Buscar

TRABALHO SOBRE KARL MARX

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

�PAGE �11�
( KARL MARX (
RIO DE JANEIRO
�
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................................P.05 
O INÍCIO DA CONSCIÊNCIA MARXISTA.....................................................................P.06 
MARX, UM PENSADOR CONTEMPORÂNEO..............................................................P.08 
IMPORTÂNCIA E ATUALIDADE DA OBRA DE KARL MARX.................................P.10 
A CONCEPÇÃO DE ESTADO EM MARX......................................................................P.12 
O PARTIDO: UM AMPLO CONCEITO MARXISTA.....................................................P.14 
A TRANSIÇÃO PARA O SOCIALISMO.........................................................................P.16 
SOCIEDADE E TOTALIDADE EM MARX....................................................................P.18
KARL MARX – FRASES, SOCIOLOGIA E OBRAS......................................................P.19
COMPARAÇÃO COM A OBRA DE OUTROS AUTORES............................................P.21
WEBER X MARX..............................................................................................................P.21
COMTE X MARX..............................................................................................................P.23
DURKHEIM X MARX......................................................................................................P.25
CONCLUSÃO....................................................................................................................P.27
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................P.28
INTRODUÇÃO
	Karl Marx foi um intelectual que fundou a doutrina comunista moderna e atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista. Todo mundo que passa pela escola sabe um pouco sobre ele, seja na Filosofia, História, Sociologia, Ciências Políticas, Antropologia, psicologia, economia, comunicação, arquitetura, geografia, enfim, todas essas áreas ele influenciou alguma coisa. Conhecidos pelos seus escritos sobre o comunismo, Karl Marx, nunca se apelidou sociólogo, mas a sua contribuição para o pensamento sociólogo foi principalmente a sua perspectiva da “Teoria do Conflito”, na qual a organização social e a sua mudança se baseiam nos conflitos intrínsecos à sociedade. Ao longo de sua vida, Marx foi um agudo e incansável investigador, que percebeu e analisou melhor do que ninguém em seu tempo o desenvolvimento do capitalismo em escala mundial. Ele entendeu que o nascimento de uma economia internacional globalizada era inerente ao modo capitalista de produção e previu que este processo geraria não somente o crescimento e prosperidade alardeados por políticos e teóricos liberais, mas também violentos conflitos, crises econômicas e injustiça social generalizada. Considerando que Marx, deliberadamente, absteve-se de especular acerca do futuro, não pode ser responsabilizado pelas formas específicas em que as economias “socialistas” foram organizadas sob o chamado “socialismo realmente existente”. Quanto aos objetivos do socialismo, Marx não foi o único pensador que queria uma sociedade sem exploração e alienação, em que os seres humanos pudessem realizar plenamente suas potencialidades, mas foi o que expressou essa ideia com maior força e suas palavras mantêm seu poder de inspiração.
�
O INÍCIO DA CONSCIÊNCIA MARXISTA
	Marx Heinrich Marx nasceu em Trier, na Renânia, em 5 de maio de 1818. Sua família provinha de uma linhagem judaica convertida ao protestantismo para que seu pai pudesse exercer a profissão de advogado (judeus não podiam exercer profissões liberais). A família Marx era vizinha de um alto funcionário do governo prussiano, o barão Ludwig Von Westphalen, um aristocrata liberal que por possuir uma imensa cultura guiou Marx no início de sua leitura de clássicos como Homero e Shakespeare. Em 1835, aos 17 anos, Marx deixou sua casa para ingressar na Universidade de Bonn, onde iniciou seus estudos de Direito, permanecendo lá por um ano. Sendo por seu pai, transferido em 1936 para Berlim onde havia uma universidade três vezes maior do que a anterior. Durante os anos subsequentes Marx concilia seu estudo e trabalho com sua frequência em cervejarias onde encontrava os intelectuais mais avançados do seu tempo: os de esquerda. Marx imediatamente liga-se a essa tendência, revelando interesse pela filosofia e começou a trabalhar sua tese de doutorado, concluída em 1841. Ao mesmo tempo, isola-se por dias e, numa atitude própria do romantismo da época, compõe poesias e escreve à noiva e ao pai, contando para estes suas pretensões de enveredar pelo campo da filosofia. Tinha em vista um cargo de professor universitário, mas suas esperanças se encerram quando o governo retira a Cátedra de seu amigo Bauer, que o ajudaria nessa jornada. Abandonada a ilusão de uma carreira universitária, Marx lança-se no jornalismo e passa a integrar a redação da Gazeta Renana, da qual se tornou posteriormente seu editor-chefe em 1842. O conhecimento de economia que possuía ainda era pouco, e suas análises nessa época, incidiam sobre a política e a filosofia, mas já não eram suficientes para documentar uma aproximação com as lutas dos trabalhadores. É, porém nos Manuscritos econômicos e filosóficos que Marx avança em seu caminho para o comunismo, depois de entrar em contato com o esboço confeccionado por Engels¹ para o mesmo periódico. Nessa obra já se encontra a união entre filosofia e economia na justificação da proposição comunista. No primeiro manuscrito examina a relação entre o trabalho e o produto final, constatando a desvalorização do mundo humano na razão direta do aumento do valor do mundo das coisas. Não é só o trabalho que se transforma em objeto; o próprio trabalhador transforma-se em mercadoria; e o produto do trabalho passa a pertencer a outro ser que não ele. Este é o efeito causado pela propriedade privada sobre o trabalhador. A essa relação entre a desvalorização humana para quem trabalha e aumento de riqueza para quem vive no ócio, em função da propriedade, Marx chamou de alienação. Daí a necessidade de sua superação o que só pode ocorrer em outra formação-social que não a produtora de mercadorias – o capitalismo. Esta, portanto, deve ser negada. “O comunismo” – diz Marx – “é a negação da negação e é, por conseguinte, para a próxima etapa do desenvolvimento histórico, um fator real e necessário na emancipação e reabilitação do homem. O comunismo é a forma necessária e o princípio dinâmico do futuro imediato, mas o comunismo não é em si mesmo a meta do desenvolvimento humano – a forma da sociedade humana”. Ainda em seus escritos de juventude, um ano mais tarde, a concepção de comunismo ainda não está inteiramente definida para Marx. Não obstante reconheça ser essa espécie de sociedade “um movimento real que acaba com o atual estado das coisas”, para ele constitui-se ainda em uma sociedade em que ninguém possui uma profissão definida. É provável que a descrição que faz Marx do famoso trecho em que todos são caçadores, pastores e críticos, sem que nenhum deles tenha com qualquer dessas profissões, seja uma simples metáfora para indicar a menor quantidade possível de trabalho, ao mesmo tempo em que impõe uma conotação que implica, igualmente, um menor nível de desigualdade em dada sociedade.
¹ Friedrich Engels é o amigo e colaborador que acompanha Marx praticamente em toda a suavida, contrai com ele uma intensa parceria intelectual e o socorre economicamente em diversas oportunidades.
MARX UM PENSADOR CONTEMPORÂNEO
	Marx morreu no ano de 1883 sem ter a oportunidade de presenciar os grandes avanços da ciência: o incrível desenvolvimento das tecnologias e da microeletrônica, as descobertas fenomenais no campo da engenharia genética, a mecânica quântica que revolucionou muito dos padrões da física de sua época e o formidável terreno obtido pelo setor das comunicações – que Marx tanto prezava-, o que ofereceu ao sistema capitalista espaços de exploração antes jamais imaginados. Marx situa-se, dessa maneira, em um período histórico determinado, específico, em que o capitalismo emprega necessariamente, sua principal força de trabalho na indústria é o poder econômico dominante. Hoje, diferentemente do século XIX, predominam o capital financeiro, o setor de serviços e o campo das comunicações, tornando inclusive, o trabalho imaterial. Essas alterações no plano da economia e da cultura dão a impressão de fazer de Marx um historiador antigo, um intelectual preso ao seu tempo, e que nada tem a dizer sobre o mundo pós-moderno. Não é bem assim, em sua principal obra - O capital – ele já percebia mudanças que já não correspondiam aos primeiros momentos da industrialização. A produção industrializada – e o trabalho a ela vinculado – consistia na propensão hegemônica do próprio trabalho no sistema produtor de mercadorias. A mecanização inicial prescindia da mão de obra operária, o que fazia do trabalhador um personagem com atividades essencialmente manuais. Marx percebeu, no entanto, que as coisas não se comportavam de forma simples e estável. Adiantara, no mesmo Livro III de O capital, que as relações econômicas se manifestam como contradições, e que toda ciência seria supérflua se o fenômeno das coisas coincidisse diretamente com sua essência. Marx prevê que tem início uma nova etapa do capitalismo em que o capital a juros adquire uma tonalidade diferente, e a “relação de capital toma sua forma mais externa e fetichista”. “Aqui”, continua ele, “nos encontramos com D-D, dinheiro que engedra mais dinheiro, valor que se valoriza a si mesmo sem o processo intermediário entre ambos os extremos. O capital comercial D-M-D (dinheiro-mercadoria-dinheiro) existe, pelo menos, na forma geral do movimento capitalista, ainda que só se mantenha dentro da órbita de circulação, razão pela qual o lucro aparece aqui como lucro de alienação; não obstante, aparece aqui como produto de uma relação social e não como produto exclusivo de um objeto material”. Marx nota uma dupla disposição do capital: o poder para modificar a materialidade dos objetos e a inclinação cada vez maior para a expansão mundial das finanças, devido ao colossal aumento dos meios de comunicação. E não apenas a expansão do capital, mas tudo que a ele diz respeito, isto é, toda a estrutura edificada pela base material sobre a qual ele se fundamenta. Em outras palavras: constitui-se um processo evolutivo e unificador de estilos de vida que ele denominou de processo civilizatório. Há uma outra razão para fazer acreditar que a teoria marxista permanece atual em vários de seus aspectos. A alienação, um dos princípios centrais do pensamento de Marx, não só continua uma característica marcante do presente, como alcançou níveis que ninguém poderia conceber. Ela não infectou apenas o trabalho humano; alastrou-se para todas as áreas das relações sociais, o grau exagerado do individualismo deixou para trás um passado inspirado em ideias de solidariedade e estimulou uma subjetividade tacanha que forjou uma sociedade completamente apática. O capitalismo conserva em seu interior todas as características que fez dele alvo das críticas de Marx, e seu pensamento não estará obsoleto enquanto as condições que fizeram parte de sua análise prosseguem em sua existência mais de um século após sua morte.
	
IMPORTÂNCIA E ATUALIDADE DA OBRA DE KARL MARX
A obra produzida por Karl Marx teve pouca repercussão na época em que foi escrita, embora fosse atual e coetânea dos acontecimentos que tratava. Esta, aliás, uma característica importante de seu pensamento: estava em perfeita sincronia com o momento histórico em que ia sendo elaborado, constituindo-se numa reflexão teórica sobre os acontecimentos. Seu pensamento como que moldava os acontecimentos e era dialeticamente moldado por eles, numa interação dinâmica; seu pensar era movimento constante, sem as ilusões de elaborar um sistema engessado cuja verdade estática consistisse na última palavra imutável sobre o que quer que fosse. Marx era dotado de profundo senso histórico. Karl Marx foi um escritor tremendamente realista e material: refletia sobre o que via e vivia, analisava o que acontecia ao seu redor, a chamada “realidade concreta”, embora sua visão não se detivesse na superfície aparente dos eventos, mas ultrapassava-os na busca de suas origens, no auscultar de seus desdobramentos lógicos, nas suas articulações com outros acontecimentos e situações. O mundo concreto e o homem real constituíam sua matéria prima e objeto de sua filosofia. No entanto, obras fundamentais como “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel” (1843), “Manuscritos Econômico-Filosóficos” (1844), “Teses sobre Feuerbach” (1845), “A Ideologia Alemã” (1846), “Teorias da Mais-Valia” (1862) e os volumes II e III de “O Capital”, por exemplo, somente começaram a ser publicadas após a sua morte, algumas quase 50 anos depois, como lembra Perry Anderson. Mesmo o “Manifesto Comunista”, publicado pouco antes das eclosões de 1848 (em fevereiro/1848) nenhuma repercussão teve além do círculo restrito que o encomendou. A influência maior na época foi a exercida pelo homem Karl Marx, e não pelo filósofo: sua intensa militância em movimentos sociais e populares, sua “consultoria” e orientação a várias associações e organizações trabalhistas, sua vasta correspondência com dezenas de políticos, teóricos, militantes, líderes trabalhistas, seu papel na fundação e condução da I Internacional repercutiram e atuaram para além de Londres, onde viveu a maior parte de sua vida. E podemos dizer que tal importância adveio justamente de sua atualidade, do fato de Marx ter sido um homem de seu tempo, que vivia e pensava a vida real e concreta do seu dia-a-dia, e de que seu pensamento estava vinculado à sua pratica e a prática era orientada pelo seu pensamento. Podendo parecer paradoxal, a importância da obra de Marx hoje tem essas mesmas características que vemos em sua atividade pessoal: suas obras e seu pensamento têm a mesma atualidade e concretude, pois o objeto maior e mais acabado de seus estudos (a forma capitalista de produção e organização econômica) é o mesmo que rege a vida mundial de nossos dias, em que pesem mudanças e alterações acontecidas no decorrer do tempo. E o “esqueleto” do modo capitalista atual é o mesmo que foi radiografado por Karl Marx, sem ter ele pretendido escrever uma obra atemporal (e nem devemos vê-la como tal), nem um “receituário” para todas as vicissitudes políticas e econômicas reservadas pelo porvir: é que o objeto de sua análise também continua regendo nosso cotidiano e nossa vida, qual seja o capitalismo vigente, que após tantas outras roupagens veste sua versão globalizada: continua existindo, porém, o “dogma” da propriedade privada, o trabalho (mal) assalariado, o capital precisa continuar expandindo-se, o lucro privado é o móvel de todo empreendimento, a mais-valia, o mercado (como ente absoluto), a desigualdade brutal e violenta nas relações de produção, os antagonismos de classes sociais e, principalmente, continua existindo a mercadoria – agora transposta a todas as instâncias e âmbitos humanos. “O Capital” inicia-se pelo tópico central de sua análise: a mercadoria. Partiremos nós também desta categoria conceitual para demonstrar sua pertinência analítica para o atual estágio do capitalismo. A “mercadoria” é a categoria principal na análise marxiana, em torno e a partir da qual se articulamos demais conceitos: a produção de mercadorias é o cerne do sistema capitalista. A revolução capitalista consistiu na produção em escala industrial de mercadorias, em seu bojo industrializando a agricultura, a cultura, a sociedade e as instituições, conforme avalia Antonio Negri. Segundo NEGRI & HARDT (2000), um sistema econômico dominante permeia toda a vida social e inocula suas características em todas as esferas e instâncias da sociedade, modificando inclusive o relacionamento humano e a escala dos valores morais. Marx aponta os aspectos revolucionários do capitalismo, mostrando como toda a vida social, cultural e política foi por ele alterada substancialmente, reconhecendo suas conquistas, maravilhado com seu poder de “reconstruir” o mundo: é que Marx, como bem observou BERMAN (1988), sabia ler a realidade em “dois tempos”, apreendendo ao mesmo tempo seus aspectos positivos e negativos, o que era então o progresso que se tornaria depois retrocesso, abarcando os contrários presentes em seu objeto. Foi capaz de enxergar e louvar a revolução burguesa maravilhar-se com as conquistas da cultura burguesa, sem, no entanto, olvidar e avaliar o seu custo social pautado pelas relações desiguais e injustas. É o que leva leitores apressados do “Manifesto” a concluírem que Marx louvava o capitalismo, e, por ter intuído sua repercussão, seria hoje ardoroso defensor da globalização.
A CONCEPÇÃO DE ESTADO EM MARX
	Marx toma de Hegel – que por sua vez havia apropriado dos contratualistas dos séculos XVII e XVIII - os conceitos de “sociedade civil” enquanto o conjunto das relações econômicas e interesses privados e de “sociedade política” correspondendo ao Estado. Marx, por um lado, concebia uma profunda conexão entre os dois conceitos, por outro, atribuía à sociedade civil o momento decisivo da relação estabelecida entre sociedade civil e sociedade política. Para Marx, seria por meio da sociedade civil - o conjunto das relações econômicas e interesses privados -, fundador do Estado, que se poderia compreender o surgimento do Estado, o seu caráter de classe, a natureza de suas leis, as representações sobre as quais ele se apoiaria, e assim por diante. E mais, o Estado, “criatura” da sociedade civil, constituir-se-ia num instrumento voltado para a garantia das próprias bases sobre as quais se apoiaria a sociedade civil. O Estado burguês, por exemplo, protegeria as relações capitalistas de produção, de forma a assegurar o domínio do capital sobre o trabalho, a reprodução ampliada do capital, a acumulação privada do produto social, a redistribuição do fundo público em benefício do capital, a exploração da renda fundiária etc. Portanto, o Estado seria, ao mesmo tempo, parte integrante das relações capitalistas de produção e instrumento de defesa das mesmas. A concepção de Estado de Marx é desenvolvida na medida em que conduz a crítica à dialética de Hegel, analisa o capitalismo, e participa das lutas políticas do proletariado. Nos primeiros estudos Marx contesta a dominação do Estado (burocracia) sobre a sociedade civil e defende a supressão do Estado moderno. Para o Marx de 1843-1844, a extinção do Estado (burocracia e mecanismos de representação política) seria a pré-condição da verdadeira democracia, de maneira que cada homem poderia ser representante de si mesmo. Em que pese esta perspectiva, que coloca Marx e Hegel em campos distintos quanto às opções políticas e compromissos sociais, Marx não rompe completamente com Hegel no tocante a sua concepção de Estado. Marx admitia que sociedade civil e sociedade política seriam duas esferas sociais separadas: a primeira, o conjunto de carências individuais e fins particulares; a segunda, o grupo social especializado, cuja função seria “identificar” e “gerir” os interesses gerais. Marx, embora não rompa com Hegel no tocante à concepção de Estado, o supera no âmbito da referida concepção. Apoiando-se na crítica da alienação, avança mais do que Hegel e o submete à crítica quando reconhece na referida separação a origem da alienação política. Alienação cuja raiz última teria sido a criação do Estado, com a consequente separação entre governantes (burocracia) e governados (sociedade civil expressa nos burgueses, proletários, camponeses etc.). A superação da alienação política, portanto, passaria pela supressão do Estado (burocracia). O conceito de sociedade civil também se conserva no universo filosófico e teórico de Hegel. A sociedade civil seria o campo do “interesse concreto do povo” em contraposição ao “interesse particular” da burocracia. Marx ainda não concebia a sociedade civil como realidade conformada por classes sociais sob interesses e relações conflitantes, definidos a partir das relações de produção. Estado e sociedade civil não formam ainda para Marx uma unidade de contrários, mas um círculo vicioso no qual a sociedade civil, alienada, permitiria o robustecimento do Estado, ao mesmo tempo causa e efeito da alienação. No texto A Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, a introdução da figura histórica do proletariado, em que pese o amadurecimento da análise, ainda não permite superar o referido círculo. Marx, em colaboração com Engels, avança a sua concepção de Estado e de poder político entre 1846 e 1847 quando da elaboração de obras como a Ideologia Alemã e o Manifesto do Partido Comunista. O Manifesto do Partido Comunista inicia com a afirmação de que “Ate hoje, a historia de todas as sociedades que existiram ate nossos dias tem sido a historia das lutas de classes” (Marx e Engels, 1983, volume I, p. 21). E conclui em seguida que (1983, volume I, p. 22): Homens livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, mestre de corporação e companheiro, numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, tem vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou por uma transformação revolucionaria da sociedade inteira, ou pela destruição das suas classes em luta. Não há na obra de Marx construção sistemática da concepção do Estado, mas muitas referências à natureza do Estado e ao seu papel. Para Marx, o Estado representa um dos elementos preponderantes na organização material da sociedade.
O PARTIDO: UM AMPLO CONCEITO MARXISTA
	A ordenação da sociedade no pensamento de Marx identifica-se com a estrutura política e social da extinta União Soviética, e sua concepção do partido com a teoria leninista da organização partidária. Há uma tendência natural, por parte dos discípulos de uma doutrina, uma filosofia ou uma visão geral em dar razão aos vencedores, ainda que não apresente relação entre a intenção e o resultado. A Revolução Russa elevou a Lênin ao estado de “autoridade suprema” sobre assuntos revolucionários independente de qualquer juízo a respeito das diferenças contextuais e históricas entre a organização comunista esboçada por Marx, de um lado e o partido revolucionário planejado pelo líder bolchevique de outro. Marx insistia na tese de que a emancipação dos trabalhadores deveria ser obras deles próprios. Em decorrência disso, nasce uma vigorosa preocupação com a união de classe dos trabalhadores – sem a qual não haveria possibilidade de conquistar o poder -, o que demonstra o quanto era decisiva a questão da organização no pensamento de Marx. Sabia ele, entretanto, que, dada a emergências das diversas correntes que integravam as bases socialistas de sua época, uma organização com características estreitas estava condenada ao fracasso. Não foi por coincidência que os estatutos da Liga dos Comunistas e da Liga dos Justos tenham sofrido alterações, minimizando consideravelmente o antigo “ideal” da seita prevalecente em seu interior. A preparação do documento confiada a Marx e Engels deixou a Liga mais democrática – ou, talvez, menos autoritária. Com as modificações introduzidas no regimento os membros do Conselho Central passaram a ser eleitos apenas por um ano, reeleitos e exoneráveis a qualquer momento. Isso causara um efeito significativo em relação ao passado, masnão uma solução. Marx abria exceção em ocasiões extraordinárias, justificando a existência de seitas quando a classe trabalhadora não tinha maturidade para um movimento independente. A despeito de aceitá-las muito raramente, era enorme sua desconfiança dessas facções conspirativas, reconhecida numa carta a Bolte em 23 de novembro de 1871: “A Internacional não teria se afirmado” – diz ele – “caso o ideal da seita não tivesse sido esmagado pela marcha da história”. Ao contrário de Lênin, que privilegiava o comando, ou seja, a direção partidária, a ênfase de Marx incide na ação das próprias massas trabalhadoras. O vocábulo partido designa apenas o conjunto das ações produzidas pelo proletariado independente de qualquer elemento constitutivo formal. Em 1850, em suas publicações, Marx e Engels demonstram que a palavra partido ultrapassa os aspectos marcadamente circulares. Ao registrar lutas na Suábia e na Francônia, no século XVI, Engels refere-se mais de uma vez a um “partido revolucionário”, uma conotação moderna que surgiu somente no século XIX. A amplitude que Marx atribuía às organizações da classe trabalhadora encontra-se em muitas obras suas, ele não se ocupou em conceber uma fórmula de como seria essa instituição e entendia que todas as organizações, inclusive sindicatos, tinham tanta influência quanto o partido em sua proposição formal. O que não recebeu a devida aprovação de seus seguidores quando da criação do partido de “tipo novo”. A organização dos trabalhadores, no cérebro de seus discípulos – e persiste até hoje na mente de seus remanescentes -, nascia da cabeça de Marx. 
 
A TRANSIÇÃO PARA O SOCIALISMO
Num pequeno ensaio publicado na conhecida coleção francesa Actuel Marx Confrontation, o escritor Kouvélakis põe em destaque as controvérsias consagradas ao pensamento de Marx, salientando a perseverança de muitos escritores sobre a tradicional ausência de um plano sistemático na construção política marxista, considerada por muitos aberta, quando não problemática. Não haveria uma “teoria política” em Marx, nem da democracia nem do partido, e até mesmo do Estado. Ainda assim, todo um pensamento democrático está presente nas obras de Marx. E mais do que isso: trata-se do resultado de um “processo de refundação permanente da vida social”. É a radicalização da democracia, o nó que conserva intacta a verdadeira democracia – o princípio da democratização. Sem dúvida, o princípio democrático fundado na igualdade econômica e o espaço da liberdade originado das relações intersubjetivas formaram, sempre, as bases caracterizadoras do ideal marxista. Contudo, eles foram obscurecidos pelo vigoroso empenho de Marx e Engels em favorecer, em suas análises, o papel dos aparelhos repressivos do Estado (inclusive na sociedade socialista), em detrimento do debate sobre a democracia, porquanto jamais confiaram na atitude supostamente democrática da burguesia. Com efeito, nenhum deles acreditava numa transição inteiramente pacífica para o socialismo. Evidentemente reconheciam que, em alguns países (Estados Unidos, Inglaterra e Holanda), havia condições de alcançar o poder por meios legais. Questionavam, no entanto, se a burguesia, no final das contas, não reagiria de alguma maneira contra o assédio a seus interesses. Seguindo a tradição iluminista da evolução de uma sociedade do nível inferior para uma civilização mais avançada, acreditavam poder chegar ao socialismo tanto pelo caminho da violência quanto pela via pacífica. Tinham certeza da conquista do poder proletariado, mas para isso tornava-se necessário a uma etapa em que esse poder não seria outra coisa senão um corpo político apoiado pela força de instrumentos coercitivos. Democracia e socialismo, formas políticas de organização do poder, não prescindem, no Estado moderno, de planificação. O conhecimento econômico se faz cada vez mais interessado e o Estado não o emprega unicamente para explicar ou conhecer o modo por que se satisfazem as necessidades materiais de uma sociedade, senão que os emprega cada vez mais, para criar instrumentos novos e diretos de ação, vinculando-os a um programa de governo ou a uma política econômica específica. Doutrinariamente, o partido único do socialismo marxista supõe-se tão transitório quanto o Estado, na lógica mesma do sistema, se ele, com efeito, pudesse, em presença da realidade social e política, ultimar um dia trajetória implicitamente traçada nos postulados da teoria marxista do Direito e do Estado.
SOCIEDADE E TOTALIDADE EM MARX
Para Marx, a sociedade, articulada por meio de uma formação social concreta, seria produto do desenvolvimento histórico-social, tivesse os homens consciência disso ou não. Entretanto, os homens não poderiam eleger a formação social em que se encontram nem tampouco arbitrar livremente sobre as suas forças produtivas. A formação social e as forças produtivas herdadas seriam o resultado, respectivamente, das lutas sociais e da ação sobre a natureza conduzida por parte dos homens que os precederam. A sociedade conformar-se-ia em um todo complexo e interdependente, fundado por múltiplas determinações. Um determinado nível do desenvolvimento das forças produtivas corresponderia a um desenvolvimento da produção, do comércio e do consumo. Um determinado nível do desenvolvimento da produção, do comércio e do consumo, corresponderia a um desenvolvimento das formas de organização social – organização da família, das classes sociais etc. Um determinado nível de desenvolvimento das formas de organização social corresponderia a um Estado. Um determinado desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção corresponderia certas expressões ideológico-culturais (Marx e Engels, 1952, p. 414- 424). A correspondência entre os diversos níveis da vida social não obedeceriam a uma relação mecânica (e necessária) entre causa e efeito, a exemplo do mundo natural, mas sim uma correspondência dialética, na qual os sujeitos histórico-sociais determinariam o curso da realidade. A sociedade, articulada por meio de uma formação social concreta, encontrar se em constante movimento. Portanto, qualquer formação social seria sempre transitória e histórica. Este conceito de “sociedade” é uma apreensão da realidade proporcionada pelo método dialético materialista histórico. A compreensão das sociedades de classes, por exemplo, não poderia ocorrer, portanto, abstraindo a gênese da sociedade, o modo como ela é produzida e a forma como ela opera em função da sua própria gênese.
KARL MARX – FRASES, SOCIOLOGIA E OBRAS
Karl Marx foi um intelectual que fundou a doutrina comunista moderna e atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista. Todo mundo que passa pela escola sabe um pouco sobre ele, seja na Filosofia, História, Sociologia, Ciências Políticas, Antropologia, Psicologia, Economia, Comunicação, Arquitetura, Geografia, enfim, todas essas áreas foram influenciadas por ele.
Sociologia
Conhecidos pelos seus escritos sobre o comunismo, Karl Marx, nunca se apelidou sociólogo, mas a sua contribuição para o pensamento sociólogo foi principalmente a sua perspectiva da “Teoria do Conflito”, na qual a organização social e a sua mudança se baseiam nos conflitos intrínsecos à sociedade.
Obras
Marx realizou muitas obras durante seu período de vida, o primeiro deles foi um artigo Sobre a crítica da Filosofia do direito de Hegel, em 1844, primeiro esboço da interpretação materialista da dialética hegeliana. Fez também os Manuscritos Econômico-Filosóficos, redigidos em 1844, no qual, deixo-o inacabado. Em 1888 publicou Engels as Teses sobre Feuerbach. 
Marx também teve algumas parecerias e escreveu junto com Engels:
- A Sagrada Família (1845)
- A Ideologia alemã (1845-46)
- O Manifesto Comunista (1847) – um dos livros mais conhecidos
Marx ainda publicou algumas obras, como:
- A Miséria da Filosofia (1847)
- O 18 Brumário de Luís Bonaparte,foi publicado em 1852 em jornais e em 1869 como livro.
- Sobre a crítica da economia política (1859)
- Esboço de crítica da economia política, escrito entre 1851 e 1858
- O Capital, sua obra mais importante e consequentemente a mais conhecida.
Filosofia
A Filosofia de Marx era: o Materialismo dialético, materialismo histórico e o existencialismo.
Frases
Algumas de suas famosas frases:
“Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência”.
“Acho que a televisão é muito educativa. Todas as vezes que alguém liga o aparelho, vou para a outra sala e leio um livro”.
“Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo”.
“A religião é o suspiro da criança acabrunhada, o coração de um mundo sem coração, assim como também o espírito de uma época sem espírito. Ela é o ópio do povo”.
“Quanto menos comes, bebes, compras livros e vais ao teatro, pensas, amas, teorizas, cantas, sofres, praticas esporte, etc., mais economizas e mais cresce o teu capital. És menos, mas tens mais. Assim todas as paixões e atividades são tragadas pela cobiça”.
“O dinheiro é a essência alienada do trabalho e da existência do homem; a essência domina-o e ele adora-a”.
“A história da sociedade até aos nossos dias é a história da luta de classes”
“Há tantas coisas na vida mais importantes que o dinheiro. Mas, custam tanto”.
COMPARAÇÃO COM A OBRA DE OUTROS AUTORES
WEBER X MARX
Marx e Weber contribuíram para a Sociologia de várias formas. Uma contribuição importante são as suas diferentes abordagens às classes sociais e à desigualdade.
Karl Marx considerou a divisão social em classes relacionada com os meios de produção. Ele enunciou a passagem de uma sociedade feudal baseada na agricultura, em que a classe proprietária das terras se diferenciava da classe dos camponeses, para uma nova sociedade em que, através da Revolução Industrial, a classe detentora do capital (proprietários das fábricas) se diferenciou dos operários das fábricas. Outras pessoas, tais como escribas, operadores e serviços de informação e funcionários públicos, não contribuíam para a produção econômica e eram, por isso, inúteis (não produtivos), e não constituíam classes.
Max Weber, que escreveu entre um quarto a meio século mais tarde, considerava que, pelo contrário, as classes se baseavam em três fatores distintos: poder, riqueza e prestígio.
Na Sociologia de hoje, tendemos a considerar os mesmos três fatores, embora os sociólogos Marxistas ainda enfatizem as relações entre estes três fatores e os meios de produção (incluindo agora a produção de idéias e informação).
Para Weber, a sociedade tinha várias camadas e não apenas duas e para isso contribuíam outros fatores importantes, para além do material.
Persiste, hoje em dia, uma tensão entre proprietários e trabalhadores, mas crescentes fatias da população encontram-se, atualmente, noutras situações laborais - operadores em informação, gestores, funcionários públicos, etc., o que significou um relativo declínio da luta entre patrões e trabalhadores. Se Marx e Weber tivessem nascido hoje ou há vinte anos, eles provavelmente teriam produzido perspectivas e teorias muito diferentes, pois teriam socializado numa sociedade muito diferente da que existia nos anos entre 1850 e 1900.
Marx previu que ocorreriam revoluções em sociedades industrializadas pois os trabalhadores rebelar-se-iam contra os patrões, mas isto não aconteceu. Os únicos países onde ocorreram revoluções comunistas eram agrícolas e feudais. É provável que, se Marx fosse vivo atualmente, teria ficado surpreendido. Talvez ele também não tenha previsto o surgimento do consumismo e a privatização dos serviços prestados pelo Estado. Foram criados muitos pequenos capitalistas, o que trouxe uma forte ideologia em favor da iniciativa privada, para além do declínio das grandes unidades fabris e, daí, um atenuar nas tensões entre as duas classes, relativamente ao século XIX.
Hoje, a diferença entre Marx e Weber, continua a contribuir para a nossa compreensão. Ambos contribuem ainda para uma perspectiva sociológica da sociedade atual.
COMTE X MARX
O sentido de historicidade na obra Auguste Comte é muito forte, de fato a sua própria formulação fundamental, a lei dos três estágios, é histórica, na medida em que indica como, ao longo do tempo, modificaram-se e modificam-se as concepções humanas e as instituições sociais. Auguste Comte formulou sua teoria positivista do progresso, firmada sobre três temas básicos: - uma filosofia da história, onde ele já apresentava os princípios do positivismo, isto é, a lei dos três estágios (teológico, metafísico e científico), correspondentes às fases distintas percorridas pelo desenvolvimento da ciência e do pensamento/espírito humano; - uma formulação e classificação das ciências, que, baseadas naqueles princípios, serviriam para o estabelecimento de uma hierarquia entre as diversas ciências; - a sociologia positivista, onde Comte desenvolveu os elementos da “nova e definitiva ciência” e defendeu a reorganização da sociedade e das instituições visando à restauração da ordem (estática) e ao estabelecimento do progresso (dinâmica) social. A mudança social de Comte previa um progresso continuo e unidimensional da sociedade, esta que passaria por todos os estágios até chegar ao que ele considerava o principal: o positivo.
O pensamento do alemão Karl Marx tinha também um objetivo principal: o socialismo. Mas, porém as etapas para o alcance deste são bem diferentes das etapas propostos por Comte. Para Marx os homens são a produção social de sua própria existência, entram em relação de produção, que já correspondem a certo grau de desenvolvimento das forças produtivas. A junção dessas relações de produção constitui a estrutura econômica, chamada por Marx de infra-estrutura que faz com que se eleve uma superestrutura, que compreende as questões jurídicas, políticas ideológicas, religiosas, artísticas e filosóficas. Com os desenvolvimentos das estruturas em certo momento as forças produtivas entram em contradição com as relações de produção, o que seriam na época as revoluções sociais. Estas que seriam feitas pelos operários, que após uma fase transitória seria a ditadura do proletariado (relações de produção e as classes sociais). Passado este estágio a humanidade alcançaria o ultimo estágio do desenvolvimento das forças produtivas: o socialismo.
A busca pelo estágio positivo de Comte nos mostra que ele defende os interesses da elite conservadora e burguesa da sua época, essas que defendiam um regime ditatorial, que buscavam fortalecer-se no poder e impedir quaisquer ameaça revolucionária. Ao contrário, Marx promovia as revoluções, em busca da igualdade entre as classes, de um desenvolvimento da infra-estrutura para que surgissem reflexos na superestrutura, para chegar a ponto de estabilidade, o socialismo.
Os métodos de ambos são em busca de uma mudança da sociedade, porém com caminhos diferentes. Comte, busca a reorganização da sociedade através da sociologia cientifica, que considerada a uma base sólida para um estudo da humanidade, que deve encerrar o estado de crise em que se encontram há longo tempo as nações mais civilizadas. E Marx, acredita que através revoluções pelas quais a humanidade teria de atravessar ao longo de sua história, alcançariam o ideal e estagnaria. Apesar de caminhos diferentes podemos identificar que ambos têm uma concepção de progresso para humanidade com idéias de desenvolvimento.
A implicações na educação brasileira da filosofia comteana, mostra a clara influencia na política do nosso país. Contextualizando historicamente vimos que a identificação do período que o positivismo comteano esteve presente foi logo após a Revolução Industrial. O modelo de produção capitalista e as idéias de liberdade, igualdade e fraternidade da Revolução Francesa representavam o repensardas tradições, dos valores e das formas de viver e organizar a sociedade brasileira. A educação se inseria nesse contexto como salvação nacional, baseada no cientificismo e nas virtudes cívicas e patrióticas. No Brasil a educação pós independência não obedecia a planos ou métodos definidos, visto que a preocupação das autoridades educacionais da época era estabelecer o ensino obrigatório como uma maneira de garantir a freqüência dos alunos às suas respectivas escolas, mesmo com toda a deficiência das .
DURKHEIM X MARX
Enquanto Durkheim atem-se ao estudo do “fato social”, com a sociedade determinando as ações do indivíduo, Marx procura entender os movimentos da sociedade tendo como objeto as “relações sociais” e a “luta de classes” transformando os fenômenos sociais e para Durkheim a luta entre as classes expressa anormalidade no que tange às relações sociais. Utilizando-se do método positivo, apoiado na observação, indução e experimentação é que Durkheim tenta formular proposições que estabeleçam relações constantes entre os fenômenos, os chamados “fatos sociais”, a fim de compreender a maneira de agir fixa ou não do indivíduo, obedecendo a coerção exterior, determinada pela sociedade sobre o mesmo, implicando, assim, que a sociedade se impõe ao indivíduo, ditando a ele normas de comportamento, e que a ele compete, apenas, assimilá-las, não importando se haveria interesses ou motivações individuais que determinassem o “fato social”, haja vista, para ele ser o todo mais importante do que as partes que o compõem, sendo cada indivíduo, portanto, apenas um átomo na grande química que é a sociedade.
Segundo ele, um dos fatores de agregação da sociedade é a “divisão do trabalho”, tendo em vista a interdependência entre os indivíduos, advinda da mesma, como conseqüência das especializações nas tarefas, identificando, aqui, a coerção da consciência coletiva sobre as consciências individuais. Os fenômenos que constituem a sociedade têm sua origem na coletividade, onde os “fatos sociais” são formados pelas “representações coletivas”, através de suas lendas, mitos, religião, e crenças morais que são legadas de geração para geração, acrescentadas de experiências e sabedoria acumuladas, sendo assim, de forma muito particular, infinitamente, mais rica e complexa do que a do indivíduo, reafirmando a teoria de que a sociedade é que determina o indivíduo.
Mesmo estudando fatos já cristalizados, que para Durkheim, constituem “maneiras de ser” sociais, tais como: forma de nossas casas, nosso vestiário, a linguagem escrita, são para ele, realidades exteriores à vontade dos indivíduos, tornando-os, assim, “fatos sociais”, que possuem ascendência sobre eles, arrastando-os e influenciando-os, ditando normas e costumes que são internalizados nos indivíduos, através da educação. Não educamos nossos filhos como queremos, mas sim da forma que a sociedade admite e propõe, pois muito do que passamos aos mesmos já existia antes deles. A mudança é possível, no entanto, necessário se faz que vários indivíduos, através de uma ação combinada consigam constituir um novo “fato social”. As resistências àquela seriam tanto maiores quanto fossem a importância dos valores a serem modificados, incorrendo, assim, numa batalha feroz de forças antagônicas, visando a consolidação, ou não, das mudanças pretendidas.
Segundo o pensamento de Durkheim as instituições são impostas aos indivíduos, e eles, a elas adere, mesmo que de forma constrangedora, ainda assim, ele encontra vantagens, tais como as regras morais, que apesar de coercitivas, a eles se apresentam como coisas agradáveis e desejáveis, embora, impliquem em deveres que demandam esforço no seu cumprimento. A sociedade tem vida própria, antecede e sucede aos indivíduos, tal qual um ente superior que independe deles, possui sobre eles autoridade e ainda que os constranja, ainda assim eles a amam.
Durkheim defende que o melhor método para se explicar a função do “fato social” na sociedade, seria através da observação, de maneira semelhante ao adotado pelos cientistas naturais, levando-se em conta, entretanto, que o objeto do estudo dentro da Sociologia tem peculiaridades próprias, distintas dos fenômenos naturais. No entanto, acreditava ele que investigando-se as relações de causa e efeito e regularidade, poderia se chegar a descoberta de leis, que determinassem a existência de um “fato social” qualquer e que por conseguinte, determinaria, este, a ação dos indivíduos.
Para ele, os fenômenos coletivos variam de acordo com o substrato social em que vivem os indivíduos, sendo esse substrato definido pelo território em que os mesmos vivem e se movimentam, decorrendo daí a comunicação e a interação entre os mesmos, fatos estes de relevante importância na vida social.
Quanto ao pensamento de Marx, podemos entendê-lo como uma tentativa dele próprio de compreender a sociedade capitalista através da “luta de classes”, onde a minoria (capitalista) dita as regras para o viver e pensar da minoria (trabalhadores). A distância e as contradições cada vez maiores entre os que detêm os instrumentos para a produção e os que têm apenas sua força de trabalho, constituem, assim, duas classes básicas, cada vez mais polarizadas, que se transformam no seu objeto de estudo sociológico.
CONCLUSÃO
Os últimos anos de Marx foram marcados por um misto de atividade intelectual (esforço para dar continuidade a O capital e revisão para novas edições, inclusive para a publicação em outras línguas além da alemã), ações políticas e de dificuldades de saúde que acabaram por impedir o término dos outros dois livros de sua obra magna. Morre a 14 de março de 1883 aos 64 anos, dois anos após o falecimento de sua mulher e dois meses depois da morte de uma de suas filhas, Jenny, que carregava o mesmo nome da mãe. Ao seu enterro, no cemitério de Highgate, compareceu apenas uma dezena de pessoas. Em seu elogio fúnebre, diante da tumba de Marx, em 17 de março, Engels pronunciou um discurso em que afirmou que três dias antes “deixou de pensar o maior pensador de nossos dias”. Concluímos em nosso trabalho que a proclamada morte de Marx e do marxismo, não se consumou de fato. Enquanto as condições que criaram a atual forma de sociedade existirem, isto é, o capitalismo, a filosofia de Marx, provavelmente se manterá viva.
( (
 
BIBLIOGRAFIA
BONAVIDES, Paulo. Ciencia Política. SP, Editora Malheiros, 2000.
GRUPPI, Luciano. Tudo começou com Maquiavel - as concepções de Estado em
Marx, Engels, Lênin e Gramsci. 5ª edição, RS, Editora LPM, 1985.
LIMA, Hermes. Introdução à Ciência do Direito. RJ, Editora Freitas Bastos, 1974.
MARX, Karl. Introdução à Crítica da filosofia do direito de Hegel. SP, Editora Boitempo, 2005.
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich Obras escolhidas I, II e III. SP, Editora Alfa-Ômega, 1983.
WEFFORT, Francisco C. Os clássicos da política. SP, Editora Ática, 2004.
WHEEN, Francis. Karl Marx. RJ, Editora Record, 2001.
QUINTANEIRO, Tania. Um Toque de Clássicos: Durkheim, Marx e Weber. Belo Horizonte. Editora UFM, 1995.
GADOTTI, Moacir. Concepção Dialética da Educação: Um Estudo Introdutório. São Paulo. Editora Cortez. 9ª ed., 1995. 
GUIMARÃES, Carlos Antônio Fragoso. Karl Marx: Gênio e Profeta. in Internet. http://www.terravista.pt/FerNoronha P. 01 a 09.
�PAGE �
� PAGE \* MERGEFORMAT �2�

Outros materiais

Outros materiais