interfere 
no curso do prazo prescricional que continua a correr normalmente. A Lei 
afirmou que o fato de a Administração Pública ter proposto o acordo não 
significa que ela está renunciando ao seu prazo prescricional nem que isso 
possa ser caracterizado como interrupção ou suspensão desse prazo. Logo, 
mesmo tendo havido a proposta de transação, o prazo prescricional para 
aqueles que não aceitarem terminará em fevereiro de 2017. Se não houvesse 
essa previsão do § 6º do art. 35, o ato da Administração Pública poderia ser 
encarado como reconhecimento da procedência do direito dos servidores e 
seria classificado pela jurisprudência como renúncia ao direito à prescrição ou, 
no mínimo, como ato interruptivo do prazo, nos termos do art. 202, VI, do 
Código Civil. 
 
PONTO DE DESTAQUE : Conflitos envolvendo dois órgãos ou entidades da 
administração pública federal. No caso de conflitos que envolvam 
controvérsia jurídica entre órgãos ou entidades de direito público que integram 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
a administração pública federal, a Advocacia-Geral da União deverá realizar 
composição extrajudicial do conflito, observados os procedimentos previstos 
em ato do Advogado-Geral da União. Se não houver acordo quanto à 
controvérsia jurídica, caberá ao Advogado-Geral da União dirimi-la, com 
fundamento na legislação. 
Nos casos em que a resolução da controvérsia implicar o reconhecimento da 
existência de créditos da União, de suas autarquias e fundações em face de 
pessoas jurídicas de direito público federais, a Advocacia-Geral da União 
poderá solicitar ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão a 
adequação orçamentária para quitação das dívidas reconhecidas como 
legítimas. 
 
Se não houver acordo e o AGU não dirimir a questão, é possível imaginar ação 
judicial envolvendo órgãos/entidades da Administração Pública federal, um 
contra ou outro? SIM. É possível, mas a propositura de ação judicial em que 
figurem concomitantemente nos polos ativo e passivo órgãos ou entidades de 
direito público que integrem a administração pública federal deverá ser 
previamente autorizada pelo Advogado-Geral da União (art. 39 da Lei). 
 
Apuração das responsabilidades do servidor responsável pelo dano: A 
composição extrajudicial do conflito não afasta a apuração de responsabilidade 
do agente público que deu causa à dívida, sempre que se verificar que sua 
ação ou omissão constitui, em tese, infração disciplinar. 
 
Se o tema estiver sendo discutido em ação de improbidade ou em processo no 
TCU: Nas hipóteses em que a matéria objeto do litígio estiver sendo discutida 
em ação de improbidade administrativa ou sobre ela haja decisão do Tribunal 
de Contas da União, a conciliação dependerá da anuência expressa do juiz da 
causa ou do MinistroRelator. 
 
Se o conflito envolver, de um lado, órgão/entidade federal e de outro 
órgão/entidade estadual ou municipal, ele poderá ser resolvido por meio de 
mediação feita pela AGU? SIM. É facultado aos Estados, ao Distrito Federal e 
aos Municípios, suas autarquias e fundações públicas, bem como às empresas 
públicas e sociedades de economia mista federais, submeter seus litígios com 
órgãos ou entidades da administração pública federal à Advocacia-Geral da 
União, para fins de composição extrajudicial do conflito (art. 37). 
 
Responsabilidade dos servidores e empregos que participarem do acordo: Os 
servidores e empregados públicos que participarem do processo de 
composição extrajudicial do conflito, somente poderão ser responsabilizados 
civil, administrativa ou criminalmente quando, mediante dolo ou fraude, 
receberem qualquer vantagem patrimonial indevida, permitirem ou facilitarem 
sua recepção por terceiro, ou para tal concorrerem (art. 40). 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
COLABORAÇÃO PREMIÁVEL (Lei 12.850/2013): Acordo 
celebrado entre autoridade policial, investigado, seu defensor e MP, 
homologado judicialmente, que torna viável perdão judicial, redução de pena, 
substituição da penalidade de restrição de liberdade por restritiva de direito “a 
quem colaborar efetiva e voluntariamente com a invetigação ou com o 
processo penal, desde que dessa colaboração advenha resultados 
significativos para a Justiça criminal”. 
 
Consiste em ato do acusado que, admitindo a participação no delito, fornece às 
autoridades informações eficazes, capazes de contribuir para a resolução do 
crime. Ele só fará jus aos benefícios da delação premiada se suas informações 
forem efetivamente eficazes para a resolução do delito. 
 
PERDÃO DO OFENDIDO (desistência) : No plano Penal, nos 
crimes de ação privada2, o perdão do ofendido, aceito pelo ofensor, extingue a 
punibilidade (arts. 105, 106 e 107, V, do CP e arts. 51, 52, 53, 58 e 59 do 
CPP). Este mesmo fenômeno, pelas lentes da Teoria Processual, é uma forma 
de autocomposição. É um ato blateral, pelo qual o ofendido ou seu 
representante legal desiste de prosseguir com o andamento do processo já em 
curso, desculpando o ofensor pela prática do crime, 
dependendo de aceitação do ofendido. 
 
 
 
2 * Só ocorrem nos crimes de ação penal privadas, que são aquelas de iniciativa da vítima ou de seu representante 
legal. Embora o direito de punir continue sendo do Estado, a iniciativa se tranfere ao ofendido quando os delitos 
atingem sua intimidade, de forma que pode optar por não levar a questão a juizo. 
 
■ QUERELANTE = ACUSADOR 
■ QUERELADO = ACUSADO 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
 
RECONHECIMENTO JURÍDICO DO PEDIDO PELO 
RÉU (submissão), nos processos cíveis (art. 487, III, “a” do CPC). Quando o 
réu demandado (que está no polo passivo da relação processual) é certificado 
da pretensão de tutela contra ele ajuizadp, ele lê a petição inicial e os 
documentos que as instruem, reconhece que realmente não tem o direito, mas 
que quem tal direito é, realmente, o demandante. Assim, o demandado 
consulta seu advogado, que constata que ele realmente não tem o direito. O 
advogado entra com um pedido de reconhecimento jurídico do pedido do autor. 
O juiz homologa e extingue o processo. 
 
Tal reconhecimento é a submissão do réu à pretensão materual formulada pelo 
autor. A aceitação é unilateral e provoca a extinção do processo com 
julgamento de mérito, porque o reonheimento vincula o juiz que deve 
pronunciar sentença favorável ao autor. Reconhecer o pedido é se submeter a 
toda consequência da pretensão do autor. 
 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: 
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção; 
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição; 
III - homologar: 
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção; 
b) a transação; 
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. 
 
 
RENÚNCIA AUTORAL A DIREITO FUNDANTE: O 
autor ajuíza a demanda, o réu faz a sua defesa e demole argumento por 
argunebto da petição inicial de forma fundamentada em documentos. O juiz 
recebe, sem dizer sim ou não, e solicita a réplica. O autor, ao invés de 
impugnar a contestação do réu, é por imposição moral levado ao 
convencimento de que o réu tem razão. 
 
A renúncia, como aprendido no Direito Civil, é irretratável (manifestada a 
renúncia, não pode mais desistir dela). Não se renuncia ao processo, as ao 
direito que dá fundamento ao pedido. Desistir do processo significa que, por 
exemplo, João ajuizou um processo contra Maria e, antes dela tomar ciência 
dele, João percebe que nele há um defeito grave. João, assim. Desiste do 
processo, para depois repropor aquela mesma demanda. 
 
Exemplo 1: Locador e Locatário – Ação de despejo. Bruno pediu o despejo de 
José da sua propriedade alugada por esse último, alegando que José conratou 
o imóve para residir e o transformou em estabelecimento comercial, um bar. Na 
contestação, José alegu que Bruno aceitou tacitamente a mudança de 
destinação. Quando há a replica, Bruno renuncia o direito de propor uma ação 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO 
UNICAP – UBIRATAN (TGP) 2016.2 – I GQ 
de despejo com fundamento na mudança de destinação do imóvel. Ele 
poderá propor tal ação de novo, porém, com outro fundamento, no futuro. 
Poderá, por exemplo, propor a ação de despejo se José atrasar o pagamento. 
Bruno só renunciou à ação com fundamento da destinação, e o novo 
fundamento é a falta de pagamento. 
 
Exemplo 2: Ação anulatória de casamento civil. João entra com uma ação 
anulatória de casamento civil com base na coação. Após a contestação, 
quando João vai replicar, ele percebe que não foi coagido, ou seja, que foi livre 
para tomar a decisão de se casar ou não. Assim, sabendo que vai perder, ele 
renuncia. Nada impede que no futuro ele possa propor uma ação anulatória do 
mesmo casamento civil com base no erro, dolo, simulação ou fraude, visto que 
se trata de outro fundamento. 
 
Desistência do processo, assim, é ato distinto da 
renúncia ao direito sore que se funda a demanda. 
Ambos são atos processuais dispositivos, que exigem 
do advogado poder especial para agir, mas a 
desistência não se refere ao direio demandado, mas 
apenas ao prosseguimento do processo (implica 
decisão terminativa); a renúncia dis respeito ao próprio 
direio em que se pauta a demanda (implica a extinção do processo com 
julgamento de mérito). 
 
 
DESISTÊNCIA 
(renúncia via processual) 
- O autor desiste de prosseguir com 
a ação naquele processo. 
- Após o juiz homologar a 
desistência, o autor poderá repropor 
a mesma ação. 
- Se o réu já tiver apresentado 
contestação, é obrigatório que o réu 
consinta com a desistência. 
- A sentença que homologa a 
desistência é terminativa (extingue o 
processo sem resolução do mérito – 
art. 267, VIII). 
- A sentença faz apenas coisa 
julgada formal. 
- Produz efeitos meramente 
processuais. 
RENÚNCIA 
(ao direito que se funda a ação) 
- O autor abre mão do direito 
material que alegava possuir. 
- O autor não poderá propor nova 
ação fundada naquele direito 
material que foi objeto de renúncia. 
- Não existe obrigatoriedade legal 
de ouvir o réu sobre a renúncia do 
direito manifestada pelo autor. 
- A sentença que reocnhece a 
renúncia é definitiva (extingue o 
processo com resolução do mérito – 
art. 269, V). 
- A sentença faz coisa julgada 
formal e material. 
- Produz efeitos materiais. 
 
■ Atos dispositivos são 
aqueles por meio dos quais 
as partes renunciam a algum 
direito ou vantagem 
processual,

Outros materiais