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TRABALHO ACADEMICO GENOCIDIO EM RUANDA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
GRADUAÇÃO HISTÓRIA
ALEXSANDER COSTA TAVARES
CLEMILDO DE SOUZA LIMA
KARLA MONTEIRO SANCHES DE MORAES FONSECA
MIQUELINE FERREIRA DE FREITAS
VANESSA GUIMARÃES PARENTE
GENOCÍDIO EM RUANDA:
RELATO DE SOBREVIVENTES
VITÓRIA
2009
ALEXSANDER COSTA TAVARES
CLEMILDO DE SOUZA LIMA
KARLA MONTEIRO SANCHES DE MORAES FONSECA
MIQUELINE FERREIRA DE FREITAS
VANESSA GUIMARÃES PARENTE
GENOCÍDIO EM RUANDA:
RELATO DE SOBREVIVENTES
Trabalho acadêmico apresentado à disciplina de Projeto Especial de História da África do curso de História, da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito para avaliação.
Orientador: Emiliano Unzer
VITÓRIA
2009
SUMÁRIO
HYPERLINK \l "_Toc245121454" 1. A História das etnias Tutsis e Hutu	4
HYPERLINK \l "_Toc245121455" 2. Entre Guerras	4
HYPERLINK \l "_Toc245121456" 3. Situação Política de Ruanda anterior ao Genocídio	5
HYPERLINK \l "_Toc245121457" 4. Genocídio	6
HYPERLINK \l "_Toc245121458" 5. Assassinos	6
HYPERLINK \l "_Toc245121459" 6. Sobreviventes	10
HYPERLINK \l "_Toc245121460" 7. Ruanda Pós Genocídio	17
HYPERLINK \l "_Toc245121461" 8. REFERÊNCIAS	19
HYPERLINK \l "_Toc245121462" 9. ANEXO A – CRONOLOGIA	21
1. A História das etnias Tutsis e Hutu
Entendendo que a história da África não deve mais se limitar ao período de estabelecimento de europeus ocidentais no continente a partir do século XV e que esta visão é uma prática historiográfica falha e generalizante, buscamos não só relatar os eventos bárbaros ocorridos no ano de 1994 em Ruanda, e sim fazer um breve apanhado de toda a historicidade do evento, que ficou conhecido na mídia como o “Genocídio em Ruanda” (GRISA, 2009).
Os melhores vestígios arqueológicos conhecidos de nossos antepassados estão na África, muito especialmente na região próxima onde se localiza a atual Ruanda, a África Oriental. Mostrando que sua história remonta aos pré-históricos ancestrais dos homens, os primeiros habitantes da região que hoje se localiza Ruanda foram, provavelmente, caçadores coletores que “praticavam a cerâmica e a cestaria” (HISTÓRIA, p.528, vol. II). Encontramos o estabelecimento gradual de diversos pequenos grupos da etnia Tutsi de pastoralistas no território antes domínio dos Bantu – “significa ‘povo’ ou ‘os homens’” (SILVA, p.209, 2006) - e conhecidos nesta região como Hutu. 
A hegemonia política dos Tutsi já se fez presente, pois eram mais organizados e homogêneos politicamente. Os pastoralistas Tutsi, então, tomaram para si as melhores terras da região relegando ao Hutu o papel de vassalos da “Realeza Tutsi” (HISTORIA, p.530, vol. IV). Os Tutsi introduziram políticas centralizadoras e impuseram uma sociedade baseada em castas. A partir do século X, diversas dinastias Tutsi se sucederam e no século XV estava formado o Estado de Ruanda através de uma política expansionista da monarquia Tutsi. 
 
2. Entre Guerras
 
Após a Conferência de Berlim, Ruanda passa a integrar o reino do Burundi sob domínio da Alemanha. Com a derrota alemã na 1ª Guerra Mundial, em 1918, as colônias da Alemanha foram divididas entre os aliados. Ruanda-Urundi passa a ser domínio da Bélgica que já possuía o rico território do Congo. Forma-se, então, um grande bloco de domínio imperialista belga na África Oriental.
 
A partir de 1950, a Organização das Nações Unidas (ONU) traça um plano de descolonização européia no continente africano. Para a ONU e a Bélgica, o processo de emancipação, democratização e modernização política de Ruanda-Urundi deveria dar aos Hutus maior participação política. 
 
Com a independência em 1962, Ruanda se separa de Burundi e o partido PARMEHUTU, que havia tomado o poder através de um golpe militar no mesmo, permanece no poder. Desde então, segue-se uma série de conflitos violentos entre as duas etnias.
3. Situação Política de Ruanda anterior ao Genocídio
Quando a Bélgica deixou o poder e deu independência a Ruanda, em 1962, os hutus assumiram o governo. Nas décadas seguintes, os tutsis tornaram-se os culpados em todas as crises.
No período que antecedeu o genocídio, a situação econômica piorou e o presidente Juvenal Habyarimana começou a perder popularidade. Ao mesmo tempo, refugiados tutsis em Uganda, com o apoio de hutus moderados, formaram o movimento Rwandan Patriotic Front (Frente Patriótica Ruandense), RPF, liderado por Kagame. O objetivo do grupo era derrubar Habyarimana e garantir seu direito de retorno à terra natal. Habyarimana decidiu explorar essa ameaça como uma forma de trazer dissidentes hutus de volta para seu lado. Tutsis dentro de Ruanda foram acusados de serem colaboradores do RPF.
 
Em agosto de 1993, após vários ataques e meses de negociações, um acordo de paz foi assinado entre Habyarimana e o RPF, mas isso não foi suficiente para diminuir as tensões.
 Em 06 de Abril de 1994 o avião em que estava o presidente de Ruanda, Juvenal Habyarimana, sofre um atentado causando a sua morte. Em Kigali, a capital de Ruanda, a guarda presidencial iniciou imediatamente uma campanha de vingança. Líderes da oposição política foram mortos e, quase imediatamente começou o assassinato em massa de tutsis e hutus moderados. Entre os primeiros organizadores do massacre estavam militares, políticos e homens de negócios, mas em breve vários outros aderiram a campanha.
4. Genocídio
Segundo o dicionário, genocídio significa “qualquer crime contra a humanidade” (MICHAELIS, 2000, pág. 294). O que aconteceu em Ruanda neste período foi algo ainda incompreendido pelos principais protagonistas, assassinos e sobreviventes.
Ruanda é um país africano muito pequeno, sem saída para o mar, onde, cerca de 800 mil pessoas foram mortas, a grande maioria com machetadas de facões, uma por uma. Os assassinos eram seus vizinhos, trabalhavam juntos, partilhavam a mesma religião, Católica Romana, mesma raça e os mesmos costumes. Hutus mataram na primavera de 1994 mais de 800 mil tutsis, durante 100 dias.
5. Assassinos
O autor Jean Hatzfeld conta em seu livro, Uma temporada de facões: Relatos do genocídio em Ruanda, a história de um grupo de amigos hutus, lavradores, pessoas comuns, não assassinos profissionais, que foram os protagonistas do massacre na região de Nyamata, mais precisamente as colinas de Kibungo, N’tarama e Kanzenze, onde em 1994, entre as onze horas da segunda-feira, dia onze de abril, até as catorze horas do sábado dia catorze de maio, cerca de cinqüenta mil tutsis, de uma população de aproximadamente cinqüenta e nove mil, foram massacradas por facões todos os dias da semana. Com horário fixo, das nove às dezesseis horas. 
No dia 11 de abril de 1994, esse grupo de amigos foram convocados para uma reunião com o conselheiro comunal, o motivo da reunião era a matança de todos os tutsis, sem exceção. 
[...] "Então, só pedimos em voz alta os detalhes sobre a organização. Por exemplo, como e quando tinha de começar, já que não estávamos acostumados com essa atividade, e também por onde, já que os tutsis haviam escapado por todos os lados. Houve até gente que perguntou se ele tinha preferência. O conselheiro respondeu severamente: “Não é preciso perguntar por onde começar; a única organização válida é começar direto e bem na nossa frente nos matagais, e imediatamente, sem perder mais tempo com perguntas”.(HATZFELD,2005, p.21)
A organização era simples, o subprefeito, conselheiros municipais, quem possuísse armas de fogos, os jovens e os líderes deveriam estar na frente do grupo, os demais os acompanhavam. Os lavradores acordavam cedo, saíam de casa após o café da manhã reforçado, despediam-se de suas esposas e filhos, chamavam os amigos, se reuniam no campo de futebol para escutar as ordens e seguiam para a matança em regiões próximo às suas residências. Ao entardecer retornavam de sua jornada realizando as pilhagens. Paravam nos bares para tomar uma cerveja com os amigos e conversar, voltando para suas casas depois deum dia normal de trabalho.
O único aprendizado veio do grupo dos interahamwe (a palavra significa unidade, aqueles que atacam junto) era o nome dado às milícias extremistas hutus, criadas pelo presidente Habyarimana. Eles foram treinados pelo exército ruandês e em algumas situações por militares franceses. No auge da violência o grupo reuniu trinta mil pessoas. As pessoas que não sabiam matar eram ajudadas por esse grupo. Eles eram transportados de ônibus até as colinas, eram hábeis e impertubáveis. Orientavam sobre as técnicas dos golpes. “Passavam do nosso lado e gritavam: Faça igual a mim, e, caso se sinta atrapalhado, peça ajuda”. (HATZFELD, 2005, p. 45). 
O facão foi o principal instrumento utilizado pelos hutus nas matanças, eles estavam acostumados a manejá-lo e afiá-lo, era seu material de trabalho nas plantações para cortar o sorgo, talhar as bananeiras, desmatar os cipós e até matar as galinhas. Além do mais eram mais baratos para as autoridades do que os fuzis. A agricultura era sua verdadeira ocupação, eles cresceram com a experiência do campo, lá é o lugar onde eles sabem plantar, trabalhar. Nas matanças não estavam acostumados a trabalhar com apito chamando para a ida e para a volta. Outros porém viam mais vantagem nas matanças do que na agricultura, era um trabalho mais leve e mais rentável que a lavoura.
[...] “As matanças podiam dar muita sede, muito cansaço e, volta e meia, muita repugnância. Mas eram mais frutíferas do que as lavouras. Sobretudo para quem possuía um terreno pequeno ou uma terra árida. Durante as matanças, qualquer um que tivesse braços fortes levava para casa tanto quanto um negociante de renome. Não conseguíamos mais contar a quantidade de folhas de zinco que empilhávamos. Os atravessadores nos esqueciam. As esposas ficavam satisfeitas com tudo o que aquilo rendia. Não faziam mais queixas. Para os lavradores mais simples, era revigorante deixar a enxada no quintal. Nós nos levantávamos ricos, nos deitávamos de barriga cheia, levávamos uma vida de fartura. A pilhagem é mais lucrativa do que a colheita, já que todos lucram de forma equânime”. (HATZFELD,2005, p.74)
Quando se esta cansado e não quer trabalhar no campo, os filhos ou esposa precisam assumir seu lugar. Nas matanças, caso houvesse necessidade e não pudesse trabalhar os vizinhos davam comida e não cobravam nada. As esposas não reclamavam, nem recriminavam, pois estavam vivendo melhor à custa das pilhagens e sem necessidade de trabalharem na lavoura ajudando maridos e filhos.
[...] “A carne passou a ser tão insignificante como a mandioca. Os hutus sempre se sentiram frustrados por não ter vacas, pois não sabiam criá-las. Diziam que elas não eram gostosas, mas era por causa da penúria. Por isso, durante os massacres, se esbaldavam, comiam carne de manhã e à noite”. (HATZFELD,2005, p.73)
Após as matanças os hutus retornavam revistando todos os tutsis mortos e procurando o que lhes podia ser útil, todos os bens que podiam levar. Alguns tentavam matar uma pessoa em particular para então se apropriar de sua lavoura. Quem mostrasse provas de uma morte importante, era recompensado com a prioridade sobre seu terreno.
[...] “Se a FPR não tivesse conquistado o país, pondo-nos em fuga, teríamos nos matado uns aos outros após a morte do último tutsi, tomados como estávamos pelo delírio dos terrenos que havia para dividir. Não conseguíamos mais parar de levantar o facão, de tal forma lucrávamos com isso. Via-se que, depois da vitória, a vida seria totalmente remanejada. Os simples e obedientes não iam mais obedecer às autoridades como antes, para dividir a riqueza e a pobreza de modo usual. Haviam provado o bem-estar e a fartura. Estavam saciados de sua própria vontade. Sentiam-se poderosos graças às novas forças e às insolências. Tinham rejeitado a obediência e seus inconvenientes de miséria. A voracidade havia nos contaminado” (HATZFELD,2005, p.73).
É importante ressaltar também a presença de estrangeiros e da ONU nesse território, de acordo com Hatzfeld dias depois do desastre do avião de Habyarimana, quando os massacres já assolavam as cidades, os boinas-azuis das Nações Unidas chegaram ao vilarejo com três veículos blindados, passaram pela igreja, convento, maternidade e hospital, levaram os brancos, padres e freiras e desceram pela rua principal. Na capital Kigali também os brancos deixaram as embaixadas, escritórios, mosteiros e universidades.
[...] “Adalbert Munzigura descreve essa espécie de intimidade que precedeu os massacres: ‘Estávamos bem preparados pelas autoridades. Sentimo-nos entre nós. Nunca pensamos nem um momento que podíamos ser incomodados ou castigados. Desde que o avião caiu, o rádio repetia: ‘Os estrangeiros estão partindo. Tinham as provas materiais do que vamos fazer e estão deixando Kigali. Desta vez eles se desinteressaram da sorte dos tutsis...’. Nossos olhos assistiram àquela fuga dos blindados pela estrada. Nossos ouvidos já não escutavam as pequenas vozes recriminatórias. Pela primeira vez na via, não mais nos sentíamos sob a má vigilância dos brancos. Outros encorajamentos do gênero se seguiram, garantindo-nos uma liberdade sem amarras para concluir a tarefa. Pensamos: Bem, é verdade, os boinas-azuis não fizeram nada em Nyamata a não ser dar meia-volta a fim de nos deixar tranqüilos. Por que voltariam antes da conclusão final? Quando foi dado o sinal, lá fomos nós”. (HATZFELD,2005, p.106)
O papel da rádio no genocídio em Ruanda foi significativo, eles ainda não viviam a era da televisão e internet, daí a importância da rádio como meio de comunicação. As estações de rádio exageravam e esquentavam os ânimos, chamavam os tutsis de “baratas e cobras”, os cantores se apresentavam com canções de modo a denegrir a imagem dos tutsis. 
[...]“No entanto, o rádio é indubitavelmente a mídia mais perigosa. Tem um poder único, incomparável e aterrador quando o Estado os seus aparelhos institucionais vêm abaixo. O rádio se liberta de tudo o que pode atenuar ou desviar a força das palavras. Pode, numa situação caótica, revelar-se o instrumento mais eficaz tanto da democracia quanto da revolução ou do fascismo, porque penetra sem nenhum comedimento na intimidade profunda dos indivíduos, em qualquer lugar e a todo instante, sem o trabalho do tempo, sem o recuo crítico e necessário da leitura do texto ou da imagem”. (HATZFELD,2005, p.106)
Para os assassinos no período de guerra matam-se primeiro os homens, por ser mais aptos a combater, depois as mulheres, que podem ajudá-los, os meninos, que substituem os homens e por último os velhos, por sua função de conselheiros. No genocídio porém, a perseguição acontece principalmente aos bebês, as meninas e mulheres, por representarem o futuro. O objetivo é uma etnia enterrar outra etnia, o genocídio ultrapassa a guerra, sua intenção é se eternizar. Os assassinos não conheciam o significado da palavra genocídio. 
[...]“JEAN- BAPTISTE: Nunca ouvi a palavra “genocídio” durante todo o período das matanças. Ela só nos chegou aos ouvidos pela voz dos repórteres internacionais e dos agentes humanitários. Primeiro no caminho do exílio, mas a palavra ainda não era compreendida, e depois nos campos de refugiados no Congo.”. (HATZFELD,2005, p.250)
Passado o período de matanças, os hutus se refugiaram na floresta do Congo e os assassinos começam a ser procurados para julgamento. Alguns retornaram do Congo e se entregaram à prisão por saudade da sua terra, para que sua família não ficasse perdida nas florestas e eles pudessem ser julgados no seu país.
[...]“Para explicar a volta do Congo e a inelutável condenação que o aguardava na chegada, ele mesmo diz: “Eu sabia que as prisões estacam superlotadas e que a maioria dos presos morria. Mas queria voltar para minha terra, a fim de que minha família agarrasse a chance de uma vida normal no nosso terreno, não queria que minhas filhas acabassem maltrapilhas nas florestas desconhecidas”. (HATZFELD,2005, p.191).
6. Sobreviventes
Durante três anos, o jornalista norte-americano Philip Gourevitch realizou umasérie de entrevistas e pesquisas em Ruanda para tentar desvendar os acontecimentos referentes ao genocídio no país. Ouviu centenas de pessoas – entre sobreviventes, assassinos e cúmplices – e procurou reconstituir suas trajetórias, narrando, por meio delas, o próprio genocídio, assim como as ideologias e os acontecimentos que contribuíram para que ele ocorresse. Tudo isso deu forma ao livro “Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos mortos com nossas famílias”. Como já fizemos uma reflexão a partir do ponto de vista dos assassinos, agora passaremos à visão dos sobreviventes, com base nessa obra.
Na narrativa, temos acesso à história de pessoas comuns – médicos, jornalistas, agricultores – que de repente tiveram que abandonar empregos, casas, convivência social e até mesmo sua dignidade para escaparem da morte. Alguns deles sequer chegaram a ocupar bons cargos, eram os petit tutsis, pobres, marginalizados, assim como os hutus. Outros justificaram sua posição social ou mesmo a exploração que diretamente empreenderam, dizendo que se não fizessem isso, outros seriam colocados no poder, e eles seriam as vítimas. 
O fato é que, segundo o autor, até 1º de novembro de 1959, “nunca havia sido registrada uma violência política sistemática entre hutus e tutsis – em nenhum lugar”. Isso começa a ocorrer após um subchefe administrativo chamado Dominique Mbonyumutwa – ativista político hutu – ter sido espancado por ativistas tutsis. “Menos de 24 horas depois do espancamento”, diz o autor, “bandos errantes de hutus estavam atacando autoridades tutsis e incendiando casas” (GOUREVITCH, 2006, pág. 57).
Também sobrou para pessoas alheias à política, como Odette Nyiramilimo, cuja vida foi entrecortada por episódios de racismo, perdas, agressões e medo, que antecedem e acompanham os acontecimentos de 1994.
“Nasci em 1956. Portanto, eu tinha três anos quando começou essa história de genocídio. Não consigo lembrar exatamente, mas vi um grupo de homens descendo a colina em frente com facões, e ainda posso ver as casas pegando fogo. Corremos para o bosque com nossas vacas e ali ficamos por dois meses. Tínhamos leite e nada mais. Nossa casa foi destruída pelo fogo (...) em 63 (...) lembro-me de ter visto meu pai (...)de pé na estrada, e eu estava com as outras criança. Ele disse: ‘Adeus, meus filhos. Eu vou morrer’. Nós gritamos: ‘Não, não’. Ele perguntou: ‘Vocês não viram um jipe percorrendo a estrada? Ele levava todos os seus tios maternos. Não vou ficar esperando que me cacem. Vou esperar aqui para morrer com eles’. Nós gritamos, choramos, e o convencemos a não morrer então, mas os outros foram todos mortos” (GOUREVITCH,2006). 
O saldo, nesse período, foi de mais de 20 mil tutsis mortos, e muitos refugiados (GOUREVITCH, 2006, pág. 61; 62). 
Em 1º de outubro de 1990, quando a Frente Patriótica Ruandesa declarou guerra ao regime de Habyarimana, “noventa e nove por cento dos tutsis não tinha a menor idéia de que a FPR iria atacar”, na visão de Odette. Mas, o fato é que o governo aproveitou para trazer hutus dissidentes para o seu lado, e acusar tutsis de Ruanda como colaboradores. Foi por isso que Bonaventure Nyibizi, funcionário da missão da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional em Kigali, foi preso. A punição também valia para sua família:
“Pegaram tudo, amarraram os empregados e deixaram granadas com meu filho de nove meses. Ele ficou lá, brincando com uma granada na sala, durante três horas. Então alguém estava passando e viu. Meu filho não morreu por sorte” (GOUREVITCH, 2006, pág. 91).
E por que pessoas como Bonaventure não haviam deixado Ruanda antes que os conflitos se intensificassem?
“Tínhamos a esperança de que as coisas melhorassem. Além disso, desde que eu nasci, desde que tinha quatro ou cinco anos, vi casas serem destruídas, pessoas serem assassinadas, de poucos em poucos anos, 64, 66, 67, 73. Então, provavelmente eu disse a mim mesmo que a coisa não ia ser séria. É – mas obviamente eu sabia que a coisa ia ser séria” (GOUREVITCH, 2006, pág. 106).
Ele tinha razão; a coisa se tornaria cada vez mais séria. Em 6 de abril de 1994, cerca de 250 mil tutsis viviam na província de Kibuy, e um mês depois mais de 200 mil deles haviam sido assassinados. Em muitas aldeias da região, nenhum tutsi sobreviveu (GOUREVITCH,2006, pág. 29). Entre os poucos sobreviventes estava Manase Bimenyimana, criado doméstico, que para escapar entrou “numa rocha sob a qual passava um curso d’água”, e fez dela sua casa. “De dia, eu estava sozinho. Só havia gente morta. Os corpos haviam caído na corrente, e eu os usava como uma ponte para atravessar a água e me juntar às outras pessoas à noite” (GOUREVITCH, 2006, pág. 31).
Cerca de mil moradores da capital, Kigali, tiveram mais sorte. Abrigaram-se no hotel Milles Collines, sob os cuidados de seu gerente, Paul Rusesabagina, um hutu. A história, que inspirou o filme Hotel Ruanda, é marcada pelas tentativas de negociação de Paul com os hutus – que usou de sua influência e dinheiro, além do estoque de bebidas do hotel – para salvar vidas. Ele também fez denúncias a órgãos e presidentes internacionais (como Bill Clinton), e assim manteve todas as pessoas que abrigou vivas, entre conhecidos, vizinhos e familiares. Outro ponto de barganha era que, ironicamente, numerosos homens ligados ao poder hutu instalaram suas esposas e mães tutsis no hotel.
Um dos abrigados era Thomas Kamilindi, um jornalista que representava uma outra facção de perseguidos, os hutus moderados, que se recusavam a compactuar com as idéias do Poder Hutu, radical, ou a praticar a matança. Por questões de consciência, ele havia abandonado seu trabalho na rádio oficial do governo, que conclamava os hutus a matar, sem mesmo poupar as grávidas e as crianças. Mas ele foi instado a voltar, e após sofrer perseguição, refugiou-se no hotel. Depois de dar uma entrevista por telefone a uma rádio francesa, Thomas foi descoberto, e mais uma vez teve a vida ameaçada. Chega um soldado ao hotel para assassiná-lo: “Era meu amigo de infância (...) Ele hesitou. Então disse: ‘Não sei quem vai matar você. Eu não consigo’. Ninguém veio me matar”, disse Thomas (GOUREVITCH, 2006).
E assim se desenharam esses dias em Ruanda, com casas, escolas, locais de trabalho, bairros e cidades divididos. Marido contra esposa, amigo contra amigo, vizinho contra vizinho. Volta e meia alguém se erguia em contrário, colocando em risco sua própria vida. Philip Gourevitch disse em seu livro que não estava interessado em saber o que fez dos assassinos fracos, mas o que fez de Paul forte:
“Eu não fui realmente forte”, disse ele. “Mas talvez tenha usado meios diferentes, que as outras pessoas não queriam usar. [Durante a guerra] Pensava que muita gente fazia como eu, porque sei que se quisessem poderiam fazê-lo” (GOUREVITCH, 2006).
 
Gourevitch (2006) relata que as vezes quando ficava deprimido, saía de carro pelas ruas de Ruanda , olhava as paisagens, observava que as pessoas aravam a terra nos campos e depois iam para os mercados comercializar as mercadorias, as crianças indo a escola de uniforme e pela ruas iam brincando com as outras, as mulheres bem vestidas carregando bebês nas costas, jovens robustos vestindo calças jeans e camisas do Chicago Bulls. Ele não conseguia distinguir quem era de etnia hutu ou tutsis se, sobreviventes do massacre, assassinos ou se ambos, eles eram semelhantes, o único deferente ali era ele. O jornalista relata que o cenário natural de Ruanda havia sido alterado ao longo dos séculos pela ocupação européia, os recursos naturais eram escassos e disputados. O autor tenta entender os motivos que levaram ao genocídio, somente a falta de recursos não explicava a morte de quase um milhão de pessoas, muitos outros países tinham o mesmo problema e não havia tido genocídio. Ele argumenta que há múltiplos fatores que poderiam desencadear tal violência. 
[...] as desigualdades pré-coloniais; a administração fanaticamente hierárquica e centralizada; o mito hamítico e a polarização radical sob o domínio belga;as matanças e expulsões que começaram com a revolução hutu de 1959; o colapso econômico do final da década de 1980; a recusa de Habyarimana em deixar os refugiados tutsis voltarem; a confusão do pluripartidarismo; o ataque da FPR; a guerra; o extremismo do poder da propaganda; os ensais de massacres; a maciça importação de armas; [...] extrema pobreza, ignorância. Supertição e medo por parte de um campesinato intimidado, submisso, paralisado- e em grande parte alcoolizado; a indiferença do resto do mundo.(GOUREVITCH,2006, p.174)
	
Qualquer pessoa que decidisse pensar no assunto, o mundo não seria o mesmo, assim como não foi para os sobreviventes do genocídio, muitos perderam seus familiares, amigos seus bens materiais e sociais. A brutalidade os marcou para sempre.
Muitos relatos retratam o horror que permeou aquela comunidade por cerca de cem dias, um desses é o de Bonaventure Nyibizi que nos campos de recolhimentos de sobreviventes procurou parente e amigos. Sua mãe havia sido morta , uma irmã foi encontrada viva, porém, três dos cinco filhos dela foram assassinados, em geral os encontros eram permeados de tristeza por constatar as perdas dos entes queridos. Bonaventure ao retornar a cidade de Kigali expressou que “o lugar cheirava a morte”, tudo estava em ruinas, destruído, haviam poucas pessoas conhecidas, não havia água potável e energia elétrica, porém o que mais causava tristeza nas pessoas era encontrar suas casas destruidas e saqueadas. Ele não via motivos para sobreviver precisava encontrar “uma razão para sobreviver, uma razão para olhar o amanhã” (GOUREVITCH,2006, p.221,222).
Inúmeros sobreviventes adotaram crianças que ficaram orfãs. Odette Nyiramilimo e Jean-Baptiste adotaram dez delas, em sua clínica particular faziam atendimentos aos orfãos gratuitamente, porém ressaltam que as crianças estão muito traumatizadas e pouco pode ajudá-las (GOUREVITCH,2006, p.230).
Odette conta que certa vez foi visitar um sobrinho que havia sobrevivido ao genocídio, para ajudá-lo a enterrar os mortos. Chegando à cidade notou que havia muitos hutus a observando, alguns foram abraçá-la, porém, ela gritou para não tocarem nela, o ódio era latente, ela diz que não pode aceitar aqueles que exterminaram com seus familiares (GOUREVITCH,2006, p.231).
Um outro caso citado pelo jornalista foi o de Edmond Mrugamba, que o convidou para ir ao lugar onde sua irmã e família, foram jogados em uma fossa durante o genocídio. Enquanto se dirigiam ao local Edmond relatou que havia perdido um irmão que fora morto nos massacres de 1963, de seus tios mortos em 59 e 61, e que sua avó fora queimada assim como sua casa, um tio materno e uma babá esquartejada. Chegando ao local, que era a casa de sua irmã, mostrou os dois buracos no chão, eles tinham uns trinta centímetros um do outro e cerca de um metro de diâmetro, Edmond se inclinou sobre os buracos e viu as tíbias dos mortos, o jornalista também viu. Edmond diz “As pessoas vêm a Ruanda e falam em reconciliação, isso é uma ofensa”(GOUREVITCH,2006, p.234).
Laurencie Nyirabeza relata sobre um homem que era seu vizinho, ele se chamava Girumuhatse. Ela diz que este homem havia assassinado toda sua família e durante a guerra lhe bateu com um porrete e a golpeou com um facão, em seguida a lançou ainda viva em uma vala. Agora ele estava solto , morando em sua casa novamente junto com sua família, enquanto ela estava sozinha, sem filhos, sem marido. Quando ele me viu, diz ela, pediu perdão dizendo que não foi culpa dele, as autoridades o haviam obrigado a cometer tais atrocidades, ele se dizia arrependido. Nyirabeza ficou chocada e sem voz com a declaração de Girumuhatse, ele havia matado dez membros de sua familia, entre filhos e netos, como pode dizer que não tinha culpa. ”Esse homem é responsável por seus atos”, disse ela, repugnando o pedido de perdão (GOUREVITCH,2006, p.299).
Os refugiados estavam retornando para o país, porém, como morar junto com alguém que matou todos seus familiares e amigos, como falar em coexistência pacífica. Durante o retorno dos refugiados muitos só não foram mortos porque os soldados impediram a multidão furiosa de praticar linchamentos.
O parlamento de Ruanda após muitos debates decidiu aprovar uma lei que diferenciava os executores dos planejadores do genocídio, concedendo redução de pena para quem confessasse os crimes, apesar de todos serem passíveis de pena de morte, de acordo com as leis do país, todavia, a lei do genocídio só punia com morte aqueles que fossem Categoria Um, ou seja:
”Planejadores, organizadores, instigadores, supervisores e lideres [...] no plano nacional municipal, comunal, setorial ou de celula” assim como “ notórios assassinos que se destacaram por conta do zelo ou da maldade com que cometeram atrocidades” e autores de “atos de tortura sexual”. (GOUREVITCH,2006, p.304)
A grande parte dos assassinos pegaram pena de prisão perpétua, no entanto, muitos tiveram suas penas reduzidas mediante confissão, sendo condenados a sete anos de prisão. Os que cometeram crimes contra a propriedade e que não eram fatais ficaram impunes.
Ruanda realizou uma solenidade no início deste ano (2009) quando se completa 15 anos do genocídio. As cerimônias foram realizadas na cidades de Kigali e Nyanza, milhares de pessoas se reuniram em um estádio para a cerimônia, muitos usavam lenços de cor violeta representando o luto de Ruanda.
Mary Kayitesi Blewit relata que perdeu 50 membros da sua família no genocídio. Ela fundou o Fundo dos Sobreviventes do Genocídio do Ruanda. Em entrevista à BBC Ela disse que ainda não consegue pensar em perdão para os assassinos. A sobrevivente fala que durante o genocídio cerca de 30 mil jovens perderam as suas famílias e não têm casas para morar. Enquanto não for feito justiça não é possivel falar em perdão.
Um outro relato é de Flora Mukampore. Ela conta que sofreu violência a ponto de ficar inconsciente por várias semanas sob os corpos de vitimas do genocídio, até ser encontrada por algumas crianças. Sua família fora dizimada pelos hutus, dezessete pessoas no total, sua irmã foi assassinada, porém os dois filhos dela que sobreviveram ao massacre, ficaram com Flora.
A BBC relata um outro testemunho, é de uma mulher por nome Marie. Ela conta que foi capturada pelos hutus, Nesta ocasião foi obrigada a manter relações sexuais, foi violentada por vários homens, mais de uma centena de vezes. Marie contraiu o vírus da Aids e se encontra no estágio final da doença, debilitada não pode mais sair da cama. Nesta condição ela diz que preferia não ter sobrevivido ao massacre.
7. Ruanda Pós Genocídio
Quinze anos se passaram e ainda é comum observar as conseqüências do genocídio em Ruanda. Este país ficou devastado, com centenas de milhares de sobreviventes traumatizados, sua infra-estrutura arruinada e tendo que manter mais de cem mil criminosos em suas prisões. Mesmo com o final dos conflitos, a unificação e reconciliação entre as duas etnias continua sem acontecer uma vez que a justiça ainda não foi cumprida.
A região da África central continua desestabilizada como resultado deste genocídio. Desde 1996 a República Democrática do Congo, país vizinho a Ruanda, transformou-se em um campo de batalha com sucessivos conflitos armados entre o atual governo de Ruanda e os assassinos hutus que para lá fugiram após o genocídio.
Muitos sobreviventes do genocídio são extremamente pobres e sofrem complexos problemas de saúde, como por exemplo a AIDS, resultado da violência cometida contra eles no período do genocídio. Acredita-se que Ruanda tem a maior porcentagem de órfãos do mundo. Uma pesquisa feita recentemente descobriu que a depressão é assustadoramente comum entre os órfãos adolescentes e jovens adultos.
As primeiras eleições após o genocídio ocorreram em agosto de 2003, resultando em um mandato presidencial de sete anos para o ex-general da Frente Patriótica Ruandesa (FPR), Paul Kagame. 
O atual governo do presidente, de minoria tutsi, insiste em uma política de “unidade e reconciliação”, e tem alcançadoavanços importantes, dentre eles a implementação de uma forma de justiça baseada na cultura local, inspirada nas tradições daqueles povos, a Gacaca, agora re-estabelecida para lidar com as centenas de milhares de acusados de cometerem crimes durante aquele período de sua história. “Gacaca” significa “campo de relva”. Tradicionalmente, esses júris se reuniam ao ar livre, em áreas gramadas, para resolver pequenas causas. Neste ano de 2009, os Gacaca estão julgando o genocídio. Várias vezes por semana reúnem-se em torno de doze mil júris Gacaca em Ruanda, no maior acontecimento jurídico jamais visto no mundo. Seu objetivo não é prender e castigar. O objetivo é confrontar os milhares de assassinos com seus crimes, arrancar deles uma confissão pública, o paradeiro dos restos mortais das vítimas e um pedido de perdão diante da vila reunida. Somente depois deste pedido é que são declarados livres. O governo transferiu o processo para estes tribunais tradicionais para aliviar a carga sobre o sistema judiciário convencional, onde demoraria décadas para os suspeitos serem julgados, porém, tanto sobreviventes quanto magistrados nacionais e internacionais expressaram dúvidas sobre a capacidade desses tribunais para fazer justiça e conseguir a reconciliação. Organizações não-governamentais que representam os sobreviventes disseram que as testemunhas temem represálias de familiares dos acusados.
A atual bandeira de Ruanda foi adaptada em 25 de outubro de 2001, pois estava sendo associada ao brutal genocídio no país. A bandeira anterior do Ruanda era uma tricolor vertical vermelha-amarela-verde com uma grande letra "R" (para se distinguir da bandeira da Guiné). A bandeira atual é representada em quatro cores: azul, verde e dois tipos de amarelo.
O país tem se destacado em algumas atitudes. A capital Kigali é ordenada e com escassa delinqüência, a rede viária do país é de asfalto e uma das melhores de toda a África, o transporte público é seguro, pontual e barato. Além disso, as exportações do seu café de excelente qualidade não deixam de crescer, assim como a sua indústria turística. Conta também com uma tecnologia de ponta de comunicações, seguramente a mais avançada de toda a África Subsaariana, e o país está limpo graças a uma proibição dos sacos de plástico e a um dia de trabalho comunitário todos os meses em que até os ministros participam. Uma pesquisa de março de 2008 aponta para a maior porcentagem de mulheres deputadas, o ensino básico é gratuito, a economia cresce 6,5% ao ano (a taxa mais elevada de toda a África), e, para completar, há poucos meses o governo aboliu a pena de morte. 
8. REFERÊNCIAS
- 	ATLAS MUNDIAL DA NATIONAL GEOGRAFHIC. Ruanda. Vol São Paulo, 2008.
- 	BRITISH BROADCASTING CORPORATION. BBC Brasil.com. Ruanda marca quinze anos do genocídio, 2009. Disponível em: <http://www.opais.co.mz/opais/index.php?view=article&catid=56%3Ainternacional&id=407%3Aruanda-marca-15-anos-do-genocidio&option=com_content&Itemid=166>. Acesso em 25 de outubro de 2009.
- 	BRITISH BROADCASTING CORPORATION. BBC Brasil.com. Lembranças do genocídio em Ruanda. Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/938_rwanda/index.shtml. Acesso em 25 de outubro de 2009.
- 	BRITISH BROADCASTING CORPORATION - BBC Brasil.com. Lembranças do genocídio em Ruanda Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/938_rwanda/page5.shtml>. Acesso em 25 de outubro de 2009.
- 	GOUREVITCH,Philip. Gostariamos de informá-lo de que amanhã seremos mortos com nossas famílias: História de Ruanda.São Paulo: Companhia das letras,2006.
- 	GRISA, L. D; THOMÉ, L Q; RIBEIRO, L D T. Hotel Rwanda. Acesso em: 23 de Setembro de 2009.
-	HATZFELD, Jean. Uma Temporada de Facões: relatos do genocídio em Ruanda. São Paulo: Cia. das Letras, 2005.
- 	HISTÓRIA geral da África. A África do século XII ao século XVI. Vol. IV. São Paulo: Ática/UNESCO, 1980-88.
- 	________________________. A África ANTIGA. Vol. II. São Paulo: Ática/UNESCO, 1980-88.
- 	________________________. A África sob dominação colonial, 1880-1935. São Paulo: Ática/UNESCO, 1980-88.
-	MICHAELIS: Mini dicionário escolar de língua portuguesa. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 2000.
-	MYTHOS COMUNICAÇÃO: Quinze anos depois do genocídio em Ruanda. Disponível em: <http://blogdamythos.wordpress.com/2009/04/06/quinze-anos-depois-do-genocidio-em-ruanda/> Acesso em 02/10/2009.
-	RODRIGUES, C. JOSÉ – Além-Mar. Março/2008. Disponível em: <http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EkpuFpEykuWXKFBPlA>. Acesso em 02/10/2009.
- 	SILVA, A. C. A manilha e o libambo: A África e a escravidão de 1500 a 1700. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. 
-	__________. A enxada e a lança: A África antes dos portugueses. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.
-	TWAHIRWA, AIMABLE - IPS-Inter Press Service – A Conexão Global . 01/08/2006. Disponível em: <http://www.mwglobal.org/ipsbrasil.net/nota.php?idnews=2001>. Acesso em 08/10/2009
-	United States Holocaust Memorial Museum – Enciclopédia do Holocausto: Ruanda a primeira condenação por genocídio Disponível em: < http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10007157>. Acesso em 08/10/2009
-	WIKIPÉDIA a Enciclopédia Livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Bandeira_do_Ruanda>. Acesso em 20/10/2009
9. ANEXO A – CRONOLOGIA
1921- Mandato belga em Ruanda.
1931- Introdução da carteira de identidade com menção à etnia, em vigor até 1994.
1959- Morte do último grande rei tútsi. Revoltas camponesas hútus. Êxodo de milhares de tútsis.
1961- Vitória dos partidos hútus nas primeiras eleições legislativas.
1962- Proclamação da Independência de Ruanda.
1973- Golpe de Estado do major Juvénal Habyarimana.
1978- Eleição do presidente Juvénal Habyarimana.
1990- Primeiros sucessos militares da FPR, de obediência tútsi.
1993 - Acordos de Paz de Arusha entre o governo ruandês e a FPR.
1994 - 6 de abril às 20:00h. Assassinato do presidente Juvénal Habyarimana.
	7 de abril, durante a manhã. Assassinatos de personalidades democratas.
	Movimento imediato das tropas da FPR para o interior.
	Invasão dos bairros da capital pelas milícias interahamwe.
	Início do Genocídio que dura cerca de 100 dias.
	4 de Julho. Tomada do centro de Kigali pela FRP.
	15 de Julho. 500 mil refugiados hútus cruzam a fronteira congolesa.
	3 de Outubro. O Conselho de Segurança qualifica como genocídios os massacres de Ruanda.
1996- Novembro. Invasão do leste do Congo pelas tropas da FPR, que desencadeia as matanças maciças de dezenas de milhares de refugiados hútus e o retorno de dois milhões deles a Ruanda.

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