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Direito Processual Civil II Prof. Alexandre Luna Direito Processual Civil II AULA 10 PROCEDIMENTOS ESPECIAIS CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO Direito Processual Civil II •Paralelamente ao direito do credor em receber o que lhe é devido, há o direito do devedor em se liberar do vínculo obrigacional. •Dispõe o art. 304 do CC, nesse diapasão, que “qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor”. Direito Processual Civil II •A fim de possibilitar a satisfação do direito de se liberar do vínculo obrigacional, criou-se modalidade especial de pagamento: a CONSIGNAÇÃO, que consiste no depósito judicial ou em estabelecimento bancário da quantia ou coisa devida (arts. 334 e ss. do CC). •Assim, ao devedor ou terceiro que, por circunstâncias diversas, estiver impedido de efetivar o pagamento, faculta-lhe a lei possibilidade de fazer a consignacão do valor devido, com o objetivo de ver declarada extinta a obrigação. Direito Processual Civil II • Consiste a CONSIGNAÇÃO numa forma indireta de o devedor se livrar do vínculo obrigacional independentemente da aquiescência do credor. • Ex.: o locador se recusa a receber o aluguel, ao argumento de que o valor devido é superior ao ofertado. Abre-se, então a oportunidade de manejar a ação de consignação em pagamento ou de fazer a consignação extrajudicial. Direito Processual Civil II HIPÓTESES AUTORIZADORAS DA CONSIGNAÇÃO Código Civil – Art. 335: A consignação tem lugar: I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.” Direito Processual Civil II OBJETO DA CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO • Segundo se extrai do art. 539 do CPC, a ação de consignação em pagamento só pode ter por objeto as obrigações de dar (dinheiro ou outro gênero de coisa). • A coisa pode ser fungível ou não fungível, móvel ou imóvel. • Exige-se, entretanto, que a prestação seja, em regra, líquida e certa, ainda que indeterminada a coisa, devendo-se entender por liquidez a determinação precisa da importância devida. Direito Processual Civil II CONSIGNAÇÃO EXTRAJUDICIAL • Até o advento da Lei no 8.591/94, a consignação extrajudicial somente era possível - aliás, obrigatória - nas prestações oriundas de compromisso de compra e venda por lote urbano (arts. 33 e 38, § 1o, da Lei n o 6.766/79). Direito Processual Civil II •A partir de 1994, admite-se a CONSIGNAÇÃO EXTRAJUDICIAL a critério do devedor quando a prestação for quantia em dinheiro e existir estabelecimento bancário oficial ou particular no lugar do pagamento (art. 890, § 1o). •Conquanto previsto na lei processual, o depósito extrajudicial é instrumento de direito material, representando providência que pode evitar a demanda judicial, desde que o credor, devidamente cientificado do depósito extrajudicial não manifeste recusa per escrito ao estabelecimento bancário. Direito Processual Civil II •A consignação extrajudicial pressupõe, ainda: - credor certo; - capacidade civil do credor; - credor solvente: os créditos existentes em favor do credor falido ou insolvente serão administrados pelas respectivas massas. O falido não tem administração sobre seus bens, o que torna ineficaz a consignação extrajudicial em favor dele; - certeza do objeto da obrigação: havendo litigiosidade da coisa, apenas o depósito judicial liberará o devedor, sob pena de, pagando extrajudicialmente, pagar mal e ser obrigado a repetir o ato. Direito Processual Civil II • Realizado o depósito extrajudicial, o credor será cientificado por carta com aviso de recebimento, podendo, no prazo de 10 dias: - comparecer à agência bancária e levantar o depósito, o que implicará extinção da obrigação; - permanecer inerte, hipótese em que se presumirá aceito o depósito, com a liberação do devedor, ficando a quantia à disposição do credor (art. 539, § 2o); - manifestar por escrito ao estabelecimento bancário, a recusa do recebimento. Direito Processual Civil II • Havendo recusa manifesta, poderá o devedor dentro do prazo de 30 dias, ajuizar ação consignatária, instruindo a inicial com cópia do depósito e da recusa (art. 539, § 3o). • Não ajuizada a ação no prazo previsto, considera-se sem efeito o depósito podendo levantá-lo o depositante (art. 539 § 4o). Direito Processual Civil II CONSIGNAÇÃO JUDICIAL •A consignação será necessariamente judicial quando tiver por objeto coisa ou quando não for possível, em razão de certas circunstâncias, utilizar a via extrajudicial (bancária). •O procedimento da consignação em pagamento tem natureza preponderantemente cognitiva, englobando também, ato executivo – o depósito que retirar porção do patrimônio do devedor para satisfação do crédito do credor. Direito Processual Civil II LEGITIMIDADE PARA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO LEGITIMIDADE ATIVA • Estabelece o art. 304, caput, do Código Civil, que qualquer interessado na extinção da dívida poderá pagá-la, usando-se dos meios conducentes à exoneração do devedor se o credos se opuser. • Serão partes legítimas para a propositura da ação consignatória o devedor e também o terceiro juridicamente interessado no pagamento da dívida, como por exemplo, o síndico na falência, o herdeiro e o sócio. Direito Processual Civil II • Importante atentar, contudo, para o disposto no parágrafo único do mesmo art. 304 do CC, segundo qual “igual direito [o de pagar a dívida] cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste. • Ex. o pai que tem interesse de fato, mas não jurídico, em saldar a dívida do filho. Direito Processual Civil II • Tendo a ação consignatória por objeto aluguel ou encargos locatícios, reputar-se-ão ativamente legítimos o inquilino, seu cônjuge ou companheiro (art. 12 da Lei no 8.245/91), o ocupante de habitação coletiva multifamiliar (art. 2o, parágrafo único), o sublocatário e o fiador. Direito Processual Civil II LEGITIMIDADE PASSIVA •Legitimado passivo será o credor conhecido ou quem alegue ostentar tal condição (CC, art. 308), ou ainda o credor incerto, a ser citado por edital. •O credor absolutamente ou relativamente incapaz também é parte legítima para figurar no polo passivo da relação processual, desde que representado ou assistido. •Na hipótese de haver dúvida quanto à titularidade do crédito, ter-se-á a formação de litisconsorte passivo necessário entre aqueles que se intitulam credores. Direito Processual Civil II • Tratando-se de consignação de alugueres ou outros encargos locatícios, podem figurar no polo passivo da relação jurídico-processual o locador, o sublocador, o espólio (se morto o locador), a massa falida. Direito Processual Civil II FORO COMPETENTE • Quando a ação consignatória for regida pelo CPC, deverá ser proposta no foro do lugar do pagamento. • Tem relevância para determinação do foro competente para a ação de consignação em pagamento a natureza da dívida. Direito Processual Civil II • Sendo ela quesível - ao credor compete receber o pagamento -, será competente o foro do domicílio do autor (devedor). • O foro do domicílio do devedor também será o competente quando a ação de consignação fundar-se no desconhecimento de quem seja o credor, independentemente da natureza daobrigação, até mesmo pela impossibilidade lógica de se encontrar outro. Direito Processual Civil II • Tratando-se de obrigação portável – ao devedor compete oferecer o pagamento -, a competência será o domicílio do réu (credor). • Se a prestação tiver por objeto coisa certa, competente será o foro no qual ela se encontrar. Direito Processual Civil II • Pode a consignação ser proposta, também, no foro de eleição (CPC, art. 63). • Entretanto, “a cláusula que estabelece o lugar de pagamento prevalece sobre a genérica, de eleição de foro”. • A ação consignatária de aluguéis e encargos deverá ser proposta no foro contratualmente estabelecido pelas partes e, na sua falta, no lugar da situação do imóvel (art. 58 II, da Lei no 8.245/91). Direito Processual Civil II • A competência para a ação de consignação rege-se pelo critério da territorialidade, sendo, portanto, relativa. • Destarte, se a ação é proposta em foro incompetente e o réu não opõe exceção no prazo legal, opera-se a prorrogação da competência. Direito Processual Civil II PROCEDIMENTO DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO • Não sendo cabível o depósito extrajudicial ou não tendo o devedor logrado êxito com essa modalidade de consignação (porque o credor manifestou recusa em receber), resta-lhe a faculdade de ajuizar a ação consignatória, instruindo a petição inicial com a prova do depósito e da recusa, se for o caso (art. 539, § 3o). Direito Processual Civil II • Na hipótese de não existir depósito extrajudicial (art. 539, § 4o), cabe ao autor requerer na petição inicial o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 05 dias contado do deferimento da inicial (art. 542,I). • Tratando-se de obrigação de pagar quantia, o depósito será realizado em conta judicial, à disposição do juízo e sujeito à correção monetária. Direito Processual Civil II •A não realização do depósito no prazo de 05 dias acarreta a extinção do processo sem resolução do mérito. •O depósito representaria ato essencial ao prosseguimento da consignatória, uma vez que o réu só seria citado após sua realização. •De fato, o depósito constitui pressuposto processual específico do procedimento consignatário, cuja ausência obsta o prosseguimento do feito, acarretando sua extinção sem resolução do mérito. Direito Processual Civil II • Tratando-se de prestações periódicas, uma vez consignada a primeira, pode o devedor continuar a consignar, no mesmo processo e sem maiores formalidades, as que forem vencendo, desde que os depósitos sejam efetuados até cinco dias, contados da data do vencimento (art. 541). Direito Processual Civil II • Na ação de consignação em pagamento, o valor da causa será o valor da prestação devida. • Tratando-se da obrigação de dar, corresponderá ao valor da coisa. • Nas obrigações de pagar a quantia, o valor da causa será o do débito principal, acrescido dos juros e demais encargos moratórios, se for o caso. Direito Processual Civil II • Depositada a coisa, o réu é citado para levantar o depósito ou oferecer resposta no prazo de 15 dias (CPC, art. 542, II). • Se o objeto da prestação for coisa indeterminada, e a escolha couber ao credor, este será citado para exercer o direito dentro de 05 dias, se outro prazo não constar de lei ou do contrato (art. 543). Direito Processual Civil II • A partir dessa fase, o processo seguirá o rito do procedimento ordinário, culminando com a sentença. • Julgando procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação (art. 546, caput, e parágrafo único). • Quando a consignação se fundar em dúvida sobre quem deva legitimamente receber, o autor requererá o depósito e a citação de todas as pessoas que disputam a titularidade do crédito, seguindo o procedimento o rito estabelecido no art 548. Direito Processual Civil II • Efetuado o depósito e citado o réu, este poderá assumir três diferentes condutas: a) aceitar o depósito e levantá-lo:; b) ofertar contestação e/ou qualquer outra modalidade de resposta; c) permanecer inerte, com a consequente decretação de sua revelia e julgamento antecipado da lide. Direito Processual Civil II •Optando o demandado por oferecer resposta, terá o prazo de 15 dias para tanto. •Admitem-se todas as modalidades de resposta: contestação, reconvenção e exceção. •Contestando, poderá o réu alegar a inocorrência de recusa ou mora no recebimento da quantia ou coisa devida (art. 544, I, do CPC). •O demandado poderá, ainda, reconhecer a recusa, mas fundar sua defesa na correção da sua conduta (art. 544, II), alegando, por exemplo, a ausência de qualquer dos requisitos do pagamento (não cumprimento da obrigação, incapacidade do devedor, não vencimento da dívida). Direito Processual Civil II •Finalmente, poderá alegar a não integralidade do depósito (art. 544, IV). • Importante frisar que, adotando tal defesa, compete ao réu a indicação do montante que repute devido, sob pena de desconsideração da alegação articulada. •Saliente-se também que, nesse caso, a ação de consignagão em pagamento assume natureza dúplice, ou seja, rejeitado o pedido formulado pelo autor, o Juiz o condenará a satisfazer o montante devido. Direito Processual Civil II • Poderá o réu alegar, ainda, qualquer das defesas processuais indicadas no art. 337, a serem suscitadas como questões preliminares. • Nos termos do art. 545, caput, será lícito ao autor complementar o depósito, no prazo de 10 dias. • Se a única alegação de defesa for a insuficiência do depósito, sua complementação implicará a extinção do processo com resolução no mérito. Direito Processual Civil II • Neste caso, conquanto o autor seja o vencedor da demanda, será ele condenado ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em favor do réu/credor. • Isso porque, tivesse o devedor oferecido, desde logo, o valor carreto, não haveria recusa e desnecessário seria o ajuizamento da ação de consignação. • Alegada a insuficiência do depósito, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada (art. 545, § 1o). Direito Processual Civil II •Ofertada contestação pelo réu, e não sendo o caso de julgamento antecipado, proceder-se-á à instrução do feito. •Encerrada a instrução, tem-se a prolação de sentença. •O procedimento consignatório é de natureza eminentemente declaratória. •Pretende o autor um provimento jurísdicional que declare a idoneidade do depósito efetivado e a consequente extinção do vínculo obrigacional. Direito Processual Civil II •A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o montante devido e, nesse caso, valerá como título executivo. •Nesta hipótese, o pedido inicial será julgado parcialmente procedente e a sentença ostentará natureza dúplice: meramente declaratória (no capítulo em que reconhecer a liberação parcial do devedor) e condenatória (no ponto em que julgar procedente o pedido do réu ao recebimento da diferença apurada. Direito Processual Civil II •Poderá o réu/credor promover, nos mesmo autos, o cumprimento da sentença (arts. 523 e seguintes do CPC). •A sentença sujeitar-se-á ao recurso de apelação, a ser recebido nos efeitos devolutivo e suspensivo (art. 1.012 do CPC). Direito Processual Civil II No novo CPC • Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida. • § 1o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinadoo prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa. • § 2o Decorrido o prazo do § 1o, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada. • § 3o Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a prova do depósito e da recusa. • § 4o Não proposta a ação no prazo do § 3o, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante. Direito Processual Civil II Competência e inicial • Art. 540. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o devedor, à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada improcedente. • Art. 541. Tratando-se de prestações sucessivas, consignada uma delas, pode o devedor continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que o faça em até 5 (cinco) dias contados da data do respectivo vencimento. • Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá: • I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539, § 3o; • II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação. • Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo do inciso I, o processo será extinto sem resolução do mérito. • Art. 543. Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, será este citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor a faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar Direito Processual Civil II Contestação • Art. 544. Na contestação, o réu poderá alegar que: • I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida; • II - foi justa a recusa; • III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento; • IV - o depósito não é integral. • Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação somente será admissível se o réu indicar o montante que entende devido. • Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato. • § 1o No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida. Direito Processual Civil II Sentença • Art. 546. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios. • Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der quitação. • Art. 547. Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos possíveis titulares do crédito para provarem o seu direito. Direito Processual Civil II Art. 548. No caso do art. 547: I - não comparecendo pretendente algum, converter-se-á o depósito em arrecadação de coisas vagas; II - comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano; III - comparecendo mais de um, o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando o processo a correr unicamente entre os presuntivos credores, observado o procedimento comum. Art. 549. Aplica-se o procedimento estabelecido neste Capítulo, no que couber, ao resgate do aforamento Direito Processual Civil II AULA 10 PROCEDIMENTOS ESPECIAIS EXIGIR CONTAS Direito Processual Civil II NOÇÕES GERAIS Todo aquele que, de qualquer modo administrar bens ou interesse alheios, por força de relação jurídica legal ou contratual, tem a obrigação de prestar contas, quando solicitado. O conflito neste procedimento se concentra na busca de esclarecimentos sobre certas situações decorrentes da administração de bens alheios. Direito Processual Civil II NOÇÕES GERAIS A prestação de contas visa possibilitar ao Autor a liquidação de um relacionamento jurídico existente ente ele e o réu. Assim, seu objetivo é definir quem é o credor de determinada relação jurídica material, com a imediata fixação do saldo devedor, que poderá ser exigida no mesmo processo Direito Processual Civil II EXEMPLOS DE RELAÇÕES JURÍDICAS • Tutor em face do tutelado (arts. 1755 a 1762, CC) • Curador em face do curatelado (arts. 1774 e 1783, CC) • Sucessor provisório em relação aos bens do ausente (art. 33, CC) • Mandatário em face do mandante (art. 668, CC) • Testamenteiro em face dos herdeiros (arts. 618, VII, e 622, V do CPC) • Curador em relação aos bens que integram a herança jacente (art. 739, §1º., V, CPC) • Advogado em relação ao constituinte (Art. 34, XXI, EOAB) Direito Processual Civil II FUNDAMENTO LEGAL CPC/73 – Artigos 914/919 - Exigir contas; - Dar contas. CPC/15 – Artigos 550/553 - Exigir contas. O CPC/15 excluiu o procedimento de dar contar existente no CPC/73. CPC, 914. A ação de prestação de contas competirá a quem tiver: I – o direito de exigi-las; II – a obrigação de prestá-las. Direito Processual Civil II LEGITIMIDADE • Quem tem direito de exigir as contas (ação de exigir contas, provocada) Direito Processual Civil II AÇÃO PARA EXIGIR CONTAS •Procedimento: compõe-se de duas fases: •1ª fase: Objetiva a verificação da obrigação de prestar contas imputada ao réu. •2ª fase: será para analisar as contas, determinar a existência de saldo credor ou devedor, bem como a condenação ao pagamento da referida quantia Direito Processual Civil II • Partes: – Autor: a pessoa que afirma o direito de tomá-las – Réu: aquele obrigado a prestá-las • Competência: foro do local onde se deu a gestão ou administração (art. 53, IV, b, CPC) Direito Processual Civil II • Primeira Fase: Na primeira fase acontecerá somente a discussão e definição acerca do direito em ver apresentadas as contas e do dever do réu em prestá-las. CPC/15, 550. Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá a citação do réu para que as preste ou ofereça contestação no prazo de 15 (quinze) dias. Petição Inicial: • CPC, 319; • CPC, 550. Citação para: • Apresentar contas; • Contestar. Direito Processual Civil II • Posturas do Réu: CPC/15, 550. § 2º Prestadas as contas, o autor terá 15 (quinze) dias para se manifestar, prosseguindo-se o processo na forma do Capítulo X do Título I deste Livro. Apresenta as contas e não contesta: Nesse caso, o juiz abrirá um prazo de 05 dias para que o autor se manifeste. Havendo necessidade de produção de provas, deverá designar audiência de instrução e julgamento e logo, proferirá a sentença, se não houver a necessidade de produção de provas. Direito Processual Civil II • Posturas do Réu: CPC/15, 550. § 2º Prestadas as contas, o autor terá 15 (quinze) dias para se manifestar, prosseguindo-se o processo na forma do Capítulo X do Título I deste Livro. Apresenta as contas e contesta: Se conseguir provar que não as prestou por culpa do autor, não será condenado ao pagamento dos honorários advocatícios. Havendo necessidade de produção de provas, deverá designar audiência de instrução e julgamento. Direito Processual Civil II • Posturas do Réu: CPC/15, 550. § 4º Se o réu não contestar o pedido, observar-se-á o disposto no art. 355. § 5º A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar as contas no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar. Não apresenta as contas e não contesta: Nesse caso, o juizdecretará sua revelia e julgará, se assim verificar ser a ação procedente, condenará o réu a prestar as contas no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de não Ihe ser lícito impugnar as que o autor apresentar (art. 355, CPC: Julgamento Antecipado de Mérito). Direito Processual Civil II • Posturas do Réu: Contesta alegando que não tem obrigação de prestar contar: Nesse caso, o juiz, analisando a questão, poderá designar audiência de instrução e julgamento desde que seja conveniente a produção de provas. Direito Processual Civil II • A primeira fase encerra-se com um pronunciamento judicial acerca da existência ou não do direito de exigir contas. • Segunda Fase: deferido o dever de o réu prestar as contas, será ele intimado para fazê-lo no prazo de 48 horas. OBS: Caso haja recurso de apelação da sentença que condena à prestação de contas e mantida a decisão o prazo será contado a partir da cientificarão da parte a cerca da baixa dos autos. Direito Processual Civil II - Se apresentá-las: 5 dias para que o autor se manifeste sobre elas (podendo o prazo ser prorrogado, a pedido) - Se não as apresentar: autor apresenta as contas em 10 dias, vedada impugnação do réu Sentença: juiz decidirá julgadas as contas, a respeito do saldo e condenará o devedor a pagá-lo, podendo ser exigido em execução forçada Direito Processual Civil II Direito Processual Civil II Direito Processual Civil II • NOÇÕES GERAIS FORMA DE APRESENTAÇÃO DAS CONTAS Art. 551. As contas do réu serão apresentadas na forma adequada, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver. § 1o Havendo impugnação específica e fundamentada pelo autor, o juiz estabelecerá prazo razoável para que o réu apresente os documentos justificativos dos lançamentos individualmente impugnados. § 2o As contas do autor, para os fins do art. 550, § 5o, serão apresentadas na forma adequada, já instruídas com os documentos justificativos, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver, bem como o respectivo saldo. Direito Processual Civil II • NOÇÕES GERAIS PRESTAÇÃO DE CONTAS POR DEPENDÊNCIA Art. 553. As contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de qualquer outro administrador serão prestadas em apenso aos autos do processo em que tiver sido nomeado. Parágrafo único. Se qualquer dos referidos no caput for condenado a pagar o saldo e não o fizer no prazo legal, o juiz poderá destituí-lo, sequestrar os bens sob sua guarda, glosar o prêmio ou a gratificação a que teria direito e determinar as medidas executivas necessárias à recomposição do prejuízo. Direito Processual Civil II AÇÃO DE DAR CONTAS: O procedimento da ação de dar contas é concentrado em uma única fase, competindo ao devedor das contas apresentá-las já com a petição inicial. O Credor das contas será citado para no prazo de cinco dias: - Aceitar expressamente as contas: O juiz deverá julgar à ação no prazo de dez dias, pois com a aceitação do réu foi reconhecido a procedência da petição inicial. - Ofertar contestação: Alegar as opções do art. 337 do CPC - Impugnar as Contas: Neste caso estará o réu insurgindo quanto ao aspecto formal. - Contestar e impugnar as contas: O réu estará contestando e impugnando o conteúdo e forma das contas apresentadas - Permanecer inerte: Configura a revelia, proceder-se-á o julgamento antecipado da lide. Direito Processual Civil II
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