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Caderno Didático de Farmacologia Geral

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Universidade Federal de Santa Maria 
 Centro de Ciências da Saúde 
Departamento de Fisiologia e Farmacologia 
 
 
 
 
 
 
Farmacologia Geral Veterinária 
 
 
 
 
 
 
Autores 
Profª Adjunta Eliane Maria Zanchet 
Profº Adjunto João Regis Miolo 
 
Colaboradores 
Méd. Vet. Bruna Carolina Garmatz 
 Méd. Vet. Guilherme Coradini Fontoura da Silva 
Méd. Vet. Luciana Conterato Bulsing 
Méd. Vet. Renan M. Kruger 
 
Reeditado e Impresso em Março de 2011 
 
 
Farmacologia Geral Veterinária 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
 2 
 
Farmacologia Geral Veterinária 
 
 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
 
 
 
 
Prof. Felipe Martins Muller 
Reitor da UFSM 
 
 
 
 
Prof. Dalvan José Reinert 
Vice-Reitor da UFSM 
 
 
 
 
Prof. Paulo Afonso Burmann 
Diretor do CCS/UFSM 
 
 
 
 
Prof. Renato Borges Fagundes 
Vice-Diretor do CCS/UFSM 
 
 3
Farmacologia Geral Veterinária 
 
Farmacologia Geral Veterinária 
 
 
 
 
Autores 
Eliane Maria Zanchet1 
João Regis Miolo2 
 
 
 
 
Colaboradores 
Bruna Carolina Garmatz3 
Guilherme Coradini Fontoura da Silva3 
Luciana Conterato Bulsing3 
Renan M. Kruger3 
 
 
1 Médica Veterinária, Doutora, Professora do Departamento de Fisiologia e 
Farmacologia/CCS/UFSM. Santa Maria – RS. 
2 Médico Veterinário, Mestre, Professor do Departamento de Fisiologia e 
Farmacologia/CCS/UFSM. Santa Maria – RS. 
3 Médico Veterinário, graduado pela UFSM. 
 
 4 
Farmacologia Geral Veterinária 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
 Este Caderno Didático foi elaborado para que os alunos do Curso de 
Medicina Veterinária da UFSM, tenham acesso fácil a informações relativas ao conteúdo 
programático, desenvolvido na disciplina de Farmacologia Geral Veterinária – FSL 1003, 
facilitando assim a compreensão dos temas abordados em aulas expositivas teóricas e 
práticas. 
 Este trabalho que contou com a colaboração de alunos monitores da 
disciplina, não tem a pretensão de esgotar o assunto e nem substituir a literatura 
especializada em farmacologia veterinária, apenas auxiliar de forma didática no 
acompanhamento das aulas, pelos alunos regularmente matriculados. 
 Obviamente, que os assuntos aqui abordados restringem-se aos propostos 
pelo plano de ensino em sintonia com a ementa da disciplina FSL 1003 do currículo do 
Curso de Medicina Veterinária da UFSM, sendo necessário a busca de mais informações 
por parte dos acadêmicos ou quem fizer uso deste manual para aprofundamento dos 
temas aqui explanados. 
 Agradecemos a todos que colaboraram, especialmente aos alunos que se 
utilizam deste instrumento para atingirem os seus objetivos como futuros profissionais 
médicos-veterinários. 
Também não podemos deixar de lembrar os Professores aposentados 
Amauri Rodrigues da Silva, Hilton Machado Magalhães e Rubem Boelter, mestres 
inspiradores e pioneiros na elaboração de polígrafos ou cadernos didáticos para a 
disciplina de Farmacologia Veterinária no Departamento de Fisiologia e Farmacologia, 
além da autoria de livros sobre o tema. 
 
 
 Os Autores 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5
Farmacologia Geral Veterinária 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 UNIDADE I – INTRODUÇÃO A FARMACOLOGIA________________________ 7 
 
1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FARMACOLOGIA___________________________7 
2. FORMAS FARMACÊUTICAS E FÓRMULAS _______________________________13 
3. ADMINISTRAÇÃO DE FÁRMACOS_______________________________________17 
4. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO ____________________________________________ 19 
5. FARMACOCINÉTICA __________________________________________________29 
6. MECANISMO DE AÇÃO DOS FÁRMACOS- Considerações Gerais e Receptores ______ 43 
7. MECANISMO DE AÇÃO DOS FÁRMACOS – Relação dos Fármacos com o Organismo __49 
8. EFEITOS ADVERSOS DOS FÁRMACOS __________________________________52 
9. FATORES QUE MODIFICAM A AÇÃO FARMACOLÓGICA DOS FÁRMACOS____ 53 
 
UNIDADE II – FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO _____60 
 
10. ADRENÉRGICOS E ANTIADRENÉRGICOS _______________________________ 60 
11. COLINÉRGICOS E ANTICOLINÉRGICOS _________________________________ 69 
 
UNIDADE III – FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO ____ 74 
 
12. ANESTÉSICOS LOCAIS _______________________________________________ 74 
13. RELAXANTES MUSCULARES DE AÇÃO PERIFÉRICA ______________________79 
 
 
UNIDADE IV – FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL ______ 82 
 
14. INTRODUÇÃO E ANESTÉSICOS GERAIS _________________________________82 
15. ANESTÉSICOS GERAIS INALATÓRIOS __________________________________ 87 
16. ANESTÉSICOS GERAIS INJETÁVEIS E DISSOCIATIVOS ___________________ 93 
17. TRANQÜLIZANTES MAIORES __________________________________________99 
18. TRANQÜLIZANTES MENORES ________________________________________ 104 
19. RELAXANTES MUSCULARES DE AÇÃO CENTRAL _______________________110 
20. ESTIMULANTES: CORTICAIS, BULBARES E MEDULARES _________________112 
21. CONTENÇÃO QUÍMICA EM RÉPTEIS________________________________ ___116 
22. IMOBILIZAÇÃO QUÍMICA EM PRIMATAS SELVAGENS__________________ __117 
23. CONTENÇÃO QUÍMICA DE FELINOS SELVAGENS________________________119 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS __________________________________121 
 
 
 
 6 
Farmacologia Geral Veterinária 
 
 UNIDADE I – INTRODUÇÃO À FARMACOLOGIA 
1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FARMACOLOGIA 
1.1 – Breve Histórico da Farmacologia 
Desde sempre o homem em todas as épocas lutou e ainda luta contra a dor e a 
enfermidade, preocupado com a preservação de sua saúde visando melhor qualidade de 
vida. 
A farmacologia como ciência tem pouco mais de um século, sendo sua 
predecessora a empírica MATERIA MÉDICA. 
 O conhecimento do uso de substâncias medicamentosas bem como de sua 
aplicação se funde na história com os aspectos mitológicos dos diferentes povos da 
Antigüidade. Acreditavam os povos antigos na interferência de forças divinas para auxiliar 
na cura das enfermidades. Normalmente, cabia ao feiticeiro de cada clã a realização de 
rituais com a finalidade de obter a cura. 
Entre o povo grego era Apolo considerado o Deus encarregado da arte de curar. 
Asclépio (Eusculápio na mitologia romana), que era filho de Apolo, estimulava seus 
seguidores a erigirem templos de tratamento para os doentes sendo que nesses locais, 
além de rituais, os enfermos eram tratados com banhos de água mineral e massagens; 
usavam também plantas, animais e seus produtos em sacrifícios para aplacar a ira dos 
deuses, bem como com a finalidade de eliminar o agente causador da enfermidade. 
 A primeira referência escrita do uso de diversas plantas no tratamento das 
enfermidades é encontrada na TÁBUA SÚMERO-ASSÍRIO-BABILÔNICAS (500 A.C.) No 
PAPIRO DE EBERS (1500 A.C.) aparecem prescrições que especificavam as doenças, 
substâncias e processos a serem usados no tratamento. 
 CRATEVAS (126-64 A.C.) foi médico de Mitrídates IV, o Rei do Ponto, e por 
solicitação deste soberano foi o primeiro a estudar os venenos e seus antídotos. 
 CORNÈLIO CELSUS (25-50 A.C.) foi o primeiro a classificar as substâncias 
conforme seus efeitos classificando-as em 6 grupos: purgativos, vomitivos, diuréticos, 
sudoríficos, narcóticos e estimulantes. 
 PEDANO DIOSCORIDES (40-90 D.C.) escreveu o livro De Universa Medicina 
reunindo a matéria médica até então conhecida, realizando a classificação qualitativa de 
ervas medicinais, minerais, e alguns produtos de origem animal. Sua matéria médica foi o 
guia do uso das drogas até o século XVIII. 
 CLAUDIO GALENO (135-201 D.C.) englobava as prescrições que receberam a 
denominação de preparações galênicas, onde se misturavam até 50 substâncias 
(polifarmácia). 
 NaIdade Média houve uma completa estagnação nas ciências nas artes e 
praticamente não ocorreram fatos relevantes dentro da Farmacologia. 
 A grande arrancada desta disciplina ocorreu juntamente com a Renascença, 
destacando-se, entre outros, PHILIPUS AUREOLUS THEOPHRASTUS BOMBAST VON 
HOHENHEIM (Paracelso) que foi o primeiro a se insurgir contra o sistema de polifarmácia 
preconizado por Galeno; estimulou o uso clínico do enxofre, ferro, sulfato de cobre, sulfato 
de potássio, mercúrio, láudano, tinturas e extratos de várias plantas no tratamento das 
enfermidades. 
 SIR CHRISTOPHER WREN e assistentes, em 1656, realizaram a primeira injeção 
de drogas no cão. Quase que na mesma época, membros da Ordem dos Jesuítas 
 7
Farmacologia Geral Veterinária 
 levaram da América do Sul a casca da árvore da quina para tratarem indivíduos 
acometidos de malária. A partir de então, se concluiu que era possível de realizar uma 
terapêutica específica e este fato iniciou a pesquisa contínua na Farmacologia, com a 
finalidade de se achar droga específica para tratar enfermidade específica. 
 WILLIAN WITHERING, em 1783 registrou sua experiência com o uso da Digitalis 
no tratamento da hidropsia. A investigação experimental desta planta foi realizada por 
CLAUDE BERNARD (1813-1873) e SCHMIEDENBERG demonstrou que a ação era 
exercida sobre o coração. 
 Durante o transcorrer dos séculos XVIII e XIX as ciências experimentais tiveram um 
crescimento vertiginoso, principalmente pelo isolamento de princípios ativos de plantas e 
a síntese de compostos orgânicos. Destacamos desta época as figuras de FRANÇOIS 
MAGENDIE (1783-1855) que publicou suas observações experimentais sobre os efeitos 
de inúmeras substâncias, destacando-se a injeção endovenosa da ipeca, morfina, ácido 
cianídrico, estricnina, iodo, potássio, veratrina, quinina, dentre outras. ORFILA (1787-
1853) químico e médico, realizou investigações aprofundadas dos venenos e se tornou 
conhecido como o fundador da TOXICOLOGIA. 
 O termo PHARMAKOLOGIE foi usado pela primeira vez em 1692. 
 Em 1885, BUCHEIM publicou um tratado onde, pela primeira vez, classificou as 
drogas de acordo com sua ação farmacológica sobre o tecido vivo. Por este motivo 
RUDOLF BUCHEIM é considerado como o pai da farmacologia. 
 OSWALD SCHMIEDENBERG (1838-1921), discípulo e substituto de Bucheim na 
Cátedra de farmacologia teve como meta fazer da farmacologia uma disciplina 
independente e baseada numa metodologia experimental exata. 
 JOÃO BAPTISTA DE LACERDA (1846-1915), fluminense, dedicou-se ao estudo 
dos efeitos de plantas e venenos, sendo o fundador do primeiro laboratório brasileiro de 
fisiologia e farmacologia; EMIL FISCHER (1852-1919) alemão, sintetizou e introduziu o 
uso em medicina do primeiro barbitúrico, o barbital; PAUL EHRLICH (1854-1915) foi o 
fundador da quimioterapia moderna; JOHN JACOB ABEL (1857-1938) farmacologista 
americano, pioneiro na investigação das secreções endócrinas: estudou a adrenalina, 
cristalizou a insulina, estudou os hormônios da hipófise; WALTER CANNON (1871-1945) 
fisiologista americano demonstrou a mediação química da adrenalina (e hoje sabe-se da 
noradrenalina, também) no sistema simpático; OTTO LOEWI (1873-1961) austríaco, criou 
a teoria de mediação química do parassimpático pela acetilcolina (vagusstoff) e explicou a 
ação da eserina pela inibição da colinesterase; RUDOLF MAGNUS (1837-1927) 
farmacologista holandês, foi o primeiro a estudar a ação das drogas sobre o músculo 
intestinal isolado; Sir HENRY DALE (1857-1968) farmacologista e fisiologista inglês, 
estudou os princípios ativos de ergô, das aminas simpaticomiméticas e 
parassimpaticomiméticas, descreveu as ações da histamina analisando seu papel na 
anafilaxia, e, criador das expressões adrenérgico e colinérgico; Sir ALEXANDER 
FLEMING (1881-1953) escocês, descobridor da penicilina e da lisozima e iniciador da era 
da antibioticoterapia; GERHARD DOMAG (1895-1964) alemão, introdutor da sulfanilamida 
em terapêutica; DANIEL BOVET (1907- ) suíço, estudou as ações farmacológicas dos 
primeiros anti-histamínicos e curares sintéticos; ALFRED JOSEPH CLARCK (1885-1941) 
médico e farmacologista inglês, fundador da Farmacologia Molecular. 
 
1.2 - Divisão da Farmacologia 
FARMACOLOGIA GERAL: tem por objetivo o estudo dos conceitos farmacológicos 
básicos e comuns a todos os fármacos. Ex: vias de administração, absorção, distribuição, 
biotransformação e excreção. 
 8 
Farmacologia Geral Veterinária 
 
FARMACOLOGIA ESPECIAL OU APLICADA: estuda os fármacos reunidos em 
grupos que tenham ação farmacológica similar. Ex: fármacos que agem sobre o sistema 
nervoso periférico, que agem sobre o sistema cardiovascular, sobre o sistema digestivo, 
estimulantes do sistema nervoso central, etc... 
 FARMACOGNOSIA: é a parte da farmacologia que estuda a origem dos fármacos. 
 FARMACODINÂMICA: estuda os efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e 
seus mecanismos de ação. 
 FARMACOCINÉTICA: estuda o destino dos fármacos (absorção, distribuição, 
metabolização e excreção), ou seja, como o organismo se comporta frente aos fármacos. 
 FARMACOLOGIA MOLECULAR: é a área da farmacologia que estuda os efeitos 
das drogas correlacionando-as com a estrutura química das mesmas. 
 FARMACOTÉCNICA: estuda a maneira de preparar as formas medicamentosas. 
 FARMACOTERAPIA: é o ramo da farmacologia que estuda a aplicação dos 
medicamentos no tratamento das enfermidades. 
 TOXICOLOGIA: é a área que se dedica a estudar os efeitos nocivos dos fármacos, 
as doses tóxicas, os sintomas e o tratamento das intoxicações. 
 CRONOFARMACOLOGIA: é a área que se dedica ao estudo das variações 
rítmicas dos medicamentos no corpo, com o objetivo de encontrar horários em que as 
medicações sejam mais eficientes e provoquem menos efeitos colaterais. 
 FARMACOGENÉTICA: É o estudo das influências genéticas sobre as respostas 
dos fármacos. 
 FARMACOGENÔMICA: Descreve o uso da informação genética para guiar a 
escolha de uma terapia medicamentosa em bases individuais. Associando as variações 
genéticas específicas às variações na terapêutica ou nos efeitos indesejáveis de um 
fármaco em particular permitiria a individualização da escolha terapêutica com base no 
genótipo do paciente. 
 FARMACOECONOMIA: Ramo da economia da saúde que visa quantificar em 
termos econômicos o custo e o benefício dos fármacos utilizados terapêuticamente. 
 FARMACOEPIDEMIOLOGIA: É o estudo dos efeitos dos fármacos em nível 
populacional. Estuda a variabilidade dos efeitos dos fármacos entre indivíduos de uma 
população, e entre populações. 
 
1.3 - Conceitos Gerais 
 Æ FARMACOLOGIA: é uma ciência que estuda os fármacos e os medicamentos 
sob todos os aspectos. Compreende o conhecimento da história, origem, propriedades 
físicas e químicas, composição, efeitos bioquímicos e fisiológicos, mecanismo de ação, 
absorção, distribuição, biotransformação, eliminação, usos terapêuticos, além de outros 
empregos das substâncias medicamentosas. 
Etimologicamente vem do grego Phármakon = fármaco, droga ou medicamento e 
do sufixo Lógos = estudo, tratado. 
 Æ FÁRMACO: são substâncias que possuem estrutura química definida e que são 
utilizadas com a finalidade de modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou patológicos, 
para o benefício do organismo receptor. É a droga-medicamento de estrutura química 
bem definida. 
 Æ MEDICAMENTO: do latim medicamentum, de medicare = curar. Portanto, 
medicamento é qualquer substância química ou associação de substâncias empregadas 
 9
Farmacologia Geral Veterinária 
num organismo vivo, visando-se obter efeitos benéficos. São substâncias químicas 
destinadas a curar, diminuir, prevenir e/ou diagnosticar enfermidades. 
 Æ DROGA: qualquer substância química capaz de agir num organismo vivo, 
produzindo efeito farmacológico, provocando alterações somáticas ou funcionais. Estas 
alteraçõespodem ser benéficas (droga-medicamento) ou maléficas (droga-tóxico). Podem 
também ser utilizadas como instrumento auxiliar em investigação científica. 
 Æ REMÉDIO: do latim remedium, re= inteiramente + mederi = curar. Portanto, tudo 
aquilo que cura, alivia ou evita uma enfermidade. Palavra usada pelo leigo como sinônimo 
de medicamento e especialidade farmacêutica. Este termo abrange não só os agentes 
químicos (medicamentos) como outros recursos como tratamento psicológico, alterações 
de hábitos, higiene, massagem, orações ou crença religiosa, exercícios. O conceito de 
remédio exclui a necessidade de comprovação científica de sua eficácia e segurança. 
 Æ FORMA FARMACÊUTICA: é a forma pela qual se apresenta o medicamento 
para ser utilizado. Exemplo: comprimido, tablete, cápsula, xarope, elixir, etc... 
 Æ VENENO: toda a substância que ingerida ou aplicada externamente, sendo 
absorvida, determine a morte ou ponha risco a vida. 
 Æ PLACEBO: é uma palavra derivada do latim placere = agradar. Segundo 
definição de 1881: “placebo é um qualitativo dado a toda medicação prescrita mais para 
agradar ao paciente do que para lhe ser útil”. Outra definição é que “placebo é qualquer 
tratamento que não tem ação específica nos sintomas ou doença do paciente, mas que, 
de qualquer forma, pode causar um efeito no paciente”. Usado em ensaios clínicos 
controlados para determinar a eficácia de novos medicamentos. A palavra também pode 
ser aplicada a algum processo sem valor terapêutico intrínseco, porém realizado pela sua 
influência psicológica sobre o paciente. Mesmo os medicamentos já consagrados ou em 
investigação possuem, além de sua ação farmacológica intrínseca, o chamado efeito 
placebo quando o paciente acredita na atividade do medicamento. 
 Æ POSOLOGIA: do grego pósos = quanto + logos = estudo. É o estudo das 
dosagens do medicamento com fins terapêuticos. 
 Æ DOSE: é a quantidade de medicamento necessária para promover a resposta 
terapêutica. 
 Æ DOSAGEM: Inclui além da dose, a freqüência de administração e duração do 
tratamento. 
 Æ DOSE EFETIVA OU TERAPÊUTICA: é a dose capaz de produzir efeito 
determinado. 
 Æ DOSE EFETIVA 50 (DE 50): dose que produz determinado efeito em 50% dos 
indivíduos testados. 
 Æ DOSE LETAL 50 (DL 50): dose que produz a morte de 50% dos indivíduos 
testados. 
 Æ ÍNDICE TERAPÊUTICO: é a relação existente entre a DL50/DE50. Este índice 
será tanto melhor quanto maior o quociente. 
 Æ MARGEM DE SEGURANÇA: é a relação estabelecida entre DL10/DE90. 
 Æ MEDICAMENTO OFICIAL: é aquele que faz parte da farmacopéia. 
 Æ MEDICAMENTO OFICINAL: é aquele que se prepara na própria farmácia, de 
acordo com as normas e doses estabelecidas por farmacopéias ou formulários e com 
designação uniforme. 
 Æ MEDICAMENTO MAGISTRAL: é aquele prescrito pelo profissional e preparado 
para cada caso, com indicação de composição qualitativa e quantitativa, da forma 
farmacêutica e da maneira de administração. 
 10
Farmacologia Geral Veterinária 
 
 Æ FARMACOPÉIA: publicação na forma de livro que oficializa as drogas-
medicamentos de uso corrente e consagradas pela experiência como eficazes e úteis. 
Descreve testes químicos para determinar a identidade e pureza das drogas e fórmulas 
para certas misturas dessas substâncias. As farmacopéias são publicações oficiais do 
governo de cada país e são atualizadas periodicamente por comissões designadas pelo 
órgão oficial. 
 
1.4 - Importância da Farmacologia na Medicina Veterinária 
 A Farmacologia pode ser considerada a “censura” dos medicamentos, uma vez que 
para a obtenção de um fármaco que seja eficaz na terapêutica medicamentosa, na 
maioria das vezes é necessário examinar milhares de outras substâncias químicas 
derivadas de um só produto, como é o caso das sulfas, antibacteriano que para a sua 
obtenção, examinaram-se mais de cinco mil produtos. Portanto um laboratório de 
Farmacologia pesquisa em média de quatro a cinco mil outros medicamentos até chegar 
a um medicamento que venha a ser utilizado no arsenal terapêutico. 
 Antes de um fármaco ser testado clinicamente, deverá passar por etapas 
consideradas básicas que iniciam pela descoberta de um novo composto ou a descoberta 
de um novo uso para um composto já conhecido; a pesquisa inicial por meio de testes 
específicos ou gerais para determinar a real atividade farmacológica; estudos da 
toxicidade aguda em animais para estabelecer a margem de segurança, dose letal e dose 
terapêutica eficaz; estudos mais amplos para estes aspectos de toxicidade e eficácia; 
estudos da toxicidade subaguda para determinação da dosagem correta, e o que a nova 
droga faz e como faz, usando no mínimo duas espécies de animais e estudos anátomo-
patológicos; informações às autoridades competentes e solicitação de um requerimento 
para uma droga investigacional iniciando estudos em seres humanos, pacientes 
voluntários. Por fim, estudos de toxicidade a longo termo em animais, preferencialmente 
primatas, podendo então a partir daí, iniciarem os testes clínicos, continuando os testes 
em animais. 
 Observa-se, portanto a necessidade de conhecimentos principalmente nas áreas 
de Fisiologia e Patologia, destacando-se o Médico Veterinário como um dos profissionais 
indicados para estes estudos básicos e clínicos na pesquisa de fármacos. 
 Os conhecimentos exatos em Farmacologia são necessários para o desempenho 
pleno da profissão de médico-veterinário. 
 É evidente que a farmacologia com suas raízes profundas na fisiologia e 
bioquímica é útil a qualquer que seja a especialização dentro da área da saúde. 
 A farmacologia fornece as bases para o estabelecimento de uma terapêutica 
científica e racional. 
 
1.5 - Sistemas de Tratamentos 
Æ ALOPATIA: (allos = outro; pathos = doença). É o sistema terapêutico em que as 
doenças são tratadas criando-se condições compatíveis com o estado patológico, 
mediante antagonismo do agente causal. 
Æ HOMEOPATIA: (homeo = semelhante; pathos = doença). Ramo paralelo a 
Farmacologia, baseado numa teoria criada no final do século XVIII por SAMUEL 
HAHNEMANN (1755-1843) de que o “semelhante combate semelhante”. Hahnemman 
propõe o uso de doses infinitesimalmente menores do que as usadas em terapias com 
medicamentos, a tal ponto que é praticamente impossível dosar o que considera 
princípios ativos. Baseado na observação de efeitos tóxicos, a homeopatia procura curar 
 11
Farmacologia Geral Veterinária 
administrando um agente que pode causar o mesmo sintoma da moléstia. Utiliza os 
princípios da potenciação e similaridade (similia similibus curantur), abordando o indivíduo 
como um todo, trata o doente e não somente a doença. Seus medicamentos são 
preparados, empregando-se técnicas especiais de diluições sucessivas, intercaladas de 
agitações vigorosas e dinamizações. 
Æ FITOTERAPIA: é o emprego correto de plantas medicinais para fins 
terapêuticos, com o uso de plantas medicinais selecionadas por sua eficácia e segurança 
terapêuticas, baseadas na tradição popular ou cientificamente validadas como medicinais. 
As apresentações e preparações fitoterápicas são divididas em uso farmacêutico (produto 
fitoterápico) e uso doméstico (planta medicinal). 
 12
Farmacologia Geral Veterinária 
 
2. FORMAS FARMACÊUTICAS E FÓRMULAS 
 
2.1 - Introdução 
Historicamente, sabe-se que as primeiras formas farmacêuticas foram descritas 
nos papiros médicos dos egípcios e que através das crenças espirituais, que utilizavam o 
encantamento, a música e os perfumes tentava-se a cura de enfermidades. Também as 
chamadas beberagens mágicas utilizadas no preparo de medicamentos foram descritas 
por Hipócrates na Grécia Antiga e Galeno no Império Romano. 
A formulação farmacêutica propriamente dita foi descrita no século XIV por 
Paracelsus e por Lavoisier no século XVII na chamada “Revolução Química”. 
No século XIX e XX sucedeu-se a criação dasIndústrias Farmacêuticas, iniciando 
a produção de medicamentos e a diversificação das formas farmacêuticas, seguindo o 
princípio de primo non nocere (primeiro não causar mal), ou seja, “com o critério de 
assegurar ao medicamento o máximo de ação com o mínimo de inconvenientes”. 
 
2.2 - Fórmulas ou Formulação 
 Uma fórmula ou também chamada formulação constitui-se de: 
- Substância principal da fórmula Æ princípio ativo ou base medicamentosa; 
- Substância que reforça a ação do princípio ativo Æ adjuvante; 
- Substância para corrigir o sabor e odor Æ corretivo ou edulcorante; 
- Substância que evita incompatibilidades farmacêuticas Æ intermediário; 
- Meio no qual se dissolve o princípio ativo Æ veículo para líquidos ou excipiente 
para sólidos. 
 
 BULA: é o formulário técnico apresentado pelo fabricante do medicamento junto 
com a apresentação comercial do fármaco e que deve conter informações importantes, 
tanto ao leigo como ao profissional que fará uso do medicamento. Os principais itens são 
o nome farmacológico ou genérico que identifica o produto farmacêutico, a composição 
(apresentação e quantidade), farmacologia (informações técnicas referentes a 
farmacocinética e farmacodinâmica), indicações ou usos clínicos, contra-indicações, 
precauções ou advertências, reações adversas (RAD) ou efeitos colaterais ou 
paraefeitos (efeitos paralelos indesejados), posologia (dose, via, freqüência ou intervalo 
de administração, duração do tratamento), interações medicamentosas e 
superdosagem (toxicologia). 
 
2.3 - Formas Farmacêuticas 
 É o estado sólido, líquido ou gasoso que se apresenta o fármaco ou o formato que 
fica após a manipulação, ou seja, esférico (pílula); oval (óvulo); cônico (supositório); 
cilíndrico (cápsula). 
 
 
 
 
As principais formas farmacêuticas são classificadas levando-se em consideração 
o uso, interno ou externo, bem como a via de administração de escolha do 
fármaco. 
 2.3.1 - Para uso interno: 
 13
Farmacologia Geral Veterinária 
Via Oral ou Digestiva 
 - Forma sólida: pós e aglomerados na forma de pílulas, pastilhas, comprimidos, 
cápsulas, drágeas, granulados, pérola, pasta e gel. 
 - Forma líquida: composta por soluções simples e compostas, xaropes, elixires, 
gargarismo, colutório, sopa e barbotage, bebida e beberagem, poção, além de dispersões 
constituídas por emulsões e suspensões. Enema é uma solução aplicada por via retal. 
2.3.2 - Para uso externo: 
 Via Cutânea (Tópica): as pomadas, cremes, ungüentos, pastas, cataplasmas e 
loções são alguns exemplos. Para uso oftalmológico utilizam-se cremes, colírios e 
soluções. 
Via Vaginal: usam-se óvulos, comprimidos, geléias e velas. 
 Via Parenteral: utilizam-se líquidos, solução aquosa ou oleosa, suspensão em 
grandes volumes (para nutrição parenteral prolongada). Para pequenos volumes 
(ampolas e injeções) administra-se pela via intramuscular (IM), intravenosa (IV), intra-
raquidiana e intradérmica (pellets), subcutânea (SC) e intraperitoneal (IP). 
 Via Intramamária: utilizam-se líquidos, pomadas ou cremes e aerossóis, 
introduzidos pelo canal do teto na glândula mamária. Geralmente o princípio ativo está 
contido nestas formas farmacêuticas, em seringas plásticas com bico de 2-3 mm de 
comprimento, para introdução no canal do teto. 
 
2.4- Classificação das formas farmacêuticas 
Sólidas: comprimidos, drágeas, cápsulas, supositórios e óvulos 
Líquidas: soluções, xaropes, elixires, suspensões, emulsões, injetáveis, colírios, 
tinturas, extratos 
Líquidas: soluções, xaropes, elixires, suspensões, emulsões, injetáveis, colírios, 
tinturas, extratos 
Aerossóis 
 
COMPRIMIDOS 
São preparações farmacêuticas sólidas, de formato variado, geralmente cilíndricas 
ou lenticulares, obtidas pela compressão de substâncias medicamentosas secas, 
acondicionadas ou não em excipientes inertes. 
Tipos especiais: comprimidos de uso externo, comprimidos sublinguais, comprimidos 
bucais, comprimidos efervescentes, comprimidos mastigáveis, comprimidos revestidos, 
pellets ou implantes. 
 
 DRÁGEAS 
 São formas farmacêuticas cujo princípio ativo fica envolvido por um revestimento 
de açúcar e corante. 
 
 CÁPSULAS 
 São formas farmacêuticas constituídas de um invólucro de gelatina dura ou mole, 
contendo um ou mais fármacos. 
 
 SUPOSITÓRIOS 
 São formas farmacêuticas de consistência firme, forma cônica ou ogival, 
destinadas a aplicação retal, obtidas por solidificação ou compressão, em moldes de 
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Farmacologia Geral Veterinária 
 
massa adequada, encerrando substâncias medicamentosa. Exemplos: supositório de 
glicerina. 
 
 ÓVULOS 
 São formas farmacêuticas ovóides de aplicação vaginal. 
 
 SOLUÇÕES 
 São preparações líquidas que contém uma ou mais substâncias químicas 
dissolvidas em um solvente adequado ou numa mistura de solventes mutuamente 
imiscíveis. 
Tipos: 
¾ soluções Orais; 
¾ soluções Otológicas; 
¾ soluções Nasais; 
¾ colutórios; 
¾ soluções cavitárias 
 ELIXIRES 
 São formas farmacêuticas para uso oral que contém no mínimo 20% de álcool e 
20% de açúcar. 
 
 XAROPES 
 São preparações farmacêuticas aquosas contendo 2/3 do seu peso de sacarose. 
 
 SUSPENSÕES 
 São formas farmacêuticas líquidas constituídas de 2 fases: interna sólida (insolúvel) 
e externa líquida. Exemplo: Suspensão de hidróxido de alumínio (MAALOX ®) 
 
 EMULSÕES 
 São formas farmacêuticas líquidas constituídas por um sistema de 2 fases 
imiscíveis em que uma está finamente dividida e dispersa na outra por um agente 
emulsivo. Apresentam uma fase aquosa e uma fase oleosa. Exemplo: Emulsão de 
fenolftaleína (AGAROL ®) 
 
 INJETÁVEIS 
 São soluções, suspensões, emulsões estéreis de substâncias medicamentosas em 
veículos aquosos, oleosos e outros, apropriados para serem administrados por via 
parenteral. 
 
COLÍRIOS 
São formas farmacêuticas líquidas administradas sob a forma de gotas, quer se 
trate de soluções ou suspensões, e que se destinam a tratar das várias afecções do globo 
ocular incluindo a das pálpebras, da conjuntiva e da córnea. 
 
EXTRATOS 
São preparações concentradas, obtidas de drogas vegetais ou animais, frescas ou 
secas, por meio de um líquido extrativo apropriado, seguido de sua evaporação total e 
parcial e ajuste de concentração a padrões estabelecidos. Exemplo: Extrato de boldo 
 
 TINTURAS 
São preparações alcoólicas ou hidroalcoólicas preparadas a partir de matéria prima 
vegetal ou de substâncias químicas. 
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Farmacologia Geral Veterinária 
 
 POMADAS 
 São formas farmacêuticas de consistência macia, pegajosa, semi-sólida, contendo 
um ou mais princípios ativos, destinadas a serem usadas externamente, para ação tópica 
ou sistêmica e também para fins de proteção e lubrificação. Exemplo: Pomada de 
betametasona (BETNOVATE ®) 
 
 CREMES 
 São emulsões líquidas viscosas ou semi-sólidas do tipo óleo em água ou água em 
óleo que podem ou não conter substâncias terapêuticas. Exemplo: Creme de 
betametasona (BETNOVATE ®) 
 
 LOÇÕES 
 São formas farmacêuticas líquidas com princípios ativos em solução, emulsão ou 
suspensão destinadas a serem aplicadas na pele. Exemplo: Loção de calamina + 
difenidramina (CALADRYL®) 
 
 AEROSSÓIS 
 São formas farmacêuticas formadas por fármacos sólidos ou líquidos acrescidos de 
gases para nebulização. Exemplos: Beclometasona aerossol (BECLOSOL ®) 
 
 
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Farmacologia Geral Veterinária 
 
3. ADMINISTRAÇÃO DE FÁRMACOS 
 
3.1 - Administração de Medicamentos: Considerações Gerais 
Para que determinado fármaco chegue ao local de atuação é necessário que ele 
seja fornecido ao organismo, ou seja, é necessário que haja uma penetração do fármaco 
no organismo, exceto no caso de ele atuar exclusivamente por ação tópica ou local. 
Assim o fármaco seguirá desde o local onde foi colocado (administrado) até ao local de 
atuação,utilizando preferencialmente a corrente sangüínea como meio de circulação. 
O modo como o fármaco é fornecido ao organismo constitui a via de 
administração, que deverá ser escolhida em função do princípio ativo, do veiculo 
utilizado (que tem grande influência na cinética do transporte), do objetivo terapêutico e 
das condições em que se encontra o paciente. Portanto o efeito desejado (se sistêmico ou 
local), o período de latência (tempo de inicio da ação), as propriedades físico-químicas, a 
forma farmacêutica do fármaco são fatores que influenciam na administração e 
conseqüentemente no efeito farmacológico. 
 3.1.1 - Classificação das vias de administração quanto à velocidade de 
absorção: 
 Como vimos, é necessário que o fármaco entre na circulação sanguínea para que 
atinja o local onde irá atuar. Para isso, ele poderá ser introduzido diretamente no sangue 
(penetração direta no organismo - administração imediata) ou poderá ser colocado em 
determinado local (depósito - administração mediata) de onde irá passar para o sangue, 
com determinada velocidade. Um dos fatores que influencia grandemente a velocidade de 
absorção é o veículo da preparação medicamentosa. Baseados em numerosos ensaios, e 
única e exclusivamente com fins pedagógicos, elaborou-se uma lista, em ordem 
decrescente, da velocidade média de absorção: 
 
1º Via intramedula-óssea +++++ 
2º Via alveolar ++++ 
3º Via intraperitoneal/ endovenosa +++ 
4º Via intramuscular ++ 
5º Via subcutânea + 
6º Via retal + 
7º Via digestiva + 
8º Via cutânea/ dérmica (tópica) - 
 
3.1.2 – Absorção: 
Esta poderá ser mediata ou indireta, sempre que não há traumatismo na deposição 
do fármaco, e imediata ou direta quanto há. Portanto, absorção é um processo 
fisiológico através do qual uma substância administrada do exterior chega até à 
corrente circulatória, passando através de barreiras fisiológicas. 
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Farmacologia Geral Veterinária 
3.1.3 – Aspectos a Considerar na Escolha da Via de Administração: 
Quando perante determinado paciente se pretende fazer a administração de um ou 
mais fármacos, deve-se levar em conta o paciente, o fármaco utilizado, a velocidade de 
absorção da via escolhida, a contenção do paciente, o objetivo terapêutico e no caso das 
fêmeas em gestação, a absorção por via transplacentária. 
a) Aspectos dependentes do paciente: aqui deve-se levar em consideração a 
espécie animal, a idade, a raça, o sexo, e o estado físico do paciente. 
b) O Fármaco utilizado: depende do fim que se pretende deve-se escolher o 
fármaco em função da sua farmacodinâmica. Um fator importante são as possíveis 
incompatibilidades existentes; fenômenos de destruição pelo pH ácido do estômago ou 
enzimas ou bactérias existentes no tubo digestivo; e eliminação na primeira passagem 
pelo fígado (efeito de primeira passagem). 
c) A velocidade de absorção da via: está dependente do estado físico do animal 
e da preparação medicamentosa. 
d) Contenção do paciente: não existe, normalmente, grande colaboração por 
parte dos animais na administração de fármacos, e na maior parte das vezes temos que 
nos socorrer de meios de contenção, que diferem entre as espécies e o grau de sujeição 
que se pretende. 
e) Objetivo terapêutico: são variadas as situações em que o objetivo terapêutico 
pode condicionar a escolha da via de administração, notadamente a necessidade de 
curtos tempos de latência ou efeitos mais prolongados no tempo, as vias de acesso ao 
local onde se pretende atuar. 
f) Absorção por via transplacentária: a absorção por via transplacentária é um 
fator que não se deve negligenciar nas fêmeas em gestação, principalmente no princípio 
da gravidez, pois pode provocar a morte dos fetos por intoxicação como também 
provocam alterações e mal-formação em diferentes tipos de placentas. 
g) Eliminação do fármaco: pelos efeitos nocivos na via de eliminação, capacidade 
funcional dos órgãos de eliminação e possíveis acumulações de fármaco nesses órgãos 
ou produtos por eles produzidos. Na escolha da via de administração deve-se ter atenção 
no caso particular das fêmeas lactantes (consumo de leite pelas crias ou utilização do 
leite para consumo humano). A via intramamária é aquela que tem uma implicação mais 
direta. 
 
3.2 - Material Usado na Administração de Medicamentos 
3.2.1 - Material usado nas administrações por via entérica ou digestiva: 
- Pistola lança-doses ou dosadora, aplicador intra-ruminal; 
- Régua oral (ovinos, caprinos, bovinos, canídeos, felinos) ou abre-bocas; 
- Garrafa (para beberagem); 
- Sondas gástricas; 
- Seringas plásticas (líquidos em animais de companhia). 
3.2.2 - Material usado nas administrações por via parenteral: 
- Seringas Æ Tipos de seringas: de vidro, metálica (veterinária) e plástico 
(descartáveis e esterilizáveis), seringas de um só uso (descartáveis). 
- Agulhas Æ Tipos de agulhas: são variáveis de acordo com suas características, 
que são: diâmetro, comprimento e ângulo do bisel. 
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Farmacologia Geral Veterinária 
 
4. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO 
 
VIAS ENTERAIS – Fármacos entram em contato com o trato digestório. 
Também chamada de vias de USO INTERNO. 
 
4.1- Via Oral (VO) 
Esta via de administração é a via mais usual para animais domésticos, por ser 
relativamente fácil de ser executada pelos donos dos animais. 
 4.1.1 – Vantagens: É a via mais simples, a mais segura, a mais econômica e a 
menos perigosa, pois em caso de sobredosagem, pode-se retirar o excesso de 
medicamento por lavagem gástrica ou por vômito (carnívoros). 
 4.1.2 - Inconvenientes: A utilização de substâncias com características 
organolépticas indesejáveis está condicionada ao uso de cápsulas, drágeas ou corretivos 
como forma de abreviar este problema. Está fortemente relacionado ao uso de 
substâncias que sejam destruídas pelo suco gástrico, instáveis no pH intestinal 
estomacal, destruídas por enzimas do trato gastrointestinal (TGI) ou microrganismos aí 
existentes. Há fármacos que podem sofrer o fenômeno de primeira passagem 
(metabolização em grande percentagem na primeira passagem pelo fígado antes da 
distribuição pelo organismo). 
 Deve-se ter atenção à possibilidade de interação entre os medicamentos 
administrados por esta via e ainda entre estes e o conteúdo do TGI com a formação de 
complexos não absorvíveis. No caso dos ruminantes a diluição do fármaco no conteúdo 
ruminal pode implicar grandes tempos de latência e variabilidade das doses de fármaco 
que chega ao intestino. Esta via não pode ser utilizada em pacientes comatosos, nem 
naqueles em que exista diarréia ou vômitos, nem naqueles animais que pela sua 
agressividade seja difícil a administração. Além disso, levar em conta os seguintes fatores 
dependentes do grau e velocidade de absorção: 
a) Estado de repleção do estômago; 
b) Motilidade intestinal; 
c) Variação da circulação sangüínea, que sofre a influência dos estados de 
ansiedade, medo, etc.; 
d) Variação das secreções; 
e) Velocidade de esvaziamento do estômago; 
f) Natureza dos excipientes dos medicamentos; 
g) Absorção gástrica de ácidos fracos e absorção intestinal de bases fracas. 
4.1.3 - Regras a observar: Praticamente o único risco que poderá existir é a 
falsa via, se forçar o animal a ingerir a preparação medicamentosa. 
4.1.4 - Modo de administração - O modo de administração é variável conforme 
as espécies. 
a) Equídeos e Bovinos: 
- Substâncias líquidas - Administração por beberagem e na água de bebida .A 
contenção do animal deve ser de modo a não forçar o animal a ingerir o líquido contra 
vontade sob risco de provocar um falso trajeto/falsa via. O gargalo da garrafa é 
introduzido na cavidade oral do animal pela comissura labial, depois de ser levantada a 
cabeça, deixando-se o líquido verter livremente. 
 19
Farmacologia Geral Veterinária 
- Substânciaspastosas - Puxar a língua do animal para fora da cavidade oral e 
colocar na porção posterior da língua com o auxilio de uma espátula. 
- Substâncias sólidas - Administração por bolos, na água de bebida e na ração. 
Puxar a língua do animal para fora e colocar o bolo no post-boca e largar rapidamente a 
língua, estimulando o reflexo da deglutição pela presença do bolo, que é assim deglutido. 
b) Suínos: 
 - Substâncias líquidas - Administração com o auxilio de pistola lança-doses e na 
água de bebida. Abrir a boca do animal, introduzir a pistola lança-doses no post-boca e 
pressionar o "gatilho". 
- Substâncias pastosas e Substâncias sólidas - Não se utilizam a não ser na 
ração e na água. 
c) Ovinos e Caprinos: 
- Substâncias líquidas - Administração com o auxilio de pistola lança-doses e 
régua oral e na água de bebida. Abre-se a boca do animal introduzindo a régua oral e 
coloca-se na posição correta, o mais atrás possível. Introduz-se a pistola lança-doses pelo 
orifício e aperta-se o "gatilho". 
- Substâncias sólidas - Administração de cápsulas, com o auxilio da régua oral e 
na água de bebida e na ração (ver técnica acima). 
d) Canídeos e Felinos: 
- Substâncias líquidas - Com o animal com a boca fechada, puxa-se a bochecha 
de modo a fazer uma bolsa e introduz-se aí o líquido contido numa colher ou numa 
seringa. 
- Substâncias sólidas - Abrir a boca do animal (uma das mãos no mandibular e a 
outra no maxilar). Com o auxilio dos dedos anelar e médio obriga-se o animal a abrir a 
boca e os restantes dedos segurando o "comprimido" depositando no post-boca. Fechar a 
boca do animal (sempre com a cabeça em posição normal) e estimular o reflexo da 
deglutição. Também se podem administrar as preparações medicamentosas dentro de 
pedaços de carne. 
 
4.2 - Via Retal 
4.2.1 – Vantagens: Permite a absorção local ou sistêmica de certas substâncias, 
que por via oral apresentam características organolépticas indesejáveis (p. ex. 
desinfetantes pulmonares), assim como fornecer líquidos a animais desidratados. 
4.2.2 – Inconvenientes: Devido a dificuldade que existe em manter as 
substâncias o tempo necessário para a sua absorção, esta via apresenta certas 
dificuldades na administração. Não se pode administrar por esta via substâncias irritantes. 
4.2.3 - Regras a observar: Trata-se de um clister medicamentoso, deve ter o 
menor volume possível. Deve-se fazer preceder este tipo de enema por um evacuativo, a 
fim de facilitar a absorção (por diminuição dos movimentos peristálticos). Se tratar-se de 
um supositório (preparação sólida de forma cônica) para pequenas espécies, este deve 
ter um tamanho adequado ao tamanho do animal. 
4.2.4 - Modo de administração: 
a) Supositórios - Reservam-se às pequenas espécies. Introduzir o supositório, 
após untá-lo com uma substância oleosa ou molhá-lo o mais possível dentro da ampola 
retal. Impedir a sua saída até que cessem as tentativas de expulsão. 
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Farmacologia Geral Veterinária 
 
b) Enteroclises - Usa-se um irrigador que se coloca a uma altura superior ao 
animal. Deve-se ter cuidado com o volume de líquido que se administra de modo a não 
provocar lesões. 
4.2.5 - Local de administração: Reto. 
4.2.6 - Preparações medicamentosas mais utilizadas: Supositórios e 
enemas. 
 
VIAS PARENTERAIS ou VIAS DE USO EXTERNO 
 Vantagens: Permite a administração de medicamentos não absorvíveis, 
destruídos no TGI ou demasiado irritantes. É a via mais cômoda para o clínico, 
pois é de rápida administração e de rápido efeito. 
 Inconvenientes - Pode provocar uma irritação local; no caso de via endovenosa, 
há o perigo de reações gerais de tipo anafilático ou outras decorrentes de 
sobredosagens que surgem logo após ou mesmo durante a administração, o que 
não dá grande margem de manobra para retirar o excesso de medicamento ou 
controlar os efeitos adversos; necessidade de material próprio e esterilizado. 
 Regras a observar - Local da injeção; assepsia rigorosa; procura do refluxo 
sangüíneo (exceto nas injeções intravenosas). 
 Preparações medicamentosas mais utilizadas: líquidos em ampolas; 
implantes (via SC); soluções e suspensões. 
 
4.3 - Via Subcutânea (SC) 
4.3.1 – Vantagens: Permite a administração de substâncias em suspensão ou 
oleosas; é pouco dolorosa; possibilidade de administrações de grandes quantidades de 
líquido, mas em pequenas quantidades no local de aplicação. 
4.3.2 – Inconvenientes: Absorção muito lenta devido á presença do ácido 
hialurônico (grande viscosidade do meio) e a pouca vascularização. Esta situação que é 
desvantajosa numa urgência pode ser extremamente útil nos casos em que se pretenda 
exatamente esse efeito como é no caso da administração de vacinas. Pode-se contornar 
este inconveniente adicionando hialuronidase, massageando o local e usando um vaso 
dilatador periférico. 
4.3.3 - Modo de administração: Administração com o auxilio duma seringa e de 
agulha (curta e de bisel curto). Desinfetar o local de administração. Fazer uma prega 
triangular na pele e introduzir a agulha profundamente por uma das faces da pirâmide 
triangular assim formada. Procurar a existência de refluxo e em caso afirmativo não 
injetar. Injetar (velocidade dependente da fluidez do líquido e do volume). Retirar a agulha 
rapidamente. Massagear para facilitar a absorção quando tal seja o pretendido. 
4.3.4 - Local de administração: Variável com a espécie animal: 
a) Equídeos e Bovinos - Barbela; zona das costelas, axila e virilha. 
b) Suínos - Administração na base da orelha e região mamária. 
c) Caprinos e Ovinos - Virilha e axila. 
d) Canídeos e Felinos - Dorso, principalmente região da espádua e ainda face 
dorsal do pescoço. 
e) Aves - Na região peitoral. 
 21
Farmacologia Geral Veterinária 
 
4.4 - Via Intramuscular (IM) 
4.4.1 – Vantagens: Nesta via de administração há facilidade de administração de 
substâncias oleosas ou suspensões. O tempo médio de absorção é de 10 a 30 minutos. 
As injeções são pouco dolorosas, devido ao número de terminações nervosas aí 
existentes (poucos). 
4.4.2 – Inconvenientes: Possibilidade de causar lesões musculares de gravidade 
variável, principalmente nos equídeos. Pequenos volumes administráveis no local da 
injeção. 
4.4.3 - Modo de administração: Administra-se com o auxilio de uma seringa e 
de uma agulha (comprimento dependente do porte do animal e bisel médio). Desinfeta-se 
o local de administração e introduz-se a agulha com um movimento enérgico (em animais 
de grande porte e pele grossa deve ser introduzida a agulha por estocada com a agulha 
separada da seringa). Procurar a existência de refluxo e em caso afirmativo não injetar. A 
velocidade de administração da injeção é dependente da fluidez do líquido e do volume 
do líquido. Após a injeção dada retirar rapidamente. Verificar se há hemorragia. 
4.4.4 - Local de administração: Variável com a espécie animal: 
a) Equídeos e Bovinos - Tábua do pescoço e região da garupa, evitar se possível 
esta região. 
b) Suínos - Tábua do pescoço, não se usa o membro posterior por causa do valor 
econômico da peça de talho (presunto). 
c) Ovinos e Caprinos - Tábua do pescoço e músculos semimembranoso e 
semitendinoso, com a introdução da agulha na face interna ou externa da coxa. 
d) Canídeos - Músculo semimembranoso e semitendinoso com a introdução da 
agulha na face interna ou externa da coxa. Longo dorsal (região lombar). 
e) Felinos - Músculo semimembranoso e semitendinoso com a introdução da 
agulha na face interna ou externa da coxa. 
f) Aves - Músculos peitorais. 
 
4.5 - Via Intravenosa 
O medicamento é introduzido diretamente na corrente circulatória sem que haja 
absorção. 
4.5.1 – Vantagens: Efeito imediato (útil em caso de urgência). Efeito controlável, 
pois há a possibilidade de parar imediatamente; Possibilidade de fornecimentoprolongado 
por perfusão contínua (Venoclise) e de grandes quantidades; Possibilidade de injetar 
substâncias que são necrosantes ou dolorosas por via SC ou IM. 
4.5.2 – Inconvenientes: É uma via perigosa, pois o medicamento chega 
rapidamente ao contato com o coração e centros nervosos; Reações anafiláticas mais 
exuberantes do que por via IM; Possibilidade de reações febris devido à presença de 
pirógenos; não se podem injetar substâncias oleosas, nem suspensões, pois há sérios 
riscos de provocar embolias (o mesmo se passa com bolhas de ar). Só pode ser efetuada 
por pessoal devidamente treinado. 
4.5.3 - Regras a observar: Além das já descritas; colocar a agulha no centro do 
vaso (para evitar a irritação ou necrose do endotélio vascular). Injetar lentamente (no caso 
de parada repentina, o cérebro recebe ainda o medicamento durante mais 10 ou 15 
segundos). No caso de substâncias muito irritantes, cáusticas ou com características 
 22
Farmacologia Geral Veterinária 
 
físico-químicas muito diferentes do sangue, fazer refluxo com grande quantidade de 
sangue para obter um efeito de diluição prévio. 
4.5.4 - Modo de administração: Administração com o auxilio de uma seringa e 
de uma agulha (comprimento médio e bisel curto). Pode-se usar duas técnicas: 
a) Introduzir a agulha diretamente em direção à veia ingurgitada (este 
ingurgitamento obtém-se por compressão venosa com o garrote), e assim que surgir um 
refluxo de sangue na seringa, aliviar o garrote e injetar lentamente. 
b) Introduzir a agulha na via subcutânea, e depois introduzir na veia, com um 
movimento lateral da agulha (a veia fica colocada entre o dedo e a agulha). Depois 
proceder como acimas descrito. 
4.5.5 - Local de administração: É variável com a espécie animal: 
a) Equídeos - V. Jugular e auricular, esta última só nos asininos. 
b) Bovinos - V. Jugular; V. epigástrica externa (fêmeas leiteiras), v. caudal medial, 
v. auricular. 
c) Suínos - Veia marginal da orelha, jugular e v. cava cranial. 
d) Ovinos - Veia Jugular. 
e) Caprinos - Veia Jugular. 
f) Canídeos e Felinos - Veia Jugular; cefálica (ou radial); Safena. 
g) Lagomorfos - Veia marginal da orelha ou jugular. 
h) Aves - Veia axilar. 
 
4.6 - Via Intratecal ou intra-raquidiana 
Normalmente a penetração de fármacos no SNC é muito lento, devido a barreira 
hematoencefálica. No entanto, quando é desejável ação local e rápida de fármacos no 
SNC, como na anestesia espinhal ou infecção aguda, geralmente costuma-se injetá-lo no 
espaço subaracnóide espinhal. O espaço peridural, utilizado em anestesia, limita a 
difusão do líquido injetado na altura de L2-L3 ou L3-L4 apenas à porção espinhal, 
diminuindo assim o risco de penetração do anestésico no encéfalo no encéfalo e 
permitindo que o liquido banhe as raízes nervosas. A formulação injetada não deve ter 
conservante, deve ser aquosa, isotônica, rigorosamente estéril e apirogênica. 
4.6.1 – Vantagens: Certeza de que o medicamento chega ao local onde 
queremos que atue (ultrapassagem da barreira hemato-encefálica). 
4.6.2 – Inconvenientes: Há uma difusão muito lenta no líquido cefalorraquidiano. 
4.6.3 - Modo de administração: A administração é feita com o auxílio de uma 
seringa e de uma agulha (comprida e de bisel longo) e/ou trocarter. Existem dois tipos de 
injeções intra-raquidianas: SUB-ARACNOIDEIA e a EPIDURAL. 
a) A via subaracnoideia é delimitada pela aracnóide e pia-máter. 
b) A epidural, no chamado espaço epidural ou peridural, entre a dura-máter e a 
parede do canal raquidiano. 
 
4.7 - Via Intraperitoneal 
4.7.1 – Vantagem: Facilidade de utilização no caso de animais comatosos, ou em 
que haja um colapso das veias. Possibilidade de injetar grandes volumes de líquido. 
Transfusões de sangue total (1) : (4). Velocidade de absorção extremamente elevada. 
 23
Farmacologia Geral Veterinária 
4.7.2 – Inconvenientes: Possibilidades de provocar peritonites ou perfurações de 
vísceras principalmente se a técnica não for bem executada. 
4.7.3 - Modo de administração: Usar seringa ou sistema de venoclise e agulha 
comprida, com orifícios terminais lateralizados, para evitar a sua obstrução pelo peritôneo; 
Usar trocarter em animais de maior porte. Animais colocados em decúbito lateral ou 
dorsal. 
4.7.4 - Local de administração: 
a) Equídeos – fossa do flanco esquerdo. 
b) Bovinos - flanco direito. 
c) Suínos - flanco direito. 
d) Canídeos, Felinos e Lagamorfos. - Na região atrás e ao lado do umbigo. 
e) Aves - Injeção praticada a meia distância entre o esterno e a cloaca. 
 
4.8 - Via Intramedular 
A via intramedular representa a introdução de um líquido na cavidade da medula 
óssea. 
4.8.1 – Vantagens: Permite a absorção de soluções salinas, glicosadas, soro e 
sangue total, quando não se pode utilizar outra via (p. ex. endovenosa). É a via que 
apresenta maior velocidade de absorção. Permite fazer administrações de grandes 
volumes de líquidos. 
4.8.2 – Inconvenientes: Os solutos devem ser administrados gota a gota. Há o 
perigo de se provocarem osteomielites, abscessos subcutâneos, tromboses arteriais. 
4.8.3 - Regras a observar: Antissepsia rigorosa. 
4.8.4 - Modo de administração: O primeiro passo consiste em fazer a depilação 
da zona, depois faz-se a assepsia com tintura de iodo. Faz-se a punção óssea até à 
medula e depois faz-se a administração - velocidade de administração até 60 
gotas/minuto. As agulhas podem ter um comprimento de 40 a 150 mm e um diâmetro de 
1,6 a 0,9 mm. Como medida profilática é aconselhável a injeção de antibióticos. 
4.8.5 - Local de administração: Ossos longos, como fêmur e úmero, e esterno. 
4.8.6 - Preparações medicamentosas mais utilizadas: Líquidos 
 
4.9 - Via Intra-cardíaca 
4.9.1 – Vantagens: Atuação instantânea sobre o coração, em casos de parada 
cardíaca (p. ex. adrenalina) ou na prática de eutanásia. Facilidade de colheita de sangue. 
Administração em substituição da via endovenosa em animais comatosos e ou 
hipotensos. 
4.9.2 – Inconvenientes: Possibilidades de provocar lesões do pericárdio e 
miocárdio. Necessidade de grande treino para efetuar esta via em animais com parada 
cardíaca. 
4.9.3 - Regras a observar: o animal deve estar perfeitamente imóvel (se não 
estiver comatoso, deve ser anestesiado). 
4.9.4 - Modo de administração: Administra-se com o auxilio de uma seringa e 
de uma agulha (comprida e bisel curto). Coloca-se o animal em decúbito lateral direito 
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(lado esquerdo para cima) nos CARNIVOROS e introduz-se a agulha (após desinfecção 
do local) até aparecer um refluxo de sangue. Nessa altura são perceptíveis na agulha os 
movimentos cardíacos (no caso de não haver parada cardíaca). A injeção deve ser dada 
rapidamente e retira-se logo a agulha. A presença física da agulha também funciona 
como estímulo para o inicio do movimento cardíaco. 
4.9.5 - Local de administração: Área de projeção cardíaca: 
 PUNÇÃO CARDÍACA - Rato (no lado esquerdo, no local do ápice cardíaco, 
decúbito dorsal); Cobaia (decúbito dorso lateral direito punção no lado esquerdo, ao nível 
do choque pré-cordial); Coelho (decúbito lateral direito - ao nível do choque pré-cordial); 
Cão e Gato (decúbito lateral direito - 4º espaço intercostal esquerdo); Eqüídeos - 3º e 4º 
espaço intercostal; Bovinos - 3º e 4º espaço intercostal esquerdo; Lagomorfos - 3º espaço 
intercostal esquerdo, 3 a 4 mm acima do esterno, ao nível do choque pré-cordial; Aves- 3º 
ou 4º espaço intercostal, na linha que une o esterno à articulação escápulo-umeral. 
 
4.10 - Via Intradérmica: 
Esta via destina-se a pesquisas de caráter imunológico. 
4.10.1 – Vantagens: O agente antigênico permanece no local da inoculação. 
4.10.2 - Regras a observar: Trabalhar com material esterilizado para evitar 
infecções, ou concorrências imunológicas. 
4.10.3 -Modo de administração: Com o auxilio duma agulha muito curta 
(aproximadamente 1 cm) introduzir o inoculado entre a derme e a epiderme. A 
administração está correta quando se observa a formação duma "ampola" ou “inchaço” no 
local. O volume é de 1 a 3 cm ³ . 
4.10.4 - Local de administração: 
a) Equídeos - Pálpebra e pele do pescoço e espádua. 
b) Bovinos - Base da cauda, pescoço e espádua. 
c) Suínos - Base da orelha. 
d) Ovinos e Caprinos - Porção glabra da base da cauda 
e) Canídeos - Pele do abdômen 
f) Felinos - Ver CANIDEOS 
g) Lagomorfos - Ver CANIDEOS e SUINOS 
h) Aves - Injetar na espessura do barbilhão. 
Preparações medicamentosas mais utilizadas - Ampolas 
 
4.11 - Via Intra-pleural 
4.11.1 – Vantagens: Hidrotórax, pneumotórax. Tratamento de afecções locais, ou 
retirada de líquidos ou gases (toracocenteses). 
4.11.2 – Inconvenientes: Possibilidade de provocar uma perfuração do pulmão, 
ou de introduzir agentes microbianos. 
4.11.3 - Regras a observar: Todo o material deve estar perfeitamente 
esterilizado. 
4.11.4 - Modo de administração: Após a introdução da agulha ou trocarter no 
espaço intercostal, exatamente no centro para evitar a perfuração de vasos. Se tratando 
 25
Farmacologia Geral Veterinária 
de uma toracocentese, adaptar um sistema de 3 vias, para eliminar o conteúdo pleural 
(lentamente para não provocar um estado de choque). Se tratando da administração de 
fármacos, introduzi-los lentamente e em pequeno volume para não provocar 
compressões. Proceder ao refluxo, para pesquisa de ar exceto no pneumotórax (pulmão) 
ou sangue (vaso sanguíneo). 
4.11.5 - Local de administração: 
a) Canídeos - 6º espaço intercostal direito ou 7º - 8º espaço intercostal esquerdo. 
 
4.12 - Via Intra-articular 
4.12.1 – Vantagens: Tratamento por via local de artrites e artroses. 
4.12.2 – Inconvenientes: Possibilidade de introduzir agentes microbianos. 
4.12.3 - Regras a observar: Quer seja para fazer colheita do líquido sinovial, 
quer seja para a administração de fármacos, o material deve estar esterilizado. 
4.12.4 - Modo de administração: Um primeiro ponto é o conhecimento da 
articulação em causa; Efetuar a anestesia, e a assepsia do local. Colocar a articulação na 
melhor posição e introduzir uma agulha comprida e de bisel médio. Aspirar o líquido 
sinovial para se certificar que está no local (são necessários 10 a 20 segundos para que 
ele surja, devido à sua viscosidade). Depois ou retirar líquido ou fazer a injeção do 
medicamento e obrigar a articulação a movimentar-se para espalhar o medicamento. 
4.12.5 - Local de administração: Qualquer articulação móvel ou semi – móvel. 
4.12.6 - Preparações medicamentosas mais utilizadas: líquidos. 
 
VIAS LOCAIS OU TÓPICAS 
Também são vias de uso externo 
4.13 - Via dérmica 
Esta via destina-se única e exclusivamente ao tratamento local de afecções da 
derme ou para absorção sistêmica nos modos de administração pour on ou spot on no 
caso de endectocidas. 
4.13.1 – Vantagem: Ação no próprio local da afecção. 
4.13.2 – Inconvenientes: Os animais normalmente retiram a preparação 
medicamentosa: há possibilidade de absorção quer diretamente, quer por via digestiva. 
4.13.3 - Regras a observar: Proceder à limpeza da região, retirando mesmo as 
camadas anteriores da pomada, antes de nova aplicação. 
4.13.4 - Modo de administração: O modo de administração está condicionado 
pela preparação medicamentosa (sólida ou líquida). Não se devem cortar os pelos. Deve-
se aplicar massageando para abrir os poros e facilitar assim a sua penetração por 
renovação das secreções das glândulas. A aplicação de líquidos na forma pour on, sobre 
o fio do lombo do animal, desde a região das cruzes até a inserção da cauda e na forma 
spot on (em um ponto localizado, como uma mancha, que pode ser na nuca ou outro 
local), vem sendo muito utilizada em animais. 
4.13.5 - Local de administração: Epiderme. 
4.13.6 - Preparações medicamentosas mais utilizadas: Pós, Pomadas 
(todas as suas espécies), Cataplasmas, líquidos. 
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APLICAÇÕES NAS MUCOSAS 
 Vantagens - Atuação no próprio local da afeção. 
 Inconvenientes - Possibilidade de absorções indesejáveis. 
 
4.14 - Mucosa Ocular 
4.14.1 – Inconvenientes: Possibilidade de haver irritações e lesões. 
4.14.2 - Regras a observar: Usar colírios(líquidos) ou na forma de spray . 
 4.14.3 - Modo de administração: No caso da aplicação de colírio líquido ou 
pastoso, fechar o olho do animal, puxar a pálpebra inferior de modo a formar uma 
cavidade e introduzir o colírio. Depois massagear lentamente para espalhar. No caso de 
ser um colírio sólido, abrir o olho do animal e projetar o pó diretamente, assim como no 
uso de aerossol. 
4.14.4 - Local de administração: Mucosa ocular. 
4.14.5 - Preparações medicamentosas mais utilizadas: Colírios e sprays. 
Pode ainda ser usado cremes ou pomadas. 
 
4.15 - Mucosa Bucal 
4.15.1 – Inconvenientes: Só usada na clínica de pequenos animais. 
4.15.2 - Modo de administração: Abrir a boca ao animal, e pincelar o local com 
o auxilio duma zaragatoa ou cotonete. 
4.15.3 - Local de administração: Cavidade bucal. 
4.15.4 – Preparações medicamentosas mais utilizadas: Colutórios. 
 
4.16 - Mucosas Gênito-urinárias 
 Inconvenientes - há a possibilidade de aumentar a extensão das lesões (p. ex. até 
ao rim). 
 Regras a observar - Só usar material esterilizado. 
 
4.16.1 - Mucosa Genital do Macho: Fazer a exteriorização do pênis e aplicar 
sobre a sua mucosa a preparação medicamentosa, ou então aplicá-la entre o pênis e o 
prepúcio. 
4.16.2 - Mucosa Urinária do Macho: Fazer a exteriorização do pênis, e nas 
espécies em que é possível, instilar com o auxilio de uma seringa com sonda, ou então 
praticar a punção de bexiga e introduzir o medicamento (exceto no caso de obstrução). 
Fazer sempre o esvaziamento prévio da bexiga. 
4.16.3 - Mucosa Genital da Fêmea: Após abertura da vulva e vagina com um 
vaginoscópio ou espéculo vaginal, introduzir o medicamento. 
4.16.4 - Mucosa Urinária da Fêmea: Após a colocação do vaginoscópio, 
introduzir a sonda (metálica) e instilar ou aplicar o medicamento. Fazer o prévio 
esvaziamento da bexiga. 
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a) Local de administração - Aparelhos genital e urinário. 
b) Preparações medicamentosas mais utilizadas - solutos, comprimidos 
vaginais, óvulos, velas. 
 
4.17 - Via Intramamária 
4.17.1 – Vantagens: Tratamento local das mamites. Certeza da difusão do 
princípio ativo. 
4.17.2 – Inconvenientes: Possibilidade de lesão da glândula. 
4.17.3 - Regras a observar: Este tipo de tratamento está praticamente reservado 
às raças bovinas leiteiras, devido ao diâmetro do canal do teto. 
4.17.4 - Modo de administração: Injetar com o auxilio de uma seringa plástica 
especialmente desenhada de não mais que 2-3 mm de comprimento. 
4.17.5 - Local de administração: Canal do teto da glândula mamaria em 
bovinos. 
4.17.6 - Preparações medicamentosas mais utilizadas: Pomadas, líquidos 
ou sprays. 
OBS: Levar em consideração o veículo utilizado, que será o responsável pela 
difusão do fármaco ( em especial antibiótico), geralmente a base de polivinil-pirrolidona. N 
a fase de lactação, a persistência do antibiótico deve ser curta, portanto o veículo aquoso. 
Na fase de secagem, deve-se usar veículo com longa persistência (óleo mineral + 
monoesterato de alumínio a 3%). Também pode-se usar sais insolúveis, normalmente 
nestes casos a concentração do princípio ativo (atb), deve estar em uma concentração 
mais elevada. 
4.18- Via Inalatória 
A absorção pelo alvéolo pulmonar tem velocidade rápida e constante, havendo 
necessidade de equipamentos específicos, com alto custo e contando com pessoal 
especializado. A grande vantagem é a difusãorápida de agentes gasosos voláteis, com 
efeitos imediatos e reversão imediata com a suspensão da administração do agente 
geralmente anestésico. A grande desvantagem é a obrigatoriedade do uso de 
equipamento especializado e a técnica específica para a espécie animal. 
4.19- Via Intraruminal 
Esta via é de uso específico em ruminantes e requer técnica adequada e específica 
ao ruminante, bem como pessoal especializado. Normalmente utilizada para 
administração de vermífugos diretamente no sistema rúmen-retículo, através da 
introdução de seringa com agulha longa, no mínimo 50x20 ou por meio de trocarter, na 
fossa paralombar esquerda. A administração deve sempre ser feita com supervisão do 
veterinário. 
 28
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5. FARMACOCINÉTICA 
É o estudo do movimento de uma substância química, em particular, um fármaco 
no interior do organismo vivo, isto é dos processos de absorção, de distribuição, de 
biotransformação e de excreção. 
5.1 - Absorção 
Absorção de fármacos: é a passagem do fármaco de seu local de administração 
para o sangue. Portanto, deve ser considerada em todas as vias de administração, exceto 
pela via intravenosa. 
Para chegar ao local de ação, o fármaco deve atravessar várias barreiras, que são 
as membranas celulares. As membranas celulares têm uma camada lipoprotéica 
bimolecular que pode atuar como barreira para a transferência do fármaco através da 
membrana. As membranas celulares também contêm poros. 
As barreiras entre compartimentos aquosos no organismo são representadas pelas 
membranas celulares. Uma única camada de membrana separa o compartimento 
intracelular do extracelular. Uma barreira epitelial, como aquela representada pela 
mucosa gastrointestinal ou túbulo renal, consiste de uma camada de células firmemente 
conectadas entre si de forma que as moléculas devem atravessar duas camadas de 
membranas para passar de um lado para o outro. O endotélio vascular é um pouco mais 
complicado; na maioria dos tecidos, os capilares são fenestrados, sendo as fendas entre 
as células endoteliais suficientemente grandes para permitir que pequenas moléculas 
atravessem por difusão aquosa, mas muito pequenas para permitir que moléculas com 
peso molecular maior que aproximadamente 30.000 A Amstrons (maioria das moléculas 
de proteínas) atravessem. Em alguns órgãos, principalmente o sistema nervoso central e 
placenta, o endotélio capilar é contínuo, e a penetração por moléculas de fármacos 
envolve a travessia da membrana das células endoteliais, um importante detalhe que 
torna esses leitos vasculares muito distintos daqueles de outros órgãos. Isso possui 
importantes conseqüências farmacocinéticas. 
Assim, os fármacos atravessam as membranas baseadas na sua habilidade de 
dissolver na porção lipídica da membrana e no seu tamanho molecular, o qual regula sua 
filtração através dos poros. 
Fármacos e outras moléculas atravessam as membranas celulares por vários 
processos: 
9 Difusão passiva através dos lipídios; 
9 Difusão passiva através canal aquoso; 
9 Difusão facilitada; 
9 Transporte ativo; 
9 Pinocitose. 
Dessas vias, a difusão através dos lipídios e o transporte mediado por 
transportador são particularmente importantes em relação aos mecanismos 
farmacocinéticos. 
A habilidade do fármaco para atravessar a membrana por difusão lipídica depende: 
9 Grau de solubilidade em lipídios; 
9 Gradiente de concentração do fármaco ao longo da membrana; 
9 Tamanho molecular; 
9 Espessura da membrana; 
9 Área de superfície de absorção; 
 29
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9 pH. 
 
A maioria dos fármacos são ácidos ou bases fracas e em pH fisiológico estão 
presentes na forma ionizada e não-ionizada. A forma não-ionizada é capaz de 
atravessar membranas. A forma ionizada tem baixa lipossolubilidade. A proporção das 
respectivas formas depende do pKa do fármaco e do pH do meio no qual os fármacos 
estão dissolvidos. 
Æ Em pH estomacal baixo, os ácidos fracos como a aspirina (pKa 3,5) tendem a ser 
melhor absorvidos no estômago do que as bases fracas devido as condições ácidas. 
Æ Bases fracas são pouco absorvidas no ambiente ácido do estômago porque elas 
existem principalmente no estado ionizado (baixa lipossolubilidade). Bases fracas são 
melhores absorvidas no intestino delgado onde o pH é mais alcalino. 
Para calcular a porcentagem de um fármaco que existe na forma ionizada e não-
ionizada usa-se a equação de Henderson- Hasselbach, mas precisamos conhecer o pKa 
da droga e o pH do meio. 
 
Æ Para ácidos fracos usa-se: 
 pKa = pH + log conc. ácido não-ionizado 
 conc. ácido ionizado 
Æ Para bases fracas usa-se: 
 pKa = pH + log conc. base ionizado 
 conc. base não-ionizado 
 
A forma ionizada possui lipossolubilidade muito baixa, e é praticamente incapaz de 
atravessar membranas, exceto, raramente, onde existe um mecanismo de transporte 
específico. 
Para a maioria dos fármacos a espécie não-carregada é suficientemente 
lipossolúvel para permitir rápida travessia da membrana, embora haja exceções (ex. o 
grupo de antibióticos relacionados à estreptomicina) onde mesmo a molécula não 
carregada é insuficientemente lipossolúvel para atravessar as membranas de maneira 
considerável. Geralmente deve-se a uma preponderância de grupos com ligações de 
hidrogênio, como -OH, que torna hidrofílica a molécula não-carregada. 
A ionização não afeta apenas a taxa com que os fármacos atravessam as 
membranas, mas também a distribuição constante das moléculas de fármacos entre os 
compartimentos aquosos, se houver uma diferença de pH entre elas. 
5.1.1 - Fatores que Modificam a Absorção: 
a) A absorção, seja qual for o local, depende da solubilidade do fármaco. 
b) Substâncias administradas em solução aquosas são absorvidas mais 
rapidamente que em soluções oleosas, suspensões ou forma sólida, porque se misturam 
mais facilmente com fase aquosa no local absortivo. 
c) Condições do local de absorção modificam a solubilidade, especialmente no 
TGI. 
d) A concentração do fármaco influencia a velocidade de sua absorção. 
e) O fluxo sanguíneo no local da absorção também afeta a absorção. 
 30
Farmacologia Geral Veterinária 
 
f) A área de superfície absorvente à qual o fármaco é exposto é um dos 
determinantes mais importantes da velocidade de absorção. As substâncias são 
absorvidas muito rapidamente a partir de grandes superfícies, como o epitélio alveolar, 
mucosa intestinal. 
 Æ A absorção gastrointestinal é afetada por todos os fatores descritos acima mais: 
- Motilidade gastrointestinal 
- Interação físico-química com outras drogas co-administradas ou com constituintes 
alimentares 
- Alteração da estrutura e integridade funcional do epitélio gástrico e intestinal. 
 
5.2 - Distribuição dos Fármacos 
Após a absorção, um fármaco pode ficar sob a forma livre no sangue, ligar-se a 
proteínas plasmáticas ou então, ser seqüestrado para depósitos no organismo. Somente 
o fármaco na forma livre é distribuído para os tecidos. Define-se distribuição como o 
fenômeno em que um fármaco após ter chegado ao sangue, sai deste compartimento e 
vai para o seu local de ação. 
Os fármacos abandonam a via circulatória para o espaço intersticial por processo 
de difusão através das membranas celulares dos capilares ou ainda por poros ou 
fenestrações existentes na parede dos capilares. A difusão para o compartimento 
intersticial é rápida por causa da natureza extremamente permeável das membranas 
endoteliais capilares, exceto no cérebro. 
A velocidade com que a concentração de um determinado fármaco livre demora 
para se equilibrar entre o plasma e o líquido extracelular depende basicamente do grau de 
vascularização de um determinado tecido. Este equilíbrio é conseguido rapidamente em 
órgãos bem perfundidos. Ocoração, fígado, rins, cérebro e outros órgãos bem 
perfundidos recebem a maior parte dos fármacos durante os primeiros minutos após a 
sua absorção. O aporte do fármaco à musculatura, à maioria das vísceras, à pele e ao 
tecido adiposo é mais lento, e estes tecidos exigem de minutos a algumas horas para ser 
atingido um estado de equilíbrio. 
Na distribuição é importante levar em conta a água corporal, que representa de 50 
a 70% do peso do organismo, distribuído em 4 compartimentos: 
9 Líquido extracelular, constituído de plasma sanguíneo (4,5% do peso corporal); 
9 Líquido intersticial (16%) e linfa (1-2%); 
9 Líquido intracelular (30 a 40%); 
9 Líquido transcelular (2,5%), que inclui os líquido cefalorraquidiano, intraocular, 
peritoneal, pleural, sinovial e secreções digestivas. 
No interior de cada um destes compartimentos aquosos, as moléculas do fármaco 
existem em solução livre, ligada, na forma molecular ou iônica, de acordo com o pH de 
cada compartimento. Portanto, o equilíbrio da distribuição entre os vários compartimentos 
depende: da capacidade de um fármaco de atravessar as barreiras teciduais de cada 
compartimento; da ligação do fármaco no interior dos mesmos; da ionização e da lipo-ou-
hidrossolubilidade das moléculas dos fármacos. 
Os fármacos que não são lipossolúveis e penetram mal nas membranas têm sua 
distribuição limitada e seus locais de ação potenciais também são limitados. 
Æ A distribuição pode ser limitada pela ligação dos fármacos às proteínas 
plasmáticas. 
 
Fármacos ácidos - se ligam a albumina 
 31Fármacos básicos - se ligam a -globulina e 1-glicoproteína 
Farmacologia Geral Veterinária 
 
 
Fármacos que apresentam forte e extensa ligação com as proteínas plasmáticas 
têm acesso limitado aos locais de ação celular e são metabolizados e eliminados 
lentamente. 
Os fármacos podem se acumular nos tecidos. Os fármacos que se acumulam em 
determinado tecido podem servir como reservatório que prolonga a ação do fármaco no 
mesmo tecido ou no local distante atingido através da circulação. 
 5.2.1 - Reservatório dos Fármacos: 
Os compartimentos orgânicos nos quais o fármaco se acumula são seus 
reservatórios potenciais. 
a) Proteínas plasmáticas Muitos fármacos se ligam às proteínas plasmáticas: 
albumina, -globulina e 1-glicoproteína. A ligação é reversível. A ligação às proteínas 
plasmáticas limita a concentração nos tecidos e nos seus locais de ação, porque apenas 
a forma livre está em equilíbrio através das membranas. 
A ligação limita a filtração glomerular, mas não limita a biotransformação ou a 
secreção tubular renal. Muitos fármacos com características físicas semelhantes podem 
competir uns com os outros e com substâncias endógenas por outros locais de ligação. 
Ex:. deslocamento da bilirrubina não-conjugada da ligação com albumina por sulfas, 
aumento do risco de encefalopatia por bilirrubina no recém-nascido. 
b) Reservatórios celulares Muitos agentes acumulam-se na musculatura e em 
outras células em concentrações superiores aquelas encontradas no líquido extracelular. 
Em geral a ligação tecidual dos fármacos, dá-se com proteínas, fosfolipídeos e 
nucleotídeos e costuma ser reversível. 
c) Tecido adiposo É um importante reservatório de fármacos lipossolúveis. 
d) Ossos As tetraciclinas e os metais pesados acumulam-se nos ossos por 
absorção à superfície cristalina óssea e incorporação final à trama cristalina. O osso pode 
tornar-se um reservatório para a liberação lenta de agentes tóxicos como o chumbo ou 
rádio para o sangue. 
e) Líquidos transcelulares O principal reservatório transcelular é o TGI. As 
bases fracas são concentradas passivamente no estômago, a partir do sangue por causa 
do grande diferencial de pH entre os 2 líquidos. 
O humor aquoso, líquor, endolinfa e líquidos articulares não acumulam 
concentrações importantes de fármacos. 
 
5.2.2 – VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO 
O volume de distribuição (Vd) é um volume hipotético no líquido no qual o 
fármaco se dissemina. O Vd dá informações sobre a distribuição de fármacos no 
organismo e, portanto, pode auxiliar na otimização de esquemas terapêuticos. 
Logo após o fármaco ser absorvido, ele pode distribuir-se no compartimento 
plasmático, líquido intersticial, líquido intracelular, ou ser seqüestrado em algum local 
celular. 
 Se um fármaco possui massa molecular elevada ou se liga fortemente às proteínas 
plasmáticas, ele acaba “aprisionado”dentro do compartimento vascular. Assim, o 
fármaco se distribui em um volume (o plasma) que é cerca de 6% da massa 
corporal, em uma pessoa de 70 kg, cerca de 4 L de líquido corporal. Ex.: heparina. 
 32
Farmacologia Geral Veterinária 
 
 Mas se tiver baixa massa molecular ou é hidrofílico, ele pode se mover através das 
fendas endoteliais para o líquido intersticial e não conseguem entrar no meio 
intracelular. Assim, se distribuem em um volume que é soma da água plasmática e 
da água intersticial, dito meio extracelular, e corresponde a 20% da massa 
corporal, ou cerca de 14 L numa pessoa de 70 kg. Ex.: antibióticos 
aminoglicosídeos. 
 Se um fármaco possui baixa massa molecular e é lipofílico, ele pode se 
movimentar para o interstício e para o liquido intracelular. Assim ele se distribui em 
um volume de 60% da massa corporal, cerca de 42 L em uma pessoa de 70 kg. 
Ex.: etanol 
 Na gestação, o feto pode captar fármacos e, assim, aumentar o volume de 
distribuição. Fármacos extremamente lipossolúveis, como o tiopental, podem 
apresentar Vd extremamente elevados. 
 Um fármaco raramente se associa a um único compartimento de água corporal. A 
grande maioria de se distribui em vários compartimentos, com freqüência ligando-
se a componentes celulares, como lipídios, proteínas ou ácidos nucléicos. Por isso, 
o volume no qual o fármaco se distribui é denominado volume aparente de 
distribuição, ou Vd. 
Determinação do Vd 
O volume aparente no qual o fármaco se distribui, Vd, é determinado pela injeção de uma 
dose padrão do fármaco, a qual é inicialmente contida inteiramente no sistema vascular. 
O fármaco pode mover-se do plasma para o interstício e o interior das células, causando 
a diminuição da concentração no plasma no decorrer do tempo. Admita, para simplificar, 
que o fármaco não é eliminado do organismo; então, alcança uma concentração uniforme 
que é mantida no decorrer do tempo. A concentração no interior do compartimento 
vascular é a quantidade total de fármaco administrado dividida pelo volume no qual se 
distribui. 
Vd= D/C 
Onde C= concentração plasmática do fármaco (mg/L), D= quantidade total do fármaco no 
organismo (dose administrada - mg/kg). O valor pode ser expresso em L/kg, ou em L. Ex.: 
Foram administrados 25 mg de um fármaco (D=25 mg), e a concentração plasmática é 1 
mg/L, então Vd= 25mg/1mg/L= 25 L. 
 
Efeito de um Vd elevado na meia-vida do fármaco 
Um Vd elevado influencia a meia-vida de um fármaco, pois sua eliminação depende 
da quantidade de fármaco ofertada ao fígado ou rins por unidade de tempo. A oferta de 
fármacos aos órgãos de eliminação depende não somente do fluxo sanguíneo, como 
também da fração do fármaco no plasma. Se o Vd é elevado, a maior parte do fármaco 
está no espaço extraplasmático e indisponível para os órgãos excretores. Assim, qualquer 
fator que aumente o volume de distribuição pode levar a um aumento da meia-vida e 
prolongar a ação do fármaco. 
 
5.3 - Biotransformação 
A biotransformação dos fármacos submete o fármaco a reações químicas, 
geralmente mediadas por enzimas, que o convertem em um composto diferente do 
originalmente administrado. 
 33
Farmacologia Geral Veterinária 
Este processo torna os fármacos mais polares e menos lipossolúveis, 
aumentado assim a sua excreção e reduz seu volume de distribuição. Também alivia a 
carga de substâncias químicas estranhas

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