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AULA RECURSOS USF ABRIL E MAIO DE 2016

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USF – ABRIL/MAIO DE 2016
PROCESSO PENAL
Prof. Ms Claudiney Xavier
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Pode-se denominar teoria geral dos recursos o estudo que engloba o conceito e a classificação dos meios processuais de impugnação, seus pressupostos genéricos e efeitos. 
Serão trabalhados os arts. 574 a 580 do CPP, que tratam das “disposições gerais” referentes aos recursos.
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Em razão do grande número de recursos existentes na legislação nacional, torna-se tarefa árdua estabelecer um conceito capaz de abranger todas as nuances dessa pluralidade de instrumentos jurídicos.
O que é recurso? É um meio processual de impugnação, voluntário ou obrigatório, utilizado antes da preclusão, apto a propiciar um resultado mais vantajoso na mesma relação jurídica processual, decorrente de reforma, invalidação, esclarecimento ou confirmação.
Qual é a finalidade dos recursos? É o REEXAME de uma decisão por órgão jurisdicional superior ou, em alguns casos, pelo mesmo órgão que o prolatou, em face da argumentação trazida à baila pelo recorrente.
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A base constitucional para a existência dos recursos encontra-se no princípio do duplo grau de jurisdição. Tal princípio, em verdade, não foi declarado de forma expressa no corpo da Carta Magna. Sua existência deve-se ao fato de estar ali disciplinada a competência recursal dos tribunais.
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Já na doutrina, por sua vez, aponta as seguintes razões para a existência do duplo grau de jurisdição:
a) o inconformismo natural dos seres humanos;
b) a segurança jurídica, decorrente da maior experiência dos integrantes dos tribunais, que são compostos por magistrados que já atuaram em 1ª instância;
c) o necessário controle da jurisdicionalidade, posto que o juiz, por saber que suas decisões podem ser revistas, atua com maior empenho e de forma não abusiva;
d) a falibilidade humana, uma vez que o juiz pode cometer equívocos na interpretação da lei ou da prova.
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Em razão do princípio do duplo grau de jurisdição, não pode ocorrer a chamada SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. Por isso, se o juiz de 1ª instância não analisou uma das teses da defesa ao proferir sentença, não pode o Tribunal, em grau de recurso, apreciar a tese e refutá-la ou reconhecê-la. Deve anular a sentença de 1ª instância para que outra seja proferida, analisando, desta vez, a tese olvidada na oportunidade anterior.
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O 	duplo grau de jurisdição NÃO é princípio ABSOLUTO, havendo algumas decisões que são IRRECORRÍVEIS, como a que recebe a denúncia ou queixa, a que decide acerca do ingresso de assistente de acusação (art. 273 do CPP), a que denega a suspensão do processo em razão de questão prejudicial (art. 93, § 2º do CPP), dentre outras. É evidente, entretanto, que a parte que se julga prejudicada poderá sempre fazer uso dos remédios constitucionais (habeas corpus e mandado de segurança).
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QUANTO À FONTE:
CONSTITUCIONAIS são aqueles previstos no próprio texto da CF, como o recurso extraordinário, o recurso especial, o habeas corpus, o recurso ordinário etc.
LEGAIS são os que emanam do próprio CPP ou de leis especiais. No corpo do CPP ingressam nessa classificação os recursos de apelação, em sentido estrito, os embargos de declaração, infringentes ou de nulidade, a revisão criminal e a carta testemunhável. Em leis especiais há o recurso de agravo em execução (art. 197 da LEP – Lei de Execuções Penais – Lei nº 7.210/84).
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QUANTO À INICIATIVA
VOLUNTÁRIOS são aqueles em que a interposição do recurso fica a critério da parte que se sente prejudicada pela decisão. Constituem a regra no processo penal de acordo com o art. 574 do CPP.
NECESSÁRIOS são também chamados de recursos de ofício ou anômalos porque, em determinadas hipóteses, o legislador estabelece que o juiz deve, de ofício, recorrer da própria decisão.
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QUANTO AOS MOTIVOS
ORDINÁRIOS aqueles que não exigem qualquer requisito específico para seu cabimento, bastando, pois, o mero inconformismo da parte que se julga prejudicada pela decisão. É o que ocorre nos recursos de apelação e em sentido estrito.
EXTRAORDINÁRIOS aqueles que exigem requisitos específicos para a interposição. Ex: recurso extraordinário (que a matéria seja constitucional), recurso especial (que tenha sido negada vigência a lei federal), carta testemunhável (que o juiz tenha negado seguimento ao recurso em sentido estrito), embargos de declaração (que haja ambiguidade, contradição, omissão ou obscuridade na decisão), embargos infringentes (votação não unânime desfavorável ao réu) etc.
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Um recurso só pode ser admitido quando presentes todos os pressupostos recursais. 
A ausência de qualquer deles leva à rejeição do recurso. 
Os pressupostos recursais são classificados em objetivos e subjetivos.
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PREVISÃO LEGAL (OU CABIMENTO);
OBSERVÂNCIA DAS FORMALIDADES LEGAIS;
TEMPESTIVIDADE.
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A interposição de recurso só é possível quando existe dispositivo legal prevendo seu cabimento. 
Exemplo: da decisão que REJEITA a denúncia ou queixa cabe recurso em sentido estrito, nos termos do art. 581, I, do CPP. Ao contrário, da decisão que as recebe NÃO cabe recurso por AUSÊNCIA de previsão legal.
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Deve o legislador ficar atento ao princípio da unirrecorribilidade, no sentido de criar apenas uma espécie de recurso para cada tipo de decisão. 
Há exceções, como por exemplo, no caso da decisão que concede habeas corpus em que a lei prevê recurso de ofício (art. 574, I) e o recurso em sentido estrito (art. 581, X).
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ADEQUAÇÃO (INTERPOSIÇÃO DO RECURSO CORRETO PELA PARTE NO CASO CONCRETO) como pressuposto recursal autônomo. A adequação, entretanto, é decorrência lógica da previsão legal. Mesmo que a parte interponha o recurso errado, o juiz, ao perceber o equívoco, pode recebê-lo e mandá-lo processar como o correto. Trata-se do chamado princípio da FUNGIBILIDADE RECURSAL, consagrado no art. 579 do CPP. Ex: contra a sentença de pronúncia, o recurso cabível é o em sentido estrito. Suponha-se, então, que a parte, por erro, interponha uma apelação. O juiz, percebendo o equívoco, recebe-o como recurso em sentido estrito.
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O princípio da fungibilidade NÃO SE APLICA, entretanto, quando fica caracterizada MÁ-FÉ por parte de quem recorreu (art. 579, caput, do CPP). A má-fé presume-se quando já se havia escoado o prazo do recurso correto e a parte interpõe recurso que admite maior prazo apenas para tentar ludibriar o juiz.
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A apelação e o recurso em sentido estrito devem ser interpostos por petição ou por termo. 
O recurso extraordinário, o recurso especial, os embargos infringentes, os embargos de declaração, a carta testemunhável, o habeas corpus e a correição parcial só podem ser interpostos por petição.
A interposição por termo se dá quando manifestada oralmente pelo interessado (em geral, o réu) e é certificada por escrito (reduzida a termo) por quem tenha fé pública. Ex: o oficial de justiça intima o acusado da sentença e ele declara que quer recorrer, hipótese em que o oficial de justiça elabora uma certidão declarando que o réu manifestou sua intenção de ver reapreciada a decisão.
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O recurso deve ser interposto dentro do prazo previsto na lei. Os prazos são peremptórios e a perda implica o não recebimento da impugnação.
No processo penal, a regra é o prazo de CINCO DIAS (apelação, recurso em sentido estrito). Há, entretanto, vários outros prazos: embargos de declaração (2 dias), carta testemunhável (48 horas), embargos infringentes (10 dias), recurso extraordinário e especial (15 dias). Para a revisão criminal e o habeas corpus, em razão de suas características especiais, NÃO há prazo para a interposição.
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Os arts. 44, I; 89, I; e 128, I, da Lei Complementar nº 80/94, concedem prazo EM DOBRO para os defensores públicos. Esse prazo em dobro se aplica àqueles que fazem parte do serviço estatal de assistência judiciária. Por sua vez, não se estendem à parte, beneficiária da justiça gratuita.
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No processo
penal NÃO se computa no prazo o dia da intimação, incluindo-se, entretanto, a data do vencimento (art. 798, § 1º). 
Assim, havendo intimação da sentença no dia 7 do mês de abril de 2015, o prazo para a apelação começará a contar no dia 08 de abril e se encerrará no dia 12.
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Se a intimação for feita em uma sexta-feira ou véspera de feriado, o dia inicial da contagem será o primeiro dia útil subsequente.
Se o último dia do prazo cair em fim de semana ou feriado, ficará automaticamente prorrogado até o primeiro dia útil seguinte (art. 798, § 3º).
Os prazos consideram-se suspensos em caso de recessos forenses, conforme prevê o art. 2º da Resolução 8/2003 do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
O prazo para o MP recorrer se inicia da data em que os autos ingressam na secretaria da Instituição e não a partir da aposição do ciente pelo representante ministerial.
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Considerando que o defensor e o réu devem ser intimados da sentença, o prazo começa a correr a partir da última intimação e, caso tenha sido determinada a intimação do acusado por edital, correrá também a partir do que ocorrer por último: intimação do defensor ou último dia do edital.
Se a sentença for proferida em audiência e o réu estiver presente, o prazo se iniciará concomitantemente para ambos (acusado e seu defensor).
A Lei nº 9099/99 passou a permitir que as partes utilizem sistema de transmissão de dados e imagens do tipo fac-símile para a prática de atos processuais que dependam de petição. Nesse caso, os originais deverão ser entregues em juízo em até 5 dias após o término do prazo (arts. 1º e 2º)
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LEGITIMIDADE
INTERESSE
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Nos termos do art. 577 do CPP podem recorrer: 
O Ministério Público;
O querelante;
O réu/querelado;
Seu defensor ou procurador.
Além desses, pode também recorrer o assistente de acusação.
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Se o réu recorre pessoalmente da decisão declarando sua intenção ao oficial de justiça ao ser intimado da sentença, não pode seu defensor dele desistir contra a vontade do assistido, devendo apresentar as razões do recurso. Por outro lado, se o acusado manifesta intenção de não recorrer, mas seu defensor protocola o recurso, deve este ser conhecido e julgado, prevalecendo a intenção daquele que tem conhecimentos técnicos e está mais bem preparado para avaliar os benefícios do recurso. Verificar a Súmula 705 do STF.
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De acordo com o art. 598 do CPP, nos crimes de competência do Tribunal do Júri ou do juiz singular, se da sentença NÃO for interposta apelação pelo MP no prazo legal, o ofendido ou, caso esteja morto, seu cônjuge, ascendentes, descendentes ou irmãos poderão fazê-lo no prazo de 15 dias a contar do término do prazo do MP, ainda que não estejam habilitados como assistentes de acusação.
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Há previsão legal no mesmo sentido para a hipótese de o MP NÃO recorrer em sentido estrito contra a decisão que IMPRONÚNCIA ou que reconhece a extinção da punibilidade (art. 585, § 1º). De ver-se que, após a reforma do júri (Lei nº 11.689/08), passou a ser cabível APELAÇÃO contra a impronúncia, de modo que, em relação a esta, a legitimidade especial para recorrer será também fundada no art. 598 do CPP (E NÃO NO ART. 585).
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O Habeas corpus pode ser interposto por qualquer pessoa.
Da decisão que inclui ou exclui jurado da lista geral qualquer do povo pode recorrer em sentido estrito (arts. 426, § 1º e 581, XIV).
Quando o juiz decreta a quebra ou a perda de fiança prestada por terceiro em favor do réu, aquele que a prestou pode recorrer em sentido estrito (art. 581, VII).
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O art. 577, parágrafo único, do CPP dispõe que só pode recorrer aquele que tenha algum interesse na reforma ou modificação da decisão. O interesse em recorrer, portanto, está ligado à ideia de sucumbência e prejuízo, ou seja, diz respeito àquele que não obteve com a decisão judicial tudo o que pretendia.
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O MP possui regras próprias e pode recorrer em favor do réu/querelado, porém, se houver recurso idêntico por parte da defesa, aquele interposto pelo MP ficará prejudicado. O MP NÃO PODE recorrer em prol do querelante na ação privada EXCLUSIVA, pois, nesse caso, a legitimidade é somente do autor da referida ação penal.
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Um recurso somente é viável quando presentes TODOS os pressupostos OBJETIVOS e SUBJETIVOS. Para se verificar a existência de tais pressupostos deve ser realizado no chamado juízo de admissibilidade. Como os recursos em regra são interpostos perante o juízo da 1ª instância, logo que ocorrer a interposição, deverá ser submetido a tal juízo de admissibilidade,feito pelo próprio órgão jurisdicional que prolatou a decisão. 
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Se o juiz entender que estão presentes todos os pressupostos, recebe o recurso, manda processá-lo e, ao final, remete-o ao Tribunal. Se ausente algum dos pressupostos, o juiz NÃO RECEBE o recurso.
Exemplo: se o juiz NÃO recebe uma apelação, o apelante pode interpor recurso em sentido estrito; se o juiz não recebe um recurso em sentido estrito, o recorrente pode interpor carta testemunhável.
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Se o juiz a quo receber o recurso e remetê-lo ao tribunal, este, antes de julgar o mérito do recurso, deve também analisar se estão presentes os pressupostos recursais. Trata-se, portanto, de um NOVO juízo de admissibilidade, feito agora pelo tribunal ad quem, que, se entender ausente qualquer dos pressupostos, NÃO CONHECERÁ do recurso, mas se estiverem todos eles presentes, conhecerá deste e julgará o seu mérito, dando ou negando provimento ao recurso (juízo de delibação).
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A extinção normal de um recurso dá-se com o julgamento do mérito pelo tribunal ad quem. É possível, entretanto, que esse recurso, após ser recebido, não chegue até tal julgamento, havendo, nessas hipóteses, a extinção ANORMAL das vias recursais.
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DESISTÊNCIA: ocorre quando, após a interposição e o recebimento do recurso pelo juízo a quo, o responsável por sua interposição desiste formalmente do seu prosseguimento. O MP não pode desistir (art. 576 do CPP).
DESERÇÃO DECORRENTE DA FALTA DE PREPARO (art. 806, § 2º do CPP), falta de pagamento antecipado das despesas referentes ao recurso, nas hipóteses em que seja necessário. Entende-se que o preparo só é exigível nos recursos interpostos pelo querelante, nos crimes de ação privada exclusiva.
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São quatro os possíveis efeitos recursais:
Devolutivo;
Suspensivo;
Regressivo
Extensivo.
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DEVOLUTIVO – É efeito COMUM a todos os recursos. Significa que a interposição reabre a possibilidade de análise da questão combatida no recurso, mediante novo julgamento.
SUSPENSIVO – Significa que a interposição de determinado RECURSO IMPEDE A EFICÁCIA (aplicabilidade) da decisão recorrida. A regra no processo penal é a NÃO existência do efeito suspensivo. Assim, um recurso somente terá tal efeito quando a lei expressamente o declarar.
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REGRESSIVO – A interposição faz com que o PRÓPRIO JUIZ prolator da decisão tenha de REAPRECIAR a matéria, mantendo-a ou reformando-a, total ou parcialmente. Poucos recursos possuem o efeito regressivo. Exemplo: recurso em sentido estrito (art. 589 do CPP) e os embargos de declaração (arts. 382 e 619 do CPP).
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EXTENSIVO – De acordo com o art. 580 do CPP, havendo dois ou mais réus, com idêntica situação processual e fática, se apenas um deles recorrer e obtiver benefício, será este aplicado também aos demais que não impugnaram a sentença ou decisão. Ex. A e B são condenados por terem cometido furto qualificado pela escalada. Somente A recorre e o Tribunal entende que o portão que eles pularam é de pequeno porte, o que não configura a qualificadora, de modo que desclassifica o crime para furto simples em relação a A e estende o benefício a B, que não havia apelado.
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O art. 617 do CPP VEDA a denominada reformatio in pejus, ou seja, havendo recurso apenas por parte da defesa, o tribunal NÃO PODE proferir decisão que torne mais gravosa sua situação, ainda que haja
erro evidente na sentença, como, por exemplo, pena fixada abaixo do mínimo legal.
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Apesar de não constar expressamente de texto legal, é pacífico que, se for anulada uma decisão em decorrência de recurso exclusivo da defesa, no novo julgamento o juiz NÃO poderá tornar a situação do acusado mais gravosa do que aquela proferida na decisão inicial tornada sem efeito.
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Há uma EXCEÇÃO, referente às decisões do Tribunal do Júri. Entende-se que, havendo anulação do 1º julgamento, no novo plenário os jurados poderão reconhecer crime mais grave. Ex: o réu foi acusado por homicídio qualificado e os jurados desclassificaram para homicídio simples. O acusado apela e o tribunal anula o julgamento. No novo plenário, os outros jurados poderão reconhecer o homicídio qualificado, em razão do princípio constitucional da soberania dos veredictos.
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Quando ocorrer a anulação de julgamento em virtude da incompetência ABSOLUTA do juízo, mesmo por ocasião de recurso exclusivo da defesa, o novo julgamento não fica vinculado aos limites da primeira sentença, não havendo que se falar em reformatio in pejus indireta, pois a sentença anterior é considerada inexistente.
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Apesar de pequenas divergências, entende-se que, se o recurso for exclusivo da acusação (MP ou querelante), o tribunal pode reconhecer e aplicar ao réu reprimenda mais BENÉFICA em relação àquela constante da sentença, na medida em que o art. 617 só PROÍBE a reformatio in pejus. Ex: réu condenado à pena de 1 ano de reclusão, que não recorre. O MP apela visando aumentar a pena. O tribunal pode absolver o acusado por entender que não existem provas suficientes.
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Recursos necessários.
De acordo com o art. 574 do CPP, em alguns casos o magistrado deve, de OFÍCIO, recorrer da própria decisão. Em suma, o juiz deve remeter os autos à Instância Superior para o chamado REEXAME NECESSÁRIO, sem o qual a decisão proferida não transita em julgado, embora nenhuma das partes a tenha impugnado. De acordo com a Súmula nº 423 do STF, “não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex officio, que se considera interposto ex lege”. O juiz não arrazoa esses recursos e tampouco as partes.
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DA SENTENÇA QUE CONCEDE O HABEAS CORPUS;
DA SENTENÇA QUE ABSOLVE O RÉU;
DA DECISÃO QUE ARQUIVA INQUÉRITO POLICIAL OU DA SENTENÇA QUE ABSOLVE O RÉU ACUSADO DE CRIME CONTRA A ECONOMIA POPULAR;
DA DECISÃO QUE CONCEDE A REABILITAÇÃO CRIMINAL;
DA DECISÃO QUE DEFERE MANDADO DE SEGURANÇA.
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DA SENTENÇA QUE CONCEDE O HABEAS CORPUS (art. 574, I, do CPP). Ex: Juiz tranca um IP por entender que o fato apurado é atípico.
O recurso não tem efeito suspensivo. Caso o tribunal venha a dar provimento ao recurso de ofício, retorna-se à situação anterior à decisão judicial. Continua assim a investigação.
A regra não se aplica à sentença que DENEGA a ordem.
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DA SENTENÇA QUE ABSOLVE SUMARIAMENTE O RÉU (arts. 574, II, do CPP). A absolvição sumária é a decisão judicial proferida ao término da primeira fase do procedimento do Júri em que o juiz absolve, desde logo, o acusado se: a) provada a inexistência do fato; b) provado que o réu não é autor ou partícipe do crime; c) o fato for atípico; d) demonstrada causa de isenção de pena (excludente de culpabilidade) ou excludente de ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade, aborto legal etc.). Se o tribunal der provimento ao recurso, pronunciará o réu, mandando-o a julgamento perante o Júri Popular. O recurso de ofício, entretanto que a acusação interponha o competente recurso de apelação.
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Existe entendimento de que a reforma do Júri (Lei 11.689/08), ao modificar o art. 411 do CPP, que também exigia o recurso de ofício, e excluir tal exigência, teria acabado com o reexame necessário contra a absolvição sumária. Há, porém, interpretação em sentido contrário porque o art. 574, II, do CPP NÃO foi modificado e continua a exigir o recurso de ofício em tal caso.
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DA DECISÃO QUE ARQUIVA INQUÉRITO POLICIAL OU DA SENTENÇA QUE ABSOLVE O RÉU ACUSADO DE CRIME CONTRA A ECONOMIA POPULAR (art. 7º da Lei 1.521/51 e Lei 4.591/64) ou contra a saúde pública (arts. 267 a 285 do CP). Saliente-se que os crimes da Lei Antidrogas (antigamente previstos no art. 281 do CP) encontram-se descritos em lei especial (Lei 11.343/06). 
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DA DECISÃO QUE CONCEDE A REABILITAÇÃO CRIMINAL (art. 746 do CPP). A finalidade da reabilitação é restituir o condenado à condição anterior à condenação, apagando-a de sua folha de antecedentes.
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DA DECISÃO QUE DEFERE MANDADO DE SEGURANÇA (art. 14, § 1º da Lei 12.016/09). Em certas hipóteses é cabível a impetração de mandado de segurança em matéria criminal. Suponha-se, assim, a impetração de mandado de segurança perante o juízo competente contra o ato de autoridade policial. Se o magistrado conceder a ordem, deverá encaminhar os autos ao Tribunal para reexame necessário.
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Alguns juristas alegam que o recurso de ofício não é propriamente um recurso, e sim condição para que a decisão transite em julgado e produza seus efeitos.
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RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
É recurso que, em regra, destina-se a impugnar DECISÕES DE NATUREZA INTERLOCUTÓRIA, isto é, decisões que NÃO tenham caráter definitivo ou terminativo, mas há excepcionalmente, hipóteses legais de cabimento desse recurso para atacar decisões que encerram o processo.
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O rol de hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito é TAXATIVO, conclusão que advém da circunstância de as decisões interlocutórias serem, em princípio, irrecorríveis. Além disso, se a lei conferiu caráter residual à apelação nos casos de decisões definitivas ou com força de definitivas (art. 593, II, do CPP), ao estabelecer que a definição das hipóteses de seu cabimento se dá por exclusão, é porque considera que as situações que ensejam o manejo do recurso em sentido estrito foram enumeradas de forma exaustiva.
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A natureza taxativa dos casos de utilização do recurso não afasta, todavia, a possibilidade de interpretação extensiva das hipóteses de cabimento, nos termos do disposto no art. 3º do CPP, uma vez que, com isso, não se está a alargar o rol legal, mas, apenas, reconhecendo que certas hipóteses processuais incluem-se naquela enumeração. É o que ocorre, por exemplo, ao se admitir a utilização do recurso em sentido estrito contra decisão que INDEFERE requerimento de aplicação de medida cautelar diversa da prisão preventiva, na medida em que, ao prever que pode ser utilizado quando o juiz “indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la”.
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Oito dos incisos que estabelecem hipóteses de cabimento de recurso em sentido estrito referem-se a decisões sobre a pena ou medida de segurança, que são adotadas, necessariamente, pelo juízo da execução penal, daí por que esses dispositivos foram revogados, tacitamente, pela Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84), que prevê a utilização do agravo para desafiar as decisões prolatadas no processo de execução (art. 197 da LEP).
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Exceções:
1) nas infrações de competência do Juizado Especial Criminal, o recurso cabível é o de APELAÇÃO para a Turma Recursal (art. 82, caput, da Lei nº 9.099/95);
2) nos crimes de competência originária dos tribunais, será cabível AGRAVO REGIMENTAL.
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Súmula 707 do STF “Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo de defensor dativo”.
Súmula 709 do STF “Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela”.
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Da decisão de pronúncia, que tem natureza INTERLOCUTÓRIA SIMPLES, podem recorrer o réu, o MP ou o querelante, bem como o assistente.
A impronúncia e a absolvição sumária, decisões de caráter terminativa, passaram a ser desafiadas por APELAÇÃO, em razão das alterações introduzidas pela Lei 11.689/08.
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O prazo de interposição do recurso em sentido estrito é de CINCO DIAS (art. 586, caput do CPP), a contar da intimação da decisão, salvo no que diz respeito à decisão que incluir na lista geral ou desta o excluir, hipótese em que o recurso deve ser interposto no prazo de 20 dias (art. 586, parágrafo único, do CPP).
Será de QUINZE DIAS, todavia, o prazo para o ofendido NÃO habilitado como assistente recorrer supletivamente da decisão que declara extinta a punibilidade (art. 584, § 1º do CPP), a contar do término do prazo para o MP (art. 598, parágrafo único, do CPP). 
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A interposição do recurso pode dar-se por petição ou por termo nos autos (art. 578 do CPP).
O recurso em sentido estrito pode processar-se de duas formas: mediante formação de instrumento ou nos próprios autos.
Será processado nos mesmos autos o recurso cujo procedimento não prejudicar o andamento do processo. Algumas dessas hipóteses estão previstas no art. 583 do CPP.
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Decisão que não receber a denúncia ou a queixa;
Decisão que julgar procedente exceção, salvo a de suspeição;
Decisão que pronunciar o réu, salvo quando, havendo dois ou mais acusados, qualquer deles se conformar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados da pronúncia;
Decisão que julgar extinta a punibilidade;
Sentença que julgar o pedido de habeas corpus;
Em caso de reexame obrigatório. 
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Nas demais hipóteses, o recurso processar-se-á por meio da formação de instrumento.
Com a própria interposição do recurso perante o juízo prolator da decisão, o recorrente deve indicar, em caso de formação do instrumento, quais as peças que serão trasladadas. O juiz, então, recebendo o recurso, intimará o recorrente para, em DOIS dias, oferecer suas RAZÕES. Em seguida, intimará o recorrido a oferecer resposta em igual prazo. 
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De forma diversa do que ocorre em relação à apelação (art. 600, § 4º, do CPP), as razões do recurso em SENTIDO ESTRITO não podem ser apresentadas diretamente ao tribunal.
Havendo ou não apresentação de contrarrazões, os autos serão remetidos ao próprio juiz prolator da decisão, para que se manifeste fundamentadamente, mantendo ou reformando a decisão (juízo de retratação).
Na hipótese de manutenção da decisão, o recurso será remetido ao tribunal competente para julgamento. O mesmo ocorrerá se a decisão for parcialmente modificada, situação em que haverá julgamento somente em relação à parte inalterada por ocasião do juízo de retratação.
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Prazos relativos ao recurso em sentido estrito
INTERPOSIÇÃO: CINCO DIAS
 QUINZE DIAS para o ofendido não
 habilitado como assistente
 VINTE DIAS, no tocante à decisão
 que exclui ou inclui jurado na lista
 geral.
RAZÕES E CONTRARRAZÕES – DOIS DIAS.
 
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O recurso em sentido estrito provoca, em qualquer hipótese, o EFEITO REGRESSIVO, uma vez que sua interposição obriga o juiz que prolatou a decisão recorrida a REAPRECIAR a questão, mantendo ou reformando aquilo que deliberou (art. 589, caput, do CPP).O recurso em sentido estrito é, portanto, RECURSO MISTO, pois o juízo a quo pode rever a decisão impugnada.
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Na hipótese de manutenção, pelo juiz,da decisão recorrida ou, ainda, se houver retratação, mas o oponente impugnar a nova decisão, sobrevirá o EFEITO DEVOLUTIVO, ou seja, a transferência à superior instância da prerrogativa de conhecer da decisão impugnada.
A regra é a da NÃO PRODUÇÃO DO EFEITO SUSPENSIVO. Apenas nas hipóteses taxativamente elencadas na lei (art. 584, caput, do CPP), a interposição do recurso acarreta a suspensão dos efeitos da decisão impugnada.
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Decisão que decreta o perdimento da fiança;
Decisão que denega a apelação (nesse caso não há suspensão dos efeitos da sentença apelada, mas apenas das consequências da decisão que negou seguimento ao apelo);
Decisão que julga quebrada a fiança, no que se refere à perda da metade do valor;
Decisão de pronúncia, hipótese em que a interposição do recurso suspende apenas a realização do julgamento pelo júri; os demais efeitos da pronúncia não se suspendem, por exemplo, a eventual decretação da prisão do acusado.
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Trata-se de meio ordinário de impugnação de SENTENÇAS DE CONDENAÇÃO OU ABSOLVIÇÃO e, ainda, de decisões definitivas ou com força de definitivas, que possibilita nova apreciação da causa pelo órgão jurisdicional de segundo grau, devolvendo-lhe a análise das questões fáticas e jurídicas relacionadas ao alegado defeito da decisão.
A apelação é RECURSO AMPLO, pois, ainda quando regida pelo princípio tantum devolutum quantum appellatum, permite, nos limites do pedido recursal, que o tribunal analise “em profundidade, todas as questões antecedentes logicamente necessárias à sua apreciação”. 
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É instrumento recursal RESIDUAL, porquanto utilizável somente nos casos em que não houver previsão expressa de cabimento de recurso em sentido estrito.
A apelação é, porém, preferível em relação ao recurso em sentido estrito, pois, quando cabível aquela, não poderá ser usado este, ainda que somente de parte da decisão se recorra (art. 593, § 4º do CPP). Essa disposição decorre do princípio da unirrecorribilidade das decisões. Ex. se por ocasião da sentença condenatória foi reconhecida a prescrição de um dos crimes pelo qual o réu era acusado, será cabível a apelação, e não o recurso em sentido estrito, mesmo que a impugnação se refira apenas a essa questão.
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A apelação pode ser PLENA OU PARCIAL (art. 599 do CPP): será plena se o recurso dirigir-se contra a decisão em sua totalidade e parcial (ou limitada) se visar a impugná-la somente em parte. Na primeira hipótese, o recurso devolve o julgamento de toda a matéria analisada em primeiro grau para o tribunal. Na segunda, há redução quantitativa da lide, por meio de restrição expressa do objeto da apelação. Se o recorrente não delimitar expressamente a extensão da apelação no ato da interposição, presume-se que seja plena.
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Diz-se, ainda, que a apelação é PRINCIPAL, quando interposta pelo MP, e subsidiária (ou supletiva), quando, esgotado o prazo recursal para o órgão ministerial, o ofendido, habilitado ou não como assistente, interpõe o recurso.
A apelação será, ainda, ORDINÁRIA OU SUMÁRIA, de acordo com o procedimento a ser observado em segunda instância.
Verificar artigo 593 do CPP.
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O prazo para a interposição da apelação é de CINCO dias (art. 593, caput, do CPP), contados da intimação acerca do teor da sentença,inclusive quando o ato de comunicação tiver sido aperfeiçoado por intermédio de carta precatória, pois, nos termos da SÚMULA Nº 710 DO STF “no processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou carta precatória ou de ordem”.
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Para o apelo DEFENSIVO, deve-se considerar, para fins de verificação da tempestividade, a intimação que por último for realizada, seja ela do acusado ou do defensor.
No que se refere ao prazo do MP, a contagem tem por base a intimação realizada por meio da entrega dos autos com vista (art. 41, IV, da Lei nº 8.625/93 e art. 18, II, h, da LC nº 75/93), salvo se, prolatada a decisão em audiência ou sessão de julgamento, nela estiver presente seu representante, hipótese em que esse será a termo a quo (art. 798, § 5º, b, do CPP).
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A apelação deve ser interposta perante o juízo recorrido, que exercerá controle prévio de admissibilidade, analisando se estão presentes os pressupostos objetivos e subjetivos do recurso.
Acaso seja DENEGADA a apelação, o apelante pode interpor recurso em sentido estrito contra a decisão. Se recebida, o apelante será intimado para oferecimento das RAZÕES, que deverão ser apresentadas no prazo de OITO dias. Em se tratando de processo relativo à contravenção penal a tramitar pelo juízo comum, o prazo para apresentação de razões será de TRÊS dias (art. 600, caput,
do CPP).
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O apelado disporá de prazos idênticos para apresentar suas CONTRARRAZÕES.
Em regra, a apelação sobe ao tribunal nos próprios autos, mas se processará em traslado se houver mais de um réu, e não houverem todos sido julgados, ou não tiverem todos apelado (art. 601, § 1º do CPP).
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Nos processos de apuração de infração de menor potencialidade ofensiva que tramitem pelo JECRIM, é cabível a apelação nas seguintes hipóteses:
Contra a decisão que homologa ou deixa de homologar a transação penal (art. 76, § 5º, da Lei nº 9.099/95);
Contra a decisão que rejeita a denúncia ou a queixa (art. 82, caput, da lei nº 9.099/95);
Contra a sentença definitiva de condenação ou absolvição (art. 82, caput, da Lei nº 9.099/95)
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O prazo para apelar, em qualquer dessas hipóteses é de DEZ dias. No rito sumaríssimo, a apelação deve ser interposta por petição (vedada a interposição por termo nos autos), além do que deve vir acompanhada das razões de inconformismo, já que não há previsão de prazo destacado para que se arrazoe o recurso.
O recorrido terá DEZ dias para apresentar RESPOSTA ao recurso (art. 82, § 2º, do CPP).
A apelação poderá ser julgada por TURMA RECURSAL composta de três juízes em exercício no 1º grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado (art. 82, caput, da Lei nº 9.099/95).
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A apelação terá, sempre, efeito DEVOLUTIVO.
Não produz, entretanto, efeito REGRESSIVO, pois na apelação NÃO existe a possibilidade de o próprio juiz que prolatou a sentença alterá-la em razão de interposição do recurso.
Ordinariamente, o recebimento da apelação gera efeito SUSPENSIVO (art. 597 do CPP), mas há exceções.
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A apelação tirada de sentença absolutória não impedirá que o réu, se preso, seja posto imediatamente em liberdade (art. 596, caput, do CPP);
Em relação à sentença condenatória, o recurso exclusivo do acusado que esteja preso ocasiona o abrandamento do efeito suspensivo, pois “admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado de sentença condenatória” (Súmula nº 716, do STF). 
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A apelação poderá dar ensejo a efeito extensivo; no caso de concurso de agentes, a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros (art. 580 do CPP).
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Os embargos infringentes e os de nulidade são recursos oponíveis contra a decisão não unânime de órgão de segunda instância, desde que desfavorável ao réu.
O CPP faz menção aos embargos infringentes e aos de nulidade: embargos infringentes são aqueles destinados a discutir matéria relativa ao mérito, ao passo que os embargos de nulidade têm por escopo debater matéria de índole exclusivamente processual que favoreça o réu.
Obs.: Os pressupostos e o processamento de ambos, no entanto, são idênticos.
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A circunstância de serem colegiados os órgãos jurisdicionais de segunda instância dá ensejo à possibilidade de decisões plurânimes, ou seja, tomadas por maioria de votos, que, quando forem desfavoráveis ao réu, expõem-se aos embargos.
Os embargos infringentes e de nulidade SÓ podem ser opostos contra decisão tomada em julgamento de recurso em sentido estrito ou de apelação, descabendo sua utilização para desafiar acórdão proferido em julgamento de habeas corpus, de mandado de segurança ou de revisão criminal. 
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A matéria a ser discutida em sede de embargos estará restrita ao limite da divergência existente na decisão embargada. Dessa forma, se o voto vencido divergir dos vencedores tão somente em relação a parte da matéria, os embargos permitirão ao acusado postular em seu benefício a reversão do julgado somente no tocante a essa questão.
É inadmissível a oposição de embargos fundada apenas na discrepância da fundamentação dos votos de decisão unânime.
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Conquanto só se possa manejar os embargos em favor do réu, nada impede que o MP se valha desse recurso para alcançar situação mais favorável ao acusado.
O prazo para oposição dos embargos infringentes e de nulidade é de DEZ dias.
A petição, acompanhada das razões, será dirigida ao relator do acórdão embargado, que, uma vez presentes os pressupostos legais, determinará o processamento, que produz efeito suspensivo em relação ao acórdão.
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O protesto por novo júri, então, regulado pelos arts. 607 e 608 do CPP, foi suprimido pela Lei nº 11.689/08.
No que se refere ao direito intertemporal, aplica-se o postulado fundamental de que a recorribilidade é regida pela lei em vigor na data que a decisão foi publicada, daí por que somente os julgamentos realizados ANTES da supressão do recurso da legislação poderão ensejar sua interposição.
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É um recurso, na medida em que são instrumentos voluntários de impugnação de decisões, exercitáveis no seio da mesma relação processual. A circunstância de ser desnecessária a manifestação da parte contrária antes da decisão acerca dos embargos declaratórios não transmuda sua natureza recursal, já que, de fato, constituem, o meio e o instrumento para a reparação de gravame existente na sentença ou acórdão.
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Os embargos declaratórios são cabíveis quando o acórdão (art. 619 do CPP) ou a sentença de 1º grau (art. 382 do CPP) encerrarem:
Ambiguidade – quando parte da decisão permite duas ou mais interpretações inconciliáveis, de forma a impedir a conclusão acerca de seu real significado;
Obscuridade – falta de clareza da decisão, que se torna, no todo ou em parte, ininteligível;
Contradição – quando alguma das proposições insertas na decisão não se concilia com outra;
Omissão – caracteriza-se pelo silêncio da decisão acerca de matéria que deveria apreciar. 
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Podem embargar a decisão o acusado, o MP ou querelante e o assistente de acusação. Nada impede, por sua vez, que a parte vencedora se utilize dos embargos a fim de sanar, por exemplo, eventuais omissões ou contradições.
No procedimento em geral, os embargos serão opostos no prazo de 2 dias, contados da intimação, e serão endereçados ao juiz (na hipótese de sentença) ou ao relator (na hipótese de acórdão). No procedimentos do JECRIM, porém, o prazo é de CINCO DIAS (art. 83, § 1º, da Lei nº 9.099/95).
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Uma vez que o CPP não disciplina as consequencias da oposição dos embargos para a fluência dos prazos para os demais recursos, aplicam-se, por analogia, as disposições da legislação processual civil em relação à matéria (art. 538 do CPC).
A oposição de embargos por qualquer das partes acarreta a interrupção do prazo também para o adversário.
No JECRIM, contudo, a oposição dos embargos implica a SUSPENSÃO do prazo para a interposição de outros recursos (art. 83, § 2º, da Lei nº 9.099/95), ou seja, após o julgamento dos embargos, o prazo corre apenas pelo período restante.
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A revisão criminal é instrumento processual que pode ser utilizado somente em favor do acusado e que visa rescindir sentença penal condenatória transitada em julgado. Funda-se no princípio de que a verdade formal já espelhada na sentença deve ceder passo ante a necessidade de corrigir-se eventual injustiça.
Natureza: É ação autônoma de impugnação, que se destina a desconstituir sentença ou acórdão transitado em julgado naquilo que se revelar desfavorável ao acusado.
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A revisão criminal só é admitida em prol do acusado, já que nosso ordenamento não agasalha a rescisão pro societate de decisão transitada em julgado.
De acordo com o disposto no art. 623 do CPP, a revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do condenado, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
Hipótese de cabimento: Vide art. 621 do CPP.
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A carta testemunhável é o recurso que tem por fim provocar o reexame da decisão que denegar ou impedir o seguimento de recurso em sentido estrito (R.S.E.) e do agravo em execução. Tem por finalidade exclusiva
promover a subida de outro recurso à segunda instância.
Natureza jurídica: Há duas posições: para uns, a carta testemunhável NÃO é um recurso, mas simples instrumento destinado a promover o conhecimento do recurso, para outros, é um meio pelo qual provoca o reexame de outra decisão, no caso, a denegatória do recurso.
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A carta testemunhável deve ser requerida dentro de 48 HORAS após a ciência do despacho que denegar o recurso ou da decisão que obstar seu seguimento. 
O requerimento deve ser endereçado ao escrivão, indicando o requerente as peças do processo que deverão ser trasladadas.
A carta testemunhável NÃO tem efeito suspensivo.
A falta de razões na carta testemunhável não impede seu conhecimento.
Chama-se testemunhante o recorrente, e testemunhado o Juiz que denega o recurso.
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Correição parcial é uma providência administrativa contra despachos do Juiz que importem em inversão tumultuária do processo, sempre que NÃO houver recurso específico previsto em lei.
No Estado de São Paulo, a correição parcial foi criada pelo Decreto-Lei estadual nº 14.234, de 16 de outubro de 1944. Posteriormente, a Lei Estadual nº 8.040, de 13 de dezembro de 1963, estabeleceu ser de CINCO DIAS o prazo para sua interposição, e seu processamento seria o mesmo do agravo de instrumento. (veja também o Decreto-Lei Complementar nº 3, de 27/08/69 – Código Judiciário do Estado de São Paulo – art. 94). 
Na esfera federal, encontra previsão na Lei nº 5.010, de 30 de maio de 1966.
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O objetivo do recurso em estudo é corrigir o erro cometido pelo Juiz em ato processual, que provoque INVERSÃO TUMULTUÁRIA no processo (error in procedendo). Não é adequada a correição parcial quando se pretende impugnar error in judicando, ou seja, quando seu objeto versa sobre decisão que envolve matéria de mérito.
Só é cabível quando NÃO existe recurso específico para impugnar a decisão.
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Conceitua-se o recurso especial como o recurso destinado a devolver ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) a competência para conhecer e julgar questão federal de natureza infraconstitucional, suscitada e decidida perante os Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados e do Distrito Federal.
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O recurso especial está previsto no art. 105, III, a, b e c, da CF.
Excluem-se as decisões dos Tribunais da Justiça Especializada – Eleitoral, Militar e do Trabalho.
É um recurso de fundamentação vinculada.
As regras procedimentais aplicáveis são aquelas previstas nos arts. 26 a 29 da Lei 8.038/90 e nos arts. 255 a 257 do RISTJ (Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça).
Prazo de interposição é de 15 dias.
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Conceitua-se o recurso extraordinário como o destinado a devolver ao STF (Supremo Tribunal Federal) a competência para conhecer e julgar questão federal de natureza constitucional, suscitada e decidida em única ou última instância. Em outras palavras, é aquele interposto perante o STF das decisões judiciais em que não mais caiba recurso ordinário.
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O recurso está previsto no art. 102, III, a, b, c e d da CF.
O recurso tem efeito meramente devolutivo. Não tem efeito suspensivo. 
Prazo de interposição é de 15 dias.
Verificar a Súmula 286 do STF.
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Contra acórdão das Turmas Recursais, diferentemente do que ocorre em relação ao recurso especial, será admitida a interposição de Recurso Extraordinário, uma vez que o art. 102, III, da CF prevê seu cabimento em relação a causas decididas em única ou última instância (e não tribunal), desde que verificadas uma das hipóteses previstas nas alíneas “a” a “d”.

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