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GENÉTICA 
Nomenclatura Básica: 
Gene autossômico – é o que está situado em um cromossomo autossomo, ou seja, um dos 
cromossomos numerados de 1 a 22. 
Gene Ligado ao X ou Ligado ao Y – refere-se ao gene situado no cromossomo X ou Y, 
respectivamente. 
Locus (plural loci) – é a posição ou local em um cromossomo onde o gene está situado. 
Alelos – são formas alternativas do mesmo gene. 
Heterozigoto – refere-se a presença de dois alelos diferentes em um mesmo lócus. 
Homozigoto – refere-se a presença de dois alelos idênticos em um mesmo lócus. 
Genótipo – é a combinação dos alelos presentes em um ou mais loci. 
Fenótipo – expressão observada de um genótipo. 
Heterogeneidade – refere-se a diversidade. 
Heterogeneidade de lócus – significa que uma condição pode ser causada por mutações e loci 
diferentes. 
Heterogeneidade alélica – indica que um caráter genético pode ser causado por mutações diferentes 
no mesmo lócus. 
Dominante – significa que uma única cópia de um gene anormal é o suficiente para o 
desenvolvimento do distúrbio genético. 
Recessivo - indica que ambas as cópias do gene têm que estar alteradas para a expressão da doença. 
Heredograma – construção esquemática de uma árvore familial com o propósito de facilitar o 
reconhecimento do padrão de transmissão do distúrbio genético. 
As doenças hereditárias humanas são normalmente classificadas sob os títulos de: 
Monogênicas – quando um caráter hereditário é determinado pela modificação em um único gene. 
Cromossômicas – quando o distúrbio genético resulta da perda ou ganho de uma quantidade 
significativa de material cromossômico. 
Poligênicas (multifatoriais) – quando a doença genética é decorrente dos efeitos combinados de 
vários genes, cada um fazendo uma pequena contribuição, associado com fatores ambientais de 
risco. 
Padrões de Herança Monogênica: 
1. Autossômica (recessiva e dominante) 
2. Ligada ao sexo (hemizigoto e herança holândrica) 
Herança autossômica: tem igual frequência em homens e mulheres; é possível de se encontrar uma 
transmissão homem-homem. 
Herança autossômica recessiva 
São necessários dois genes com defeito, um do pai e um da mãe, para que o indivíduo tenha a 
doença. Por essa razão, casamentos entre consanguíneos tem maior chance de descendentes com 
doenças recessivas. 
Um distúrbio que apresenta herança autossômica recessiva só se manifesta no estado homozigoto, 
sendo os indivíduos afetados portadores dos dois alelos mutantes. Com raras exceções, um destes 
alelos mutantes terá sido herdado de cada um dos genitores heterozigotos não afetados 
(portadores). 
Três tipos de combinações podem levar a uma prole homozigota afetada por uma doença 
autossômica recessiva. O alelo recessivo mutante é simbolizado como “r” e o seu alelo dominante 
como “R”. Embora qualquer combinação na qual cada genitor possua ao menos um alelo recessivo 
possa produzir descendência homozigota afetada, a combinação mais comum é aquela entre dois 
heterozigotos não afetados. 
 
Quando dois genitores que são ambos portadores têm filhos, em média, ½ deles serão portadores, ¼ 
será homozigoto afetado e o ¼ restante será homozigoto normal. 
 Características: 
- O fenótipo é encontrado tipicamente apenas na irmandade do afetado e o fenótipo salta gerações 
- O risco de recorrência para cada irmão do afetado é 1 em 4 (25%) 
- Ambos os sexos tem a mesma probabilidade de serem afetados 
- Em geral, apenas os membros de uma família são afetados; 
Distúrbios que apresentam herança autossômica recessiva: Albinismo ocolocutâneo, alcaptonúria, 
anemia falciforme, doença de Tay-Sachs, fenilcetonúria, fibrose cística, hemocromatose, 
galactosemia, e quase todos os erros hereditários do metabolismo. 
Herança Autossômica Dominante: 
Um fenótipo que é expresso tanto em homozigotos quanto em heterozigotos para um alelo mutante 
é reconhecido como dominante. Os distúrbios dominantes ocorrem se houver ou não um produto 
genético normal produzido pelo alelo normal remanescente. Em uma doença dominante pura, 
homozigotos e heterozigotos para o alelo mutante são, ambos, igualmente afetados. Entretanto, os 
distúrbios dominantes são mais graves em homozigotos do que em heterozigotos, situação na qual a 
doença é denominada incompletamente dominante (ou semi-dominante). 
O risco e a gravidade da doença dominantemente herdada na prole dependem de se um ou ambos 
os genitores está afetado e de se a característica é estritamente dominante ou incompletamente 
dominante. 
Obviamente, cada gestação é um evento independente, não governado pelo resultado de gestações 
anteriores. Portanto, dentro de uma família, a distribuição de filhos afetados e não afetados pode ser 
bem diferente da proporção teórica esperada de1:1, especialmente se a prole for pequena. 
Na prática médica, os homozigotos para os fenótipos dominantes não são freqüentemente vistos 
porque as uniões que poderiam produzir uma descendência homozigota são raras. 
Mutação nova na herança autossômica dominante – a maioria das condições dominantes de 
importância clínica ocorre não somente por meio da transmissão de alelos mutantes, mas também 
por meio da herança de uma nova mutação, espontânea, em um gameta herdado de um genitor não 
afetado. Isso acontece porque os distúrbios dominantes podem ocorrer quando só um dos membros 
do par de alelos em um lócus é defeituoso, tenha ele sido herdado de um genitor heterozigoto ou 
surgido por meio de uma mutação espontânea no gameta transmitido por um genitor não-afetado. 
Características da herança autossômica dominante 
- O fenótipo geralmente aparece em todas as gerações, com cada uma das pessoas afetadas 
possuindo um genitor afetado. As exceções a essa regra são: casos originados por mutação nova 
ocorrida no gameta do genitor não afetado, e casos dos quais não é expresso (não penetrante) ou só 
é expresso de modo sutil em uma pessoa que herdou o alelo mutante; 
- O fenótipo é expresso da mesma maneira em homozigotos e heterozigotos; 
- Familiares fenotipicamente normais não transmitem o fenótipo para seus filhos; 
- Qualquer filho de um genitor afetado tem 50% e risco de herdar a o alelo mutante; 
- Membros fenotipicamente normais das famílias não transmitem o fenótipo afetado para seus 
filhos; 
- Homens e mulheres têm iguais probabilidades de transmitir o fenótipo para a prole. 
- Distúrbios que apresentam herança autossômica dominante: acondroplasia, distrofia miotônica, 
doença adulta do rim policístico, doença de Huntington, hipercolesterolemia familiar, 
neurofibromatose (tipos 1 e 2), osteogênese imperfeita, retinoblastoma, Síndrome de Marfan. 
Fatores que afetam os padrões do heredograma: 
Nem sempre um mesmo genótipo possui um mesmo fenótipo e uma mesma doença a mesma 
gravidade em diversos indivíduos. Desde modo, o heredograma pode ser afetado devido a 
penetrancia reduzida, expressividade variável, heterogeneidade de alelos (Alélica) e de locus, 
pleitropia, mutações novas, antecipação clínica e demais fatores, como idade do início, outros genes 
e fatores ambientais, famílias de tamanho pequeno, dificuldades de diagnostico... 
Fatores que Afetam os Padrões de Herança: 
Mutações novas: Se uma criança nasceu com uma doença genética e não há histórico da doença na 
família, é possível que a criança seja produto de uma mutação nova (isto é especialmente provável se 
a doença em questão for autossômica dominante). Isto é, o gene transmitido por um dos genitores 
sofreu alteração no DNA, resultando em uma mutação de um alelo normal para um causador de 
doença. Os genes neste lócus nas outras células germinativas do genitor seriam normais. Neste caso, 
o risco de recorrência para a prole subseqüente do genitor não é elevado acima do da população em 
geral. Entretanto, a prole da criança afetada pode ter um risco de ocorrênciasubstancialmente 
elevado. Uma grande proporção dos casos observados de muitas doenças autossômicas dominantes 
resulta de mutações novas. 
Mosaicismo germinativo: Ocasionalmente, duas ou mais pessoas da prole apresentarão uma doença 
autossômica dominante quando não há histórico familiar da doença. Como a mutação é um evento 
raro, é improvável que isso seja devido a várias mutações na mesma família. O mecanismo mais 
provável como responsável é chamado mosaicismo germinativo. Durante o desenvolvimento 
embrionário de um dos genitores, ocorreu uma mutação que afetou toa ou parte da linhagem 
germinativa, mas poucas ou nenhuma das células somáticas do embrião. Assim, o genitor tem a 
mutação em sua linhagem germinativa, mas de fato não expressa a doença. Como resultado, ele (ou 
ela) pode transmitir a mutação para vários descendentes. Este fenômeno, embora relativamente 
raro, pode ter efeitos significativos nos riscos de recorrência, quando ele ocorre. 
Idade atrasada de manifestação: Enquanto algumas doenças genéticas se expressam ao nascimento, 
ou logo após, muitas outras não são aparentes senão já na vida adulta. Isto é conhecido como idade 
atrasada de manifestação. O atraso na idade de início reduz assim a seleção natural contra um gene 
de doença, aumentando a sua freqüência na população. 
Penetrância reduzida: é a probabilidade de que um gene venha, de fato, a possuir uma expressão 
fenotípica. Quando a freqüência de expressão de um fenótipo é de menos de 100% - ou seja, quando 
alguns falham completamente em expressá-los -, diz-se que o gene exibe uma Penetrância reduzida. 
A penetrância é um conceito de “tudo-ou-nada”. É a percentagem de pessoas com um genótipo 
predisponente que são afetadas, pelo menos em alguma medida. 
Expressividade variável: A expressividade variável refere-se a intensidade da expressão do fenótipo 
da doença. As causas da expressividade variável em geral não são conhecidas. Efeitos ambientais 
podem às vezes ser responsáveis: na ausência de um determinado fator ambiental, o gene se 
expressa com gravidade diminuída ou nenhuma. Uma outra causa possível é a interação de outros 
genes, chamados de genes modificadores, com o gene da doença. Finalmente, a medida que a base 
molecular da mutação torna-se melhor compreendida, fica claro que alguns casos de expressividade 
variável são devidos a tipos diferentes de mutações (alelos diferentes) no mesmo lócus de doença. 
Isto se chama heterogeneidade alélica. 
 No heredograma só pode ser observado a penetrância 
Pleiotropia e Heterogeneidade: Os genes que exercem efeitos em múltiplos aspectos da fisiologia ou 
anatomia são pleiotrópicos. A pleiotropia é uma característica comum de genes humanos. A 
síndrome de Marfan (acometimento de olhos, esqueleto e sistema cardiovascular), a Fibrose Cística 
(acometimento das glândulas sudoríparas, pulmões, pâncreas) osteogênese imperfeita (ossos, 
dentes e esclera são afetados) e o albinismo (distúrbios na pigmentação e no desenvolvimento da 
fibra óptica) são exemplos clássicos de doenças hereditárias com efeitos pleiotrópicos. 
Do mesmo modo que um gene pode ter múltiplos efeitos, um único fenótipo de doença pode ser 
causado por mutações em diferentes loci em diferentes famílias. A causa do mesmo fenótipo de 
doença por mutações em loci distintos é chamada de heterogeneidade de lócus. 
Imprinting genômico: Alguns genes de doenças podem-se expressar diferentemente quando 
herdados de um sexo versus o outro. Isto é o imprinting genômico. Ele está associado, e 
possivelmente causado, pela metilação do DNA. 
Antecipação e Expansão de repetição: A antecipação refere-se a uma expressão mais cedo e mais 
grave de uma doença. A expansão de repetições de DNA tem sido demonstrada causando 
antecipação em algumas doenças humanas (ex.: doenças neuromusculares e neurodegenerativas). 
Estas doenças podem ser classificadas em grupos, dependendo do tamanho da expansão, local da 
repetição, consequências fenotípicas da expansão, efeito da mutação e genitor no qual ocorreu 
tipicamente a grande expansão. 
Herança ligada ao sexo: Os cromossomos X e Y, que são responsáveis pela determinação do sexo, 
estão distribuídos desigualmente entre homens e mulheres. Por este motivo, os fenótipos 
determinados pelos genes localizados no cromossomo X apresentam uma distribuição sexual 
característica e um padrão de herança que geralmente não é fácil de identificar. 
Uma vez que os homens possuem somente um cromossomo X, enquanto as mulheres possuem dois, 
só existem dois genótipos possíveis em homens e três em mulheres com respeito a um alelo em um 
lócus ligado ao X. Um homem com um alelo mutante em um lócus ligado ao X é hemizigoto para 
aquele alelo, enquanto as mulheres podem ser homozigotas tanto para o alelo do tipo selvagem 
quanto para o mutante, ou podem ser heterozigotas. 
Herança Recessiva Ligada ao X: 
A herança recessiva ligada ao X segue um padrão bem definido e facilmente identificável. Uma 
mutação recessiva ligada ao X é tipicamente expressa no fenótipo de todos os homens que a 
receberam, mas somente nas mulheres que são homozigotas para a mutação. Conseqüentemente, 
os distúrbios recessivos ligados ao X geralmente estão restritos aos homens e raramente são 
observados em mulheres. Mulheres heterozigotas podem expressar o fenótipo, considerando a 
hipótese de Lyon 
Características da herança recessiva ligada ao X 
- A incidência da característica é maior em homens do que em mulheres; 
- As mulheres heterozigotas geralmente não são afetadas, mas algumas podem expressar a condição 
com gravidade variável, conforme determinada pelo padrão de inativação do X; 
- O gene responsável pela condição é transmitido de um homem afetado para todas as suas filhas. 
Qualquer um dos filhos das suas filhas tem 50% de chance de herda-lo; 
- O alelo mutante geralmente nunca é transmitido por um homem afetado para todas as suas filhas; 
- O alelo mutante pode ser mantido através de uma série de portadores femininos; se assim o for, os 
homens afetados em uma família são aparentados através das mulheres. 
- Distúrbios que apresentam herança recessiva ligada ao X: daltonismo verde-vermelho, distrofia 
muscular de Duchenne e Becker, Hemofilia (A e B), Síndrome de Hunter, deficiência de glicose-6-
fosfato desidrogenase. 
Herança Dominante Ligada ao X: 
Um fenótipo ligado ao X é descrito como dominante se for regularmente expresso em heterozigotos. 
A herança dominante ligada ao X pode ser imediatamente distinguida da herança autossômica 
dominante pela ausência de transmissão homem a homem, o que é obviamente impossível para a 
herança ligada ao X, uma vez que os homens transmitem o cromossomo Y, não o X, para os seus 
filhos. Desse modo, a característica distintiva de um heredograma dominante ligado ao X 
completamente penetrante é que todas as filhas e nenhum dos filhos dos homens afetados são 
acometidos; se qualquer das filhas não for afetada ou qualquer filho estiver afetado, a herança 
deverá ser autossômica, e não ligada ao X. O padrão de herança por via feminina não é diferente do 
padrão autossômico dominante; uma vez que a mulheres possuem um par de cromossomos X, assim 
como possuem pares de autossomos, cada filho de uma mulher afetada tem 50% de chance de 
herdar a característica, independente do sexo. Nas múltiplas famílias com uma doença dominante 
ligada ao X, a expressão geralmente é mais branda nas mulheres, que quase sempre são 
homozigotas, porque o alelo mutante está localizado no cromossomo X inativo em uma proporção 
das suas células. Portanto, a maioria dos distúrbios dominantes ligados ao X são incompletamente 
dominantes, como é o caso da maioria dos distúrbios autossômicos dominantes. 
Características da herança dominante ligada ao X 
- Os homens afetados com parceiras normais não têm nenhum filho afetado e nenhuma filha normal;- Tanto os descendentes masculinos quanto os femininos das mulheres portadoras apresentam o 
risco de 50% de herdarem o fenótipo. O padrão do heredograma é semelhante ao observado na 
herança autossômica dominante; 
- As mulheres afetadas são cerca de duas vezes mais comuns do que os homens, mas nenhuma 
mulher afetada possui uma expressão mais leve (embora variável) do fenótipo. 
- Distúrbios que apresentam herança dominante ligada ao X: síndrome do X frágil, raquitismo 
resistente a vitamina D, síndrome de Rett 
Herança restrita ao sexo: É aquela que ocorre em genes que estão no cromossomo Y, conhecido 
como genes holândricos, só ocorrendo no sexo masculino. Apenas um pequeno numero de genes foi 
identificado no cromossomo Y, a maioria dos quais envolvidos na determinação da masculinidade e 
manutenção da espermatogênese. Eles incluem o SRY e DAZ. Um distúrbio que é ligado ao Y e dito 
apresentando herança holândrica, e e transmitido por um homem para todos os filhos homens e 
nenhuma das filhas mulheres. 
 
Herança influenciada pelo sexo, ou pseudoautossômica: é condicionada por genes presentes na 
parte comum de X e Y. A herança pseudoautossômica descreve o padrão de herança observado em 
genes na região pseudoautossômica dos cromossomos X e Y que podem ser permutados 
regularmente entre os dois cromossomos sexuais. Alelos para genes na região pseudoautossômica 
podem exibir transmissão homem a homem e, portanto, mimetizar a herança autossômica, porque 
podem fazer crossing-over do X para o Y durante a gametogênese masculina e ser passados a diante 
a partir de um pai para a sua descendência masculina. 
Genes autossômicos cujo efeito sofre influencia dos hormônios sexuais. Só se manifestam em um dos 
sexos, como por exemplo: alopecia 
 
Herança mitocondrial: somente a mãe pode transmitir a doença 
Hipótese de Lyon é a teoria que diz que as fêmeas dos mamíferos compensariam a dose dupla de 
seus cromossomos X inativando um deles, hoje conhecido como Corpúsculo de Barr. 
A inativação do X é um processo fisiológico normal no qual um cromossomo X é, em grande parte, 
inativado nas células somáticas nas mulheres normais (mas não nos homens normais), igualando, 
assim, a expressão da maioria dos genes ligados ao X em ambos os sexos (Teoria de Compensação de 
Dose). A relevância da inativação do X é profunda e faz com que as mulheres possuam duas 
populações celulares, uma na qual um dos cromossomos X está ativo e uma outra na qual o outro 
cromossomo X está ativo. Ambas as populações celulares nas mulheres são prontamente 
identificadas para alguns distúrbios. Dependendo do padrão de inativação aleatória do X dos dois 
cromossomos X, duas mulheres heterozigotas para uma doença ligada ao X podem apresentar 
quadros clínicos muito diferentes, uma vez que diferem na proporção de células que possuem o alelo 
mutante no X ativo em um tecido relevante. Esta hipótese permite a explicação para a compensação 
da dose, variabilidade da expressão em heterozigotos e o mosaicismo 
 
Nas células somáticas de mamíferos do sexo feminino, apenas um cromossomo X é ativo. O segundo 
X permanece condensado e inativo e aparece em células na intérfase como o corpúsculo de Barr. A 
inativação ocorre no início da vida embrionária. Em qualquer célula somática feminina, o X inativo 
pode ser o paterno ou o materno (XP ou Xm), ao acaso. Contudo, depois que um cromossomo X foi 
inativado numa célula, todas as descendentes clonais daquela célula apresentam o mesmo X inativo, 
caracterizando a inativação como fixa, mesmo sendo ao acaso. 
Aconselhamento genético e cálculo de risco 
Papel da genética clínica: promover serviços de diagnostico e aconselhamento genético para 
indivíduos ou suas famílias com, ou sem risco de desenvolver condições que possam ter base 
genética. 
Quem procura um geneticista: 
- uma pessoa que apresenta uma condição genética conhecida na família querendo saber sobre os 
riscos 
- parentes de uma criança com deficiências intelectuais e/ou físicas as quais podem serem devidas a 
uma condição genética 
- pessoas com uma forte historia familiar de câncer, querendo saber se elas apresentam um risco 
aumentado, e, se o tem, quais opções possuem 
- pessoa com uma condição genética já conhecida, querendo recomendações de especialista 
- uma pessoa com uma possível condição genética na família querendo saber se o diagnostico pode 
ser realizado, riscos e opções 
- casal grávido portador de um teste com níveis anormais querendo saber o que significa e quais 
riscos tem 
Aconselhamento genético é um processo de comunicação no qual se provem informações e 
assistência aos indivíduos afetados e seus familiares sob o risco de uma doença que pode ser 
genética e as consequências da doença quanto a probabilidade de desenvolve-la e transmiti-la e as 
maneiras pelas quais ela pode ser prevenida ou melhorada. No brasil, pode ser realizado por um 
médico geneticista, biólogo, biomédicos e farmacêuticos. No mundo, aconselhadores genéticos ou 
geneticistas enfermeiros 
Manejo de caso para aconselhamento genético: 
1. Coleta de informações 
- historia familiar (questionário) 
- histórico clínico 
- testes ou avaliações adicionais 
2. Avaliação 
- exame físico 
- exames laboratoriais e radiológicos 
- validação ou estabelecimento do diagnostico, se possível 
3. Aconselhamento: natureza e consequências do distúrbio 
4. Risco de recorrência: disponibilidade de exames adicionais ou futuros 
5. Tomada de decisões: encaminhamentos a outros especialistas, agencias de saúde, 
grupos de apoio 
6. Avaliação clínica continuada, especialmente na ausência de diagnóstico 
7. Apoio psicossocial 
Decisões após o conhecimento do risco de recorrência: 
1. Realização de testes laboratoriais (como cariotipagem, analise molecular, bioquímica e 
do genoma e diagnostico pré-natal); 
2. Aconselhamento genético pré e pós teste; 
3. Contracepção, esterilização, adoção, inseminação artificial, fertilização in vitro como 
alternativas preventivas; 
4. Aspectos psicológicos (como preocupação, ansiedade, angustia intensa, gupos de apoio e 
psicoterapia); 
Preocupaçao central da consulta genética: risco de recorrência. É a chance/ probabilidade de que 
uma condicao apareca em um parente de uma pessoa afetada. Se for uma doença de causa 
conhecida, axiomas de probabilidade e probabilidade previstas geram riscos absolutos e diretos. 
Caso a doença seja de uma causa desconhecida, riscos empíricos. 
EXEMPLOS DE HERANÇAS 
Doença de Tay-Sachs – Herança autossômica recessiva 
Distúrbio neurológico degenerativo em que há uma deterioração mental e física instensa desde a 
lactancia. Desenvolve quando a criança tem 6 meses de idade e a morte ocorre entre 2 e 3 anos de 
idade. O lócus da subunidade da hexosaminidase A leva ao acúmulo do gangliosídeo GM2, 
principalmente nos neurônios. Ocorre mutações na matriz de leitura no gene HEXA (15q24.1), sendo 
a mutação mais comum a adição de 4pb (TATC), o que leva a um precoce stop códon e 
consequentemente deficiência enzimática da Hex A. 
Fenilcetonúria – Herança autossômica recessiva 
É a incapacidade de degradar fenilalanina, gerando um acumulo de fenilalanina no organismo, 
afetando o sistema nervoso central, além de: pele e cabelos claros, inflamação na pele, autismo, 
retardo mental, odor corpóreo característico, hiperatividade, tremor, microcefalia e crescimento 
comprometido. Ocorre uma mutação a partir da substituição da base G>A na região de splicing do 
intron 12 (deleção do exon 12 = proteína truncada). Ocorre no gene PAH (12q22  12q21.1). 
Acondroplasia – herança autossômica dominante 
É a forma mais comum de nanismo. Caracterizada por membros curtos, nanismo acenturado, fronte 
saliente, macrocefalia, nádegas salientes e morte intra-uterina elevada. Causada por mutações no 
gene receptor do fator de crescimentodos fibroblastos-3 (cromossomo4p16). 80% dos casos são 
mutantes novos. Ocorre uma substituição de uma arginina por um glicina no nucleotídeo 11238 da 
proteína transmembrana que regula negativamente o crescimento dos ossos. A mutação causa 
ativação cinstitutiva do receptor (mutação de ganho de função). 
O fato de nunca terem sido encontradas pessoas ADAD levou a conclusão de que em homozigose o 
efeito é tão severo que leva a o portador a morte 
AD: nanismo 
Ad: normal 
ADAd: nanismo 
AdAd: normal 
Neurofibromatose – Herança autossômica dominante 
É uma mutação dominante em NF1. Causa múltiplos tumores benignos, manchas pigmentares planas 
e irregulares (manchas café com leite) e em alguns casos, retardo mental. Tem penetrância 
completa, contudo a expressividade variável. É necessário apresentação de numero mínimo de 
manchas e características bioquímicas para a doença poder ser diagnosticada. 
Fibrose cística - herança autossômica recessiva 
Causada por mutações no gene CFTR, que está situado no braço longo do cromossomo 7 (7q31,2) e é 
composto por 24 éxons. (gene gigantesco, que sofre maior chance de mutação). Ocorre a retenção 
de íons cloro  aumento da reabsorção de agua  aumento da desidratação das secreções  
aumento da viscosidade obstrução de ductos das glândulas exócrinas. Dependendo de onde tiver a 
mutação no gene, há a ocorrência de efeitos diversos. Exemplo de heterogeneidade alélica. 
Retinite pigmentosa - genes que podem ter herança autossômica dominante, recessiva, ligadas ao X 
ou ambos. 
Exemplo de heterogeneidade de locus (quando mutações em diferentes genes causam um mesmo 
efeito/fenótipo (loci gênicos distintos afetando uma mesma característica). Trata-se de uma 
degeneração progressiva da retina devido a morte de cones e bastonetes. 
Anemia falciforme – herança autossômica recessiva 
Ocorre o efeito pleitrópico (quando um único gene dá origem a dois ou mais efeitos aparentemente 
não relacionados). 
HbAHbA = normal 
HbAHbS = anemia leve (anêmico) 
HbSHbS = anemia grave (morte) 
Distrofia miotônica – exemplo de doença com antecipação clinica 
Distrofia muscular de Duchenne – herança recessiva ligada ao X 
Afeta 1/3500 homens a partir da deleção do gene na região Xp21. Tem como características: 
fraqueza progressiva e perda de musculo, sintomas aparecem antes dos 5 anos de idade, caminhar 
desajeitado 
Displasia ectodérmica - herança recessiva ligada ao cromossomo X 
É o não desenvolvimento de estruturas derivadas do ectoderma, sendo glândulas sudoríparas, 
sebáceas e mucosas ausentes ou defeituosas. Os pelos são finos e claros, esparsos, secos e 
quebradiços. A pele é macia, seca, fina, lisa e há a presença de anomalias faciais: nariz em sela, 
erupções cutâneas, alterações bucais, baixa implantação de orelha. 
Síndrome de Rett – herança dominante ligada ao cromossomo X 
Ocorre devido a uma mutação no gene MECP2 que inativa a transcrição devido a um produto 
proteico ligar-se a sequencias metiladas de outros genes. Gera sintomas neurológicos e geralmente 
é letal em homens (causa não completamente conhecida). 
Hemofilia – Herança recessiva ligada ao cromossomo X que causa dificuldades de coagulação. 
 
Daltonismo- Herança recessiva ligada ao cromossomo X. É uma condição hereditária que causa a 
dificuldade do individuo em enxergar algumas cores. 
 
Deficiência em glucose-6-fosfato desidrogenase (G-6PD): É um dos distúrbios genéticos mais 
comuns, afetando mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo. É a deficiência hereditária de 
enzimas do eritrócito mais comum. Ela catalisa o primeiro passo da via das pentoses fosfato, 
produzindo NADPH (que é importante para a proteção das células contra o estresse oxidativo). Ela é 
expressa em todos os tecidos, mas sua deficiência manifesta-se essencialmente nas hemácias, visto 
que estas células dependem exclusivamente da G6PD para proteção antioxidante. Essa deficiência 
pode resultar em anemia hemolítica, particularmente após a administração de certas drogas, 
durante infecções, acidose diabética, no período neonatal e se acha, também, associada à ingestão 
de alguns alimentos, como o feijão fava. Tem como sintomas: Icterícia no período neonatal, Hb VCM 
(volume corpuscular médio ) e HCM (hemoglobina corpuscular média) normais, Corpúsculos de Heinz 
(precipitação de cadeias de globina sem o grupo Heme), células contraídas e fragmentadas, mordidas 
e vesiculadas, policromatofilia e reticulocitose.

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