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Aula 15 – Fadiga e Fluência Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Engenharias da Mobilidade Prof. Gabriel Benedet Dutra Por que estudar fadiga? A maioria dos equipamentos e estruturas está sujeito a carregamentos repetidos (cíclicos). Alguns exemplos são bombas, hélices, aviões, pontes, navios e estruturas offshore. As preocupações com falhas por fadiga tiveram início no século XIX, quando motivadas pelos inúmeros acidentes ferroviários que ocorreram na Europa e Estados Unidos, como consequência do aumento do transporte de passageiros através da malha ferroviária existente, observou-se que as fraturas ocorriam no regime linear elástico. Por que estudar fadiga? • Forma de falha que ocorre em estruturas que estão sujeitas a tensões dinâmicas e oscilantes – pontes, aeronaves e componentes de máquinas. • Utiliza-se este termo pois esse tipo de falha ocorre normalmente após um longo período de tensões repetidas ou ciclos de deformação. • Maior causa individual de falhas nos metais – 90% das falhas – ocorre de forma catastrófica e repentinamente. Por que estudar fadiga? Acidente ocorrido na Áustria em 1875 e provocado por fadiga nas rodas da locomotiva. Fadiga: cargas cíclicas • As tensões podem ser de natureza axial (tração (+) e compressão (-)); flexão (dobramento) e torção. Fadiga: ensaio • A fadiga dos materiais pode ser simulada em laboratório por meio de um equipamento que simule as condições de tensão durante o serviço. ASTM E466 Fadiga: 𝜎 - N • O resultado da realização deste ensaio fornece um gráfico da tensão aplicada em função do número de ciclos até a fadiga. Limite de resistência a fadiga Fadiga: variáveis • Verifica-se uma considerável dispersão nos dados de fadiga – variação nos valores de N medidos para vários corpos de prova testados no mesmo nível de tensão. • Esta dispersão é consequência da sensibilidade da fadiga a diversos parâmetros do ensaio e do material. • Parâmetros: fabricação do corpo de prova, preparo da superfície, variáveis metalúrgicas, alinhamento do corpo de prova no equipamento de testes, tensão média e frequência dos ensaios. Fadiga: variáveis • Nos testes metade dos corpos de prova apresentam níveis de tensão 25% menores que os das curvas experimentais. Iniciação e propagação de trincas • Falha por fadiga: • Iniciação da trinca (forma-se em um ponto com alta concentração de tensões); • Propagação da trinca; • Falha final • As trincas por fadiga quase sempre se iniciam sobre a superfície de um componente em algum ponto concentrador de tensões; riscos, cantos vivos, rasgos de chaveta, fios de roscas e afins. Iniciação e propagação de trincas • Propagação: Estágio 1: ao longo dos grãos, de planos com elevadas tensões de cisalhamento; Estágio 2: se propaga drasticamente em direção perpendicular a superfície. Iniciação e propagação de trincas Estágio 2: - Forças de tração alongam a trinca abaulando a extremidade da mesma - Forças de compressão deformam a extremidade tornando a trinca afilada para o próximo ciclo - Geram marcas de praia (macroscópicas) ou estrias de fadiga (microscópicas) Marcas de praia- visíveis a olho nú Eixo rotativo de aço Iniciação e propagação de trincas MET de estrias de fadiga no Al - microscópicas Iniciação e propagação de trincas Limite de resistência a tração e limite a fadiga Fadiga: Fatores que afetam: tensão média O aumento no nível médio de tensão leva a uma diminuição na vida em fadiga A tensão máxima geralmente ocorre na superfície de um material e com isso as falhas ocorrem nesta região. Variáveis de projeto Tratamentos de superfície Redução de irregularidades estruturais, redução de cantos vivos, arestas, inicios de geração de tensão. Melhoria no acabamento da superfície aumenta a vida em fadiga – aumento da tensão de compressão – jateamento ou endurecimento da superfície Fadiga: Fatores que afetam: efeito da superfície Fadiga: Fatores que afetam: efeito da superfície Operação de jateamento de engrenagem. Fadiga: Fatores que afetam: efeito da superfície Otimização da vida útil em fadiga após jateamento com pressões de 20, 30 e 40 psi.. Fadiga térmica Fadiga associada a corrosão Devido a altas temperaturas oscilantes e restrição à expansão e/ou contração dimensional que ocorreria naturalmente devido a elevação de temperatura Ação simultânea de uma tensão cíclica e de um ataque químico Ambientes corrosivos promovem uma redução da vida em fadiga Pites: pontos de concentração de tensões e portanto, sítios para nucleação de trincas. As trincas se propagam mais facilmente em ambientes corrosivos. Solução: revestimentos, reduzir corrosividade do ambiente, reduzir tensão média e feitos superficiais Coeficiente de expansão térmica E – módulo de elasticidade Fadiga: Fatores que afetam: efeito do ambiente Fluência • Materiais sujeitos a tensões centrífugas e as linhas de vapor de alta pressão – sofrem deformações denominadas fluência. • Fluência: deformação permanente e dependente do tempo dos materiais quando submetidos a uma carga ou tensão constante a elevadas temperaturas. • Metais: importante para temperaturas 0,4Tf. • Plásticos e borrachas são sensíveis a fluência. Fluência • Para avaliar a fluência de um material submete-se o mesmo a uma carga ou tensão constante em uma temperatura fixa – a deformação é medida em função do tempo decorrido. • Geralmente são realizados com carga constante – melhor compreensão dos mecanismos de fluência. Fluência Inclinação da curva diminui com tempo Aumento de resistência a fluência - encruamento Linear – maior duração Equilíbrio entre o processo de encruamento e recuperação Aumento na taxa e falha do material – ruptura – alterações microestruturais e/ou metalúrgicas Fluência: o ensaio • São geralmente realizados em máquinas universais sob tração uniaxial com corpos de prova com a mesma geometria que para os ensaios de tração – metais. • Para os materiais frágeis frequentemente utiliza-se compressão uniaxial. • A inclinação da parte secundária – taxa de fluência em regime estacionário – levado em consideração para projetos de engenharia para aplicações a longo prazo. Fluência com vidas relativamente curtas – palhetas de turbinas em aeronaves: considera-se o tempo para ruptura Fluência: efeito da tensão e temperatura Taxa de fluência em função da tensão, k e n são constantes do material Taxa de fluência em função da tensão e temperatura Fluência: extrapolação Como a fluência é função do tempo é necessário muitas vezes extrapolar os dados obtidos em laboratório para compreender o fenômeno. Execução do ensaio sob temperaturas acima da necessária e por períodos de tempos menores com um nível de tensão comparável. C – constante ~20 T (K) t – tempo de vida até a ruptura (horas) Como utilizar? Gráfico da tensão x parâmetro Larson-Miller Fluência: extrapolação Usando os dados de Larson- Miller para o ferro S-590 que estão mostrados ao lado, estimar o tempo de vida até a ruptura para um componente que está sujeito a uma tensão de 140 MPa (20.000 psi), a uma temperatura de 800°C (1073 K) C – constante ~20 T (K) t – tempo de vida até a ruptura (horas)
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