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Capítulo 32 Curatela

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32. CURATELA
32. CURATELA
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32. CURATELA
SUMÁRIO: 32.1 Tentativa conceitual: 32.1.1 Curatela
compartilhada – 32.2 Espécies – 32.3 Legitimidade para requerer a
interdição: 32.3.1 Pais ou tutores; 32.3.2 Cônjuge ou parente; 32.3.3
Ministério Público – 32.4 Nascituro – 32.5 Enfermo e pessoa com
deficiência – 32.6 Exercício – 32.7 Prestação de contas – 32.8 Ação
de interdição: 32.8.1 Eficácia da sentença – 32.9 Levantamento da
interdição – 32.10 Incapacidade temporária – 32.11 Incapacidade
Provisória – 32.12 Autotutela – Leitura complementar.
Referências legais: CF 23 II, 30 II, 227 §§ 1.º II e 2.º, e 244; CC 3.º
II, 4.º II a IV, 932 II, 1.523 IV, 1.590, 1.767 a 1.783, 2.040; CPC 878,
1.177 a 1.198; L 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente –
ECA) 44, 201 III e IV; L 6.015/73 (Lei de Registros Públicos – LRP) 29
V, 92, 93 e 107; D 24.559/34; CP 92, 248 e 249.
32.1 Tentativa conceitual
Ao completar 18 anos, implementa-se a maioridade. A pessoa
adquire a plena capacidade (CC 3.º e 4.º). E, por presunção legal,
todos os maiores de idade são capazes de administrar sua pessoa e
seus bens. No entanto, por motivos diversos, há quem, em razão de
doença ou deficiência mental, se acha impossibilitado de cuidar dos
próprios interesses.1 Nesses casos, é necessário atribuir esse encargo
a outrem: um curador. A curatela é instituto protetivo dos maiores de
idade, mas incapazes de zelar por seus próprios interesses, reger
sua vida e administrar seu patrimônio. O processo de interdição é o
meio próprio para incapacitar aqueles desprovidos de discernimento.2
Sujeitam-se também à curatela os nascituros, os ausentes, os
enfermos e os deficientes físicos.
Muitas vezes a mudança de palavras tem importante significado na
construção de novos conceitos. Tal aconteceu com a forma de
identificar um deficiente. Em um primeiro tempo chegou-se a chamá-
los de “loucos de todo o gênero”. Depois passaram a ser nominados
de “portadores de necessidades especiais”, ou “portadores de
deficiências”. Atualmente a expressão considerada politicamente
correta é: pessoas com deficiência.
Por recomendação constitucional, as pessoas com deficiência vêm
recebendo cada vez maior atenção (CF 23 II, 30 II, 227 §§ 1.º II e 2.º,
e 244). A finalidade da curatela, além de protetiva, é assistencial.
Tem caráter supletivo da capacidade.3 Trata-se de múnus público:
encargo conferido por lei a alguém, para reger a pessoa e administrar
os bens de maiores que, por si mesmos, não possam fazê-lo.4 Como a
curatela visa a proteger pessoa incapaz, recobrando o interditado a
higidez mental, é cabível o levantamento da interdição.
A curatela não se confunde com a tutela, apesar da semelhança
dos dois institutos. Ambas têm natureza protetiva e fins idênticos,
tanto que o legislador manda aplicar à curatela as regras da tutela,
respeitadas as peculiaridades individuais (CC 1.774). Tal como ocorre
na tutela, não é rígida nem obrigatória a ordem estabelecida na lei
para a nomeação do curador, devendo, antes de mais nada, serem
resguardados os interesses do interdito.5 Não só o Código Civil,
também a legislação do ECA deve ser aplicada à curatela. Assim,
impositivo que se reconheça a condição do curatelado de dependente
do curador, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive
previdenciários. Como dessa condição goza o tutelado (ECA 33 §
3.º), da mesma condição deve desfrutar o curatelado. Como na
maioria das vezes o incapaz não dispõe de recursos próprios para se
manter, acaba por demais onerado o curador, nada justificando que
não possa ser considerado seu dependente.6
A tutela destina-se a proteger crianças e adolescentes que, em
função da menoridade (CC 3.º e 4.º), não dispõem de plena
capacidade e estão afastados do poder familiar dos genitores. Já a
curatela empresta proteção aos maiores incapacitados para a
autodeterminação. Sem muita justificativa, o nascituro é submetido à
curatela e não à tutela.
Em face do caráter protetivo da tutela, o tutor pode ser escolhido,
via testamento, pelo pai ou pela mãe (CC 1.729 parágrafo único). Já a
nomeação do curador segue o critério de nomeação posto na lei. De
qualquer forma, não há impedimento de os pais nomearem, por
testamento, curador para os filhos que não dispõem da plena
capacidade mental,7 quer sejam os filhos já interditados ou não.
Também é de admitir-se a possibilidade de eleição antecipada de
curador, pelo próprio curatelado, se tal ocorreu enquanto era
plenamente capaz.8 A manifestação pode ser levada a efeito por
escritura pública ou escrito particular, referendada por duas
testemunhas.
À curatela aplicam-se os dispositivos da tutela (CC 1.774). Como é
vedado testamento conjunto (CC 1.863), cada um dos pais pode
indicar um curador, que assumirá o encargo quando o genitor
sobrevivente morrer. Ainda que o instituto da tutela diga respeito a
menores e a curatela vise à proteção de maiores incapazes, o ECA
também defere legitimidade ao Ministério Público para promover
ação de nomeação de curador (ECA 201 III).
Em face da aplicação supletiva à curatela das disposições
concernentes à tutela (CC 1.774), cabe ao curador representar o
curatelado (CC 1.747), competindo-lhe dar autorização para o
casamento. No entanto, somente os pródigos (CC 1.767 V) e os
sujeitos à curatela relativa (CC 1.767 II e III) podem casar. Para o
casamento, é necessário o pleno discernimento para os atos da vida
civil, sendo nulo (CC 1.548) ou anulável (CC 1.550 IV) quando
contraído por alguém incapaz para manifestar de modo inequívoco o
consentimento. No entanto, o casamento só se contamina de nulidade
se a incapacidade é severa com referência às relações existenciais.
Mesmo nulo o casamento, pela incapacidade do cônjuge, é
indispensável reconhecer ou o casamento como putativo ou, ao
menos, a existência de união estável. E, ao se reconhecer a higidez
da união estável, nada justifica impor a anulação do casamento, ao
menos de quem, mesmo com limitações para reger seus bens, tem
condições de assumir seus afetos. Negar qualquer efeito ao vínculo,
que, afinal, existiu, pode ser fonte de enriquecimento injustificado,
solução que não se coaduna com a Justiça. Assim, mesmo nulo o
casamento, há que se lhe emprestar sequela de alguma ordem.
O caráter protetivo da curatela resta evidenciado quando a lei
estende aos descapacitados a mesma proteção dos filhos menores
(CC 1.590): as disposições relativas à guarda e prestação de
alimentos aos filhos menores estendem-se aos maiores incapazes. Tal
dispositivo, no entanto, ao conferir a guarda do filho maior incapaz ao
genitor, não o sujeita ao poder familiar nem afasta a necessidade de
ser interditado.
Como a pessoa sujeita à curatela tem alguma limitação, há que se
reconhecer sua vulnerabilidade. Assim, pode sujeitar-se à alienação
parental por parte do curador ou de pessoa outra que exerça alguma
influência sobre ela. Flagrada a tentativa de construir injustificável
rejeição a alguém com quem o curatelado tinha alguma afinidade ou
afeição, impositiva a aplicação das sanções previstas na legislação
especial.9 Possível, assim, assegurar direito de convivência, substituir
o curador e penalizar o alienador.
O curador só pode casar com o curatelado depois de cessada a
curatela e saldadas as respectivas contas (CC 1.523 IV). Ocorrendo o
casamento antes de atendidos esses encargos, o regime será
obrigatoriamente o da separação de bens (CC 1.641 I). No entanto,
possível afastar tal regime se provada a ausência de prejuízo ao
curatelado (CC 1.523 parágrafo único). Salutar a vedação de o
curador adotar o curatelado enquanto não der contas de sua
administração e não saldar eventuais débitos (ECA 44).
Indica a lei quem está sujeito à curatela (CC 1.767): I – os que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário
discernimento para os atos da vida civil; II – quem, por outra causa
duradoura, não puder exprimira sua vontade; III – os deficientes
mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos; IV – os
excepcionais sem completo desenvolvimento mental; e V – os
pródigos. Tal rol guarda correspondência com a diferenciação feita
entre incapacidade absoluta (CC 3.º II) e incapacidade relativa (CC 4.º
II e III).
De absoluta inutilidade o elenco legal. Constatada a incapacidade,
de todo dispensável tentar rotular a sua causa, bastando o
reconhecimento da deficiência para o decreto da interdição. Assim,
apesar do esforço do legislador, descabida a tentativa de arrolar,
identificar ou definir as limitações ou inaptidões que geram o
comprometimento da higidez mental. A perícia médica é que define o
grau de incapacidade e de comprometimento a dar ensejo ao decreto
judicial da interdição. O estado de alienação, por si só, não enseja a
incapacitação. O que efetivamente importa saber é se existe causa
incapacitante e, caso positivo, em que grau de extensão compromete
o exercício dos atos da vida civil, a ponto de impossibilitar a
administração dos negócios e a gestão de bens.10 A psicopatia e a
sociopatia, ainda que não digam com a capacidade de discernimento
do indivíduo, justificam a interdição, para a proteção do próprio
indivíduo e do grupo social.11
Nem o deficiente visual nem o auditivo estão sujeitos à curatela.
O quadro de depressão não justifica a interdição.12 O analfabetismo
também não constitui motivo bastante para tal.13 Igualmente, a simples
idade avançada não a justifica.14 Mero enfraquecimento psíquico não
configura alteração mental. Só a demência senil autoriza a interdição.
Difícil identificar quem se pode chamar de pródigo. Não se trata de
doença mental, mas eles são identificados como relativamente
capazes (CC 4.º IV). A prodigalidade é considerada um problema
social, jurídico e psiquiátrico.15 A justificativa para a interdição do
pródigo é preservar o seu patrimônio, proteger a ele e sua família.
Silvio Rodrigues diz que, quem dissipa desvairadamente seu
patrimônio, sem noção da importância do dinheiro, agindo sem
restrições, teria por destino a integral miséria.16 Ora, em um mundo em
que o apelo ao consumismo é tão exacerbado, difícil resistir à
tentação de ter mais do que se necessita. E, quem logrou fazer
fortuna, às vezes com o esforço de muitos anos de trabalho árduo,
tem o direito de gastar o que é seu, do jeito que melhor lhe aprouver.
De outro lado, já existem mecanismos de proteção suficientes aos
herdeiros necessários. Ninguém pode doar em vida mais do que pode
deixar por testamento (CC 549) e nem deixar de reservar bens que
garantam a sua subsistência (CC 548). Assim, nada justifica rotular
de pródigo e retirar a plena capacidade de quem dispõe de seu
patrimônio, com o só fito de preservar direitos sucessórios.17
Ainda bem que ao pródigo não são impostas restrições pessoais.
As limitações são exclusivamente de caráter patrimonial. Ele pode
casar, seja com quem for, inclusive com quem só está interessado na
sua fortuna. Sem a assistência do curador, o pródigo não pode (CC
1.782) emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar
ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de
mera administração.
32.1.1 Curatela compartilhada
Embora a lei confira legitimidade ao pai ou à mãe para o exercício
da curatela (CC 1.775 § 1.º), necessário reconhecer a possibilidade de
ambos os genitores exercerem de forma compartilhada tal tarefa.18
Não só pais, mas também avós ou outros parentes que sejam
casados ou vivam em união estável hétero ou homoafetiva podem ser
nomeados em conjunto. Não há qualquer impedimento para que dois
parentes exerçam em conjunto a curatela.19
Afinal, situações particulares como a tutela de netos e a curatela de
filhos não podem ficar atreladas à rigidez das normas nem prescindir
da utilização de novos critérios hermenêuticos de afirmação, que
cumprem a verdadeira finalidade do direito: garantir ao cidadão o
exercício efetivo de seus direitos fundamentais.20
32.2 Espécies Como são diferenciados os graus de discernimento
e inaptidão mental, a curatela admite graduações, gerando efeitos
distintos a depender do nível de consciência do interditando. Quando
há ausência total de capacidade, a impedir a lúcida manifestação de
vontade, a interdição é absoluta para todos os atos da vida civil (CC
1.767 I e II). O incapaz deve ser representado. Caso pratique algum
ato sozinho, a hipótese é de nulidade (CC 166), não podendo ser o ato
convalidado pelo representante.21
Para quem dispõe de discernimento parcial, a interdição deve ser
limitada, relativa à prática de certos atos (CC 1.772 e 1.780), cabendo
ao juiz delimitar sua extensão (CC 1.772). Nesses casos, há a
sugestão – mas não a imposição – de que as restrições sejam as
mesmas previstas para os pródigos (CC 1.782). Como alerta Sérgio
Gischkow Pereira, trata-se de curatela sem interdição.22 Os atos
celebrados sem assistência ensejam a anulabilidade (CC 171),
podendo ser ratificados pelo curador.23
A curatela não leva à incapacidade absoluta do curatelado. Cabe
distinguir o grau de incapacidade. Desse modo, o curador representa
o curatelado absolutamente incapaz e o assiste quando sua
incapacidade é relativa.
A tendência atual é dar maior liberdade ao curatelado, deixando-o
praticar sozinho atos de natureza não patrimonial, cujos efeitos se
limitam à esfera existencial, como o caso do reconhecimento de
paternidade. A proteção deve ocorrer na exata medida da ausência de
discernimento, para que não haja supressão da autonomia, dos
espaços de liberdade.24 As restrições à incapacidade de agir não
existem para alhear os incapazes, mas para integrá-los ao mundo
estritamente negocial.25 Segundo Pietro Perlingieri, é preciso
privilegiar, sempre que possível, as escolhas da vida que o deficiente
psíquico é capaz, concretamente, de exprimir, ou em relação às quais
manifesta notável propensão. A disciplina da interdição não pode ser
traduzida em uma incapacidade legal absoluta, em uma “morte civil”.26
Permitir que o curatelado possa decidir, sozinho, questões para as
quais possui discernimento é uma forma de tutela da pessoa humana,
pois a autonomia da vontade é essencial para o livre desenvolvimento
da personalidade. A real necessidade da pessoa com algum tipo de
doença mental é menos a substituição na gestão patrimonial e mais,
como decorrência do princípio da solidariedade e da função protetiva
do curador, garantir a dignidade, a qualidade de vida, a recuperação
da saúde e a inserção social do interditado.27
32.3 Legitimidade para requerer a interdição
A lei confere a determinadas pessoas legitimidade para requerer a
interdição de outrem. No elenco legal não existe ordem de
preferência: qualquer dos indicados pode propor a ação. Trata-se de
legitimação concorrente. A propositura da ação não é prerrogativa
de uma única pessoa. Mais de um legitimado pode requerer a
curatela, formando-se um litisconsórcio ativo facultativo. Assim,
ambos os pais, ou mesmo mais de um parente podem propor a ação,
cabendo ao juiz escolher, oportunamente, quem vai exercer o
encargo. De outro lado, proposta a ação por um legitimado, outro que
dispõe da mesma legitimação pode participar do processo na
condição de assistente litisconsorcial (CPC 54). A ordem de
preferência deve ser obedecida na escolha do curador. Intentada a
ação por qualquer dos legitimados, cabe ao magistrado nomear o
curador, atento à prioridade estabelecida na lei. No entanto, não pode
haver rigidez na escolha, pois é necessário atender ao interesse do
curatelado. De preferência, é de ser eleita pessoa com quem ele tenha
alguma afinidade.28
Podem promover a interdição (CC 1.768 e CPC 1.177):
32.3.1 Pais ou tutores
Fala o Código Civil em pais (CC 1.768 I) e o estatuto processual
em pai ou mãe (CPC 1.177 I), distinção que não tem qualquer
significado, não afastando a possibilidadede a interdição ser
requerida pelos pares homoafetivos.
O fato é que há a possibilidade de o pedido ser formulado por
ambos, ou por somente um dos pais, qualquer deles. Quanto aos
tutores, igualmente, um ou ambos podem pedir a interdição do
tutelado.
32.3.2 Cônjuge ou parente
Mesmo estando os cônjuges separados, de fato, de corpos ou
judicialmente, um pode requerer a interdição do outro. A legitimidade
para propor a ação é assegurada ainda que o casal não mantenha
vida em comum.29 No entanto, se estiverem separados, o cônjuge não
pode ser nomeado curador. A separação, quer judicial, quer de
corpos, ou apenas de fato, impede o exercício da curatela, mas não
a propositura da demanda.
Só se pode reconhecer como mero cochilo do legislador não
conceder legitimidade ao companheiro da união estável
heterossexual ou homoafetiva para requerer a interdição do parceiro,
até porque dispõe ele de prioridade para ser nomeado curador (CC
1.775).
Quanto aos parentes, fala o Código Civil em qualquer parente, e a
lei processual em algum parente próximo. O certo é que a interdição
pode ser requerida por quem a lei reconhece como parente:
ascendentes e descendentes de qualquer grau (CC 1.591) e parentes
em linha colateral até o quarto grau (CC 1.592). Como a afinidade
gera relação de parentesco, nada impede que os afins requeiram a
interdição e exerçam a curatela.30
Somente filhos maiores e capazes podem requerer a interdição
dos pais, pois quem não tem capacidade para reger a própria pessoa
não pode ser responsabilizado por outros.31
32.3.3 Ministério Público
Tanto o Código Civil, como o CPC indicam as hipóteses em que o
Ministério Público pode promover a ação de interdição: nos casos de
anomalia psíquica (CPC 1.178) e nas hipóteses de (CC 1.769): I –
doença mental grave; II – não existirem ou não promoverem a
interdição algumas das pessoas legitimadas; e III – os legitimados
serem menores ou incapazes. Ainda que o ECA esteja voltado para os
menores e adolescentes, confere legitimidade ao Ministério Público
para a ação de interdição (ECA 201 III), o que alcança também os
maiores. Da mesma legitimação, e injustificadamente, não dispõe a
Defensoria Pública.
Quando a ação é promovida pelo Ministério Público, é necessária a
nomeação de um representante ao interditando. O Código Civil
determina que o juiz nomeie um defensor ao suposto incapaz (CC
1.770). De maneira muito mais técnica, o CPC fala em curador à lide
(CPC 1.179 e 1.182 § 1.º). De qualquer forma, a presença do agente
ministerial é sempre indispensável, por se tratar de ação de estado
(CPC 82 II). Proposta a ação por qualquer dos demais legitimados, o
agente ministerial atua como defensor do interditando.
Ainda que o incapaz esteja abandonado em entidade
assistencial, seus dirigentes não têm legitimidade para ingressar com
ação de interdição. Afinal, terceiros não integram o rol de legitimados
para a propositura da ação (CC 1.768 e CPC 1.177). Havendo
necessidade da interdição de quem não tem parentes conhecidos, o
fato deve ser noticiado ao Ministério Público, a quem cabe propor a
demanda. No entanto, possível é que alguém ligado ao
estabelecimento onde ele se encontra internado seja nomeado seu
curador, uma vez que o encargo pode ser exercido por quem não
detenha vínculo de parentesco com o curatelado (CC 1.775 § 3.º).
32.4 Nascituro
Não se encontra muita justificativa para a determinação de
nomeação de curador ao nascituro (CC 1.779): dar-se-á curador ao
nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher, e não tendo o
poder familiar. Além de sua deficiente redação, revela o dispositivo
resquício da feição patriarcal da família. Ao depois, como o nascituro é
menor e incapaz, a hipótese seria mais de tutoria. A finalidade é
resguardar os direitos do nascituro, assegurados desde a concepção
(CC 2.º).32
A garantia dos direitos do filho nascituro é assegurada em
procedimento específico, prevendo também a possibilidade de
nomeação de curador (CPC 878). Não se atina como se possa afastar
o poder familiar da mãe, quando ainda não nascido o filho, se ela for
capaz. De qualquer forma, não só no caso de morte do pai haveria de
se cogitar da nomeação. Desconhecido, ausente ou incapaz o genitor,
cabe a nomeação.33 Estando a gestante interditada, seu curador será
curador do nascituro (CC 1.779 parágrafo único). Trata-se de uma
curadoria temporária, eis que, quando do nascimento, a criança
deverá ser posta sob tutela.
32.5 Enfermo e pessoa com deficiência
Não só o enfermo mas também pessoa com deficiência física
incapacitante pode requerer que lhe seja nomeado curador para
cuidar de todos ou de alguns de seus negócios ou bens (CC 1.780). É
o que se chama de curatela-mandato, curatela de menor extensão,
até porque não se destina a um incapaz. O próprio requerente pode
definir o seu âmbito de abrangência. Para o fiel exercício da “curatela-
mandato”, basta a atribuição de poderes para a mera administração
dos negócios e bens do curatelado, sem autorização para a
transferência ou renúncia de direitos, o que continuará dependendo da
expressa manifestação de vontade do curatelado.34
Qualquer das pessoas legitimadas (CC 1.768) também pode
requerer a curatela, mas esta só será concedida se houver a
concordância do interditando. Caso ele não possa exprimir a sua
vontade, estará sujeito à curatela ordinária.35
Esta espécie de curadoria pode beneficiar as pessoas idosas, que
não disponham de condições físicas, senão com muito sacrifício, de
se locomoverem, a fim de gerir os seus bens.36 A vantagem em
relação à procuração consiste no fato de esta perder sua eficácia caso
o outorgante incida em alguma das causas de interdição.37
Ainda assim, o mais usual é o doente e o incapacitado físico
simplesmente nomearem um procurador, em vez de fazerem uso de
uma ação judicial para que alguém atenda a seus interesses.38
32.6 Exercício
Determinada a aplicação à curatela das disposições concernentes
à tutela (CC 1.774 e 1.781), tudo o que compete ao tutor compete
também ao curador, desde a possibilidade de escusa (CC 1.736) às
normas de exercício (CC 1.740 a 1.752), como o que diz respeito aos
bens (CC 1.753) e, principalmente, ao dever de prestar contas (CC
1.755 a 1.762).
O Código Civil deixou de determinar, como fazia a lei anterior
(CC/16 418 e 827 IV), que o tutor especifique bens em hipoteca
legal. Assim, a atribuição conferida pelo ECA (201 IV) ao Ministério
Público para promover, de ofício, a especificação e a inscrição de
hipoteca dos curadores não persiste. Do mesmo modo, está
derrogada a regulamentação feita pelo CPC (1.188 a 1.191 e 1.205 a
1.210), sobre tal garantia. Afinal, trata-se de normatização de direito
material e não processual. Em face do vulto do patrimônio do
curatelado, pode o juiz determinar a prestação de caução. A
imposição é facultativa se reconhecer a idoneidade do curador (CC
1.745 parágrafo único).
Ainda que o exercício da curatela seja um múnus público, faz jus
o curador a remuneração proporcional à importância dos bens
administrados, além do direito de ser reembolsado pelo que realmente
despender (CC 1.752, 1.774 e 1.781). A medida é das mais salutares,
porque o cuidador muitas vezes abandona seus projetos de vida para
dedicar-se a quem passou a ser seu dependente. Inclusive, há
situações bastante comuns em que a subsistência do curador
depende do que percebe pelo exercício da curatela. Assim, quando da
morte do curatelado, resta sem meios de subsistência.
Por força da aplicação extensiva das regras da tutela à curatela,
cabível também a nomeação de um protutor – que mereceria ser
chamado de “pró-curador” – para fiscalizar os atos do curador (CC
1.742), fazendo jus a módica gratificação (CC 1.752 § 1.º). Do mesmo
modo, sempre que houver interesses administrativos que exijam
conhecimento técnico, forem complexos, ou realizáveis em lugares
distantes do domicíliodo curador, este pode delegar a outrem o
exercício parcial da curatela. A nomeação pode ser de pessoa física
ou jurídica e depende de aprovação judicial (CC 1.743).
A autoridade do curador estende-se à pessoa e aos bens do
curatelado, bem como aos filhos, nascidos ou ainda nascituros. É o
que se chama de curatela prorrogada ou extensiva.39 Nessa
hipótese, o filho do interdito acaba também sujeito à curatela, afinal, o
seu genitor está vivo, ainda que seja incapaz.
Além de todos os encargos que são atribuídos ao curador e que se
encontram relacionados no capítulo da tutela, havendo meio de
recuperar o interdito, deve ele promover o tratamento em
estabelecimento apropriado (CC 1.776). No entanto, quando o
interdito não se adaptar ao convívio doméstico, pode ser recolhido a
estabelecimento adequado (CC 1.777).
32.7 Prestação de contas
O curador tem o dever de prestar contas, eis que está na posse e
administração dos bens do curatelado (CC 1.755 e 1.774). O ECA
atribui ao Ministério Público legitimidade pra promover, de ofício, ou
a requerimento dos interessados a prestação de contas (ECA 201 IV).
Como os pais, em face do poder familiar, são usufrutuários dos
bens dos filhos (CC 1.689), quando são nomeados curadores dele,
estão dispensados da prestação de contas.
Quando o encargo é exercido pelo cônjuge, a lei dispensa a
obrigação de prestar contas somente se o regime de bens do
casamento for o da comunhão universal (CC 1.783). No entanto, no
regime da comunhão parcial, em que são comuns os bens
adquiridos depois do casamento, nada justifica a imposição. Do
mesmo modo na união estável, quer heterossexual, quer
homoafetiva, possível a dispensa da prestação de contas. Afinal, está
o curador na posse e administração de bens que são comuns com o
incapaz, tendo a responsabilidade como usufrutuário, procurador ou
depositário (CC 1.652).
De qualquer modo, mesmo quando existe a obrigação de prestar
contas, possível a dispensa de sua apresentação se inexiste
patrimônio ou a renda do curatelado é de pequena monta.40
Ainda que não se trate de típica ação de prestação de contas (CPC
914 a 919), as contas devem ser apresentadas em procedimento
próprio e não nos autos da curatela.
32.8 Ação de interdição
Em face das sequelas severas que a interdição acarreta, seu
decreto é cercado de muitas formalidades. O reconhecimento da
incapacidade e a consequente nomeação do curador dependem da
intervenção judicial. Como se trata de ação de estado, é
indispensável a presença do Ministério Público. A ação de interdição
está disciplinada no estatuto processual (CPC 1.177 a 1.198), mas o
Código Civil traz inúmeras disposições procedimentais (CC 1.767 a
1.783). O levantamento da interdição igualmente se processa em juízo
(CPC 1.186).
O autor precisa provar sua legitimidade para a ação (CC 1.768 e
CPC 1.177). A ação pode ser proposta: I – pelo pai, mãe ou tutor; II –
pelo cônjuge ou algum parente próximo; e III – pelo Ministério Público.
O rol não é taxativo nem assegura preferência para o exercício da
curatela. Não se pode retirar do companheiro da união estável – quer
heterossexual, quer homoafetiva – legitimidade ativa para a demanda.
Do mesmo modo, a ação pode ser proposta por quem foi indicado por
testamento para exercer o encargo.
Mesmo que alguém não esteja interditado, é possível que o
cônjuge, companheiro ou algum parente indique, por testamento ou
escritura pública, a pessoa para exercer o encargo. A pessoa indicada
pode propor a ação de interdição e ser nomeada curador, se tal
atender ao melhor interesse do curatelado.
A inicial deve ser acompanhada da prova da anomalia psíquica
do interditando e de sua incapacidade para reger sua pessoa e
administrar seus bens (CPC 1.180).
A ação inicia-se com uma audiência de interrogatório, para a
qual é citado o réu. Independentemente das provas, mesmo que
robustas, e da existência de laudos conclusivos, é indispensável que o
juiz pessoalmente interrogue (ou ao menos tente!) o interditando (CC
1.771 e CPC 1.181). A omissão acarreta a nulidade do processo.41
Pode o interditando constituir advogado para contestar a ação no
prazo de cinco dias. Para garantir a ampla defesa, qualquer parente
sucessível (CC 1.845): descendentes, ascendentes ou cônjuges –
pode constituir advogado ao interditando, ficando, porém,
responsável pelo pagamento dos respectivos honorários. Claro que
neste rol há que se ter por incluído o companheiro da união estável,
quer heterossexual, quer homoafetiva.
Decorrido o prazo de resposta, é nomeado perito para realizar o
exame do interditando. Apresentado o laudo, se entender o
magistrado ser necessária a produção de mais provas, designa
audiência de instrução e julgamento. Ao julgar procedente a ação, o
juiz decreta a interdição. Em se tratando de interdição relativa (CC
1.767 III e IV), fixa os limites da curatela, segundo o estado ou o
desenvolvimento mental do interdito.
Na sentença que decreta a interdição é nomeado um curador ao
interdito. A lei estabelece uma ordem de preferência. A nomeação
recai no cônjuge ou companheiro se não estiverem separados de
fato (CC 1.775). A legitimidade do companheiro não está prevista na
lei de processo (CPC 1.177 II), só no Código Civil. Na união estável
homoafetiva, o parceiro dispõe de legitimidade para promover a
interdição do par e de ser nomeado seu curador. Na falta do cônjuge
ou companheiro, é nomeado curador o pai ou a mãe. Na ausência
destes, o curador é o descendente que se demonstrar mais apto para
tal encargo. Entre os descendentes, têm preferência os mais
próximos. Na falta de parentes, a escolha pode recair sobre um
terceiro. Dita ordem, no entanto, pode ser flexibilizada, não havendo
rigor na sequência legal,42 pois deve o juiz atender ao melhor interesse
do interdito.
Nada impede que o curador, ou quem tem legitimidade para
requerer a interdição, indique uma pessoa para exercer a curatela. A
nomeação pode ser feita tanto por testamento como por escritura
pública. Tal possibilidade não está prevista de modo expresso. Mas
como a este instituto aplicam-se as regras da tutela (CC 1.774), cabe
invocar a aplicação subsidiária dos dois institutos (CC 1.729 parágrafo
único e 1.781).
32.8.1 Eficácia da sentença
Muito se debate sobre a natureza jurídica da sentença que
decreta a interdição, tema que se reflete na validade dos atos
praticados pelo interditando antes do ato sentencial. Considerar que a
sentença é declaratória seria conferir-lhe eficácia ex tunc, ou seja,
retroativa, surgindo a possibilidade de se reconhecer a nulidade dos
atos realizados antes mesmo da decisão judicial. De outro lado,
atribuir à sentença carga eficacial constitutiva lhe confere efeitos ex
nunc, isto é, efeitos a partir de sua prolação, e somente os atos
realizados depois da sentença seriam nulos.
O fato de dizer a lei apenas que a sentença “declara” a interdição
(CC 1.773) não significa que esta seja a eficácia da demanda.
Indubitavelmente, a sentença é constitutiva, pois diz com o estado da
pessoa. Ainda que a incapacidade preceda à sentença, só depois da
manifestação judicial é que passa a produzir efeitos jurídicos: torna a
pessoa incapacitada para os atos da vida civil. Como bem refere
Pontes de Miranda, a sentença de interdição, se bem que constitutiva,
não cria a incapacidade.43
Embora sujeita a recurso, a sentença que decreta a interdição
produz efeitos desde logo (CC 1.773 e CPC 1.184). O recurso dispõe
somente do efeito devolutivo. Como afirma Araken de Assis, na
interdição, o próprio provimento que acolhe o pedido entrega o bem da
vida – estado jurídico novo – passa a produzir a plenitude dos seus
efeitos mesmo na pendência do apelo.44
Como a incapacidade não passa a existir a partir da sentença,
possível a propositura de ação anulatória dos atos praticados em
momento anterior – quer para assegurar a segurança das relações
jurídicas, querpara prestigiar o princípio da boa-fé. Somente em
casos muito excepcionais cabe a desconstituição de atos pretéritos.
De qualquer forma, é necessário o uso da via judicial e a prova da
evidente deficiência do interditando para evitar prejuízo a terceiros.
Com referência aos atos praticados depois da interdição, não há
necessidade de qualquer prova para o reconhecimento da nulidade e
consequente desconstituição (CC 166 I).
Depois do trânsito em julgado, a sentença é publicada na
imprensa local e três vezes no diário oficial, com intervalo de 10 dias
(CPC 1.184). Igualmente, é registrada no Cartório do 1.º Ofício das
Pessoas Naturais da comarca em que tramitou a ação e anotada no
assento de nascimento e casamento do interditado (LRP 29 V, 92,
93 e 107). Depois de registrada a sentença, o curador assina o termo
de compromisso (LRP 93).
Pode o juiz determinar a prestação de caução, se o patrimônio do
menor for considerável e não for reconhecida a idoneidade do tutor
(CC 1.745 parágrafo único), dispositivo que tem aplicação à curatela
por determinação legal (CC 1.774).
Tanto o Ministério Público como quem tenha legítimo interesse
podem pleitear a remoção ou a dispensa do curador (CPC 1.194 e
ECA 201 III). Em caso de extrema gravidade, é possível a suspensão
liminar do encargo (CPC 1.197).45
Exercida a curatela por prazo determinado e não solicitada a
exoneração, o curador é automaticamente reconduzido (CPC 1.198).
Sujeita-se o curador à destituição do exercício da curatela se cometer
crime doloso contra o curatelado, punido com pena de reclusão.
Trata-se de efeito anexo da condenação (CP 92).
Possível a substituição voluntária do curador, que pode ser
requerida nos mesmos autos, não havendo a necessidade de outro
procedimento. Justificado o pedido, basta haver a concordância de
quem irá substituí-lo. Necessário somente que o curador preste
contas, se a isso estiver obrigado.
32.9 Levantamento da interdição
Cessada a incapacidade, a interdição pode ser levantada (CPC
1.186). O pedido é formulado pelo interdito ou pelo Ministério
Público. Como já se encontra no exercício de sua plena capacidade,
não mais se justifica conceder legitimidade ao cônjuge, companheiro,
pais ou parentes para a propositura da ação. De qualquer forma, o
Ministério Público acompanha a demanda.
Intentada A ação pelo curatelado ou pelo agente ministerial, o
curador deve ser citado, pois se sujeita aos efeitos da sentença. Com
a procedência da ação, fica dispensado do encargo, devendo
proceder à prestação de contas.
O pedido de levantamento é apensado aos autos da interdição.
Submetido o requerente a exame de sanidade, após a apresentação
do laudo, é designada audiência de instrução e julgamento. Levantada
a interdição, a sentença, que dispõe de eficácia constitutiva, é alvo
da mesma publicidade. Precisa ser publicada três vezes e levada ao
Registro das Pessoas Naturais (CPC 1.186 § 2.º).
32.10 Incapacidade temporária
Há situações em que, por algum motivo imprevisível, alguém se vê
impossibilitado momentaneamente para os atos da vida civil.46 Ainda
que não haja previsão legal para atender a essa situação emergencial,
não cabe falar em incapacidade que dê ensejo à nomeação de
curador. Comprovada a situação do paciente por atestado médico,
mediante singelo pedido judicial, possível a concessão de alvará para
atender a necessidades específicas.
32.11 Incapacidade provisória
A quem a lei chama de “psicopatas” é possível a nomeação de
administrador provisório por tempo não excedente a dois anos (D
24.559/34). É controvertida a vigência deste decreto, eis que foi
expressamente revogado pelo D 99.678/90, e assim consta no site do
Senado. No entanto, este último decreto foi revogado pelo D 1.917/96,
questionando-se se voltou a vigorar a lei anterior. Como regra geral, o
sistema jurídico não admite a repristinação de normas. Assim, a
revogação do decreto revogador não teria como consequência a
vigência da norma anteriormente revogada, restando uma lacuna
legislativa. De qualquer modo, persiste a jurisprudência admitindo a
nomeação de administrador provisório. Inclusive, é alargado o
âmbito de incidência dessa possibilidade para outras situações
incapacitantes, mediante a prova da incapacidade civil.47
Quando o idoso apresenta limitação cognitiva e fragilidade física,
havendo necessidade de proteger seu patrimônio, é cabível a
interdição parcial, com a nomeação de curador provisório para
impedir a alienação de bens sem prévia e expressa autorização
judicial.48
De modo muito frequente, em face da possibilidade de demora na
tramitação da ação de interdição, cabe a concessão de curatela
provisória, que pode ser requerida liminarmente na própria demanda
ou em procedimento preparatório. Mesmo que esse procedimento não
figure entre os especiais de jurisdição voluntária (CPC 1.103 e ss.),
nada impede sua utilização. De qualquer modo, com a instituição da
tutela antecipada e o largo uso de medidas cautelares inominadas
para todos os fins, possível é emprestar agilidade à pretensão de
antecipar os efeitos da curatela.
32.12 Autotutela
O mandato cessa com a interdição ou do mandante ou do
mandatário (CC 682 II). No entanto, apesar do silêncio legal, vem
sendo sustentada a possibilidade da outorga de mandato
permanente ou procuração preventiva, que recebe o nome de
autotutela.
Embora os mandatos se tornem ineficazes com a incapacidade do
mandante, nada justifica impedir que alguém eleja, em caráter
preventivo, pessoa de sua confiança para dispor administrar seu
patrimônio, caso venha ocorrer sua incapacidade.
O princípio da liberdade e o direito ao exercício da autonomia
privada asseguram o direito de as pessoas se autodeterminarem, no
presente e no futuro quanto aos seus bens. Daí a possiblidade de o
mandante agir de acordo com a sua vontade no que concerne a
questões patrimoniais.49
Trata-se de procuração sujeita a condição suspensiva, pois só
terá eficácia caso o mandante perca a capacidade de gerir seus bens.
Trata-se de um contrato personalíssimo, baseado no princípio da
confiança, o que impede que o mandatário substabeleça.
O mandato permanente deve ser outorgado por escritura pública,
que empresta fé pública de que o mandante estava no gozo de sua
capacidade e a manifestação de vontade foi expressa livremente. O
mandatário pode ser uma pessoa jurídica ou uma fundação.
O mandato permanente não se incompatibiliza com a curatela do
outorgante, restando o procurador responsável pelas questões
patrimoniais e o curador no que diz com as questões existenciais.50
Thais Coelho afirma ser o mandato permanente um negócio
jurídico atípico: o fato de não estar previsto na lei, não impede que
se respeite a vontade de alguém, mesmo depois de interditada.51
Leitura complementar
ABREU, Célia Barbosa. Curatela: uma proposta de leitura
constitucional do art. 1.772 do Código Civil Brasileiro. Revista
Brasileira de Direito das Famílias e Sucessões, Porto Alegre, Magister;
Belo Horizonte, IBDFAM, n. 7, p. 95-99, dez.-jan. 2009.
COELHO, Thais Câmara Maia Fernandes. Autocuratela: Mandato
permanente relativo a questões patrimoniais para o caso de
incapacidade superveniente. Revista Brasileira de Direito de Família.
Porto Alegre: Magister; Belo Horizonte: IBDFAM, n. 24, p. 5-15, out.-
nov. 2011.
GRISARD FILHO, Waldyr. A curatela de filhos: uma tarefa
compartilhada para uma integral proteção dos direitos fundamentais
da pessoa portadora de deficiência. Revista Brasileira de Direito de
Família, Porto Alegre, Magister; Belo Horizonte, IBDFAM, n. 21, p. 5-
18, abr.-maio 2011.
OLIVEIRA. Euclides de. Responsabilidade civil do incapaz – Busca
pela harmonização do sistema. Revista Brasileira de Direito das
Famílias e Sucessões, Porto Alegre, IBFAM/Magister, n. 10, p. 85-97,
jun.-jul. 2009.
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Todo gênero de louco – Uma
questão de capacidade.In: ZIMERMAN, David; COLTRO, Antônio
Carlos Mathias (coords.). Aspectos psicológicos na prática jurídica.
Campinas: Millennium, 2002. p. 515-535.
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado. Deficiência psíquica e curatela:
reflexos sob o viés da autonomia privada. Revista Brasileira de Direito
das Famílias e Sucessões, Porto Alegre, IBDFAM/Magister, n. 7, p. 64-
79, dez.-jan. 2009.
1.
Antônio Carlos Malheiros e Marcial Barreto Casabona, Da curatela, 325.
2.
Ana Carolina Brochado Teixeira, Deficiência psíquica e curatela:…, 64.
3.
Arnaldo Rizzardo, Direito de família, 967.
4.
Clóvis Bevilaqua, Código Civil comentado, 442.
5.
Rodrigo da Cunha Pereira, Comentários ao novo Código Civil…, 489.
6.
Interdição. Curatela provisória. Cabimento. 1. Havendo elementos de convicção que
evidenciam a incapacidade civil do interditando, por retardo mental grave, cabível a
nomeação de curador provisório. 2. A providência deferida é provisória e tem conteúdo
protetivo. Recurso Provido. (TJRS, AI 70056513740, 7.ª C. Cív., Rel. Des. Liselena
Schifino Robles Ribeiro, j. 13/09/2013).
7.
Silvio Venosa, Direito civil: direito de família, 446.
8.
Ana Carolina Brochado Teixeira, Saúde, corpo e autonomia privada, 357.
9.
Lei 12.318/2010.
10.
Antonio Carlos Malheiros e Marcial Casabona, Da curatela, 327.
11.
Recurso especial. Interdição. Curatela. Psicopata. Possibilidade. […] 3. A reincidência
criminal, prevista pela psiquiatria forense para as hipóteses de sociopatia, é o cerne do
presente debate, que não reflete apenas a situação do interditando, mas de todos
aqueles que, diagnosticados como sociopatas, já cometeram crimes violentos. 4. A
psicopatia está na zona fronteiriça entre a sanidade mental e a loucura, onde os
instrumentos legais disponíveis mostram-se ineficientes, tanto para a proteção social
como a própria garantia de vida digna aos sociopatas, razão pela qual deve ser buscar
alternativas, dentro do arcabouço legal para, de um lado, não vulnerar as liberdades e
direitos constitucionalmente assegurados a todos e, de outro turno, não deixar a
sociedade refém de pessoas, hoje, incontroláveis nas suas ações, que tendem à
recorrência criminosa. […] 6. A possibilidade de interdição de sociopatas que já
cometeram crimes violentos deve ser analisada sob o mesmo enfoque que a legislação
dá à possibilidade de interdição – ainda que parcial – dos deficientes mentais, ébrios
habituais e os viciados em tóxicos (art. 1.767, III, do CC/02). 7. Em todas essas
situações o indivíduo tem sua capacidade civil crispada, de maneira súbita e
incontrolável, com riscos para si, que extrapolam o universo da patrimonialidade, e que
podem atingir até a sua própria integridade física sendo também ratio não expressa,
desse excerto legal, a segurança do grupo social, mormente na hipótese de
reconhecida violência daqueles acometidos por uma das hipóteses anteriormente
descritas, tanto assim, que não raras vezes, sucede à interdição, pedido de internação
compulsória. 8. Com igual motivação, a medida da capacidade civil, em hipóteses
excepcionais, não pode ser ditada apenas pela mediana capacidade de realizar os atos
da vida civil, mas, antes disso, deve ela ser aferida pelo risco existente nos estados
crepusculares de qualquer natureza, do interditando, onde é possível se avaliar, com
precisão, o potencial de autolesividade ou de agressão aos valores sociais que o
indivíduo pode manifestar, para daí se extrair sua capacidade de gerir a própria vida,
isto porquê, a mente psicótica não pendula entre sanidade e demência, mas há
perenidade etiológica nas ações do sociopata. 9. A apreciação da possibilidade de
interdição civil, quando diz respeito à sociopatas, pede, então, medida inovadora, ação
biaxial, com um eixo refletindo os interesses do interditando, suas possibilidades de
inserção social e o respeito à sua dignidade pessoal, e outro com foco no coletivo –
ditado pelo interesse mais primário de um grupo social: a proteção de seus
componentes –, linhas que devem se entrelaçar para, na sua síntese, dizer sobre o
necessário discernimento para os atos da vida civil de um sociopata que já cometeu
atos de agressão que, in casu, levaram a óbito três pessoas. 10. A solução da querela,
então, não vem com a completa abstração da análise da capacidade de discernimento
do indivíduo, mas pela superposição a essa camada imediata da norma, da mediata
proteção do próprio indivíduo e do grupo social no qual está inserido, posicionamento
que encontrará, inevitavelmente, como indivíduo passível de interdição, o sociopata
que já cometeu crime hediondo, pois aqui, as brumas da dúvida quanto à existência da
patologia foram dissipadas pela violência já perpetrada pelo indivíduo. 11. Sob esse
eito, a sociopatia, quando há prévia manifestação de violência por parte do sociopata,
demonstra, inelutavelmente, percepção desvirtuada das regras sociais, dos limites
individuais e da dor e sofrimento alheio, condições que apesar de não infirmarem, per
se, a capacidade do indivíduo gerenciar sua vida civil, por colocarem em cheque a
própria vida do interditando e de outrem, autorizam a sua curatela para que ele possa
ter efetivo acompanhamento psiquiátrico, de forma voluntária ou coercitiva, com ou
sem restrições à liberdade, a depender do quadro mental constatado, da evolução – se
houver – da patologia, ou de seu tratamento. 12. Recurso especial provido. (STJ, REsp
1.306.687/MT, 3ª T., Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 18/03/2014).
12.
Ação de interdição. Curatela. Quadro de depressão. Sentença de improcedência.
Recurso do requerente. Alegativa de que o laudo pericial foi favorável ao pleito.
Inocorrência. Perícia e interrogatório que evidenciaram a plena capacidade civil do
periciando. Conjunto probatório suficiente a demonstrar que o requerido, embora sofra
de depressão, possui capacidade de gerir/dirigir os atos da vida civil. Artigo 1.767 do
Código Civil. Sentença mantida. Recurso conhecido e desprovido. (TJSC, AC
2014.016797-0, 5.ª C. Cív., Rel. Des. Sérgio Izidoro Heil, j. 05/06/2014).
13.
Maria Helena Diniz, Curso de direito civil brasileiro, 512.
14.
Ação de interdição. Curatela. Requisitos essenciais ausentes. Incapacidade do
interditando apenas física. Idoso de 93 anos. Sentença reformada. Não havendo nos
autos prova da efetiva incapacidade do interditando que, apesar de alguns problemas
de saúde pela própria idade, noventa e três anos, é capaz de gerir os atos de sua vida
civil, deve ser julgado improcedente o pedido de interdição. Uma vez consagrada como
regra a capacidade das pessoas para serem titulares de direitos e obrigações (art. 1.º,
CC/02), a interdição, medida excepcional e extrema, somente será imposta se
efetivamente demonstrada a incapacidade do indivíduo de reger os atos da vida civil.
(TJMG, AP 1.0183.08.151569-8/001, 5.ª C. Cív., Rel. Des. Mauro Soares de Freitas, j.
23/05/2011).
15.
Silvio Venosa, Direito civil: direito de família, 452.
16.
Silvio Rodrigues, Direito civil: direito de família, 416.
17.
Interdição. Curatela. Pródigo. Improcedência do pedido inicial. Inconformismo.
Dilapidação do patrimônio. Inacolhimento. Gastos imoderados e dilapidação patrimonial
incomprovados. Réu plenamente capaz de administrar sua pessoa e bens. Proteção do
direito à herança. Impossibilidade. Sentença mantida. Provimento negado. A interdição
em razão de prodigalidade exige prova de que o interditando, por distúrbio psíquico ou
prática costumeira, não possua condições de conter o impulso de gastar
imoderadamente ou dissipar o seu patrimônio. O instituto da interdição destina-se à
proteção dos incapazes de gerir sua pessoa e/ou bens, não servindo para restringir os
atos de disponibilidade patrimonial praticados por pessoa dotada de plena capacidade
civil, a pretexto de assegurar eventual direito sucessório. (TJSC, AC. 2014.009904-8,
Rel. Des. Monteiro Rocha, j. 10/04/2014).
18.Curatela compartilhada entre os pais de interdito portador de autismo infantil. Pedido
indeferido em 1ª instância. Situação que exige enorme dedicação dos familiares do
interdito, especialmente dos seus pais, nos cuidados a ele devidos e no
acompanhamento do seu desenvolvimento. Situação fática na qual já se verifica a sua
atuação conjunta, sempre no melhor interesse do interdito. Possível sobrecarga do pai,
atual curador, que pode afetar o bem estar da família e, assim, do incapaz. Pleito que,
no caso, mostra-se razoável e em harmonia com a própria finalidade do instituto da
curatela. Ausência de vedação legal. Jurisprudência deste e. Tribunal. Recurso provido.
(TJSP, AI 20027999420148260000, 7.ª C. Dir. Priv., Rel. Des. Mary Grün, j.
02/04/2014).
19.
Interdição. Realização de estudo social. Objetivo de verificar aptidão da curadora.
Desnecessidade. Pedido indeferido. Decisão mantida. 1. É desnecessária a realização
de estudo social com o objetivo de verificar a aptidão da curadora para exercer a
curatela de sua genitora, quando a documentação constante nos autos demonstra que
ela, juntamente com uma irmã, vem compartilhando os cuidados com a interditanda,
por cujos interesses pessoais zela. 2. Recurso não provido. (TJMG, AI
10439120124755001, 8.ª C. Cív., Rel. Des. Edgard Penna Amorim, j. 30/01/2014).
20.
Waldyr Grisard Filho, Curatela de filhos:…, 17.
21.
Ana Carolina Brochado Teixeira, Deficiência psíquica e curatela:…, 66.
22.
Sérgio Gischkow Pereira, Direito de família:…, 215.
23.
Ana Carolina Brochado Teixeira, Deficiência psíquica e curatela:…, 67.
24.
Ana Carolina Brochado Teixeira, Deficiência psíquica e curatela:…, 73.
25.
Simone Eberle, A capacidade entre o fato e o direito, 139.
26.
Pietro Perlingieri, Perfis do direito civil, 165.
27.
Ana Carolina Brochado Teixeira, Deficiência psíquica e curatela:…, 79.
28.
Ação de interdição. Nomeação de curador. A ordem legal para nomeação de curador,
prevista no art. 1.775 do CC, não é absoluta, porquanto é necessário analisar as
peculiaridades do caso, visando à melhor proteção aos interesses do interditando.
Apelação desprovida, de plano. (TJRS, AC 70038776654, 7.ª C. Cív., Rel. Des. Jorge
Luís Dall’Agnol, j. 30/06/2011).
29.
Ação de interdição e curatela. Legitimidade ativa. Cônjuge separada de fato.
Possibilidade de ocupar o polo ativo. Recurso conhecido e provido. I – Deve-se atentar
para o fato de que é diferente a legitimidade para o ajuizamento da ação de interdição
para o exercício do munus de curador. Verifica-se que a legislação civil não apresenta
restrição acerca do cônjuge para o ajuizamento da interdição, de forma que este,
independentemente de estar separado de fato ou em litígio judicial, encontra-se
legitimado para tanto. Justifica-se tal posicionamento, tendo em vista que o autor da
ação judicial não é necessariamente o curador a ser nomeado pelo juiz. II – Dessa
forma, não agiu com acerto o magistrado a quo ao reconhecer a ilegitimidade ativa da
apelante, sob o fundamento de que a mesma, na qualidade de cônjuge separada de
fato, não possuía as condições de ser sua legítima curadora, máxime porque aquele
que ajuíza a ação de interdição necessariamente não tem que ser o curador, pois se
trata de situações diversas. III – Recurso conhecido e provido. (TJSE, AC 2010206346,
2.ª C. Cív., Rel. Des. Marilza Maynard Salgado de Carvalho, j. 22/07/2010).
30.
Ação de substituição de curador. Alegação de que o relatório psicossocial produzido
provou que a autora e seus filhos não tem relação de afetividade com o curatelado
manifestando-se contrário ao requerido na inicial. Magistrado que possui livre
convencimento para decidir. Existência de relação de parentesco. Inexistência de
ordem preferencial. Sentença que atendeu o melhor interesse do curatelando. Recurso
conhecido e improvido. […] 2. A interdição pode ser requerida por quem a lei reconhece
como parente. No caso dos autos, verifico a existência de relação de parentesco entre
a apelante e o curatelado, sendo estes parentes afins na linha colateral em segundo
grau, circunstância que legitima a apelada para intentar a presente demanda. 3. Apesar
de taxativo o rol das pessoas que podem promover a interdição, não há qualquer
relação de preferência entre eles, podendo desta feita, o magistrado decidir em
conformidade com o melhor interesse do incapaz. 4. Atendendo ao melhor interesse do
curatelado, este deve permanecer sob os cuidados da apelada; primeiro porque este já
está acostumado com o ambiente em que vive e com os cuidados a que é submetido,
segundo porque o próprio curatelado quando da audiência, apesar de suas limitações,
expressou claramente a vontade de permanecer com a apelada, ao invés do apelante,
o que nos leva a crer que o interditado obteve junto à família desta, um laço familiar
digno e afetuoso. 5. Conheço do recurso, porém nego-lhe provimento, para manter na
íntegra a sentença de 1º grau, tudo em conformidade com o parecer ministerial. (TJPA,
AC 20123028360-2, Rel. Des. Gleide Pereira de Moura, j. 08/07/2013).
31.
Arnaldo Rizzardo, Direito de família, 981.
32.
Zeno Veloso, Código Civil comentado…, 226.
33.
Idem, 226.
34.
Interdição. “curatela-mandato” (art. 1.780, CC/2002). Possibilidade. Recurso a que se
dá parcial provimento. I – Seja à luz dos princípios da instrumentalidade das formas, da
economia, da celeridade processual e, ainda, da inafastabilidade da jurisdição, seja por
estar implícito no pedido de total interdição o da parcial interdição (“curatela-mandato”)
ou seja sob os auspícios da equidade prevista no art. 1.109 do CPC, possível o
deferimento da interdição parcial quando pedida a total. II – Restando comprovado que
a interditanda possui capacidade para os atos da vida civil, porém sem condições
físicas para gerir seus interesses, não é razoável negar-lhe, sobretudo quando por ela
expressamente desejado, o suporte ou auxílio de um curador, o que possível de ser
feito sem sua completa interdição, como autoriza o art. 1.780 do CC/2002. III – Para o
fiel exercício da “curatela-mandato”, basta a atribuição de poderes para a mera
administração dos negócios e bens da curatelada, sem autorização para a
transferência ou renúncia de direitos, o que continuará dependendo da expressa
manifestação de vontade da curatelada. (TJMG, AC 1.0024.09.639511-6/001, 7.ª C.
Cív., Rel. Des. Peixoto Henriques, j. 15/10/2013).
35.
Silvio Venosa, Direito civil: direito de família, 454.
36.
Pedido de curatela. ‘Enfermo ou portador de deficiência física’. Pessoa idosa com
grave limitação de locomoção, decorrente de sequela de acidente cerebral vascular.
Dificuldade de desempenhar atividades cotidianas, sem ajuda de terceiros. Nomeação
de curador para cuidar de seus negócios e bens. Possibilidade. Art. 1.780 do Código
Civil. ‘Curatela-mandato’, de menor extensão. Interdição. Descabimento. Capacidade
mental preservada. O Código Civil, em seu art. 1.780, prevê modalidade mais restrita
de ‘curatela’, distinta daquela disposta nos artigos 1.767 e 1.779, voltada à proteção do
enfermo e do portador de deficiência física, que, embora estejam em pleno gozo de
suas faculdades mentais, encontrem-se impedidos de se locomover e de desempenhar
suas atividades, afigurando-se possível e recomendável, nessas hipóteses, a
nomeação de curador para cuidar de seus bens e negócios, sem que haja, todavia,
interdição do curatelado. – Recurso parcialmente provido. (TJMG, AC
10183081487401001, 1.ª C. Cív., Rel. Des. Eduardo Andrade, j. 07/05/2013).
37.
Paulo Nader, Família, 543.
38.
Ação de interdição. Cerceamento de defesa. Inocorrência. A prova pericial produzida
atendeu aos objetivos processuais, retratando a plena capacidade psíquica da apelada.
As deficiências físicas alegadas foram devidamente delineadas pelos laudos acostados
aos autos e pelo médico do IMESC. Desnecessidade de perícia comespecialista em
ortopedia. Apesar de possuir restrições físicas visíveis, a requerida não demonstrou
necessitar do auxílio da requerente para praticar os atos da vida civil, o que foi
constatado pela prova pericial. Possibilidade de utilização do mandato, que possui os
mesmos efeitos jurídicos da curatela prevista no art. 1.780 do CC. Propositura da ação
com o intuito de obter acréscimo na aposentadoria. Sentença mantida. Recurso
improvido. (TJSP, AC 00548508120128260002, 3.ª C. Dir. Priv., Rel. Des. Beretta da
Silveira, j. 18/02/2014).
39.
Orlando Gomes, Direito de família, 447.
40.
Alteração de curatela. Prestação de contas. Diante do recebimento de renda mínima, e
sem patrimônio, e, mesmo que exista a obrigatoriedade da prestação de contas, na
forma dos arts. 1.755 do CC e 914 do CPC, neste caso, deve ser dispensada a
exigibilidade deste encargo. Recurso provido. (TJRS, AC 70050170752, 7.ª C. Cív.,
Rel. Des. Liselena Schifino Robles Ribeiro, j. 09/08/2012).
41.
Interdição. Interrogatório da interditanda. Dispensa. Afastamento. Ato imprescindível à
validade do processo, eis que visa à salvaguarda dos interesses da interditanda. Art.
1.181 do CPC. Necessidade de se ouvir a interditanda, a fim de extrair do seu
interrogatório as impressões pessoais gerais de sua condição física e mental, de forma
a contribuir ao melhor solucionamento da demanda. Determinação para a realização do
interrogatório e elaboração de laudo pericial Recurso provido. (TJSP, AI 0586149-
93.2010.8.26.0000, 5.ª C. Dir. Priv., Rel. Des. Moreira Viegas, j. 20/06/2012).
42.
Arnaldo Rizzardo, Direito de família, 984.
43.
Pontes de Miranda, Tratado de direito privado, IX, 346.
44.
Araken de Assis, Manual dos recursos, 452.
45.
Interdição e curatela. Ação de prestação de contas. Caso de extrema gravidade.
Suspensão do exercício da função de curador. Possibilidade. Curador substituto.
Ordem de preferência legal. Peculiaridades. Prudente arbítrio do juiz. 1. A cessação do
exercício da curatela, por meio da remoção do curador, exige procedimento próprio,
com observância da forma legal disposta nos arts. 1.194 a 1.198 do CPC. 2. A
suspensão da curatela, prevista no art. 1.197 do CPC, pode ser determinada no bojo
de outra ação, desde que esteja configurado caso de extrema gravidade que atinja a
pessoa ou os bens do curatelado. 3. Admitida a existência de fatos sérios passíveis de
causar dano ao patrimônio da curatelada, deve ser mantida a decisão que determinou
a suspensão do exercício da função de curador regularmente nomeado nos autos de
interdição, para, somente após a apuração dos fatos, mediante o devido processo legal
e ampla defesa, decidir-se pela remoção definitiva ou retorno do curador à sua função.
4. Com base no livre convencimento motivado, é o Juiz soberano na apreciação das
provas, as quais são infensas à análise do STJ nesta sede recursal. 5. Nos processos
de curatela, as medidas devem ser tomadas no interesse da pessoa interditada, o qual
deve prevalecer diante de quaisquer outras questões. 6. Agregue-se à especial
relevância dos direitos e interesses do interditado a tutela conferida às pessoas com 60
anos ou mais, que devem ter respeitada sua peculiar condição de idade. 7. Age
prudentemente o Juiz que, rente aos fatos e às circunstâncias de beligerância familiar
em que estiverem inseridas as partes no processo, faz recair sobre pessoa idônea e
que não esteja vinculada aos interesses dos litigantes a função de curador substituto.
8. Recurso especial não provido. (STJ, REsp 1.137.787/MG, 3ª T., Rel. Min. Nancy
Andrighi, j. 09/11/2010).
46.
Nem é necessário figurar exemplos, bastando lembrar acidentes de automóvel ou
intervenções cirúrgicas que exijam prolongado período de restabelecimento.
47.
Interdição. Curatela provisória. Antecipação de tutela. Descabimento. 1. Somente é
cabível a nomeação de curador provisório quando existem elementos de convicção
seguros que evidenciem a incapacidade civil do interditando, por enfrentar doença
mental incapacitante, o que não se verifica no caso em exame. 2. A antecipação de
tutela consiste na concessão imediata da pretensão deduzida pela parte na petição
inicial, mas para tanto é imprescindível que haja prova inequívoca capaz de convencer
da verossimilhança da alegação e, além disso, que haja fundado receio de dano
irreparável ou de difícil reparação, o que não vem demonstrado nos autos, não estando
satisfeitos os requisitos postos no art. 273 do CPC. Recurso desprovido. (TJRS, AI
70049289002, 7.ª C. Cív., Rel. Des. Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, j.
25/07/2012).
48.
Interdição. Nomeação de curador provisório. Pessoa idosa e lúcida, mas com limitação
cognitiva. Necessidade de proteger o seu patrimônio. Interdição parcial. Prestação de
contas. Ilegitimidade ativa. 1. A interdição é um instituto com caráter nitidamente
protetivo da pessoa, não se podendo ignorar que constitui também uma medida
extremamente drástica, e, por essa razão, é imperiosa a adoção de todas as cautelas
para agasalhar a decisão de privar alguém da capacidade civil, ou deixar de dar tal
amparo quando é incapaz. 2. Se o interditando é idoso, apresenta limitação cognitiva e
fragilidade física, e se seu patrimônio vem sendo disputado entre filhos e companheira,
verificando-se a alienação de diversos bens, com possível prodigalidade ou
incapacidade plena para defender adequadamente os seus interesses, justifica-se a
interdição parcial, apenas para o fim de vedar-lhe a disponibilidade para promover
alienação de bens imóveis, sem prévia e expressa autorização judicial. 3. Há
ilegitimidade passiva para o pedido de prestação de contas quando a demandada não
faz parte do quadro social da empresa, não é e nunca exerceu a administração, e
quando aos valores e contas pessoais do interditando os autores não estão legitimados
a reclamar as contas, pois a interdição é apenas parcial, estando o réu apto a praticar
todos os demais atos da vida civil. Recursos providos em parte. (TJRS, AC
70042797977, 7.ª C. Cív., Rel. Des. Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, j.
28/09/2011).
49.
Thais Câmara Maia Fernandes Coelho, Autotutela:…, 8.
50.
Thais Câmara Maia Fernandes Coelho, Autotutela:…, 13.
51.
Thais Câmara Maia Fernandes Coelho, Autotutela:…, 14.

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