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Câncer, um Aprendizado Edison de Andrade Cardoso

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CÂNCER, UM APRENDIZADO...
EDISON DE ANDRADE CARDOSO
O Lar de Tereza sente-se honrado por contar, entre seus membros, com
este querido irmão. À medida das suas possibilidades, ainda no processo de
integração, muito colaborou com suas orientações profissionais em vários
assuntos relevantes, bem como pelo brilhante desempenho à frente do
serviço recém-criado: CAPTAÇÃO DE RECURSOS; integrante assíduo e
dedicado nos Grupos de Estudo da Doutrina Espírita (ESDE).
Agora, em que nos abre seu coração, neste valioso testemunho, em
verdadeira empatia a outros que estejam passando ou venham a passar por
situação semelhante à sua, em atitude de total desprendimento, doa ao Lar
de Tereza a edição desta obra, bem como os seus direitos autorais, para que
se revertam em recursos destinados aos trabalhos de assistência social da
Instituição.
Não podemos deixar de externar a nossa gratidão e envolvê-lo em nossa
rogativa ao Senhor Jesus que lhe cubra de bênçãos e o ampare sempre, bem
como à sua dedicada família, sustentando a todos.
Edison de Andrade Cardoso, nascido no Rio de Janeiro em 19/12/1957,
membro do Poder Judiciário na função de Juiz do Trabalho, hoje
aposentado, casado com Aline G. Cardoso e pai de Gabriel (6 anos) e
Matheus (1 ano e 6 meses)....
Ingressou no Lar de Tereza no início 2001, integrando-se nos cursos e nas
atividades da Casa, passando por vários setores da administração, sendo
hoje, sua participação no assessoramento na captação de recursos, no
controle e compra de medicamentos para os assistidos da Casa de Renato,
como atividades administrativas, além das atividades espirituais.
Como atividade espiritual ainda, dedicou-se também a participação no
Grupo de Tratamento e Cura do Dr. Herman Koltz, que utiliza-se das insta-
lações da Casa Espírita Irmãos Samaritanos, na Gardênia Azul,
Jacarepaguá- Rio de Janeiro.
Na Área de Unificação do Movimento Espírita do Estado do Rio de
Janeiro, quando do processo de transição que culminou com o surgimento
do CEERJ Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro, prestou sua
colaboração no assesso-ramento jurídico, junto ao Diretor da Área de
Unificação.
Este é o seu primeiro livro, objetivando em forma de solidariedade, dar seu
testemunho aos que enfrentam situação semelhante, para que não se deses-
perem, tenham confiança e esperança no futuro alvissareiro que nos aguada
sob o amparo do irmão maior, Jesus.
CÂNCER, UM APRENDIZADO...
Um relato sobre a luta contra o câncer e o aprendizado que dele pode
decorrer para quem se encontra em sofrimento.
Ia Edição
Lar de Tereza
Rio de Janeiro, 2009
"A cada amanhecer, ergue teu pensamento e agradece os bens que a Vida, 
em nome de Deus, te outorgou. Bendiz a luta, a dor, a aflição, as lágrimas e
os desencantos da jornada, porque tudo é lição que te aprimora."
Icléia
Liberta-te, Alma Irmã! 
Edição Lar de Tereza, 2008.
Sumário
Pequeno esclarecimento do autor......................
Prefácio..............................................................
Capítulo I
O início..............................................................
A luta para atingir metas profissionais
- O homem material...........................................
Objetivos atingidos - O vazio existencial....
Capítulo II
O surgimento do câncer.....................................
O primeiro procedimento cirúrgico
- O início da luta................................................
Eu, uma vítima do destino. A revolta inicial.....
Capítulo III
Chegando à casa espírita - A Doutrina Espírita... 
A fé como alimento essencial e a compreensão do
processo curativo do espírito
A vontade de viver e de construir uma nova vida
A ajuda do plano espiritual.................................
A ajuda continua.................................................
Capítulo IV
A origem da dor................................................
Faltas em vidas passadas...................................
Faltas na vida atual............................................
A dor como processo educativo........................
Capítulo V
A cura da enfermidade.....................................
A reforma íntima..............................................
Bibliografia......................................................
Dedico este livro, inicialmente, à minha esposa Aline, meus filhos Gabriel
e Matheus, bem como à minha mãe Léa, ao meu irmão Jeferson e à minha
amiga Maria Luiza G. Lima, que estiveram junto de mim em todas as
batalhas, cada um sofrendo a seu modo, com a preocupação de não
deixarem transparecer a preocupação e a dor que sentiam...
Dedico à memória de meu pai Fúlvio, pelo pai companheiro que foi, pelo
exemplo de homem de bem, de caráter reto, de quem praticou o perdão, o
desapego às coisas materiais e o amor ao próximo como poucos...
Dedico também aos.amigos-irmãos do Lar de Tereza, que tanto
trabalharam e oraram por mim, sendo parte da minha grande família
espiritual, com a qual Deus me permitiu, por Sua Misericórdia, o convívio
e o aprendizado...
No mesmo sentido, dedico aos amigos Flávio e aos demais componentes
do Grupo do Dr. Herman, pelo amparo e pelo carinho especial que
sempre me dedicaram...
Pequeno esclarecimento do autor
Este livro não se destina a ser uma autobiografia, nem tampouco um estudo
sobre o câncer, mas sim, um instrumento humilde que possa de alguma
forma ajudar pessoas que passam por provações, pessoas que em razão de
doenças graves, vivenciam forte grau de sofrimento.
O objetivo de escrever este livro é mostrar a essas pessoas que esse
sofrimento pode deixar de ser tão penoso e transmutarse em um profundo
aprendizado, nos levando a caminhar para nossa reforma íntima.
Precisamos nos esforçar para entender como funciona a Justiça de Deus,
dando-nos oportunidade de produzirmos a nossa cura, como seres
espirituais que somos...
O câncer, como outras doenças graves, são formas do espírito se depurar,
de se curar...
São os meios que Deus, em sua infinita bondade, nos concede para que
possamos corrigir nossos equívocos e faltas, desta ou de vidas passadas...
Deus jamais nos daria um fardo mais pesado do que a nossa capacidade de
suportar...
Enfim, o que parece um mal, em verdade, é o bem em ação...
Somos espíritos imortais e a morte não existe, apenas o corpo que nos foi
cedido pelo Pai Celestial é que perece, libertando o espírito que retorna à
Pátria Espiritual...
Deus, em Sua Infinita Misericórdia, sempre nos concede o que é melhor
para nós, mas nem sempre o que é o melhor é o que pedimos a ELE.
Busquemos a resignação dinâmica e ativa, atuando, combatendo a doença
no corpo físico e no espírito.
Prefácio
"Lembrai-vos de minhas algemas..." Paulo (Colossenses: 4, 18)
"Nas horas difíceis da vida, nos dias de tristeza e de acabrunhamento, abre
este livro!
Eco das vozes do Alto, ele te dará coragem; inspirar-te-á. a paciência, a
submissão às leis eternas." Leon Denis ( O Grande Enigma)
Foi dominada por uma grande emoção que terminamos a leitura deste
livro. E foi ainda emocionada que recordamos as duas frases acima, as
quais, marcaram a vida de dois corajosos heróis que deixaram na Terra
seus rastros de luz: Paulo de Tarso e Leon Denis.
Embora distanciados no tempo, ambos lutaram e sofreram para que, no
inundo, os felizes refletissem, e aos sofredores jamais faltasse a luz da
confiança em Deus.
E por que a lembrança?
Porque ambos atravessaram momentos de grandes testemunhos de fé e
fidelidade aos ideais que acalentavam.
Paulo de Tarso, várias vezes encarcerado, aproveitava o tempo escrevendo
cartas às comunidades que houvera visitado, a fim de que os convertidos
aos ensinos do Cristo, conservassem a fé nascente, e, diante de seus
exemplos de fidelidade, tambémse conservassem fiéis.
Leon Denis, adepto da Doutrina Espírita, envelhecido e praticamente cego,
não repousava a pena, traçando para os pósteros suas reflexões iluminadas
também pelos fulgores da fé viva, que ele, com suas páginas inspiradas,
ajudava a manter acesa naqueles que as liam.
Neste livro, caro leitor, encontramos, igualmente, a mesma força e a
mesma coragem que marcaram os passos dos citados heróis.
Lendo suas páginas, somos levados a meditar sobre nossas próprias lutas,
dores e experiências já vividas e indagar de nós mesmos se nossas atitudes,
palavras, gestos e pensamentos foram pautados nesses exemplos de
confiança absoluta nos desígnios de Deus.
"Abrir este livro" é, portanto, ver uma luz apontando-nos o caminho da vi-
tória sobre nós mesmos, levando-nos a entender que a vitória exige de nós
a renúncia aos sonhos vazios e a aceitação de nossa pequenez diante do
Universo, derrubando, portanto, as ilusões do orgulho, da vaidade e do
poder, as quais nos aprisionam ao mundo material e apagam a nossa visão
do mundo espiritual.
"Ler este livro" é descobrir os valores da amizade sincera, da união da
família e da importância de uma palavra esclarecedora, porquanto, são
esses os valores que, nos momentos difíceis, nos sustentam a coragem e
balsamizam as chagas dolorosas.
"Assimilar as lições contidas neste livro" é compreender a mensagem da
Doutrina Espírita como sendo "O Consolador" enviado por Jesus para "nos
ensinar todas as coisas e nos recordar tudo o que Ele nos disse. "
O autor, com a simplicidade que o caracteriza, conseguiu reunir em um só
livro toda a história de uma vida que se ergueu com a mesma força de uma
semente que, lançada à terra, desenvolve seus potenciais em busca do Sol
e, depois, torna-se árvore, recebendo o carinho das brisas e o sopro
violento dos temporais, tudo superando para oferecer a quem passa o sabor
de seus frutos.
Caro leitor, abra este livro, leia-o e assimile cada frase que toque o seu
coração, e, mesmo que você hoje seja feliz, experimente o sabor deste fruto
sazonado! Sua semente foi prisioneira da Terra, mas o fruto dela nascido
revela ao espírito dos sofredores que, ultrapassadas todas as lutas, eles
poderão dizer com Jesus a uma só voz:
No mundo passareis tribulações; mas tende confiança; eu venci o
mundo!...(*)
Brunilde Mendes do Espírito Santo
(*)NT: João, 16:33.
CAPÍTULO I
O início
Nascido em subúrbio pobre do Rio de Janeiro e criado em outro subúrbio
mais distante e mais pobre, com outros dois irmãos mais velhos, meus pais
sempre, com muita dificuldade financeira, esforçavam-se para que os três
filhos tivessem boa alimentação, vestimenta condizente, uma boa educação
no lar e um ensino a contento, visando a formação de homens de bem, de
caráter reto.
O esforço dos meus pais era sentido por todos os filhos, pois, visivelmente,
ultrapassava a resistência física de ambos, mas como rochas
inquebrantáveis, seguiram dando exemplo de resistência, perseverança e de
conduta moral ilibada. Exemplos de vida.
Acreditavam no trabalho honesto e no esforço pessoal para "vencer na
vida".
Quando criança, fui afetado por doenças como gripe, pneumonia,
desidratação, etc... em razão do meu temperamento extremamente ativo,
agitado, contestador e impulsivo, o que dificultava em muito o controle
materno, apesar de rigoroso.
A minha personalidade começou a ser cunhada com as dificuldades vividas
e os exemplos do lar. Maiores doses de impulsividade e perseverança eram
exigidas para vencer a estima de ser um morador de subúrbio distante e
aluno de uma rede de ensino pública já falida.
Meus pais, em mais um enorme esforço financeiro, conseguiram me
transferir para o Colégio Piedade, mantido pela Universidade Gama Filho,
colégio esse particular e com qualidade de ensino muito superior.
Essa transferência ocorreu dois ou três meses após o início do ano letivo, o
que levou a ter que me esforçar para acompanhar a turma e recuperar o
tempo perdido.
Assim, com muita perseverança como marca da personalidade, consegui
terminar o Primeiro Grau, passando pelo Segundo e chegando ao Curso de
Direito.
A luta para atingir metas profissionais
- O homem material
Como também não poderia ser diferente, cursei sempre no período noturno
para poder laborar durante o dia, gerando o sustento e angariando
experiência profissional na área de atuação.
As dificuldades sempre se somavam, enquanto a determinação de chegar a
algum lugar aumentava.
Formado, já introduzido na área profissional, graças a pessoas bondosas
que acreditaram no meu ímpeto para "vencer na vida", pessoas essas que me
mostraram os caminhos da profissão, alertando Para os perigos dos desvios
fáceis. Estas pessoas, algumas delas se transformaram em amigos e
próximas até hoje.
Logo segui sozinho na profissão como advogado, mas, em pouco tempo,
despertei para o que seria minha paixão, a magistratura.
Comecei a me dedicar ao estudo preparatório para o concurso de ingresso
na Magistratura do Trabalho, sem deixar o exercício da advocacia, de onde
retirava meu sustento.
Rapidamente percebi o quanto era dificultoso a aprovação no concurso,
pois competia com candidatos extremamente preparados, com vários anos
de estudo direcionado especificamente para o concurso da Magistratura do
Trabalho.
Novamente, vendo-me obrigado a suportar um esforço maior que as
minhas próprias forças permitiam, pois me via obrigado a estudar até altas
horas da madrugada, mantendo-me desperto à base de produtos com
cafeína (guaraná em pó e café).
Após anos de estudo e diversas tentativas, obtive a aprovação no concurso,
ingressando nos quadros da Magistratura do Trabalho do Tribunal da Ia
Região.
Efetivamente, foi o coroamento de um esforço sobre-humano, para vencer
as dificuldades geradas pelas falhas de ensino, inclusive o básico,
entretanto, com a presença de pessoas amigas, às quais serei eternamente
grato, pois me auxiliaram, de uma forma ou de outra, nessa luta.
As metas profissional e material foram atingidas. O esforço e energia
direcionados para esse objetivo foram compensados.
No exercício da profissão de Juiz do Trabalho, toda aquela energia, o
ímpeto e determinação foram focados no trabalho, nos processos e, sem me
dar conta, minha vida passou a ser somente o trabalho, os processos, em
suma, a atividade profissional. O trabalho passou a ser minha vida e não
um meio de ganhar a vida.
Objetivos atingidos 
- O vazio existencial
Seguindo esse caminho, os anos foram passando. O que era ímpeto passou
a ser prepotência; o que era determinação passou a ser arrogância. Isso
coberto pelo verniz da vaidade e da falsa modéstia, o que me levou a
romper ou afastar relacionamentos de amizade que me eram caros. Pessoas
que muito tinham me ajudado receberam como retribuição a
incompreensão ou a ingratidão.
Com o passar do tempo, transformei-me em um ser frio, infeliz, de difícil
convivência e sem prazer pela vida, o que resultou no fim do meu
relacionamento com minha companheira Aline, hoje esposa e mãe de meus
filhos.
Vivia um vazio existencial e um único objetivo — o trabalho.
Capítulo II
O surgimento do câncer
Seguia a vida...
Dividia meu tempo entre o exercício da magistratura durante o dia e, à 
noite dava aulas em curso voltado para profissionais do Direito, algo em 
que conseguia obter verdadeiro prazer em realizar, transferindo, de alguma 
forma, conhecimento, incentivo e esperança para atingir uma meta, um 
objetivo.
 
Um dia, quando me preparava para ir para o Tribunal, deparei com uma 
elevação no pescoço, junto à jugular, elevação essa indolor. Acreditei que 
seria resultado de uma queda sofrida no futebol com os amigos na noite 
anterior.
Entre uma atividadee outra no Tribunal, busquei uma consulta no serviço
médico do próprio Tribunal, sendo que, atendido por profissional zeloso,
este examinou e solicitou um exame de ultrassom, informando que eu seria
encaminhado para o oncologista.
A palavra oncologista explodiu em minha mente e pensei no absurdo da
indicação do médico, pois aquilo deveria ser algum problema muscular.
A negação, primeira atitude.
Seguindo a orientação médica, efetuei o exame e, para surpresa, indicava
diversos nódulos na tireóide e fora da mesma, já em processo de metástase
avançada.
Pânico, essa foi a primeira sensação, pois o que seriam todos aqueles
nódulos?
Retornei ao Serviço Médico do Tribunal, já com uma postura diferenciada,
mais recatada e muito apreensiva, pois constatava, infelizmente, que o
médico estava coberto de razão em solicitar o exame específico e
encaminhar para o oncologista do Serviço Médico.
O diálogo com os dois profissionais foi rápido e indicava a urgência em
buscar um profissional especializado na região da cabeça e pescoço para
avaliação do exame feito e possível coleta de material para exame
laboratorial, a fim de identificar a natureza dos nódulos.
Lamentavelmente, peguei a primeira indicação médica e deparei-me com
um profissional não especializado na região a ser atacada.
O primeiro procedimento cirúrgico
- O início da luta
Em janeiro de 2001, o citado profissional, em vez de realizar uma punção,
optou por um pequeno procedimento cirúrgico, que segundo ele, teria a
duração de quarenta minutos, entretanto, levou aproximadamente cinco
horas, sendo inclusive necessário buscar um especialista para resolver um
problema surgido.
O material recolhido foi para exame e identificado como câncer medular da
tireóide, forma rara e extremamente agressiva de câncer da tireóide, cujo
tratamento é unicamente cirúrgico, ou seja, a extração do tumor.
Neste momento, todos que acompanhavam o meu problema de forma mais
próxima, foram tomados de pânico, temor e tristeza, entretanto, eu fui
tomado de uma frieza estranha que se apossou do meu ser.
Nada de pânico.
Nada de desespero.
Nada de aflição.
Nada de medo.
Simplesmente um vazio inexplicável, frio e denso, como se eu estivesse
em um processo de suspensão, onde as emoções não pudessem se
manifestar.
Esse estado durou alguns dias, até que acordei desse estado letárgico
emocional, resolvendo lutar contra esse "mal".
Por Deus, uma grande amiga pela qual tenho verdadeira adoração, Maria
Luíza Gama Lima indicou um profissional especializado na região da
cabeça e pescoço, recomendação de outro amigo, também médico.
Maria Luiza faz parte de um grupo de amigos que me acompanharam
dentro da disponibilidade de tempo.
Conheci, então, o Dr. Fernando, que ao verificar os exames e me examinar,
explicou com clareza e profissionalismo exemplar o tipo de câncer, a
forma de combate, a urgência em procedimento para retirada dos nódulos e
da tireóide, o chamado esvaziamento radical.
Esclareceu também, que essa doença decorria de uma má formação
genética, que continuaria produzindo a célula cancerígena, mas a defesa
imunológica poderia eliminar essas células, podendo ocorrer que uma ou
outra célula escapasse e resultar em novo tumor, reincidindo em outras
partes do corpo, pois era um tumor neuroendócrino, de grande
agressividade, cujo tratamento era unicamente cirúrgico.
Por fim, esclareceu que eu poderia ter uma razoável sobrevida, mas como
todo tratamento cirúrgico tem uma limitação, poderia, um dia, surgir um
tumor inoperável.
Sobrevida!
Tumor inoperável!
Outra explosão interna, pois, naquela hora, tomei conhecimento que a vida
recomeçava para mim naquele momento, só que com uma sensação triste
de contagem regressiva, pois o fim era certo, o quando não tão incerto.
Aqui, um pequeno adendo, pois as pessoas, em geral, dormem e acordam,
todos os dias, como se imortais fossem nesta vida, vivendo o personagem,
vestindo o corpo físico, com a certeza de acordar no dia seguinte, fazendo
planos de longa duração, convictos que estarão aqui de forma infinita, sem
pensar que o corpo físico que Deus nos concedeu em empréstimo tem uma
função e um tempo limitado de existência, tempo este desconhecido por
nós, de modo que deveríamos olhar a vida por um novo prisma, dando à
nossa existência uma postura um pouco mais solidária, olhando para o
nosso próximo.
Retornando à questão do câncer, adotados os procedimentos preparatórios,
passei por nova cirurgia em fevereiro de 2001, ou seja, num período de 18
dias, sempre enfrentando as lutas de frente, confiante na recuperação e
superação da doença.
Neste período passei a viver um otimismo sem precedente, uma certeza de
que sairia vitorioso com o procedimento cirúrgico.
Que a "cura" estava a um passo.
Seguimos acompanhados de perto pelo Dr. Fernando, controlando as taxas
e marcadores que indicavam a eliminação ou não da doença.
Eu, uma vítima do destino.
A revolta inicial
Os exames realizados em abril de 2001 indicaram a reincidência da doença
ainda no pescoço.
Novo golpe sofrido, pois acreditava ter vencido a doença com a extração
dos linfonodos.
Nova batalha surgia. Agora, a terceira.
Novos preparativos e assim submetido a novo procedimento cirúrgico para
esvaziamento parcial e retirada dos novos linfonodos.
A cirurgia foi um sucesso em relação aos linfonodos, mas, como muito
comum neste tipo de procedimento, restou afetada a minha voz, pois com
forte deficiência não podia mais dar aula, realizar audiência ou mesmo
conversar, pois a voz, mesmo em tom muito baixo, lentamente,
desaparecia.
Pouco conseguia falar, de forma muito rouca e com muito esforço, com o
diagnóstico que a melhora seria pouca e lenta.
Começava o chão a sumir debaixo de meus pés...
Sem condições de usar a voz como outrora, não poderia mais dar aulas, o
que tanto amava fazer, obrigando-me a abandonar o curso, as turmas, o
convívio diário com os alunos, dos quais alguns se tornaram amigos.
Sem condições de usar a voz, não poderia atuar nas audiências dos
processos, prejudicando a continuidade da carreira de magistrado, o que
também representava muito em minha vida.
Ao lado da luta contra a doença, me encontrava em outra luta interna, tão
dolorosa uma quanto a outra, a carreira apaixonante da magistratura
começa a se distanciar.
Continuando na luta contra a doença, concluiu-se que, para evitar qualquer
risco de contaminação na área do pescoço, seria indicado um tratamento
com radioterapia.
Assim procedemos com 30 aplicações e posso afirmar, que foi um dos
piores momentos da doença, em razão das queimaduras internas na
garganta, na boca, na pele externa e ainda as grandes aftas que surgiam em
razão da acidez criada com a terapia. Foram aproximadamente cinquenta
dias do muito sofrimento, muita dor.
Nesta fase da doença, passei por momentos difíceis, momentos em que fui
tomado por um profundo sentimento negativo, de que teria sido vítima de
uma desgraça, chegando ao ponto de elevar o pensamento a Deus e
perguntar: por que eu? Por que comigo?
Fui tomado por um sentimento de revolta contra tudo, por me sentir a
maior vítima na face da Terra e por um processo de depressão, que me
levava ao afastamento das pessoas e à prática de atos agressivos para com
aqueles que, por me amarem, estavam junto de mim.
Por Misericórdia de Deus, esse período de depressão não foi longo, dando
lugar à perseverança, à fé, à confiança em Deus, acreditando que ainda
seria possível obter êxito na "cura física", mesmo sabendo que as células
cancerígenas continuavam sendo geradas.
Capítulo III
Chegando à Casa Espírita 
- A Doutrina Espírita
 
De um encontro "casual" com a Aline, como se o acaso existisse,observando o meu
estado emocional, aconselhou-me a ir a uma Casa Espírita, entregando-me
um cartão com endereço, o mesmo que tinha recebido de uma pessoa
amiga, mas que não o tinha utilizado.
Recebi-o e, um dia, resolvi visitar a Casa Espírita indicada, pois já havia
muito me dedicado ao espiritualismo, andando pelo esoterismo e algumas
doutrinas orien¬tais, como também um pouco da Doutrina Espírita, mas
nada muito profundo, nada de verdadeira vinculação.
A Casa Espírita, era em verdade um Lar, o Lar de Tereza - Instituição
Espírita Cristã de Estudo e Caridade, onde ao chegar fui encaminhado para
assistir uma reunião pública, com um palestrante, seguindo-se de um passe
espiritual, doação de energias (terapia por fluidos).
Efetivamente, posso afirmar que este pequeno cartão representa juntamente
com os nossos filhos e o nosso convívio conjugal os maiores presentes que
a Aline poderia ter me dado nesta vida.
A mudança no meu estado emocional foi de tal ordem que não conseguia
explicar. O bem-estar gerado pelo ambiente do salão onde me encontrava,
o tema da palestra e o passe, bem como a paz e o sentimento de
fraternidade que os membros do Lar de Tereza transmitiam, foi em mim
um verdadeiro alento.
Passei a frequentar as palestras e, quando tive oportunidade, passei a
frequentar os Grupos de Estudos Sistematizados da Doutrina Espírita,
ingressando também no trabalho voluntário da Casa, sempre onde era
requisitado, independentemente do serviço.
O Lar de Tereza, como o nome indica é uma instituição espírita cristã, que
se dedica a duas frentes: espiritual e material.
No campo espiritual, o estudo sistematizado e divulgação da Doutrina Es-
pírita através das suas obras básicas, estudo esse voltado para a melhoria
moral do indivíduo, bem como a realização de palestras e reuniões públicas
e tratamentos com passes e atendimento fraterno, tendo como modelo e
guia Jesus e o Evangelho Segundo o Espiritismo, que são os seus en-
sinamentos à luz da Doutrina Espírita.
No campo material, tem-se a prática da caridade, com a manutenção de
suas obras sociais mantidas pelos colaboradores e parceria, em regiões de
grande carência, onde se localizam os núcleos de assistência, dando
acolhimento e orientação aos assistidos, visando atendê-los em suas neces-
sidades básicas: material e moral.
De toda sorte, em pouco tempo, comecei a verificar pequenas mudanças no
meu comportamento, o que, inclusive, era festejado pelos meus queridos e
amigos, funcionários da Secretaria da Vara do Trabalho, onde eu ainda
exercia a magistratura, pois estes eram os primeiros a sofrerem pela minha
prepotência e arrogância, pelo que peço perdão mais uma vez.
O tempo foi passando e eu me esforçando para "aprender" a ser um
espírita, ser um seguidor do Evangelho de Jesus, buscando identificar e
modificar as minhas más inclinações.
"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos
esforços que faz para dominar suas más inclinações." (Alllan Kardec, O
Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVII, item 4.)
A Doutrina Espírita foi a grande esclarecedora e formadora da fé
raciocinada.
Chega-se à Doutrina Espírita pelo amor ou pela dor, sendo que, em meu
caso, a dor foi a condutora.
A fé como alimento essencial
e a compreensão do processo
curativo do espírito
Busquei na Doutrina Espírita a clareza de raciocínio e no Evangelho de
Jesus a força,
 encontrando, neste tratado de amor, o caminho para o equilíbrio, para
compreensão e entendimento do porquê da doença, a sua necessidade em
relação à minha pessoa, a necessidade de rever e alterar valores materiais e
morais, buscando, através de uma reforma íntima, lenta, gradual, difícil e
muitas vezes dolorosa, a reconstrução de um novo ser, voltado para os
valores reais, que importam na verdade.
Assim, encontrava-se diante da resignação ativa, dinâmica, aceitando a
doença como um fato necessário à depuração do espírito, porém, lutando
contra a doença munido de uma fé inabalável, uma fé raciocinada.
Minha mente começou a mudar, minha postura diante da doença e da vida
passou por profunda transformação, deixando a revolta, o medo, o
sentimento negativo, a postura de vítima no passado, sendo tomado de
otimismo, sabendo que a mente direcionada e com bons pensamentos, pode
atuar de forma significativa no bem-estar, no equilíbrio físico e energético,
enviando o cérebro comandos para as células.
A vontade de viver e de 
construir uma nova vida
Ultrapassadas as fases da negação, da vítima, da revolta, encontrava-me em
processo transformador, sendo tomado por uma enorme vontade de viver,
não aquela vontade que você quer se agarrar às suas "coisas materiais",
"seus bens", seus prazeres, os mesmos que levaram você ao desequilíbrio.
Não.
Uma vontade de fazer o bem, de ajudar o próximo, de reconstruir a vida
sob uma nova ótica, um novo prisma, um prisma de amor, de amor ao
próximo.
Com o advento da doença e todo o processo de tratamento, ocorreu uma
reaproximação com Aline, que passou a ter mais presença em minha vida
e, com isso, mais importância não só como amiga, mas companheira e
mulher.
Oficializamos nossa união de 2002, sendo que Deus nos presenteou com
um lindo e amoroso filho, o Gabriel, verdadeiro anjo que veio do céu, para,
não só alegrar nossas vidas, como também para ser, em diversos
momentos, um pequeno professor com as suas colocações amorosas e
surpreendentes para uma criança.
Retornando à luta contra a doença, que não dava trégua, em novos exames,
após o período da radioterapia, reaparece o marcador da formação de
tumor medular da tireóide - calcitonina, em grau elevado, indicando
formação de novos tumores.
A ajuda do plano Espiritual
Com a reincidência da doença, abria-se nova frente de luta, caminhando-se
para o quarto procedimento cirúrgico.
Sim, retornava a doença, reincidindo agora no mediastino, sendo que a
cirurgia seria agora no tórax, através da estrutura óssea denominada
esterno.
Neste período, voltado muito para Deus e seus emissários de luz, que aqui
na Terra vêm doar o amor em forma de ajuda, fui levado por uma amiga,
Regina, a um grupo de pessoas, médiuns, que trabalhavam auxiliando uma
entidade espiritual, que atuava através da mediunidade do médium
Flávio, no tratamento de pessoas que sofriam de males físicos e espirituais.
Tive a graça de conhecer o médium que se tornou um irmão e amigo, bem
como a entidade espiritual, o Dr.Herman, Espírito cuja última encarnação
foi na Alemanha, adotando esse nome para executar o seu trabalho de amor
ao próximo, por Misericórdia de Deus.
O Grupo do Dr.Herman, como é conhecido, se constitui de um grupo de
pessoas que seguem a orientação da entidade espiritual, atuando no
tratamento de enfermos do corpo e do espírito, com terapias energéticas,
mas tudo baseado na prática da caridade e um profundo amor pelo pró-
ximo, pois o amor é a energia mais pura e eficaz contra os desequilíbrios
físicos e espirituais, decorrentes das nossas condutas equivocadas.
Passei pelo tratamento preparatório para cirurgia física e, como indicado,
em agosto de 2001, a cirurgia foi bem sucedida, com a retirada de todos os
linfonodos.
Retornei ao Grupo do Dr.Herman, mas agora não como paciente, mas
como pequeno colaborador daquele trabalho de amor e caridade, junto à
Casa Espírita Irmãos Samaritanos, que me acolheu com carinho e
dedicação.
O ano de 2001 terminava, eu cada vez mais vinculado ao Lar de Tereza,
meu Lar Espiritual na Terra, sendo sempre amparado pelos Espíritos
Benfeitores da Casa, ou seja, Teresa, Antonio de Aquino, Icléia, Scheilla e
o doce amigo Dr. Bezerra de Menezes.
Seguia ainda dando continuidade como pequeno e humilde colaboradordo
Grupo do Dr. Herman.
A vida profissional passava por momentos difíceis, pois solicitei o cancela-
mento da minha licença médica e o meu retorno à atividade jurisdicional
de forma parcial, pois não conseguia realizar audiências em razão da
deficiência do aparelho fonador, mas poderia ser útil e usar minha
experiência.
Estranhamente a minha atitude não foi muito bem aceita por determinadas
pessoas, o que me levou após um ano do retorno, a solicitar minha
aposentadoria, face às dificuldades criadas.
Assim, no ano de 2003, encerrava minha carreira de magistrado.
Passados quase três anos da última cirurgia, em exame de rotina, foi
constatado o reaparecimento da doença, na região do pescoço, já tão
sacrificada, gerando uma nova e difícil cirurgia, pois a região já havia
sofrido três intervenções, com retirada de tecido contaminado pela doença.
Assim, em 2004, passei por nova cirurgia, a quinta, sendo que, desta vez,
perdendo um dos nervos que controlam as pregas vocais, o que paralisou a
prega vocal direita.
Passei por longo período de terapia para reaprender a falar, com apoio de
fonoaudióloga, conseguindo avançar um pouco e me fazer entender
verbalmente.
Decorrido aproximadamente um ano, reincide novamente a doença, agora
na região do mediastino, esôfago e na janela da aorta do coração, sendo
indicado novo cirurgião, Dr.Edson, profissional exemplar, que conseguiu,
em agosto de 2006, já na sexta cirurgia, debelar a doença no local, retiran-
do todos os linfonodos existentes, até aqueles que não haviam ainda sido
detectados no exame de imagem anteriormente feito, denominado PET-CT,
pois a agressividade da doença era tamanha que surgiu novos linfonodos
após o exame, demonstrando mais uma vez a rapidez com que ela
avançava.
Para o procedimento, foi necessário afastar o pulmão esquerdo, que, em
razão de aderência, rompeu-se, sendo necessário suturá-lo em três lugares,
o que gerou uma perda significativa da capacidade respiratória, por
conseguinte, afetada mais uma vez a capacidade de usar a voz, agora em
razão da respiração.
Novamente, sou obrigado a passar por outra terapia para recuperar um
pouco da capacidade respiratória.
Passado um ano aproximadamente, em 2007, retorna a doença, sendo a
reincidência agora na cavidade pulmonar direita, dando-se sequência à
sétima cirurgia, que ocorreu em agosto de 2007, e o agravamento da
redução da capacidade respiratória, pois o pulmão direito também fora
muito sacrificado, em situação idêntica à anterior, ônus pago pelos anos de
tabagismo irresponsável.
Esta fase foi por demais marcante, pois minha esposa encontrava-se
grávida do nosso segundo filho, Matheus, com oito meses de gestação e eu
caminhava para mais uma batalha contra o câncer, sem poder ter medo ou
retroceder na luta, mas sim acreditar na vida e na Misericórdia Divina.
A cirurgia conseguiu retirar os linfonodos, contudo, em razão de diversos
fatores, no dia seguinte ao procedimento cirúrgico, sofri um enfarto quando
me encontrava no CTI, o que me levou a passar três dias em estado muito
crítico, conseguindo, em razão do infinito Amor de Deus, reagir e me
recuperar.
Esta fase, em verdade, foi um marco na minha luta contra a doença, pois
percebi a necessidade de aumentar o vigor na luta pela reforma íntima, pelo
respeito às diferenças e diversidades das pessoas, mesmo não concordando
com a conduta destas.
Convicto da necessidade de enfrentar as vicissitudes da vida, mantendo ou
lutando para manter a serenidade, a mansuetude, pois estamos aqui para
vencer o mundo e suas vicissitudes, sem perder o equilíbrio, desen-
volvendo a doçura e o amor ao próximo.
Jesus nos ensinou, Ele venceu o mundo e as vicissitudes, quando poderia
simplesmente mudá-lo.
Jesus nos ensinou a respeitar as diversidades e diferenças de valores morais
das pessoas, mas sempre alertando para que não retornasse ao pecado,
deixando clara a necessidade da reforma moral.
Recuperado da questão cardíaca e dos problemas dela decorrentes, fomos
agraciados com mais um presente divino: o nascimento do nosso querido
Matheus, criança que veio alegrar ainda mais nossas vidas, passando a ter
mais motivos para viver, mais amor para ser doado e recebido.
Em razão do tipo de câncer e da ausência das glândulas tireóide e
paratireóide, sempre fui acompanhado pela Dra. Rossana,
endocrinologista, que manteve e mantém o controle mais rígido das taxas e
hormônios, realizando o acompanhamento para identificação em caso de
reincidência da doença.
Em outubro de 2007, seguindo o acompanhamento regular, os exames acu-
sam o retorno da doença, com nova reincidência de forma mais agressiva e
rápida, agora no fígado.
Novamente, recebo a indicação de outro cirurgião para atuar na região do
aparelho digestivo, o Dr. Carlos Eduardo.
Passa-se, então, à fase de pesquisa e localização exata da doença, com os
preparativos para novo procedimento.
Com uma atuação ímpar, em janeiro de 2008, o Dr.Carlos Eduardo
conseguiu retirar todos os linfonodos, retirando aproximadamente três
quartos do órgão em questão, no que seria o oitavo procedimento cirúrgico.
Como sempre, minha recuperação foi rápida e efetiva, tendo a certeza que
a postura mental e emocional diante do problema sempre foi determinante,
enfrentando com resignação ativa a doença, com fé e entendimento do
porquê da doença.
Em abril de 2008, em exame por imagens, aparece novamente uma lesão
(linfonodo) na cavidade pulmonar direita, sendo então encaminhado o
exame para o cirurgião especializado em tórax.
Ocorre, porém, que, em razão da localização da lesão, seria por demais
difícil atingir o ponto em questão, pois impossível era o acesso pelo
pescoço ou mesmo pelo dorso direito, agravado ainda pelo fato de o
pulmão não resistir a outra movimentação.
Passou-se, então, a acompanhar a evolução da lesão, o seu
desenvolvimento, sendo considerado inoperável.
A ajuda continua...
"Ajuda-te a ti mesmo, que o céu te ajudará."
"Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei à porta e se vos abrirá;
porquanto, quem pede recebe e quem procura acha e, àquele que bata à
porta, abrir-se-á."
Mateus, VII: 7 a 11)
Neste período, a amiga querida, Vera, do Lar de Tereza, preocupada com o
avanço da doença, indicou uma pessoa que teria como me encaminhar a
um médium em Goiás, que realiza tratamentos espirituais e, entre muitos
casos, o de câncer.
Contato feito.
Venho a conhecer a Dra. Sue Nogueira Lima Verde e seu marido, Dr. Jair
Lima Verde, adoráveis pessoas que possibilitaram meu encaminhamento à
Casa de Dom Inácio de Loyola, na cidade de Abadiânia, Goiás, local onde
o médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, no
exercício da mediunidade curadora, atende pessoas doentes, em grande
parte, portadoras de câncer sob o amparo de diversas entidades espirituais.
A Casa de Dom Inácio de Loyola se constitui de um complexo de
construções.
A ambiência em todo o complexo da Casa de Dom Inácio é maravilhosa,
muita paz, alegria e harmonia. A energia que flui é algo indescritível, tanto
assim que uma área muito concorrida pelos pacientes/visitantes é o mirante
e seus bancos, onde as pessoas podem ler, meditar e orar, ou seja, podem
buscar os meios de conexão com Deus e com os Benfeitores Espirituais.
Impressiona qualquer pessoa que chega à Casa de Dom Inácio, que todos
que ali se encontram, com seus diversos problemas de saúde, não
apresentam tristeza, melancolia ou mesmo revolta, mas sim, alegria,
confiança e muita fé no trabalho realizado pelas Entidades e Benfeitores
Espirituais, sendo certo que o merecimento de cada paciente dita o
resultadodo tratamento, bem como a programação reencarnatória, pois a
Justiça e a Misericórdia de Deus sempre estão juntas. '
Cada caso é específico, respeitando-se, claro, o merecimento de cada um e
a programação divina para cada indivíduo, sua prova ou sua expiação.
Passei por uma cirurgia espiritual e pelo tratamento seguinte, seguido de
uma dieta indicada, inclusive, com o retorno à Casa como programado,
para participação no tratamento de energias manipuladas pelas Entidades
Espirituais e Benfeitoras da Casa.
Uma das entidades, as quais nem sempre se identificam, declarou
claramente que eu sabia que o "meu caso" era muito difícil, mas que
mantivesse a esperança, pois seguindo o tratamento seria possível uma
vitória.
A "vitória" já estava ocorrendo.
Possuía a real visão da doença, da necessidade da expiação e da resignação
dinâmica, ativa, com a plena consciência que o tratamento dividia-se em
dois planos distintos: físico e espiritual.
Quando se vive com uma doença incurável ou de difícil cura, a tentativa da
cura física da doença ou o retardamento da sua evolução, deve-se seguir
paralelamente com a luta pela reforma interior, buscando a elevação moral
e espiritual e praticando o amor ao próximo.
Consciente disso e no esforço permanente para produzir a reforma interior,
o nosso aprimoramento moral-cristão já poderia ser considerada uma
vitória sobre a doença, pois o despertar já ocorrera.
Retornando ao Rio de Janeiro, em agosto de 2008, passei por novo exame
de imagem que constatou que o citado tumor estava paralisado, mas, para
minha surpresa e para o médico, o exame de sangue acusou o marcador
calcitonima extremamente alto, indicando a formação de outros tumores.
Novamente, iniciamos nova pesquisa e descobrimos a reincidência da
doença no fígado e na região da veia cava, indicando uma grande
agressividade ainda não registrada, pois havia a indicação de diversas
lesões.
Realizados os exames preparativos, passei pela nona cirurgia, agora com
duas equipes médicas, pois em razão do grande número de lesões no
fígado, que ainda não havia se reconstituído plenamente, somente foi
extraída uma grande lesão e realizado um procedimento denominado rádio-
ablasão, um procedimento de cauterização das lesões menores no interior
do fígado, preservando assim o órgão, pois um transplante do mesmo seria
muita difícil.
No tocante à região da veia cava, as lesões que estavam próximas foram
retiradas, entretanto, já havia algumas fixadas na porta da cava, região
onde a veia se ramifica para os órgãos, sendo impossível a extração sem
levar à morte o paciente.
Dessa forma, mais tumores inoperáveis.
A recuperação no período hospitalar foi rápida, como de costume e com a
certeza de que o melhor tinha sido obtido, pois Deus, Pai Amoroso, jamais
daria um fardo maior do que nossas forças podem suportar. O retorno para
casa foi o melhor medicamento.
Com o aconselhamento do Dr. Carlos Eduardo, começamos a buscar meios
alternativos para tentar impedir ou reduzir o crescimento dos tumores, pois
o câncer medular de tireóide só é atacado por meio cirúrgico e qualquer
tratamento químico, até o momento, destina-se somente a tentar retardar o
crescimento do tumor, atacando a sua rede de alimentação.
Por indicação de um grande amigo, Paulo Renato, foi-me indicado um
novo oncologista, médico competente, Dr. Bruno, que iniciou o estudo
para a quimioterapia, passando-se ao tratamento quimioterápico, com o
objetivo de atacar a alimentação dos tumores, impedindo ou retardando seu
desenvolvimento, sendo que, para tanto, novo procedimento cirúrgico (o
décimo) foi efetuado em Janeiro de 2009, para implantação interna de um
cateter permanente para receber a quimioterapia de longo prazo.
Neste período, mesmo antes do inicio da quimioterapia, começaram as
dores resultantes do crescimento do tumor da veia cava, crises que não
permitiam sequer me movimentar, pois se iniciava na altura do rim direito
irradiando em direção ao fígado e terminando na altura da bexiga.
Agravado o quadro em razão de uma grande retenção de líquido no
organismo, a parte inferior do abdômen, pernas e pés incharam a ponto de
dificultar a locomoção em razão das dores e rigidez decorrentes do edema,
pois a circulação estava sendo prejudicada pelo tumor.
Paralelamente, demos continuidade ao tratamento espiritual, seguindo
rigorosamente as orientações das Entidades Benfeitoras.
CAPÍTULO IV
A origem da dor
"Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?"
"Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição.
Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa
perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso
é que está a expiação..."
(KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.
 Pergunta 132. FEB.)
Sabemos que a reencarnação é um processo de evolução, que Deus em Sua
Infinita Bondade e Misericórdia, criou para que o Espírito possa evoluir em
direção à perfeição.
Nesse percurso, o Espírito necessita passar pelas vicissitudes da vida, que
serão ferramentas para moldar sua estrutura moral e intelectual, de modo
que nem todo sofrimento pode decorrer de uma falta, pois o Espírito
candidato à reencarnação pode solicitar e buscar provas depurativas para
promover seu adiantamento.
Desta forma, não se tratando de solicitação e escolha para buscar um
progresso mais efetivo, as aflições podem ter origem em dois momentos
distintos, resultando de causas anteriores à reencarnação ou decorrente da
conduta da vida atual, mas sempre em decorrência da conduta faltosa do
homem em relação do seu próximo ou a si mesmo, quando, de forma
incisiva, atenta contra as leis divinas.
Faltas em vidas passadas
As aflições que tem suas causas em vidas passadas, decorrem de condutas
equivocadas, faltas e o mau uso da oportunidade reencarna-tória concedida
pelo Pai Celestial.
O homem, muitas vezes, por força do orgulho, vaidade, egoísmo gera
sofrimento para diversas pessoas, faltas que precisam ser reparadas, mas
antes, reconhecidas através do arrependimento, o que geralmente ocorre,
quando retorna ao mundo espiritual e se depara com a realidade, constatan-
do quanto mal fez e quanto tempo desperdiçou.
Arrependido, busca na Justiça de Deus nova oportunidade de vestir um
corpo material, visando reparar as faltas cometidas e, de alguma forma,
avançar no seu progresso espiritual.
Programada sua reencarnação, o modelo organizador biológico receberá
todas as potencialidades e deficiências necessárias à sua programação.
O perispírito, como envoltório do Espírito, guarda, como arquivo
individual e ilimitado, todas as experiências, todas as vivências do espírito,
sua conduta, o bem e mal que tenha praticado. Sua natureza plástica
permite ser moldado dentro das necessidades reais do espírito candidato à
reencarnação.
Assim, o Espírito reencarna trazendo registradas potencialidades, como a
me-diunidade, dons artísticos, inteligência superior, mas também
deficiências mentais, físicas, doenças e deficiências orgânicas que serão
reproduzidas no corpo físico, seguindo o modelo organizador biológico
(perispírito), e surgirão no momento oportuno, podendo seus efeitos serem
amenizados ou agravados, dependendo da conduta do Espírito, quando
encarnado.
Faltas na vida atual
As causas atuais das aflições estão no homem que se deixa dominar por
sentimentos e paixões descontroladas, como o ódio, rancor, inveja, o
egoísmo, gerando para ele aflições e desequilíbrios, que repercutirão no
seu Espírito, gerando transtornos energéticos e mau funcionamento dos
centros respectivos (chakras), que, por sua vez se propagarão parao
modelo biológico organizador e se refletirão no corpo físico.
A somatização dessas energias descontroladas leva ao surgimento de
diversas doenças físicas e emocionais e algumas sem tratamento, que
resultarão na dor e no sofrimento.
Assim, nas causas atuais das aflições, o homem responde com a dor e o
sofrimento decorrente pela falta de vigilância.
"Toma, por princípio, a Vigilância, procurando analisar como te sentirias
interiormente, se fossem os teus ouvidos que assinalassem o que teus
lábios lançam nos ouvidos alheios. Mede as consequências do que
pretendes dizer, para que o arrependimento não te surpreenda mais
adiante, arrancando-te lágrimas de compunção." - Liberta-te, Alma Irmã!
- Mensagens do Espírito Idéia - Lar de Tereza.
A dor como processo educativo
Joanna de Angelis, Espírito Benfeitor, que através da psi-cografia de
Divaldo P. Franco, no livro Plenitude, nos ensina que a dor e o sofrimento
fazem parte da vida, lapidando o ser através de progresso inteleçto-moral.
A dor, por vezes, é inevitável; entretanto, o sofrimento como processo
destrutivo pode e deve ser evitado.
Independente do fato de a doença ser um sofrimento decorrente de um ato
ou de uma série de equívocos praticados pela pessoa nesta vida, ou ainda,
tem sua origem em anterior existência, esse sofrimento pode se apresentar
como uma expiação ou provação.
Ensina-nos Joanna de Angelis:
"A provação é a experiência requerida ou proposta pelos guias espirituais
antes do renascimento corporal do candidato, examinando as suas fichas
de evolução, avaliadas as suas probabilidades de vitória e os recursos ao
seu alcance para o cometimento. Apresentam-se como tendências,
aptidões, limites e possibilidades sob controle, dores suportáveis e
alegrias sem exagero, que facultem a mais ampla colheita de resultados
educativos. “(Livro Plenitude, página30, 9a Ed.- Divaldo Franco, pelo
Espírito Joanna de Angelis)
Importante frisar, que, na provação, não há imposição ao candidato à
reencarnação, podendo sofrer alterações nas ocorrências, sem que decorra
prejuízo na experiência iluminativa do Espírito.
Diferentemente, as "...expiações, todavia, são impostas, irrecusáveis, por
constituírem a medicação eficaz, a cirurgia corretiva para o mal que se
agravou" (Livro Plenitude, página 33,9a Ed.- Divaldo Franco, pelo Espírito
Joanna de Angelis).
Em se tratando de expiação, a mesma pode ser amenizada, mas nunca
sanada, pois o candidato reencarnante necessita passar pelo aprendizado no
processo de sofrimento decorrente da expiação indicada, como recurso útil
e essencial para restaurar o equilíbrio decorrente da reparação do erro
praticado.
Devemos entender, que Deus, em Sua Infinita Misericordia, permite ao
Espirito, consciente do erro praticado, arrependido e com vontade de
reparação do mal, ter uma nova existência na Terra, vivendo uma expiação.
A expiação tem, duas etapas, sendo uma: reparar o dano causado, tendo a
oportunidade de fazer o bem àquele que foi sua vítima ou a outrem que
necessita de auxílio. Amar ao próximo como a si mesmo, a segunda grande
Lei Divina.
A prática do bem é uma etapa do processo reparatório, e a outra é vivenciar
a dor causada a fim de que possa se reeducar.
O Espírito, ao reencarnar, busca na vivência da expiação, escolhida ou
determinada, a experiência reparadora, entendendo o mal praticado e a dor
causada ao próximo ou a si mesmo.
Devemos considerar o surgimento da dor, não como punição por algum ato
ou fato ocorrido, do qual tenhamos participado, ou seja, não seria uma
punição de Deus por não respeitarmos as Suas Leis, pois Deus, em Sua
Infinita Bondade, não pune, não castiga.
Deus nos permite reconhecer o erro através da dor que criamos para nós
próprios e para nossos irmãos com nossos equívocos, nossos erros, nossos
pensamentos e emoções descontroladas.
As causas que originam a dor e o sofrimento podem ter origem nesta ou em
vidas passadas, mas sempre decorre da ausência de amor ao próximo,
predominando o egoísmo e o orgulho no nosso íntimo, gerando aflições e
emoções descontroladas.
Na maioria das vezes, as pessoas passam pela vida, sem tomar
conhecimento da razão pela qual vieram a este mundo de provas e
expiações, sem considerar que, em verdade, estão vivendo um personagem
nessa breve estada terrestre com vestimenta carnal, pois cada ser é um
Espírito, possui sua individualidade e é imortal, criado por Deus para
ascender e atingir a perfeição e felicidade suprema.
A estada neste planeta tem como fim profícuo nossa evolução, nosso
aprendizado, vivenciando as vicissitudes da vida, vencendo-as sem revolta,
com resignação e fé na Bondade de Deus.
Essa vivência, muitas vezes, se faz pautada pela dor e pelo sofrimento, de
modo que devemos considerar a dor como um meio de correção de
percurso e de valores.
O sofrimento e a permanência da dor constituem um processo educativo
através do qual poderemos identificar nossos equívocos, nossos erros e
buscar a correção do rumo, a reparação do mal praticado, utili-zando-nos
de uma fórmula simples - B.I.P, ou seja, benevolência, indulgência
eperdão, que são os pilares da caridade.
Cristo, quando veio a este mundo personalizado em Jesus, poderia mudar o
mundo e suas imperfeições com a sua magnitude espiritual, mas buscou
através do sofrimento físico imposto pelo homem, ensinar, com exemplos
vivenciados, que o mundo e suas vicissitudes podem ser vencidos com a
paz, o equilíbrio, a mansuetude, a fé, o amor pelo Pai Celestial e pelo pró-
ximo.
Ele respeitou as diferenças de evolução de cada ser encarnado, sem,
contudo, concordar com os erros, advertindo todos aqueles que se
encontravam em erro para que não incidissem em tal conduta novamente.
CAPÍTULO V
A cura da enfermidade
Quando falamos em enfermidades, doenças, temos como foco principal o
corpo físico, onde elas se manifestam fisicamente, e o homem passa a ter
conhecimento material da mesma, através da dor, do sofrimento imposto
pela enfermidade, podendo ser de ordem emocional, como transtornos psi-
cológicos, depressão, angústia ou de ordem física, que afetam diretamente
o organismo físico e o seu equilíbrio.
A enfermidade, ao contrário do que possa parecer, se instala, inicialmente,
no Espírito (a centelha inteligente), decorrente de viciações geradas na
alma como orgulho sem limite, o egoísmo, e estes por sua vez, depressão,
angústia, insegurança e decepção por não se obterem aquelas conquistas
materiais que entorpecem o homem, acreditando ele serem essas
conquistas o combustível para a felicidade, como se a felicidade fosse um
acúmulo de bens terrenos.
O homem esquece que tudo que obtém nesta vida, neste planeta, é por
empréstimo, e tudo permanecerá aqui, quando seu tempo se esgotar e
retornar à vida espiritual, deixando para trás todos os bens materiais que
amealhou. Daí a grande responsabilidade com a utilização desses bens,
com a destinação dada para amenizar a dor do próximo.
O Mestre dos mestres na Antiguidade nos disse:
"Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a
ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para
vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde
ladrões não escavam nem roubam; porque onde está o teu tesouro, aí
estará também o teu coração. “- Jesus (Mateus, 6: 19-2)
O homem deve ter em mente que a cura se inicia combatendo a fonte do
problema, a causa primária que gerou o desequilíbrio de que resultou a
moléstia.
A doença que se manifestou no corpo físico, ou mesmo a de natureza
emocional, decorre de desequilíbrios energéticos, instalados no modeloorganizador biológico, originados no Espírito, pela falta de vigilância do
indivíduo que se permitiu viver em faixas vibracionais perniciosas, preso
às pressões do ego e suas ilusões materiais.
Desta forma, o homem deve ter em mente que necessita, antes de tudo,
identificar a faixa vibracional em que se encontra, trabalhar para a sua
melhoria, através do hábito mental de bons pensamentos, substituindo os
negativos e perniciosos pelos pensamentos edificantes, substituindo o
rancor e a mágoa pelo perdão.
A prática de atos voltados para o bem, como pequenos atos de auxílio ao
próximo, desenvolve no indivíduo uma base de sustentação para a
manutenção dessa faixa vibracional elevada, pois através de tais atos,
desenvolvem-se a benevolência, a indulgência e o perdão, ou seja, a prática
da caridade, que neutralizará o orgulho e o egoísmo.
Com a continuidade da conduta voltada para o bem, o indivíduo
desenvolve o desapego pelas coisas materiais que o levaram à ansiedade, à
frustração, ao desequilíbrio, além de desenvolver nele sentimentos
elevados que o lançarão em faixas vibracionais positivas, possibilitando
um melhor funcionamento de suas células e, por conseguinte, melhor
funcionamento do seu organismo.
A cura ocorre quando são atacadas a causa geradora e a moléstia
deflagrada no corpo físico.
Quando a cura limita-se à questão física, debelando o mal orgânico, ela
apenas afasta o sintoma manifestado, pois o indivíduo não tem a
consciência de que a causa da doença não está no corpo físico, mas sim, na
sua conduta como ser espiritual, considerando-se que a dor e o sofrimento
são processos educativos, processos de correção, de purgação do espírito.
Jesus, quando, pelo infinito amor, praticava a cura, sempre alertava: "a tua
fé te curou, vai e não peques mais".
Cristo alertava para que o agraciado não pecasse mais, para que permitisse
ser aquele ato de amor instrumento de reforma, a ferramenta necessária
para a cura do espírito, pois caso permanecesse na conduta equivocada das
paixões descontroladas, a dor retornaria, manifestando-se ou de uma forma
ou de outra.
A reforma íntima
Para falarmos de reforma íntima e evolução moral, iniciamos com uma
linda e profunda mensagem de Icléia.
"Aceita o Desafio
No mundo passareis tribulações mas tende confiança. Eu venci o mundo
— Jesus (João-16:33)
Não te detenhas ante a luta! Ela é para a tua alma mergulhada nas
viciações passadas, a sagrada oportunidade de Iançar fora a crosta
escura que te obscureci a visão.
Não te falo da luta exterior para a conquista do pão que sacia a fome, ou
para a manutenção do teto que se ergue para abrigar-te.
Falo-te da luta interior, desta que se trava em teu íntimo, trazendo fel ao
coração sequioso de paz e entendimento.
Tua alma se encontrava, há milênios, mergulhada nos vícios e ilusões
mesquinhas.
Deixaste teu coração estagnado, amortecido, para os sentimentos mais no-
bres e generosos.
Entre o fausto e os prazeres ociosos, desperdiçastes as horas de tuas vidas
pregressas. Só agora teus olhos puderam vislumbrar alguma luz.
Que fazer? — indagas.
Tua consciência, ora desperta, chama-te para o Alto, para as conquistas
eternas, não te deixando mais imerso na sombra da inutilidade.
É então que, dentro de ti, inicia-se a luta! Luta titânica, gigantesca: além,
onde teus olhos mal alcançam os esplendores daquela felicidade com a
qual tua alma já sonha; aqui, entre as sombras da Terra, o prazer que
ainda te conclama, falando-te aos sentidos...
Queres ascender. Lá em cima é a libertação, é a paz...
Mas que esforços sobre-humanos precisarás fazer para te despojares das
antigas fantasias!
O Mundo te diz: A felicidade mora aqui! Afasta os obstáculos! Esquece as
leis que jungem ao sacrifício e à renúncia! Vem, construir teus castelos,
teus sonhos, sob c sombra amiga de minhas alegrias. Amanhã terá
passado a oportunidade, pois c amanhã é a morte!...
Entretanto, algo que não podes definir, lá no fundo de ti mesmo, clama
comi num eco: Abandona a ilusão! A morte não é o fim e sim um eterno
recomeço para uma felicidade que o mundo jamais poderá te dar!
E entre essas duas vozes, tu sofres, tu soluças, tu hesitas!
Entretanto, por mais forte seja essa luta, aceita-a!
Medita sobre ela! Aceita o desafio do Mundo!
Escuda-te na Fé, arrima-te na Esperança e prossegue num esforço
constante à luz da Caridade.
A maneira das árvores que se erguem para o Sol, embora mantenham as
raízes presas ao chão, lança também, no Infinito, as tuas preces e derrama
sobre a Terra as sementes de tua confiança no amor de Deus, que te
permite a luta de hoje, a fim de que construas o teu futuro de paz. "
(Do livro Evangelho e Vida - Espírito 
Icléia - Lar de Tereza)
Jesus, ao dialogar com Bartolo men bar Eliazar, em Carfanaum, esclarece
ao ser indagado:
"— A inveja, a maledicência, o ódio, o ciúme, a ambição desmedida, o
ressentimento são tiranos da alma que impedem o avanço do ser pela
estrada da evolução, gerando tormentos inomináveis. Porque originários
do mundo interno, a luta pare vencê-los deve ser travada no campo do
consciência, mediante a transformação das tendências inferiores e dos
sentimentos para adoção da conduta rica de misericórdia, de compaixão,
de entendimento fraternal, de caridade... " ( A Mensagem dc Amor
Imortal - Divaldo Franco, pelo Espírito Amélia Rodrigues-pag. 38)
A reforma interior ou reforma íntima constitui o objetivo principal, senão
de to dos, da grande maioria dos que aqui se encontram encarnados neste
planeta-escola, de provas e expiações, sendo o Evangelho, o Tratado de
Amor e Educação Moral que Jesus nos ofertou, de modo que devemos in-
teriorizar seus ensinamentos, utilizando-os como ferramentas e
instrumentos da nossa melhoria e elevação moral cristã.
Paulo de Tarso, quando ainda era o Doutor da Lei Saulo, em perseguição
aos seguidores do Evangelho, ao dirigir-se a Damasco para captura de
Ananias, na estrada, às portas de Damasco, teve seu encontro com Jesus.
Surpreendido pela luz magnânima de Jesus e envolvido pelo seu amor,
Paulo de Tarso tombou do alto do seu orgulho, tomando consciência da
grandeza do Mestre e mesmo tomado pela cegueira decorrente da
luminosidade da figura celestial de Jesus, decidiu tornar-se um seguidor do
Evangelho.
Todos nós, em algum momento, passaremos pela estrada e estaremos às
portas de Damasco.
Vivenciaremos nosso encontro com as verdades evangélicas e através de
momentos, muitas vezes, dolorosos, conseguiremos também nos livrar da
cegueira imposta pelo ego, pelo orgulho, pela vaidade, pelo apego a coisas
materiais, nos libertando através da reforma íntima, do nosso me-
lhoramento moral, mas para tanto, precisamos passar pelo processo de
identificação dos nossos erros e valores equivocados, desconstruindo o
Homem Velho para construção do Homem Novo. Não se constrói um
edifício novo sobre velhos e corroídos alicerces.
Ocorre, porém, que poucos despertam para a necessidade de reforma
interior, passando pela dádiva da reencarnação em profundo sono letárgico,
vivendo voltados para as necessidades do corpo, da vaidade, do orgulho,
do ego inflado, sem perceberem que dormem embalados pela indiferença,
pela ignorância da sua realidade existencial, sem perceberem que são
dominados pelo ego, que busca a sua satisfação nos prazeres mundanos,
passageiros, imediatos, que se esgotam, se consomem com tanta rapidez e
geram angústia, desequilíbrios e emoções descontroladas, pois, em
verdade, lançam o homem no vazio.
Jesus nos ensinou que nenhuma ovelha do seu rebanho seria perdida, o que
vale dizer, que estes que dormem, transitando pela vida, despertarão, um
dia, para a necessidade de caminhar para a evolução.Peço a Deus e a Jesus que, independente do tempo que decorra, possa
dizer, um dia, como Paulo de Tarso, que "já não sou eu que vivo, mas o
Cristo que vive em mim ".
Assim, pela Misericórdia de Deus, a vida continua. Seguimos buscando
nosso melhoramento moral e a prática do amor ao próximo, pois "fora da
caridade não há salvação ".
" Todas as coisas têm um lado positivo que precisas aprender a ver,
porque é neste "saber ver" que se acumulam as experiências. Se te
mantiveres sereno, conseguirás corrigir as possíveis distorções nascidas
tão-só de tua inexperiência. " - Mensagem do Espírito Icléia - Livro
Liberta-te, Alma Irmã! - Lar de Tereza.
Bibliografia
Liberta-te Alma Irmã! - Lar de Tereza -Mensagem do Espírito Icléia
O Livro dos Espíritos - Allan Kardec - FEB.
Evangelho e Vida - Espíritos Diversos - Lar de Tereza.
Plenitude - Divaldo Franco - Pelo Espírito Joanna de Angelis -.LEAL.
Dias Gloriosos - Divaldo Franco - Pelo Espírito Joanna de Angelis -
LEAL.
A Mensagem do Amor Imortal - Divaldo Franco - Pelo Espírito Amélia
Rodrigues -LEAL.
Libertação do Sofrimento - Divaldo Franco Pelo Espírito Joanna de
Angelis - LEAL.
O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec-FEB.
Paulo e Estevão - Francisco Cândido Xavier - Pelo Espírito Emmanuel -
FEB.
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