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Questionário respondido de Processo Penal - Competência

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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. 
Direito Processual Penal II - Estudo Dirigido 
01)	Diferencie competência absoluta de competência relativa. Cite exemplos de uma e outra. 
R: A competência absoluta é fixada em razão da matéria e do foro de prerrogativa de função, ao passo que a competência relativa é estabelecida, via de regra, em função do local da consumação da infração penal. A primeira não se prorroga, nem tampouco é susceptível de modificação, e poderá ser reconhecida a todo tempo no decorrer do processo, ou até mesmo após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. A segunda deve ser suscitada no momento oportuno, qual seja, ao tempo do oferecimento da resposta à acusação, em forma de exceção de incompetência. Caso a parte não a alegue no tempo legal, ocorrerá a prorrogação da competência. Constituem espécies de competência absoluta: Competência eleitoral e militar. São espécies de competência relativa: A competência do juiz estadual para julgar o crime de furto consumado dentro dos limites territoriais abrangidos por sua comarca. 
02)	Um Secretário de Estado do governo de Minas Gerais cometeu um crime de homicídio doloso na cidade de Goiânia. Pergunta-se: Qual o órgão jurisdicional competente para julgá-lo? Resposta fundamentada. 
R: O secretário de estado será julgado pelo Tribunal do Júri da comarca de Goiânia. É que o foro por prerrogativa de função, fixado pela Constituição do Estado de Minas Gerais, não pode se sobrepor à competência do Tribunal do Júri, prevista na Constituição da República. Aplica-se, in casu, a súmula nº súmula 721 do STJ: “a competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função, estabelecido exclusivamente pela constituição estadual”. 
03)	O prefeito da cidade de Itabira cometeu um crime de aborto em concurso com a enfermeira do hospital municipal da mesma cidade. Pergunta-se: Qual (ais) o(s) órgão(s) jurisdicional (ais) competente(s) para julgá-los? 
R: O prefeito será julgado pelo TJMG, ex vi, artigo 29, X da CR; e a enfermeira será julgada pelo Tribunal do Júri da Comarca de Itabira, onde o crime se consumou. Neste caso, não haverá reunião de processos em razão da continência, artigo 77, I do CPP, apesar do crime ter sido cometido mediante o concurso de pessoas. Isto porque o julgamento perante o Tribunal do Júri, nos crimes dolosos contra a vida, é uma garantia individual estabelecida no artigo 5º, XXXVIII da CR. Neste sentido é a orientação do STF: HC 69325-3/GO. Em sentido contrário: HC 83.583/PE. – Lopes Júnior, Aury. p. 495, Direito Processual Penal). 
04) No dia 06 de agosto de 2012, José, morador da cidade de Betim, utilizando-se de arma de fogo, subtraiu, mediante grave ameaça, um automóvel que se encontrava estacionado em uma das ruas daquela cidade. No dia 08 do mesmo mês, José vendeu o automóvel para Antônio, na cidade de Contagem. Apurou-se que Antônio, morador da cidade de Contagem, tinha plena ciência da procedência ilícita do automóvel. Pergunta-se: José e Antônio serão julgados pelo mesmo órgão jurisdicional? Quais foram os crimes praticados por José e Antônio? Qual (ais) o(s) órgão(s) jurisdicional (ais) competente(s) para julgar José e Antônio? Resposta fundamentada. 
R:José cometeu o crime de roubo e Antônio o crime de receptação. José e Antônio serão julgados num mesmo processo por força da conexão probatória existente entre os dois crimes. Neste sentido, é a regra prevista no artigo 76, III do CPP. E pelo fato do crime mais grave, no caso, o roubo, ter se consumado na cidade de Betim, ambos serão julgados nesta comarca, consoante o disposto no artigo 78, II, “a”, por um dos juízes de suas varas criminais, que terá sua competência fixada pela distribuição. 
05)	João Carlos, Tenente da polícia militar de Minas Gerais, praticou um crime de tentativa de homicídio contra Marinho, prefeito da cidade de Santa Bárbara-MG. O crime ocorreu na cidade de Contagem. Pergunta-se: Qual o órgão jurisdicional competente para julgá-lo? Resposta fundamentada. 
R: O órgão jurisdicional competente para julgar o Tenente João Carlos é o Tribunal do Júri, ex vi, artigo 5º XXXVIII da CR da comarca de Contagem-MG, local onde o crime se consumou, a teor do disposto no artigo 70 do CPP. O fato da vítima exercer o cargo de prefeito da cidade de Santa Bárbara não interfere na fixação da competência, como também, não interfere neste aspecto, o fato do autor ser policial militar. É o que dispõe o artigo 125, parágrafo 4º da CR, alterado pela emenda nº 45/2004, verbis: § 4º - Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças (sem grifo no original). 
06)	Jerônimo foi acusado em plenário de Júri pela prática de crime de tentativa de homicídio e estupro. Os jurados desclassificaram o crime de tentativa de homicídio para o crime de lesão corporal grave. Pergunta-se: Quem julgará o crime de estupro: O Juiz presidente do Tribunal do Júri ou os jurados? O Juiz presidente do Tribunal do Júri será o juiz competente para aplicar a pena em relação ao crime de lesão corporal grave? Resposta fundamentada. 
R: Neste caso, cumprirá ao juiz presidente do Tribunal do Júri julgar Jerônimo pela prática dos crimes de lesão corporal grave e estupro. A regra geral prevista no artigo 81 do CPP cede lugar à aplicação da regra especial prevista no artigo 492, parágrafo 1º do mesmo codex. Na precisa lição de Guilherme Nucci, “desclassificando-se [a infração] na segunda fase de julgamento pelo Tribunal Popular, os crimes conexos e o desclassificado serão julgados pelo juiz-presidente, que acompanhou toda a produção da prova, ao menos na derradeira fase”. 
07)	Qual o órgão jurisdicional competente para julgar o presidente do Banco Central do Brasil no crime de estelionato praticado em concurso com o gerente do Banco do Brasil da cidade de Itabira-MG, cuja consumação ocorrera nesta cidade? Resposta fundamentada. 
R: Verifica-se, neste caso, a continência existente em razão do concurso de pessoas, artigo 77, inciso I do CPP, pelo que, os acusados deverão ser processados e julgados pelo mesmo órgão jurisdicional. Vale lembrar que o presidente do Banco Central do Brasil é considerado, para todos os efeitos, ministro de estado. É o que dispõe a Lei nº 10683/2003, em seu artigo 25, parágrafo único, inciso VII, alterado pela Lei 12462/11. E os ministros de estado deverão ser julgados pela prática de crime comum perante o STF, artigo 102, I, “C” da CR. Sendo assim, ambos os acusados serão julgados pelo STF, a teor do disposto no artigo 78, inciso III do CPP: “no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação”. 
08)	No dia 06 de janeiro de 2008, João da Silva, prefeito da cidade de São João Evangelista, foi denunciado perante o Tribunal de Justiça de Minas Gerais pela prática de crime previsto no artigo 1º do decreto 201/67, consumado naquela cidade. O mandato de João da Silva cessou em 1º de janeiro de 2009, quando o processo ainda não havia sido julgado. Pergunta-se: João da Silva será julgado por qual órgão jurisdicional? Resposta fundamentada. 
R: João da Silva deverá ser julgado pelo juiz de direito de uma das varas criminais da comarca de São João Evangelista. Caso haja mais de uma vara criminal na referida comarca, a competência firmar-se-á pela distribuição, nos termos do artigo 75, caput, do CPP. Não há que se falar em perpetuação do foro privilegiado fixado no momento da consumação da infração penal. Isto porque o parágrafo 1º do artigo 84 do CPP - redação conferida pela Lei 10628/2022 - que previa esta possibilidade, foi declarado inconstitucional pelo STF, ao julgar as ADINs nº 2797-2 e 2860-0. Entendeu o STF que, “tratando-se de restrição ao princípio da isonomia, o privilégio doforo especial só pode ser instituído mediante expressa previsão ou autorização de nossa Constituição”. 
09)	Um fiscal do Ministério do Trabalho, ao autuar um fazendeiro da cidade do Serro-MG, por descumprimento da legislação trabalhista, foi brutalmente assassinado por este que considerou um acinte o comportamento do referido fiscal. Pergunta-se: Qual o órgão jurisdicional competente para julgar o fazendeiro? Resposta fundamentada. 
O fazendeiro será julgado pelo Tribunal do Júri da Justiça Federal da respectiva circunscrição. Esta competência encontra-se firmada no artigo 109, IV da CR. Trata-se de crime praticado em detrimento de um serviço da União. E sendo doloso contra a vida, compete ao Tribunal do Júri julgá-lo, nos termos do artigo 5º, inciso XXXVIII da Constituição da República. 
10)	Diferencie competência de foro e competência do juízo? 
A competência de foro refere-se à comarca, isto é, aos limites territoriais dentro dos quais, um ou mais juízes exercem a jurisdição. A competência do juízo refere-se ao órgão jurisdicional competente, ou seja, a vara, câmara ou turma, para a qual o processo será remetido após a distribuição ou prevenção, conforme o caso.

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