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1 UNIVERSIDADE DE ÉVORA - DEPARTAMENTO DE FÍSICA ELECTRÓNICA ANALÓGICA Trabalho nº 3 Díodo Objectivos: Traçar a curva característica de um díodo. Teoria: No campo da electrónica, de entre os materiais utilizados, encontramos os semicondutores que possuem características intermédias entre os condutores e os isolantes. O material semicondutor mais utilizado é o silício (Si) que, na sua forma pura (intrínseca), apresenta uma estrutura cristalina com 4 electrões na camada de valência, sendo por isso tetravalente. A sua estrutura é vista na figura 3.1. Figura 3.1 - Estrutura de um semicondutor intrínseco. A -273oC o semicondutor intrínseco comporta-se como um isolante perfeito pois não há electrões livres ou fracamente ligados. Elevando-se a temperatura, os átomos, recebendo energia, iniciarão um processo de agitação térmica quebrando a estabilidade, rompendo ligações covalentes e libertando electrões. A falta de electrões origina lacunas ou buracos. A partir do semicondutor intrínseco podem formar-se materiais tipo P ou tipo N através da adição de impurezas (i.e. outros materiais) por processo conhecido como dopagem. Um semicondutor dopado passa a ser denominado material extrínseco. Para se formar um material do tipo P adiciona-se, ao cristal de silício, impurezas trivalentes como por exemplo o alumínio (Al). Essa estrutura é vista na figura 3.2 . Figura 3.2 - Semicondutor extrínseco tipo P 2 A figura mostra que haverá três ligações completas de electrões e uma quarta incompleta, por região do material, originando uma lacuna e um ião negativo fixo à estrutura do cristal. O material tem assim características receptivas, ou seja, de atrair electrões para completar a quarta ligação. Neste caso, as lacunas serão em maioria e por isso denominadas de portadores maioritários. Existirão também electrões como portadores minoritários que aparecerão pelo rompimento das ligações covalentes, provocadas pelo fornecimento da energia ao material. O material tipo P pode ser representado, como mostra a figura 3.3 . Figura 3.3 - Material extrínseco tipo P. Para se formar um material tipo N adiciona-se, ao cristal de silício, impurezas pentavalentes como por exemplo fósforo (P). Essa estrutura é vista na figura 3.4 . Figura 3.4 - Semicondutor extrínseco tipo N. A figura mostra que haverá quatro ligações completas, um electrão livre, por região do material, e um ião positivo fixo à estrutura do cristal. O material tem assim características doadoras, ou seja, de doar o electrão livre de maneira a ficar estável. Neste caso, os electrões serão portadores maioritários e as lacunas os minoritários. O material tipo N pode ser representado, como mostra a figura 3.5 . Figura 3.5 - Material extrínseco tipo N. 3 Para construir dispositivos semicondutores é necessário unir os materiais tipo P e tipo N de maneira a formar uma junção PN. Essa junção, é vista na figura 3.6. Figura 3.6 - Junção PN Na junção PN não polarizada (i.e. sem ligação a uma fonte externa), haverá um deslocamento de electrões da região N para a região P e simultaneamente um deslocamento de lacunas da região P para a região N, originando uma corrente, denominada de corrente de difusão. Durante esse deslocamento de portadores de cargas, electrões e lacunas recombinam-se, anulando as suas carga, surgindo ao lado da junção uma região neutra (i.e. de carga eléctrica nula) denominada barreira de potencial (B. P.) ou camada da carga espacial (C.C.E.). À medida que electrões e lacunas se vão recombinando, existirá um aumento da barreira de potencial até atingir um ponto de equilíbrio, isolando um material do outro. A figura 3.7 mostra uma junção PN não polarizada e a sua barreira de potencial. Figura 3.7 - Junção PN não polarizada com a barreira de potencial. A junção PN pode ser polarizada de duas maneiras: directamente ou inversamente. A polarização directa consiste em ligar o pólo positivo de uma fonte ao lado P e o negativo ao lado N, conforme mostra a figura 3.8. Figura 3.8 - Junção PN directamente polarizada. 4 Neste tipo de polarização o pólo positivo atrairá os electrões livres do lado N, fazendo-os vencer a barreira de potencial, originando assim uma corrente de electrões do pólo negativo para o positivo da bateria, sendo esta última adoptada, para fins de análise, em circuitos com dispositivos semicondutores. Neste caso, o material tem características condutivas, pois apresenta uma resistência ohmica de valor baixo (na ordem de algumas dezenas de ohms) permitindo a circulação de uma corrente. Devido aos iões formados na barreira, aparecerá uma diferença de potencial entre os terminais de junção, que para os semicondutores de silício está compreendida entre 0,5 e 0,8V. A polarização inversa consiste em ligar o pólo positivo de uma fonte ao lado N e o negativo ao lado P, conforme mostra a figura 3.9. Figura 3.9 - Junção PN inversamente polarizada. Neste tipo de polarização, o pólo positivo atrairá os electrões e o pólo negativo as lacunas, aumentando assim a barreira de potencial. Portanto, não haverá condução de corrente eléctrica devido aos portadores maioritários, existindo apenas uma corrente devido aos portadores minoritários (denominada de corrente de fuga) que para o semicondutor de silício é da ordem dos nanoamperes (nA) tornando-se desprezável. Neste caso, o material apresentará características isolantes pois, devido ao aumento da barreira de potencial, não haverá corrente, sendo sua resistência ohmica e de elevado valor. Com o devido encapsulamento e conexão de terminais, a junção PN, torna-se num componente electrónico conhecido como díodo semicondutor, ou simplesmente díodo, cuja simbologia é vista na figura 3.10. Figura 3.10 - Simbologia do Díodo. O lado P da junção PN é conhecido como anodo (A) do díodo e lado N como cátodo (K). Em polarização, o díodo apresenta as mesmas características já estudadas. Ou seja, quando polarizado directamente conduz uma corrente do anodo para o cátodo, e quando polarizado inversamente não conduz corrente. P N CátodoAnodo 5 A figura 3.11 mostra as polarizações directa e inversa de um díodo, onde a corrente é limitada por uma resistência. Figura 3.11 A figura 3.12 mostra a curva característica de um díodo I=f(V). Em polarização directa só haverá condução de corrente depois de vencida a barreira de potencial. A partir daí a corrente aumenta de valor, enquanto que a tensão permanece praticamente constante(VD). Em polarização inversa, a corrente é praticamente nula até atingir um determinado valor de tensão (VRM). A partir deste valor, inicia-se um processo de avalanche, aumentando o número de portadores minoritários o que aumenta a corrente inversa até ao valor limite enquanto que a tensão permanece praticamente constante. Esta propriedade é denominada de EFEITO DE ZENER. Alguns díodos são especialmente fabricados de forma a aproveitar esta propriedade para a estabilização de tensão, sendo denominados Díodos Zener. Figura 3.12 - Curva característica do díodo. Comercialmente, os díodos são especificados especialmente por parâmetros que indicam as suas características máximas de trabalho, tais como, corrente directa máxima (IDM) e tensão inversa máxima (VRM), que são importantes para o dimensionamento do componente em projectos. Além disso, os díodos apresentam uma faixa nos seus encapsulamentos que indica o terminal cátodo, permitindo uma correcta ligação a um circuito. 6 Material experimental: • Fonte de tensão variável; • Multímetro; • Resistência de 470/5W; • Díodo 1N4001 ouequivalente. Simbologia: Parte Prática: 1. Meça com o ohmímetro e anote na tabela 3.1 a resistência directa e inversa do díodo. RDirecta RInversa Tabela 3.1 2. Monte o circuito da figura 3.13. Figura 3.13 3. Ajuste a tensão da fonte de forma a ter no díodo os valores de tensão da tabela 3.2. Para cada caso, meça e anote a corrente no circuito. VD(V) 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 ID(mA) Tabela 3.2 4. Inverta a polaridade do díodo, conforme mostra a figura 3.14 Figura 3.14 5. Repita o ponto 3, para os valores da tabela 3.3. VD (V) 0 5 10 15 20 25 30 ID (mA) Tabela 3.3 7 Questões: 1. Com os dados obtidos nas tabelas 3.2 e 3.3, construa a curva característica do díodo: I=f(V). 2. Como pode identificar os terminais de um díodo com o ohmímetro? 3. Explique o que pode ter acontecido a um díodo, se ao medir a sua resistência do díodo obtiver um valor baixo tanto para a resistência directa como para a inversa. 4. Determine o ponto de trabalho do díodo, para o circuito da figura 3.15, utilizando a sua característica representada. Figura 3.15 5. Supondo que os díodos do circuito da figura 3.16 são ideais, determine a leitura do voltímetro para as posições das chaves A e B indicadas na tabela. Chave A Chave B Voltímetro 1 1 1 2 2 1 2 2 Figura 3.16 1kΩ
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