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Resumo para o Seminário escrito

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QUALIFICAÇÃO É UMA NOÇÃO SITUADA NO TEMPO E NO ESPAÇO
Na tentativa de uma definição, é necessário buscarmos reconhecer a diversidade contida nas diferentes condições sociais, políticas, econômicas e culturais nas quais ela se inscreve e também no surgimento destas questões na sociologia do trabalho, mais precisamente na França, nos anos de 1930 e 1940, no período entre guerras, em um momento de hegemonia do sistema taylorista, onde os conceitos de qualificação e competência começaram a surgir em estudos e debates. As condições para a construção social e teórica do conceito de “qualificação" e onde, por isso mesmo, os resultados políticos e interpretativos dessa construção ganharam maior relevância. Compreendendo um processo de racionalização que estava ocorrendo no interior do sistema produtivo, que o taylorismo resulta na divisão do trabalho, e a não valorização dos saberes práticos e teóricos dos trabalhadores qualificados. Ao invés de ter o domínio de um saber, o homem seria disciplinado para possuir gestos rápidos e seguros para a execução de tarefas padronizadas, o que conduziria à alienação, considerando este trabalho desqualificado. Desta forma, os conhecimentos e o saber fazer eram vagos e padronizados e estavam totalmente direcionados com o funcionamento das máquinas, denominando o que seria futuramente a automatização, o desenvolvimento tecnológico, e o modo de produção taylorista contribuíram para a construção da noção de qualificação. E os avanços contidos no Toyotismo conduziria o trabalhador a uma desqualificação majoritária, com o modus de produção polivalente, convergindo os conhecimentos em um só: “saber-fazer” e “saber ser” incluindo na qualificação novos conteúdos relacionados à rapidez, atenção e responsabilidade, pois as novas máquinas exigiriam menos habilidades manuais e mais atenção à sua operação automatizada. Surgindo assim a noção de competência a partir da ênfase dada à “polivalência”, resultado da introdução de novas tecnologias na base técnica e pela nova configuração das formas de produção e da gestão do trabalho (taylorismo, toyotismo), que demandam um conjunto de capacidades que possam atender à complexidade e à imprevisibilidade no “novo” modo de produzir. A competência não está necessariamente ligada à formação inicial. Ela pode ser adquirida em empregos anteriores, em estágios de formação podendo ser apresentada como capacidade real de trabalho. Essas novas capacidades não estariam mais limitadas aos conhecimentos técnicos, mas incorporariam habilidades cognitivas e características comportamentais e atitudinais. Não apenas a posse de saberes, mas a capacidade de mobilização destes na resolução de problemas. Sob o discurso da competência evoca-se uma maior igualdade social dissimula-se os interesses contraditórios dentro da empresa e procura-se construir um novo tipo de relacionamento no interior da produção onde parece prevalecer a harmonia e a solidariedade. Mas, efetivamente, estimula-se a disputa entre os trabalhadores e dissimula-se as relações de classe.
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