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Apostila Teoria Geral Do Processo

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Roteiro de aulas de 
 
 
 
 
Este material foi elaborado para acompanhamento das aulas de Teoria Geral do Processo e não 
tem o condão de substituir a leitura da doutrina correspondente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professor: Bruno César Fonseca 
 
2 
 
 
PROGRAMA DA DISCIPLINA 
Curso: Direito Semestre: 1º Carga Horária Semestral – 
75 h/a 
CH 
Semanal 
Disciplina: Teoria 
Geral do 
Processo 
Período: 4º Ano: 2013 Teórica: 75 h/a Prática: 
x 
Total: 
75 h/a 
04 h/a 
A Disciplina é pré-requisito para: Direito Processual Civil I 
Professor: Bruno César 
Objetivo Geral: 
- Compreender os institutos fundamentais do processo através do estudo de sua trilogia estrutural, criando 
pensamento interdisciplinar entre os conceitos genéricos da Teoria Geral do Processo e os diversos ramos do 
direito processual jurisdicional: civil, penal e trabalhista. 
Objetivos Específicos: 
- Compreender, pela análise dos princípios fundamentais, que o processo não é mero instrumento técnico, 
para o cumprimento formal dos preceitos jurídico –substanciais, mas um instrumento ético de participação 
política, de afirmação da liberdade e preservação da igualdade entre os homens. 
- Compreender a teoria Geral do Processo ante as recentes configurações impostas pela ordem constitucional 
brasileira de 1998, uma vez que inegável o paralelo existente entre a disciplina do processo e o regime 
constitucional em que se desenvolve. 
- Compreender a atividade jurisdicional no contexto dos conflitos interindividuais e dos variados mecanismos 
com que a sociedade reage a eles, na busca de sua eliminação, com especial destaque às soluções 
alternativas de tais conflitos. 
- Compreender “ação e processo” como conceitos distintos, dotados de pressupostos e características que os 
particularizam e ao mesmo tempo os torna inseparáveis no desenvolvimento do fenômeno processual. 
Ementa: 
I – Noções preliminares: introdução à teoria geral do processo; direito substancial e direito processual; 
processo e Constituição; princípios gerais do direito processual. II – Da jurisdição: conceitos e princípios 
fundamentais; espécies de jurisdição; Organização Judiciária; competência; modificação da competência. III – 
Da ação: direito à prestação jurisdicional; condições para o exercício do direito de ação; classificações das 
ações; a defesa do réu. IV – Do processo: natureza jurídica do processo; a relação processual; composição 
subjetiva do processo; a advocacia; o Ministério Público. 
Bibliografia: 
Bibliografia Básica: 
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo. GRINOVER, Ada Pellegrini. DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral 
do processo. 27 Ed. São Paulo: Malheiros, 2011. 
ROCHA, José de Albuquerque. Teoria geral do processo. 10 ed. São Paulo: Atlas,2005. 
LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria geral do Processo:primeiros estudos.10 ed.Rio de Janeiro:Forense,2011. 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves. Teoria Geral do Processo.5 ed. São Paulo: Saraiva,2006. 
CARREIRA ALVIM, José Eduardo. Teoria Geral do Processo: Rev. Ampl. e Atual.13 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2005. 
MARINONI, Luiz Guilherme. Teoria geral do processo. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 
2011. 
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria geral do direito processual civil e 
processo do conhecimento. 50.ed./51.ed. Vol. I. Rio de Janeiro: Forense, 2010. 
BRÊTAS, Ronaldo Dias de Carvalho. Processo Constitucional: e Estado Democrático de Direito. Belo 
Horizonte: Del Rey, 2010. 
 
3 
Unidade I – Noções Preliminares 
 
Ementa: 1. Sociedade e Direito-Funções do Direito; 2.Surgimento dos conflitos; 3.Formas de 
resolução dos conflitos sociais; 4. Definição, objeto e função do Direito Processual; 4.1 Conteúdo 
da Teoria Geral do Processo: o processo jurisdicional; 4.2 Trilogia estrutural do direito processual: 
jurisdição, ação e processo. 5.Divisão do Direito Processual;6.A norma processual. 7. Direito 
Processual Constitucional;7.1 Princípios Processuais no texto constitucional; 8.Princípios gerais de 
Direito Processual. 
 
1. Sociedade e Direito 
 
Ubi societas ibi jus x Ubi jus ibi societas 
Qual a relação entre sociedade e direito? Resposta: A correlação está na função que o direito 
exerce na sociedade. 
Funções do Direito: “harmonizar as relações intersubjetivas, a fim de ensejar a máxima 
realização dos valores humanos com o mínimo de sacrifício e desgaste”; “Controle Social, 
entendido como conjunto de instrumentos de que a sociedade dispõe na sua tendência a 
imposição de modelos culturais, dos ideais coletivos e dos valores que persegue, para a superação 
das antinomias, das tensões e dos conflitos que lhe são próprios.”(GRINOVER,et al,2005,p.21) 
 
2. Surgimento dos conflitos 
 
Segundo Carnelutti(2000,p.55) o conceito de interesse é fundamental para o estudo do 
processo e do Direito, portanto, segundo o mestre, interesse é“a posição favorável à satisfação de 
uma necessidade”;Existem interesses individuais e coletivos; O interesse coletivo explica a 
formação dos grupos sociais e sua organização. Homem= necessidades ilimitadas X bens 
limitados; 
Conflito de interesses= situação favorável à satisfação de uma necessidade exclui ou limita a 
situação favorável à satisfação de uma necessidade distinta. 
Espécies de conflitos: interesse individual X interesse individual; interesse coletivo X interesse 
individual; interesse coletivo X interesse coletivo. 
 
3. Formas de resolução dos conflitos sociais 
Evolução: da autotutela à jurisdição - Autodefesa, autocomposição e heterocomposição. 
 
3.1 Autotutela ou autodefesa 
“justiça pelas próprias mãos” 
Um dos sujeitos do conflito impõe, por meio de uma ação própria, a sua vontade sobre o outro. 
(CORREIA, 2005,p.6) 
O Direito repudia esta forma de solução de conflito, mas a excepciona em alguns casos, senão 
vejamos: Direito do Trabalho: greve; Direito Penal: legítima defesa; Direito Civil: direito de retenção, 
desforço imediato; Direito Administrativo: auto-executoriedade das decisões administrativas. 
Características básicas: ausência de juiz distinto das partes e imposição da decisão por uma 
das partes. 
 
3.2 Autocomposição 
 
Conciliação, Mediação e Negociação coletiva 
Uma das partes ou ambas abrem mão do interesse ou parte dele. Subdivide-se em a) 
desistência (renúncia à pretensão); b) submissão (renúncia à resistência oferecida à pretensão); c) 
transação (concessões recíprocas) (GRINOVER,et al,2005,p.23) 
Características básicas: solução construída pelas partes, portanto parcial. 
 
3.2.1 A autocomposição na legislação processual 
CLT, art. 764: “Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do 
Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação”. 
4 
CLT, art. 846: “Aberta a audiência, o Juiz ou Presidente proporá a conciliação” (red. L. 
9.022/95). 
CLT, art. 850: “ .... Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação ...”. 
Art. 331: “se não se verificar qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes (Da 
Extinção do Processo e Do Julgamento Antecipado da Lide), o juiz designará audiência de 
conciliação, a realizar-se no prazo máximo de trinta dias, à qual deverão comparecer as partes ou 
seus procuradores”.(redação dada pela Lei 8.952,de 13/12/94). 
CPC, art. 448: “Antes de iniciar a instrução, o juiz tentará conciliar as partes. Chegando a 
acordo, o juiz mandará tomá-lo por termo.” 
CPC, art. 342: “O juiz pode, de ofício, em qualquer estado do processo, determinar o 
comparecimento pessoal das partes, a fim de interrogá-las sobre fatos da causa.” 
 
3.3 Heterocomposição 
Jurisdição e Arbitragem 
Na via jurisdicional, o conflito de interesses é deduzido em juízo, proferindo o Juiz-Estado 
decisão substitutiva da vontade das partes.(CORREIA,2005,p.8) 
Na via arbitral o conflito é decidido por um terceiro escolhido pelas partes. 
Característica básica: Solução do conflito por um terceiro estranho às partes e em substituição 
a estas; 
 
4. Definição, objeto e função do Direito Processual 
Direito Processual: Ramo do Direito que estuda as normas pertinentes à relação jurídico-
processual;Outras denominações: direito formal; direito adjetivo. 
É ramo do Direito Público; 
Interdependência ontológica e Independência epistemológica. 
 
4.1 Conteúdo da Teoria Geral do Processo: o processo jurisdicional 
 
- O processo jurisdicional: a jurisdição é uma das funções do Estado que consiste, 
primordialmente, na solução de conflitos a ela submetidos, o processo é indispensável à função 
jurisdicional, é nos dizeres de José Alfredo de Oliveira Baracho, metodologia de garantia dos 
direitos fundamentais. 
 
4.2 Trilogia estrutural do direito processual: jurisdição, ação e processo 
 
- Os principais conceitos atinentes ao direito processual,como os de jurisdição, ação, defesa e 
processo, são comuns aos ramos do Direito Processual, autorizando assim a elaboração científica 
de uma Teoria Geral do Processo. Os princípios fundamentais são comuns a todos os ramos do 
direito processual, as noções básicas também são comuns, por fim em caso de omissão no 
processo do trabalho e penal, há a aplicação subsidiária do processo civil. 
- Jurisdição: Uma das funções do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos 
interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito que os envolve, com 
justiça. Também pode ser definida como direito fundamental do cidadão, atividade dever do 
Estado. 
- Ação:direito ao exercício da atividade jurisdicional. 
- Processo: normalmente entendido como entidade complexa da qual fazem parte o 
procedimento e a relação jurídica processual. Nos dizeres de Fazzalari é espécie de procedimento 
realizado em contraditório. 
 
5. Divisão do Direito Processual 
 
O Direito Processual é uno, não obstante a variedade de ramos pela peculiaridade da relação 
jurídico-material.(Civil, Trabalhista ou Penal). 
Assim, se existe um direito material civil, há um direito processual civil, da mesma forma, se há 
um direito material penal corresponde-lhe um direito processual penal, e ao direito material do 
trabalho corresponde um direito processual do trabalho. 
5 
O Direito processual é chamado também de Direito Adjetivo (em contraponto ao Direito 
Substantivo), e Direito Formal (em contraponto ao Direito Material), mas estas terminologias não 
são bem quistas por transparecer uma dependência subserviente do processo ao direito material; 
O Direito Processual é ramo do Direito Público. Em caso de omissão no processo do trabalho 
ou penal, aplica-se subsidiariamente o processo civil. 
 
6. A norma processual 
 
Quanto ao seu objeto imediato as normas jurídicas distinguem-se em material e instrumental. 
As normas materiais (substanciais) disciplinam imediatamente a cooperação entre pessoas e 
os conflitos de interesses ocorrentes na sociedade. 
As normas instrumentais apenas de forma indireta contribuem para a resolução dos conflitos 
interindividuais. (GRINOVER,2005,p.90) 
Importante ressaltar que as normas jurídicas materiais constituem o critério de julgar, portanto, 
a sua inobservância constitui error in iudicando. 
As normas jurídicas processuais constituem o critério do proceder, portanto, a sua 
inobservância constitui error in procedendo. 
Fontes das normas processuais- Fontes formais: Lei, usos-e-costumes(praxes processuais), 
negócio jurídico, jurisprudência. 
Principais fontes: Constituição da República (fonte precípua), Constituição dos Estados, 
Código de Processo Civil (Lei n.5.869/73), de Processo Penal(Decreto-Lei n.3.689/41), de 
Processo Penal Militar(Decreto-Lei n.1002/69), Consolidação das Leis do Trabalho (Títulos VIII,IX e 
X), Regimentos Internos dos Tribunais (questões interna corporis), etc.. 
 
6.1 OBJETO DA NORMA PROCESSUAL: disciplinar o poder jurisdicional de resolver os 
conflitos e controvérsias ,inclusive o condicionamento do seu exercício à provocação externa, bem 
como o desenvolvimento das atividades contidas naquele poder, visa, ainda, a regular as 
atividades das partes litigantes, que estão sujeitas ao poder do juiz;e, finalmente, visa a reger a 
imposição do comando concreto formulado através daquelas atividades das partes e do juiz. 
(GRINOVER,2005,p.91) 
 
6.2 NATUREZA DA NORMA PROCESSUAL: As normas processuais têm natureza de Direito 
Público e, em grande parte cogente. Somente em certas situações admite-se que a aplicação da 
norma de forma dispositiva, como por exemplo, nos arts.111 e 333, parágrafo único, ambos do 
CPC. 
Classes de normas processuais: a) normas de organização judiciária; b)normas processuais 
em sentido restrito (poderes e deveres processuais); c) normas procedimentais (modus 
procedendi). 
 
6.3 EFICÁCIA DA NORMA PROCESSUAL NO TEMPO E NO ESPAÇO: 
Princípio da territorialidade (art.1º.CPC e CPP); 
Eficácia temporal das leis contida na LICC(dec.lei n.4.567/42) – vacância(art.1º LICC); efeito 
imediato quando em vigor, respeitados o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito 
adquirido(art.6º LICC). 
 
6. 4 CONFLITOS DE LEIS PROCESSUAIS NO TEMPO: Leis processuais novas não incidem 
em processos findos; os processos a serem iniciados na vigência da lei nova a esta se submetem; 
Quanto aos processos em curso por ocasião do início de vigência de lei nova existem três 
sistemas: a) o da unidade processual que preconiza ser o processo uma unidade, apesar de 
desdobrar-se em vários atos e, portanto, somente poderia ser aplicada uma única lei;b) o das fases 
processuais que defende distinguir-se cada fase do processo (postulatória, ordinatória, instrutória, 
decisória e recursal) de per si, podendo cada uma delas ser regulada por uma lei diferente; c) o do 
isolamento dos atos processuais, na qual a lei nova não atinge os atos processuais já praticados, 
nem seus efeitos, mas aplica-se aos atos a serem praticados, sem distinção necessariamente das 
fases processuais. 
6 
O CPP em seu art.2º estatui “a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da 
validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior”. O CPC confirma a regra ao estabelecer 
no art.1211 que suas regras aplicar-se-iam aos processos pendentes. A Lei 9.099/95 adotou o 
sistema das fases do procedimento, ao determinar que seus preceitos não se aplicariam aos 
processos cuja instrução já tiver sido iniciada (art.90 Lei 90999/95), contudo as normas 
processuais que beneficiam a defesa, têm incidência imediata e retroativa por força do princípio 
constitucional (art.5º, inc.XL CR/88 e art.2º, parágrafo único do CP) 
 
7. Direito Processual Constitucional 
 
 O direito processual tem suas linhas fundamentais traçadas pelo direito constitucional, que 
fixa a estrutura dos órgãos jurisdicionais, garante a distribuição da justiça e a efetividade do 
direito objetivo, estabelece alguns princípios processuais, aponta o direito processual penal 
como direito constitucional aplicado às relações entre autoridade e 
liberdade.(CINTRA,2005,p.80) 
 Ivo Dantas, em artigo especializado, destaca as diversas acepções doutrinárias para 
distinguir Direito Constitucional Processual e Direito Processual Constitucional. 
 
Esquematicamente, temos o seguinte quadro: 
 
 Jurisdição, justiça ou tribunal constitucional 
Estrutura e composição dos tribunais 
constitucionais 
Direito Garantia da supralegalidade constitucional 
processual e as formas de torná-la efetiva: controle 
constitucional de constitucionalidade 
 Remédios constitucionais (jurisdição constitucional 
das liberdades) 
 
Direito 
constitucional Garantias referentes ao processo e ao 
processual procedimento(due process of law) 
 
 
Direito Estrutura do Poder Judiciário e do Ministério 
Constitucional Público. Garantias e judicial impedimentos 
Judicial A Advocacia como função essencial à justiça
1
 
 
 
 A tutela constitucional do processo configura-se através de: a) Princípios e garantias 
constitucionais do processo (devido processo legal, inafastabilidade do acesso à jurisdição, 
presunção de inocência, contraditório, ampla defesa, vedação de provas ilícitas etc.); b) 
Jurisdição constitucional das liberdades (habeas corpus, mandado de segurança individual 
e coletivo, habeas data, mandado de injunção, ação popular, ação civil pública, ação de 
inconstitucionalidade etc.); c) Organização judiciária (criação de órgãos para a jurisdição). 
 “Princípio é uma proposição que se põe na base das ciências, informando estas 
ciências”(CRETELLA JR.,apud CORREIA,2005,p.22) 
 Os Princípios podem estar positivados ou não, podendo ser extraídos do conjunto de 
normas que lhe informam no ordenamento jurídico como um todo.(vide art.5o, §2o CR/88) 
 Noção de princípio: “normas jurídicas que exprimem, sob enunciados sintéticos, o 
conteúdo complexo de ideias científicas e proposições fundamentais informadoras e 
componentes do ordenamento jurídico.”(BRÊTAS, 2009, p.277) 
 
 
 
1
 DANTAS, IVO. Teoria do processo constitucional: uma breve visão pessoal.p.146. 
7 
7.1 Princípios processuais no texto constitucional 
 
 Due process of law (devido processo legal)2 
Calmon de Passos, citado por Correia(2005,p.23), leciona que para a ocorrência do devido 
processo legal é indispensável três condições: a) desenvolvimento do processo perante juiz 
imparcial e independente;b) amplo acesso a justiça;c) preservação do contraditório. 
Calmon de Passos afirma que existem duas partes no devido processo legal, uma fixa, 
constituída pelas condições retro e uma contingente constituída de fórmulas, procedimentos, 
expedientes técnicos e valorações de conteúdo postos pelo legislador. 
Segundo Grinover(apud CORREIA,2005,p.24) o conteúdo do due process of law pode variar de 
acordo com a evolução da consciência jurídica e política de um país. 
O devido processo legal constitui-se em um 
bloco aglutinante e compacto de vários direitos e garantias fundamentais 
inafastáveis, ostentados pelas pessoas do povo(partes), quando 
deduzem pretensão à tutela jurídica nos processos, perante os órgãos 
jurisdicionais, quais sejam: a) direito de amplo acesso à jurisdição, 
prestada dentro de um tempo útil ou lapso temporal razoável;b) garantia 
do juízo natural;c)garantia do contraditório;d)garantia da ampla defesa, 
com todos os meios e recursos a ela(defesa) inerentes, aí incluído o 
direito à presença de um advogado ou defensor público;e)garantia da 
fundamentação racional das decisões jurisdicionais, com base no 
ordenamento jurídico vigente (reserva legal);f) garantia de um processo 
sem dilações indevidas.
3
 
 
 Juiz imparcial – as partes devem estar eqüidistantes do juiz, outrossim, o juiz deve buscar 
para perto de si, a parte menos favorecida na relação que se iniciou.(atuação assistencial 
do juiz- busca da garantia da paridade das armas)(CORREIA, 2005,p.25-30), a CR/88 
estabelece em seu art.95
4
 e parágrafo único, as garantias e vedações para possibilitar a 
imparcialidade do juiz 
 Acesso à justiça - maior facilidade de ingresso com a ação no Judiciário e busca da 
efetividade da ação proposta - amplo acesso à ordem jurídica justa.(art.5º,XXXV
5
, 
LXXIV,LXXVII, CR/88) 
 Princípio do contraditório e da ampla defesa – possibilidade de uma das partes se 
manifestar contrariamente à pretensão deduzida pela outra parte, podendo inclusive 
apresentar contraprova. Vige durante toda a relação jurídico-processual, mesmo em casos 
 
2
 CF-Art.5º(...) LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; 
3
 BRÊTAS, Ronaldo de Carvalho Dias. Fundamentos constitucionais da jurisdição no Estado Democrático de 
direito.p.293. 
4
 CF- Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será 
adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do 
tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; II - 
inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII; III - irredutibilidade de 
subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
Parágrafo único. Aos juízes é vedado: I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo 
uma de magistério; II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; III - dedicar-
se à atividade político-partidária. IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de 
pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes 
de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) 
5
 CF- Art.5º.(...)XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; - LXXIV 
- o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; - 
LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os atos necessários 
ao exercício da cidadania. 
 
8 
de provimento inaudita altera parte. (art.5º,LV
6
,LXIII CR/88) (CPC, arts.319
7
 ss.(revelia); 
9º,inc.II
8
 <curador especial>; 82
9
,I,assistência MP ao incapaz.) (CPP, arts.261 e 263
10
 
<defensor>) Decorrem deste princípio três conseqüências básicas, conforme leciona 
Theodoro Jr.: a) a sentença só afeta as pessoas que foram parte no processo, ou seus 
sucessores; b) só há relação processual completa depois de ouvidas ambas as partes; c) 
toda a decisão só é proferida depois de ouvidas ambas as partes. 
 Princípio da igualdade – paridade das armas do processo, poder assistencial do juiz.(art.5º, 
caput
11
 CR/88) (CPC, art.125,I
12
, 1211-A) – Alguns artigos no CPP atenuam o princípio da 
igualdade pelo chamado favor rei, pelo qual o acusado goza de prevalente proteção, no 
contraste com a pretensão punitiva. (CPP arts.386
13
,inc.VI <insuficiência de provas>, 
607,609, par.ún.<recursos privativos da defesa>,623 e 626, par.ún.<revisão somente em 
favor do réu>). Deve-se tratar os desiguais desigualmente, e os iguais de forma igualitária. 
 Princípio do juiz natural – o processamento e o julgamento das causas deve-se dar perante 
juiz investido do poder jurisdicional, com a competência devidamente indicada pela 
Constituição Federal, vedando-se a criação de tribunais de exceção (concebidos ad hoc) – 
art.5º, LIII,XXXVII
14
 CR/88. 
 Princípio da motivação das decisões judiciais – além de garantia para as partes, é 
importante para averiguar a a imparcialidade do juiz e a legalidade e justiça das decisões. 
art.93, IX
15
 CR/88.(CPP, art.381
16
;CPC, art.165
17
 c/c art.458; CLT art.832
18
) 
 
6
 CF- Art.5º.(...) LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; - LXIII - o preso será 
informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da 
família e de advogado; 
 
7
 CPC- Art.319. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. 
 
8
 CPC- Art. 9
o
 O juiz dará curador especial: I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os 
interesses deste colidirem com os daquele; II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora 
certa. Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes ou de ausentes, a este 
competirá a função de curador especial. 
 
9
 CPC- Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir: I - nas causas em que há interesses de incapazes; 
 
10
 CPP- Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem 
defensor. 
 Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será sempre 
exercida através de manifestação fundamentada. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) 
CPP- Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito 
de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação. 
 
11
 CF - Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
 
12
 Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-lhe: 
I - assegurar às partes igualdade de tratamento; 
Art. 1.211-A. Os procedimentos judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou 
superior a sessenta e cinco anos terão prioridade na tramitação de todos os atos e diligências em qualquer 
instância. (Incluído pela Lei nº 10.173, de 2001) 
 
13
 CPP- Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: 
(...) VI - não existir prova suficiente para a condenação. 
 
14
 CF- art.5º.(...) XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; - LXIII - o preso será informado de seus 
direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de 
advogado; 
 
15
 CF- art.93 (...)IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas 
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias 
9 
 Princípio da publicidade - qualquer pessoa pode presenciar a realização dos atos 
processuais, examinar os autos, obter certidões, os atos da parte e do juiz devem ser 
levados ao conhecimento da parte contrária. arts. 5º,LX
19
, 93, IX(vide nota 13) CR/88-(CPC 
arts.155
20
 e 444;CPP, art.792
21
; CLT, art.770
22
) 
 Princípio do duplo grau necessário - garante a possibilidade de revisão, por via de recurso, 
das causas já julgadas pelo juiz de primeiro grau, não está expresso, mas a CR/88 atribui 
competência recursal à vários órgãos judiciários.(arts.102
23
,II,105,II,108,II CR/88) 
 Princípio da celeridade – razoável duração do processo - art.5º, LXXVIII24 CR/88. 
 
partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do 
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) 
 
16
 CPP- Art. 381. A sentença conterá: I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações 
necessárias para identificá-las; II - a exposição sucinta da acusação e da defesa; III - a indicação dos 
motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão; IV - a indicação dos artigos de lei aplicados; 
V - o dispositivo; VI - a data e a assinatura do juiz. 
 
17
 CPC- Art. 165. As sentenças e acórdãos serão proferidos com observância do disposto no art. 458; as 
demais decisões serão fundamentadas, ainda que de modo conciso. - Art. 458. São requisitos essenciais da 
sentença: 
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o registro 
das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II - os fundamentos, em que o juiz analisará as 
questões de fato e de direito; III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes Ihe 
submeterem. 
 
18
 CLT- Art. 832 - Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo do pedido e da defesa, a 
apreciação das provas, os fundamentos da decisão e a respectiva conclusão. 
19
 CF- art.5º LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade 
ou o interesse social o exigirem; 
 
20
 CPC- Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça os processos: 
I - em que o exigir o interesse público; Il - que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, 
conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de menores. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 
26.12.1977) Parágrafo único. O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é restrito às 
partes e a seus procuradores. O terceiro, que demonstrar interesse jurídico, pode requerer ao juiz certidão do 
dispositivo da sentença, bem como de inventário e partilha resultante do desquite. 
Art. 444. A audiência será pública; nos casos de que trata o art. 155, realizar-se-á a portas fechadas. 
 
21
 CPP- Art. 792. As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e se realizarão nas 
sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do secretário, do oficial de justiça que servir de 
porteiro, em dia e hora certos, ou previamente designados. 
 
22
 CLT- Art. 770 - Os atos processuais serão públicos salvo quando o contrário determinar o interesse social, e 
realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. 
Parágrafo único - A penhora poderá realizar-se em domingo ou dia feriado, mediante autorização expressa do 
juiz ou presidente. 
 
23
 CF- Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-
lhe:(...) II - julgar, em recurso ordinário: a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas-data" e o 
mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; b) o 
crime político; 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: (...) II - julgar, em recurso ordinário: a) os "habeas-corpus" 
decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do 
Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória; b) os mandados de segurança decididos em 
única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e 
Territórios, quando denegatória a decisão; c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou 
organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País; 
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:(...) II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas 
pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição. 
10 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UNIDADE I: 
 
BARREIROS, Otacílio José. Lineamentos de teoria geral do processo.2001. Disponível em: 
<http://geocities.yahoo.com.br/leis_codigos/doutrina/apostilaTGP98pp.pdf> Acesso em: 
01/08/2005. 
CARNELUTTI, Francesco.traduzido por Hiltomar Martins Oliveira. Sistema de direito processual 
civil. São Paulo: Classic Book,2000. v.1. 
CINTRA, Antonio Carlos Araújo. et al. Teoria Geral do Processo. 21ª Ed. São Paulo: Malheiros, 
2005. 
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves.Teoria geral do processo. 3ªed. São Paulo: Saraiva,2005. 
THEODORO JR.,Humberto. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 
41ª.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. v.1. 
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo civil. 7ª. ed. São Paulo: RT, 2005. vol.1. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.Diário Oficial da União, Brasília, 
DF, 5 de outubro de 1988. 
BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941.Institui o Código de Processo Penal. Diário 
Oficial da União, Rio de Janeiro, RJ, 13 de outubro de 1941. 
BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do 
Trabalho. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, RJ, 09 de agosto de 1943. 
BRASIL. Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil. Diário Oficial 
da União, Brasília, DF, 17 de janeiro de 1973. 
 
UNIDADE II- DA JURISDIÇÃO 
 
Ementa: 1. Conceito e princípios fundamentais: 1.1 Conceito de jurisdição; 1.2. caráter substitutivo 
da jurisdição; 1.3 escopo jurídico de atuação do direito; 1.4 outras características da jurisdição; 1.5 
princípios fundamentais da jurisdição; 2. Espécies de jurisdição: Unidade ou pluralidade de 
jurisdições; 2.1 Classificação da jurisdição: 2.2 Jurisdição Civil ou Penal; 2.3 jurisdição especial ou 
comum; 2.4 jurisdição superior e inferior; 2.5 de direito ou de eqüidade; 2.6 jurisdição contenciosa 
e voluntária. 3. Organização Judiciária; 3.1 Órgãos da Jurisdição; 3.2 Órgãos não jurisdicionais; 3.3 
Estrutura do Poder Judiciário e organização judiciária; 3.4 Funções do Poder Judiciário e função 
jurisdicional; 3.5 Unidade e Duplo Grau de Jurisdição; 3.6 Composição dos juízos e tribunais; 3.7 
Magistratura; 3.8 Auxiliares da Justiça; 3.8.1 Funções essenciais à Justiça: O MP e a Advocacia. 4. 
Competência: definição de competência; jurisdição e competência; 4.1 critérios determinativos da 
competência. 4.2 Critérios determinativos da competência interna; 4.3 Modificação da 
competência: competência absoluta e relativa; causas de modificação de competência: causas 
legais; causas voluntárias; 4.4 Prorrogação da competência; Prevenção; Perpetuação da 
jurisdição; 4.5 Formas de impugnação de competência; conflitos de competência; 
 
1. Conceito e Princípios Fundamentais 
 
1.1 Conceito: Já sabemos que a jurisdição é uma das funções do Estado, através da qual os 
conflitos serão resolvidos de forma pacífica, imparcial e em substituição às partes, com a finalidade 
de alcançar a justiça. Tal função é exercida por meio do processo, seja impondo uma 
decisão(através da sentença de mérito), seja realizando o que a lei estabelece, através da 
execução forçada. Segundo Cintra (2005, p.140) a jurisdição é ao mesmo tempo, poder, função e 
atividade. Como Poder é a manifestação do poder estatal (capacidade de decidir e impor 
decisões). Como função, caracteriza-se pelo encargo dos órgãos estatais de pacificação de 
conflitos interindividuais, mediante a realização do direito justo e através do processo. Como 
atividade, é o complexo de atos do juiz no processo, exercendo o poder e cumprindo a função que 
 
24
 CF- Art.5º(...) - LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do 
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 
45, de 2004) 
11 
a lei lhe comete. Tanto o poder, como a função e a atividade somente desenvolvem-se 
legitimamente através do devido processo legal. 
1.1.1 Jurisdição como direito fundamental 
A jurisdição, numa concepção primitiva “é a estratificação histórica da figura da arbitragem 
legalmente institucionalizada e praticada, de modo exclusivo e monopolístico, pelo Estado”. Já na 
sociedade pós-moderna, é “atividade de decidir subordinada ao dever de fazê-lo segundo os 
princípios fundamentais do processo”.
 25
 
A Jurisdição não pode ser entendida como mera faculdade estatal, como bem acentua Ronaldo 
Brêtas, a jurisdição “é atividade-dever do Estado, prestada pelos seus órgãos competentes, 
indicados no texto da Constituição, somente possível de ser exercida sob petição da parte 
interessada,” e complementa afirmando que a jurisdição somente realiza sua atividade por 
intermédio da “indispensável garantia do devido processo constitucional.” 
Ainda segundo Ronaldo Brêtas, o devido processo constitucional faz com que a estrutura 
normativa do devido processo legal desenvolva-se como procedimento realizado em contraditório, 
porque este “viabiliza a simétrica participação igualitária das partes destinatárias do 
pronunciamento jurisdicional decisório final (decisão, sentença, provimento)”
26
 
Portanto, concluímos “A função jurisdicional no Estado Democrático de Direito, não é atividade 
beneficente, obsequiosa ou caritativa, mas poder-dever do Estado, razão pela qual, em 
contrapartida, é direito fundamental de qualquer um do povo(governantes e governados) e também 
dos próprios órgãos estatais obtê-la, a tempo e modo, vale dizer, de forma adequada e eficiente, 
pela garantia do devido processo constitucional.”
27
 
Outrossim, ainda com base em Ronaldo Brêtas, no Estado Democrático de Direito, a jurisdição só 
se realiza na “estrutura constitucionalizada do processo, e a declaração final do Estado, decorrente 
do poder de cumprir o dever de prestá-la, quando e se provocado,(...)inserida na decisão”
28
 será 
um resultado da paridade simétrica realizada em contraditório pelas partes
29
, não uma 
manifestação arbitrária segundo prudente arbítrio do julgador, mas sim uma exortação do “poder 
constitucionalmente organizado, delimitado, e controlado conforme as Diretrizes do Estado 
Constitucional Democrático de Direito.”
30
 
 
1.2 Caráter substitutivo da jurisdição 
Chiovenda citado por Cintra(2005,p.141) aponta dois critérios para caracterização jurídica da 
jurisdição a) caráter substitutivo e b) escopo de atuação do direito. 
No exercício da atividade jurisdicional o Estado substitui as atividades daqueles que estão 
envolvidos no conflito, não cabendo às partes dizer em caráter definitivo que a razão está com ela 
própria ou com a outra parte, salvo como já estudado os casos excepcionais de autotutela e a 
possibilidade de autocomposição. As atividades do Estado são exercidas através de pessoas 
físicas que constituem seus agentes (juiz, escrivão, oficial de justiça, depositário, contador) que 
devem agir de forma imparcial. 
 
 
 
25 Cf. LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria Geral do Processo: primeiros estudos. Rio de Janeiro: Editora 
Forense.8ªed.rev.atual.2009.p. 61-62. 
26 BRÊTAS, Ronaldo de Carvalho Dias. As reformas do código de processo civil e o modelo constitucional 
do processo. In: BRÊTAS, Ronaldo de Carvalho Dias; NEPOMUCENO, Luciana Diniz.(Coords.). Processo 
civil reformado. 2ª ed. Belo Horizonte: Del Rey,2009.p.465-466. 
27 BRÊTAS, Ronaldo de Carvalho Dias. Responsabilidade do Estado pela função jurisdicional.Belo 
Horizonte: Del Rey, 2004.p.93. 
28 BRÊTAS, Ronaldo de Carvalho Dias. A garantia da fundamentação das decisões jurisdicionais no Estado 
Democrático de Direito. Revista da Faculdade Mineira de Direito, Belo Horizonte , v.8, n.16 , 2º sem. 
2005.p.152. 
29 Cf. FAZZALARI, Elio. Instituições de direito processual.Trad.8ªed.Elaine Nassif.1ªed.Campinas: 
Bookseller,2006.p.118-119. 
30 BRÊTAS, Ronaldo de Carvalho Dias. As reformas do código de processo civil e o modelo constitucional 
do processo. In: BRÊTAS, Ronaldo de Carvalho Dias; NEPOMUCENO, Luciana Diniz.(Coords.). Processo 
civil reformado. 2ª ed. Belo Horizonte: Del Rey,2009.p.466. 
12 
1.3 Escopo jurídico de atuação do direito 
Atravésdo exercício da função jurisdicional o Estado busca atingir, em cada caso concreto, os 
objetivos das normas de direito substancial. Cintra (2005,p.142) leciona que o escopo jurídico da 
jurisdição é a atuação (cumprimento, realização) das normas de direito substancial (direito 
objetivo). Essa é a visão de Chiovenda. 
Para Carnelutti o escopo do processo seria a justa composição da lide, ou seja, o estabelecimento 
da norma de direito material que disciplina o caso, dando razão a uma das partes(CINTRA, 
2005,p.142). Isto se dá porque, para Carnelutti, só existiria um comando completo no momento em 
que é dada a sentença. 
 
1.4 Outras características da jurisdição 
- Existência de lide- A função jurisdicional exerce-se em grande número de casos com referência 
a uma lide que a parte interessada deduz ao Estado, pedindo um provimento a respeito. A 
existência da lide é uma característica constante na atividade jurisdicional. 
- Inércia – Os órgãos jurisdicionais, como já vimos, são por sua natureza inertes, tendo em vista a 
imparcialidade, bem como a possibilidade das partes resolverem os conflitos por meios alternativos 
(autotutela, autocomposição e arbitragem). 
- Imutabilidade – A coisa julgada é característica dos atos jurisdicionais, refere-se à imutabilidade 
dos efeitos de uma sentença, em virtude da qual as partes não podem deduzir novamente em juízo 
ou comportar-se de modo diverso do preceituado, o juiz não pode voltar a decidir a respeito e nem 
o legislador pode emitir preceitos que contrariem, para as partes, o que já ficou definitivamente 
julgado. 
 
1.5 PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO 
a) Princípio da investidura- a jurisdição só será exercida por quem tenha sido regularmente 
investido na autoridade de juiz. 
b) Princípio da aderência ao território- os magistrados têm autoridade nos limites territoriais do 
Estado. Ademais, como os magistrados são distribuídos em comarcas ou seções judiciárias, como 
veremos, cada juiz só exerce sua autoridade nos limites do território sujeito à sua jurisdição. 
c) Princípio da indelegabilidade- Inicialmente tal princípio caracteriza-se pela impossibilidade dos 
poderes delegarem as atribuições que lhe foram conferidas pelo texto constitucional. Ademais, 
nenhum juiz pode, segundo seu critério ou conveniência, delegar funções a outro órgão, devendo 
agir não em nome próprio mas como agente estatal, dentro da competência estatuída na 
Constituição ou em lei infra-constitucional. 
d) Princípio da inevitabilidade – a autoridade dos órgãos jurisdicionais impõe-se por si mesma, 
independentemente da vontade das partes. A situação das partes perante o Estado-juiz é de 
sujeição. 
e) Princípio da inafastabilidade (ou do controle jurisdicional)- o art.5º, inc. XXXV da CR/88, 
garante a todos o acesso ao Judiciário, o qual não pode deixar de atender a quem venha a juízo 
deduzir uma pretensão, nem pode o juiz, a pretexto de lacuna ou obscuridade da lei, escusar-se de 
proferir decisão (CPC, art.126) 
 
2. Espécies de Jurisdição 
 
2.1 Unidade ou pluralidade de jurisdições 
 
Por tratar-se de expressão do poder soberano do Estado, a rigor não comporta divisões, pela 
impossibilidade de coexistência de várias soberanias num mesmo Estado. Daí a doutrina refere-se 
à espécies de jurisdição. Cintra (2005,p.150) critica tal afirmação, uma vez que tão somente existe 
o problema de distribuição de “massas de processos” entre “Justiças”, entre juízes, portanto 
questões de competência e não propriamente de jurisdição. Contudo pela falta de melhor 
denominação para estudo do tema, veremos a jurisdição nas seguintes espécies:a) pelo citério do 
objeto: civil ou penal;b) pelo critério dos organismos judiciários, especial ou comum;c) pelo critério 
da posição hierárquica dos seus órgãos, superior ou inferior;d) pelo critério da fonte do direito com 
base no qual é proferido o julgamento, de direito ou eqüidade;e) pelo critério do conflito, 
contenciosa ou voluntária. 
13 
 
2.2 Jurisdição Civil ou Penal 
 
Em todo processo as atividades jurisdicionais exercidas têm por objeto uma pretensão, que varia 
de natureza, conforme o direito material em que se fundamenta, portanto temos causas penais, 
civis, comerciais, administrativas, tributárias, trabalhistas, etc. É comum dividir-se o exercício da 
jurisdição entre os juízes, concedendo a uns a competência para apreciar as pretensões de 
natureza penal e a outros as demais. Temos, portanto, a jurisdição penal (causas penais, 
pretensões punitivas) e jurisdição civil (para causas e pretensões não-penais, em sentido amplo). 
Apenas a Justiça do Trabalho é desprovida de competência penal. 
 
2.3 Jurisdição especial ou comum 
 
A Constituição estabelece vários organismos judiciários, cada um com sua competência e 
autonomia. Uns com competência para julgar causas de determinada natureza e conteúdo jurídico-
substancial(especiais) e outros com competência para julgamento das que não estão reservadas 
àquelas (comuns). 
Destarte, temos como jurisdição especial: Justiça do Trabalho (art.114 CF), com competência para 
julgar causas oriundas da relação de trabalho; Justiça Eleitoral (art.121 CF) que julga matérias 
relacionadas com eleições políticas; Justiça Militar, causas penais fundadas no direito penal militar 
e na Lei de segurança Nacional. Como jurisdições comuns temos: Justiça Federal e Justiça 
Estadual, aplicando o CPC e o CPP. 
 
2.4 Jurisdição superior e inferior 
 
A jurisdição inferior é aquela exercida pelos juízes que ordinariamente conhecem do processo 
desde seu início. Denomina-se jurisdição superior aquela exercida pelos órgãos a que cabem o 
julgamento de recursos contra decisões proferidas pelos juízes inferiores. 
Os órgãos de primeiro grau de jurisdição denominam-se primeira instância e os de segundo grau, 
segunda instância. A lei por vezes determina competência originária a órgãos superiores, em razão 
da matéria ou da pessoa, a isso se denomina competência originária dos tribunais. 
 
2.5 Jurisdição de direito ou de eqüidade 
 
Em nosso ordenamento jurídico convivem as jurisdições de direito e de equidade, no processo civil 
é exceção(CPC art.127), tendo em vista que aplica-se somente em casos que inexistam a precisa 
regulamentação da lei ou quando o legislador abre oportunidade para o julgador pautar-se por 
critérios de eqüidade. No processo penal na individualização da pena, (CP, art.42) o juízo de 
eqüidade é regra geral. Nos feitos de jurisdição voluntária o juiz pode adotar em cada caso a 
solução que reputar mais conveniente ou oportuna(art.1.109) 
 
2.6 Jurisdição contenciosa ou voluntária 
 
Na jurisdição contenciosa há um conflito de interesses deduzido em juízo, com vistas à obtenção 
da coisa julgada. 
Na jurisdição voluntária(ou graciosa ou administrativa), embora não haja um conflito de interesses, 
há indispensável necessidade da presença do juiz, que atuando em nome da administração 
pública, tutela interesses privados. Atua em atividade meramente homologatória, observando o 
respeito à lei na realização do ato jurídico. 
Correia (2005,p.53) apresenta um excelente paralelo entre as espécies de jurisdição voluntária e 
contenciosa, que transcrevemos a seguir: 
 
JURISDIÇÃO CONTENCIOSA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA 
Existência de controvérsia Inexistência de controvérsia 
Ocorrência de coisa julgada Não há coisa julgada 
Existência de processo Existência de mero procedimento 
14 
Existência de partes Existência de interessados 
 
Exemplos: Contenciosa: Separação litigiosa, Ação reivindicatória de um bem imóvel; Voluntária: 
Separação consensual. 
 
3. Organização Judiciária 
 
Como já estudado, a jurisdição deve ser vislumbrada em sua unidade, contudo, para efeito de 
racionalização da atividade jurisdicional o Estado, segundo critérios lógicos de divisão de 
atribuições criou diversos órgãos, cada um responsável por dizer determinado direito, para 
determinadaspessoas, em determinados locais.(CORREIA, 2005,p.54). 
Os art.92 e ss. da CR/88 dispõem sobre os órgãos do judiciário. 
 
3.1 Órgãos da jurisdição 
 
a) Supremo Tribunal Federal (STF): O STF é composto de onze ministros, com idade mínima de 
trinta e cinco e máxima de sessenta e cinco anos, com nomeação feita pelo Presidente da 
República, após aprovação pela maioria do Senado Federal. Tem como função precípua a guarda 
do respeito à Constituição Federal, sua competência está estabelecida na Constituição Federal 
art.102, possui competência originária, recursal ordinária e extraordinária. 
 
b) Superior Tribunal de Justiça (STJ): o STJ é composto de no mínimo trinta e três ministros, 
com idade mínima de trinta e cinco e máxima de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente 
e aprovados pela maioria do Senado Federal, sendo 1/3 dentre desembargadores federais dos 
Tribunais Regionais Federais, 1/3 dentre desembargadores dos Tribunais de justiça e 1/3 dentre 
advogados e membros do Ministério Público da União, dos Estados, do Distrito Federal e 
Territórios, alternadamente. Compete ao STJ velar pela observância da legislação federal, sua 
competência vem estabelecida no art.105 da CF, tendo também competências originárias, recursal 
ordinária e especial. 
 
c) Tribunais Regionais Federais e juízes federais: A Justiça Federal é responsável 
especialmente por causas envolvendo o interesse da União, de suas autarquias e empresas 
públicas, estabelecida a competência pelo art.108,109 da CF. Cada Estado, bem como o Distrito 
Federal, constituirá uma seção judiciária(1ª. Instância) que terá por sede a respectiva Capital, e 
varas localizadas segundo o estabelecido em lei. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as 
atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos juízes da justiça local, na forma da lei. 
Atualmente existem cinco Tribunais Regionais Federais com a atribuição de julgar as causas 
referentes aos seguintes Estados: 
- TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO - Brasília-DF: Seção Judiciária do Acre,Seção 
Judiciária do Amapá,Seção Judiciária do Amazonas,Seção Judiciária da Bahia,Seção Judiciária do 
Distrito Federal,Seção Judiciária de Goiás,Seção Judiciária do Maranhão,Seção Judiciária de Mato 
Grosso,Seção Judiciária de Minas Gerais, Seção Judiciária do Pará, Seção Judiciária do Piauí, 
Seção Judiciária de Rondônia, Seção Judiciária de Roraima, Seção Judiciária de Tocantins. 
- TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO - Rio de Janeiro-RJ: Seção Judiciária do 
Espírito Santo, Seção Judiciária do Rio de Janeiro. 
- TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO - São Paulo-SP: Seção Judiciária do Mato 
Grosso do Sul, Seção Judiciária de São Paulo. 
- TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO - Porto Alegre-RS: Seção Judiciária do Paraná, 
Seção Judiciária do Rio Grande do Sul, Seção Judiciária de Santa Catarina. 
- TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO - Recife-PE: Seção Judiciária de Alagoas, 
Seção Judiciária do Ceará, Seção Judiciária da Paraíba, Seção Judiciária de Pernambuco, Seção 
Judiciária do Rio Grande do Norte, Seção Judiciária do Sergipe. 
 
d) Tribunais e juízes do Trabalho: O art.111 da CF estabelece que são órgãos da Justiça do 
Trabalho, o Tribunal Superior do Trabalho (TST), os Tribunais Regionais do Trabalho(TRTs) e os 
juízes do Trabalho. A organização da Justiça do Trabalho está prevista no art.644 da CLT, O 
15 
Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros 
com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da 
República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal. Os Tribunais Regionais do 
Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva 
região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de 
sessenta e cinco anos(art.115, CF). A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas 
comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o 
respectivo Tribunal Regional do Trabalho.(art.111-A e 112 CF) A competência da Justiça do 
trabalho está definida no art.114 da CF. 
 
e) Tribunais e juízes eleitorais: A Justiça Eleitoral é composta pelo Tribunal Superior Eleitoral, 
Tribunais Eleitorais, juízes eleitorais e as juntas eleitorais. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-
á, no mínimo, de sete membros, escolhidos mediante eleição, pelo voto secreto(Art.119 CF). 
Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal (art.120 CF). 
 
f) Tribunais e juízes militares: São órgãos da Justiça Militar, o Superior Tribunal Militar, os 
Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze 
Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo 
Senado Federal(art.123 CF).À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares 
definidos em lei. 
 
g) Tribunais e juízes estaduais: Segundo a Constituição(art.125) os Estados organizarão sua 
Justiça, observados os princípios estabelecidos, sendo a competência dos tribunais definida na 
Constituição do Estado e a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. A lei 
estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, 
constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo 
grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o 
efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes. Compete à Justiça Militar estadual processar e 
julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra 
atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao 
tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das 
praças. Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes 
militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao 
Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes 
militares. 
 
3.2 Órgãos não-jurisdicionais 
 
 A Constituição estabelece que deverão integrar o Poder Judiciário, o Conselho Nacional de 
Justiça, as Ouvidorias de Justiça e as Escolas da Magistratura. 
 
a) Conselho Nacional de Justiça: encarregado do controle do Poder Judiciário e de seu 
integrantes. O Conselho funciona atualmente em anexo do Prédio do STF, e tem sua competência 
estabelecida pelo art.103-B da CF. 
 
b) Ouvidorias de Justiça: Serão constituídas pela União, com competência para “receber 
reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, 
ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional de Justiça” 
(art.103-B, §7ºCF) e abrangerá tanto a Justiça Federal, quanto a Estadual. 
 
c) Escolas da Magistratura: Já havia previsão constitucional para a instituição das escolas de 
magistratura, todavia agora cuidará de preparar cursos oficiais para aperfeiçoamento e promoção 
de magistrados, como etapa obrigatória para o vitaliciamento. 
 
 
 
16 
 
3.3 Estrutura do Poder Judiciário 
 
Fonte: Wambier, 2005,p.88. 
As setas referem-se à hierarquia recursal. 
Ainda na estrutura do judiciário, todavia como órgãos não-jurisdicionais, encontramos o Conselho 
Nacional de Justiça, as ouvidorias de Justiça e as Escolas da Magistratura. 
*A Justiça Militar Federal, não possui órgão de segunda instância, apesar de constar na CF, 
portanto o STM é o órgão que ocupa o lugar dos Tribunais Militares na hierarquia recursal daquela 
justiça. 
 
3.4 Funçõesdo Poder Judiciário e função jurisdicional 
 
 Nem toda atividade jurisdicional está confiada ao Poder Judiciário, e como vimos nem toda 
atividade desenvolvida pelo Poder Judiciário é jurisdicional. 
 Importante ressaltar que após a emenda n.45/2004, que incluiu o art.103-A da CF, o STF 
atuará em função verdadeiramente legislativa, normativa, através da súmula vinculante. 
 A Constituição brasileira atribui função jurisdicional ao Legislativo (arts.51, I;52,II;55, §2º). 
 Destarte, como outros Poderes podem ser investidos de função jurisdicional, o Judiciário 
também exerce funções além do exercício da jurisdição, que é sua função precípua. 
 Os Tribunais elaboram seus regimentos internos, têm iniciativa das leis de organização 
judiciária, têm independência administrativa. 
 “Tais inferências funcionais não se confundem com delegações de atribuições, vedadas 
pela Constituição e pelo princípio da indelegabilidade da jurisdição.”(CINTRA, 2005,p.168) 
 
3.5 Unidade e Duplo Grau de Jurisdição 
 
 Segundo Alvim (2005,p.90) duas correntes disputam a primazia da unidade ou do duplo 
grau de jurisdição: 
 Pela Unidade, argumentam que: a) não se nega a possibilidade de erro na decisão do juiz 
de primeiro grau, mas os de segundo também são suscetíveis de erro ou prevaricação; b) a 
decisão em grau de recurso é inútil se confirmar a de primeiro grau e se reformá-la é perniciosa, 
por permitir a dúvida sobre qual a decisão mais justa. 
 Pelo Duplo Grau, argumentam que: a) há sempre a possibilidade das decisões se 
ressentirem de vícios, resultantes de erro ou má-fé de seus prolatores; b) o reexame das decisões 
Supremo Tribunal 
Federal 
Superior Tribunal de 
Justiça 
T.Regional 
Federal 
Tribunal 
de Justiça 
Juízes 
Federais 
Juízes 
Estaduais 
Tribunal 
do Júri 
Turmas 
Recursais 
Juizados 
Especiais 
Juízes do 
Trabalho 
Juízes 
Eleitorais 
e Juntas 
Eleitorais 
Conselhos 
de Justiça 
e Juízes 
Militares 
T. Regional 
Trabalho 
T.Regional 
Eleitoral 
Tribunal 
Militar* 
T.Sup. 
Trabalho 
T.Sup. 
Eleitoral 
Sup.Trib. 
Militar 
Justiça Comum Justiça Especial 
17 
de primeiro grau por juízes mais experientes exige dos juízes de primeiro grau maior cuidado no 
exame e solução das lides, contribuindo para o aprimoramento da atividade jurisdicional; c) É 
psicologicamente demonstrado que raramente alguém se conforma com um único julgamento que 
lhe seja contrário. 
 
3.6 Composição dos juízos e tribunais 
 
Alvim(2005,p.90) leciona que juízo é o nome técnico que se dá ao órgão do Judiciário. 
Juízo é o nome do órgão jurisdicional de primeira ou segunda instância. Um juízo pode ter mais de 
um juiz. 
 A doutrina adota diversos critérios para a composição dos juízos e tribunais, apresentando-
nos principalmente: a) juiz único em primeiro grau e juiz único em segundo grau; b) juízo colegiado 
em primeiro e segundo graus de jurisdição; c) juiz único em primeiro grau e juízo colegiado em 
segundo grau de jurisdição. 
 O ordenamento brasileiro não adota com exclusividade nenhum dos critérios. 
 Há casos em que o julgamento do recurso no tribunal, cabe ao relator do processo. As 
Justiças Militar e Eleitoral possuem órgãos colegiados em primeiro grau, Conselhos de Justiça e 
Juntas Eleitorais. As Justiças Federal e Estadual adotam o juízo monocrático em primeiro grau e o 
colegiado em segundo grau. 
 
3.7 Magistratura 
 
 Cintra (2005,p.178-179) preleciona que a magistratura é o conjunto de juízes que integram 
o Poder Judiciário. Será sempre organizada em carreira (art.93,I-III CF), isto é, os juízes iniciam em 
cargos inferiores, com a possibilidade de acesso a cargos mais elevados. 
 Existem vários critérios para a escolha de magistrados, segunda a doutrina: 
a) Eleição pelo voto popular; b) Livre escolha pelo executivo; c) Nomeação pelo Executivo, por 
proposta de outros poderes; c) Nomeação pelo Executivo, após aprovação do Legislativo; d) 
Cooptação-livre escolha pelo Judiciário; e) Escolha por órgão especializado; f) Concurso. 
 No Brasil adota-se mais de um critério, por exemplo: Nomeação pelo Executivo, por 
proposta de outros poderes utilizado para escolha do “quinto” constitucional, para a composição 
dos Tribunais (nomeação pelo Governador, mediante proposta do Judiciário); 1/3 dos cargos de 
ministros do STJ, indicados entre desembargadores dos TRFs e TJ em lista tríplice; Nomeação 
pelo Executivo, após aprovação do Legislativo utilizado para composição dos Tribunais Superiores; 
e Concurso de provas e títulos para o ingresso na carreira da magistratura em grau inferior, 
podendo ser promovido pelos critérios da antiguidade e merecimento. A Promoção por antiguidade 
se dá quando o magistrado passa de uma entrância imediatamente inferior para outra. Por 
merecimento a escolha é feita através de lista tríplice composta pelo tribunal. 
 Os magistrados têm algumas garantias que lhes proporcionam independência política e 
jurídica. 
 A independência política assegura ao juiz a liberdade de decidir, não sendo responsável 
pelas decisões que profere, exceto se proceder com dolo ou culpa grave. Caracteriza-se pela 
vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios. 
 A independência jurídica refere-se à não subordinação a ninguém a não ser à própria lei. 
 
3.8 Auxiliares da Justiça 
 
 Como já estudamos os órgãos principais do Poder Judiciário são os juízes e tribunais, 
todavia para o desempenho de suas funções estes órgãos têm que contar com a colaboração de 
outros órgãos secundários, pertencentes ao próprio Poder Judiciário ou não, mas que de alguma 
forma auxiliam na movimentação do processo, tornando possível a prestação jurisdicional. 
 As legislações processuais cuidam dos auxiliares da Justiça, o CPC faz previsão em seus 
arts. 139-153, O CPP arts.274-281, a CLT arts.710-721, a Lei 5010/66(Justiça Federal de primeiro 
grau) arts.35-44, Lei 9099/95, arts.6º,7º e 15, §4º, além das previsões regimentais, provimentos e 
normas de organização judiciária estaduais. 
 Os auxiliares da justiça são permanentes ou eventuais. 
18 
 a) Órgãos auxiliares da justiça propriamente ditos ou permanentes- são os 
serventuários e funcionários judiciais, investidos no cargo de acordo com a lei de organização 
judiciária, nesta categoria incluem-se o escrivão, oficial de justiça, o distribuidor, o contador, o 
partidor, o depositário público. 
 O escrivão tem as funções de documentar os atos processuais, movimentar a relação 
processual, dar certidões dos processos, zelar pelos autos do processo, etc.(CPC art.141, CPP 
arts.305,307,par.ún.,389,390,793,799 e 808). Há um escrivão para cada ofício de justiça. Na 
Justiça do Trabalho o escrivão recebe a denominação de chefe de secretaria(CLT, art.710) 
 O oficial de justiça é o encarregado das diligência externas do juízo(CPC, art.143 e art.721 
CLT), quais sejam os atos de comunicação processual (citação, notificação, intimação), atos de 
constrição judicial (penhora, arresto, seqüestro, busca-e-apreensão, prisão), cabe, também ao 
oficial de justiça a função de porteiro auxiliando o juiz nas audiências e na manutenção da ordem. 
 O distribuidor tem funções de distribuir os feitos entre os escrivães de um mesmo foro, 
segundo o critério estabelecido em lei.(CPC, arts.251-257, CLT, arts.713-715) 
 O contador é encarregado de fazer cálculos em geral, como o de custas, imposto a pagar, 
valor devido na execução, quando o credor for pobre ou quando o juiz entender que o valor 
cobrado pode estar excessivo.(CPC, arts. 604, §2º e 1012) 
 O partidor realiza as partilhas (CPC, arts.1022 e ss.), que têm oportunidade, 
precipuamente, nos inventários. 
 O depositário público tem por função a guarda e conservação dos bens que estejam sob a 
sujeição do juízo (penhorados, arrestados, seqüestrados, apreendidos, dados em fiança no 
processo criminal)(CPC,art.148; CPP, art.331) 
 Nos juizados especiais cíveis, encontramos como auxiliares permanentes, o juiz leigo(LJE, 
arts.7º,14, §3º,e 24), o conciliador e o secretário. 
 b) Órgãos de encargo judicial- pessoas que exercem eventualmente um encargo no 
processo, sendo nomeados ad hoc. Por exemplo: o perito, o intérprete, depositário particular, 
administrador judicial, inventariante. 
 Perito é aquele que coopera com o juízo, realizando exames, vistorias ou avaliações que 
dependam de conhecimentos técnicos que o juiz não tem (CPC, art.145 c/c art.420) 
 Intérprete também tem funções ligadas ao seu conhecimento, língua estrangeira, 
linguagem surdos-mudos (CPC, art.151). 
 O depositário particular tem as mesmas funções do depositário público (art.666 CPC) 
 O administrador atua nos processos em que o juiz conceda chamado “usufruto 
judicial”(CPC, arts.148-150, 716-729) e nos processo de falência(Lei 11.101/2005) 
 O inventariante também é um administrador para o processo de inventário (CPC, art.990 e 
ss.) 
 c) Órgãos auxiliares extravagantes - são órgãos não-judiciários, estranhos à 
administração da Justiça que, no exercício de suas próprias atividades, colaboram com o juiz. Por 
exemplo: a Imprensa Oficial, a ECT, os jornais particulares, a Polícia Militar, órgãos pagadores de 
entidades públicas e privadas.(CPC, art.734) 
 
3.8.1 Funções essenciais à Justiça 
 
 Além dos órgãos auxiliares da Justiça, temos ao lado do Poder Judiciário as funções 
essenciais à Justiça, dentre elas o Ministério Público e a Advocacia, compreendidos nesta última a 
Advocacia-Geral da União e a defensoria pública. 
a) O Ministério Público é, na sociedade moderna, a instituição destinada à preservação 
dos valores fundamentais do Estado enquanto comunidade(CINTRA, 2005,p.217). A CF em seu 
art.127, define o MP como “instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e 
individuais indisponíveis”. O MP atua na persecução penal, na defesa de certas instituições 
(registros públicos, fundações, família), de certos valores (meio-ambiente, artístico-cultural, 
estéticos, históricos), ou de certas pessoas (consumidores, ausentes, incapazes, trabalhadores). O 
MP atua em geral como parte e como fiscal da lei. 
O MP é uma instituição autônoma, não integra o Poder Judiciário mas desenvolve função 
essencial à atividade jurisdicional, ao lado da advocacia pública, defensoria pública e advocacia. 
19 
A CF em seu art.128, inciso I, estabelece o Ministério Público da União, formado pelo MP 
Federal (atua junto ao STF, STJ e Justiça Federal), MP do Trabalho (Justiça do Trabalho), MP 
Militar (Justiça Militar da União) e MP do DF e Territórios (Justiça do DF e Territórios), estabelece 
ainda um MP Estadual junto à justiça de cada Estado, organizados conforme a CF e Lei 
n.8.625/93. O MP atua junto à Justiça Eleitoral com membros do MP Federal e Estadual, bem 
como junto aos Tribunais de Contas.(Os Tribunais de Contas são órgãos auxiliares do Poder 
Legislativo) 
No Brasil o MP como verdadeira instituição é informado pelos seguintes princípios: 1. 
Unidade e indivisibilidade - O MP é uno, todos os seus membros fazem parte de uma só 
corporação e indivisível, podendo haver a substituição de uns pelos outros no exercício de suas 
funções, sem que haja alteração nos processos em que atuam ou oficiam. 
2. Independência funcional - cada um dos seus membros age de acordo com a própria 
consciência, com submissão ao direito, sem dependência ao Poder Executivo, aos juízes ou aos 
órgãos superiores da instituição. 
Os integrantes do MP que também recebem a denominação de Parquet,e têm além da 
independência funcional as mesmas garantias da magistratura, ou seja, a vitaliciedade, 
inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio. Têm vedado o exercício da advocacia, 
impossibilidade de recebimento de honorários, custas, são impossibilitados de participar de 
sociedades comerciais, partidos políticos, exercerem outra função pública, salvo de magistério, na 
forma do §5º e incisos do art.128 da CF. 
A Emenda Constitucional n.45/2004, instituiu o Conselho Nacional do Ministério Público 
(art.130-A CF) a fim de exercer o controle da atividade administrativa e financeira do MP e do 
cumprimento dos deveres funcionais de seus membros. Há, ainda, as Ouvidorias do MP junto ao 
MP dos Estados e da União, competentes para receber denúncias contra membros do MP. 
O ingresso na carreira se dá por concurso de provas e títulos, no cargo de promotor de 
justiça substituto, a promoção voluntária ocorre por antigüidade e merecimento, alternadamente, 
de uma para outra entrância ou categoria mais elevada para Procurador de Justiça. A chefia do MP 
da União é exercida pelo Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente após 
aprovação do Senado Federal. O Procurador-Geral de Justiça é o chefe do MP Estadual, escolhido 
pelo Governador em lista tríplice apresentada pelo MP. Os membros do Parquet que atuam em 
primeira instância denominam-se promotores de justiça e os de segunda instância Procuradores de 
Justiça. 
 
 b) A Advocacia- Segundo a CF “o advogado é indispensável à administração da justiça, 
sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”. A 
denominação advogado é privativa dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (art.3º Lei 
8.906/94-Estatuto da Advocacia). Cintra (2005,p.228) assevera que advogado é o profissional 
legalmente habilitado a orientar, aconselhar e representar seus clientes, bem como o de defender-
lhe os interesses em juízo ou fora dele. O art.1º do Estatuto prevê que são funções privativas da 
advocacia: I- a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário, as atividades de consultoria, 
assessoria e direção jurídicas. 
 Entre os membros do MP, juízes de qualquer instância e advogados não há hierarquia nem 
subordinação, devendo-se todos consideração e respeito recíprocos (art.6º do Estatuto da 
Advocacia) 
 b.1) Defensoria Pública- A defensoria pública atende ao princípio do acesso à justiça, sua 
função precípua é orientar e defender, em todos os graus, os necessitados. A Emenda 45/2004 
garantiu autonomia funcional e administrativa às Defensorias Públicas Estaduais(art.134, §2ºCF). 
Aos seus membros é garantida a inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das 
atribuições institucionais. 
 b.2) Advocacia-Geral da União- instituída pela CF e Lei Complementar n.73/93, é a 
instituição que direta ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e 
extrajudicialmente, cabendo-lhe as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder 
Executivo. O Advogado-Geral da União é o chefe da Advocacia-Geral da União, nomeado pelo 
Presidente da República, dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico 
e reputação ilibada. 
20 
 b.3) Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional – atribuição exclusiva de representar a 
União na execução da dívida ativa de natureza tributária. 
 b.4) Procuradorias dos Estados, Municípios e do Distrito Federal- As atribuições em 
âmbito estadual, municipal e do DF que cabem ao Advogado-Geral do União, são exercidas pelos 
Procuradores dos Estados, Municípios e do DF. 
4. Competência 
Conceito: Para Liebman competência é a quantidade de jurisdição cujo exercício é atribuído a cada 
órgão ou grupo de órgãos. Portanto, a competência é a medida da jurisdição. 
A Jurisdição é una, como já estudado, o exercício da atividade jurisdicional é atribuído a diversos 
órgãos, assim, através de determinados critérios, o legislador fez a repartição das atribuições, ou 
seja, a divisão da competência. 
Conforme leciona Correia (2005,p.91) os critérios determinativos da competência vêm 
primeiramente elencados na CF, em respeito ao princípio do juiz natural, e a partir daí nas leisinfraconstitucionais, Constituições Estaduais, CPC,CPP, CLT e na Lei de Organização Judiciária. 
4.1 Critérios determinativos da competência 
Flávia Pita (2005,p.8) apresenta os critérios de determinação da competência segundo Chiovenda: 
 Visão geral dos critérios para a determinação de competência, segundo Chiovenda 
a) critérios objetivos: (assenta-se nos elementos objetivos que determinam a natureza da lide ou 
causa) 
I – em razão da matéria da lide – família, sucessões etc. – apta a determinar o juízo 
competente 
II – em razão das pessoas - exceção ao princípio da isonomia – constatação de que 
determinadas pessoas merecem ter seus 
litígios julgados em determinado foro 
III – em razão do valor 
b) critério territorial 
c) critério funcional – relativo ao exercício de funções diferentes no mesmo processo (horizontal) 
e à existência de diferentes graus recursais (vertical) 
 
Grinover (2005,p.239-240) traça os pontos a serem observados para determinação da 
competência, uma vez que entende que os critérios de Chiovenda não se amoldam com perfeição 
à realidade brasileira, são eles: 
a) Competência de Jurisdição(qual a justiça competente?) 
b) Competência originária (competente o órgão superior ou o inferior?) 
c) Competência de foro (qual a comarca, ou seção judiciária, competente?) 
d) Competência de juízo (qual a vara competente?) 
e) Competência interna (qual o juiz competente?) 
f) Competência recursal (competente o mesmo órgão ou um superior?) 
 
A primeira classificação que se faz de competência é competência internacional e interna. 
 
4.1.1 Competência Internacional- Como leciona Alvim(2005,p.101) a jurisdição de cada Estado 
soberano vai até aonde vai sua soberania, isto é, até os seus limites territoriais. Ademais, pelo 
princípio da efetividade, o juiz é incompetente para proferir sentença que não tenha como ser 
executada. O CPC prevê a competência internacional em seus arts. 88 e 89. Sendo a primeira 
concorrente e a segunda exclusiva. A LICC em seu art.12 também cuidou da competência 
internacional. 
 
4.1.2 Competência interna – A competência interna é a repartição das atribuições entre os juízes 
e órgãos do mesmo país. Adotam-se diversos critérios para estabelecer-se a competência interna. 
 
 
 
 
21 
4.2 Critérios determinativos da competência interna 
 
4.2.1 Competência em razão da matéria (“ratione materiae”)- A especialização auxilia 
sobremaneira a atividade jurisdicional, a CF e as normas infraconstitucionais estabelecem a divisão 
das atribuições inerentes à jurisdição de acordo com matérias específicas (CORREIA, 2005,p.93) A 
competência em razão da matéria é regida pelas normas de organização judiciária (CPC, art.91). A 
competência em razão da matéria dá-se pela natureza da causa ou objeto da lide. A competência 
em razão da matéria refere-se também qual Justiça competente para julgar determinada causa, 
Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral, Justiça Militar, Justiça Federal ou Justiça Estadual. Cintra, 
Grinover e Dinamarco (2005,p.246) denominam competência de juízo, aquela resultante da 
distribuição dos processos entre órgãos judiciários de mesmo foro, que em primeiro grau 
corresponde às varas, sendo determinada pela natureza da relação jurídica controvertida(vara 
criminal, cível) ou pela condição das pessoas (Varas Fazenda Pública). Costuma-se na Justiça 
comum criarem-se varas especializadas, como por exemplo: Vara Cível, Criminal, Tribunal do Júri, 
Falência, Fazenda, Família, etc. 
 
4.2.2 Competência em razão da pessoa (“ratione persoane”)- O que determinará a distribuição 
da competência é alguma peculiaridade das pessoas envolvidas na lide. Por exemplo, as causas 
envolvendo a União, excepcionadas algumas hipóteses, serão julgadas pela Justiça Federal (CF, 
art.109), A CF atribui a competência em razão das pessoas também em seus arts. 102, I e 105, I, 
“a”. No Direito Penal denomina-se competência por prerrogativa de função (art.84 CP) aquela 
concernente às pessoas que devam responder por crimes comuns e de responsabilidade perante 
os órgãos judiciários de segundo grau e tribunais superiores. 
 
4.2.3 Competência em razão do valor da causa- A toda causa será atribuído um valor certo, 
ainda que não tenha conteúdo econômico imediato.(art.258 CPC). Com base nos valores 
atribuídos às causas, as leis de organização judiciária podem atribuir a competência a um ou outro 
órgão jurisdicional. É o exemplo dos juizados especiais que possuem competência em razão do 
valor da causa que não deve ser superior à 40(quarenta vezes) o valor do salário mínimo.(Lei 
9.099/95, art.3º, Inciso I) ou 60(sessenta vezes) nos casos dos juizados especiais federais(Lei 
10.259/2001, art.3º). Algumas causas não estão sujeitas a valoração pecuniária, como por 
exemplo, as concernentes ao estado e à capacidade das pessoas, a lei estabelece a competência 
dessas causas aos juízes de direito (CPC, art.92). No processo penal, conforme leciona Hélio 
Tornaghi citado por Alvim(2005,p.105) deve-se enxergar o critério de quantidade de pena como 
competência pelo “valor da causa”, sob pena de exclusão do processo penal deste tipo de 
critério.(art.60 e ss. Lei 9.099/95 e Lei 10.259/2001, art.2º e par.ún.) 
 
4.2.4 Competência Funcional- o critério funcional pressupõe que vários juízes podem, em 
momentos distintos, exercer funções no processo(CORREIA, 2005,p.95). Este critério, segundo 
Alvim(2005,p.104), determina a competência pela natureza especial e pelas exigências especiais 
das funções que o juiz é chamado à exercer num determinado processo. Tal competência pode 
repartir-se entre diversos órgãos da mesma causa (juízes de cognição e juízes de execução, juízes 
de primeiro grau e de segundo grau). Cintra, Grinover e Dinamarco (2005,p.246) denominam 
competência interna aquela decorrente da existência de mais de um juiz no mesmo juízo, ou várias 
câmaras, seções ou turmas no mesmo tribunal. A CF estabelece que havendo constitucionalidade 
a decidir em um processo em trâmite perante algum tribunal essa questão será decidida em 
plenário ou pelo órgão pleno (arts.93, XI e 97). 
 
4.2.5 Competência Territorial (de foro) (“ratione loci”)– Foro é a extensão territorial onde 
determinado juízo exerce sua competência, para Carnelutti, foro é o lugar onde deve ser proposta 
a demanda, é a sede da lide. Segundo Alvim (2005,p.107) este critério atende a necessidade de se 
determinar a competência quando vários juízes, nas diversas comarcas ou seções judiciárias 
exercem funções jurisdicionais comuns relativas à matéria ou ao valor. A lei determina o foro onde 
a causa deve ser ajuizada em consideração a determinados elementos conforme se trate de 
jurisdição civil, penal ou trabalhista. Temos o foro geral, os supletivos ou subsidiários ao geral e os 
especiais. 
22 
a) Foro geral é aquele onde uma pessoa pode ser ré, em qualquer causa, exceto naquela que 
seja deferida a outro foro. No processo civil, a competência territorial geral é determinada pelo 
domicílio do réu(art.94 CPC).
31
 No processo do trabalho a competência territorial das varas do 
trabalho está estabelecida no art.651
32
 da CLT, é em regra a localidade onde o empregado presta 
serviços ao empregador.No processo penal a competência será de regra determinada pelo lugar 
em que se consumar a infração, ou no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último 
ato de execução.
33
 
b) Foro supletivo é aquele que serve para suprir alguma falta ou completar o foro geral, e se 
aplica nas hipóteses dos §§ 1º a 4º do art.94 do CPC, nos casos em que o réu tiver mais de um 
domicílio, tiver domicílio em local incerto ou desconhecido, se o réu não for domiciliado no Brasil, 
se forem vários os réus. No processo penal, não se conhecendo o local da infração, a competência 
será determinada, de forma supletiva, pelo domicílio do réu(art.72 CPP) ou nos casos de ação

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