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GUIA DE RECOMENDAÇÕES PARA USO DE FLUORETOS NO BRASIL - Ministério da Saúde 2009

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GUIA DE RECOMENDAÇÕES PARA USO DE FLUORETOS NO BRASIL
INTRODUÇÃO
EFICÁCIA: refere-se ao alcance do objetivo da medida aferida por meio de estudos 
metodologicamente rigorosos, em ambiente controlado, de pesquisa.
EFETIVIDADE: é o grau de eficácia que a medida atinge na prática, no mundo real dos serviços, 
ações e programas de saúde. Uma medida pode ser altamente eficaz, mas não necessariamente 
efetiva.
EFICIÊNCIA: diz respeito à relação custo-benefício da medida.
BREVE HISTÓRICO
Fluoreto: forma iônica do elemento químico flúor
 Prevalência de cárie velocidade de progressão de novas lesões
1945 e 1946: EUA e CANADÁ- utilização dos fluoretos como meio preventivo e terapêutico da 
cárie dentária fluoretação das águas de abastecimento público
1953: Brasil - Baixo Guandu/ES – fluoretação das águas de abastecimento público
1974: Lei Federal nº 6050
1960: dentifrícios fluoretados começaram a ser utilizados nos países desenvolvidos
1989: Brasil, os dentifrícios fluoretados passaram a ser comercializados em escala populacional.
MECANISMO DE AÇÃO
O objetivo final de todos os meios de utilização de Flúor, sejam direcionados a populações ou 
indivíduos, é a manutenção do íon flúor na cavidade bucal, para interferir no desenvolvimento da 
cárie dentária.
 O FLUORETO NO MEIO AMBIENTE BUCAL
 pH baixo (<6,7 para dentina e <5,5 para esmalte)
Após certo tempo de exposição ao açúcar, o pH se eleva a valores acima dos críticos e a saliva
tende a repor os minerais dissolvidos = remineralização.
Fluorapatita (FA) é menos solúvel do que a Hidroxiapatita (HA).
O Flúor incorporado sistemicamente no mineral dental tem um efeito muito limitado no controle da
cárie. Sendo a FA um mineral menos solúvel, ela tem maior tendência a se precipitar no esmalte e
dentina do que a HA durante os fenômenos de desmineralização e remineralização. Havendo íon
flúor presente no meio ambiente bucal (fluído do biofilme dental, saliva), a FA ainda terá a
tendência de se precipitar. Consequentemente, numa certa faixa de pH, haverá dissolução de HA
e, concomitantemente, precipitação de FA.
 5,5 deve ser considerado o pH crítico para o esmalte de um indivíduo ou população não 
exposta diariamente a nenhuma das formas de fluoretos.
 Quando exposto ao flúor, o pH cai para 4,5 e, assim, entre esse valor e 5,5, ao mesmo
tempo em que o dente perde minerais na forma HA, uma certa quantidade dos íons
cálcios e fosfatos dissolvidos retornam ao dente na forma de FA.
 Flúor na saliva: potencialização do efeito remineralizador da saliva.
 
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 MANUTENÇÃO DO FLUORETO NO MEIO AMBIENTE BUCAL
Mecanismo de ação ≠ modo de aplicação
Mecanismo de ação do F é essencialmente local na cavidade bucal.
“Associação de métodos”: obtenção de F por meios coletivos e individuais.
JAMAIS associar dois métodos cujo modo de aplicação seja sistêmico (água e sal de cozinha, por
exemplo). 
Uso de métodos tópicos (bochechos, géis, vernizes) em conjunto ao uso regular de dentifrício
fluoretado tem pouco efeito adicional na redução de cáries. 
Contexto Brasileiro água fluoretada + dentifrício fluoretado = acesso universal ao F
Ausência de água fluoretada: uso regular de dentifrício fluoretado + forma de uso tópico
(bochecho, gel ou verniz).
Eficiência do gel fluoretado é maior que a dos bochechos e verniz, apresentando eficácia e
efetividade semelhantes.
MEIOS COLETIVOS DE USO DO FLÚOR
 ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO: forma mais abrangente e socialmente justa de 
acesso ao flúor.
Compostos de flúor, na forma sólida ou solução aquosa são adicionados às águas de 
abastecimento público, nas estações de tratamento ou poços de captação, previamente ao seu
envio à rede de distribuição.
 FLUORSILICATO DE SÓDIO
 ÁCIDO FLUORSILÍCICO
Lei federal nº 6.050 de 24/05/74, regulamentada pelo Decreto nº 76.872 de 22/12/75, estabelece a
obrigatoriedade, “onde exista estação de tratamento de água”, a agregação de F ao tratamento
das águas de abastecimento (fluoretação das águas).
RS: 1º estado onde se estabeleceu, mediante lei, em 18/06/57 a obrigatoriedade da fluoretação
das águas de abastecimento público.
Efetividade: Baixo Guandu/ES – 1ª cidade brasileira a ter suas águas de abastecimento público
fluoretadas --> SESP 1953
Redução de 57% do índice CPOD aos 12 anos em 10 anos.
Eficácia da medida situa-se em torno de 60% de redução na ocorrência de cárie dentária.
SB Brasil 2002-2003
Aos 5 anos, ceod médio 2,52 – água fluoretada / ceod médio 3,57 – sem água fluoretada
Aos 12 anos, 2,27 CPOD médio com água fluoretada / CPOD médio 3,38 s/ água fluoretada.
A presença de Flúor constantemente na cavidade bucal para interagir nesses 
fenômenos que ocorrem diariamente na superfície dentária (des-re), 
garantindo a saturação do meio ambiente com os íons que compõem a 
fluorapatita, é o principal mecanismo de sua ação na prevenção da cárie.
Eficiência: beneficia proporcionalmente mais aqueles que mais precisam dela, pois seu impacto
preventivo é maior quanto maior a desigualdade social.
Contexto brasileiro: a fluoretação das águas encontra-se nas regiões e municípios com melhores
indicadores sociais.
 Aspectos operacionais e tecnológicos: a adição de compostos fluorados à água é feita na etapa
final do tratamento de água. Procedimento relativamente simples.
Vigilância epidemiológica: a medida requer a realização de levantamentos epidemiológicos
periódicos, com o primeiro sendo realizado em momento imediatamente anterior à sua
implantação.
OMS recomenda levantamentos utilizando o índice CPOD pelo menos a cada 5 anos. – tendência
e prevalência temporal da fluorose dentária.
Vigilância Sanitária: a efetividade da medida depende da continuidade da sua execução durante
anos seguidos, e da manutenção do teor adequado de flúor.
Teor adequado e variação dependem da temperatura local.
Fórmula de Gallagan e Vermillion (1957): média das temperaturas máximas diárias da localidade,
no período de 01 ano, para o cálculo da concentração ótima e seus limites máximos e mínimos.
O Valor Máximo Permitido (VMP) de fluoreto é 1,5 pppm, ou seja, 1,5 mg de flúor por litro de água.
Na maior parte do território brasileiro, o teor ideal de flúor na água é 0,7 ppm ou 0,7 mg de flúor
por litro. Na maior parte da região Sul, o teor ideal é 0,8 ppm ou 0,8 mg de flúor por litro.
 Fluoretação da água: direito de cidadania.
 Populações privadas do benefício da fluoretação apresentam um valor 34,3% maior para
o índice CPOD.
 Paralisação da medida pode acarretar aumento de 27% na prevalência de cárie para a
dentição decídua e 35% para a dentição permanente em 5 anos.
Ações de Vigilância
 Controle operacional: a empresa de saneamento fornece os dados aos órgãos de saúde.
 Heterocontrole: o órgão de vigilância se encarrega da coleta e analise dos dados.
Biossegurança: cuidados de biossegurança envolvidos com a fluoretação das águas dizem
respeito à estocagem dos produtos uma vez que, dada à concentração em que são armazenados,
podem causar danos aos manipuladores.
Aspectos Éticos: deve-se conhecer o teor de F normalmente encontrado nas águas de um
determinado manancial, antes de disponibilizá-las ao consumo humano.
De acordo com o teor ideal para prevenir cárie, as águas podem ser:
 HIPOFLUORADAS: teores inferiores a 0,55 ppmF
 HIPERFLUORADAS: teores superiores a 0,84 ppmF
Na maior parte do território brasileiro onde o teor ótimo é 0,7 ppmF.
VPM= 1,5 ppmF = prejudicial aos menores de 9 anos continuamente expostos.
Não é recomendado pela Coordenação Nacional de Saúde Bucal nem por qualquer entidade de
Saúde Pública ou instituição odontológica.
A exposição compulsória, continuada, de indivíduos menores de 9 anos de idade a teores
superioresa 0,84 ppmF (onde o teor ótimo é 0,7 ppmF) ou a 1,14 ppmF (onde o teor ótimo é 1,00
ppmF) implica informar seus responsáveis sobre tais riscos, recomendando-lhes evitar ingerir e
preparar alimentos com essas águas.
Pré-requisitos: existência de um sistema adequado de tratamento e distribuição de água.
 DENTIFRÍCIOS: Um dos métodos mais racionais de prevenção das cáries, pois alia a remoção
do biofilme dental à exposição constante ao flúor.
 É considerado um meio coletivo de obtenção de flúor.
 A possibilidade de a população adquirir dentifrícios fluoretados decorre de decisões de 
saúde pública/coletiva.
Ação: benéfica; aumenta a concentração de flúor na saliva por cerca de 40 minutos após a
escovação.
COMO O FLÚOR SE RETÉM NA CAVIDADE BUCAL?
Por dois mecanismos:
1) Superfícies limpas pela escovação: o F reage com o dente, formando regularmente
pequena quantidade de fluoreto de cálcio na superfície do esmalte-dentina.
2) Placa não removida pela escovação: o F se difunde e se deposita na forma de
reservatórios com cálcio, orgânico e mineral.
Uso frequente de dentifrício: remoção do biofilme + aumento dos níveis de F na cavidade bucal
para interferir nos processo des-re.
Compostos: 2 mais utilizados
 Fluoreto de sódio (NaF): libera o íon flúor por ionização quando em contato com água.
Não deve ser agregado a dentifrícios contendo cálcio como abrasivo (carbonato de
cálcio, p. ex.), pois ocorre ligação do flúor com o cálcio do abrasivo formando-se fluoreto
de cálcio (CaF2) dentro do tubo e não no dente. Abrasivo compatível: sílica (p.ex.).
 Monofluorfosfato de sódio (MFP, Na2PO3F): libera o íon fluoreto pela ação das
enzimas fosfatases, presentes na cavidade bucal. Pode ser usado com carbonato de
cálcio, pois o MFP só libera o fluoreto quando na cavidade bucal. (maioria dos
dentifrícios no Brasil).
Eficácia: redução da prevalência de cárie de 21 a 28%.
Dentifrícios com baixa concentração de fluoretos - cerca de 500 ppmF: não há evidência
científica de que esses produtos tenham a mesma eficácia anti-cárie que os de concentração
convencional.
Efetividade: 1989 foi o ano no qual grande parte dos brasileiros passou a ter acesso a dentifrícios
fluoretados. Em 1990 todos os dentifrícios passaram a conter flúor.
-o declínio nos níveis de cárie devido aos dentifrícios fluoretados foi observado em cidades com
ou sem água fluoretada. Mas ainda hoje, a fluoretação das águas é responsável por uma redução
importante nos índices de cárie no Brasil.
Bases legais e vigilância: concentração entre 1000 - 1500 ppmF. Normas que regulamentam os
dentifrícios (Res. 79 de 28/08/00) determinam apenas que eles tenham no máximo 0,15% de F
(1500 ppmF). A legislação não requer que esse flúor esteja potencialmente ativo – na forma
solúvel de íon flúor (fluoreto) ou íon monofluorfosfato (FPO3-).
Pela legislação é possível agregar fluoreto de cálcio (haveria no máximo 8 ppmF solúvel) ao
dentifrício e vende-lo como fluoretado, mesmo que não haja liberação do fluoreto durante a
escovação.
 ☺ A concentração de flúor solúvel na maioria dos dentifrícios vendidos no Brasil está de acordo
com o ideal e termos de prevenção.
Indicações: toda a população, em especial crianças menores de 9 anos de idade, devem usar em
pequenas quantidades (cerca de 0,3 gramas equivalente a um grão de arroz), devido ao risco de
fluorose dentária.
Dentifrícios com baixa concentração de fluoretos ou não fluoretados não são recomendados.
Cuidados: crianças em idade pré-escolar, na fase de desenvolvimento do esmalte dentário dos
dentes permanentes, há risco para fluorose. Pequena qtdade + supervisão de adulto
 ESCOVAÇÃO DENTAL SUPERVISIONADA: Importante meio para obtenção coletiva de flúor.
a) Escovação Dental Supervisionada Indireta: o agente da ação não é necessariamente um 
profissional da saúde e a finalidade é, essencialmente, levar flúor à cavidade bucal e, 
adicionalmente, consolidar o hábito da escovação.
b) Escovação Dental Supervisionada Direta: executada por profissional da saúde, há 
preocupação quanto aos aspectos qualitativos relativos à desorganização do biofilme 
dental, com a avaliação específica do desempenho de cada participante. Pode ter 
frequência semestral, quadrimestral ou trimestral – 2, 3 ou 4 vezes/ano. Os profissionais 
envolvidos atuam diretamente no planejamento, execução e avaliação das ações. –avaliar 
a qualidade da escova, desgaste, deformação de cerdas e etc.
Eficácia: deduz-se apenas que os níveis de cárie, a exposição a fluoretos e a periodicidade de 
realização das ações podem influenciar na sua eficácia.
Técnica: escovação dental supervisionada indireta + direta 
Vantagens: garantia de acesso aos fluoretos em concentrações adequadas e melhora dos 
padrões de higiene oral com consequências benéficas para a saúde periodontal.
Desvantagens: considerar dificuldades operacionais em ambiente escolar.
Indicação: grupos em situação de risco
a) Expostos à água de abastecimento sem flúor;
b) Expostos à água de abastecimento com teores de fluoretos abaixo da concentração 
indicada (até 0,54 ppmF);
c) Cujo CPOD médio seja maior que 3 aos 12 anos;
d) Em que menos de 30% dos indivíduos estejam livres de cárie aos 12 anos;
e) Residentes em área de pobreza onde se estima menores níveis de exposição geral aos 
fluoretos.
 ENXAGUATÓRIOS (BOCHECHOS) BUCAIS: Solução concentrada, normalmente de fluoreto 
de sódio para ser bochechada diária (NaF a 0,05%), semanal ou quinzenalmente (NaF 0,2%).
Eficácia: redução da ordem de 23 a 30% de cárie. 
Técnica: 
Uso semanal regular de NaF 0,2% (2 gramas de fluoreto de sódio em 1 L de água)
Uso diário: NaF 0,05%
Bochechar 10 mL da solução, vigorosamente por 01 minuto, seguida de expectoração.
Vantagens: facilidade de aplicação e baixo custo.
Desvantagens: contraindicado para crianças em idade pré-escolar devido ao risco de ingestão. 
Exigem-se pelo menos 25 bochechos semanais por ano, sem interrupções prolongadas.
Indicações: bochecho semanal (NaF 0,2%) abrangência universal recomendada para populações 
nas quais se constate uma ou mais das seguintes situações:
a) Expostos à água de abastecimento sem flúor;
b) Expostos à água de abastecimento com teores de fluoretos abaixo da concentração 
indicada (até 0,54 ppmF);
c) Cujo CPOD médio seja maior que 3 aos 12 anos;
d) Em que menos de 30% dos indivíduos estejam livres de cárie aos 12 anos;
e) Residentes em área de pobreza onde se estima menores níveis de exposição geral aos 
fluoretos.
Bochechos diários de NaF a 0,05% + dentifrício fluoretado = indivíduos de alto risco de cárie.
 GÉIS: A partir dos anos 80 foi difundido para uso em escala populacional. Como procedimento 
coletivo/ação coletiva, a partir de 90.
Eficácia: redução de 19 a 37% de cárie quando do uso individual.
Técnica: gel de fluorfosfato acidulado (FFA) com concentração de 1,23% de fluoreto em ácido 
ortofosfórico a 0,1 M durante quatro minutos.
 Tempo de aplicação de 4 min + 30 min sem beber água ou comer = são seguidos, mas 
não há evidência cientifica da relevância anti-cárie.
Método populacional – recomenda-se aplicação semestral ou quadrimestral (6 ou 4 meses) 
com moldeiras ou através de escovação sem necessidade de profilaxia prévia.
Profilaxia prévia deve ser considerada para grupos de alto risco de cárie, possibilitando a 
formação de reservatórios de F na superfície dental e não só na placa dental.
Vantagens: aplicação a cada 2 ou 3 vezes ao ano; maior cobertura quando comparados aos 
bochechos. Não há risco de fluorose dentária, pois apesar de alta concentração, a frequência 
é baixa.
Cuidados: necessidade de supervisão (moldeiras) e em crianças em idade pré-escolar (risco 
de ingestão).
Indicações: as mesmas situações mencionadas para o uso de bochechos.
 Uso em populações onde métodos dealta frequência são difíceis (populações isoladas 
ou distantes de centros urbanos).
MEIOS INDIVIDUAIS DE USO DO FLÚOR
 BOCHECHOS DE NaF A 0,05%: Para pessoas com alto risco ou atividade de cárie que não 
estão conseguindo controlar a cárie por meios convencionais de uso do flúor (pacientes em tto 
ortodôntico fixo, p. ex.).
 SUPLEMENTOS PARA USO INDIVIDUAL NA GESTAÇÃO E INFÂNCIA: a indicação de 
comprimidos fluoretados para se alcançar um efeito sistêmico (que nada mais é do que um 
aumento na concentração de flúor na cavidade bucal = água fluoretada) parece ser irrelevante.
A indicação dos suplementos não é uma medida racional.
Faltam estudos clínicos controlados justificando sua indicação nos dias atuais quando se 
dispõe de outros métodos de utilização de flúor.
Suplementação pré-natal de flúor: a ingestão de flúor durante a gravidez beneficiaria,
hipoteticamente, apenas os dentes decíduos da criança, que são aqueles que iniciaram a
mineralização in útero. Ao nascimento, apenas os primeiros molares permanentes estão
iniciando sua mineralização. Se a gestante ingerir água fluoretada, a suplementação pré-natal
está contraindicada de antemão.
Para regiões sem flúor na água, tem sido sugerida, empiramente, a utilização de 1 mg de F/dia.
Gestante que consome água fluoretada = 2 a 4 mg F/dia.
Nenhum estudo comprovou a eficácia da ingestão de F durante a gravidez na redução da
incidência de cárie em dentes decíduos.
Nenhuma organização internacional ou nacional recomenda a prescrição de flúor pré-natal.
Indicações: não há indicação para uso de suplementos de F pré-natal. Pós-natal tem indicação
individual limitada, sendo contraindicado como medida de Saúde Coletiva.
 VERNIZES: Materiais aderentes à superfície com o objetivo de reagir com a superfície dental e 
manter uma liberação de flúor para o ambiente bucal por um período maior de tempo.
Eficácia: alta variabilidade (30-63%)
Evidência anti-cárie está bem documentada somente para NaF a 2,26% (23.000 ppmF) em 
verniz de colofôneo em meio alcoólico.
Técnica: no mínimo, 2 aplicações anuais para pacientes com atividade de cárie ou com história
passada de alta experiência de cárie. 
Em Saúde Pública = 2 a 4 aplicações anuais.
É necessária a limpeza prévia dos dentes, por meio de escovação, posterior secagem, 
isolamento relativo.
Vantagens: uso em populações em idade pré-escolar. Nenhum risco de fluorose na frequência 
recomendada.
Desvantagens: Necessidade de limpeza prévia e secagem dos dentes para retenção do verniz.
Indicações: = uso do gel. Aplicação é individual.
 MATERIAIS LIBERADORES DE FLÚOR:
 Inicialmente desenvolvidos como materiais restauradores para prevenir cárie secundária 
(ao redor da restauração), tem sido utilizados como:
 Selantes de fóssulas e fissuras;
 Colagem de aparelhos ortodônticos fixos 
 ART.
Materiais de maior potencial anti-cárie são classificados como CIV e CIV modificados por 
resina.
Eficácia: como selantes de sulcos e fissuras previnem não só a iniciação como progressão da 
cárie.
Retenção dos selantes ionoméricos < resinosos e não há evidência por meio de estudos 
clínicos controlados randomizados (CCR) de superioridade do fluoretado em relação ao 
resinoso.
Vantagens: liberação constante de flúor, mantendo baixas concentrações de F no meio bucal 
controlando a cárie, independentemente do auto uso de F pelos indivíduos, como na forma de 
dentifrício fluoretado.
Desvantagens: menor retenção e qualidade estética.
Indicações: indivíduos de alto risco de cárie (experiência passada de cárie) e para aqueles que 
não usam regularmente dentifrícios fluoretados.
FLUOROSE DENTÁRIA
A maioria dos casos relatados na literatura atual aponta para a predominância de fluorose 
muito leve a leve, não sendo considerada como um problema de saúde pública por não 
apresentar impacto na aparência ou na função dentária.
 Prática de saúde pública prudente, voltada para o uso adequado e controle do consumo
excessivo de flúor  minimizar formas moderada e severa de fluorose.
Conceito: a fluorose dentária é o resultado da ingestão crônica de flúor durante o desenvolvimento
dental que se manifesta como mudanças visíveis de opacidade do esmalte devido a alterações no
processo de mineralização.
O grau dessas alterações é função direta da dose de F à que a criança está sujeita (mgF/Kg/dia) e
do tempo de duração da dose.
Aspectos clínicos: como se trata de um efeito sistêmico, as alterações distribuem-se 
simetricamente dentro da boca, afetando os dentes em formação no período de ingestão do flúor.
 Espectro de mudanças que vão desde linhas opacas brancas finas cruzando
transversalmente o longo eixo da coroa do dente até quadros onde áreas do esmalte
gravemente hipomineralizadas se rompem e, geralmente, o esmalte restante fica
pigmentado. 
 A pigmentação é pós-eruptiva, por causa da maior porosidade do esmalte fluorótico,
mas essa maior permeabilidade não tem nenhuma relação com aumento de risco de
cárie.
FLUOROSE LEVE: causa apenas alterações estéticas, caracterizadas por pigmentação branca no
esmalte dentário.
FLUOROSE MODERADA E SEVERA: caracterizadas por manchas amarelas ou marrons, além de
defeitos estruturais no esmalte, apresenta repercussão estéticas, morfológicas e funcionais.
Quadro 1. Diagnóstico diferencial: formas leves de fluorose dentária e opacidades do 
esmalte de origem não fluorótica.
Aspectos epidemiológicos: prevalência varia aproximadamente de 5 a 70%. Altas prevalências 
têm sido relatadas em regiões onde a fluorose é endêmica devido à alta concentração de F nas 
fontes naturais de água.
 Baixa prevalência de fluorose no Brasil.
Fatores Determinantes: associados à ingestão crônica de fluoretos durante o desenvolvimento 
dental mas sua gravidade depende principalmente da dose.
Dose limite de ingestão de fluoretos capaz de produzir uma fluorose clinicamente aceitável do 
ponto de vista estético – entre 0,05 a 0,07 mgF/dia/Kg.
Período crítico de exposição a dosagens excessivas de F para as duas dentições é do 
nascimento até oito anos de idade.
Interferem na severidade da fluorose fatores biológicos individuais:
 Baixo peso corporal;
 Taxa de crescimento esquelético;
 Períodos de remodelamento ósseo;
 Estado nutricional;
 Alterações na atividade renal; 
 Homeostase do cálcio.
Fatores de risco: principal é o aumento da ingestão média de fluoretos por meio de múltiplas 
fontes.
  água fluoretada, dentifrício fluoretado, suplementos com flúor e bebidas ou alimentação infantil 
em pó contendo fluoretos antes dos 6 anos de idade  fatores mais importantes.
Acesso precoce a produtos com flúor antes dos 3 anos (dentifrício fluoretado, soluções e 
aplicações profissionais de F).
Fatores de proteção: 
 Limitar a frequência de escovação das crianças pequenas em 2x ao dia, aplicar uma 
quantidade de dentifrício equivalente a uma ervilha ou grão de arroz (no máximo 0,3 g 
por escovação);
 Crianças menores de 6 anos não devem utilizar bochechos com soluções fluoretadas.
 Suplementos não são indicados como medida de saúde coletiva;
 Aleitamento materno por mais de 6 meses pode ser fator de proteção, evitando assim o 
uso de fórmulas para o aleitamento artificial.
 Água fluoretada + dentifrício fluoretado = formas mais eficientes e custo-efetivas para a 
prevenção.
 Promover o uso de pequena quantidade de dentifrício para crianças menores de 6 anos;
 Garantia de um sistema integrado de vigilância epidemiológica e sanitária do flúor.
Vigilância Epidemiológica: parte do processo de vigilância à saúde – atribuição da esfera 
municipal.
 Monitorar a ocorrência, distribuição e gravidade de casos de fluorose;
 Avaliar a necessidade de controle de consumo de produtos com flúor;
 Avaliar o impacto dda fluorose sobre a qualidade de vida das pessoas;
 Acompanharas tendências de ocorrência da fluorose ao longo do tempo;
 Incrementar a vigilância sanitária de produtos com flúor disponíveis para a população.
NOTIFICAÇÃO DE CASOS GRAVES 
Sistema de notificação dos casos de fluorose moderada e severa = avaliação indireta do uso de 
diferentes fontes de flúor de modo sistêmico pela população.
“Evento sentinela” da fluorose no município
EFEITOS ADVERSOS DO FLÚOR PARA A SAÚDE GERAL
 TOXICIDADE AGUDA DO FLÚOR: Ingestão, de uma única vez, de grande quantidade de 
flúor provocando desde irritação gástrica até a morte.
 Raros casos de intoxicação aguda letal;
 Náuseas e vômitos têm sido relatados quando da aplicação de F-gel.
 EFEITOS ADVERSOS PARA A SAÚDE HUMANA: Os elementos químicos usados no 
processo de fluoretação das águas advêm da fabricação de fertilizantes tendo por base 
fosfatos, cuja matéria-prima provém de fontes naturais. 
 Não há evidência que sustente haver risco para a saúde humana, decorrente do uso de 
fluoretos em concentrações adequadas. Não foram constatados efeitos adversos na 
mortalidade precoce e no desenvolvimento infantil.
Dose Provavelmente Tóxica (DPT) = 5mgF/Kg/dia

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