Buscar

Capítulo 6 Dano Moral

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

6. DANO MORAL
6. DANO MORAL
0
6. DANO MORAL
SUMÁRIO: 6.1 O preço da dor – 6.2 Deveres do casamento e da
união estável – 6.3 Noivado e namoro – 6.4 Dano moral e alimentos –
6.5 Abandono afetivo – 6.6 Perda de uma chance – Leitura
complementar.
6.1 O preço da dor
A responsabilidade decorrente das relações afetivas deveria ter por
base a repetida frase de Saint-Exupéry: és responsável por quem
cativas. É só isso que o amor deveria gerar: o direito de ser feliz e o
dever de fazer o outro feliz. Mas, como diz a velha canção, o anel que
tu me deste era vidro e se quebrou, o amor que tu me tinhas era
pouco e…
Todas as relações que têm origem em vínculo de afetividade
propõem-se eternas, estáveis, duradouras e com uma perspectiva
infinita de vida em comum, até que a morte os separe. Os pares
carregam a expectativa de um completar o outro na satisfação de suas
necessidades de afeto, amor, relacionamento social etc, e a
separação representa o rompimento desse projeto.1 É um dos mais
sofridos e traumáticos ritos de passagem.2 A dor, comum no fim de
todos os relacionamentos, muitas vezes serve de justificativa à
pretensão indenizatória, a título de dano moral.
Quando da falência da união, prevalecem rancores e mágoas. O
final é sempre trágico. Não há ganhadores ou perdedores. Anula-se
na consciência tudo de bom que houve entre eles.3 São os chamados
danos de amor, assim entendidos a frustração injustificada de uma
comunhão de vida, a lesão ao patrimônio imaterial, a quebra da
expectativa de compromisso e de exclusividade.4 O princípio da boa-
fé objetiva vem se infiltrando no direito das famílias. Ainda que tenha
origem negocial, direciona-se à superação de sua última fronteira: a
das relações existenciais.5 O dever de lealdade que se consubstancia
na proibição de comportamento contraditório lastreia-se no princípio
da confiança, que tem por fundamento o afeto.6
A busca de indenização por dano moral transformou-se na
panaceia para todos os males. Há uma acentuada tendência de
ampliar o instituto da responsabilização civil. O eixo desloca-se do
elemento do fato ilícito para, cada vez mais, preocupar-se com a
reparação do dano injusto.7 De outro lado, o desdobramento dos
direitos de personalidade faz aumentar as hipóteses de ofensa a tais
direitos, ampliando as oportunidades para o reconhecimento da
existência de danos.8 Visualiza-se abalo moral diante de qualquer fato
que possa gerar algum desconforto, aflição, apreensão ou dissabor.
Esta tendência acabou se alastrando às relações familiares, na
tentativa de migrar a responsabilidade decorrente da manifestação de
vontade para o âmbito dos vínculos afetivos. Olvida-se, no entanto,
que o direito das famílias é o único campo do direito privado cujo
objeto não é a vontade, é o afeto. Como diz João Baptista Villela, o
amor está para o direito de família assim como o acordo de vontades
está para o direito dos contratos.9 Ou seja, se busca transformar a
desilusão pelo fim do amor em obrigação indenizatória.
Fatores socioculturais e de ordem religiosa serviam de justificativa
para a busca da identificação de um culpado para o fim da relação. A
tentativa era manter a função institucional do casamento como meio
de preservar a família, tida como a cellula mater da sociedade. Por
isso, a legislação consagrou o princípio da culpa como único
fundamento para a dissolução coacta do casamento. Não havendo
consenso, antes do decurso de um ano da separação de fato, o
cônjuge culpado não tinha como pedir a separação. Com o fim do
instituto da separação judicial (EC 66/10) desapareceu a identificação
da culpa, uma vez que o divórcio não admite perquirir causas.
É difícil vencer a controvérsia para encontrar resposta à seguinte
indagação: no âmbito do direito das famílias, cabe a responsabilidade
civil do cônjuge (ou companheiro) autor do dano? Ruy Rosado
responde: é necessário atentar que o fato pode ser ilícito absoluto, ou
apenas infração a dever conjugal, familiar ou sucessório; pode estar
tipificado na lei, ou não; a lei definidora da conduta pode ser civil ou
criminal; o autor pode ser cônjuge ou companheiro que atinge a vítima
na posição que lhe decorre do direito das famílias; o dano pode ser
patrimonial ou extrapatrimonial; o dano pode ser específico, por atingir
direito regulado no Livro da Família ou das Sucessões, ou constituir-se
em dano a direito assegurado genericamente às pessoas (CC 186); a
consequência da infração pode ser a sanção prevista na norma de
direito das famílias ou a reparação aplicada de acordo com as regras
próprias do instituto da responsabilidade civil (CC 944), com ou sem
aplicação cumulativa.10
Ainda que não haja expressa previsão sobre a possibilidade de
indenização em decorrência da vida em comum, a lei também não a
proíbe. No entanto, numerosos dispositivos do Código Civil (12, 1.572,
1.573, 1.637, 1.638, 1.752, 1.773, 1.814 e 1.995) apontam condutas a
serem observadas pelos cônjuges, parentes, herdeiros, tutores e
curadores, cujo descumprimento gera direito de indenização.11
Impositivo é distinguir a natureza do dano. Quando decorre da prática
de ato ilícito, sempre gera obrigação indenizatória. Comprovada a
prática dolosa ou culposa de ato ilícito (CC 927), o infrator está sujeito
a indenizar não só os danos físicos, mas também os psíquicos e os
morais.12
A doutrina tem a tendência de apregoar a possibilidade de busca
de indenização por danos morais quando do fim dos vínculos afetivos.
Mas no dizer de Sérgio Gischkow Pereira, trata-se da monetarização
das relações erótico-afetivas, o que termina com a paixão, liquida com
o amor, aprisiona a libido, abafa a força do sexo, impondo um
puritanismo retrógrado.13
O fato é que o descumprimento das promessas feitas no limiar da
união não pode gerar obrigação ressarcitória. Impor tal espécie de
obrigação constituiria verdadeiro obstáculo à liberdade de entrar e sair
do casamento ou da união estável. A ninguém é lícito impor a
permanência em relacionamento sob a alegação de que sua conduta
importa violação à moral do consorte.14 Cônjuges e companheiros
estariam impedidos de exercer direito constitucionalmente garantido.
Dita limitação infringiria, além do direito à liberdade, o próprio princípio
de respeito à dignidade da pessoa humana.15
Como diz Vinícius de Moraes, o amor é eterno enquanto dura.
Ninguém pode ser responsabilizado quando a chama da paixão
apaga. O amor é uma via de mão dupla na qual os dois sujeitos da
relação são responsáveis pelos seus atos e suas escolhas.16 O
casamento não impõe obrigação ou compromisso de caráter definitivo,
cujo “distrato” possa ensejar o reconhecimento da ocorrência de dano
moral indenizável. Descabido impor obrigação de caráter indenizatório
pelo fim do afeto, até porque o desenlace do casamento é, muitas
vezes, o melhor caminho para a felicidade.
A dissolução do casamento é a causa mais recorrente na busca
de pretensão indenizatória. Porém, com a extinção do instituto da
separação, fica afastada a perquirição da culpa quando finda o vínculo
matrimonial.
Já a anulação do casamento por erro essencial pode dar ensejo à
indenização por dano moral.17 Também danos decorrentes de
agressões e injúria, por exemplo, são indenizáveis, aliás, como o é
qualquer lesão causada quer pelo cônjuge, quer por qualquer pessoa.
6.2 Deveres do casamento e da união estável
Vínculos afetivos não são singelos contratos regidos pela vontade.
São relacionamentos que têm como causa de sua constituição o afeto.
Basta ver o rol de deveres impostos ao casamento (CC 1.566) e à
união estável (CC 1.724). Porém, a violação desses deveres não
constitui, por si só, ofensa à honra e à dignidade do consorte, a ponto
de gerar obrigação por danos morais. Assim, quando o amor acaba,
não há como impor responsabilidade indenizatória. Os dissabores
decorrentes do desfazimento da relação não são indenizáveis.
Inclina-se boaparte da doutrina em sustentar que a violação dos
deveres do casamento pode ensejar responsabilidade indenizatória
para a reparação dos danos oriundos da ruptura do vínculo conjugal. A
tendência é a aplicação de penalidade a quem deu causa à
dissolução, bastando ao ofendido demonstrar a infração e os danos
decorrentes para que se estabeleça o efeito, que é a responsabilidade
do faltoso. Não importa a culpa para impor a obrigação de ressarcir os
danos. A simples inobservância dos deveres do casamento
configuraria dano alvo de indenização.
Essa linha de sustentação, no entanto, não encontra ressonância
na jurisprudência. Ninguém pode ser considerado culpado por deixar
de amar. Quando acaba o sonho do amor jurado eterno, a tendência
sempre é culpar o outro. Mas o desamor, a solidão, a frustração da
expectativa de vida a dois não são indenizáveis. Para a configuração
do dever de indenizar não é suficiente que o ofendido demonstre seu
sofrimento. Somente ocorre a responsabilidade civil se presentes
todos os seus elementos essenciais: dano, ilicitude e nexo causal.
Não cabe indenizar alguém pelo fim de uma relação conjugal. Pode-se
afirmar que a dor e a frustração, se não são queridas, são ao menos
previsíveis, lícitas e, portanto, não indenizáveis.18
O dever de fidelidade recíproca e de mantença de vida em
comum entre os cônjuges, bem como o dever de lealdade imposto
aos companheiros, não significam obrigação de natureza sexual. Não
há como obrigar o adimplemento do debitum conjugale, infeliz locução
que significa o dever de alguém se sujeitar a contatos sexuais contra a
sua vontade. Se o débito fosse um dever, como exigi-lo judicialmente?
Poder-se-ia falar em “crédito conjugal”?19 Assim, desarrazoado e
desmedido pretender que a ausência de contato físico de natureza
sexual seja reconhecida como inadimplemento de dever conjugal a
justificar obrigação indenizatória por dano moral. Também a
infidelidade não gera o pagamento de indenização. Até porque, seria o
valor tarifado por relação sexual ou por amante? A reincidência daria
ensejo a valor majorado? A jurisprudência de forma uniforme rejeita a
possibilidade indenizatória por dano moral, quer seja a ação movido
contra o adúltero, quer contra a amante do cônjuge infiel.20 No entanto,
há a possibilidade de ser indenizada a vítima por falsa imputação de
adultério.21
Já a falsa atribuição da paternidade ao marido pode ensejar
obrigação indenizatória.22
Com o desaparecimento da separação, a tentativa de morte e as
sevícias (CC 1.573 II e III) deixam de servir de fundamento para a
dissolução do casamento, mas geram direitos indenizatórios a título de
dano moral, sem a necessidade de comprovação de sequelas físicas.
Os danos psíquicos são inquestionáveis. Nessa seara, no entanto, a
obrigação indenizatória decorre da prática de ato ilícito (CC 186)
consumado ou tentado, e não da existência do vínculo familiar. A
origem da obrigação é o delito penal, e não o descumprimento de
deveres conjugais.
Quanto à violação dos demais deveres do casamento, como
adultério, abandono do lar, condenação criminal e conduta desonrosa,
que servia de motivação para a ação de separação (CC 1.573 I e IV a
VI), não gera por si só obrigação indenizatória. Porém, inclina-se a
doutrina a sustentar que, se tais posturas, ostentadas de maneira
pública, comprometeram a reputação, a imagem e a dignidade do par,
cabem danos morais. No entanto, é necessária a comprovação dos
elementos caracterizadores da culpa – dano, culpa e nexo de
causalidade –, ou seja, que os atos praticados tenham sido
martirizantes, advindo profundo mal-estar e angústia. Como diz
Belmiro Welter, impossível não se sensibilizar pela tese da
reparabilidade dos danos morais resultantes da dissolução da
sociedade conjugal.23
É difícil vencer a controvérsia sobre a responsabilidade civil por ato
praticado no âmbito do direito das famílias, uma vez que a resposta
deve levar em linha de conta inúmeros fatores de ordem jurídica e até
moral.24 Cabe ao juiz ponderar os valores éticos em conflito, não
podendo deixar de perceber que, na especialidade da relação fundada
no amor, o desaparecimento da afeição não pode ser, por si, causa de
indenização.25 Na relação conjugal, o princípio da liberdade,
juntamente com o da igualdade, se sobrepõe ao vínculo da
solidariedade familiar, garantindo ausência de reparação por não
haver propriamente dano moral indenizável.26
A identificação da competência para as ações de indenização
tendo por fundamento relação de família diverge de tribunal para
tribunal. A Justiça paulista27 e a paranaense28 direcionam as ações
para o juízo cível. No Rio Grande do Sul, que dispõe de
especialização no Tribunal de Justiça, é reconhecida a competência
dos juizados de família.29
6.3 Noivado e namoro
Ao se falar em dano moral e ressarcimento pela dor do fim do
sonho desfeito, o término do namoro também poderia originar
responsabilidade por dano moral.30 Quando se dissolve o noivado,
com alguma frequência é buscada indenização, não só referente aos
gastos feitos com os preparativos do casamento que se frustrou, mas
também por danos morais pelo projeto de vida que desabou. Ainda
que todos concordem que o fim do namoro, mesmo que tenha se
prolongado por muitos anos, não é fonte de responsabilidade, o noivo
abandonado na porta da igreja acaba batendo às portas da Justiça.
O noivado recebia o nome de esponsais:31 contrato escrito no qual
os noivos assumiam o compromisso solene de contrair matrimônio,
com estipulação de prazos e outras condições. Como se tratava de
uma promessa de realizar um negócio jurídico, tal qual uma promessa
de contratar – ou seja, promessa de casamento –, ensejava direito de
indenização a ser resolvida por perdas e danos em caso de
inadimplemento.
A lei não mais regulamenta essa hipótese, que não pode mais ser
identificada como um contrato. Ainda em muitos casos o noivado
precede o casamento, mas isso não se traduz em obrigação de casar,
ainda mais se o amor antes sentido se esvaiu, a justificar o
rompimento da relação.32 O noivado é mero compromisso moral e
social e significa que os nubentes têm a intenção de casar. Esse
compromisso, no entanto, pode ser desfeito a qualquer tempo. Não se
pode negar que a dor e o sofrimento causados por uma separação
não desejada são intensos e profundos, mas, conforme bem adverte
Maria Celina Bodin de Morais, não são sentimentos que se comportam
no conceito jurídico de dano moral.33 O significado da expressão
rompimento imotivado ou injustificado só pode dizer respeito ao fato
de que não se tem mais a vontade (juridicamente protegida) de
casar.34
Essa é a postura que norteia a jurisprudência e não reconhece a
responsabilidade civil pela ruptura unilateral do noivado, deixando de
impor pagamento de indenização por dano moral. Com o fim do
noivado, cabe, no máximo, buscar os danos materiais, competindo à
parte demonstrar as circunstâncias prejudiciais em face das
providências porventura tomadas em vista da expectativa do
casamento. Não se indenizam lucros cessantes, mas os prejuízos
diretamente causados pela quebra do compromisso, a outro título que
não o de considerar o casamento como um negócio, uma forma de
obter lucro ou vantagem.35
De qualquer modo, há como reconhecer como abuso de direito a
atitude de quem põe fim ao relacionamento poucos dias antes da
cerimônia. Desvencilhar-se de quem não é o parceiro ideal para
acompanhar a empreitada de uma vida é lícito, mas exercitar esse
direito poucos dias antes da cerimônia matrimonial configura abuso de
direito.36 Por isso, sustenta Euclides de Oliveira a possibilidade de
indenização na hipótese de arrependimento injustificado e rompimento
danoso do noivado, como no caso em que um dos nubentes
desaparece às vésperas do casamento, assume novo relacionamento
amoroso ou, ainda pior e mais doloroso, abandona o outro aos pés do
altar.37
6.4Dano moral e alimentos
Não se pode confundir obrigação alimentar com indenização por
danos morais. A obrigação de pagamento de alimentos, que subsiste
após o rompimento do casamento e da união estável, não dispõe de
natureza indenizatória. Com o fim do instituto da culpa, desapareceu a
possibilidade de buscar a identificação do responsável pela situação
de necessidade para achatar o quantum da verba alimentar (CC 1.694
§ 2.º).
O reconhecimento da obrigação alimentar não é condenação por
danos morais. Trata-se de encargo que tem como causa a
necessidade, a ausência de condições de prover por si à própria
subsistência. Ao depois, os alimentos estão sujeitos à revisão e à
exoneração, possibilidades que não se coadunam com a
responsabilidade civil.38
Estabelece José de Aguiar Dias a diferença entre pensão alimentar
e indenização: os alimentos só podem ser exigidos pelo cônjuge que
prova necessidade, ao passo que a reparação civil pode ser exigida
independentemente da situação econômica do prejudicado. A
indenização tem caráter definitivo, não pode ser suprimida, aumentada
ou diminuída, enquanto a pensão alimentar é essencialmente variável,
por atender às necessidades do alimentando e às condições
econômicas do alimentante.39
Ainda que não se confundam, nada impede que a indenização por
dano moral seja paga de forma parcelada, em prestações mensais. E,
mesmo paga a indenização parceladamente, tal não inibe a busca de
alimentos, que podem ser devidos simultaneamente.
6.5 Abandono afetivo
A Constituição (227) e o ECA acolhem a doutrina da proteção
integral. De modo expresso, crianças e adolescentes devem ser
colocados a salvo de toda forma de negligência. Transformaram-se
em sujeitos de direito e foram contemplados com enorme número de
garantias e prerrogativas. Mas direitos de uns significam obrigações
de outros. Por isso a Constituição enumera quem são os responsáveis
a dar efetividade a esse leque de garantias: a família, a sociedade e o
Estado. Ao regulamentar a norma constitucional, o ECA identifica
como direito fundamental de crianças e adolescentes o seu
desenvolvimento sadio e harmonioso (ECA 7.º). Igualmente lhes
garante o direito a serem criados e educados no seio de sua família
(ECA 19).
O conceito atual de família é centrado no afeto como elemento
agregador, e exige dos pais o dever de criar e educar os filhos sem
lhes omitir o carinho necessário para a formação plena de sua
personalidade. A grande evolução das ciências que estudam o
psiquismo humano acabou por escancarar a decisiva influência do
contexto familiar para o desenvolvimento sadio de pessoas em
formação. Não se pode mais ignorar essa realidade, tanto que se
passou a falar em paternidade responsável. Assim, a convivência
dos filhos com os pais não é um direito, é um dever. Não há direito de
visitá-lo, há obrigação de conviver com ele. O distanciamento entre
pais e filhos produz sequelas de ordem emocional e pode
comprometer o seu sadio desenvolvimento. O sentimento de dor e de
abandono pode deixar reflexos permanentes em sua vida. Por certo, a
decisão do STJ reconheceu o cuidado como valor jurídico,
identificando o abandono afetivo como ilícito civil, a ensejar o dever de
indenizar.40
A falta de convívio dos pais com os filhos, em face do rompimento
do elo de afetividade, pode gerar severas sequelas psicológicas e
comprometer o seu desenvolvimento saudável. A figura do pai é
responsável pela primeira e necessária ruptura da intimidade mãe-filho
e pela introdução do filho no mundo transpessoal, dos irmãos, dos
parentes e da sociedade. Nesse outro mundo, imperam ordem,
disciplina, autoridade e limites.41 A omissão do genitor em cumprir os
encargos decorrentes do poder familiar, deixando de atender ao dever
de ter o filho em sua companhia, produz danos emocionais
merecedores de reparação. Se lhe faltar essa referência, o filho estará
sendo prejudicado, talvez de forma permanente, para o resto de sua
vida. Assim, a ausência da figura do pai desestrutura os filhos, tira-
lhes o rumo da vida e debita-lhes a vontade de assumir um projeto de
vida. Tornam-se pessoas inseguras, infelizes.42 Tal comprovação,
facilitada pela interdisciplinaridade, tem levado ao reconhecimento da
obrigação indenizatória por dano afetivo. Ainda que a falta de
afetividade não seja indenizável, o reconhecimento da existência do
dano psicológico deve servir, no mínimo, para gerar o
comprometimento do pai com o pleno e sadio desenvolvimento do
filho. Não se trata de impor um valor ao amor, mas reconhecer que o
afeto é um bem que tem valor.
O abandono afetivo pode gerar obrigação indenizatória, conforme
enunciado do IBDFAM.43 A reparabilidade do dano encontra respaldo
legal (CC 952 parágrafo único), uma vez que atinge o sentimento de
estima frente determinado bem.
6.6 Perda de uma chance
A teoria da perda de uma chance surgiu do alargamento do
conceito de responsabilidade civil, para abranger não só os danos
causados à pessoa humana, mas também o desaparecimento da
probabilidade de um evento que possibilitaria um benefício futuro.
Trata-se de modalidade autônoma de dano, que permite a reparação
em decorrência da subtração da possibilidade séria e real que tinha a
vítima de obter, futuramente, um benefício ou evitar ou minimizar
determinada situação prejudicial a si, independentemente da certeza
absoluta do resultado final.44
Cada vez mais a doutrina e a jurisprudência vêm reconhecendo a
possibilidade de invocar a perda de uma chance no âmbito do direito
das famílias. Alerta Fernanda Carvalho Leão Barretto sobre o risco de
colocar a teoria a serviço da violação do afeto, ou seja, a pretensão de
buscar indenização pela mera ruptura das relações afetivas.45
A alegação de perda de uma chance pelo rompimento de um
namoro, noivado ou casamento não preenche o requisito essencial de
subtrair da oportunidade de obtenção de situação vantajosa. Para isso
seria indispensável a presença dos pressupostos comuns da
responsabilidade civil (conduta, culpa, dano e nexo de causalidade).46
A oportunidade subtraída da vítima é, em si mesma, um bem jurídico
atual e certo, cuja violação faz nascer o direito de reparação. Daí a
necessidade de se comprovar a perda da vantagem sofrida, indicando
as probabilidades sonegadas pelo ato culposo do ofensor.47
Somente no caso concreto é possível aferir se as chances eram,
efetivamente, reais, de acordo com o princípio da razoabilidade. Ainda
que ressaltando as dificuldades em se admitir, na prática, tal situação,
Rafael Peteffi da Silva discorre sobre a incidência da teoria da perda
de uma chance no caso do credor que deixa de receber pensão
alimentícia em razão da morte do alimentante, culposamente
causada por terceiro.48
Fernanda Otoni de Barros traz mais um exemplo. É o caso da mãe
que, deliberadamente, opta por não revelar ao genitor a sua gravidez
e acaba casando com outro homem, com quem mantinha
relacionamento afetivo. O marido cria o filho como seu, configurando
uma paternidade socioafetiva, o que inviabiliza o genitor de, ao saber
da verdade, exercer o seu direito de pai. Nesta hipótese, seria
possível a incidência da perda de uma chance.49
Também é possível cumular pedido indenizatório, na ação
investigatória de paternidade, promovida pelo filho por ter perdido a
chance de ter recebido uma melhor educação, por exemplo.
Cabe atentar para a diferença entre perda de uma chance e lucros
cessantes. Segundo Cristiano Chaves de Farias, os lucros cessantes
correspondem ao dano patrimonial consistente na perda certa e
incontroversa de um bem jurídico que iria se incorporar ao patrimônio
do sujeito lesado, enquanto a perda de uma chance corresponde a
uma possibilidade suficiente e mínima de obtenção de um benefício,
caso não tivesse sido subtraída a oportunidade.50 E mais: a perda de
uma chance pode estar relacionada a um dano não patrimonial, ao
passo que os lucros cessantessempre decorrem de um prejuízo
patrimonialmente aferível (CC 403).
Leitura complementar
AGUIAR JR., Ruy Rosado. Responsabilidade civil no direito de
família. In: WELTER, Belmiro Pedro; MADALENO, Rolf Hanssen
(coords.). Direitos fundamentais do direito de família. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2004. p. 359-372.
BARRETO, Fernanda Carvalho Leão. A responsabilidade civil pela
perda de uma chance, sua intersecção com o direito das famílias e o
estabelecimento das relações parentais: investigando possibilidades.
Revista Brasileira de Direito das Famílias e Sucessões, Porto Alegre,
Magister; Belo Horizonte, IBDFAM, ano XIII, n. 29, p. 20-37, ago.-set.
2012.
FARIAS, Cristiano Chaves de. A teoria da perda de uma chance
aplicada no direito de família: utilizar com moderação. Revista
Brasileira de Direito das Famílias e Sucessões, Porto Alegre, Magister;
Belo Horizonte, IBDFAM, n. 7, p. 46-63, dez.-jan. 2009.
MORAES, Maria Celina Bodin de. Danos morais em família?
Conjugalidade, parentalidade e responsabilidade civil. In: PEREIRA,
Tânia da Silva; PEREIRA, Rodrigo da Cunha (coords.). A ética da
convivência familiar e a sua efetividade no cotidiano dos tribunais. Rio
de Janeiro: Forense, 2006. p. 171-201.
NERY, Nilson Guerra. A infidelidade e o dano moral indenizável.
Recife: Bagaço, 2006.
OLTRAMARI, Vitor Ugo. O dano moral na ruptura da sociedade
conjugal. Rio de Janeiro: Forense, 2005.
REIS, Clayton; SIMÕES, Fernanda Martins. As relações familiares
sob a ótica da responsabilidade civil brasileira. Revista Juris Plenun,
Caxias do Sul, ano VIII, n. 46, p. 21-36, jul. 2012.
1.
Melanie Falkas, O luto de uma separação, 366.
2.
Rodrigo da Cunha Pereira, Separação e ritos de passagem, 362.
3.
Rodrigo da Cunha Pereira, Divórcio, 78.
4.
Bruna Barbieri Waquim, Universos paralelos e danos de amor:…, 71.
5.
Anderson Schreiber, O princípio da boa-fé objetiva no direito de família, 128.
6.
Cristiano Chaves de Farias, A tutela jurídica da confiança…, 266.
7.
Ruy Rosado de Aguiar Jr., Responsabilidade civil no direito de família, 360.
8.
Idem, 361.
9.
João Baptista Villela, Repensando o direito de família, 20.
10.
Ruy Rosado de Aguiar Jr., Responsabilidade civil no direito de família, 366.
11.
Idem, 367.
12.
Ação de reconhecimento e dissolução de união estável. […] Danos morais. Não
configurados. […] 6. Os dissabores e as frustrações decorrentes do rompimento das
relações — casamento/união estável —, se não comprovado ato ilícito praticado pela
parte demandada, inviabiliza o acolhimento do pleito indenizatório. Apelos desprovidos.
(TJRS, AC 70055465819, 7.ª C. Cív., Rel. Des. Sandra Brisolara Medeiros, j.
07/05/2014).
13.
Sérgio Gischkow Pereira, Estudos de direito de família, 82.
14.
Belmiro Pedro Welter, Estatuto da união estável, 230.
15.
Divórcio. Reconvenção. Indenização por danos morais. Procedência. Ausência de ato
ilícito caracterizador do dever de indenizar. Sentença reformada. A prematura e
imotivada ruptura do vínculo conjugal não constitui conduta ilícita hábil a amparar a
pretensão de indenização por danos morais decorrente do divórcio. Recurso provido.
(TJPR, AC 46669-34.2012.8.16.0014, Rel. Des. Joeci Machado Camargo, j.
29/01/2014).
16.
Rodrigo da Cunha Pereira, Concubinato e união estável, 9.
17.
Anulação de casamento. Erro essencial em relação à pessoa do outro cônjuge.
Caracterização. Dano moral arbitrado em 100 salários mínimos que é reduzido à
metade. […] Recurso provido em parte. (TJSP, AP 0031731-05.2009.8.26.0000, 3.ª C.
Dir. Priv., Rel. Des. João Pazine Neto, j. 26/06/2012).
18.
Nara Rubia Alves de Resende, Da possibilidade de ressarcimento dos danos…, 30.
19.
Ana Carolina Brochado Teixeira, Responsabilidade civil e…, 146.
20.
Danos materiais e morais. Alimentos. Irrepetibilidade. Descumprimento do dever de
fidelidade. Imputação ao cúmplice da traição. Impossibilidade. Indenização. Juros
moratórios. Percentual. […] 3. O dever de fidelidade recíproca dos cônjuges é atributo
básico do casamento e não se estende ao cúmplice de traição a quem não pode ser
imputado o fracasso da sociedade conjugal por falta de previsão legal. […] 5.
Embargos de declaração acolhidos apenas para esclarecer o percentual dos juros
moratórios em virtude da condenação decorrente do provimento do recurso especial.
(STJ, ED no REsp 922.462/SP, 3.ª T., Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, p.
14/04/2014).
21.
Indenização. Difamação. Imputação de adultério. Revelia. Presunção de veracidade.
Boa fama e reputação. Direito à honra. Dano moral in re ipsa. Procedência. 1 – É
notório que a pública exposição da mulher ao ridículo, a quem se imputa a prática de
adultério, figura já banida do nosso ordenamento jurídico, com o evidente propósito de
comprometer a sua idoneidade moral perante a vizinhança, colegas de trabalho e
familiares, é motivo bastante a causar ofensa moral passível de ser reparada
civilmente. 2 – O valor a ser arbitrado a título de indenização por dano imaterial deve
levar em conta o princípio da proporcionalidade, bem como as condições da ofendida,
a capacidade econômica do ofensor, além da reprovabilidade da conduta ilícita
praticada. Por fim, há que se ter presente que o ressarcimento do dano não se
transforme em ganho desmesurado, importando em enriquecimento ilícito. (TJSE, AC
0002369-50.2011.8.17.1030, 5.ª C. Cív., Rel. Des. José Fernandes, j. 08/08/2012).
22.
Recurso especial. Direito civil e processual. Danos materiais e morais. Alimentos.
Irrepetibilidade. Descumprimento do dever de fidelidade. Omissão sobre a verdadeira
paternidade biológica de filho nascido na constância do casamento. Dor moral
configurada. Redução do valor indenizatório. […] 2. O elo de afetividade determinante
para a assunção voluntária da paternidade presumidamente legítima pelo nascimento
de criança na constância do casamento não invalida a relação construída com o pai
socioafetivo ao longo do período de convivência. 3. O dever de fidelidade recíproca dos
cônjuges é atributo básico do casamento e não se estende ao cúmplice de traição a
quem não pode ser imputado o fracasso da sociedade conjugal por falta de previsão
legal. 4. O cônjuge que deliberadamente omite a verdadeira paternidade biológica do
filho gerado na constância do casamento viola o dever de boa-fé, ferindo a dignidade
do companheiro (honra subjetiva) induzido a erro acerca de relevantíssimo aspecto da
vida que é o exercício da paternidade, verdadeiro projeto de vida. 5. A família é o
centro de preservação da pessoa e base mestra da sociedade (art. 226 CF/88)
devendo-se preservar no seu âmago a intimidade, a reputação e a autoestima dos seus
membros. 6. Impõe-se a redução do valor fixado a título de danos morais por
representar solução coerente com o sistema. 7. Recurso especial do autor desprovido;
recurso especial da primeira corré parcialmente provido e do segundo corréu provido
para julgar improcedente o pedido de sua condenação, arcando o autor, neste caso,
com as despesas processuais e honorários advocatícios. (STJ, REsp 922.462/SP
(2007/0030162-4), 3.ª T., Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 04/04/2013).
23.
Belmiro Pedro Welter, Dano moral na separação judicial, divórcio e união estável, 135.
24.
Ruy Rosado de Aguiar Jr., Responsabilidade civil no direito de família, 365.
25.
Idem, 371.
26.
Maria Celina Bodin de Moares, Danos morais em família?…, 201.
27.
TJSP, AC 0208670-88.2010.8.26.0100, 5.ª C. Dir. Priv., Rel. Des. Moreira Viegas, j.
07/11/2012.
28.
TJPR, CC 7448848 PR 0744884-8, 12.ª C. Cív., Rel. Des. Costa Barros, j. 06/07/2011.
29.
TJRS, AC 70056129950, 10.ª C. Cív., Rel. Des. Paulo Roberto Lessa Franz, j.
05/09/2013.
30.
Sérgio Gischkow Pereira, Estudos de direito de família, 82.
31.
A lei que o previa é do ano de 1784 e constava da Consolidação das LeisCivis, art. 76
e seguintes.
32.
Claudia Stein Vieira, Do casamento, 46.
33.
Responsabilidade civil. Ação de indenização. Promessa de casamento. Ruptura do
noivado. Dano moral não configurado. Sentença mantida. Com relação aos danos
morais, ainda que não se desconheça o abalo sofrido em decorrência da ruptura de um
relacionamento, cuida-se de fato a que qualquer ser humano, que estiver aberto a se
relacionar, está sujeito. No caso dos autos, mesmo que inegável a mágoa da apelante,
não há nada que extrapole a normalidade decorrente da ruptura de noivado. Assim,
inexiste o dano moral. […]. Recurso de apelação e recurso adesivo desprovido. (TJRS,
AC 70026835371, 6.ª C. Cív., Rel. Artur Arnildo Ludwig, j. 27/01/2011).
34.
Maria Celina Bodin de Moraes, Danos morais em família?…, 183.
35.
José de Aguiar Dias, Da responsabilidade civil, 162.
36.
Clayton Reis e Fernanda Simões, As relações familiares sob a ótica…, 34.
37.
Euclides de Oliveira, A escalada do afeto no direito de família:…, 330.
38.
Nara Rubia Alves de Resende, Da possibilidade de ressarcimento dos danos…, 12.
39.
José de Aguiar Dias, Da responsabilidade civil, 170.
40.
Abandono afetivo. Compensação por dano moral. Possibilidade. 1. Inexistem restrições
legais à aplicação das regras concernentes à responsabilidade civil e o consequente
dever de indenizar/compensar no Direito de Família. 2. O cuidado como valor jurídico
objetivo está incorporado no ordenamento jurídico brasileiro não com essa expressão,
mas com locuções e termos que manifestam suas diversas desinências, como se
observa do art. 227 da CF/88. 3. Comprovar que a imposição legal de cuidar da prole
foi descumprida implica em se reconhecer a ocorrência de ilicitude civil, sob a forma de
omissão. Isso porque o non facere, que atinge um bem juridicamente tutelado, leia-se,
o necessário dever de criação, educação e companhia – de cuidado – importa em
vulneração da imposição legal, exsurgindo, daí, a possibilidade de se pleitear
compensação por danos morais por abandono psicológico. 4. Apesar das inúmeras
hipóteses que minimizam a possibilidade de pleno cuidado de um dos genitores em
relação à sua prole, existe um núcleo mínimo de cuidados parentais que, para além do
mero cumprimento da lei, garantam aos filhos, ao menos quanto à afetividade,
condições para uma adequada formação psicológica e inserção social. 5. A
caracterização do abandono afetivo, a existência de excludentes ou, ainda, fatores
atenuantes – por demandarem revolvimento de matéria fática – não podem ser objeto
de reavaliação na estreita via do recurso especial. 6. A alteração do valor fixado a título
de compensação por danos morais é possível, em recurso especial, nas hipóteses em
que a quantia estipulada pelo Tribunal de origem revela-se irrisória ou exagerada. 7.
Recurso especial parcialmente provido. (STJ, REsp 1.159.242/SP, 3.ª T., Rel. Min.
Nancy Andrighi, p. 10/05/2012).
41.
Claudete Carvalho Canezin, Da reparação do dano existencial ao filho decorrente do
abandono paterno-filial, 77.
42.
Idem, 78.
43.
Enunciado 8 do IBDFAM: O abandono afetivo pode gerar direito à reparação pelo dano
causado.
44.
Fernanda Carvalho Leão Barretto, A responsabilidade civil pela perda de uma
chance…, 22.
45.
Idem, 29.
46.
Cristiano Chaves de Farias, A teoria da perda de uma chance aplicada ao direito de
família:…, 57.
47.
Rafael Peteffi da Silva, Responsabilidade civil pela perda de uma chance:…, 47.
48.
Idem, 38.
49.
Fernanda Otoni de Barros, Do direito ao pai: a paternidade no tribunal e na vida, 88.
50.
Cristiano Chaves de Farias, A teoria da perda de uma chance aplicada no direito de
família:…, 50.

Outros materiais