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CICLO VITAL DAS CÉLULAS
As células do organismo estão didaticamente divididas em três grupos com base na sua capacidade de regeneração e sua relação com o ciclo celular.
1. Células lábeis:
São as células dotadas de ciclo vital curto. Continuamente produzidas pelo organismo, permitindo o crescimento e a renovação constante dos tecidos onde ocorrem. Estão em divisão contínua, seguindo o ciclo celular de uma mitose a outra a fim de proliferar por toda a vida, substituindo as células que vão sendo destruídas. São encontradas em epitélios como o da pele, cavidade oral, vaginal e colo uterino; mucosas de revestimento de glândulas (salivares, pâncreas, vias biliares, etc); epitélio do trato gastrintestinal, útero e tubas uterinas; epitélio do trato urinário e células do tecido linfoide e hematopoiético.
2. Células estáveis:
São células de ciclo vital médio ou longo, podendo durar meses ou anos. São chamadas quiescentes e produzidas durante o período de crescimento do organismo. Apresentam nível baixo de replicação, mas podem sofrer rápida divisão em resposta a estímulos, quando voltam a serem formadas e capazes de reconstituir o tecido de origem. São exemplos: células do fígado, rim, pâncreas, ossos, músculo liso e células endoteliais vasculares.
3. Células permanentes:
São dotadas de ciclo vital longo e produzidas apenas no período embrionário. São células que não se dividem, ou seja, não realizam divisão mitótica. Na eventual morte dessas células não há reposição, uma vez que o indivíduo nasce com o “estoque” completo de células permanentes. São as células nervosas e as células musculares esqueléticas e cardíacas.
 
AGENTES AGRESSIVOS OU ETIOLÓGICOS
Agente agressivo ou etiológico é qualquer agente que determine reações anormais na célula, podendo levar à perda da capacidade de compensação e gerar alterações bioquímicas, fisiológicas e morfológicas. A lesão bioquímica precede a lesão fisiológica que precede a lesão morfológica.
Classificação:
Intrínsecos: do próprio indivíduo (interno ao organismo). Exemplo: Modificações no genoma, na hereditariedade e na embriogênese; Erros metabólicos inatos; Disfunções imunológicas (autoimunidade; hipersensibilidade; imunossupressão); Distúrbios circulatórios; Distúrbios nervosos e psíquicos; Envelhecimento, etc.
 Extrínsecos: externo ao indivíduo (de fora do organismo)
 Físicos: Temperatura; eletricidade; radiações; sons e ultrasons; magnetismo, gravidade e pressão.
 Químicos: Exógenos - ácidos, bases, metais pesados, toxinas, venenos, organo-sintéticos; Endógenos - hormônios, catabólitos, enzimas, anticorpos.
 Infecciosos: príons; vírus, bactérias; fungos; protozoários; helmintos e artrópodes.
ADAPTAÇÕES CELULARES DE CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO
 
As células devem se adaptar constantemente, mesmo em condições normais, às alterações em seu ambiente. Essas adaptações fisiológicas representam respostas das células ao estímulo normal que ocorre por hormônios ou substâncias químicas endógenas.
As adaptações patológicas proporcionam às células a capacidade de modular seu ambiente e talvez escapar da lesão. A adaptação patológica é um estado intermediário entre a célula normal (não estressada) e a célula lesada (estressada).
 
Alterações de adaptação no crescimento e diferenciação celular
 
1. Atrofia
É uma redução no volume e na função de uma célula ou órgão. É resultante da resposta adaptativa da célula ao estresse persistente, que leva a redução de suas funções, com diminuição das necessidades energéticas e consequente diminuição do seu volume. O estresse pode ser causado por insuficiência vascular, inflamação crônica ou desuso. Exemplos: Desuso ou diminuição de trabalho; Insuficiência de nutrientes; Envelhecimento; Interrupção de sinais tróficos; Compressão e Diminuição do suprimento sanguíneo.
 
2. Hipertrofia
É um aumento no volume e na função de uma célula ou órgão. É resultante de maior síntese protéica, com maior produção de componentes estruturais. Pode ser fisiológica (musculatura esquelética de atletas e trabalhadores braçais, por aumento da exigência de trabalho) e patológica (musculatura do ventrículo esquerdo por esforço e pelo aumento de trabalho específico, como no caso da estenose aórtica).
 
3. Hiperplasia
Aumento do número de células em um órgão ou tecido. É resultante do aumento do ritmo de divisão celular com manutenção do seu padrão morfofuncional. É necessário um fluxo sanguíneo adequado e integridade da inervação e da estrutura morfofuncional das células. Pode ser fisiológica (crescimento do endométrio após o período menstrual); Compensatória (orquiectomia unilateral – o testículo remanescente sofre hiperplasia para compensar); Patológica (decorrente de estímulos patológicos. Exemplo: produção aumentada de TSH provoca hiperplasia dos folículos tiroidianos com hipertireoidismo); Congênita (aquelas que aparecem durante a vida intrauterina) e Reacional (hiperplasia do tecido conjuntivo-vascular na cicatrização, com proliferação de fibroblastos e vasos capilares).
 
4. Metaplasia
Modificação do tipo celular. É uma alteração reversível na qual um tipo celular adulto é substituído por outro tipo celular adulto. Representa uma adaptação de células mais sensíveis ao estresse em que um tipo celular é substituído por outro tipo celular com maior capacidade de resistir ao meio adverso.
 
5. Displasia
Diferenciação desordenada de células ou tecidos presentes em um determinado órgão. Segundo a OMS, é a lesão na qual parte da espessura do epitélio é substituída por células com vários graus de atipia. Representa uma reação do epitélio a uma injuria, fazendo com que o epitélio normal sofra alterações que podem acontecer na forma, tamanho ou organização de um determinado tecido. O processo displásico pode regredir se retirada a causa irritante. As displasias são frequentes no colo do útero, mas podem ocorrer em outros órgãos: mucosa gástrica, esofágica, do tubo respiratório, urinário, etc.
Lesões Celulares
 
 
A célula normal está em constante atividade (devido a seus programas genéticos de metabolismo, diferenciação, especialização, limitação das células vizinhas e pela disponibilidade de substrato). É capaz de responder as demandas fisiológicas, contribuindo para a homeostase normal. Até que os estresses se tornem muito intensos, as células tendem a manter sua estrutura e função.
Estresses fisiológicos um pouco mais excessivos ou estímulos patológicos podem acarretar uma série de adaptações celulares fisiológicas e morfológicas, em que os estados constantes  e novos, porém alterados, são alcançados, preservando a viabilidade da célula e modulando sua função como resposta a esses estímulos (preserva a saúde da célula apesar do estresse contínuo). Exemplo: as adaptações patológicas, propiciam que a célula module o seu meio ambiente e se adapte, escapando das agressões.
Quando o equilíbrio homeostático das células é rompido pelo efeito de uma agressão, as células podem se adaptar, sofrer um processo regressivo ou morrer. Se os limites da resposta adaptativa a um estímulo forem ultrapassados, ou, em certos casos, quando a adaptação é impossível, ocorre uma sequência de eventos, chamada genericamente de lesão celular. A lesão celular é reversível até certo ponto, mas, se o estímulo persistir ou for intenso o suficiente desde o início, a célula atinge o “ponto sem retorno”, e sofre lesão celular irreversível ou morte celular. Exemplo: se o suprimento de sangue para um segmento do coração for interrompido por 10 a 15 minutos e depois restaurado, as células miocárdicas sofrem lesão, mas podem recuperar-se e funcionar normalmente. Porém, se o fluxo sanguíneo não for restabelecido até uma hora depois, ocorre lesão irreversível e muitas fibras miocárdicas morrem.
A adaptação, lesão reversível, lesão irreversível e morte celular podem ser considerados estados de intromissão progressiva na função e estrutura normais da célula. Exemplo: relações entre células miocárdicas normais, adaptadas, reversivelmente lesadas e mortas. Umafibra miocárdica submetida à sobrecarga persistente, como ocorre na hipertensão, adapta-se através da hipertrofia (um aumento do tamanho suficiente para bombear contra uma carga maior). A mesma fibra, submetida à isquemia (ausência de fluxo sanguíneo) causada por oclusão da artéria coronária, pode sofrer lesão reversível se a oclusão for incompleta e de curta duração, ou lesão irreversível se a oclusão for completa e prolongada.
A morte celular é o resultado final da lesão celular, e afeta todos os tipos celulares, representando a maior consequência de isquemia, infecção, toxinas e reações imunes. É fundamental em involução endocrinamente induzida e é objetivo da radioterapia e quimioterapia do câncer.
Quando uma forma específica de estresse induz a adaptação ou causa lesão reversível ou irreversível, o padrão morfológico resultante depende não apenas da natureza e da intensidade do estresse, mas também de diversas variáveis relacionadas às próprias células, como vulnerabilidade, diferenciação, suprimento sanguíneo, nutrição e estado prévio da célula. Todos os estresses e influências nocivas exercem seus primeiro efeitos ao nível molecular.
As categorias de causas de lesão celular e adaptação incluem: hipóxia, substâncias químicas e drogas, agentes físicos, agentes microbianos, mecanismos imunes, defeitos genéticos, desequilíbrios nutricionais e envelhecimento.
 
Alterações celulares reversíveis
As alterações celulares reversíveis são assim chamadas pois permitem que a célula lesada volte a ter aspecto e função normais quando o estímulo agressor é retirado. Ocorrem de diversas formas, dependendo do tipo, duração e intensidade da agressão e do tipo de célula lesada e do seu estado metabólico. Os dois principais tipos de lesão celular reversível são o edema celular e a esteatose.
 
Edema Celular
O edema celular (também conhecido como tumefação turva e degeneração hidrópica) ocorre quando a célula agredida acumula água no seu citoplasma.
Macroscopicamente o órgão acometido por este distúrbio geralmente aumenta de peso e tamanho, tornando-se pálido e mais túrgido. Microscopicamente observamos aumento de volume das células, que se apresentam menos coradas (mais pálidas) e ocasionalmente apresentam vacúolos nos seus citoplasmas. O edema celular é mais frequentemente visto nas células tubulares renais e nas células musculares cardíacas de pacientes com distúrbios hidroeletrolíticos.
 
Esteatose
Quando há acúmulo de gordura no citoplasma das células parenquimatosas de um órgão, ocorre a esteatose. Macroscopicamente o órgão apresenta-se amarelado, mole, com volume aumentado. Microscopicamente observamos vacúolos não corados no interior das células acometidas. Isto ocorre porque durante o processamento laboratorial para confecção das lâminas o tecido é exposto a substâncias que são solventes das gorduras, a qual acaba sendo retirada. Caso haja necessidade de corar as gorduras, é necessário um processamento especial, o qual irá conservar as gorduras e para posterior utilização de corante especifico de gorduras. A esteatose é mais comum no fígado e no musculo cardíaco. No fígado pode assumir o aspecto microvacuolar (quando se formam muitas gotículas pequenas) e macrovacuolar (quando se forma um vacúolo volumoso).
NECROSE
A necrose é a manifestação final de uma célula que sofreu lesões irreversíveis. O conceito de morte envolve a parada definitiva das funções orgânicas e dos processos reversíveis do metabolismo. A necrose é a morte celular ou tecidual acidental em um organismo ainda vivo, ou seja, que ainda conserva suas funções orgânicas.
A etiologia da necrose envolve todos os fatores relacionados às agressões, podendo ser agrupadas em agentes físicos, agentes químicos e agentes biológicos:
1) Agentes físicos: ação mecânica, temperatura, radiação, efeitos magnéticos;
2) Agentes químicos: substâncias tóxicas e não-tóxicas, tais como tetracloreto de carbono, álcool, medicamentos, detergentes, fenóis;
3) Agentes biológicos: infecções viróticas, bacterianas, micóticas, parasitárias.
Esses agentes provocam o comprometimento dos níveis celulares de respiração aeróbica, síntese proteica, manutenção da integridade das membranas celulares e da manutenção da capacidade de multiplicação celular, o que resulta em perda da homeostase e da morfostase celular, de tal forma que a célula perde a sua vitalidade. Desta forma, a necrose abrange alterações que em algum ponto e por algum estímulo desconhecido passam a ser irreversíveis; instalada a irreversibilidade e a necrose propriamente dita, inicia-se o processo de desintegração celular (autólise).
As mudanças na morfostase ocorrem principalmente nos núcleos, os quais apresentam alteração de volume e de coloração à microscopia óptica. Essas alterações são denominadas de:
1) Picnose: o núcleo apresenta um volume reduzido e torna-se hipercorado, tendo sua cromatina condensada;
2) Cariorrexe: a cromatina adquire uma distribuição irregular, podendo se acumular em grumos na membrana nuclear; há perda dos limites nucleares;
3) Cariólise: há dissolução da cromatina e perda da coloração do núcleo, o qual desaparece completamente.
Já as modificações citoplasmáticas observadas ao microscópio óptico (essas modificações são secundárias às nucleares, sendo visíveis mais tardiamente) consistem na presença de granulações e espaços irregulares no citoplasma. Este se torna opaco e pode extravasar da célula, pois a mesma perda a integridade da membrana. Isso estimula um processo inflamatório para retirada dos restos celulares extravasados. Pode ocorrer intensa eosinofilia, decorrente de alterações lisossomais e mitocondriais.
 
Tipos de Necrose
Diante das diversas formas de manifestação da necrose, existem inúmeras classificações para os seus diferentes tipos. As necroses podem ser:
1) Necrose por coagulação (isquêmica): causada por isquemia do local. É frequentemente observada nos infartos isquêmicos. Há perda da nitidez dos elementos nucleares e manutenção do contorno celular devido à permanência de proteínas coaguladas no citoplasma, sem haver rompimento da membrana celular.
2) Necrose por liquefação: o tecido necrótico fica limitado a uma região, geralmente cavitária, havendo a presença de grande quantidade de neutrófilos e outras células inflamatórias (os quais originam o pus). É comum em infecções bacterianas. Pode ser observada nos abscessos e no sistema nervoso central, bem como em algumas neoplasias malignas.
3) Necrose caseosa: tecido esbranquiçado, granuloso, amolecido, com aspecto de "queijo friável". Microscopicamente, o tecido exibe uma massa amorfa composta predominantemente por proteínas. É comum de ser observada na tuberculose, em neoplasias malignas e em alguns tipos de infarto. Na sífilis é denominada de necrose gomosa.
4) Necrose fibrinóide: o tecido necrótico adquire uma aspecto hialino, acidofílico, semelhante a fibrina. Pode aparecer na aterosclerose e na úlcera péptica.
5) Necrose gangrenosa: provocada por isquemia ou por ação de microrganismo. Pode ser úmida ou seca, dependendo da quantidade de água presente. A úmida frequentemente envolve a participação de bactérias anaeróbias, as quais promovem uma acentuada destruição proteica e putrefação. Comum em membros inferiores e em órgãos internos que entraram em contato com o meio externo, como pulmões e intestino.
6) Necrose enzimática: ocorre quando há liberação de enzimas nos tecidos; a forma mais observada é a do tipo gordurosa, principalmente no pâncreas, quando ocorre liberação de lipases, as quais desintegram a gordura neutra dos adipócitos desse órgão.
7) Necrose hemorrágica: quando há presença de hemorragia no tecido necrosado; essa hemorragia às vezes pode complicar a eliminação do tecido necrótico pelo organismo.
 
Gangrena
Tipo especial de necrose, cujas características variam dependendo da velocidade de instalação do processo, das causas e do aspecto morfológico final do quadro (grau de hidratação dos tecidos necróticos).
 
Tipos de Gangrena
 
Gangrena Seca
É tambémchamada de "mumificação" e está usualmente associada à necrose isquêmica de extremidades, quando esta se desenvolve lenta e gradualmente, possibilitando a perda de líquido através da insuficiência do fluxo de nutrientes, da drenagem e da evaporação dos mesmos no local afetado pela isquemia.
Etiologia:
- Fisiológica no cordão umbilical;
- Intoxicações com alcalóides do Ergot (produzidos pelo fungo Claviceps purpureum e Cl. paspali, parasitos do esporão de centeio e de outros cereais);
- Intoxicações com Festuca arundinacea (gramínea comum no sul da América do Sul, com propriedades vasoconstritoras);
- Doença de Raynaud (espasmos vasculares);
- Frio ou Congelamento;
- Gesso e bandagens muito apertadas;
Características macroscópicas:
Ressecamento, endurecimento, esfriamento do órgão, com escurecimento (cor pode variar de amarelo esverdeado à pardo enegrecido, em decorrência da decomposição local da hemoglobina). A reação inflamatória do tecido vivo adjacente é intensa e delimita uma linha de separação nítida entre o tecido sadio e a gangrena.
 
Gangrena Úmida
É também chamada de "Gangrena pútrida". Pode ocorrer tanto em extremidades (pele, membros apendiculares, glândula mamária) quanto em vísceras internas (útero, pulmões, intestinos). O importante é que haja fácil acesso de bactérias ao tecido necrótico.
Etiologia:
- Nas extremidades ocorre em consequência de isquemias graves, intensas e de rápida instalação, de maneira que o processo de necrose seja desencadeado sem que haja tempo para se desidratar o tecido em necrose;
- Trombo-angeíte obliterante e trombose (também chamados de gangrena senil), determinando infartos de extremidades em consequência de ateromas e varizes, nos membros inferiores. Pode também evoluir para gangrena seca, dependendo da velocidade de instalação do processo;
- Feridas traumáticas graves, infectadas (acidentes de trânsito, feridas de guerra)
- Evolução de apendicites e colecistites graves;
-Torções de alças intestinais e/ou trombose de artérias mesentéricas, produzindo necrose isquêmica de alças intestinais, liberando a proliferação descontrolada da flora bacteriana saprófita;
- Evolução de Pneumonia por aspiração de corpos estranhos;
Ocorrem alterações macroscópicas, tais como edema e amolecimento progressivo com hemorragias e escurecimento do local. A ação das bactérias saprófitas determina também um odor extremamente fétido e a produção de grande quantidade de toxinas, o que determina uma toxemia grave, geralmente fatal, chamada de "Sapremia", que se não tratada rapidamente (amputação ou excisão da área gangrenada) acabará por ocasionar a morte do paciente.
 
Gangrena Gasosa
Corresponde a um grupo distinto. É causada por bactérias anaeróbicas produtoras de gás (H2, CO2, CH4, NH3, SH2), de ácido butírico (responsável por um odor característico de manteiga rançosa) e de ácido acético. Enzimas proteolíticas produzidas degradam os tecidos tornando-os escuros e tumefeitos. É comumente causada por bactérias do gênero Clostridium. Características macroscópicas:
A pele esquenta e inflama devido à infecção, e também apresenta uma cor pálida, depois vermelha ou bronze, até atingir uma cor esverdeada. Vesículas com líquido marrom e odor fétido podem aparecer embaixo da pele. Em certas ocasiões, essas vesículas contêm bolhas, que podem ser apalpadas, geradas pela liberação de gases produzidos peloClostridium. A gangrena pode se desenvolver gravemente em poucas horas e destruir a pele e os músculos e, nos casos extremos, produzir choque, delírio e morte.
 
APOPTOSE
A apoptose corresponde a uma morte celular programada. Os modernos conhecimentos da biologia celular têm revelado a cada dia que a morte celular programada e seus indutores e inibidores podem ser a chave para a compreensão de muitas patologias e doenças. A apoptose é um tipo de morte celular que possui importante papel durante o processo de diferenciação, crescimento e desenvolvimento dos tecidos adultos normais e patológicos. Isto requer uma cascata de fenômenos bioquímicos e moleculares que acabam por proporcionar um fenótipo celular bastante peculiar.
Fisiologicamente a apoptose é um dos participantes ativos da homeostase no controle do equilíbrio entre a taxa de proliferação e degeneração com morte das células, ajudando na manutenção do tamanho dos tecidos e órgãos. A perda deste equilíbrio promove o aparecimento de lesões proliferativas e degenerativas como: infarto do miocárdio, doença de Alzheimer, etc.
Existem muitos fatores que podem induzir o processo apoptótico, como: fatores de crescimento, neurotransmissores, glicocorticoides, cálcio, toxinas bacterianas, radicais livres, agentes oxidantes, agentes mutagênicos, entre outros.
Dos agentes que inibem a apoptose, destacam-se os hormônios esteróides e androgênicos, o íon zinco, fatores da matriz celular e aminoácidos. A imagem microscópica de uma célula em apoptose apresenta uma cromatina compactada na periferia, a qual pode evoluir para os chamados corpos apoptóticos isolados e bem fragmentos.
Para que uma determinada população celular seja mantida, é necessário que as taxas de crescimento e de morte celular estejam em equilíbrio. A apoptose pode ser regulada por um número de proto-oncogenes, genes supressores de tumor e fatores extracelulares. O bcl-2 foi o primeiro gene descoberto, que é responsável por controlar a apoptose.
DISTÚRBIOS CIRCULATÓRIOS
 
A sobrevivência de células e tecidos é muito dependente do oxigênio fornecido em um suprimento sanguíneo normal e de um equilíbrio hídrico normal. Aproximadamente 60% do peso corporal de uma pessoa é relativo a água (40% do compartimento intracelular; 20% do compartimento extracelular: 15% líquido intersticial e 5% água plasmática). Segundo Guidugli-Neto (1997), os fluidos do corpo transitam por três compartimentos: intracelular, intersticial e intravascular. A distribuição desses líquidos (intersticial e vascular) é mantida graças a hidrodinâmica entre esses dois meios. O movimento do líquido do sistema intravascular para o interstício ocorre, em grande parte, devido à ação da pressão hidrostática do sangue. Essa saída de líquido do vaso se localiza na porção arterial da rede vascular. O seu retorno do interstício para o vaso se dá, principalmente, às custas da pressão oncótica sanguínea, aumentada na porção venosa. Durante essa dinâmica, fica uma certa quantidade de líquido residual nos interstícios. Esse líquido é drenado pelos vasos linfáticos, retornando depois para o sistema vascular. As alterações circulatórias estão relacionadas com distúrbios que acometem a irrigação sangüínea e o equilíbrio hídrico. Os distúrbios circulatórios compreendem alterações hídricas intersticiais (edema), alterações no volume sangüíneo (hiperemia, hemorragia e choque) e alterações por obstrução intravascular (embolia, trombose, isquemia e infarto).
 
EDEMA
É o acúmulo de líquido no compartimento intersticial, nos espaços ou nas cavidades do corpo. O desequilíbrio entre os fatores que regem a hidrodinâmica entre interstício e meio intravascular é que origina o edema. Esses fatores compreendem a pressão hidrostática sanguínea e intersticial, a pressão oncótica vascular e intersticial e os vasos linfáticos. Os edemas podem aparecer sob duas formas:
Localizado
O exemplo clássico é o edema inflamatório, cuja constituição é rica em proteínas. Daí o líquido desse tipo de edema ser denominado de "exsudato".
Sistêmico
O edema sistêmico é formado por líquido com constituição pobre em proteínas. Esse líquido é denominado de "transudato", estando presente, por exemplo, no edema pulmonar.
 
HIPEREMIA
Aumento do volume de sangue em uma região por intensificação do aporte sanguíneo ou diminuição do escoamento venoso, causado por dilatação de pequenos vasos. Resultado de uma excessiva quantidade de sangue no local, inundando essa região.
Hiperemia ativa
Corresponde ao acúmulo de sangue arterial (rico em oxigênio) em um determinado órgão ou tecido.
Hiperemia passiva (Congestão)
Corresponde ao acúmulode sangue venoso (pobre em oxigênio) em um determinado órgão ou tecido.
 
HEMORRAGIAS
Saída de sangue para fora da luz dos vasos. Obviamente indica ruptura de um vaso sanguíneo. A ruptura de uma grande artéria ou veia é quase sempre causada por alguma lesão: traumatismo, aterosclerose ou erosão inflamatória ou neoplásica da parede do vaso sanguíneo. O aumento da permeabilidade vascular sem lesão prévia também pode provocar a saída de hemácias para fora do sistema vascular. As hemorragias podem ser classificadas, em:
1. quanto à sua origem: capilar, venosa, arterial ou cardíaca; 2. quanto a visibilidade: externa - quando o sangue é visível clinicamente; interna - não é visível; 3. quanto ao volume: petéquias - pequenas manchas hemorrágicas em pele, mucosas e superfícies serosas; púrpura - empregado para hemorragias espontâneas e maiores que as petéquias; equimoses – um hematoma subcutâneo em áreas mais extensas (mais de 1 a 2 cm de diâmetro); um exemplo comum é a contusão. Quando o sangue fica preso nos tecidos do corpo, o acúmulo é denominado hematoma.
 
 
 
CHOQUE
Deficiência aguda da corrente sanguínea no leito vascular periférico. Pode ser causado por uma queda do volume sanguíneo circulante (choque hemorrágico), por uma propulsão cardiopulmonar inadequada ou por uma grande vasodilatação periférica (de capilares e veias). Sem uma circulação sanguínea ideal, os tecidos sofrem hipóxia e carência nutricional, o que leva a alterações reversíveis. A mudança de um sistema de respiração aeróbico para um anaeróbico, em decorrência da falta de oxigênio, induz ao acúmulo de ácido lático no local, provocando lesões irreversíveis e morte celular. Os tipos de choque podem incluir: neurogênico, cardiogênico, traumático, hemorrágico, por queimaduras, cirúrgico.
 
TROMBOSE
Coagulação intravascular de sangue em um indivíduo vivo, em que é formada uma massa coagulada de sangue (trombo) no sistema cardiovascular não interrompido. Esta alteração circulatória é oriunda de uma reação do sistema de coagulação ou de hemostasia, pois diante de uma lesão vascular, o sistema de coagulação entra em ação a fim de evitar o extravasamento sanguíneo. O aumento na intensidade de ação desse sistema, aliado à diminuição da velocidade sanguínea, induz a formação de um tampão sólido (trombo) anormal que, ao mesmo tempo em que exerce sua função selante, impede também o bom funcionamento dos vasos e da circulação sanguínea, em função de sua grande proporção. Daí o nome trombose, indicativo de uma formação anormal do trombo no vaso. A trombose pode evoluir para a sua total lise (devido à ação do sistema fibrinolítico da hemostasia); sofrer deslocamento ou embolização; calcificar-se (calcificação distrófica); organizar-se (sendo invadido por capilares e fibroblastos, sofrendo recanalização); ou ainda obstruir as vias sanguíneas, levando à morte celular da região irrigada (isquemia e infarto).
 
EMBOLIA
Embolia é a ocorrência de qualquer elemento estranho (êmbolo) à corrente circulatória, transportado por esta, até eventualmente se deter em vaso de menor calibre. A substância estranha é denominada de êmbolo. Segundo Cotran et al. (1996), 99% dos êmbolos são originários de trombos. Podem ser de constituição:
1. Sólida: podem ser segmentos de placa de ateroma, parasitas e bactérias, corpos estranhos (por exemplo, projétil de arma de fogo), restos de tecidos (por exemplo, de placenta durante a gestação), células neoplásicas, etc.
2. Líquidas: os êmbolos líquidos estão principalmente sob a forma de gorduras. Pacientes com extensas queimaduras corpóreas ou fraturas generalizadas, principalmente dos ossos longos, podem promover a circulação de glóbulos gordurosos, os quais se deslocam da medula óssea e do tecido adiposo. A embolia gordurosa pode causar morte rápida, devido à sua alta capacidade de penetração em arteríolas e capilares, obstruindo a microcirculação.
3. Gasosa: o êmbolo gasoso pode ser de origem venosa (entrada de ar nas veias durante ato cirúrgico ou exames angiográficos) ou arterial (durante o parto ou aborto, em que há grande contração do útero e rompimento de vasos).
A embolia pode originar isquemias (devido à obstrução dos vasos) e infartos.
 
ISQUEMIA
Diminuição do afluxo de sangue em uma região. O termo "isquemia" costuma ser empregado para as situações em que ocorre ausência total de afluxo sanguíneo em um local. Segundo Guidugli-Neto (1997): Nas isquemias relativamente prolongadas, os órgãos ficam com volume menor (atrofia) e podem evoluir para a necrose. Já nas isquemias absolutas, a necrose tecidual pode ser extensa, resultando em infarto.
 
INFARTO
Morte tecidual devido à falência vascular. A diminuição da quantidade de sangue ou a sua não chegada aos tecidos pode provocar a morte destes. O processo de irreversibilidade da vitalidade tecidual é denominado de infarto. Os infartos podem ser:
Infarto isquêmico (branco)
Ocorrem tumefação e palidez local. O infarto isquêmico é comum no tecido cardíaco (por exemplo, infarto do miocárdio).
Infarto hemorrágico
Caracterizado pela permanência do sangue no local no momento da obstrução arterial. Pode ainda ocorrer oclusão de veias, ocasionando também a permanência de sangue no local. Esse tipo é comum em tecidos frouxos (por exemplo, o pulmão), onde o extravasamento sanguíneo é facilitado.
Os fatores condicionantes ao infarto compreendem aqueles que predispõem ao estabelecimento da isquemia. Assim, o estado geral do sistema cardiovascular, a anatomia da rede vascular (circulação dupla ou paralela, obstrução parcial e/ou venosa da circulação única, circulação colateral) e a vulnerabilidade do tecido a isquemia (por exemplo, o tecido nervoso e o cardíaco) são alguns exemplos desses fatores.
PROCESSO INFLAMATÓRIO
 
A resposta inflamatória é a reação vascular e celular frente à presença de microrganismos invasores, irritantes inanimados, tais como o estilhaço ou a injúria. A inflamação é um dos mecanismos de defesa mais efetivos. Evidência da resposta inflamatória pode ser observada durante a reação do organismo a um simples espinho. Após poucas horas, a área torna-se avermelhada e a seguir intumescida e dolorosa. A área afetada é perceptivelmente mais quente que o tecido circundante. A vermelhidão e o calor são causados por um aumento no fluxo sanguíneo; os vasos sanguíneos que transportam o sangue para a área dilatam-se, enquanto aqueles que transportam o sangue da área para outra região se contraem. A permeabilidade capilar aumenta, permitindo o influxo de fluidos e células sanguíneas no sítio; isto causa o intumescimento e a dor (resultado do aumento da pressão). A vasodilatação e o aumento da permeabilidade são induzidos por substâncias químicas, tais como a histamina, que são liberadas das células danificadas no sítio lesado. Se a causa da inflamação são os microrganismos invasores, então o processo mais importante que ocorre na resposta inflamatória é a migração de células fagocitárias dos capilares para o sítio da infecção. As células fagocitárias englobam e destroem os micróbios. Assim, a resposta inflamatória conduz células de “limpeza” para o sítio da infecção. Além de destruir e remover um agente prejudicial (tal como um micróbio) ou o seu produto, a resposta inflamatória também limita os efeitos do agente (ou seu produto) por confiná-lo ou isolá-lo dos tecidos circundantes. Isto é possível porque os coágulos sanguíneos ao redor do sítio previnem a disseminação do micróbio ou de seus produtos nocivos para outras partes do corpo. Como consequência, há uma coleção de pus localizada na cavidade formada pela degradação de tecidos do corpo, resultando em um abscesso. O pus consiste em células inflamatórias e células teciduais mortas, bem como em microrganismos vivos e mortos.
O estágio final da inflamação é o reparo tecidual, quando todos os agentes ou substâncias prejudiciais foram removidos ou neutralizados no sítio lesado. A habilidade do tecido em reparar-se depende, em parte, do tecido envolvido. A pele, sendo um tecido relativamentesimples, tem alta capacidade de regeneração. Contudo, o tecido nervoso do cérebro, que é altamente especializado e complexo, parece não sofrer regeneração.
 
REPARO
Um organismo vivo mantém a capacidade de reparar suas perdas. A capacidade do organismo para substituir as células mortas e reparar a lesão induzida por danos locais é decisiva para a sobrevida.
Quando uma célula sofre lesão focal, as organelas inviáveis podem ser isoladas em um vacúolo limitado por membrana, digeridas e eliminadas, enquanto as partes perdidas são reconstituídas, voltando a célula a sua estrutura normal.
Quando, ao invés de atingir focalmente as células no seu citoplasma, a lesão causa perda de muitas células, o reparo é mais complexo e pode assumir uma das duas possibilidades:
a) Regeneração do tecido lesado por células parenquimatosas do mesmo tipo, algumas vezes não deixando marca residual da lesão prévia;
b) Substituição por tecido conjuntivo ou fibrose, que em seu estado permanente constitui uma cicatriz. Neste caso o estroma é destruído e o reparo se faz fundamentalmente a partir do tecido conjuntivo, em que quase sempre aparece combinado com certo grau de regeneração dos elementos epiteliais, os quais podem ou não reproduzir a estrutura que tinha anteriormente.
 
REGENERAÇÃO
            É a substituição do parênquima por outras da mesma espécie. No sentido mais amplo, corresponde a reconstituição de uma parte do organismo que foi destruída. Ocorre quando uma superfície do organismo (cutânea, mucosa, endotelial, ou da córnea) é desnudada, mas a camada basal (tecido conjuntivo adjacente) permanece íntegra, as células não lesadas das bordas crescem e reparam completamente o defeito. Dessa mesma maneira ocorre com as células epiteliais no fígado, rim, glândulas endócrinas e outras, quando o arcabouço de sustentação estiver mantido. Assim, regeneração é quando as células se multiplicam para repor perdas teciduais.
 
 
 
CICATRIZAÇÃO
 
As feridas podem ser divididas em: agudas, onde o processo de cicatrização ocorre de forma ordenada e em tempo hábil, com resultado funcional e anatômico satisfatório; oucrônicas (como as úlceras venosas e de decúbito), onde o processo estaciona na fase inflamatória, o que impede sua resolução e a restauração da integridade funcional. Quanto ao mecanismo de cicatrização, as feridas podem ser classificadas em:
Fechamento primário ou por primeira intenção: ocorre nas feridas fechadas por aproximação de seus bordos, como por exemplo, numa incisão cirúrgica.
Fechamento secundário, por segunda intenção ou espontâneo: a ferida é deixada propositadamente aberta, sendo a cicatrização dependente da granulação e contração da ferida para a aproximação das bordas, como por exemplo, biópsias de pele, queimaduras profundas, feridas infectadas (contagem bacteriana acima de 100.000 colônias/g de tecido).
Fechamento tardio ou por terceira intenção: feridas deixadas abertas inicialmente, geralmente por apresentarem contaminação grosseira. Após alguns dias de tratamento local, a ferida é fechada através de suturas, enxertos ou retalhos. O resultado estético é intermediário.
Queloide
Pode ocorrer a formação de quelóides. Um queloide é um caso especial de cicatriz. São lesões fibroelásticas, avermelhadas, escuras, rosadas e às vezes brilhantes, com formação de tecido sobresaliente. Podem ocorrer na cicatrização de qualquer lesão da pele e até mesmo espontaneamente. Geralmente crescem, e apesar de inofensivas, não contagiosas e indolores, as lesões podem se tornar um problema estético importante. São formadas pela hialinização do colágeno que está sendo depositado em grande quantidade num processo padrão de cicatrização.
Calcificação patológica
 
A calcificação patológica constitui um conjunto de alterações metabólicas que induzem a uma deposição anormal de sais de cálcio e outros sais minerais heterotopicamente, ou seja, em locais onde não é comum a sua deposição. Em outras palavras, a calcificação patológica é assim definida por se localizar fora do tecido ósseo ou dental, em situações de alteração da homeostase e da morfostase.
O mecanismo das calcificações patológicas segue o mesmo princípio das calcificações normais, ou seja, sempre deve se formar um núcleo inicial, principalmente de hidroxiapatita, que no caso é heterotópico. Esse núcleo pode, por exemplo, iniciar-se nas mitocôndrias, sede celular dos depósitos normais de cálcio na célula, quando existe grande concentração desse íon no citosol ou no líquido extracelular.
Dependendo da situação envolvida em cada alteração funcional ou morfológica do tecido, pode-se distinguir três tipos de calcificação heterotópica: distrófica, metastática e calculose (litíase).
 
Calcificação distrófica
 
Incrustação de sais em tecidos previamente lesados, com processos regressivos ou com necrose. Como o próprio conceito enfatiza, a calcificação distrófica se relaciona com áreas que sofreram agressões e que apresentam estágios avançados de lesões celulares irreversíveis ou áreas já necrosadas.
Nesse último caso, por exemplo, é comum observar calcificações distróficas nas paredes vasculares de indivíduos senis com aterosclerose, cujo processo se caracteriza por presença de necrose no endotélio vascular devido à deposição de placas de ateroma.
 
Calcificação metastática
 
É uma calcificação pelo aumento da calcemia em tecidos onde não exista necessariamente lesão prévia. A calcificação metastática não tem sua causa primária fundamentada nas alterações regressivas teciduais, mas sim em distúrbios dos níveis sanguíneos de cálcio, ou seja, da calcemia.
A calcificação metastática é originada de uma hipercalcemia. Essa situação pode ser devida à remoção de cálcio dos ossos (comum em situações de cânceres e inflamações ósseas, imobilidade, hiperparatireoidismo) ou à dieta excessivamente rica desse íon. Aumentando os níveis de cálcio, a relação desse íon com o fosfato é imediatamente desequilibrada, o que contribui para a sua posterior precipitação nos tecidos que entram em contato com essas altas concentrações calcêmicas. Os tecidos calcificados metastaticamente (pulmão, vasos sanguíneos, fígado e mucosa gástrica) podem ter sua função comprometida. Entretanto, a situação de hipercalcemia é mais preocupante clinicamente do que a calcificação em si.
 
Calculose (Litíase)
 
Corresponde a calcificação em estruturas tubulares diferentes de vasos sanguíneos. A calculose ou litíase  não difere muito dos padrões da calcificação distrófica. Sua particularidade reside no fato de se localizar em estruturas tubulares diferentes dos vasos sanguíneos, mantendo, ainda, a característica de heterotopia inerente às calcificações patológicas. A patogenia de formação dos cálculos se resume na formação de um núcleo calcificado de forma distrófica; esse núcleo se desloca para a luz do ducto, onde cresce devido a sucessivas incrustações ao redor de sua estrutura.
Todo o mecanismo é facilitado pela presença de pH alcalino e pela concentração de carbonato de cálcio e de fosfato de cálcio no local. A calculose pode levar à obstrução, à lesão ou à infecção dos ductos, principalmente do pâncreas, da glândula salivar, da próstata e dos tratos urinário e biliar.
NEOPLASIA
 
Existem formas controladas e não controladas de crescimento celular. A hiperplasia, a metaplasia e a displasia são exemplos de crescimento controlado, enquanto que as neoplasias correspondem às formas não controladas de crescimento e são denominadas, na prática clínica, de "tumores". A primeira dificuldade que se enfrenta no estudo das neoplasias é a sua definição, pois ela se baseia na morfologia e na biologia do processo tumoral. Com a evolução do conhecimento, modifica-se a definição. Uma definição aceita é: “Massa anormal de tecido, cujo crescimento excede e é não coordenado quando comparado com o tecido normal equivalente. Este crescimento é persistente mesmo após o estímulo que o deu origem. O defeito celular adquirido é permanente e transmitido às células-filhas”. É fundamental ressaltarque existem várias neoplasias que são exceções a tal definição.
 
CLASSIFICAÇÃO
Várias classificações foram propostas para as neoplasias. A mais utilizada leva em consideração dois aspectos básicos: o comportamento biológico e a histogênese.
 
COMPORTAMENTO BIOLÓGICO
De acordo com o comportamento biológico as neoplasias podem ser agrupadas em dois tipos principais: neoplasia benigna e maligna (esta última é popularmente conhecida como “câncer”). Tais neoplasias, quando somadas, contabilizam mais de 850 diferentes tipos, quando a histogênese é levada em consideração. Um dos pontos mais importantes no estudo das neoplasias é estabelecer os critérios de diferenciação entre cada uma destas lesões, o que, algumas vezes, torna-se difícil. Estes critérios serão discutidos a seguir e são, na grande maioria dos casos, morfológicos.
Cápsula
As neoplasias benignas tendem a apresentar crescimento lento e expansivo, determinando a compressão dos tecidos vizinhos, o que leva a formação de uma pseudocápsula fibrosa. Já nos casos das neoplasias malignas, o crescimento rápido, desordenado, infiltrativo e destrutivo não permite a formação desta pseudocápsula; mesmo que ela se encontre presente, não deve ser equivocadamente considerada como tal, e sim como tecido maligno.
Crescimento
Todos os tecidos ou órgãos apresentam um parênquima (células em atividade metabólica) e um estroma (tecido conjuntivo de sustentação ao parênquima). Os tumores também têm estas estruturas, sendo que os benignos, por exibirem normalmente um crescimento mais lento, possuem estroma e uma rede vascular adequada, por isso que raramente apresentam necrose e hemorragia. No caso dos tumores malignos, observa-se que, pela rapidez e desorganização do crescimento, pela capacidade infiltrativa e pelo alto índice de duplicação celular, eles apresentam uma desproporção entre o parênquima tumoral e o estroma vascularizado. Isto acarreta áreas de necrose ou hemorragia, com graus variáveis de acordo com a velocidade do crescimento e o tempo de existência do tumor.
Morfologia
O parênquima tumoral exibe um grau variado de células. As células neoplásicas dos tumores benignos reproduzem o aspecto das células do tecido que lhes deu origem, sendo desta forma, denominadas de células bem diferenciadas. As células dos tumores malignos perderam estas características, têm graus variados de diferenciação e, portanto, guardam pouca semelhança com as células que as originaram e são denominadas de células pouco diferenciadas. Quando suas características são estudas ao microscópio, é possível observar células com alterações de membrana, citoplasma irregular e núcleos com variações da forma, tamanho e cromatismo.
Mitose
O número de mitoses expressa a atividade da divisão celular. Isto significa que quanto maior a atividade proliferativa de um tecido, maior será o número de mitoses verificadas. No caso dos tumores, o número de mitoses está inversamente relacionado com o grau de diferenciação. Quanto mais diferenciado for o tumor, menor será o número de mitoses observadas e menor a agressividade do mesmo. Nos tumores benignos, as mitoses são raras e têm aspecto típico, enquanto que, nas neoplasias malignas, elas são em maior número e atípicas.
 
Antigenicidade
As células dos tumores benignos, por serem bem diferenciadas, não apresentam a capacidade de produzir antígenos. Já as células malignas, pouco diferenciadas, têm esta propriedade, o que permite o diagnóstico precoce de alguns tipos de câncer.
 
Metástase
As duas propriedades principais das neoplasias malignas são: a capacidade de invadir tecidos adjacentes e a realização de metástases. Por definição, a metástase constitui o crescimento neoplásico à distância, sem continuidade e sem dependência do foco primário.
 
Resumo
Características Diferenciais dos Tumores
	Critério
	Benigno
	Maligno
	encapsulação
	frequente
	ausente
	crescimento
	lento, expansivo e bem delimitado
	rápido, infiltrativo e pouco delimitado
	morfologia
	semelhante à origem
	diferente
	mitose
	raras e típicas
	frequentes e atípicas
	antigenicidade
	ausente
	presente
	metástase
	não ocorre
	frequente

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